1) Luís Américo Fernandes nasceu em 1948 e frequentou seminários onde recebeu formação humanística e sensibilidade para a música e literatura.
2) Serviu na Guiné entre 1972-1974 e formou-se em Filologia Românica e Línguas e Literaturas Modernas.
3) Dedicou-se ao ensino e à tradução de autores franceses. Envolveu-se também na vida política local e encontrou expressão para o seu mundo interior através da poesia.
1. L uís Américo Azevedo
Carvalho Fernandes,
filho mais velho de uma
família de 13 irmãos, nasceu
em Vila das Aves em 1948, LUÍS AMÉRICO
frequentou os seminários
dos Vicentinos durante FERNANDES
vários anos onde recebeu
uma apurada formação humanística e sensibilidade
para a música e para a literatura, tendo recebido
um prémio de poesia por volta dos vinte anos num
BIBLIOTECA DA ESCOLA EB 2,3 DE PRADO
concurso promovido pelo SNI a nível nacional.
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Mobilizado para a Guiné entre 1972 e 1974 como
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alferes miliciano, iniciou os seus estudos superiores
em 1975, tendo concluído o bacharelato em Filolo-
gia Românica na Faculdade de Letras do Porto e,
mais tarde, a licenciatura em Línguas e Literaturas
Modernas na Universidade Aberta na vertente de
Português e Francês.
Leccionou a disciplina de Francês e Português em
várias escolas dos 2º e 3º ciclos e concomitantemen- Contactos
te a disciplina de teatro.
Jubilado do ensino tem-se dedicado à tradução de
autores franceses. AGRUPAMENTO VERTICAL DE ESCOLAS DE PRADO
Personalidade empenhada na vida autárquica e em Rua Dr. Lima Cruz - Vila de Prado
movimentos de cultura e de intervenção na sua terra
natal onde sempre residiu, director artístico de um http://www.eb23-prado.rcts.pt/
coro polifónico ligado à paróquia e director periódi-
co do “Entremargens”, foi na poesia que encontrou http://bibliotecaprado.blogspot.com/
uma expressão para o seu mundo interior, uma
“urdidura” para a configuração dos “nós e dos
laços” que tecemos numa vida de relação amorosa
com os outros, com os lugares e os ambientes por
que passamos, uma ânfora, afinal, em que metafori-
zamos a nossa vida e a dos que nos são ou nos
foram mais próximos, numa tensão inexplicável
entre o devaneio e a realidade, a dádiva e a dívida, a
alegria e a culpa, o imediato e o transcendente.
2. “ ÂNFORA DE AFECTOS “
CANÇÃO DE EMBALAR QUASE GOSTO DE TI
M É G
quase pleno o abraço osto de ti,
enino de oiro o teu berço E há rios de ternura nos teus dedos em delta Do teu olhar atento ao paladar
É como um barco no mar. Sobre o dorso de um mar de penetrar. Ao que há de novo nas palavras
Nunca o sonho será longo Tantas vezes ouvidas
Nem as marés de calhar No marulhar das ondas contra o mar
Afoitos, procuramos marés comunicantes
Sopram ventos à distância, São como restos de barcos
Mas entre o gesto de dar e receber
Sinais dos tempos que vão No som do mar naufragados
Há recônditos espaços,
Vai de viagem a infância Trazidos pelas marés,
Ilhas de areia, calcário vegetal,
Afagos sim, ventos não, Sinais de passos já dados
Coral em que se aloja
Deixem sonhar a criança E todavia adiados para outras manhãs de
O silêncio animal.
Ao sabor desta canção. sonho,
Balbucios de crianças que ainda somos
Olhos de água são os teus olhos, QUE FLOR OU FRUTO Brincando em todas as direcções do dizer con-
Q
Sorrisos de tua mãe; jugando e aprendendo o verbo amar.
ue flor ou fruto arde na penumbra
Búzios do mar teus ouvidos
E na polpa dos dedos estremece? - Ergue as velas ao vento e vai embora!
Em que muralha a canção,
Rumor de um não sei quê que se vislumbra Como é diversa essa hora
Canção do berço que embala,
E que se furta quando se oferece. Sabendo amarga ou a amora
Seixos que rolam na areia
Com quem o menino fala, Aroma de maresia ou névoa de fantasia!...
Peixinhos na sua ideia Um halo só, no espaço, a desenhar-se O que é preciso é partir
Deixem sonhar a criança Onde o real existe mais como perfume, E não ficar na demora
Ao longo da vida inteira. Erva – doce da vida a sublimar-se, Pois por caminhos diversos
A consumir-se em espirais de lume. A Roma irão sempre dar teus versos.