Gastroenterite viral é uma inflamação do estômago e intestinos causada por vírus, como rotavírus e norovírus. Os sintomas incluem diarreia, vômitos e desidratação. O tratamento envolve hidratação oral e evitar antibióticos, já que é uma infecção viral e não bacteriana.
1. O que é gastroenterite viral.
Gastroenterite é um termo que significa inflamação do estômago e dos intestinos. A
gastroenterite pode ser causada por vários fatores, como infecções por parasitas e bactérias,
remédios, álcool, ou doenças, como intolerância à lactose, doença de Crohn (leia: DOENÇA
DE CROHN | RETOCOLITE ULCERATIVA) ou doença celíaca (leia: DOENÇA CELÍACA |
Enteropatia por glúten). Gastroenterite viral é qualquer gastroenterite provocada por um
vírus.
Quando a inflamação da gastroenterite é predominantemente do estômago, náuseas e
vômitos são os sintomas são proeminentes. Quando são os intestinos os mais acometidos,
cólicas abdominais e diarreia dominam o quadro. Porém, não é incomum o paciente
apresentar uma quadro com inflamação extensa, sofrendo com vômitos e diarreia ao mesmo
tempo.
O quadro de diarreia ocorre porque o vírus ataca as células da mucosa do intestino,
principalmente do jejuno e do íleo, que correspondem aos 2/3 finais do intestino delgado. A
inflamação resultante deste ataque destrói as vilosidades do intestino, que são as estruturas
responsáveis pela absorção dos nutrientes digeridos. Além de impedir a absorção de
nutrientes, alguns vírus, como o rotavírus, estimulam a secreção de água pelas células
intestinais, provocando uma diarreia aquosa e profusa, fazendo com que o paciente evacue
mais de 15 vezes por dia.
O quadro de vômitos é causado por inflamação e irritação da parede do estômago, que passa
a tolerar mal a presença de alimentos.
Causas da gastroenterite viral
Vários vírus diferentes podem provocar gastroenterite, sendo os mais comuns:
- Rotavírus.
- Norovírus (antigamente chamado de vírus Norwalk).
- Adenovírus.
- Sapovírus.
- Astrovírus.
Nos adultos o norovírus é a principal causa de diarreia aguda, sendo responsável pela
maiorias das epidemias de gastroenterite viral. Na população pediátrica, principalmente nas
crianças até 2 anos, o rotavírus é a principal causa de gastroenterite. Adultos também
podem ter diarreia por rotavírus, mas ela é menos comum e o quadro clínico costuma ser
bem mais brando.
A incidência das diarreias por rotavírus em crianças tem caído bastante desde a introdução
da vacina contra esse vírus. As formas de gastroenterite grave por rotavírus caíram mais
95% na população vacinada.
2. Transmissão da gastroenterite viral
As gastroenterites virais são chamadas em inglês de “stomach flu”, que numa tradução
grosseira pode ser chamado de “gripe estomacal”. Apesar do vírus da gripe não provocar
gastroenterite, a analogia é feita devido às semelhanças entre as formas de transmissão e a
facilidade de contágio destes vírus.
Na maioria dos casos, a transmissão é feita pelo contato próximo, principalmente por mãos
contaminadas pelo vírus. Fezes e vômitos dos pacientes contaminados possuem elevadas
cargas de vírus. Se uma higiene adequada das mãos não for feita após cada evacuação, este
paciente pode contaminar roupas e objetos, facilitando a dispersão do vírus. Pais que não
lavam as mãos adequadamente após cada troca de fraldas do filho podem espalhar o vírus
para o resto da família. Alimentos preparados por pessoas doentes (principalmente se crus
ou mal cozidos) ou águas contaminadas com fezes também são vias comuns de transmissão.
A transmissão através do ar também é possível, principalmente através de gotículas de
saliva durante a fala, tosse ou espirros. Também há suspeitas de que o vírus possa ser
transmitido pelo ar através dos vômitos. Sugere-se que a limpeza dos vômitos seja feita não
somente com luvas, mas também com máscaras.
Sintomas da gastroenterite viral
As gastroenterites causadas pelo norovírus, sapovírus ou astrovírus podem provocar desde
uma doença leve, com febre baixa e diarreia leve, até um quadro bem grave, com febre alta
e dezenas de episódios de vômitos e diarreias ao longo do dia . A presença de vômitos é
mais comum com infeções causadas pelo norovírus e pelo sapovírus. Já o rotavírus só
costuma causar diarreia importante nas crianças ou nos adultos com imunidade deficiente.
Diarreia pelo norovírus
A gastroenterite pelo norovírus costuma provocar sintomas 1 a 3 dias após a contaminação.
O quadro é de início abrupto, com vômitos e/ou diarreia. A diarreia costuma ser moderada,
com 4 a 8 evacuações por dia. As fezes são bem líquidas e não há presença de sangue, pus
3. ou muco. Também são comuns dor muscular, mal-estar, dor de cabeça, cólicas, dispepsia
(leia: DOR NO ESTÔMAGO | DISPEPSIA) e febre ao redor de 38-39ºC. Em adultos saudáveis,
esta forma de gastroenterite provoca desconforto, mas não costuma causar graves
consequências. Em dois ou três dias o paciente se recupera do quadro sem maiores
problemas.
Manifestações mais graves da doença podem ocorrer em crianças pequenas, idosos ou
pacientes debilitados, já com outros problemas de saúde.
Diarreia pelo rotavírus
A gastroenterite pelo rotavírus é habitualmente branda em adultos, mas pode ser bem grave
em crianças muito pequenas. Algumas crianças podem ter mais de 20 episódios de vômitos
e/ou diarreia por dia, levando a quadros de desidratação grave. A diarreia pelo rotavírus é
bem aquosa e também não contém sangue, pus ou muco. O quadro surge habitualmente 48
horas depois da contaminação e o paciente fica por até 10 dias eliminando o vírus nas fezes.
Os sintomas duram de 12 a 60 horas.
A maioria das crianças não vacinadas irão contrair o rotavírus até o 3 anos de idade, devido
ao intenso e próximo contato entre as mesmas em creches e infantários. A primeira infecção
costuma ser a mais severa. Depois, como o organismo desenvolve anticorpos, as reinfecções
ao longo da vida costumam ser bem mais brandas. Por isso, as infecções por rotavírus em
adultos costumam ser leves. Nos pacientes devidamente vacinados, 60% ficam totalmente
imunes ao vírus e mais de 95% ficam imunes às formas graves da gastroenterite.
Diagnóstico das gastroenterites virais
Na maioria dos casos, o diagnóstico é feito somente com base no exame médico. Até
existem testes para rotavírus e norovírus nas fezes, mas eles são desnecessários na maioria
das vezes, já que o tratamento das diarreias aquosas, sem sinais de sangue ou pus, é
basicamente o mesmo, seja ela de origem viral ou não.
O exame das fezes pode ser útil se o médico tiver dúvidas entre a gastroenterite viral ou
bacteriana. Geralmente, os sintomas são diferentes, mas em alguns casos a distinção pode
não ser tão simples.
Tratamento das gastroenterites virais
Não existe um remédio específico para curar diarreias causadas por vírus. E nem é preciso,
pois na maioria dos casos a doença é autolimitada e de curta duração. O principal objetivo
do tratamento é impedir que o paciente desidrate por conta das grandes perdas de água nas
fezes e nos vômitos. A hidratação adequada é muito importante, principalmente nas crianças
pequenas. Em casos graves, a internação hospitalar para administração de soro intravenoso
pode ser necessária.
4. Já existem soluções prontas para a hidratação por via oral à venda nas farmácias, como o
Pedialyte®. Nas farmácias populares este soro é distribuído gratuitamente. Esta forma de
hidratação é mais eficiente do que água pura ou soro caseiro feito em casa.
Antibióticos não devem ser usados, pois eles só funcionam para diarreias provocadas por
bactérias. Remédios para parar a diarreia, como a loperamida (Imosec®), não devem ser
usados em diarreias agudas e de origem infecciosa, pois podem piorar o quadro e causar
efeitos colaterais importantes.
Probióticos, como lactobacillus (Floratil® – Saccharomyces boulardii), podem ser úteis,
ajudando a reduzir o tempo de doença em alguns casos. Mas não espere efeitos milagrosos,
como resolução da diarreia após algumas horas.
Não é preciso interromper a alimentação durante o quadro de gastroenterite. Evite apenas
alimentos muito gordurosos ou que piorem o seu enjoo. Não é precioso fazer nenhuma dieta
muito restritiva. Dê preferência a alimentos ricos em água, como frutas, sopas, iogurtes, etc.
A maioria dos pacientes não apresenta problemas com a ingestão de lactíneos.
Leia o texto original no site MD.Saúde: VÔMITO E DIARREIA | Gastroenterite viral -
MD.Saúde http://www.mdsaude.com/2013/02/vomito-diarreia.html#ixzz2xeY0mpC7
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