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1
2	 Abril · 2016
3
Clivonei Roberto	
clivonei@canaonline.com.br
Luciana Paiva
luciana@canaonline.com.br
A safra da retomada
tar a pagar seu imposto de renda”, salienta
Antonio de Padua Rodrigues, diretor técni-
co da Unica (União da Indústria da Cana-de
-açúcar). Padua diz que esta safra
traz um novo ânimo ao se-
tor, induzindo as empre-
sas a investirem numa
boa manutenção in-
dustrial, na frota, na
reforma, depois de
anos de cenário ne-
gativo. Além dis-
so, não acredita que
novas usinas sejam
paralisadas ao longo
da safra 2016/17. Ao
contrário. “Já se comenta
no mercado que a Usina San-
ta Rita pode voltar a processar cana”.
Françóia reforça a posição de Padua,
defende que unidades desativadas voltem
a operar. “Talvez nessa próxima safra ainda
não, mas na seguinte, com a tendência de
preços melhores, isso pode acontecer.”
A
safra canavieira 2016/17 é tema de
nossa matéria de capa. Buscamos
saber com especialistas qual o qua-
dro sucroenergético para 2016.
E o balanço das análises
apresentadas foi muito
animador.
Ao analisar os
fundamentos e ce-
nários do setor, o
economista Marco
Antonio Conejero,
professor da Univer-
sidade Federal Flu-
minense (UFF), acre-
dita que a recuperação
virá no curto prazo.
“Sou obrigado a dizer que
o setor vive um momento constrangedora-
mente bom, levando-se em consideração o
restante da economia, no que tange a pre-
ços e demanda”, pondera Alexandre Figlioli-
no, sócio da MB Agro Consultoria.
Segundo Marco Antonio Françóia, di-
retor da MBF Agribusiness, em termos de
preços, as expectativas são muito boas para
as próximas safras. Ele estima que os preços
dos produtos do setor se mantenham mais
remuneradores por três anos seguidos.
Para Arnaldo Corrêa, diretor da Archer
Consulting, 2016 é um ano para as empre-
sas respirarem mais aliviadas. Pedro Mizu-
tani, vice-presidente de Relações Externas e
Estratégia da Raízen, diz que o setor já en-
trou num período de recuperação.
“Muitas empresas que não viam lucro,
hoje têm oportunidade de ter lucro e vol-
CÁ ENTRE NÓS
Capa
Começou!
Holofote
-	Qual o destino das usinas
	 em recuperação judicial?
Tendências
-	O mercado de iogurtes no Brasil:
	 crescendo além da crise
Amigos da Cana
-	O embaixador de
	 Rio das Pedras
Economia
-	Setor terá novos pedidos de
	 recuperação judicial em 2016?
A Cana e Outras Culturas
-	Soja em rotação com cana
	 atribui benefícios ao solo
	 e ao bolso do produtor
Nordeste
-	Menor safra dos últimos 30 anos
ÍNDICE
Editores:
Luciana Paiva
luciana@canaonline.com.br
Clivonei Roberto
clivonei@canaonline.com.br
Redação:
Adair Sobczack
Jornalista
adair@canaonline.com.br
Leonardo Ruiz
Jornalista
leonardo@canaonline.com.br
Marketing
Regina Baldin
Comercial
Gilmar Messias: (16) 3446-6877
gilmar@canaonline.com.br
comercial@canaonline.com.br
Editor gráfico
Thiago Gallo
Fitotécnico
-	A cana está entre as culturas que
	 menos utilizam agroquímicos
Mecanização
-	Colhedoras
	 em ação
Tecnologia Industrial
-	Usinas chegam à capacidade
	 máxima de moagem
Pesquisa & Desenvolvimento
-	RIDESA promove intercâmbio
	 de variedades de cana com
	 os principais programas de
	 melhoramento do mundo
Pré-Agrishow
-	Sonho da Agrishow é voltar a
	 ter casa cheia e vendas em alta
V Encontro
Cana Substantivo
Feminino
-	Sucesso!!!
Aproveite melhor sua
navegação clicando em:
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Entre em contato:
Opiniões, dúvidas e sugestões sobre a re-
vista CanaOnline serão muito bem-vindas:
Redação: Rua João Pasqualin, 248, cj 22
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Telefones: (16) 3627-4502 / 3421-9074
Email: luciana@canaonline.com.br
www.canaonline.com.br
CanaOnline é uma publicação
digital da Paiva& Baldin Editora
HOLOFOTE
7
pos poderão assumir essas unidades e ou-
tros irão se recuperar ao longo do tem-
po. É o que eu acredito. Estamos vivendo,
como consultoria, um movimento de pro-
cura, por parte de alguns investidores, por
aquisição de unidades que tenham seu
passivo alongado e em boas condições
operacionais, o que diminuiria a necessi-
dade de desembolso imediato na compra.
Mas ainda acho que é preciso muita cau-
tela, pois não dá para medir o real apetite
e condições desses investidores.
Marcos Antonio Françóia,
diretor da MBF Agribusiness
Espaço para
concentração
Não sei precisar quantas empresas se
recuperarão de fato e quantos fecha-
rão as portas. A consultoria Agroconsult
revelou dados concretos da redução do
endividamento setorial na safra 2015/16
apesar do crescimento da recuperação ju-
dicial. Deve-se também ressaltar
que a recuperação judicial tra-
ta-se de uma estratégia de re-
negociação e alongamento do
perfil da dívida. Particularmen-
te vejo espaço para cres-
cimento na concentração
do mercado das usinas
diante da perspectiva
de concentração no
mercado de distribui-
ção de açúcar e etanol. Porém, não acre-
dito no retorno imediato dos movimentos
Com preços melhores,
não teremos
unidades fechando
Há uma confusão nos números divul-
gados pelo mercado. Foram feitos
79 pedidos de recuperação judicial desde
2008. Mas algumas unidades encerraram
suas atividades no meio do caminho, ten-
do a decretação de falência por não cum-
prirem o plano. Outras foram adquiridas
por outros grupos. Mas pedidos na justi-
ça, com concessão para dar seguimento
ao processo, foram 79. Dessas, nem todas
estão moendo. É difícil afirmar quantas se
recuperam, pois não temos detalhes de
todas, após a aprovação do plano. Aque-
las que estão de alguma forma cumprin-
do o plano aprovado e não estão se en-
dividando, fazendo vendas antecipadas
de safra (visto que crédito bancário aca-
ba com o pedido de Recuperação Judi-
cial), terão grandes chances de recupera-
ção com o mercado em alta. As empresas,
desde 2008, que entraram nesse proces-
so, sempre tiveram a expectativa do mer-
cado melhorar, porém algumas não
tiveram fôlego para chegar a
esse momento. As que estão se
mantendo ou que entraram re-
centemente com o pedido, têm
chance maior de recuperação.
Com preços melho-
res, não teremos
unidades fe-
chando, pois
alguns gru-
8	 Abril · 2016
de fusão e aquisição diante do ainda ele-
vado endividamento setorial. Prefiro acre-
ditar no crescimento orgânico dos maio-
res grupos, ou seja, via aumento da escala
produtiva das unidades já existentes.
Marco Antonio Conejero, economista
e professor da Universidade
Federal Fluminense (UFF)
Oportunidade de
recuperação
Neste momento de melhora dos pre-
ços dos produtos do setor, as empre-
sas têm oportunidade de se recuperarem.
As que não tinham competitividade lá
atrás e fecharam, dificilmente vão se recu-
perar porque não havia condições de fa-
zerem o dever de casa. Já as empresas que
estão aí operando, mesmo com dificulda-
de, mas fizeram o dever de casa, cortaram
custos, melhoraram a tecnologia, se pro-
fissionalizam, vão se recuperar.
E as empresas que estão bem
equilibradas ou bem de cai-
xa vão ganhar muito dinheiro.
Pedro Mizutani, vice-
presidente de Relações
Externas e Estratégia
da Raízen
Precisa ter cana
As empresas que entraram em recu-
peração judicial (RJ) neste ano ou no
ano passado e conseguiram fazer um bom
acordo com os credores de alongamen-
to da dívida, têm em 2016 uma boa opor-
tunidade de fa-
zer caixa. Afinal, é
um momento
delicado para
a empresa.
Nenhum for-
necedor entrega produtos ou serviços
sem que o pagamento seja à vista. Acre-
dito que 2016 e os próximos dois ou três
anos serão bons para o setor. Um período
para quem está em recuperação judicial
se recuperar. O que é possível se tiver boa
gestão e se tiver cana, mas não adianta es-
tar em RJ se não tiver cana, ou se o cana-
vial estiver abandonado. De modo geral,
acredito que este ano será bom para to-
dos do setor, guardadas as limitações do
endividamento. Mas cada empresa em RJ
está numa situação. Se vão se recuperar
de fato ou se vão sucumbir, depende da
situação financeira e de como estiverem
seus canaviais.
Antonio Cesar Salibe, presidente-
executivo da União dos Produtores
de Bioenergia (Udop)
A gestão do negócio
Cerca de 70 usinas estão em recupera-
ção judicial. É um número que vinha
crescendo sistematicamente. Hoje pode
ser maior. Qual será o destino dessas em-
presas? A gestão do negócio é uma condi-
cionante muito importante. Em períodos
de preços relativamente bons e de lucros,
a gestão faz toda a diferença no curto e no
médio prazos. Até o momento, as usinas
HOLOFOTE
9
10	 Abril · 2016
que não conseguiram se recuperar e fe-
charam não fizeram o setor perder em ca-
pacidade de moagem. A redução de pro-
dução de quem sai tem sido substituída
por quem fica. Por outro lado, o ritmo de
crescimento da área de cana atualmen-
te é muito tímido. No curto prazo, o
excesso de cana ou sua falta tem de-
pendido do clima.
Julio Maria M. Borges, economista,
sócio-diretor da JOB
Economia e Planejamento e
professor da Universidade
de São Paulo
O peso da
dívida em dólar
Édifícil prever o destino das empresas
em RJ, tem que conhecer a situação
de cada uma em especial. Mas com o au-
mento da margem das empresas, podem
eventualmente ter uma situação melhor.
No entanto, é preciso analisar outros im-
pactos do cenário atual, como a questão
do dólar. Com o retorno do Lula ao qua-
dro político, de repente, podemos ter o
acirramento do câmbio, o que piora ainda
mais o endividamento em dólar. E difícil
imaginar que essa pequena recuperação
dos preços possa fazer frente ou reduzir
a pressão do câmbio e o endividamento
em dólar.
Luiz Carlos Corrêa Carvalho,
presidente da Associação
Brasileira do Agronegócio
(ABAG) e diretor da Canaplan
Cada caso é diferente
Não é possível generalizar,
cada caso tem situação
diferente. Mas regra geral
esse patamar atual de pre-
ços começa a gerar condi-
ção de pagamento dos juros
da dívida, mas não mais
do que isso. No momen-
to, não temos avaliação
se novas usinas poderão fechar. Entre 2008
e 2015, 83 unidades fecharam as portas.
Plínio Nastari, diretor da
Datagro Consultoria
20% voltando
ao bom caminho
Infelizmente e por uma série de motivos,
o caminho da Recuperação Judicial tem
sido uma via sem volta para muitas das
empresas que recorrem a este expedien-
te. Porém, em alguns poucos casos a com-
binação de alguns fatores, como bom en-
tendimento de controladores sérios com
credores, aliados a uma nova gestão com-
petente, fazem me crer que alguns gru-
pos podem efetivamen-
te voltar a ter uma vida
nova saudável pós
RJ. Arriscaria 20% tal-
vez voltando ao bom
caminho.”
Alexandre
Figliolino,
sócio da MB
Agro Consultoria
HOLOFOTE
11
TENDÊNCIAS
O mercado de iogurtes no Brasil:
crescendo além da crise
N
os últimos anos, o mercado na-
cional de iogurtes cresceu signi-
ficativamente. O principal motivo
foi a maior conscientização das pessoas
sobre a necessidade de hábitos alimenta-
res mais saudáveis. O aumento da difusão
de informações sobre os benefícios nutri-
cionais, aliado ao incremento da qualida-
de do produto, como é o caso de sucesso
do iogurte “grego”, contribuiu significati-
Daniela Coco1
e Ana Palazzo2
Em 2015, embora menor,
o crescimento foi de 7,4%
APENAS ENTRE 2010 A 2015, O MERCADO DE IOGURTES QUASE
DOBROU: A RECEITA SAIU DE R$ 7,7 BILHÕES PARA R$ 14,5 BILHÕES
12	 Abril · 2016
vamente para o aumento nas vendas no
Brasil. Além disso, o mercado consumidor
brasileiro cresceu muito, principalmente
entre 2002 e 2012. O aumento veio acom-
panhado da elevação da renda média das
famílias e um maior apetite por produtos
funcionais e diferenciados, o que benefi-
ciou diretamente as vendas de iogurtes.
tores, aliados à inflação (que continua em
alta) e o aumento do desemprego, po-
dem contribuir para reduzir o consumo de
produtos considerados de “segunda ne-
cessidade”, como é o caso dos iogurtes
premium. Assim, este setor terá que se re-
adequar a essa nova realidade para man-
ter o crescimento.
Apenas entre 2010 a 2015, o merca-
do de iogurtes quase dobrou: a receita saiu
de R$ 7,7 bilhões para R$ 14,5 bilhões. Em
2015, embora menor, o crescimento foi de
7,4%. Como se sabe, a situação econômi-
ca do país sofreu alterações nos últimos
anos – e mais ainda nos últimos meses –,
afetando a renda da população. Esses fa-
Em momentos de crise econômica,
os consumidores se tornam mais sensíveis
aos preços e podem optar produtos mais
baratos, produzidos por empresas menos
conhecidas ou restringindo o consumo
de marcas “top” aos itens em promoção.
Nesse sentido, pode haver mudanças no
market share do setor, com empresas me-
O leite, que responde por 70% da matéria-prima
utilizada, ainda sofre com o baixo padrão de qualidade
TENDÊNCIAS
13
14	 Abril · 2016
TENDÊNCIAS
nores vendendo mais. Além disso, ações
promocionais, como “Leve 8, Pague 7” e
garrafas com maior quantidade de pro-
duto por preços menores, tem se mostra-
do fundamentais. Isso vale principalmen-
te para supermercados e hipermercados.
Segundo o Euromonitor, 91% das vendas
acontece no varejo, principalmente em su-
permercados e hipermercados. Daí é pos-
sível perceber a importância desses canais
manterem estratégias de venda atraentes.
Uma análise do perfil do consumidor
também pode contribuir para a decisão de
investir ou não no setor. Uma análise váli-
da é comparar o consumo de iogurte no
Brasil com o de outros países: aqui a mé-
dia é de três vezes por semana. O núme-
ro pode ser considerado alto. Mas se torna
pequeno quando compara-se com o con-
sumo em países como a França e a Holan-
da. Nesses países, a taxa per capita é de
sete vezes por semana.
Além disso, o consumo de iogurtes
no Brasil está concentrado nas áreas urba-
nas (98%). A renda parece não pesar tanto,
mas as classes A e B ainda prevalecem na
liderança, segundo a Canadean.
Quanto à faixa etária, os maiores con-
sumidores são bebês, crianças, adolescen-
tes e adultos de 25 a 34 anos. Neste con-
texto, seria interessante a elevação da
participação da população mais velha no
consumo. Iniciativas de marketing que en-
fatizem os benefícios do iogurte para a ter-
ceira idade, como prevenção da osteoporo-
se, doenças cardíacas, entre outros, podem
contribuir para o aumento do consumo.
Além disso, na atual crise, que pres-
O consumo de iogurtes no Brasil está concentrado nas áreas urbanas (98%)
15
O mercado consumidor
brasileiro é robusto e
possui um amplo espaço
para o crescimento do
consumo de iogurtes
1
Gerente de
Agribusiness da PwC
Brasil, especialista
em Food Trust e na
indústria de lácteos
2
Analista de
Agribusiness do
Centro PwC de
Inteligência em
Agronegócio
siona as margens de lucro, não se pode
descartar a possibilidade de fusões e aqui-
sições – especialmente em um setor pul-
verizado, como é o setor lácteo no Bra-
sil. A boa perspectiva de crescimento, o
câmbio desvalorizado e a matéria prima
barata, atraem investidores nacionais e
estrangeiros. Multinacionais, grandes coo-
perativas e companhias nacionais podem
adquirir negócios menos rentáveis visan-
do expandir seu market share.
A consolidação é uma tendência na
maioria dos mercados pulverizados e, em
alguns casos, aumenta a competição en-
tre as empresas, gerando benefícios para o
setor – e para o consumidor. A concorrên-
cia mais acirrada pode, por exemplo, levar
à melhoria na qualidade da matéria-prima,
já que os laticínios terão que trabalhar a
qualidade do leite produzido nas fazendas
para conseguir inovar com produtos finais
diferenciados e de melhor qualidade.
O leite, que responde por 70% da
matéria-prima utilizada, ainda sofre com o
baixo padrão de qualidade,
altos índices de informali-
dade e adulteração. A con-
solidação do setor de lác-
teos, aliada à adoção de
boas práticas para garantir a segurança do
alimento, pode contribuir para melhorar
toda a cadeia de produção.
Apesar da crise econômica, o merca-
do consumidor brasileiro é robusto e pos-
sui um amplo espaço para o crescimento
do consumo de iogurtes, que até 2020 de-
verá chegar em R$ 18 bilhões, segundo o
Euromonitor. No entanto, as empresas de-
vem estar preparadas para enfrentar os
desafios, se adaptar às mudanças e apro-
veitar as oportunidades que este merca-
do oferece.
16	 Abril · 2016
O embaixador de Rio das Pedras
DIRETOR TÉCNICO DA UNICA, ANTONIO DE PADUA RODRIGUES É UMA DAS
PRINCIPAIS LIDERANÇAS NACIONAIS DA AGROINDÚSTRIA SUCROENERGÉTICA
Clivonei Roberto
Padua:
o rei do peixe
AMIGOS DA CANA
N
os anos de 1950 e 60, não exis-
tiam muitas opções de diversão,
ainda mais nas cidades peque-
nas. Por isso, em Rio das Pedras, na região
de Piracicaba, o que mais se via era a ga-
rotada correr atrás da bola nos campinhos
de futebol. Estar com os amigos e ba-
ter uma bolinha estavam entre os passa-
tempos preferidos da infância do peque-
no Padua, aquele mesmo que hoje é uma
das principais lideranças nacionais do se-
tor sucroenergético. Se quer conversar so-
bre conjuntura, saber de números de sa-
fra, lembrar de histórias do passado, é só
ligar para ele.
Antonio de Padua Rodrigues prati-
17
Estação de trem em Piracicaba
- A família de Padua foi morar
ao lado da linha do trem
Padua: presença
constante nos
momentos
históricos do setor
camente nasceu no meio dos
canaviais, em um engenho de
aguardente em Rio das Pe-
dras, onde seus pais trabalha-
vam. Ele inclusive lembra-se
das inúmeras vezes que acom-
panhou sua mãe no trabalho
manual de corte de cana.
Quando tinha dez anos, seu pai de-
cidiu tentar a vida em Piracicaba. A famí-
lia foi morar ao lado da linha do trem, no
centro da cidade, onde seu pai abriu o “Bar
da Estação”. “Foi ali onde cresci. Em Pira-
cicaba, fiz o grupo, o ginásio, sempre aju-
dando meus pais no bar.”
Mas queria o destino que ele voltas-
se a lidar com a cana-de-açúcar. Em 1976
foi contratado como assistente da dire-
toria no escritório central do Planalsucar
(Programa Nacional de Melhoramento de
Cana-de-açúcar), em Piracicaba, aos 24
anos de idade. Sua admissão no Planalsu-
car foi favorecida pela experiência que Pa-
dua já tinha adquirido na elaboração de
projetos e modelos orçamentários. Ele ha-
via trabalhado nessa área na prefeitura de
Rio das Pedras, tendo inclusive feito curso
em Administração de Projetos de Pesqui-
sa pela Universidade de São Paulo (USP).
“Ganhei espaço porque poucas pessoas,
em 1976, conheciam sobre o que eram
programas, projetos, sobre en-
quadramento ao novo modelo
de orçamento.”
Pouco depois, em 1978,
tornou-se responsável pela
área financeira de todos os
18	 Abril · 2016
projetos de pesquisa contratados pelo
Planalsucar dentro do Proálcool – tanto na
área agrícola como na industrial.
“Naquele momento o Planalsucar
acabou expandindo suas estações experi-
mentais e quase todos os estados produ-
tores de cana tinham estação experimen-
tal. E eu era o coordenador administrativo
do programa”, relata.
Ele ficou no Planalsucar até 1983.
Junto com outros profissionais que tra-
balhavam no programa, como Luiz Carlos
Corrêa Carvalho, fundou a Canaplan. “Fo-
mos para a iniciativa privada, dando su-
porte em custo e produção para a Sopral e
para a Orplana. Também fizemos o acom-
panhamento e a implantação do progra-
ma de pagamento de cana pelo teor de
sacarose.”
Em 1990, Padua teve a oportunidade
de trabalhar em São Paulo, quando nas-
ceu a Associação das Indústrias de Açú-
car e Etanol – entidade que foi o embrião
da Unica (União da Indústria de Cana-de
-açúcar), onde ocupa atualmente o cargo
de diretor técnico.
Muita história para contar
No seu período de Planalsucar, Pa-
dua atuou ao lado de agrônomos em pro-
jetos de pesquisa e desenvolvimento. Na
Canaplan, entre 1983 e 1990, conviveu
com um time que chegou a ser constituí-
do por seis agrônomos e três técnicos da
AMIGOS DA CANA
Em mais um capítulo importante do setor: no Ethanol Summit
ao lado de Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos
19
área industrial. “Com esses profissionais,
trabalhava com planejamento, custos, in-
dicadores agronômicos e industriais.” De-
pois, na Associação de Indústrias e mais
tarde na Unica, manteve uma convivência
diária com as usinas.
E além da experiência e do conheci-
mento, a memória ajuda. Ele lembra, em
detalhes, histórias da sua trajetória no se-
tor e também dos momentos importantes
da agroindústria canavieira no país que
sucedeu o surgimento do Proálcool, em
1975.
Recorda-se, por exemplo, da cons-
trução da Usina Alcoolbras, no Acre. Pela
Canaplan, ele foi o responsável pela mon-
tagem da unidade. Teve que levar uma
equipe operacional de Brasília para fa-
zer a primeira safra em território acreano.
“Montamos um alojamento para 200 cor-
tadores de cana perto da usina, num lu-
gar aberto.” Mas, já na primeira noite, um
problema: alguns dos trabalhadores saí-
ram para fazer suas necessidades, quando
deram de cara com uma onça. “Ninguém
se machucou, mas todos ficaram assusta-
dos. Quiseram voltar no mesmo dia para
casa.” Para acalmá-los, teve que entrar em
ação o seu lado político: “ao invés de co-
meçar a safra no dia seguinte, fizemos um
Sempre antenado
às práticas
sucroenergéticas
20	 Abril · 2016
Religioso: ao lado da
família durante a missa
grande churrasco”, conta
Padua, que também partici-
pou da implantação da usi-
na em Presidente Figueire-
do, no Amazonas.
Ao longo dos últimos
40 anos, ele sempre teve
uma convivência grande com o setor pelo
país afora. “Garanto que mais de 60% de
todas as unidades em operação no país
hoje, de açúcar e etanol, algum dia eu visi-
tei, inclusive no Nordeste.”
Mercado maduro
Hoje, aos 63 anos, Padua tem uma
trajetória que se confunde com o proces-
so de expansão e profissionalização do se-
tor sucroenergético brasileiro.
Acompanhou de perto vários mo-
mentos da atividade. Tanto a efervescên-
cia que veio após a criação do Proálcool,
o surgimento do carro dedicado a etanol,
em 1978, e um ciclo de depreciação dos
preços do petróleo que se iniciou em 1985
e estagnou a oferta de etanol no país.
Depois veio o processo de desregu-
lamentação do setor, promovido pelo en-
tão presidente Fernando Collor. “Aquilo
deu uma guinada no setor, abrindo para as
exportações de açúcar, que antes eram co-
mandadas pelo governo. Ele praticamente
liberou os preços do açúcar no mercado
interno.” Segundo Padua, o setor voltou a
crescer a partir da expansão de produção
e das exportações de açúcar. O embarque
de açúcar do país deu um salto, passando
AMIGOS DA CANA
Bater uma bolinha é
sagrado e seu time do
coração é o São Paulo
21
de 1 milhão de toneladas para cerca de 25
milhões atualmente.
Para Padua, o fim do IAA (Institu-
to do Açúcar e do Álcool) não foi traumá-
tico para o setor. “A passagem de preços
administrados para uma realidade de mer-
cado foi muito saudável. Ao se desamar-
rar do governo, o setor deu um salto de
qualidade.”
No entanto, no início dos anos 90,
continuava estancada a produção de eta-
nol – crescia a participação do anidro e re-
duzia a do hidratado. Mas esse mercado
ganhou novo impulso no início dos anos
2000, com o lançamento dos carros flex.
De acordo com Padua, hoje o mer-
cado do setor sucroenergético está madu-
ro. “O que matou o setor foi a política go-
vernamental inadequada que veio depois
de 2008.”
Em sua opinião, as demais crises
que o setor enfrentou foram “bravas”, mas
sempre com perspectivas positivas. O que
não se pode dizer da crise que o setor en-
frentou nos últimos anos.
Bocha, dobradinha e...
muita união
Padua casou-se em 1978, e teve dois
filhos, Felipe e Francine. Sempre com uma
vida corrida, cheia de viagens e reuniões
nos mais diferentes lugares do país, so-
mente conseguia estar em casa com a fa-
mília aos finais de semana. “Mas quem
A pescaria é um capítulo à parte na vida de Padua
22	 Abril · 2016
Outra paixão é o
automobilismo:
aqui com o filho
Felipe no Prêmio
Brasil de Fórmula 1
AMIGOS DA CANA
cuidou do dia a dia dos filhos e da casa
foi minha esposa, Cecília Rossi Rodrigues,
que foi um esteio nessa trajetória, uma
grande parceira.”
Hoje Padua fica em São Paulo de se-
gunda a quinta-feira. Mas quando chega
a sexta, é dia de arrumar as malas e vol-
tar para o interior. Uma de suas maio-
res paixões é se encontrar com os ami-
gos de infância, da época que morava em
Rio das Pedras - as mesmas pessoas com
quem Padua dividia os campinhos de fu-
tebol. “Todos estão com mais de 60 anos.
É um grupo de amigos com poder aqui-
sitivo diversificado, de atividades profis-
sionais variadas. Mas na hora do encontro,
não há diferenças. A questão é que, como
não aguentamos mais correr atrás da bola,
nosso prazer agora é jogar bocha e depois
jantamos juntos.”
Mas quem cozinha? Normalmente
Padua é um dos que pilotam o
fogão. No cardápio, pratos que
não são nada light: “faço ar-
roz, feijão, ovo frito, mas o que
a turma gosta mesmo é de do-
bradinha, feijoada, rabada com
polenta, rabada com ossobuco”.
Padua e seus amigos chegaram a
fundar o Clube de Veteranos de Rio das
Pedras. “Compramos uma área de 60 mil
metros quadrados, onde fizemos um con-
domínio com 22 lotes. Nesse terreno, re-
servamos uma área para a sede social,
para o campo de futebol, para a cancha
de bocha.”
Ao encontrar a turma, o que vale
mesmo é a convivência. É recordar os ve-
lhos tempos. Mas, de vez em quando, a
saudade do passado extrapola a recorda-
ção e o preparo físico: ele e os amigos ar-
riscam bater uma bolinha aos sábados à
tarde.
A grande paixão
Sempre que consegue arrumar uma
brecha na agenda, Padua também se de-
dica a outro hobby: a pescaria. “Tenho um
grupo de amigos que, no mínimo uma vez
23
por ano, viaja pra pescar.” Um dos lugares
preferidos é lançar o anzol nas águas do
Rio Paraguai.
Para 2016, a pescaria será no Rio Xin-
gú, no Pará. “Para essa viagem, montamos
um grupo de 16 pessoas de Piracicaba.”
Nessas pescarias, Padua já não quer
muita aventura. “Como faremos no Xingú,
prefiro ficar numa pousada própria para
receber o pescador, com toda infraestru-
tura.” E no final da tarde, é hora de bater
papo, contar vantagem, e ouvir os causos
que sempre o pescador tem para contar.
“Mas quando estou em Piracicaba,
gosto de curtir as minhas ‘latas-velhas’”.
É como ele chama a sua coleção de car-
ros antigos. São cerca de 30 veículos, entre
Fusca, Karmann Ghia, Impala, Aero Willys,
ônibus escolar americano, caminhões que
foram usados pelo Exército - “que comprei
em leilão”, diz -, entre outras preciosidades.
Todos estão em ótimo estado. “Vez
ou outra saio andando com eles por Pi-
racicaba ou vou até Rio das Pedras, onde
sempre faço uma visita muito especial.”
Na terra natal, Padua aproveita para
rever a maior de suas paixões. “Tenho a sa-
tisfação de todo final de semana ir até a
casa de minha mãe, que está com 86 anos
de idade, para tomar um cafezinho com ela.”
Mãe e filho saboreiam um bom vinho
Duas paixões:
a netinha e veículos antigos
24	 Abril · 2016
ECONOMIA
A
crise no setor sucroenergético
tem forçado muitas empresas, de
toda a cadeia produtiva, a usarem
os recursos da Lei de Falência e Recupe-
Setor terá novos pedidos de
recuperação judicial em 2016?
* Marcos Antonio Françóia
ração de Empresas (N°. 11.101/05), para
que muitas vezes, como última alternativa,
consigam se manter no mercado.
Essa atitude, considerada radical, foi
Em sua grande maioria, os administradores das
empresas tentaram em vão renegociar essa dívida
ATUALMENTE SÃO COMPUTADOS 79 PEDIDOS DE
RECUPERAÇÃO JUDICIAL (RJ), DESDE O ANO DE 2008
25
induzida pelo endividamento histórico do
setor, que teve uma sobrecarga a partir do
ano de 2006, quando muitos fizeram in-
vestimentos acreditando na bandeira le-
vantada pelo governo federal de apoio
ao combustível limpo e alternativo, o eta-
nol. Esse contexto expansionista levou ao
consecutivo aumento dos custos de pro-
dução (bens de capital, insumos e mão de
obra). O aumento da demanda fez abai-
xar os preços dos produtos finais e toda
essa evolução negativa forçou as empre-
sas a deixarem de investir. A crise se tor-
nou ainda maior com a restrição de libera-
ção de crédito a partir de 2008, problemas
climáticos e, principalmente, a indefinição
nas políticas públicas.
Em sua grande maioria, os adminis-
tradores das empresas tentaram em vão
renegociar essa dívida, pedindo por um
período de carência, alongamento do pra-
zo de pagamento, redução nas taxas de
juros e flexibilização nas garantias, tudo o
que as instituições financeiras não querem.
A contragosto, algumas instituições
até cederam nas questões de prazo, entre-
tanto, isso foi insuficiente para a retomada
econômica dos beneficiados. Além disso,
o alongamento do prazo de pagamen-
to da dívida foi parcial, pois nem todos os
credores aceitaram as novas condições, le-
vando as empresas mais rapidamente ao
colapso operacional.
Atualmente são computados 79 pe-
didos de Recuperação Judicial (RJ), desde
o ano de 2008. Esse número é de unidades,
independente de quantas fazem parte de
um grupo ou outro. Também, independe
A crise no setor sucroenergético tem forçado muitas empresas, de toda a cadeia
produtiva, a usarem os recursos da Lei de Falência e Recuperação de Empresas
26	 Abril · 2016
ECONOMIA
da capacidade de moagem, se pouca ou
muita. São 79 indústrias processadoras de
açúcar ou etanol, ou ambos.
Esse número veio se acumulando
durante os anos, sendo 15 unidades em
2008, 18 em 2009, 34 no período entre
2010 e 2014, e 12 no ano de 2015.
O que sustenta o pedido de Recupe-
ração Judicial é o pressuposto de que o
mercado tenda a melhorar (conceito oti-
mista) e o empreendimento, alongando
o pagamento de seu passivo, consiga se
manter operacional, com manutenção do
emprego e suas atividades sociais.
Partindo desse pressuposto, todos
os planos econômicos tiveram a premis-
sa de que haveria uma melhora no mer-
cado de açúcar e etanol, fato que somen-
te se confirmou a partir do final de 2015,
e com boas tendências para os próximos
anos. Diante disso, muitas empresas fica-
ram no meio do caminho pois não tive-
ram condições de honrar com as premis-
sas aprovadas na assembleia de credores.
Algumas foram adquiridas por outros gru-
pos e outras, faliram.
A questão que toma corpo no mo-
mento é se, com a estimativa de melho-
ra da rentabilidade do setor, a empresa em
processo de RJ tem mais chance de recupe-
ração e se ocorrerão novos pedidos de RJ.
Entendo que sim, pois as chances de
recuperação aumentam, principalmente
para as empresas que vem, mesmo com
dificuldades, cumprindo as metas estabe-
lecidas no plano de recuperação judicial e
não estão se financiando em venda ante-
cipada de safra, lembrando que o crédito
bancário para essas empresas inexiste.
Quanto a ter novos pedidos, acho
isso possível, pois a falta de crédito ainda
é fato e independente de sinais positivos
do mercado, o nível de endividamento das
empresas continua alto e os balanços e o
cadastro, cada vez piores, inviabilizando no
curto prazo novas fontes de financiamen-
to. Ou esses grupos se ajeitam com os cre-
dores, conseguindo alongamento e revisão
nas taxas de juros, ou a recuperação será
uma alternativa para a sobrevivência, que,
diferente dos anos que precederam, terão
planos econômicos mais consistentes devi-
do à sinalização positiva do mercado.
“Quanto a ter novos pedidos, acho isso
possível”, diz Marcos Antonio Françóia,
diretor da MBF Agribusiness
27
28	 Abril · 2016
A CANA E OUTRAS CULTURAS
Soja em rotação com cana
atribui benefícios ao solo
e ao bolso do produtor
CIRCUITO TECNOLÓGICO DE SOJA, PROMOVIDO PELA
COOPERCITRUS DE RIBEIRÃO PRETO, SP, EM PARCERIA COM A
VALAGRO, REUNIU MAIS DE 50 CANAVIEIROS E SOJICULTORES
Visitas em lavouras de soja em ponto de colheita
C
om o intuito de apresentar os be-
nefícios e resultados da reforma
de cana consorciada com a cultu-
ra da soja, a Coopercitrus de Ribeirão Pre-
to, em parceria com a Valagro, realizou, no
dia 12 de fevereiro, o Circuito Tecnológi-
co de Soja. Dividido em dois momentos, o
evento reuniu cerca de 50 produtores de
29
cana no auditório do Shopping Rural, para
presenciarem palestras técnicas e, poste-
riormente, visitarem um circuito de plantio
de diferentes variedades de soja em pro-
priedades de cooperados.
O RTC da Coopercitrus de Ribeirão
Preto, João Valdir Sverzut Junior, explica,
de forma técnica, as vantagens do inves-
timento em soja. “O aumento da camada
vegetal otimiza a infiltração de água no
solo, diminuindo a ocorrência de erosões.
Outra vantagem é o aumento do teor de
matéria orgânica, que favorece o desen-
volvimento de bactérias fixadoras de ni-
trogênio, importantes para as plantas que,
sozinhas, não conseguem fazê-la. A fixa-
ção do N contribui para a diminuição da
contaminação do solo e das águas do len-
çol freático, reduzindo ou evitando o uso
de fertilizantes e diminuindo os gastos
com as culturas subsequentes. O aumen-
to da massa vegetal, bem como dos orga-
nismos decompositores, gera uma maior
utilização dos gases presentes na atmos-
fera, promovendo a diminuição dos gases
de efeito estufa.”
Quanto às vantagens para os produ-
tores, João Valdir fala sobre a amortização
do custo dos insumos em detrimento dos
investimentos do plantio da cultura suces-
sora, além de ser uma commodity de óti-
ma aceitação no mercado e uma opção
melhor entre os cereais feijão e amendoim
por ter ciclo menor, preço fixo no merca-
do externo, condições de armazenagem e
genética evoluída.
Segundo ele, alguns produtores que
não querem parar o plantio de cana, mas
que necessitam reciclar o solo, acabam
utilizando a soja como adubação verde.
Palestras técnicas também fizeram parte da programação do Dia de Campo
Apoio
30	 Abril · 2016
“A decomposição dessas plantas no solo
gera aminoácidos. É uma adubação bara-
ta, feita geralmente quando a cana é co-
lhida tarde. Para quem almeja conservar o
solo e plantar cana rapidamente, investe
nesse processo”.
Em cinco anos, na Coopercitrus de
Ribeirão Preto, o cadastro de áreas de co-
operados que plantam soja saltou de 9
mil para 42 mil ha. Gerente de sementes
da Coopercitrus, Gustavo de Moraes Bor-
ges explanou sobre a estrutura do depar-
tamento de grãos da cooperativa, com-
posta por UBS (Usina de Beneficiamento
de Sementes) credenciada pelo MAPA (Mi-
nistério de Agricultura, Pecuária e Abas-
tecimento), que produz sementes de soja
e feijão beneficiadas e de alta qualidade;
tem laboratório de análise de germinação
e vigor; realiza a compra da produção de
soja, milho e café dos cooperados, a pre-
ços competitivos; oferece apoio técnico na
lavoura e apoio comercial para que o coo-
perado decida o momento oportuno para
negociar a sua produção.
O gerente focou o serviço de tro-
ca de grãos, uma opção de os coopera-
dos realizarem troca de suas produções de
soja, milho ou café, ou parte dela, como
moeda para a aquisição dos bens neces-
sários à condução da lavoura, como in-
sumos, máquinas, implementos e demais
produtos. “Nos últimos dois anos a troca
de grãos tem ganhado muita força na coo-
perativa. Em outros estados é a modalida-
de de compra mais forte para os produto-
A CANA E OUTRAS CULTURAS
A Coopercitrus produz sementes de soja e feijão beneficiadas e de alta qualidade
31
res, por auxiliar na aquisição de produtos
e maquinários”.
Sobre a importância da qualidade
das sementes para a produtividade, Gus-
tavo ressalta: “Não adianta ter um bom
preparo de solo e investir nas melhores
tecnologias, se não utilizar uma boa se-
mente em campo”.
O engenheiro agrônomo da Coo-
percitrus, Aloisio Ravagnani Dias, minis-
trou palestra sobre as vantagens na asso-
ciação do plantio de soja na rotação de
cana. “Esse é um ano bom, com clima fa-
vorável e bons preços, quem não estiver
fazendo rotação de culturas, deve come-
çar a fazer” e recomenda para quem quer
adiantar o plantio de cana, aplicar o sis-
tema de meiosi com mudas pré-brotadas.
Variedades demonstradas
O coordenador de sementes da Coo-
percitrus, Daire Carlos da Silva, ressaltou a
importância de os produtores conhecerem
os Estádios Fenológicos da Planta, que au-
xiliam no manejo e no atendimento técni-
co da cooperativa. “Tendo conhecimento
dos estádios fenológicos, há mais pratici-
dade em avaliar as necessidades nutricio-
nais e de manejos de pragas e doenças.
Quando a soja está em R1, o produtor já
sabe que não deve fazer o uso de herbici-
das, pois pode haver abortamento das flo-
res e prejudicar o crescimento da planta;
quando está em R5 começa o enchimen-
to de grãos, havendo necessidade de con-
trolar percevejos e aplicar, quando neces-
sário, potássio para maior peso e tamanho
dos grãos; quando chega em R8 é a hora
da colheita”.
Atualmente, a Coopercitrus traba-
lha com 17 variedades de soja, sendo 7
da marca Monsoy, 5 Nidera e 5 Syngenta.
Em cinco anos, na Coopercitrus de
Ribeirão Preto, o cadastro de áreas
de cooperados que plantam soja
saltou de 9 mil para 42 mil ha
Apoio
32	 Abril · 2016
Na segunda parte do evento, os produto-
res puderam conferir os resultados da im-
plantação de variedades de soja em pro-
priedades de cinco cooperados da filial de
Ribeirão Preto: Rosely Bonvicini - Sitio São
Pedro, variedade M 5947 IPRO; Mário Ser-
gio Rossi - Sitio São Miguel, variedades M
5947 IPRO e M 7110 IPRO; Anna Helena
Tinoco Cabral Lima - Fazenda Sta. Helena,
variedades M 6410 IPRO e BMX PONTÊN-
CIA RR; Vinicius Jacomini - Fazenda Sto.
Antonio - variedade M 6410 IPRO; e To-
maz de Aquino Lima Pereira - Fazenda Sta.
Catarina, variedade NS 7209 IPRO.
“Todos os convidados são agriculto-
res canavieiros que, na sua rotatividade,
plantaram variedades de soja da Cooper-
citrus, estão interagindo entre eles, co-
nhecendo áreas em comum de variedades
distintas e vendo a performance do com-
portamento delas entre diferentes solos,
ambientes de produção, altitudes, mane-
jos, para ver as respostas entre elas. A Va-
lagro tem sido nossa parceira e diretriz na
A CANA E OUTRAS CULTURAS
Na Coopercitrus, os cooperados realizam troca de suas produções de soja, milho ou café, ou
parte dela, como moeda para a aquisição dos bens necessários à condução da lavoura
33
área nutricional, em condicionamento de
elementos de fertilidade. O intuito nos-
so é fazer com que o produtor permaneça
no campo, produza e se subsidie com sua
produção, que diversifique, amplie seus
conhecimentos, além de haver interação
entre eles”, explica João Valdir.
Resultados pré-colheita
Muito satisfeito com seu plantio de
soja na Fazenda Santa Helena, o coope-
rado Luiz Odilon Tinoco Cabral Lima, em
uma área de reforma de 72 ha, realizou o
recolhimento de palha da cana e um pre-
paro de solo convencional para o plantio
de soja. “Fizemos uma experiência de re-
colhimento de palha na área de reforma,
onde a Coopercitrus foi nossa parceira,
nos fornecendo o equipamento e a expe-
riência de seus técnicos. Neste ano, pre-
tendemos dar continuidade a esta parce-
ria. Vendemos 200 toneladas de palha ao
valor de R$ 90/t. A tradição da família era
o arrendamento e, para nós, o plantio de
soja está sendo satisfatório, pois tivemos
um ano excelente de chuvas, condição cli-
mática fantástica e estou achando que te-
remos uma produtividade muito boa.”
Luiz Odilon salienta que a vantagem
da soja é que se pode sulcar direto, sem
novo preparo de solo. Além disso, há a fi-
xação de nitrogênio como adubação or-
gânica e as folhas que ficam na lavoura se
decompondo são um adicional de nutrien-
tes. “Estamos muito satisfeitos, os técnicos
da cooperativa são extremamente compe-
tentes e nos acompanharam o tempo in-
teiro na cultura.”
A meiosi com cana e soja é outra prática que cresce no setor
Apoio
34	 Abril · 2016
Menor safra dos últimos 30 anos
A
safra 2015/16 da cana nordesti-
na foi bastante afetada pelo fenô-
meno climático El Niño. Ele aque-
ce as águas do Oceano Pacífico e provoca
muita chuva na região Sul do Brasil e seca
no Nordeste. Este fenômeno já é consi-
derado um dos maiores da história. Com
isso, deve haver uma redução de 11 mi-
lhões de toneladas de cana no Nordes-
te relacionada à safra anterior. Estima-se
apenas 51 milhões de toneladas na safra
atual, diferente das 62 milhões de tonela-
das de cana da produção anterior.
Em Pernambuco, por exemplo, que
é o segundo maior estado produtor do
NE, haverá uma redução de 20% da atu-
al safra em comparação à passada. A safra
2015/2016 ainda não terminou, mas deve
produzir apenas 12 milhões de toneladas
de cana. Este quantitativo representa, in-
felizmente, a menor safra dos últimos 30
anos no estado.
Já em Alagoas, maior estado produ-
tor de cana do NE, a redução será mais
drástica. Haverá um déficit de 8 milhões
de toneladas em comparação à safra ante-
rior. Prevê-se uma produção só de 15 mi-
lhões, o que é bem abaixo das 23 milhões
da safra 2014/15.
Este El Niño, de fato, tem sido um
dos mais fortes, influenciando para baixo
os índices pluviométricos no Nordeste. A
chuva ficou bem abaixo da média histó-
rica no período do desenvolvimento dos
O CICLO 2015/16 NO NORDESTE DEVERÁ TER UMA REDUÇÃO DE 11 MILHÕES
DE TONELADAS DE CANA EM FUNÇÃO DA SEVERIDADE DO FENÔMENO EL NIÑO
NORDESTE
Canaviais do Nordeste são castigados pela seca
AFCP
35
canaviais. Também ficou assim durante o
início da moagem nos meses de outubro,
novembro e dezembro, quando não cho-
veu praticamente nada. A situação provo-
cou a mortalidade de boa parte da soca da
cana, que não brotou.
Um pouco de alento chegou no mês
de janeiro de 2016, mas não devido ao El
Niño. A chuva voltou na região devido ao
sistema meteorológico Vórtice Ciclôni-
co, que é responsável por chuva somente
quando a sua borda fica estacionada so-
bre o continente. Foi isto que aconteceu e,
graças a Deus, voltou a chover no Nordes-
te, com muita chuva. Para se ter noção, só
em janeiro choveu 245% a mais que a mé-
dia histórica do período.
Preços
Outro bom momento para o se-
tor canavieiro da região diz respeito aos
bons preços do açúcar, álcool e da maté-
ria-prima. O preço do açúcar quase do-
brou de valor. Chegou a R$ 100 este ano.
Ele era comercializado em média a R$ 60
em 2015. Iguais valores são observados na
positiva variação do preço da tonelada de
cana (subiu de R$ 60 para R$ 100). O álco-
AFCP
Alexandre Andrade Lima: “Em Pernambuco haverá uma redução
da produção de 20% da atual safra em comparação à passada”
36	 Abril · 2016
ol hidratado saiu de R$ 1,30 (sem impos-
tos) para R$ 2,00.
Todavia, apesar dos bons preços, in-
felizmente não existe mais matéria-pri-
ma para fornecer às usinas em função
dos terríveis efeitos da seca sobre a safra.
Além disso, os produtores de cana convi-
vem com grandes dificuldades financei-
ras em decorrência da falta de pagamen-
to da cana por parte de algumas usinas da
região.
Para a próxima safra, há perspectivas
da manutenção dos bons preços pratica-
NORDESTE
Grande parte da socaria morreu
AFCP
Em Alagoas, maior estado
produtor de cana do NE, a
redução será mais drástica
37
dos hoje. O cenário deriva da continuação
do déficit de açúcar no mercado mundial.
Porém, há preocupação com os preços in-
ternacionais do petróleo, os quais estão
bem baixos. É preciso que o governo fe-
deral mantenha a atual política do preço
de petróleo em longo prazo, não acom-
panhando os preços do mercado mundial.
Mas, se ele baixar o valor da gasolina, a
ação interferirá nos preços do açúcar e da
cana, porque, consequentemente, amplia
a concorrência com o etanol, reduzindo
seu consumo e incentivando a produção
maior de açúcar, o que acarreta efeitos ne-
gativos aos mercados.
Contudo, diante da difícil conjuntura
política/institucional e econômica vivida
no Brasil, é improvável que o governo bai-
AFCP
xe o preço da gasolina em consonância ao
mercado internacional do petróleo. A hi-
pótese se fundamenta com base nos refle-
xos financeiros negativos que a ação des-
dobraria sobre o caixa da Petrobras.
Portanto, baixar o valor da gasolina é
uma iniciativa equivocada e não deve ser
adotada. Além disso, existe ainda toda vi-
sibilidade da ação diante da conjuntura de
desdobramentos da operação Lava Jato,
da Justiça e Política Federal, que investiga
muita corrupção na empresa.
Alexandre Andrade Lima,
presidente da AFCP (Associação
dos Fornecedores de Cana de
Pernambuco) e da Unida (União
Nordestina dos Produtores de Cana)
38	 Abril · 2016
Segundo previsão da UNICA,
até o final de março cerca de
120 empresas entraram em operação
39
Começou!
A SAFRA CANAVIEIRA 2016/17 TEM
INÍCIO, OFICIALMENTE, EM 1º DE
ABRIL. A EXPECTATIVA É QUE SEJA
A SAFRA DA RETOMADA DO SETOR
40	 Abril · 2016
A
safra da esperança! O ciclo
2016/17 de cana-de-açúcar já co-
meçou à todo vapor, antes mes-
mo do mês de abril, trazendo consigo a
expectativa de uma temporada de recu-
peração, depois de vários anos cinzentos.
Ao analisar todos os fundamentos e cená-
rios do setor, o economista Marco Anto-
nio Conejero, professor da Universidade
Federal Fluminense (UFF), acredita na re-
cuperação no curto prazo, mas a atividade
ainda carece de uma perspectiva de lon-
go prazo. “Bom seria ter uma priorização
do etanol e da bioenergia de cana na ma-
triz energética, reduzindo nossa vulnera-
bilidade à cotação do açúcar no mercado
internacional e à estratégia de recupera-
ção da Petrobras.”
Para ele, a retomada de curto prazo
estácentradaemdoisfatoresfundamentais:
1) Recuperação de preços, sobretu-
do do açúcar (crescimento de 36% na sa-
fra passada);
2) Desvalorização do real frente ao
dólar (queda de 48%).
“A desvalorização também contri-
bui para que o açúcar brasileiro recupere
a sua competitividade frente aos demais
países concorrentes. Dados da Datagro re-
velam que enquanto o custo médio de fa-
bricação de açúcar no Brasil gira em torno
de 13 centavos de dólar por libra-peso, na
Tailândia, fica em 16,5, e na Austrália, em
18,1”, afirma Conejero.
O setor está na
contramão do tsunami
“Sou obrigado a dizer que o setor su-
croalcooleiro vive um momento constran-
gedoramente bom, levando-se em consi-
deração o restante da economia, no que
tange a preços e demanda”, pondera Ale-
xandre Figliolino, sócio da MB Agro Con-
sultoria. Para ele, a atividade canavieira
está na contramão do tsunami que o Bra-
sil enfrenta. “Mas o setor é extremamen-
te assimétrico e a situação grave que atin-
ge inúmeros grupos ainda demandará um
Clivonei Roberto
Conejero acredita na recuperação
do setor no curto prazo
CAPA
41
tempo enorme para ser resolvida, embora
em alguns casos a situação seja insolúvel.”
Figliolino aponta a situação mais po-
sitiva do setor a alguns fatores: dólar valo-
rizado em relação ao real, mudanças tribu-
tárias que atingiram o etanol em relação à
gasolina, e ao atual momento do mercado
mundial de açúcar que, após cinco anos
de superávit, enfrenta seu primeiro ano de
déficit. Mas ele alerta que a previsão de
queda de consumo no ciclo Otto (5%) no
Brasil, devido à recessão econômica, não é
uma boa notícia para o etanol.
Boa expectativa de preços
Segundo Marco Antonio Françóia,
diretor da MBF Agribusiness, em termos
de preços, as expectativas são muito boas
para as próximas safras. Ele estima que os
preços dos produtos do setor se mante-
nham mais remuneradores por três anos
seguidos. “Todavia, estimar algo no Brasil
está complicadíssimo devido à crise políti-
ca e econômica.”
Diante do mercado, acaba sendo
muita especulação fazer previsões. Afinal,
há o risco do petróleo se manter em baixa,
o que pressiona o preço da gasolina para
baixo, mas na outra ponta há os amargos
prejuízos da Petrobras sustentando o pre-
ço da gasolina mais alto. “Além disso, os
consumidores parecem não olhar mais
a questão de economia no tanque, mas
o quanto gastam na hora de abastecer,
quanto sai do bolso. Nessa linha, o consu-
mo do etanol vai se mantendo.”
Se no mercado brasileiro de combus-
tíveis existe a possibilidade de diminuição
do consumo do etanol hidratado, por ou-
tro pode haver desvio da produção para
açúcar. Caso isso aconteça, “podemos ter
Figliolino: “o setor sucroalcooleiro vive
um momento constrangedoramente bom”
Françóia estima que os preços dos
produtos do setor se mantenham mais
remuneradores por três anos seguidos
42	 Abril · 2016
uma margem menor nesse segundo pro-
duto, mas continuará com boas margens.
Só o tempo para definir. Por isso que digo
que planejar no Brasil requer sangue frio e
muito conhecimento”.
De qualquer forma, os fundamen-
tos do preço do açúcar são bons. Na aná-
lise de Françóia, a quebra da safra mundial
de cana-de-açúcar eleva as estimativas de
preço e ganha quem tem produto e está
melhor estruturado economicamente.
Açúcar e etanol
Segundo a Datagro, ao final da sa-
fra 2015/2016 haverá um déficit global de
4,37 milhões de toneladas de açúcar, pu-
lando para 7,64 milhões de toneladas na
safra 2016/2017 devido a problemas cli-
máticos registrados na Índia. Inclusive, al-
gumas usinas indianas já pararam por falta
de cana e desestímulo de preços.
Marco Fava Neves, professor da FEA/
USP (Faculdade de Economia, Adminis-
tração e Contabilidade da Universida-
de de São Paulo), destaca que boa par-
te das consultorias projeta 34 milhões de
toneladas de produção de açúcar no Bra-
sil em 2016/17. “Espera-se um incremen-
to de até 5 milhões de toneladas na pro-
dução da commodity no Brasil e cerca de
60% já foi vendido, aproveitando o preço
e o câmbio.”
Outro componente importante no
mercado internacional do açúcar em 2016
deverá ser a contestação brasileira na Or-
ganização Mundial do Comércio (OMC) da
política açucareira da Tailândia, que é o
segundo maior exportador, atrás do Bra-
sil. “Seus subsídios aos produtores inter-
ferem muito negativamente no comércio
mundial.”
Para Fava Neves, o fato de as usi-
nas terem feito hedge de açúcar em gran-
des volumes deve aliviar a queda de pre-
ços do etanol no início da safra. Em 2015
chegaram a R$ 1,15/l e neste ano não de-
vem cair de R$ 1,5/l. “Temos que obser-
var neste ano qual será o comportamento
de consumo do usuário da frota flex com
o preço atual.” O hidratado ocupou cerca
de 30% em 2015 (cada ponto representa
algo como 300 milhões de litros). “Porém,
vivemos provável mudança de comporta-
mento: mesmo acima dos 70%, as vendas
Fava Neves: “Espera-se um incremento
de até 5 milhões de toneladas na
produção de açúcar no Brasil”
CAPA
43
de etanol hidratado de novembro a janei-
ro foram 10% maiores que no mesmo pe-
ríodo anterior. As vendas de gasolina ca-
íram 9,3%, segundo a Agência Nacional
de Petróleo, Gás Natural e Biocombustí-
veis. Pode ser que os consumidores es-
tejam preferindo uma compra que tenha
menor desembolso ou o etanol vem con-
quistando preferência”, analisa o professor
da FEA/USP.
Doce commodity
Na safra 2016/17, Arnaldo Corrêa,
diretor da Archer Consulting, acredita que
os preços do açúcar em centavos de dó-
lar por libra peso melhorem consideravel-
mente, mas os preços em reais por tone-
lada podem não necessariamente seguir
o mesmo ritmo. “Isso porque hoje o dó-
lar tem componente político grande. Por
exemplo, com sinalização para o merca-
do de mudança do governo, podemos ter
a queda do dólar, e assim os investido-
res lá fora ficam mais confortáveis. A taxa
de câmbio tenderá a cair e, consequente-
mente, poderá haver uma subida de pre-
ços em Nova York, porém não necessaria-
mente na mesma proporção”, explica.
Para Corrêa, 2016 é um ano para as
empresas respirarem mais aliviadas. “Não
é ano para todos saírem comemorando,
mas temos melhor perspectiva.”
O endividamento das empresas é
um grande peso. A dívida do setor, hoje,
é de cerca de R$ 92 bilhões. “Grande par-
te é fruto da política que o governo imple-
mentou desde 2005. Durante muito tem-
po o setor produziu e vendeu hidratado
abaixo do custo de produção.” De acor-
do com os cálculos de Corrêa, nos últimos
dez anos, considerando a curva de preço
do hidratado x custo de produção, “vemos
que por mais de 35% do período essa cur-
va de preço ficou abaixo do custo de pro-
dução. Ou seja, imagine uma empresa que
durante 35% do tempo vendeu seu produ-
to abaixo do custo de produção?”
A perda do setor durante os últimos
seis anos, em que a remuneração esteve
abaixo do custo de produção, representou
um prejuízo de R$ 465 milhões.
Corrêa: 2016
é um ano para
as empresas
respirarem
mais aliviadas
44	 Abril · 2016
Safra recorde
“Esta será uma safra
recorde”, aposta o econo-
mista Julio Maria Borges,
professor da USP e diretor da Job Eco-
nomia. “O clima chuvoso ajudou muito a
produção de cana. A matéria-prima dispo-
nível para moagem poderá ter um acrésci-
mo entre 30 e 50 mi tc.”
Na opinião de Borges, o setor não
tem perdido capacidade de moagem. A
redução de produção de quem sai tem
sido substituída por quem fica. Por outro
lado, o ritmo de crescimento da área de
Borges: “os novos
investimentos dependem
de maior clareza da
economia e da política”
Preços do açúcar em alta adoçam o caixa das usinas
CAPA
45
cana atualmente é muito tímido. “No cur-
to prazo o excesso de cana ou sua falta
tem dependido muito do clima.”
Para ele, no médio e no longo pra-
zos, novos investimentos virão pois o Bra-
sil é muito competitivo em âmbito mun-
dial e vai aproveitar as oportunidades dos
mercados. “Mas os novos investimentos
dependem de maior clareza da economia
e da política. Seja no Brasil, seja no resto
do mundo.”
Novo ânimo
Na visão de Alexandre Figliolino,
os novos patamares de preço do açúcar
e etanol trouxeram ânimo novo ao setor.
A desvalorização cambial, o crescimento
do consumo de etanol hidratado em ou-
tro nível de preço, aliado a uma safra re-
corde, com as produtividades pelo me-
nos em termos de TCH voltando aos níveis
históricos, são fatores que trazem um âni-
mo maior ao setor depois de quatro anos
muito difíceis.
“Com isso, devemos ter duas coisas
que normalmente não andam juntas: bons
preços e elevada produção. O açúcar deve
crescer entre 2 e 3 milhões de toneladas e
um ligeiro acréscimo na produção de eta-
nol também deve ser observado, mas a sa-
fra sem dúvida virá com um mix mais açu-
careiro”, analisa Figliolino.
De acordo com ele, haverá uma me-
lhora significativa no resultado operacio-
nal das empresas que estão com canaviais
produtivos e custos razoavelmente enxu-
tos e que vêm sabendo tirar bom provei-
to das boas oportunidades de fixação de
preços que os mercados de açúcar e dólar
têm possibilitado.
“Estas empresas vão ter oportunida-
de, depois de muito tempo, de gerar cai-
xa livre para reduzir seu nível de alavan-
cagem. Porém, temos que considerar que
um grupo expressivo de empresas do se-
tor, seja pelo nível elevado de endivida-
mento ou por estarem desestruturadas
operacionalmente, ou ambas as coisas
juntas, não vão conseguir sair da situação
difícil que se encontram.”
Figliolino lembra que o custo do di-
nheiro está pelas alturas, quando dispo-
nível, já que o crédito está extremamente
escasso, contribuindo para agravar ainda
Mizutani: o setor sucroenergético brasileiro
já entrou num período de recuperação
46	 Abril · 2016
mais a situação. “Isso nos faz pensar todos
os dias em mecanismos possíveis para evi-
tar que uma parte importante do setor vá
por água abaixo, o que implicaria em ele-
vadas perdas para todos os envolvidos.”
A retomada já é real
Para Pedro Mizutani, vice-presidente
de Relações Externas e Estratégia da Raí-
zen, o setor sucroenergético brasileiro já
entrou num período de recuperação. “So-
fremos nos últimos cinco anos. Mas hoje a
combustíveis cada vez mais não está fa-
zendo a conta dos 70% na comparação
entre etanol e gasolina. “Acho que ele
está tendo o princípio da sustentabilida-
de, da energia renovável também na ca-
beça. É lógico que o preço ainda é dife-
rencial. Mas se a cada ano que passa uma
porcentagem da população acreditar que
o etanol é mais sustentável, e decidir pa-
gar um pouco mais por isso, ou na condi-
ção de igualdade de preço colocar etanol,
já é grande vitória pra gente.”
Pena que a bioeletricidade não está
nesse mesmo bom momento. “Mas não dá
pra gente agarrar tudo também. A chuva
favoreceu muito a produtividade da cana.
Nossos produtos principais são açúcar e
etanol. E se quando falta água a bioeletri-
cidade tem preço alto, por outro lado per-
demos produtividade na cana-de-açúcar.
Mas sabemos que este vai ser um ano do
açúcar e do etanol. A eletricidade vai ser
um adicional.”
Para ele, nesse momento de melhora
da remuneração dos produtos da agroin-
dústria canavieira, as empresas que esti-
verem bem equilibradas ou bem de caixa
vão ganhar muito dinheiro.
Embora várias usinas tenham parali-
sado as operações, Mizutani destaca que
a quantidade de cana moída está sendo a
mesma. “As usinas que ficaram estão mais
fortalecidas. A capacidade ociosa dessas
usinas foi preenchida. Isso dá mais com-
petitividade para as usinas que ficaram.”
desvalorização cambial nos favorece, traz
competitividade ao açúcar, e outro ponto
favorável é quanto ao etanol. Com a ga-
solina nos níveis que está, o etanol repre-
sentando 70%, 75% do preço da gasolina,
é muito bom.”
Em sua opinião, o consumidor de
Salibe: Para as usinas bem financeiramente,
essa é safra que o preço remunera o custo
CAPA
47
Também para Antonio Cesar Salibe,
presidente executivo da Udop (União dos
Produtores de Bioenergia), a safra 2016/17
é a da retomada. “Será o ciclo de mudan-
ça de humor do setor. Nesse ano devere-
mos ter resultados bons tanto em produ-
ção como em produtividade, com bons
preços finais para a venda do açúcar.”
É suficiente? Para as usinas bem fi-
nanceiramente, essa é safra que o preço
remunera o custo. “Mas para quem está
carregado de dívidas, não tem melho-
ra de preço de produto que consiga pa-
gar. Quem está com muito endividamento,
esta também será uma safra problemáti-
ca”, frisa Salibe.
Capacidade no limite
Com a crise que vem afetando o setor
sucroenergético nos últimos anos, muitas
unidades fecharam as portas ou pediram
recuperação judicial (RJ). O país chegou a
ter mais de 430 usinas, mas, desde 2008,
79 unidades entraram em recuperação ju-
dicial (RJ) e 83 tiveram suas operações pa-
ralisadas. Somente no estado de São Pau-
lo atualmente existem 23 unidades em RJ.
Com o fechamento de tantas unida-
des industriais nos últimos anos e com o
aumento da quantidade de cana-de-açú-
car disponível, notadamente por conta do
clima favorável em 2015 e início de 2016,
não haveria o risco de, neste ano, haver
Padua não acredita
que novas usinas
sejam paralisadas
ao longo da
safra 2016/17
Mercado comenta que a
Usina Santa Rita, em Santa
Rita do Passa Quatro, SP,
volta a moer nesta safra
48	 Abril · 2016
“cana demais para indústria de menos?”
Para os especialistas, esse não é (pelo
menos não ainda) um problema que o se-
tor tem pra enfrentar no momento. “Não
acredito que temos cana demais. O que
temos é unidades que absorveram cana
de unidades desativadas ou que não estão
honrando com os compromissos com os
fornecedores de cana, que transferem a ti-
tularidade da matéria-prima”, diz Françóia.
No entanto, essas usinas com maior
capacidade de absorção de cana ficam
no risco do clima. Segundo ele, a safra
2015/16 apresentou um número, ainda a
se confirmar, de 30 milhões de toneladas
de cana bisada (volume que para outros
especialistas pode ter chegado a 50 mi-
lhões). “Mas não é porque não havia fábri-
ca, mas sim porque havia concentração de
cana em muitas unidades e o clima não fa-
voreceu a moagem.”
Além disso, Françóia acredita que
unidades desativadas voltem a operar.
“Talvez nessa próxima safra ainda não,
mas na seguinte, com a tendência de pre-
ços melhores, isso pode acontecer.”
Antonio de Padua Rodrigues, diretor
técnico da Unica (União da Indústria da
Cana-de-açúcar), não acredita que novas
usinas sejam paralisadas ao longo da safra
2016/17. Ao contrário. “Já se comenta no
mercado que a Usina Santa Rita pode vol-
tar a processar cana, embora seja uma in-
formação ainda não confirmada. Além dis-
so, uma usina nova em Goiás deverá fazer
sua primeira safra.”
Além disso, ele aponta a necessida-
de de as usinas com capacidade ociosa
expandirem sua produção para ganharem
musculatura diante das dificuldades finan-
ceiras. “Uma usina com capacidade de 2
milhões moendo 1 milhão não vai ter ge-
ração de caixa para melhorar de situação.
Tem que otimizar a fábrica, atingir boa
gestão de custos, precisa realizar vendas
bem feitas.”
Mas esse cenário de capacidade de
produção no limite pode ocasionar novos
investimentos na capacidade industrial,
Surge a esperança de que mais usinas
desativadas voltem a moer nas próximas safras
CAPA
49
considerando que há demanda e preços
animadores?
“Acredito que sim, voltam os investi-
mentos, mas ainda bem lentamente”, opi-
na o diretor da MBF. “O mercado precisa
sentir com firmeza essa tendência de me-
lhora. Não dá para conviver com as ques-
tões econômicas e políticas do Brasil e
ter tranquilidade para a tomada de deci-
são. Uma simples ameaça ao governo faz
o dólar cair e influencia todo o mercado”,
completa.
Figliolino reconhece que a paralisa-
ção de várias unidades ou mesmo aquelas
que estão moendo em situação precária
torna muito desafiador moer uma gran-
de quantidade de cana, como a que es-
tará disponível no ciclo 2016/17. Por isso,
ele concorda que será necessária uma sa-
fra longa, além de um clima favorável para
permitir moer as 620 milhões de tonela-
das, que é o volume que ele prevê para o
Centro-Sul nesta safra.
Segundo Plínio Nastari, diretor da Da-
tagro Consultoria, um total de 353 usinas
vão moer no Centro-Sul na safra 2016/17.
A recuperação não
depende só de preços
Luiz Carlos Carvalho, diretor da Ca-
naplan e presidente da ABAG (Associação
Brasileira do Agronegócio), não tem tanta
clareza de que há um cenário de retoma-
da do setor. “Eu não diria que está em re-
cuperação. A safra 2016/17 dá indicativos
de preços melhores do que na safra ante-
rior, mas depende de uma série de fatores,
e não somente de preços melhores.”
O setor vive um momento de expec-
tativa de preços melhores, mas não espe-
tacularmente melhores, segundo ele. “Para
as empresas com problemas financeiros, é
difícil imaginar que essa pequena recupe-
ração de preço possa fazer frente ou redu-
zir a pressão do câmbio e o endividamen-
to em dólar.”
Na visão de Carvalho, a capacidade
instalada da indústria de cana-de-açúcar
já está no teto. “Nas regiões onde a cana
de uma usina que fechou pode ser moída
por uma unidade vizinha, tudo bem, o im-
pacto fica amenizado, mas nem sempre é
assim ou será assim.”
Carvalho: O setor vive um momento de
expectativa de preços melhores, mas
não espetacularmente melhores
50	 Abril · 2016
Para Carvalho, “no nosso caso há
processo de redução de capacidade por
redução de investimento e deterioração
financeira das empresas por falta de hori-
zonte na questão política”.
Segundo ele, o setor sucroenergéti-
co mostra os seus limites justamente num
momento em que está sendo pressiona-
do por questões macroeconômicas e pelo
endividamento em que se encontram vá-
rias unidades. “A tendência desse setor é
de estagnação e até de redução, a não ser
que as coisas mudem.”
Retorno dos investimentos
Padua comemora a melhor conjun-
tura do setor. “Muitas empresas que não
viam lucro, hoje têm oportunidade de
ter lucro e voltar a pagar seu imposto de
renda.”
Para ele, esta é uma safra que traz
um novo ânimo renovado, induzindo as
empresas a investirem numa boa manu-
tenção industrial, na frota, na reforma, de-
pois de anos de cenário negativo.
No entanto, Padua aponta que ain-
da não há uma sinalização de longo pra-
zo. No final de 2015, na COP-21, em Pa-
ris, o governo brasileiro demonstrou total
apoio aos combustíveis renováveis, proje-
tando a necessidade de produção de 50
bilhões de litros de etanol até 2030. Para
isso, novas usinas teriam que ser constru-
ídas. “Mas ainda não se criou regras que
permitam atingir esse objetivo. Sem criar
essas regras, sem segurança, é evidente
Esta é uma safra que traz um novo ânimo ao setor, induzindo
as empresas a investirem numa boa manutenção industrial
CAPA
51
que o Brasil não vai atingir essas metas.”
Ao analisar a conjuntura atual do setor e
do Brasil, Padua afirma que o cenário é de
estabilidade e não de volta da expansão.
Para asfaltar um ambiente de maior
confiança e atratividade para novos in-
vestimentos, Plínio Nastari também alerta
para a premência de políticas públicas es-
táveis, de longo prazo, que deem previsi-
bilidade ao negócio.
Na visão de Conejero, na falta de uma
perspectiva clara de priorização do setor
na estratégia de governo, os investimen-
tos em novas unidades não devem voltar.
“Os prováveis investimentos serão relacio-
nados à manutenção industrial anual típi-
ca e na renovação de canaviais.” Segundo
ele, os investimentos passados em capaci-
dade de cogeração de energia não devem
se repetir na safra atual em função da que-
da do preço do MWh. “Ademais, os gru-
pos que dispõem de mais de uma unidade
podem ainda decidir por expandir a capa-
cidade de unidades mais rentáveis com o
fechamento de unidades menores e pou-
co rentáveis.”
Já Figliolino relata que pequenos in-
vestimentos, com custo baixo por unida-
Produção de cana só sairá de 600 milhões para 800 milhões
de toneladas de cana se houver incentivo governamental
52	 Abril · 2016
de de acréscimo de produção, estão vol-
tando a acontecer, principalmente porque
o fechamento de unidades e o aumento
de produtividade tem aumentado signi-
ficativamente a oferta de cana com dimi-
nuição da competição por matéria-prima.
“São situações que eu chamo de consoli-
dação silenciosa com crescimentos de uns
e enxugamento de outros, e mais ligadas
a pequenos investimentos voltados a des-
travar gargalos de produção e que têm
alta taxa de retorno. É o máximo que o
atual momento político, econômico e cre-
ditício permite.”
Ao falar de futuro, Mizutani acredi-
ta que só haveria um novo ciclo de cres-
cimento, saindo de 600 milhões para 800
milhões de toneladas de cana, se houves-
se incentivo governamental, com a inser-
ção do etanol na matriz energética. “Por-
que nenhum empresário vai investir só por
causa desse boom de preços por 2 ou 3
anos. Precisa ter um horizonte mais a lon-
go prazo.”
Fusões e aquisições
Françóia acredita que podem ha-
ver movimentos de fusões e aquisições,
mas isso vai tomar força mais para mea-
dos da nova safra, por meio da confirma-
ção dos resultados positivos que o merca-
do estima.
Para Conejero, há espaço para cres-
cimento na concentração do mercado das
usinas diante da perspectiva de concen-
tração no mercado de distribuição de açú-
car e etanol. Porém, ele não acredita no re-
torno imediato dos movimentos de fusão
e aquisição diante do ainda elevado en-
dividamento setorial. “Prefiro acreditar no
crescimento orgânico dos maiores grupos,
ou seja, via aumento da escala produtiva
das unidades já existentes.”
Os números da safra
Para Françóia, a safra 2016/17 será
longa. Vai começar mais cedo, como é o
caso de algumas usinas que iniciaram em
março, sem contar as unidades que vão
emendar uma safra na outra, sem nenhum
intervalo de entressafra. “O ciclo terminará
mais tarde também, pois a quantidade de
Maior consumo de etanol, apesar da
redução do consumo de combustível
no país, também é animador
CAPA
53
54	 Abril · 2016
cana bisada foi alta. Isso para as empre-
sas que têm capacidade de adquirir cana
de terceiros e também um canavial pró-
prio mais estável.”
Conejero relata que a Agroconsult
e a Copersucar acreditam em um cresci-
mento de 3% da safra 2016/17 em relação
à safra passada, uma evolução para algo
em torno de 680 milhões de toneladas de
cana no Brasil, sendo 625 milhões de to-
neladas no Centro-Sul. Isso deve contri-
buir para o crescimento da produção de
açúcar, mas não de etanol.
Já a consultoria Kingsman aposta em
uma produção de 35,12 milhões de tonela-
das de açúcar (crescimento de mais de 10%)
e 27,3 milhões de litros do biocombustível
(estável em relação à 2015/16). Ou seja, o
mix deve crescer para açúcar (44,20%).
“A dúvida está ainda no comporta-
mento das chuvas durante a safra e quan-
to isso irá impactar na moagem das usinas
e no resultado final do ATR em kg/ tonela-
da de cana. Por exemplo, o tempo chuvo-
so em março/2016 frustrou a expectativa
de antecipação do início da próxima safra
para muitas unidades”, diz Conejero.
Para a safra 2016/17, Padua espera
um volume de produção semelhante ao
da safra 2015/16. “Ou seja, poderemos ter
entre 615 e 620 milhões de toneladas de
cana.”
O grande diferencial de 2016 é a ex-
pectativa de preços melhores para os pro-
As chuvas em 2015
deixaram as usinas
55 dias sem moer
CAPA
55
dutos do setor. “Todos trabalham com o
cenário de que nessa safra o preço será
melhor do que na passada na ordem de
13% a 14%.”
Como não deverá haver mudança
significativa no volume de cana moída, e
também não houve investimento na capa-
cidade de processamento, de modo geral,
o que vai dimensionar o tamanho da safra
será o aproveitamento de moagem no de-
correr do ciclo, lembra Padua.
Plínio Nastari, diretor da Datagro
Consultoria, também aposta em um volu-
me de cana moída em 2016/17 semelhan-
te ao do ciclo anterior. Ele espera um rendi-
mento em Kg de ATR um pouco melhor na
nova safra, porque deve ser um ano com
menor intensidade de chuvas, em particu-
lar no segundo semestre. “Não é suficien-
te para gerar um retorno de investimentos
em expansão de capacidade de moagem.
Já investimento em canavial, em mecani-
zação, continua, mas expansão da capaci-
dade de moagem não é viável ainda.”
Já a Archer Consulting prevê para o
ciclo 2016/17 o processamento de 618,5
milhões de toneladas de cana no Centro-
Sul. “Desse número, estamos falando em
34,4 milhões de toneladas de açúcar, o que
representa aproximadamente acréscimo
de 3% no volume de cana em relação à sa-
fra anterior, além de 27,5 bilhões de litros
de etanol”, diz o diretor da consultoria.
Ele também acredita que haverá a re-
dução do ATR pelo quarto ano consecu-
tivo, como consequência da expansão da
colheita mecanizada no Centro-Sul.
Na opinião de Corrêa, o ciclo 16/17
pode começar ainda sob forte influência
do clima. “Acredito que vamos ter muita
chuva ainda neste ano, no começo da co-
lheita, e isso trará atrasos. Por isso, há uma
percepção do mercado de que a disponi-
bilidade de açúcar que se esperava para
Plínio Nastari aposta em um
volume de cana moída em 2016/17
semelhante ao do ciclo anterior
abril/maio não deverá ocorrer.” O mercado
acredita que a safra no Centro-Sul começa
com problemas por conta do clima. Outro
fator que poderá influenciar neste ano po-
derá ser a isoporização dos canaviais, mas
pode estar cedo para afirmar isso.
Equívocos políticos
Além de torcer para que o clima este-
56	 Abril · 2016
ja favorável para o produtor agrícola, o fa-
tor político-governamental também tende
a influenciar na recuperação do setor.
E bem que o governo e a política po-
deriam começar a jogar a favor de um se-
tor que é tão importante para o país. Por
equívocos governamentais, segundo Cor-
rêa, o setor deixou de vender cerca de R$
50 bilhões de litros de hidratado nos últi-
mos seis anos. “Se analisarmos o quanto
deixou de crescer, o quanto perdeu de re-
ceitas ao longo dos últimos governos, per-
demos cerca de R$ 100 bilhões, que é mais
ou menos o tamanho da dívida do setor.”
Apesar do cenário turbulento no
país, de crise política e econômica, o setor
sucroenergético tenta manter o diálogo
com o governo federal, segundo Mizuta-
ni. “Sempre temos conversado, mas o Bra-
sil atravessa fase difícil, e não só o setor
sucroenergético. Por isso não adianta es-
perar que o governo faça por você. Temos
que fazer a nossa parte.” Ele confia que a
situação política do Brasil vai destravar,
“mas o empresário não pode ficar espe-
rando resolver isso para produzir. O obje-
tivo do empresário sério é produzir inde-
pendente da política existente”.
E a largada da safra 2016/17 já foi
dada. Há muitas variáveis em jogo, mas
é possível dizer que as expectativas são
favoráveis.
Florescimento de cana, que eleva a isoporização, poderá influenciar a atual safra
CAPA
57
Leonardo Ruiz e Luciana Paiva
Quando bem utilizada, aplicação aérea possui risco zero para
pessoas ou ambientes e efetividade de 100% para as pragas
A QUANTIDADE DE AGROQUÍMICO POR HECTARE UTILIZADA NA CULTURA
CANAVIEIRA ATENDE AOS PADRÕES INTERNACIONAIS ESTABELECIDOS
PARA AS REGIÕES TROPICAIS, SEM NOTIFICAÇÃO DE IMPACTOS
A cana está entre as
culturas que menos
utilizam agroquímicos
FITOTÉCNICO
E
mbora a área agricultável brasilei-
ra tenha permanecido praticamente
a mesma ao longo dos últimos dois
anos, a venda de defensivos agrícolas em
2015, quando comparada a 2014, regis-
trou forte queda, que beira 22%, segun-
do balanço disponibilizado pelo Sindiveg
– Sindicato Nacional da Indústria de Pro-
VITORRAMOS
58	 Abril · 2016
dutos para Defesa Vegetal.
Essa redução acabou, ainda, por pu-
xar para baixo o mercado global, que caiu
cerca de 9,8% no mesmo período. Após
um período de crescimento de cinco anos,
essa foi a primeira vez na década que esse
mercado sofre com variação negativa de
vendas.
De acordo com o Sindiveg, a desvalo-
rização do Real, o contrabando, que atinge
até 20% das vendas de defensivos agríco-
las no Brasil, e a dificuldade de obtenção
de linhas de crédito rural por parte dos
agricultores, que afeta o fluxo de compra
dos mesmos e leva ao aumento dos esto-
ques da indústria e canais de distribuição,
estão entre os motivos que levaram a esse
cenário no Brasil. “A questão do crédito e a
inadimplência no campo preocupa o setor
significativamente. Por conta dessa condi-
ção, a indústria acaba financiando quase
70% das vendas aos agricultores”, afirma
a vice-presidente executiva do Sindicato,
Silvia Fagnani.
Do montante total de defensivos
agrícolas vendidos no Brasil em 2015, a
esmagadora maioria (52%) foi destinada a
cultura da soja. Em segundo lugar vem a
cana-de-açúcar e o milho, com 10% cada.
Para se fazer uma comparação, em 2014,
enquanto no Brasil a soja investiu 6,7 bi-
lhões de dólares em defensivos, a cana
gastou 1 bilhão de dólares.
O Professor Associado 3 e pesquisa-
dor da Universidade de São Paulo (USP),
Escola Superior de Agricultura “Luiz de
Queiroz” (ESALQ), Pedro Jacob Christoffo-
leti, explica que, por conta de seu ciclo pe-
Sindiveg – Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal
Sindiveg – Sindicato Nacional da
Indústria de Produtos para Defesa Vegetal
FITOTÉCNICO
59
Christoffoleti explica
que, por conta de seu
ciclo perene, a cana-de-
açúcar utiliza um número
menor de pulverizações
de defensivos agrícolas
pécies de plantas daninhas
que infestam os canaviais
brasileiros e que causam
grandes prejuízos caso não
sejam combatidas. Estima-
tivas apontam que, depen-
dendo do nível de infestação, a produção
pode ser reduzida em até 85%. “Outros
métodos conhecidos de controle dessas
ervas, como o manual, mecânico e o pre-
ventivo, são usados em complemento ao
controle químico, porém, se isolados, ne-
cessitam de ser usados mais de uma vez
no mesmo ciclo da cultura, pois possuem
eficiência limitada. Isso faz com que o cus-
to-benefício seja desvantajoso.”
Entre as moléculas de herbicidas mais
utilizadas em cana-de-açúcar, sejam elas
isoladas ou em associação, destacam-se
o Tebuthiuron, Diuron, Ametryn, Metribu-
zin, Isoxaflutole, Amicarbazone, Clomazo-
ne, Sulfentrazone, Hexazinone, Flumyzin,
Diclosulan, Imazapyr, Imazapic, S-Meto-
lachlor, Mesotrione, Glyphosate, MSMA e
Paraquat. “Porém, não há como dizer qual
o herbicida mais utilizado, já que a reco-
mendação é feita em função da flora da-
ninha presente no canavial, aliada a época
rene, a cana-de-açúcar utiliza um núme-
ro menor de pulverizações de defensivos
agrícolas do que as culturas anuais, que,
devido a seus ciclos curtos, conseguem
cultivar, em média, 2,5 vezes por ano. “Se
somarmos a carga de agroquímicos utili-
zadas nas aplicações múltiplas dessas cul-
turas e compararmos com o uso em cana,
o nível geral por hectare acaba sendo
menor.”
Herbicida é o mais utilizado
na cultura canavieira
No geral, os inseticidas continuam
sendo a classe mais comercializada de
defensivos. Porém, na cana-de-açúcar, o
grande destaque são os herbicidas. Para
o pesquisador do Instituto Agronômico
(IAC), de Campinas, da Secretaria de Agri-
cultura e Abastecimento do Estado de São
Paulo, Carlos Alberto Mathias Azania, isso
ocorre, pois existe uma ampla gama de es-
60	 Abril · 2016
do ano em que a aplicação é realizada, as
características físico-químicas do produto
e a textura do solo.”
Com relação à quantidade de aplica-
ção, o pesquisador explica que ela é va-
riada, pois cada molécula tem uma dose
específica recomendada em bula. “Entre-
tanto, em solos arenosos e médios, utili-
zam-se doses menores. Já em solos argilo-
sos, é recomendável uma dose um pouco
maior.”
Melhoramento genético e
controle biológico reduzem o
uso de inseticidas, acaricidas
e fungicidas na cana
A agricultura brasileira desenvolve o
maior programa de controle biológico do
mundo e o professor do Laboratório de
Biologia de Insetos do Departamento de
Entomologia e Acarologia da Escola Supe-
rior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/
USP), José Roberto Postali Parra, destaca
a cultura canavieira como a principal res-
ponsável por esse feito. “A Cotésia, que é
utilizada para o controle da broca na fase
de lagarta, é liberada em mais de três mi-
lhões de hectares. Outros 500 mil hectares
recebem a Trichogramma galloi para con-
trole da broca na fase de ovo. E em mais
de dois milhões de hectares com cana são
utilizados inseticidas à base do fungo Me-
tarhizium anisopliae para o controle da ci-
garrinha-da-raiz (Mahanarva fimbriolata).”
Parra observa que na cultura da soja,
o fungo Trichoderma harzianum é utiliza-
Na cana-de-açúcar, os herbicidas são a classe mais comercializada
de defensivos devido à ampla gama de espécies de plantas daninhas
FITOTÉCNICO
61
do em mais de cinco milhões de hecta-
res para controlar o mofo branco, doença
causada pelo fungo Sclerotinia sclerotio-
rum. Porém, proporcionalmente, o con-
trole biológico na cana com o uso da Co-
tesia é maior, pois na safra 2014/2015 a
soja ocupou uma área de 31,57 milhões de
das e acaricidas seja muito baixo na cul-
tura canavieira. O excelente desempenho
do controle biológico, observa Menten,
incentivou até mesmo as Multinacionais
de agroquímicos a investir no desenvolvi-
mento de produtos biológicos.
Entre os defensivos, na cultura cana-
vieira os menos utilizados são os fungici-
das, pois, segundo Menten, no controle de
doenças da cana, o principal aliado do se-
tor são as pesquisas de melhoramento ge-
nético, que desenvolvem variedades resis-
tentes às doenças.
Tecnologia de aplicação
Para o pesquisador do Instituto Agro-
nômico (IAC), de Campinas, da Secretaria
de Agricultura e Abastecimento do Esta-
do de São Paulo, Hamilton Humberto Ra-
mos, a tecnologia de aplicação de defen-
sivos em cana-de-açúcar encontra-se em
níveis tão evoluídos como em outras cul-
turas tecnicamente desenvolvidas, como
soja e milho. Segundo ele, a diferença se
encontra em qual a tecnologia mais viável
para cada situação. “O uso de pulveriza-
dores automotrizes com grande tamanho
de barra e altas velocidades, por exem-
plo, é possível em regiões planas de cer-
rado. Porém, são menos viáveis em áreas
pequenas, curtas e com declividade mais
acentuada, como as encontradas nas regi-
ões canavieiras de Ribeirão ou Piracicaba.”
Já o gerente técnico e de regula-
mentação estadual da Andef (Associação
Para Azania, o custo-benefício é a grande
vantagem da aplicação de herbicidas sobre as
outras formas de controle de plantas daninhas
hectares, e a cana nove milhões, dos quais
a terça parte recebeu controle biológico.
De acordo com o José Otávio M. Men-
ten, Coordenador do Curso de Engª Agro-
nômica, Dep. de Fitopatologia e Nemato-
logia, LFN - ESALQ/USP, o sucesso desse
controle faz com que o uso de insetici-
62	 Abril · 2016
Nacional de Defesa Vegetal), Luís Carlos
Ribeiro, afirma que as tecnologias de apli-
cação no Brasil são excelentes, porém, é
preciso incentivar o uso correto das mes-
mas. “Nosso país possui uma das mais ri-
gorosas regras de registro de defensi-
vos agrícolas do mundo. No entanto, o
que precisamos investir é na educação de
quem abre a tampa do produto”.
Segundo Ribeiro, a Andef tem traba-
lhado incansavelmente na educação dos
produtores para que não haja intoxicação
por mau uso ou por uso abusivo. “Pos-
suímos diversos programas educacionais
que trabalham pesado a conscientização
do produtor rural, como cursos e palestras
sobre aplicação segura e correta de pro-
dutos agrícolas”.
Um deles é o CAS (Certificação Aero-
agrícola Sustentável), fruto de uma parce-
ria entre a Andef, FEPAF (Fundação de Es-
tudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais) e
SINDAG (Sindicato Nacional das Empresas
de Aviação Agrícola), tendo como entida-
des coordenadoras a Universidade Estadu-
al Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCA/
UNESP-Botucatu), a Universidade Federal
de Lavras (UFLA) e a Universidade Federal
de Uberlândia (UFU).
Luís Carlos Ribeiro: “Precisamos investir na
educação de quem abre a tampa do produto”
DIVULGAÇÃOANDEF
Em 2014, o total de defensivos utilizados pela cultura canavieira
(inseticida, fungicida, acaricida e herbicida) foi de 68 mil toneladas
63
O programa é um sistema voluntá-
rio de certificação para aplicadores aére-
os, cujo principal objetivo é incentivar a
capacitação e a qualificação de empresas
de aviação agrícola e de operadores ae-
roagrícolas privados. O enfoque primário
do processo é o aprofundamento do con-
ceito de responsabilidade e sustentabili-
dade das operações de aplicação de de-
fensivos por via aérea, visando melhorias
na qualidade das pulverizações e redu-
ção de riscos de impacto ambiental des-
tas atividades.
De acordo com o gerente técnico da
Andef, o CAS foi criado devido à utilização
cada vez maior da aplicação aérea de de-
fensivos agrícolas nas culturas brasileiras,
principalmente na cana-de-açúcar que,
devido a sua altura, impossibilita a entra-
da de maquinário agrícola. Embora ainda
vista com olhos negativos pela população,
que acreditam que o processo pode ser
perigoso para a saúde humana, a aviação
agrícola, quando bem utilizada, possui ris-
co zero para pessoas ou ambientes e efe-
tividade de 100 para as pragas.
O setor está dentro do padrão
aceitável internacional de
uso de defensivos químicos
O uso adequado de agroquímicos é
uma das exigências no quesito sustenta-
bilidade e também no processo de certi-
ficação, que ganha corpo no setor sucro-
energético. Menten relata que no Brasil, a
cana é uma cultura altamente tecnificada,
o que contribui para a aplicação correta,
tanto que a cana não tem apresentado re-
gistros de resíduos de agroquímicos.
O pesquisador informa que, em 2014,
o total de defensivos utilizados pela cultu-
ra canavieira (inseticida, fungicida, acari-
cida e herbicida) foi de 68 mil toneladas,
que divididos pelos 9 milhões de hectares
de cana cultivados no país, a média é de
7,5 quilos por hectare de cana, o que equi-
vale a 3 quilos de princípio ativo por hec-
tare. Há culturas que utilizam 15 quilos de
princípio ativo por hectare. “Não podemos
esquecer que estamos em uma região tro-
pical, com maior incidência de pragas, do-
enças e plantadas daninhas, não temos a
neve que é um excelente controlador na-
tural. Então, este número de 3 quilos/ha
está dentro do padrão aceitável interna-
cional. Mas para que acultura se mantenha
nesse padrão, incentivamos a aplicação
correta, a dose certa e o manejo integrado
de pragas (MIP)”, diz Menten.
Menten: incentivo à aplicação correta, à dose
certa e ao manejo integrado de pragas (MIP)
64	 Abril · 2016
MECANIZAÇÃO
Com o corte mecanizado a colheita,
da cana emendou o dia com a noite
65
Colhedoras
em ação
DESDE A CHEGADA DA PRIMEIRA COLHEDORA DE
CANA AO BRASIL, ESSAS MÁQUINAS “GIGANTES”
EVOLUÍRAM MUITO, MAS ESPECIALISTAS
ALERTAM PARA A NECESSIDADE DE MAIS
MELHORIAS, COMO NO CORTE DE BASE
66	 Abril · 2016
Clivonei Roberto
Q
uando as primeiras colhedoras
de cana começaram a circular
pelos canaviais do Brasil, ainda
na década de 1960, havia certo ceticismo.
Muitos não entendiam os benefícios que
esta máquina gigante, que pesa cerca de
20 toneladas, poderia trazer para o siste-
ma de processamento da cana-de-açúcar.
Mas isso mudou a passos largos nos últi-
mos dez anos. Elas já fazem parte da ro-
tina dos canaviais do Centro-Sul do país.
Tanto que o nível de mecanização da co-
lheita no estado de São Paulo – maior es-
tado produtor de cana-de-açúcar do país
– já ultrapassa os 90%.
É unanimidade que as colhedoras
vieram pra ficar e que evoluíram ao lon-
go dos anos, porém alguns especialistas
apontam para a necessidade de evolução
do sistema completo de colheita mecani-
zada – inclusive da máquina. Algo impor-
tante tanto para a qualidade das opera-
ções, como para o bolso do produtor.
Na opinião de Sidnei João Bortolo-
zzo, engenheiro agrônomo, consultor e
coordenador do Gmec (Grupo de Moto-
mecanização do Setor Sucroenergético),
o desempenho das atuais colhedoras de
cana é bastante satisfatório. “Evoluiu bas-
tante no quesito da limpeza da cana, no
consumo de combustível e na produção
diária. Temos usinas colhendo uma média
de 600 t de cana/dia por colhedora e usi-
nas que até superam esta média.”
Para se avaliar adequadamente o de-
sempenho de uma colhedora de cana, Bor-
tolozzo sublinha que é preciso levar em
consideração alguns pontos que influem
diretamente na performance da máquina,
que são os seguintes:
- dimensão do talhão,
- presença ou não de árvores,
- preparo do solo e do plantio,
- topografia,
- produtividade da matéria-prima,
- dimensionamento correto da frota
de colheita e de transporte,
- se está colhendo uma ou duas li-
nhas de cana, e
- a qualidade da operação.
“Quando falamos de desempenho,
é preciso aliar o quanto a máquina
produz, com a qualidade e o consumo
de combustível”, diz Bortolozzo
MECANIZAÇÃO
67
Pontos a aperfeiçoar
O presidente do Gmec salienta que
desde as primeiras máquinas que come-
çaram a cortar os canaviais brasileiros até
hoje, os equipamentos passaram por aper-
feiçoamentos relevantes em vários pontos,
como no sistema hidráulico, no ângulo
ce o esforço dos fabricantes de colhedoras
que buscam, a cada dia, disponibilizar me-
lhorias que permitam operar com melho-
res índices de eficiência e produtividade.
“Porém, precisamos de mais tecno-
logias, principalmente aplicadas ao au-
to-ajuste das condições instantâneas da
dos “pirulitos”, melhoria da cabine, do sis-
tema de arrefecimento do motor, do sis-
tema de limpeza da cana, além da substi-
tuição dos motores diesel – questão que é
pauta de muita discussão.
O engenheiro mecânico Edimilson
Gomes Leal, gerente de Manutenção Auto-
motiva da Usina Ferrari, também reconhe-
colheita, adequando os parâmetros de re-
gulagens que resultem em operação mais
econômica, independente das ações do
operador”, diz Leal, que também aponta
a necessidade da oferta de funcionalida-
des que facilitem a operação, como sin-
cronismo automático entre colhedora e
transbordo, funções repetitivas acionadas
Primeira colhedora de cana brasileira, desenvolvida
pela Santal na década de 1960, cortava cana queimada
68	 Abril · 2016
por um toque etc. “Há que se considerar a
aplicação nas colhedoras de cana de tec-
nologias disponíveis em equipamentos de
outras culturas”, acrescenta.
O gerente de Manutenção Automoti-
va da Usina Ferrari cita ainda a necessida-
de de ações que permitam a redução dos
custos operacionais, melhoria da servicibi-
lidade com ganhos substanciais de dispo-
nibilidade mecânica e redução de perdas,
oferecendo equipamentos que possam
ser operados eficientemente, em diferen-
tes condições de colheitabilidade, produ-
tividade do canavial e topografias.
Também para Bortolozzo, a colheita
mecanizada ainda não atende em 100% a
expectativa de usinas e produtores. “O se-
tor anseia por equipamentos mais resis-
tentes, com menor grau de complexida-
de e que ajude a proporcionar redução no
custo da manutenção”, salienta.
Bortolozzo cita alguns pontos que
ainda necessitam de atenção por parte
dos fabricantes:
- rever o conceito da caixa de bom-
bas (caixa de 4 furos),
- o sistema de limpeza dos toletes de
cana pode ser melhorado,
- o corte de base necessita ser revis-
to com urgência (“este é um anseio enor-
me das usinas”),
- redimensionar o material rodante,
- melhorar o recolhimento da cana
após o corte de base,
- rever a caixa estrutural do equipa-
mento (“chassi” da colhedora),
- buscar simplificar o sistema hidráu-
lico,
- aperfeiçoar o elevador.
As colhedoras de cana
já evoluíram bem, mas
ainda podem melhorar
MECANIZAÇÃO
69
Qualidade da operação
Perdas de matéria-prima e quebras
do equipamento. Estes são, segundo o co-
ordenador do Gmec, dois graves proble-
mas na colheita mecanizada de cana. Mas
quais são suas suas causas? “Podemos
pontuar da seguinte forma: 28% destes
problemas decorrem da operação, 32%
são resultados do terreno (topografia, sis-
tematização etc), 20% são de responsabi-
lidade da manutenção, e 20% referem-se
à colhedora”, diz Bortolozzo, destacando
que esses números podem variar de re-
gião para região e até mesmo de usina
para usina.
Uma das principais causas dos “pro-
blemas” diz respeito à qualidade da ope-
ração. Para o coordenador do Gmec, é
importante o operador do equipamento
estar atento a diferentes questões, como à
velocidade de deslocamento, ao RPM que
está sendo empregado na colhedora, à
correta regulagem, à pressão do corte de
base, além de realizar verificações diárias
do material de desgaste e evitar colisões
em manobras e deslocamentos. “A solu-
ção passa por treinamentos, reciclagem
e trabalho forte de conscientização dos
operadores sobre os cuidados que devem
ter com a máquina e com a lavoura.”
A usina tem que se preocupar com a
capacitação do operador e com sua cons-
Perdas de matéria-prima e quebras do equipamento:
dois graves problemas na colheita mecanizada de cana
70	 Abril · 2016
cientização na condução da máquina. “Se,
por exemplo, não estiver na velocida-
de de deslocamento selecionada, o índi-
ce de quebra é alto”, avisa o coordenador
do Gmec.
Com melhor capacitação, é possí-
vel atender uma demanda apontada por
Leal: “os recursos disponíveis nos equipa-
mentos precisam ser melhor aplicados pe-
los operadores”. No entanto, o gerente de
Manutenção Automotiva da Usina Ferra-
ri alerta que “a disponibilidade de treina-
mentos operacionais e de manutenção é
uma carência real”.
Já Bortolozzo enxerga que os gran-
des fabricantes de colhedoras têm exer-
cido um papel importante nesse aspec-
to, por ofertarem treinamentos teóricos,
práticos e em simuladores para os ope-
radores. No entanto, ele aponta que os
problemas vão além do operador do equi-
pamento: “se a qualidade dos homens da
manutenção for baixa, não teremos repa-
ros de qualidade, mas sim ‘remendos’ e as
paradas serão mais constantes. Quanto ao
item terreno/sistematização, todos temos
plena consciência que os tiros curtos ne-
cessitam de muitas manobras, assim como
uma sistematização deficiente causa mais
torções no equipamento. Quanto à colhe-
dora, necessita de maior robustez na sua
estrutura e sistema hidráulico”, relata.
A fim de melhorar os índices de co-
lheita, além dos treinamentos dos profis-
sionais envolvidos no processo, Bortolo-
zzo conta que as empresas têm adotado
O simulador de colhedora de cana é uma importante
ferramenta para a qualificação dos operadores
MECANIZAÇÃO
71
estratégias mais amplas. Este trabalho co-
meça já no arrendamento, selecionando
áreas, sempre que possível, de bom tama-
nho, isentas de árvores e com baixa decli-
vidade. E nos terrenos de posse da usina,
também estão intensificando a melhoria
da sistematização e do plantio.
Quebrar paradigmas
Na opinião de Leal ainda é preci-
so quebrar paradigmas no projeto de al-
guns componentes das máquinas, como,
por exemplo, o elevador e o corte de base,
que demandam intervenções significati-
vas durante a safra e evoluíram pouco ou
quase nada nos últimos anos.
Mas Humberto Carrara, gerente de
processos agrícolas do Grupo USJ, vai
além. Salienta que, as colhedoras de cana
que “conhecemos no Brasil e no mundo”
têm um conceito da colhedora australiana
do meio do século passado. “É um projeto
de mais de 50 anos. Não tem muito mais
o que melhorar, seria necessário formular
um novo conceito de colhedora de cana.”
Segundo ele, é um equipamento com
problemas crônicos de corte de base, além
de problemas sérios com impurezas e da-
Carrara: “seria necessário formular um
novo conceito de colhedora de cana”
Uma frente de colheita de cana envolve
uma série de máquinas e implementos
72	 Abril · 2016
nos de soqueira. “Enquanto o equipamen-
to tiver o conceito de cortador de base de-
baixo do chassi da máquina, praticamente
tudo o que for feito será uma perfumaria.
Precisa de uma solução que reduza o im-
pacto da faca girando em cima da cana.”
Na visão de Carrara, se analisar o de-
sempenho da máquina que se tem hoje,
de modo geral, é satisfatório. Inclusive,
relata que o conceito atual de colhedo-
ra vem acumulando várias melhorias ao
longo do tempo que são muito positivas.
“A servicibilidade melhorou muito, assim
como a facilidade de troca de componen-
tes, a automação do equipamento (redu-
zindo a intervenção do operador), mas fo-
ram avanços que aconteceram dentro do
equipamento que temos hoje.”
No entanto, o gerente do Grupo USJ
frisa que se a discussão ficar somente fo-
Uma das principais causas dos “problemas” diz respeito à qualidade da operação
MECANIZAÇÃO
73
cada na máquina perde-se a oportunidade
de analisar o contexto geral. “Uma colhe-
dora de cana hoje, que custa perto de R$
1 milhão, trabalha em 60% das 24 horas,
isso considerando as empresas que estão
bem no benchmarking”, revela o gestor,
que completa: “esse índice, na média entre
as unidades, gira entre 40% e 50%. Ou seja,
em um dia de 24 horas, quem está bem
trabalha com a máquina por 16 horas.”
Carrara observa que o problema não
está só na máquina. “Tem o peso da servi-
cibilidade da manutenção, da baixa dispo-
nibilidade, da colheitabilidade da área. Por
isso, não tem como fugir de algumas per-
guntas: como é a gestão de todo o siste-
ma? Por que a máquina fica tanto tempo
‘fora do jogo’?”
De acordo com ele, ao se analisar
essa realidade, o produtor e a usina fi-
cam sem argumentos para chegar no fa-
bricante de colhedora e dizer que é pre-
ciso evoluir o corte de base, por exemplo.
“Por que aí é perigoso ouvir: como vou co-
locar toda minha engenharia para pesqui-
sar novas soluções, para depois a máquina
só trabalhar 50% do tempo?”
Para o gerente de processos agrí-
Em um dia de 24 horas, quem
apresenta melhor desempenho
trabalha com a máquina por 16 horas
74	 Abril · 2016
colas do Grupo USJ, antes de o setor su-
croenergético “sonhar” com um concei-
to de colhedora de cana revolucionário,
tem que aprender a extrair muito mais da
máquina que tem disponível atualmente.
“Esse equipamento que temos ainda não
chegou ao máximo que pode oferecer, a
eficiência global ainda é muito baixa.”
Ele revela uma reunião que aconte-
ceu recentemente envolvendo diferentes
especialistas em motomecanização em ca-
na-de-açúcar, com a presença de executi-
vos e gestores de várias usinas. O objetivo
foi fazer um brainstorm sobre o conceito
ideal de colhedora e colheita mecanizada.
“Fizemos uma mesa redonda para conver-
sar sobre o que é preciso mudar.” Quem
sabe seja o embrião da “colhedora dos
sonhos”.
Sintonia com as
demandas do cliente
Para um dos grandes fabricantes de
colhedoras de cana do mercado, a Case
IH, a evolução está continuamente no ra-
dar. Segundo Fábio Balaban, especialista
de marketing de produto da companhia,
sempre é possível melhorar e evoluir de
acordo com as necessidades do mercado.
“Hoje já alcançamos um nível tecnológico
alto. A Case IH, por exemplo, oferece solu-
ções completas para as usinas e, para isso,
realizamos clínicas em campo, pesquisa
com os clientes e conversamos muito com
nossa rede de concessionários para saber
o que o cliente precisa e quer para melho-
rar sua produtividade.”
Os profissionais da Case IH se dedi-
cam ao desenvolvimento de componentes,
sistemas, e softwares que facilitem tanto a
operação quanto a manutenção das co-
lhedoras de cana. Tanto que uma grande
inovação que a companhia trouxe para o
segmento canavieiro é o conceito Efficient
Power, “em que temos como destaque os
motores eletrônicos das colhedoras Smart
Cruise, que geram uma economia de até
25% do consumo de combustível”, diz
Balaban.
Outro exemplo apresentado por ele
é o gerenciamento de produtividade, que
avalia os dados gerados pelo sistema e
permite um diagnóstico mais preciso da
Balaban: “investir no manejo de
sistematização para a colheita é
um grande desafio para o setor”
MECANIZAÇÃO
COMEÇOU A SAFRA 16/17 REVISTA CANA ONLINE-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AGROPECUÁRIA E SOFTWARE, CRUZEIRO DO SUL, ETEC. PAULA SOUZA E JOÃO XXIII VILA PRUDENTE SP.
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COMEÇOU A SAFRA 16/17 REVISTA CANA ONLINE-ANTONIO INACIO FERRAZ, TÉCNICO EM ELETRONICA, AGROPECUÁRIA E SOFTWARE, CRUZEIRO DO SUL, ETEC. PAULA SOUZA E JOÃO XXIII VILA PRUDENTE SP.

  • 1. 1
  • 2. 2 Abril · 2016
  • 3. 3 Clivonei Roberto clivonei@canaonline.com.br Luciana Paiva luciana@canaonline.com.br A safra da retomada tar a pagar seu imposto de renda”, salienta Antonio de Padua Rodrigues, diretor técni- co da Unica (União da Indústria da Cana-de -açúcar). Padua diz que esta safra traz um novo ânimo ao se- tor, induzindo as empre- sas a investirem numa boa manutenção in- dustrial, na frota, na reforma, depois de anos de cenário ne- gativo. Além dis- so, não acredita que novas usinas sejam paralisadas ao longo da safra 2016/17. Ao contrário. “Já se comenta no mercado que a Usina San- ta Rita pode voltar a processar cana”. Françóia reforça a posição de Padua, defende que unidades desativadas voltem a operar. “Talvez nessa próxima safra ainda não, mas na seguinte, com a tendência de preços melhores, isso pode acontecer.” A safra canavieira 2016/17 é tema de nossa matéria de capa. Buscamos saber com especialistas qual o qua- dro sucroenergético para 2016. E o balanço das análises apresentadas foi muito animador. Ao analisar os fundamentos e ce- nários do setor, o economista Marco Antonio Conejero, professor da Univer- sidade Federal Flu- minense (UFF), acre- dita que a recuperação virá no curto prazo. “Sou obrigado a dizer que o setor vive um momento constrangedora- mente bom, levando-se em consideração o restante da economia, no que tange a pre- ços e demanda”, pondera Alexandre Figlioli- no, sócio da MB Agro Consultoria. Segundo Marco Antonio Françóia, di- retor da MBF Agribusiness, em termos de preços, as expectativas são muito boas para as próximas safras. Ele estima que os preços dos produtos do setor se mantenham mais remuneradores por três anos seguidos. Para Arnaldo Corrêa, diretor da Archer Consulting, 2016 é um ano para as empre- sas respirarem mais aliviadas. Pedro Mizu- tani, vice-presidente de Relações Externas e Estratégia da Raízen, diz que o setor já en- trou num período de recuperação. “Muitas empresas que não viam lucro, hoje têm oportunidade de ter lucro e vol- CÁ ENTRE NÓS
  • 4. Capa Começou! Holofote - Qual o destino das usinas em recuperação judicial? Tendências - O mercado de iogurtes no Brasil: crescendo além da crise Amigos da Cana - O embaixador de Rio das Pedras Economia - Setor terá novos pedidos de recuperação judicial em 2016? A Cana e Outras Culturas - Soja em rotação com cana atribui benefícios ao solo e ao bolso do produtor Nordeste - Menor safra dos últimos 30 anos ÍNDICE
  • 5. Editores: Luciana Paiva luciana@canaonline.com.br Clivonei Roberto clivonei@canaonline.com.br Redação: Adair Sobczack Jornalista adair@canaonline.com.br Leonardo Ruiz Jornalista leonardo@canaonline.com.br Marketing Regina Baldin Comercial Gilmar Messias: (16) 3446-6877 gilmar@canaonline.com.br comercial@canaonline.com.br Editor gráfico Thiago Gallo Fitotécnico - A cana está entre as culturas que menos utilizam agroquímicos Mecanização - Colhedoras em ação Tecnologia Industrial - Usinas chegam à capacidade máxima de moagem Pesquisa & Desenvolvimento - RIDESA promove intercâmbio de variedades de cana com os principais programas de melhoramento do mundo Pré-Agrishow - Sonho da Agrishow é voltar a ter casa cheia e vendas em alta V Encontro Cana Substantivo Feminino - Sucesso!!! Aproveite melhor sua navegação clicando em: Áudio LinkFotosVídeo Entre em contato: Opiniões, dúvidas e sugestões sobre a re- vista CanaOnline serão muito bem-vindas: Redação: Rua João Pasqualin, 248, cj 22 Cep 14090-420 – Ribeirão Preto, SP Telefones: (16) 3627-4502 / 3421-9074 Email: luciana@canaonline.com.br www.canaonline.com.br CanaOnline é uma publicação digital da Paiva& Baldin Editora
  • 7. 7 pos poderão assumir essas unidades e ou- tros irão se recuperar ao longo do tem- po. É o que eu acredito. Estamos vivendo, como consultoria, um movimento de pro- cura, por parte de alguns investidores, por aquisição de unidades que tenham seu passivo alongado e em boas condições operacionais, o que diminuiria a necessi- dade de desembolso imediato na compra. Mas ainda acho que é preciso muita cau- tela, pois não dá para medir o real apetite e condições desses investidores. Marcos Antonio Françóia, diretor da MBF Agribusiness Espaço para concentração Não sei precisar quantas empresas se recuperarão de fato e quantos fecha- rão as portas. A consultoria Agroconsult revelou dados concretos da redução do endividamento setorial na safra 2015/16 apesar do crescimento da recuperação ju- dicial. Deve-se também ressaltar que a recuperação judicial tra- ta-se de uma estratégia de re- negociação e alongamento do perfil da dívida. Particularmen- te vejo espaço para cres- cimento na concentração do mercado das usinas diante da perspectiva de concentração no mercado de distribui- ção de açúcar e etanol. Porém, não acre- dito no retorno imediato dos movimentos Com preços melhores, não teremos unidades fechando Há uma confusão nos números divul- gados pelo mercado. Foram feitos 79 pedidos de recuperação judicial desde 2008. Mas algumas unidades encerraram suas atividades no meio do caminho, ten- do a decretação de falência por não cum- prirem o plano. Outras foram adquiridas por outros grupos. Mas pedidos na justi- ça, com concessão para dar seguimento ao processo, foram 79. Dessas, nem todas estão moendo. É difícil afirmar quantas se recuperam, pois não temos detalhes de todas, após a aprovação do plano. Aque- las que estão de alguma forma cumprin- do o plano aprovado e não estão se en- dividando, fazendo vendas antecipadas de safra (visto que crédito bancário aca- ba com o pedido de Recuperação Judi- cial), terão grandes chances de recupera- ção com o mercado em alta. As empresas, desde 2008, que entraram nesse proces- so, sempre tiveram a expectativa do mer- cado melhorar, porém algumas não tiveram fôlego para chegar a esse momento. As que estão se mantendo ou que entraram re- centemente com o pedido, têm chance maior de recuperação. Com preços melho- res, não teremos unidades fe- chando, pois alguns gru-
  • 8. 8 Abril · 2016 de fusão e aquisição diante do ainda ele- vado endividamento setorial. Prefiro acre- ditar no crescimento orgânico dos maio- res grupos, ou seja, via aumento da escala produtiva das unidades já existentes. Marco Antonio Conejero, economista e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF) Oportunidade de recuperação Neste momento de melhora dos pre- ços dos produtos do setor, as empre- sas têm oportunidade de se recuperarem. As que não tinham competitividade lá atrás e fecharam, dificilmente vão se recu- perar porque não havia condições de fa- zerem o dever de casa. Já as empresas que estão aí operando, mesmo com dificulda- de, mas fizeram o dever de casa, cortaram custos, melhoraram a tecnologia, se pro- fissionalizam, vão se recuperar. E as empresas que estão bem equilibradas ou bem de cai- xa vão ganhar muito dinheiro. Pedro Mizutani, vice- presidente de Relações Externas e Estratégia da Raízen Precisa ter cana As empresas que entraram em recu- peração judicial (RJ) neste ano ou no ano passado e conseguiram fazer um bom acordo com os credores de alongamen- to da dívida, têm em 2016 uma boa opor- tunidade de fa- zer caixa. Afinal, é um momento delicado para a empresa. Nenhum for- necedor entrega produtos ou serviços sem que o pagamento seja à vista. Acre- dito que 2016 e os próximos dois ou três anos serão bons para o setor. Um período para quem está em recuperação judicial se recuperar. O que é possível se tiver boa gestão e se tiver cana, mas não adianta es- tar em RJ se não tiver cana, ou se o cana- vial estiver abandonado. De modo geral, acredito que este ano será bom para to- dos do setor, guardadas as limitações do endividamento. Mas cada empresa em RJ está numa situação. Se vão se recuperar de fato ou se vão sucumbir, depende da situação financeira e de como estiverem seus canaviais. Antonio Cesar Salibe, presidente- executivo da União dos Produtores de Bioenergia (Udop) A gestão do negócio Cerca de 70 usinas estão em recupera- ção judicial. É um número que vinha crescendo sistematicamente. Hoje pode ser maior. Qual será o destino dessas em- presas? A gestão do negócio é uma condi- cionante muito importante. Em períodos de preços relativamente bons e de lucros, a gestão faz toda a diferença no curto e no médio prazos. Até o momento, as usinas HOLOFOTE
  • 9. 9
  • 10. 10 Abril · 2016 que não conseguiram se recuperar e fe- charam não fizeram o setor perder em ca- pacidade de moagem. A redução de pro- dução de quem sai tem sido substituída por quem fica. Por outro lado, o ritmo de crescimento da área de cana atualmen- te é muito tímido. No curto prazo, o excesso de cana ou sua falta tem de- pendido do clima. Julio Maria M. Borges, economista, sócio-diretor da JOB Economia e Planejamento e professor da Universidade de São Paulo O peso da dívida em dólar Édifícil prever o destino das empresas em RJ, tem que conhecer a situação de cada uma em especial. Mas com o au- mento da margem das empresas, podem eventualmente ter uma situação melhor. No entanto, é preciso analisar outros im- pactos do cenário atual, como a questão do dólar. Com o retorno do Lula ao qua- dro político, de repente, podemos ter o acirramento do câmbio, o que piora ainda mais o endividamento em dólar. E difícil imaginar que essa pequena recuperação dos preços possa fazer frente ou reduzir a pressão do câmbio e o endividamento em dólar. Luiz Carlos Corrêa Carvalho, presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (ABAG) e diretor da Canaplan Cada caso é diferente Não é possível generalizar, cada caso tem situação diferente. Mas regra geral esse patamar atual de pre- ços começa a gerar condi- ção de pagamento dos juros da dívida, mas não mais do que isso. No momen- to, não temos avaliação se novas usinas poderão fechar. Entre 2008 e 2015, 83 unidades fecharam as portas. Plínio Nastari, diretor da Datagro Consultoria 20% voltando ao bom caminho Infelizmente e por uma série de motivos, o caminho da Recuperação Judicial tem sido uma via sem volta para muitas das empresas que recorrem a este expedien- te. Porém, em alguns poucos casos a com- binação de alguns fatores, como bom en- tendimento de controladores sérios com credores, aliados a uma nova gestão com- petente, fazem me crer que alguns gru- pos podem efetivamen- te voltar a ter uma vida nova saudável pós RJ. Arriscaria 20% tal- vez voltando ao bom caminho.” Alexandre Figliolino, sócio da MB Agro Consultoria HOLOFOTE
  • 11. 11 TENDÊNCIAS O mercado de iogurtes no Brasil: crescendo além da crise N os últimos anos, o mercado na- cional de iogurtes cresceu signi- ficativamente. O principal motivo foi a maior conscientização das pessoas sobre a necessidade de hábitos alimenta- res mais saudáveis. O aumento da difusão de informações sobre os benefícios nutri- cionais, aliado ao incremento da qualida- de do produto, como é o caso de sucesso do iogurte “grego”, contribuiu significati- Daniela Coco1 e Ana Palazzo2 Em 2015, embora menor, o crescimento foi de 7,4% APENAS ENTRE 2010 A 2015, O MERCADO DE IOGURTES QUASE DOBROU: A RECEITA SAIU DE R$ 7,7 BILHÕES PARA R$ 14,5 BILHÕES
  • 12. 12 Abril · 2016 vamente para o aumento nas vendas no Brasil. Além disso, o mercado consumidor brasileiro cresceu muito, principalmente entre 2002 e 2012. O aumento veio acom- panhado da elevação da renda média das famílias e um maior apetite por produtos funcionais e diferenciados, o que benefi- ciou diretamente as vendas de iogurtes. tores, aliados à inflação (que continua em alta) e o aumento do desemprego, po- dem contribuir para reduzir o consumo de produtos considerados de “segunda ne- cessidade”, como é o caso dos iogurtes premium. Assim, este setor terá que se re- adequar a essa nova realidade para man- ter o crescimento. Apenas entre 2010 a 2015, o merca- do de iogurtes quase dobrou: a receita saiu de R$ 7,7 bilhões para R$ 14,5 bilhões. Em 2015, embora menor, o crescimento foi de 7,4%. Como se sabe, a situação econômi- ca do país sofreu alterações nos últimos anos – e mais ainda nos últimos meses –, afetando a renda da população. Esses fa- Em momentos de crise econômica, os consumidores se tornam mais sensíveis aos preços e podem optar produtos mais baratos, produzidos por empresas menos conhecidas ou restringindo o consumo de marcas “top” aos itens em promoção. Nesse sentido, pode haver mudanças no market share do setor, com empresas me- O leite, que responde por 70% da matéria-prima utilizada, ainda sofre com o baixo padrão de qualidade TENDÊNCIAS
  • 13. 13
  • 14. 14 Abril · 2016 TENDÊNCIAS nores vendendo mais. Além disso, ações promocionais, como “Leve 8, Pague 7” e garrafas com maior quantidade de pro- duto por preços menores, tem se mostra- do fundamentais. Isso vale principalmen- te para supermercados e hipermercados. Segundo o Euromonitor, 91% das vendas acontece no varejo, principalmente em su- permercados e hipermercados. Daí é pos- sível perceber a importância desses canais manterem estratégias de venda atraentes. Uma análise do perfil do consumidor também pode contribuir para a decisão de investir ou não no setor. Uma análise váli- da é comparar o consumo de iogurte no Brasil com o de outros países: aqui a mé- dia é de três vezes por semana. O núme- ro pode ser considerado alto. Mas se torna pequeno quando compara-se com o con- sumo em países como a França e a Holan- da. Nesses países, a taxa per capita é de sete vezes por semana. Além disso, o consumo de iogurtes no Brasil está concentrado nas áreas urba- nas (98%). A renda parece não pesar tanto, mas as classes A e B ainda prevalecem na liderança, segundo a Canadean. Quanto à faixa etária, os maiores con- sumidores são bebês, crianças, adolescen- tes e adultos de 25 a 34 anos. Neste con- texto, seria interessante a elevação da participação da população mais velha no consumo. Iniciativas de marketing que en- fatizem os benefícios do iogurte para a ter- ceira idade, como prevenção da osteoporo- se, doenças cardíacas, entre outros, podem contribuir para o aumento do consumo. Além disso, na atual crise, que pres- O consumo de iogurtes no Brasil está concentrado nas áreas urbanas (98%)
  • 15. 15 O mercado consumidor brasileiro é robusto e possui um amplo espaço para o crescimento do consumo de iogurtes 1 Gerente de Agribusiness da PwC Brasil, especialista em Food Trust e na indústria de lácteos 2 Analista de Agribusiness do Centro PwC de Inteligência em Agronegócio siona as margens de lucro, não se pode descartar a possibilidade de fusões e aqui- sições – especialmente em um setor pul- verizado, como é o setor lácteo no Bra- sil. A boa perspectiva de crescimento, o câmbio desvalorizado e a matéria prima barata, atraem investidores nacionais e estrangeiros. Multinacionais, grandes coo- perativas e companhias nacionais podem adquirir negócios menos rentáveis visan- do expandir seu market share. A consolidação é uma tendência na maioria dos mercados pulverizados e, em alguns casos, aumenta a competição en- tre as empresas, gerando benefícios para o setor – e para o consumidor. A concorrên- cia mais acirrada pode, por exemplo, levar à melhoria na qualidade da matéria-prima, já que os laticínios terão que trabalhar a qualidade do leite produzido nas fazendas para conseguir inovar com produtos finais diferenciados e de melhor qualidade. O leite, que responde por 70% da matéria-prima utilizada, ainda sofre com o baixo padrão de qualidade, altos índices de informali- dade e adulteração. A con- solidação do setor de lác- teos, aliada à adoção de boas práticas para garantir a segurança do alimento, pode contribuir para melhorar toda a cadeia de produção. Apesar da crise econômica, o merca- do consumidor brasileiro é robusto e pos- sui um amplo espaço para o crescimento do consumo de iogurtes, que até 2020 de- verá chegar em R$ 18 bilhões, segundo o Euromonitor. No entanto, as empresas de- vem estar preparadas para enfrentar os desafios, se adaptar às mudanças e apro- veitar as oportunidades que este merca- do oferece.
  • 16. 16 Abril · 2016 O embaixador de Rio das Pedras DIRETOR TÉCNICO DA UNICA, ANTONIO DE PADUA RODRIGUES É UMA DAS PRINCIPAIS LIDERANÇAS NACIONAIS DA AGROINDÚSTRIA SUCROENERGÉTICA Clivonei Roberto Padua: o rei do peixe AMIGOS DA CANA N os anos de 1950 e 60, não exis- tiam muitas opções de diversão, ainda mais nas cidades peque- nas. Por isso, em Rio das Pedras, na região de Piracicaba, o que mais se via era a ga- rotada correr atrás da bola nos campinhos de futebol. Estar com os amigos e ba- ter uma bolinha estavam entre os passa- tempos preferidos da infância do peque- no Padua, aquele mesmo que hoje é uma das principais lideranças nacionais do se- tor sucroenergético. Se quer conversar so- bre conjuntura, saber de números de sa- fra, lembrar de histórias do passado, é só ligar para ele. Antonio de Padua Rodrigues prati-
  • 17. 17 Estação de trem em Piracicaba - A família de Padua foi morar ao lado da linha do trem Padua: presença constante nos momentos históricos do setor camente nasceu no meio dos canaviais, em um engenho de aguardente em Rio das Pe- dras, onde seus pais trabalha- vam. Ele inclusive lembra-se das inúmeras vezes que acom- panhou sua mãe no trabalho manual de corte de cana. Quando tinha dez anos, seu pai de- cidiu tentar a vida em Piracicaba. A famí- lia foi morar ao lado da linha do trem, no centro da cidade, onde seu pai abriu o “Bar da Estação”. “Foi ali onde cresci. Em Pira- cicaba, fiz o grupo, o ginásio, sempre aju- dando meus pais no bar.” Mas queria o destino que ele voltas- se a lidar com a cana-de-açúcar. Em 1976 foi contratado como assistente da dire- toria no escritório central do Planalsucar (Programa Nacional de Melhoramento de Cana-de-açúcar), em Piracicaba, aos 24 anos de idade. Sua admissão no Planalsu- car foi favorecida pela experiência que Pa- dua já tinha adquirido na elaboração de projetos e modelos orçamentários. Ele ha- via trabalhado nessa área na prefeitura de Rio das Pedras, tendo inclusive feito curso em Administração de Projetos de Pesqui- sa pela Universidade de São Paulo (USP). “Ganhei espaço porque poucas pessoas, em 1976, conheciam sobre o que eram programas, projetos, sobre en- quadramento ao novo modelo de orçamento.” Pouco depois, em 1978, tornou-se responsável pela área financeira de todos os
  • 18. 18 Abril · 2016 projetos de pesquisa contratados pelo Planalsucar dentro do Proálcool – tanto na área agrícola como na industrial. “Naquele momento o Planalsucar acabou expandindo suas estações experi- mentais e quase todos os estados produ- tores de cana tinham estação experimen- tal. E eu era o coordenador administrativo do programa”, relata. Ele ficou no Planalsucar até 1983. Junto com outros profissionais que tra- balhavam no programa, como Luiz Carlos Corrêa Carvalho, fundou a Canaplan. “Fo- mos para a iniciativa privada, dando su- porte em custo e produção para a Sopral e para a Orplana. Também fizemos o acom- panhamento e a implantação do progra- ma de pagamento de cana pelo teor de sacarose.” Em 1990, Padua teve a oportunidade de trabalhar em São Paulo, quando nas- ceu a Associação das Indústrias de Açú- car e Etanol – entidade que foi o embrião da Unica (União da Indústria de Cana-de -açúcar), onde ocupa atualmente o cargo de diretor técnico. Muita história para contar No seu período de Planalsucar, Pa- dua atuou ao lado de agrônomos em pro- jetos de pesquisa e desenvolvimento. Na Canaplan, entre 1983 e 1990, conviveu com um time que chegou a ser constituí- do por seis agrônomos e três técnicos da AMIGOS DA CANA Em mais um capítulo importante do setor: no Ethanol Summit ao lado de Bill Clinton, ex-presidente dos Estados Unidos
  • 19. 19 área industrial. “Com esses profissionais, trabalhava com planejamento, custos, in- dicadores agronômicos e industriais.” De- pois, na Associação de Indústrias e mais tarde na Unica, manteve uma convivência diária com as usinas. E além da experiência e do conheci- mento, a memória ajuda. Ele lembra, em detalhes, histórias da sua trajetória no se- tor e também dos momentos importantes da agroindústria canavieira no país que sucedeu o surgimento do Proálcool, em 1975. Recorda-se, por exemplo, da cons- trução da Usina Alcoolbras, no Acre. Pela Canaplan, ele foi o responsável pela mon- tagem da unidade. Teve que levar uma equipe operacional de Brasília para fa- zer a primeira safra em território acreano. “Montamos um alojamento para 200 cor- tadores de cana perto da usina, num lu- gar aberto.” Mas, já na primeira noite, um problema: alguns dos trabalhadores saí- ram para fazer suas necessidades, quando deram de cara com uma onça. “Ninguém se machucou, mas todos ficaram assusta- dos. Quiseram voltar no mesmo dia para casa.” Para acalmá-los, teve que entrar em ação o seu lado político: “ao invés de co- meçar a safra no dia seguinte, fizemos um Sempre antenado às práticas sucroenergéticas
  • 20. 20 Abril · 2016 Religioso: ao lado da família durante a missa grande churrasco”, conta Padua, que também partici- pou da implantação da usi- na em Presidente Figueire- do, no Amazonas. Ao longo dos últimos 40 anos, ele sempre teve uma convivência grande com o setor pelo país afora. “Garanto que mais de 60% de todas as unidades em operação no país hoje, de açúcar e etanol, algum dia eu visi- tei, inclusive no Nordeste.” Mercado maduro Hoje, aos 63 anos, Padua tem uma trajetória que se confunde com o proces- so de expansão e profissionalização do se- tor sucroenergético brasileiro. Acompanhou de perto vários mo- mentos da atividade. Tanto a efervescên- cia que veio após a criação do Proálcool, o surgimento do carro dedicado a etanol, em 1978, e um ciclo de depreciação dos preços do petróleo que se iniciou em 1985 e estagnou a oferta de etanol no país. Depois veio o processo de desregu- lamentação do setor, promovido pelo en- tão presidente Fernando Collor. “Aquilo deu uma guinada no setor, abrindo para as exportações de açúcar, que antes eram co- mandadas pelo governo. Ele praticamente liberou os preços do açúcar no mercado interno.” Segundo Padua, o setor voltou a crescer a partir da expansão de produção e das exportações de açúcar. O embarque de açúcar do país deu um salto, passando AMIGOS DA CANA Bater uma bolinha é sagrado e seu time do coração é o São Paulo
  • 21. 21 de 1 milhão de toneladas para cerca de 25 milhões atualmente. Para Padua, o fim do IAA (Institu- to do Açúcar e do Álcool) não foi traumá- tico para o setor. “A passagem de preços administrados para uma realidade de mer- cado foi muito saudável. Ao se desamar- rar do governo, o setor deu um salto de qualidade.” No entanto, no início dos anos 90, continuava estancada a produção de eta- nol – crescia a participação do anidro e re- duzia a do hidratado. Mas esse mercado ganhou novo impulso no início dos anos 2000, com o lançamento dos carros flex. De acordo com Padua, hoje o mer- cado do setor sucroenergético está madu- ro. “O que matou o setor foi a política go- vernamental inadequada que veio depois de 2008.” Em sua opinião, as demais crises que o setor enfrentou foram “bravas”, mas sempre com perspectivas positivas. O que não se pode dizer da crise que o setor en- frentou nos últimos anos. Bocha, dobradinha e... muita união Padua casou-se em 1978, e teve dois filhos, Felipe e Francine. Sempre com uma vida corrida, cheia de viagens e reuniões nos mais diferentes lugares do país, so- mente conseguia estar em casa com a fa- mília aos finais de semana. “Mas quem A pescaria é um capítulo à parte na vida de Padua
  • 22. 22 Abril · 2016 Outra paixão é o automobilismo: aqui com o filho Felipe no Prêmio Brasil de Fórmula 1 AMIGOS DA CANA cuidou do dia a dia dos filhos e da casa foi minha esposa, Cecília Rossi Rodrigues, que foi um esteio nessa trajetória, uma grande parceira.” Hoje Padua fica em São Paulo de se- gunda a quinta-feira. Mas quando chega a sexta, é dia de arrumar as malas e vol- tar para o interior. Uma de suas maio- res paixões é se encontrar com os ami- gos de infância, da época que morava em Rio das Pedras - as mesmas pessoas com quem Padua dividia os campinhos de fu- tebol. “Todos estão com mais de 60 anos. É um grupo de amigos com poder aqui- sitivo diversificado, de atividades profis- sionais variadas. Mas na hora do encontro, não há diferenças. A questão é que, como não aguentamos mais correr atrás da bola, nosso prazer agora é jogar bocha e depois jantamos juntos.” Mas quem cozinha? Normalmente Padua é um dos que pilotam o fogão. No cardápio, pratos que não são nada light: “faço ar- roz, feijão, ovo frito, mas o que a turma gosta mesmo é de do- bradinha, feijoada, rabada com polenta, rabada com ossobuco”. Padua e seus amigos chegaram a fundar o Clube de Veteranos de Rio das Pedras. “Compramos uma área de 60 mil metros quadrados, onde fizemos um con- domínio com 22 lotes. Nesse terreno, re- servamos uma área para a sede social, para o campo de futebol, para a cancha de bocha.” Ao encontrar a turma, o que vale mesmo é a convivência. É recordar os ve- lhos tempos. Mas, de vez em quando, a saudade do passado extrapola a recorda- ção e o preparo físico: ele e os amigos ar- riscam bater uma bolinha aos sábados à tarde. A grande paixão Sempre que consegue arrumar uma brecha na agenda, Padua também se de- dica a outro hobby: a pescaria. “Tenho um grupo de amigos que, no mínimo uma vez
  • 23. 23 por ano, viaja pra pescar.” Um dos lugares preferidos é lançar o anzol nas águas do Rio Paraguai. Para 2016, a pescaria será no Rio Xin- gú, no Pará. “Para essa viagem, montamos um grupo de 16 pessoas de Piracicaba.” Nessas pescarias, Padua já não quer muita aventura. “Como faremos no Xingú, prefiro ficar numa pousada própria para receber o pescador, com toda infraestru- tura.” E no final da tarde, é hora de bater papo, contar vantagem, e ouvir os causos que sempre o pescador tem para contar. “Mas quando estou em Piracicaba, gosto de curtir as minhas ‘latas-velhas’”. É como ele chama a sua coleção de car- ros antigos. São cerca de 30 veículos, entre Fusca, Karmann Ghia, Impala, Aero Willys, ônibus escolar americano, caminhões que foram usados pelo Exército - “que comprei em leilão”, diz -, entre outras preciosidades. Todos estão em ótimo estado. “Vez ou outra saio andando com eles por Pi- racicaba ou vou até Rio das Pedras, onde sempre faço uma visita muito especial.” Na terra natal, Padua aproveita para rever a maior de suas paixões. “Tenho a sa- tisfação de todo final de semana ir até a casa de minha mãe, que está com 86 anos de idade, para tomar um cafezinho com ela.” Mãe e filho saboreiam um bom vinho Duas paixões: a netinha e veículos antigos
  • 24. 24 Abril · 2016 ECONOMIA A crise no setor sucroenergético tem forçado muitas empresas, de toda a cadeia produtiva, a usarem os recursos da Lei de Falência e Recupe- Setor terá novos pedidos de recuperação judicial em 2016? * Marcos Antonio Françóia ração de Empresas (N°. 11.101/05), para que muitas vezes, como última alternativa, consigam se manter no mercado. Essa atitude, considerada radical, foi Em sua grande maioria, os administradores das empresas tentaram em vão renegociar essa dívida ATUALMENTE SÃO COMPUTADOS 79 PEDIDOS DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL (RJ), DESDE O ANO DE 2008
  • 25. 25 induzida pelo endividamento histórico do setor, que teve uma sobrecarga a partir do ano de 2006, quando muitos fizeram in- vestimentos acreditando na bandeira le- vantada pelo governo federal de apoio ao combustível limpo e alternativo, o eta- nol. Esse contexto expansionista levou ao consecutivo aumento dos custos de pro- dução (bens de capital, insumos e mão de obra). O aumento da demanda fez abai- xar os preços dos produtos finais e toda essa evolução negativa forçou as empre- sas a deixarem de investir. A crise se tor- nou ainda maior com a restrição de libera- ção de crédito a partir de 2008, problemas climáticos e, principalmente, a indefinição nas políticas públicas. Em sua grande maioria, os adminis- tradores das empresas tentaram em vão renegociar essa dívida, pedindo por um período de carência, alongamento do pra- zo de pagamento, redução nas taxas de juros e flexibilização nas garantias, tudo o que as instituições financeiras não querem. A contragosto, algumas instituições até cederam nas questões de prazo, entre- tanto, isso foi insuficiente para a retomada econômica dos beneficiados. Além disso, o alongamento do prazo de pagamen- to da dívida foi parcial, pois nem todos os credores aceitaram as novas condições, le- vando as empresas mais rapidamente ao colapso operacional. Atualmente são computados 79 pe- didos de Recuperação Judicial (RJ), desde o ano de 2008. Esse número é de unidades, independente de quantas fazem parte de um grupo ou outro. Também, independe A crise no setor sucroenergético tem forçado muitas empresas, de toda a cadeia produtiva, a usarem os recursos da Lei de Falência e Recuperação de Empresas
  • 26. 26 Abril · 2016 ECONOMIA da capacidade de moagem, se pouca ou muita. São 79 indústrias processadoras de açúcar ou etanol, ou ambos. Esse número veio se acumulando durante os anos, sendo 15 unidades em 2008, 18 em 2009, 34 no período entre 2010 e 2014, e 12 no ano de 2015. O que sustenta o pedido de Recupe- ração Judicial é o pressuposto de que o mercado tenda a melhorar (conceito oti- mista) e o empreendimento, alongando o pagamento de seu passivo, consiga se manter operacional, com manutenção do emprego e suas atividades sociais. Partindo desse pressuposto, todos os planos econômicos tiveram a premis- sa de que haveria uma melhora no mer- cado de açúcar e etanol, fato que somen- te se confirmou a partir do final de 2015, e com boas tendências para os próximos anos. Diante disso, muitas empresas fica- ram no meio do caminho pois não tive- ram condições de honrar com as premis- sas aprovadas na assembleia de credores. Algumas foram adquiridas por outros gru- pos e outras, faliram. A questão que toma corpo no mo- mento é se, com a estimativa de melho- ra da rentabilidade do setor, a empresa em processo de RJ tem mais chance de recupe- ração e se ocorrerão novos pedidos de RJ. Entendo que sim, pois as chances de recuperação aumentam, principalmente para as empresas que vem, mesmo com dificuldades, cumprindo as metas estabe- lecidas no plano de recuperação judicial e não estão se financiando em venda ante- cipada de safra, lembrando que o crédito bancário para essas empresas inexiste. Quanto a ter novos pedidos, acho isso possível, pois a falta de crédito ainda é fato e independente de sinais positivos do mercado, o nível de endividamento das empresas continua alto e os balanços e o cadastro, cada vez piores, inviabilizando no curto prazo novas fontes de financiamen- to. Ou esses grupos se ajeitam com os cre- dores, conseguindo alongamento e revisão nas taxas de juros, ou a recuperação será uma alternativa para a sobrevivência, que, diferente dos anos que precederam, terão planos econômicos mais consistentes devi- do à sinalização positiva do mercado. “Quanto a ter novos pedidos, acho isso possível”, diz Marcos Antonio Françóia, diretor da MBF Agribusiness
  • 27. 27
  • 28. 28 Abril · 2016 A CANA E OUTRAS CULTURAS Soja em rotação com cana atribui benefícios ao solo e ao bolso do produtor CIRCUITO TECNOLÓGICO DE SOJA, PROMOVIDO PELA COOPERCITRUS DE RIBEIRÃO PRETO, SP, EM PARCERIA COM A VALAGRO, REUNIU MAIS DE 50 CANAVIEIROS E SOJICULTORES Visitas em lavouras de soja em ponto de colheita C om o intuito de apresentar os be- nefícios e resultados da reforma de cana consorciada com a cultu- ra da soja, a Coopercitrus de Ribeirão Pre- to, em parceria com a Valagro, realizou, no dia 12 de fevereiro, o Circuito Tecnológi- co de Soja. Dividido em dois momentos, o evento reuniu cerca de 50 produtores de
  • 29. 29 cana no auditório do Shopping Rural, para presenciarem palestras técnicas e, poste- riormente, visitarem um circuito de plantio de diferentes variedades de soja em pro- priedades de cooperados. O RTC da Coopercitrus de Ribeirão Preto, João Valdir Sverzut Junior, explica, de forma técnica, as vantagens do inves- timento em soja. “O aumento da camada vegetal otimiza a infiltração de água no solo, diminuindo a ocorrência de erosões. Outra vantagem é o aumento do teor de matéria orgânica, que favorece o desen- volvimento de bactérias fixadoras de ni- trogênio, importantes para as plantas que, sozinhas, não conseguem fazê-la. A fixa- ção do N contribui para a diminuição da contaminação do solo e das águas do len- çol freático, reduzindo ou evitando o uso de fertilizantes e diminuindo os gastos com as culturas subsequentes. O aumen- to da massa vegetal, bem como dos orga- nismos decompositores, gera uma maior utilização dos gases presentes na atmos- fera, promovendo a diminuição dos gases de efeito estufa.” Quanto às vantagens para os produ- tores, João Valdir fala sobre a amortização do custo dos insumos em detrimento dos investimentos do plantio da cultura suces- sora, além de ser uma commodity de óti- ma aceitação no mercado e uma opção melhor entre os cereais feijão e amendoim por ter ciclo menor, preço fixo no merca- do externo, condições de armazenagem e genética evoluída. Segundo ele, alguns produtores que não querem parar o plantio de cana, mas que necessitam reciclar o solo, acabam utilizando a soja como adubação verde. Palestras técnicas também fizeram parte da programação do Dia de Campo Apoio
  • 30. 30 Abril · 2016 “A decomposição dessas plantas no solo gera aminoácidos. É uma adubação bara- ta, feita geralmente quando a cana é co- lhida tarde. Para quem almeja conservar o solo e plantar cana rapidamente, investe nesse processo”. Em cinco anos, na Coopercitrus de Ribeirão Preto, o cadastro de áreas de co- operados que plantam soja saltou de 9 mil para 42 mil ha. Gerente de sementes da Coopercitrus, Gustavo de Moraes Bor- ges explanou sobre a estrutura do depar- tamento de grãos da cooperativa, com- posta por UBS (Usina de Beneficiamento de Sementes) credenciada pelo MAPA (Mi- nistério de Agricultura, Pecuária e Abas- tecimento), que produz sementes de soja e feijão beneficiadas e de alta qualidade; tem laboratório de análise de germinação e vigor; realiza a compra da produção de soja, milho e café dos cooperados, a pre- ços competitivos; oferece apoio técnico na lavoura e apoio comercial para que o coo- perado decida o momento oportuno para negociar a sua produção. O gerente focou o serviço de tro- ca de grãos, uma opção de os coopera- dos realizarem troca de suas produções de soja, milho ou café, ou parte dela, como moeda para a aquisição dos bens neces- sários à condução da lavoura, como in- sumos, máquinas, implementos e demais produtos. “Nos últimos dois anos a troca de grãos tem ganhado muita força na coo- perativa. Em outros estados é a modalida- de de compra mais forte para os produto- A CANA E OUTRAS CULTURAS A Coopercitrus produz sementes de soja e feijão beneficiadas e de alta qualidade
  • 31. 31 res, por auxiliar na aquisição de produtos e maquinários”. Sobre a importância da qualidade das sementes para a produtividade, Gus- tavo ressalta: “Não adianta ter um bom preparo de solo e investir nas melhores tecnologias, se não utilizar uma boa se- mente em campo”. O engenheiro agrônomo da Coo- percitrus, Aloisio Ravagnani Dias, minis- trou palestra sobre as vantagens na asso- ciação do plantio de soja na rotação de cana. “Esse é um ano bom, com clima fa- vorável e bons preços, quem não estiver fazendo rotação de culturas, deve come- çar a fazer” e recomenda para quem quer adiantar o plantio de cana, aplicar o sis- tema de meiosi com mudas pré-brotadas. Variedades demonstradas O coordenador de sementes da Coo- percitrus, Daire Carlos da Silva, ressaltou a importância de os produtores conhecerem os Estádios Fenológicos da Planta, que au- xiliam no manejo e no atendimento técni- co da cooperativa. “Tendo conhecimento dos estádios fenológicos, há mais pratici- dade em avaliar as necessidades nutricio- nais e de manejos de pragas e doenças. Quando a soja está em R1, o produtor já sabe que não deve fazer o uso de herbici- das, pois pode haver abortamento das flo- res e prejudicar o crescimento da planta; quando está em R5 começa o enchimen- to de grãos, havendo necessidade de con- trolar percevejos e aplicar, quando neces- sário, potássio para maior peso e tamanho dos grãos; quando chega em R8 é a hora da colheita”. Atualmente, a Coopercitrus traba- lha com 17 variedades de soja, sendo 7 da marca Monsoy, 5 Nidera e 5 Syngenta. Em cinco anos, na Coopercitrus de Ribeirão Preto, o cadastro de áreas de cooperados que plantam soja saltou de 9 mil para 42 mil ha Apoio
  • 32. 32 Abril · 2016 Na segunda parte do evento, os produto- res puderam conferir os resultados da im- plantação de variedades de soja em pro- priedades de cinco cooperados da filial de Ribeirão Preto: Rosely Bonvicini - Sitio São Pedro, variedade M 5947 IPRO; Mário Ser- gio Rossi - Sitio São Miguel, variedades M 5947 IPRO e M 7110 IPRO; Anna Helena Tinoco Cabral Lima - Fazenda Sta. Helena, variedades M 6410 IPRO e BMX PONTÊN- CIA RR; Vinicius Jacomini - Fazenda Sto. Antonio - variedade M 6410 IPRO; e To- maz de Aquino Lima Pereira - Fazenda Sta. Catarina, variedade NS 7209 IPRO. “Todos os convidados são agriculto- res canavieiros que, na sua rotatividade, plantaram variedades de soja da Cooper- citrus, estão interagindo entre eles, co- nhecendo áreas em comum de variedades distintas e vendo a performance do com- portamento delas entre diferentes solos, ambientes de produção, altitudes, mane- jos, para ver as respostas entre elas. A Va- lagro tem sido nossa parceira e diretriz na A CANA E OUTRAS CULTURAS Na Coopercitrus, os cooperados realizam troca de suas produções de soja, milho ou café, ou parte dela, como moeda para a aquisição dos bens necessários à condução da lavoura
  • 33. 33 área nutricional, em condicionamento de elementos de fertilidade. O intuito nos- so é fazer com que o produtor permaneça no campo, produza e se subsidie com sua produção, que diversifique, amplie seus conhecimentos, além de haver interação entre eles”, explica João Valdir. Resultados pré-colheita Muito satisfeito com seu plantio de soja na Fazenda Santa Helena, o coope- rado Luiz Odilon Tinoco Cabral Lima, em uma área de reforma de 72 ha, realizou o recolhimento de palha da cana e um pre- paro de solo convencional para o plantio de soja. “Fizemos uma experiência de re- colhimento de palha na área de reforma, onde a Coopercitrus foi nossa parceira, nos fornecendo o equipamento e a expe- riência de seus técnicos. Neste ano, pre- tendemos dar continuidade a esta parce- ria. Vendemos 200 toneladas de palha ao valor de R$ 90/t. A tradição da família era o arrendamento e, para nós, o plantio de soja está sendo satisfatório, pois tivemos um ano excelente de chuvas, condição cli- mática fantástica e estou achando que te- remos uma produtividade muito boa.” Luiz Odilon salienta que a vantagem da soja é que se pode sulcar direto, sem novo preparo de solo. Além disso, há a fi- xação de nitrogênio como adubação or- gânica e as folhas que ficam na lavoura se decompondo são um adicional de nutrien- tes. “Estamos muito satisfeitos, os técnicos da cooperativa são extremamente compe- tentes e nos acompanharam o tempo in- teiro na cultura.” A meiosi com cana e soja é outra prática que cresce no setor Apoio
  • 34. 34 Abril · 2016 Menor safra dos últimos 30 anos A safra 2015/16 da cana nordesti- na foi bastante afetada pelo fenô- meno climático El Niño. Ele aque- ce as águas do Oceano Pacífico e provoca muita chuva na região Sul do Brasil e seca no Nordeste. Este fenômeno já é consi- derado um dos maiores da história. Com isso, deve haver uma redução de 11 mi- lhões de toneladas de cana no Nordes- te relacionada à safra anterior. Estima-se apenas 51 milhões de toneladas na safra atual, diferente das 62 milhões de tonela- das de cana da produção anterior. Em Pernambuco, por exemplo, que é o segundo maior estado produtor do NE, haverá uma redução de 20% da atu- al safra em comparação à passada. A safra 2015/2016 ainda não terminou, mas deve produzir apenas 12 milhões de toneladas de cana. Este quantitativo representa, in- felizmente, a menor safra dos últimos 30 anos no estado. Já em Alagoas, maior estado produ- tor de cana do NE, a redução será mais drástica. Haverá um déficit de 8 milhões de toneladas em comparação à safra ante- rior. Prevê-se uma produção só de 15 mi- lhões, o que é bem abaixo das 23 milhões da safra 2014/15. Este El Niño, de fato, tem sido um dos mais fortes, influenciando para baixo os índices pluviométricos no Nordeste. A chuva ficou bem abaixo da média histó- rica no período do desenvolvimento dos O CICLO 2015/16 NO NORDESTE DEVERÁ TER UMA REDUÇÃO DE 11 MILHÕES DE TONELADAS DE CANA EM FUNÇÃO DA SEVERIDADE DO FENÔMENO EL NIÑO NORDESTE Canaviais do Nordeste são castigados pela seca AFCP
  • 35. 35 canaviais. Também ficou assim durante o início da moagem nos meses de outubro, novembro e dezembro, quando não cho- veu praticamente nada. A situação provo- cou a mortalidade de boa parte da soca da cana, que não brotou. Um pouco de alento chegou no mês de janeiro de 2016, mas não devido ao El Niño. A chuva voltou na região devido ao sistema meteorológico Vórtice Ciclôni- co, que é responsável por chuva somente quando a sua borda fica estacionada so- bre o continente. Foi isto que aconteceu e, graças a Deus, voltou a chover no Nordes- te, com muita chuva. Para se ter noção, só em janeiro choveu 245% a mais que a mé- dia histórica do período. Preços Outro bom momento para o se- tor canavieiro da região diz respeito aos bons preços do açúcar, álcool e da maté- ria-prima. O preço do açúcar quase do- brou de valor. Chegou a R$ 100 este ano. Ele era comercializado em média a R$ 60 em 2015. Iguais valores são observados na positiva variação do preço da tonelada de cana (subiu de R$ 60 para R$ 100). O álco- AFCP Alexandre Andrade Lima: “Em Pernambuco haverá uma redução da produção de 20% da atual safra em comparação à passada”
  • 36. 36 Abril · 2016 ol hidratado saiu de R$ 1,30 (sem impos- tos) para R$ 2,00. Todavia, apesar dos bons preços, in- felizmente não existe mais matéria-pri- ma para fornecer às usinas em função dos terríveis efeitos da seca sobre a safra. Além disso, os produtores de cana convi- vem com grandes dificuldades financei- ras em decorrência da falta de pagamen- to da cana por parte de algumas usinas da região. Para a próxima safra, há perspectivas da manutenção dos bons preços pratica- NORDESTE Grande parte da socaria morreu AFCP Em Alagoas, maior estado produtor de cana do NE, a redução será mais drástica
  • 37. 37 dos hoje. O cenário deriva da continuação do déficit de açúcar no mercado mundial. Porém, há preocupação com os preços in- ternacionais do petróleo, os quais estão bem baixos. É preciso que o governo fe- deral mantenha a atual política do preço de petróleo em longo prazo, não acom- panhando os preços do mercado mundial. Mas, se ele baixar o valor da gasolina, a ação interferirá nos preços do açúcar e da cana, porque, consequentemente, amplia a concorrência com o etanol, reduzindo seu consumo e incentivando a produção maior de açúcar, o que acarreta efeitos ne- gativos aos mercados. Contudo, diante da difícil conjuntura política/institucional e econômica vivida no Brasil, é improvável que o governo bai- AFCP xe o preço da gasolina em consonância ao mercado internacional do petróleo. A hi- pótese se fundamenta com base nos refle- xos financeiros negativos que a ação des- dobraria sobre o caixa da Petrobras. Portanto, baixar o valor da gasolina é uma iniciativa equivocada e não deve ser adotada. Além disso, existe ainda toda vi- sibilidade da ação diante da conjuntura de desdobramentos da operação Lava Jato, da Justiça e Política Federal, que investiga muita corrupção na empresa. Alexandre Andrade Lima, presidente da AFCP (Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco) e da Unida (União Nordestina dos Produtores de Cana)
  • 38. 38 Abril · 2016 Segundo previsão da UNICA, até o final de março cerca de 120 empresas entraram em operação
  • 39. 39 Começou! A SAFRA CANAVIEIRA 2016/17 TEM INÍCIO, OFICIALMENTE, EM 1º DE ABRIL. A EXPECTATIVA É QUE SEJA A SAFRA DA RETOMADA DO SETOR
  • 40. 40 Abril · 2016 A safra da esperança! O ciclo 2016/17 de cana-de-açúcar já co- meçou à todo vapor, antes mes- mo do mês de abril, trazendo consigo a expectativa de uma temporada de recu- peração, depois de vários anos cinzentos. Ao analisar todos os fundamentos e cená- rios do setor, o economista Marco Anto- nio Conejero, professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), acredita na re- cuperação no curto prazo, mas a atividade ainda carece de uma perspectiva de lon- go prazo. “Bom seria ter uma priorização do etanol e da bioenergia de cana na ma- triz energética, reduzindo nossa vulnera- bilidade à cotação do açúcar no mercado internacional e à estratégia de recupera- ção da Petrobras.” Para ele, a retomada de curto prazo estácentradaemdoisfatoresfundamentais: 1) Recuperação de preços, sobretu- do do açúcar (crescimento de 36% na sa- fra passada); 2) Desvalorização do real frente ao dólar (queda de 48%). “A desvalorização também contri- bui para que o açúcar brasileiro recupere a sua competitividade frente aos demais países concorrentes. Dados da Datagro re- velam que enquanto o custo médio de fa- bricação de açúcar no Brasil gira em torno de 13 centavos de dólar por libra-peso, na Tailândia, fica em 16,5, e na Austrália, em 18,1”, afirma Conejero. O setor está na contramão do tsunami “Sou obrigado a dizer que o setor su- croalcooleiro vive um momento constran- gedoramente bom, levando-se em consi- deração o restante da economia, no que tange a preços e demanda”, pondera Ale- xandre Figliolino, sócio da MB Agro Con- sultoria. Para ele, a atividade canavieira está na contramão do tsunami que o Bra- sil enfrenta. “Mas o setor é extremamen- te assimétrico e a situação grave que atin- ge inúmeros grupos ainda demandará um Clivonei Roberto Conejero acredita na recuperação do setor no curto prazo CAPA
  • 41. 41 tempo enorme para ser resolvida, embora em alguns casos a situação seja insolúvel.” Figliolino aponta a situação mais po- sitiva do setor a alguns fatores: dólar valo- rizado em relação ao real, mudanças tribu- tárias que atingiram o etanol em relação à gasolina, e ao atual momento do mercado mundial de açúcar que, após cinco anos de superávit, enfrenta seu primeiro ano de déficit. Mas ele alerta que a previsão de queda de consumo no ciclo Otto (5%) no Brasil, devido à recessão econômica, não é uma boa notícia para o etanol. Boa expectativa de preços Segundo Marco Antonio Françóia, diretor da MBF Agribusiness, em termos de preços, as expectativas são muito boas para as próximas safras. Ele estima que os preços dos produtos do setor se mante- nham mais remuneradores por três anos seguidos. “Todavia, estimar algo no Brasil está complicadíssimo devido à crise políti- ca e econômica.” Diante do mercado, acaba sendo muita especulação fazer previsões. Afinal, há o risco do petróleo se manter em baixa, o que pressiona o preço da gasolina para baixo, mas na outra ponta há os amargos prejuízos da Petrobras sustentando o pre- ço da gasolina mais alto. “Além disso, os consumidores parecem não olhar mais a questão de economia no tanque, mas o quanto gastam na hora de abastecer, quanto sai do bolso. Nessa linha, o consu- mo do etanol vai se mantendo.” Se no mercado brasileiro de combus- tíveis existe a possibilidade de diminuição do consumo do etanol hidratado, por ou- tro pode haver desvio da produção para açúcar. Caso isso aconteça, “podemos ter Figliolino: “o setor sucroalcooleiro vive um momento constrangedoramente bom” Françóia estima que os preços dos produtos do setor se mantenham mais remuneradores por três anos seguidos
  • 42. 42 Abril · 2016 uma margem menor nesse segundo pro- duto, mas continuará com boas margens. Só o tempo para definir. Por isso que digo que planejar no Brasil requer sangue frio e muito conhecimento”. De qualquer forma, os fundamen- tos do preço do açúcar são bons. Na aná- lise de Françóia, a quebra da safra mundial de cana-de-açúcar eleva as estimativas de preço e ganha quem tem produto e está melhor estruturado economicamente. Açúcar e etanol Segundo a Datagro, ao final da sa- fra 2015/2016 haverá um déficit global de 4,37 milhões de toneladas de açúcar, pu- lando para 7,64 milhões de toneladas na safra 2016/2017 devido a problemas cli- máticos registrados na Índia. Inclusive, al- gumas usinas indianas já pararam por falta de cana e desestímulo de preços. Marco Fava Neves, professor da FEA/ USP (Faculdade de Economia, Adminis- tração e Contabilidade da Universida- de de São Paulo), destaca que boa par- te das consultorias projeta 34 milhões de toneladas de produção de açúcar no Bra- sil em 2016/17. “Espera-se um incremen- to de até 5 milhões de toneladas na pro- dução da commodity no Brasil e cerca de 60% já foi vendido, aproveitando o preço e o câmbio.” Outro componente importante no mercado internacional do açúcar em 2016 deverá ser a contestação brasileira na Or- ganização Mundial do Comércio (OMC) da política açucareira da Tailândia, que é o segundo maior exportador, atrás do Bra- sil. “Seus subsídios aos produtores inter- ferem muito negativamente no comércio mundial.” Para Fava Neves, o fato de as usi- nas terem feito hedge de açúcar em gran- des volumes deve aliviar a queda de pre- ços do etanol no início da safra. Em 2015 chegaram a R$ 1,15/l e neste ano não de- vem cair de R$ 1,5/l. “Temos que obser- var neste ano qual será o comportamento de consumo do usuário da frota flex com o preço atual.” O hidratado ocupou cerca de 30% em 2015 (cada ponto representa algo como 300 milhões de litros). “Porém, vivemos provável mudança de comporta- mento: mesmo acima dos 70%, as vendas Fava Neves: “Espera-se um incremento de até 5 milhões de toneladas na produção de açúcar no Brasil” CAPA
  • 43. 43 de etanol hidratado de novembro a janei- ro foram 10% maiores que no mesmo pe- ríodo anterior. As vendas de gasolina ca- íram 9,3%, segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustí- veis. Pode ser que os consumidores es- tejam preferindo uma compra que tenha menor desembolso ou o etanol vem con- quistando preferência”, analisa o professor da FEA/USP. Doce commodity Na safra 2016/17, Arnaldo Corrêa, diretor da Archer Consulting, acredita que os preços do açúcar em centavos de dó- lar por libra peso melhorem consideravel- mente, mas os preços em reais por tone- lada podem não necessariamente seguir o mesmo ritmo. “Isso porque hoje o dó- lar tem componente político grande. Por exemplo, com sinalização para o merca- do de mudança do governo, podemos ter a queda do dólar, e assim os investido- res lá fora ficam mais confortáveis. A taxa de câmbio tenderá a cair e, consequente- mente, poderá haver uma subida de pre- ços em Nova York, porém não necessaria- mente na mesma proporção”, explica. Para Corrêa, 2016 é um ano para as empresas respirarem mais aliviadas. “Não é ano para todos saírem comemorando, mas temos melhor perspectiva.” O endividamento das empresas é um grande peso. A dívida do setor, hoje, é de cerca de R$ 92 bilhões. “Grande par- te é fruto da política que o governo imple- mentou desde 2005. Durante muito tem- po o setor produziu e vendeu hidratado abaixo do custo de produção.” De acor- do com os cálculos de Corrêa, nos últimos dez anos, considerando a curva de preço do hidratado x custo de produção, “vemos que por mais de 35% do período essa cur- va de preço ficou abaixo do custo de pro- dução. Ou seja, imagine uma empresa que durante 35% do tempo vendeu seu produ- to abaixo do custo de produção?” A perda do setor durante os últimos seis anos, em que a remuneração esteve abaixo do custo de produção, representou um prejuízo de R$ 465 milhões. Corrêa: 2016 é um ano para as empresas respirarem mais aliviadas
  • 44. 44 Abril · 2016 Safra recorde “Esta será uma safra recorde”, aposta o econo- mista Julio Maria Borges, professor da USP e diretor da Job Eco- nomia. “O clima chuvoso ajudou muito a produção de cana. A matéria-prima dispo- nível para moagem poderá ter um acrésci- mo entre 30 e 50 mi tc.” Na opinião de Borges, o setor não tem perdido capacidade de moagem. A redução de produção de quem sai tem sido substituída por quem fica. Por outro lado, o ritmo de crescimento da área de Borges: “os novos investimentos dependem de maior clareza da economia e da política” Preços do açúcar em alta adoçam o caixa das usinas CAPA
  • 45. 45 cana atualmente é muito tímido. “No cur- to prazo o excesso de cana ou sua falta tem dependido muito do clima.” Para ele, no médio e no longo pra- zos, novos investimentos virão pois o Bra- sil é muito competitivo em âmbito mun- dial e vai aproveitar as oportunidades dos mercados. “Mas os novos investimentos dependem de maior clareza da economia e da política. Seja no Brasil, seja no resto do mundo.” Novo ânimo Na visão de Alexandre Figliolino, os novos patamares de preço do açúcar e etanol trouxeram ânimo novo ao setor. A desvalorização cambial, o crescimento do consumo de etanol hidratado em ou- tro nível de preço, aliado a uma safra re- corde, com as produtividades pelo me- nos em termos de TCH voltando aos níveis históricos, são fatores que trazem um âni- mo maior ao setor depois de quatro anos muito difíceis. “Com isso, devemos ter duas coisas que normalmente não andam juntas: bons preços e elevada produção. O açúcar deve crescer entre 2 e 3 milhões de toneladas e um ligeiro acréscimo na produção de eta- nol também deve ser observado, mas a sa- fra sem dúvida virá com um mix mais açu- careiro”, analisa Figliolino. De acordo com ele, haverá uma me- lhora significativa no resultado operacio- nal das empresas que estão com canaviais produtivos e custos razoavelmente enxu- tos e que vêm sabendo tirar bom provei- to das boas oportunidades de fixação de preços que os mercados de açúcar e dólar têm possibilitado. “Estas empresas vão ter oportunida- de, depois de muito tempo, de gerar cai- xa livre para reduzir seu nível de alavan- cagem. Porém, temos que considerar que um grupo expressivo de empresas do se- tor, seja pelo nível elevado de endivida- mento ou por estarem desestruturadas operacionalmente, ou ambas as coisas juntas, não vão conseguir sair da situação difícil que se encontram.” Figliolino lembra que o custo do di- nheiro está pelas alturas, quando dispo- nível, já que o crédito está extremamente escasso, contribuindo para agravar ainda Mizutani: o setor sucroenergético brasileiro já entrou num período de recuperação
  • 46. 46 Abril · 2016 mais a situação. “Isso nos faz pensar todos os dias em mecanismos possíveis para evi- tar que uma parte importante do setor vá por água abaixo, o que implicaria em ele- vadas perdas para todos os envolvidos.” A retomada já é real Para Pedro Mizutani, vice-presidente de Relações Externas e Estratégia da Raí- zen, o setor sucroenergético brasileiro já entrou num período de recuperação. “So- fremos nos últimos cinco anos. Mas hoje a combustíveis cada vez mais não está fa- zendo a conta dos 70% na comparação entre etanol e gasolina. “Acho que ele está tendo o princípio da sustentabilida- de, da energia renovável também na ca- beça. É lógico que o preço ainda é dife- rencial. Mas se a cada ano que passa uma porcentagem da população acreditar que o etanol é mais sustentável, e decidir pa- gar um pouco mais por isso, ou na condi- ção de igualdade de preço colocar etanol, já é grande vitória pra gente.” Pena que a bioeletricidade não está nesse mesmo bom momento. “Mas não dá pra gente agarrar tudo também. A chuva favoreceu muito a produtividade da cana. Nossos produtos principais são açúcar e etanol. E se quando falta água a bioeletri- cidade tem preço alto, por outro lado per- demos produtividade na cana-de-açúcar. Mas sabemos que este vai ser um ano do açúcar e do etanol. A eletricidade vai ser um adicional.” Para ele, nesse momento de melhora da remuneração dos produtos da agroin- dústria canavieira, as empresas que esti- verem bem equilibradas ou bem de caixa vão ganhar muito dinheiro. Embora várias usinas tenham parali- sado as operações, Mizutani destaca que a quantidade de cana moída está sendo a mesma. “As usinas que ficaram estão mais fortalecidas. A capacidade ociosa dessas usinas foi preenchida. Isso dá mais com- petitividade para as usinas que ficaram.” desvalorização cambial nos favorece, traz competitividade ao açúcar, e outro ponto favorável é quanto ao etanol. Com a ga- solina nos níveis que está, o etanol repre- sentando 70%, 75% do preço da gasolina, é muito bom.” Em sua opinião, o consumidor de Salibe: Para as usinas bem financeiramente, essa é safra que o preço remunera o custo CAPA
  • 47. 47 Também para Antonio Cesar Salibe, presidente executivo da Udop (União dos Produtores de Bioenergia), a safra 2016/17 é a da retomada. “Será o ciclo de mudan- ça de humor do setor. Nesse ano devere- mos ter resultados bons tanto em produ- ção como em produtividade, com bons preços finais para a venda do açúcar.” É suficiente? Para as usinas bem fi- nanceiramente, essa é safra que o preço remunera o custo. “Mas para quem está carregado de dívidas, não tem melho- ra de preço de produto que consiga pa- gar. Quem está com muito endividamento, esta também será uma safra problemáti- ca”, frisa Salibe. Capacidade no limite Com a crise que vem afetando o setor sucroenergético nos últimos anos, muitas unidades fecharam as portas ou pediram recuperação judicial (RJ). O país chegou a ter mais de 430 usinas, mas, desde 2008, 79 unidades entraram em recuperação ju- dicial (RJ) e 83 tiveram suas operações pa- ralisadas. Somente no estado de São Pau- lo atualmente existem 23 unidades em RJ. Com o fechamento de tantas unida- des industriais nos últimos anos e com o aumento da quantidade de cana-de-açú- car disponível, notadamente por conta do clima favorável em 2015 e início de 2016, não haveria o risco de, neste ano, haver Padua não acredita que novas usinas sejam paralisadas ao longo da safra 2016/17 Mercado comenta que a Usina Santa Rita, em Santa Rita do Passa Quatro, SP, volta a moer nesta safra
  • 48. 48 Abril · 2016 “cana demais para indústria de menos?” Para os especialistas, esse não é (pelo menos não ainda) um problema que o se- tor tem pra enfrentar no momento. “Não acredito que temos cana demais. O que temos é unidades que absorveram cana de unidades desativadas ou que não estão honrando com os compromissos com os fornecedores de cana, que transferem a ti- tularidade da matéria-prima”, diz Françóia. No entanto, essas usinas com maior capacidade de absorção de cana ficam no risco do clima. Segundo ele, a safra 2015/16 apresentou um número, ainda a se confirmar, de 30 milhões de toneladas de cana bisada (volume que para outros especialistas pode ter chegado a 50 mi- lhões). “Mas não é porque não havia fábri- ca, mas sim porque havia concentração de cana em muitas unidades e o clima não fa- voreceu a moagem.” Além disso, Françóia acredita que unidades desativadas voltem a operar. “Talvez nessa próxima safra ainda não, mas na seguinte, com a tendência de pre- ços melhores, isso pode acontecer.” Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da Unica (União da Indústria da Cana-de-açúcar), não acredita que novas usinas sejam paralisadas ao longo da safra 2016/17. Ao contrário. “Já se comenta no mercado que a Usina Santa Rita pode vol- tar a processar cana, embora seja uma in- formação ainda não confirmada. Além dis- so, uma usina nova em Goiás deverá fazer sua primeira safra.” Além disso, ele aponta a necessida- de de as usinas com capacidade ociosa expandirem sua produção para ganharem musculatura diante das dificuldades finan- ceiras. “Uma usina com capacidade de 2 milhões moendo 1 milhão não vai ter ge- ração de caixa para melhorar de situação. Tem que otimizar a fábrica, atingir boa gestão de custos, precisa realizar vendas bem feitas.” Mas esse cenário de capacidade de produção no limite pode ocasionar novos investimentos na capacidade industrial, Surge a esperança de que mais usinas desativadas voltem a moer nas próximas safras CAPA
  • 49. 49 considerando que há demanda e preços animadores? “Acredito que sim, voltam os investi- mentos, mas ainda bem lentamente”, opi- na o diretor da MBF. “O mercado precisa sentir com firmeza essa tendência de me- lhora. Não dá para conviver com as ques- tões econômicas e políticas do Brasil e ter tranquilidade para a tomada de deci- são. Uma simples ameaça ao governo faz o dólar cair e influencia todo o mercado”, completa. Figliolino reconhece que a paralisa- ção de várias unidades ou mesmo aquelas que estão moendo em situação precária torna muito desafiador moer uma gran- de quantidade de cana, como a que es- tará disponível no ciclo 2016/17. Por isso, ele concorda que será necessária uma sa- fra longa, além de um clima favorável para permitir moer as 620 milhões de tonela- das, que é o volume que ele prevê para o Centro-Sul nesta safra. Segundo Plínio Nastari, diretor da Da- tagro Consultoria, um total de 353 usinas vão moer no Centro-Sul na safra 2016/17. A recuperação não depende só de preços Luiz Carlos Carvalho, diretor da Ca- naplan e presidente da ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), não tem tanta clareza de que há um cenário de retoma- da do setor. “Eu não diria que está em re- cuperação. A safra 2016/17 dá indicativos de preços melhores do que na safra ante- rior, mas depende de uma série de fatores, e não somente de preços melhores.” O setor vive um momento de expec- tativa de preços melhores, mas não espe- tacularmente melhores, segundo ele. “Para as empresas com problemas financeiros, é difícil imaginar que essa pequena recupe- ração de preço possa fazer frente ou redu- zir a pressão do câmbio e o endividamen- to em dólar.” Na visão de Carvalho, a capacidade instalada da indústria de cana-de-açúcar já está no teto. “Nas regiões onde a cana de uma usina que fechou pode ser moída por uma unidade vizinha, tudo bem, o im- pacto fica amenizado, mas nem sempre é assim ou será assim.” Carvalho: O setor vive um momento de expectativa de preços melhores, mas não espetacularmente melhores
  • 50. 50 Abril · 2016 Para Carvalho, “no nosso caso há processo de redução de capacidade por redução de investimento e deterioração financeira das empresas por falta de hori- zonte na questão política”. Segundo ele, o setor sucroenergéti- co mostra os seus limites justamente num momento em que está sendo pressiona- do por questões macroeconômicas e pelo endividamento em que se encontram vá- rias unidades. “A tendência desse setor é de estagnação e até de redução, a não ser que as coisas mudem.” Retorno dos investimentos Padua comemora a melhor conjun- tura do setor. “Muitas empresas que não viam lucro, hoje têm oportunidade de ter lucro e voltar a pagar seu imposto de renda.” Para ele, esta é uma safra que traz um novo ânimo renovado, induzindo as empresas a investirem numa boa manu- tenção industrial, na frota, na reforma, de- pois de anos de cenário negativo. No entanto, Padua aponta que ain- da não há uma sinalização de longo pra- zo. No final de 2015, na COP-21, em Pa- ris, o governo brasileiro demonstrou total apoio aos combustíveis renováveis, proje- tando a necessidade de produção de 50 bilhões de litros de etanol até 2030. Para isso, novas usinas teriam que ser constru- ídas. “Mas ainda não se criou regras que permitam atingir esse objetivo. Sem criar essas regras, sem segurança, é evidente Esta é uma safra que traz um novo ânimo ao setor, induzindo as empresas a investirem numa boa manutenção industrial CAPA
  • 51. 51 que o Brasil não vai atingir essas metas.” Ao analisar a conjuntura atual do setor e do Brasil, Padua afirma que o cenário é de estabilidade e não de volta da expansão. Para asfaltar um ambiente de maior confiança e atratividade para novos in- vestimentos, Plínio Nastari também alerta para a premência de políticas públicas es- táveis, de longo prazo, que deem previsi- bilidade ao negócio. Na visão de Conejero, na falta de uma perspectiva clara de priorização do setor na estratégia de governo, os investimen- tos em novas unidades não devem voltar. “Os prováveis investimentos serão relacio- nados à manutenção industrial anual típi- ca e na renovação de canaviais.” Segundo ele, os investimentos passados em capaci- dade de cogeração de energia não devem se repetir na safra atual em função da que- da do preço do MWh. “Ademais, os gru- pos que dispõem de mais de uma unidade podem ainda decidir por expandir a capa- cidade de unidades mais rentáveis com o fechamento de unidades menores e pou- co rentáveis.” Já Figliolino relata que pequenos in- vestimentos, com custo baixo por unida- Produção de cana só sairá de 600 milhões para 800 milhões de toneladas de cana se houver incentivo governamental
  • 52. 52 Abril · 2016 de de acréscimo de produção, estão vol- tando a acontecer, principalmente porque o fechamento de unidades e o aumento de produtividade tem aumentado signi- ficativamente a oferta de cana com dimi- nuição da competição por matéria-prima. “São situações que eu chamo de consoli- dação silenciosa com crescimentos de uns e enxugamento de outros, e mais ligadas a pequenos investimentos voltados a des- travar gargalos de produção e que têm alta taxa de retorno. É o máximo que o atual momento político, econômico e cre- ditício permite.” Ao falar de futuro, Mizutani acredi- ta que só haveria um novo ciclo de cres- cimento, saindo de 600 milhões para 800 milhões de toneladas de cana, se houves- se incentivo governamental, com a inser- ção do etanol na matriz energética. “Por- que nenhum empresário vai investir só por causa desse boom de preços por 2 ou 3 anos. Precisa ter um horizonte mais a lon- go prazo.” Fusões e aquisições Françóia acredita que podem ha- ver movimentos de fusões e aquisições, mas isso vai tomar força mais para mea- dos da nova safra, por meio da confirma- ção dos resultados positivos que o merca- do estima. Para Conejero, há espaço para cres- cimento na concentração do mercado das usinas diante da perspectiva de concen- tração no mercado de distribuição de açú- car e etanol. Porém, ele não acredita no re- torno imediato dos movimentos de fusão e aquisição diante do ainda elevado en- dividamento setorial. “Prefiro acreditar no crescimento orgânico dos maiores grupos, ou seja, via aumento da escala produtiva das unidades já existentes.” Os números da safra Para Françóia, a safra 2016/17 será longa. Vai começar mais cedo, como é o caso de algumas usinas que iniciaram em março, sem contar as unidades que vão emendar uma safra na outra, sem nenhum intervalo de entressafra. “O ciclo terminará mais tarde também, pois a quantidade de Maior consumo de etanol, apesar da redução do consumo de combustível no país, também é animador CAPA
  • 53. 53
  • 54. 54 Abril · 2016 cana bisada foi alta. Isso para as empre- sas que têm capacidade de adquirir cana de terceiros e também um canavial pró- prio mais estável.” Conejero relata que a Agroconsult e a Copersucar acreditam em um cresci- mento de 3% da safra 2016/17 em relação à safra passada, uma evolução para algo em torno de 680 milhões de toneladas de cana no Brasil, sendo 625 milhões de to- neladas no Centro-Sul. Isso deve contri- buir para o crescimento da produção de açúcar, mas não de etanol. Já a consultoria Kingsman aposta em uma produção de 35,12 milhões de tonela- das de açúcar (crescimento de mais de 10%) e 27,3 milhões de litros do biocombustível (estável em relação à 2015/16). Ou seja, o mix deve crescer para açúcar (44,20%). “A dúvida está ainda no comporta- mento das chuvas durante a safra e quan- to isso irá impactar na moagem das usinas e no resultado final do ATR em kg/ tonela- da de cana. Por exemplo, o tempo chuvo- so em março/2016 frustrou a expectativa de antecipação do início da próxima safra para muitas unidades”, diz Conejero. Para a safra 2016/17, Padua espera um volume de produção semelhante ao da safra 2015/16. “Ou seja, poderemos ter entre 615 e 620 milhões de toneladas de cana.” O grande diferencial de 2016 é a ex- pectativa de preços melhores para os pro- As chuvas em 2015 deixaram as usinas 55 dias sem moer CAPA
  • 55. 55 dutos do setor. “Todos trabalham com o cenário de que nessa safra o preço será melhor do que na passada na ordem de 13% a 14%.” Como não deverá haver mudança significativa no volume de cana moída, e também não houve investimento na capa- cidade de processamento, de modo geral, o que vai dimensionar o tamanho da safra será o aproveitamento de moagem no de- correr do ciclo, lembra Padua. Plínio Nastari, diretor da Datagro Consultoria, também aposta em um volu- me de cana moída em 2016/17 semelhan- te ao do ciclo anterior. Ele espera um rendi- mento em Kg de ATR um pouco melhor na nova safra, porque deve ser um ano com menor intensidade de chuvas, em particu- lar no segundo semestre. “Não é suficien- te para gerar um retorno de investimentos em expansão de capacidade de moagem. Já investimento em canavial, em mecani- zação, continua, mas expansão da capaci- dade de moagem não é viável ainda.” Já a Archer Consulting prevê para o ciclo 2016/17 o processamento de 618,5 milhões de toneladas de cana no Centro- Sul. “Desse número, estamos falando em 34,4 milhões de toneladas de açúcar, o que representa aproximadamente acréscimo de 3% no volume de cana em relação à sa- fra anterior, além de 27,5 bilhões de litros de etanol”, diz o diretor da consultoria. Ele também acredita que haverá a re- dução do ATR pelo quarto ano consecu- tivo, como consequência da expansão da colheita mecanizada no Centro-Sul. Na opinião de Corrêa, o ciclo 16/17 pode começar ainda sob forte influência do clima. “Acredito que vamos ter muita chuva ainda neste ano, no começo da co- lheita, e isso trará atrasos. Por isso, há uma percepção do mercado de que a disponi- bilidade de açúcar que se esperava para Plínio Nastari aposta em um volume de cana moída em 2016/17 semelhante ao do ciclo anterior abril/maio não deverá ocorrer.” O mercado acredita que a safra no Centro-Sul começa com problemas por conta do clima. Outro fator que poderá influenciar neste ano po- derá ser a isoporização dos canaviais, mas pode estar cedo para afirmar isso. Equívocos políticos Além de torcer para que o clima este-
  • 56. 56 Abril · 2016 ja favorável para o produtor agrícola, o fa- tor político-governamental também tende a influenciar na recuperação do setor. E bem que o governo e a política po- deriam começar a jogar a favor de um se- tor que é tão importante para o país. Por equívocos governamentais, segundo Cor- rêa, o setor deixou de vender cerca de R$ 50 bilhões de litros de hidratado nos últi- mos seis anos. “Se analisarmos o quanto deixou de crescer, o quanto perdeu de re- ceitas ao longo dos últimos governos, per- demos cerca de R$ 100 bilhões, que é mais ou menos o tamanho da dívida do setor.” Apesar do cenário turbulento no país, de crise política e econômica, o setor sucroenergético tenta manter o diálogo com o governo federal, segundo Mizuta- ni. “Sempre temos conversado, mas o Bra- sil atravessa fase difícil, e não só o setor sucroenergético. Por isso não adianta es- perar que o governo faça por você. Temos que fazer a nossa parte.” Ele confia que a situação política do Brasil vai destravar, “mas o empresário não pode ficar espe- rando resolver isso para produzir. O obje- tivo do empresário sério é produzir inde- pendente da política existente”. E a largada da safra 2016/17 já foi dada. Há muitas variáveis em jogo, mas é possível dizer que as expectativas são favoráveis. Florescimento de cana, que eleva a isoporização, poderá influenciar a atual safra CAPA
  • 57. 57 Leonardo Ruiz e Luciana Paiva Quando bem utilizada, aplicação aérea possui risco zero para pessoas ou ambientes e efetividade de 100% para as pragas A QUANTIDADE DE AGROQUÍMICO POR HECTARE UTILIZADA NA CULTURA CANAVIEIRA ATENDE AOS PADRÕES INTERNACIONAIS ESTABELECIDOS PARA AS REGIÕES TROPICAIS, SEM NOTIFICAÇÃO DE IMPACTOS A cana está entre as culturas que menos utilizam agroquímicos FITOTÉCNICO E mbora a área agricultável brasilei- ra tenha permanecido praticamente a mesma ao longo dos últimos dois anos, a venda de defensivos agrícolas em 2015, quando comparada a 2014, regis- trou forte queda, que beira 22%, segun- do balanço disponibilizado pelo Sindiveg – Sindicato Nacional da Indústria de Pro- VITORRAMOS
  • 58. 58 Abril · 2016 dutos para Defesa Vegetal. Essa redução acabou, ainda, por pu- xar para baixo o mercado global, que caiu cerca de 9,8% no mesmo período. Após um período de crescimento de cinco anos, essa foi a primeira vez na década que esse mercado sofre com variação negativa de vendas. De acordo com o Sindiveg, a desvalo- rização do Real, o contrabando, que atinge até 20% das vendas de defensivos agríco- las no Brasil, e a dificuldade de obtenção de linhas de crédito rural por parte dos agricultores, que afeta o fluxo de compra dos mesmos e leva ao aumento dos esto- ques da indústria e canais de distribuição, estão entre os motivos que levaram a esse cenário no Brasil. “A questão do crédito e a inadimplência no campo preocupa o setor significativamente. Por conta dessa condi- ção, a indústria acaba financiando quase 70% das vendas aos agricultores”, afirma a vice-presidente executiva do Sindicato, Silvia Fagnani. Do montante total de defensivos agrícolas vendidos no Brasil em 2015, a esmagadora maioria (52%) foi destinada a cultura da soja. Em segundo lugar vem a cana-de-açúcar e o milho, com 10% cada. Para se fazer uma comparação, em 2014, enquanto no Brasil a soja investiu 6,7 bi- lhões de dólares em defensivos, a cana gastou 1 bilhão de dólares. O Professor Associado 3 e pesquisa- dor da Universidade de São Paulo (USP), Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ), Pedro Jacob Christoffo- leti, explica que, por conta de seu ciclo pe- Sindiveg – Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal Sindiveg – Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal FITOTÉCNICO
  • 59. 59 Christoffoleti explica que, por conta de seu ciclo perene, a cana-de- açúcar utiliza um número menor de pulverizações de defensivos agrícolas pécies de plantas daninhas que infestam os canaviais brasileiros e que causam grandes prejuízos caso não sejam combatidas. Estima- tivas apontam que, depen- dendo do nível de infestação, a produção pode ser reduzida em até 85%. “Outros métodos conhecidos de controle dessas ervas, como o manual, mecânico e o pre- ventivo, são usados em complemento ao controle químico, porém, se isolados, ne- cessitam de ser usados mais de uma vez no mesmo ciclo da cultura, pois possuem eficiência limitada. Isso faz com que o cus- to-benefício seja desvantajoso.” Entre as moléculas de herbicidas mais utilizadas em cana-de-açúcar, sejam elas isoladas ou em associação, destacam-se o Tebuthiuron, Diuron, Ametryn, Metribu- zin, Isoxaflutole, Amicarbazone, Clomazo- ne, Sulfentrazone, Hexazinone, Flumyzin, Diclosulan, Imazapyr, Imazapic, S-Meto- lachlor, Mesotrione, Glyphosate, MSMA e Paraquat. “Porém, não há como dizer qual o herbicida mais utilizado, já que a reco- mendação é feita em função da flora da- ninha presente no canavial, aliada a época rene, a cana-de-açúcar utiliza um núme- ro menor de pulverizações de defensivos agrícolas do que as culturas anuais, que, devido a seus ciclos curtos, conseguem cultivar, em média, 2,5 vezes por ano. “Se somarmos a carga de agroquímicos utili- zadas nas aplicações múltiplas dessas cul- turas e compararmos com o uso em cana, o nível geral por hectare acaba sendo menor.” Herbicida é o mais utilizado na cultura canavieira No geral, os inseticidas continuam sendo a classe mais comercializada de defensivos. Porém, na cana-de-açúcar, o grande destaque são os herbicidas. Para o pesquisador do Instituto Agronômico (IAC), de Campinas, da Secretaria de Agri- cultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Carlos Alberto Mathias Azania, isso ocorre, pois existe uma ampla gama de es-
  • 60. 60 Abril · 2016 do ano em que a aplicação é realizada, as características físico-químicas do produto e a textura do solo.” Com relação à quantidade de aplica- ção, o pesquisador explica que ela é va- riada, pois cada molécula tem uma dose específica recomendada em bula. “Entre- tanto, em solos arenosos e médios, utili- zam-se doses menores. Já em solos argilo- sos, é recomendável uma dose um pouco maior.” Melhoramento genético e controle biológico reduzem o uso de inseticidas, acaricidas e fungicidas na cana A agricultura brasileira desenvolve o maior programa de controle biológico do mundo e o professor do Laboratório de Biologia de Insetos do Departamento de Entomologia e Acarologia da Escola Supe- rior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq/ USP), José Roberto Postali Parra, destaca a cultura canavieira como a principal res- ponsável por esse feito. “A Cotésia, que é utilizada para o controle da broca na fase de lagarta, é liberada em mais de três mi- lhões de hectares. Outros 500 mil hectares recebem a Trichogramma galloi para con- trole da broca na fase de ovo. E em mais de dois milhões de hectares com cana são utilizados inseticidas à base do fungo Me- tarhizium anisopliae para o controle da ci- garrinha-da-raiz (Mahanarva fimbriolata).” Parra observa que na cultura da soja, o fungo Trichoderma harzianum é utiliza- Na cana-de-açúcar, os herbicidas são a classe mais comercializada de defensivos devido à ampla gama de espécies de plantas daninhas FITOTÉCNICO
  • 61. 61 do em mais de cinco milhões de hecta- res para controlar o mofo branco, doença causada pelo fungo Sclerotinia sclerotio- rum. Porém, proporcionalmente, o con- trole biológico na cana com o uso da Co- tesia é maior, pois na safra 2014/2015 a soja ocupou uma área de 31,57 milhões de das e acaricidas seja muito baixo na cul- tura canavieira. O excelente desempenho do controle biológico, observa Menten, incentivou até mesmo as Multinacionais de agroquímicos a investir no desenvolvi- mento de produtos biológicos. Entre os defensivos, na cultura cana- vieira os menos utilizados são os fungici- das, pois, segundo Menten, no controle de doenças da cana, o principal aliado do se- tor são as pesquisas de melhoramento ge- nético, que desenvolvem variedades resis- tentes às doenças. Tecnologia de aplicação Para o pesquisador do Instituto Agro- nômico (IAC), de Campinas, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Esta- do de São Paulo, Hamilton Humberto Ra- mos, a tecnologia de aplicação de defen- sivos em cana-de-açúcar encontra-se em níveis tão evoluídos como em outras cul- turas tecnicamente desenvolvidas, como soja e milho. Segundo ele, a diferença se encontra em qual a tecnologia mais viável para cada situação. “O uso de pulveriza- dores automotrizes com grande tamanho de barra e altas velocidades, por exem- plo, é possível em regiões planas de cer- rado. Porém, são menos viáveis em áreas pequenas, curtas e com declividade mais acentuada, como as encontradas nas regi- ões canavieiras de Ribeirão ou Piracicaba.” Já o gerente técnico e de regula- mentação estadual da Andef (Associação Para Azania, o custo-benefício é a grande vantagem da aplicação de herbicidas sobre as outras formas de controle de plantas daninhas hectares, e a cana nove milhões, dos quais a terça parte recebeu controle biológico. De acordo com o José Otávio M. Men- ten, Coordenador do Curso de Engª Agro- nômica, Dep. de Fitopatologia e Nemato- logia, LFN - ESALQ/USP, o sucesso desse controle faz com que o uso de insetici-
  • 62. 62 Abril · 2016 Nacional de Defesa Vegetal), Luís Carlos Ribeiro, afirma que as tecnologias de apli- cação no Brasil são excelentes, porém, é preciso incentivar o uso correto das mes- mas. “Nosso país possui uma das mais ri- gorosas regras de registro de defensi- vos agrícolas do mundo. No entanto, o que precisamos investir é na educação de quem abre a tampa do produto”. Segundo Ribeiro, a Andef tem traba- lhado incansavelmente na educação dos produtores para que não haja intoxicação por mau uso ou por uso abusivo. “Pos- suímos diversos programas educacionais que trabalham pesado a conscientização do produtor rural, como cursos e palestras sobre aplicação segura e correta de pro- dutos agrícolas”. Um deles é o CAS (Certificação Aero- agrícola Sustentável), fruto de uma parce- ria entre a Andef, FEPAF (Fundação de Es- tudos e Pesquisas Agrícolas e Florestais) e SINDAG (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola), tendo como entida- des coordenadoras a Universidade Estadu- al Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCA/ UNESP-Botucatu), a Universidade Federal de Lavras (UFLA) e a Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Luís Carlos Ribeiro: “Precisamos investir na educação de quem abre a tampa do produto” DIVULGAÇÃOANDEF Em 2014, o total de defensivos utilizados pela cultura canavieira (inseticida, fungicida, acaricida e herbicida) foi de 68 mil toneladas
  • 63. 63 O programa é um sistema voluntá- rio de certificação para aplicadores aére- os, cujo principal objetivo é incentivar a capacitação e a qualificação de empresas de aviação agrícola e de operadores ae- roagrícolas privados. O enfoque primário do processo é o aprofundamento do con- ceito de responsabilidade e sustentabili- dade das operações de aplicação de de- fensivos por via aérea, visando melhorias na qualidade das pulverizações e redu- ção de riscos de impacto ambiental des- tas atividades. De acordo com o gerente técnico da Andef, o CAS foi criado devido à utilização cada vez maior da aplicação aérea de de- fensivos agrícolas nas culturas brasileiras, principalmente na cana-de-açúcar que, devido a sua altura, impossibilita a entra- da de maquinário agrícola. Embora ainda vista com olhos negativos pela população, que acreditam que o processo pode ser perigoso para a saúde humana, a aviação agrícola, quando bem utilizada, possui ris- co zero para pessoas ou ambientes e efe- tividade de 100 para as pragas. O setor está dentro do padrão aceitável internacional de uso de defensivos químicos O uso adequado de agroquímicos é uma das exigências no quesito sustenta- bilidade e também no processo de certi- ficação, que ganha corpo no setor sucro- energético. Menten relata que no Brasil, a cana é uma cultura altamente tecnificada, o que contribui para a aplicação correta, tanto que a cana não tem apresentado re- gistros de resíduos de agroquímicos. O pesquisador informa que, em 2014, o total de defensivos utilizados pela cultu- ra canavieira (inseticida, fungicida, acari- cida e herbicida) foi de 68 mil toneladas, que divididos pelos 9 milhões de hectares de cana cultivados no país, a média é de 7,5 quilos por hectare de cana, o que equi- vale a 3 quilos de princípio ativo por hec- tare. Há culturas que utilizam 15 quilos de princípio ativo por hectare. “Não podemos esquecer que estamos em uma região tro- pical, com maior incidência de pragas, do- enças e plantadas daninhas, não temos a neve que é um excelente controlador na- tural. Então, este número de 3 quilos/ha está dentro do padrão aceitável interna- cional. Mas para que acultura se mantenha nesse padrão, incentivamos a aplicação correta, a dose certa e o manejo integrado de pragas (MIP)”, diz Menten. Menten: incentivo à aplicação correta, à dose certa e ao manejo integrado de pragas (MIP)
  • 64. 64 Abril · 2016 MECANIZAÇÃO Com o corte mecanizado a colheita, da cana emendou o dia com a noite
  • 65. 65 Colhedoras em ação DESDE A CHEGADA DA PRIMEIRA COLHEDORA DE CANA AO BRASIL, ESSAS MÁQUINAS “GIGANTES” EVOLUÍRAM MUITO, MAS ESPECIALISTAS ALERTAM PARA A NECESSIDADE DE MAIS MELHORIAS, COMO NO CORTE DE BASE
  • 66. 66 Abril · 2016 Clivonei Roberto Q uando as primeiras colhedoras de cana começaram a circular pelos canaviais do Brasil, ainda na década de 1960, havia certo ceticismo. Muitos não entendiam os benefícios que esta máquina gigante, que pesa cerca de 20 toneladas, poderia trazer para o siste- ma de processamento da cana-de-açúcar. Mas isso mudou a passos largos nos últi- mos dez anos. Elas já fazem parte da ro- tina dos canaviais do Centro-Sul do país. Tanto que o nível de mecanização da co- lheita no estado de São Paulo – maior es- tado produtor de cana-de-açúcar do país – já ultrapassa os 90%. É unanimidade que as colhedoras vieram pra ficar e que evoluíram ao lon- go dos anos, porém alguns especialistas apontam para a necessidade de evolução do sistema completo de colheita mecani- zada – inclusive da máquina. Algo impor- tante tanto para a qualidade das opera- ções, como para o bolso do produtor. Na opinião de Sidnei João Bortolo- zzo, engenheiro agrônomo, consultor e coordenador do Gmec (Grupo de Moto- mecanização do Setor Sucroenergético), o desempenho das atuais colhedoras de cana é bastante satisfatório. “Evoluiu bas- tante no quesito da limpeza da cana, no consumo de combustível e na produção diária. Temos usinas colhendo uma média de 600 t de cana/dia por colhedora e usi- nas que até superam esta média.” Para se avaliar adequadamente o de- sempenho de uma colhedora de cana, Bor- tolozzo sublinha que é preciso levar em consideração alguns pontos que influem diretamente na performance da máquina, que são os seguintes: - dimensão do talhão, - presença ou não de árvores, - preparo do solo e do plantio, - topografia, - produtividade da matéria-prima, - dimensionamento correto da frota de colheita e de transporte, - se está colhendo uma ou duas li- nhas de cana, e - a qualidade da operação. “Quando falamos de desempenho, é preciso aliar o quanto a máquina produz, com a qualidade e o consumo de combustível”, diz Bortolozzo MECANIZAÇÃO
  • 67. 67 Pontos a aperfeiçoar O presidente do Gmec salienta que desde as primeiras máquinas que come- çaram a cortar os canaviais brasileiros até hoje, os equipamentos passaram por aper- feiçoamentos relevantes em vários pontos, como no sistema hidráulico, no ângulo ce o esforço dos fabricantes de colhedoras que buscam, a cada dia, disponibilizar me- lhorias que permitam operar com melho- res índices de eficiência e produtividade. “Porém, precisamos de mais tecno- logias, principalmente aplicadas ao au- to-ajuste das condições instantâneas da dos “pirulitos”, melhoria da cabine, do sis- tema de arrefecimento do motor, do sis- tema de limpeza da cana, além da substi- tuição dos motores diesel – questão que é pauta de muita discussão. O engenheiro mecânico Edimilson Gomes Leal, gerente de Manutenção Auto- motiva da Usina Ferrari, também reconhe- colheita, adequando os parâmetros de re- gulagens que resultem em operação mais econômica, independente das ações do operador”, diz Leal, que também aponta a necessidade da oferta de funcionalida- des que facilitem a operação, como sin- cronismo automático entre colhedora e transbordo, funções repetitivas acionadas Primeira colhedora de cana brasileira, desenvolvida pela Santal na década de 1960, cortava cana queimada
  • 68. 68 Abril · 2016 por um toque etc. “Há que se considerar a aplicação nas colhedoras de cana de tec- nologias disponíveis em equipamentos de outras culturas”, acrescenta. O gerente de Manutenção Automoti- va da Usina Ferrari cita ainda a necessida- de de ações que permitam a redução dos custos operacionais, melhoria da servicibi- lidade com ganhos substanciais de dispo- nibilidade mecânica e redução de perdas, oferecendo equipamentos que possam ser operados eficientemente, em diferen- tes condições de colheitabilidade, produ- tividade do canavial e topografias. Também para Bortolozzo, a colheita mecanizada ainda não atende em 100% a expectativa de usinas e produtores. “O se- tor anseia por equipamentos mais resis- tentes, com menor grau de complexida- de e que ajude a proporcionar redução no custo da manutenção”, salienta. Bortolozzo cita alguns pontos que ainda necessitam de atenção por parte dos fabricantes: - rever o conceito da caixa de bom- bas (caixa de 4 furos), - o sistema de limpeza dos toletes de cana pode ser melhorado, - o corte de base necessita ser revis- to com urgência (“este é um anseio enor- me das usinas”), - redimensionar o material rodante, - melhorar o recolhimento da cana após o corte de base, - rever a caixa estrutural do equipa- mento (“chassi” da colhedora), - buscar simplificar o sistema hidráu- lico, - aperfeiçoar o elevador. As colhedoras de cana já evoluíram bem, mas ainda podem melhorar MECANIZAÇÃO
  • 69. 69 Qualidade da operação Perdas de matéria-prima e quebras do equipamento. Estes são, segundo o co- ordenador do Gmec, dois graves proble- mas na colheita mecanizada de cana. Mas quais são suas suas causas? “Podemos pontuar da seguinte forma: 28% destes problemas decorrem da operação, 32% são resultados do terreno (topografia, sis- tematização etc), 20% são de responsabi- lidade da manutenção, e 20% referem-se à colhedora”, diz Bortolozzo, destacando que esses números podem variar de re- gião para região e até mesmo de usina para usina. Uma das principais causas dos “pro- blemas” diz respeito à qualidade da ope- ração. Para o coordenador do Gmec, é importante o operador do equipamento estar atento a diferentes questões, como à velocidade de deslocamento, ao RPM que está sendo empregado na colhedora, à correta regulagem, à pressão do corte de base, além de realizar verificações diárias do material de desgaste e evitar colisões em manobras e deslocamentos. “A solu- ção passa por treinamentos, reciclagem e trabalho forte de conscientização dos operadores sobre os cuidados que devem ter com a máquina e com a lavoura.” A usina tem que se preocupar com a capacitação do operador e com sua cons- Perdas de matéria-prima e quebras do equipamento: dois graves problemas na colheita mecanizada de cana
  • 70. 70 Abril · 2016 cientização na condução da máquina. “Se, por exemplo, não estiver na velocida- de de deslocamento selecionada, o índi- ce de quebra é alto”, avisa o coordenador do Gmec. Com melhor capacitação, é possí- vel atender uma demanda apontada por Leal: “os recursos disponíveis nos equipa- mentos precisam ser melhor aplicados pe- los operadores”. No entanto, o gerente de Manutenção Automotiva da Usina Ferra- ri alerta que “a disponibilidade de treina- mentos operacionais e de manutenção é uma carência real”. Já Bortolozzo enxerga que os gran- des fabricantes de colhedoras têm exer- cido um papel importante nesse aspec- to, por ofertarem treinamentos teóricos, práticos e em simuladores para os ope- radores. No entanto, ele aponta que os problemas vão além do operador do equi- pamento: “se a qualidade dos homens da manutenção for baixa, não teremos repa- ros de qualidade, mas sim ‘remendos’ e as paradas serão mais constantes. Quanto ao item terreno/sistematização, todos temos plena consciência que os tiros curtos ne- cessitam de muitas manobras, assim como uma sistematização deficiente causa mais torções no equipamento. Quanto à colhe- dora, necessita de maior robustez na sua estrutura e sistema hidráulico”, relata. A fim de melhorar os índices de co- lheita, além dos treinamentos dos profis- sionais envolvidos no processo, Bortolo- zzo conta que as empresas têm adotado O simulador de colhedora de cana é uma importante ferramenta para a qualificação dos operadores MECANIZAÇÃO
  • 71. 71 estratégias mais amplas. Este trabalho co- meça já no arrendamento, selecionando áreas, sempre que possível, de bom tama- nho, isentas de árvores e com baixa decli- vidade. E nos terrenos de posse da usina, também estão intensificando a melhoria da sistematização e do plantio. Quebrar paradigmas Na opinião de Leal ainda é preci- so quebrar paradigmas no projeto de al- guns componentes das máquinas, como, por exemplo, o elevador e o corte de base, que demandam intervenções significati- vas durante a safra e evoluíram pouco ou quase nada nos últimos anos. Mas Humberto Carrara, gerente de processos agrícolas do Grupo USJ, vai além. Salienta que, as colhedoras de cana que “conhecemos no Brasil e no mundo” têm um conceito da colhedora australiana do meio do século passado. “É um projeto de mais de 50 anos. Não tem muito mais o que melhorar, seria necessário formular um novo conceito de colhedora de cana.” Segundo ele, é um equipamento com problemas crônicos de corte de base, além de problemas sérios com impurezas e da- Carrara: “seria necessário formular um novo conceito de colhedora de cana” Uma frente de colheita de cana envolve uma série de máquinas e implementos
  • 72. 72 Abril · 2016 nos de soqueira. “Enquanto o equipamen- to tiver o conceito de cortador de base de- baixo do chassi da máquina, praticamente tudo o que for feito será uma perfumaria. Precisa de uma solução que reduza o im- pacto da faca girando em cima da cana.” Na visão de Carrara, se analisar o de- sempenho da máquina que se tem hoje, de modo geral, é satisfatório. Inclusive, relata que o conceito atual de colhedo- ra vem acumulando várias melhorias ao longo do tempo que são muito positivas. “A servicibilidade melhorou muito, assim como a facilidade de troca de componen- tes, a automação do equipamento (redu- zindo a intervenção do operador), mas fo- ram avanços que aconteceram dentro do equipamento que temos hoje.” No entanto, o gerente do Grupo USJ frisa que se a discussão ficar somente fo- Uma das principais causas dos “problemas” diz respeito à qualidade da operação MECANIZAÇÃO
  • 73. 73 cada na máquina perde-se a oportunidade de analisar o contexto geral. “Uma colhe- dora de cana hoje, que custa perto de R$ 1 milhão, trabalha em 60% das 24 horas, isso considerando as empresas que estão bem no benchmarking”, revela o gestor, que completa: “esse índice, na média entre as unidades, gira entre 40% e 50%. Ou seja, em um dia de 24 horas, quem está bem trabalha com a máquina por 16 horas.” Carrara observa que o problema não está só na máquina. “Tem o peso da servi- cibilidade da manutenção, da baixa dispo- nibilidade, da colheitabilidade da área. Por isso, não tem como fugir de algumas per- guntas: como é a gestão de todo o siste- ma? Por que a máquina fica tanto tempo ‘fora do jogo’?” De acordo com ele, ao se analisar essa realidade, o produtor e a usina fi- cam sem argumentos para chegar no fa- bricante de colhedora e dizer que é pre- ciso evoluir o corte de base, por exemplo. “Por que aí é perigoso ouvir: como vou co- locar toda minha engenharia para pesqui- sar novas soluções, para depois a máquina só trabalhar 50% do tempo?” Para o gerente de processos agrí- Em um dia de 24 horas, quem apresenta melhor desempenho trabalha com a máquina por 16 horas
  • 74. 74 Abril · 2016 colas do Grupo USJ, antes de o setor su- croenergético “sonhar” com um concei- to de colhedora de cana revolucionário, tem que aprender a extrair muito mais da máquina que tem disponível atualmente. “Esse equipamento que temos ainda não chegou ao máximo que pode oferecer, a eficiência global ainda é muito baixa.” Ele revela uma reunião que aconte- ceu recentemente envolvendo diferentes especialistas em motomecanização em ca- na-de-açúcar, com a presença de executi- vos e gestores de várias usinas. O objetivo foi fazer um brainstorm sobre o conceito ideal de colhedora e colheita mecanizada. “Fizemos uma mesa redonda para conver- sar sobre o que é preciso mudar.” Quem sabe seja o embrião da “colhedora dos sonhos”. Sintonia com as demandas do cliente Para um dos grandes fabricantes de colhedoras de cana do mercado, a Case IH, a evolução está continuamente no ra- dar. Segundo Fábio Balaban, especialista de marketing de produto da companhia, sempre é possível melhorar e evoluir de acordo com as necessidades do mercado. “Hoje já alcançamos um nível tecnológico alto. A Case IH, por exemplo, oferece solu- ções completas para as usinas e, para isso, realizamos clínicas em campo, pesquisa com os clientes e conversamos muito com nossa rede de concessionários para saber o que o cliente precisa e quer para melho- rar sua produtividade.” Os profissionais da Case IH se dedi- cam ao desenvolvimento de componentes, sistemas, e softwares que facilitem tanto a operação quanto a manutenção das co- lhedoras de cana. Tanto que uma grande inovação que a companhia trouxe para o segmento canavieiro é o conceito Efficient Power, “em que temos como destaque os motores eletrônicos das colhedoras Smart Cruise, que geram uma economia de até 25% do consumo de combustível”, diz Balaban. Outro exemplo apresentado por ele é o gerenciamento de produtividade, que avalia os dados gerados pelo sistema e permite um diagnóstico mais preciso da Balaban: “investir no manejo de sistematização para a colheita é um grande desafio para o setor” MECANIZAÇÃO