3. Sumário temático:
Algumas interrogações dos professores
O que os professores precisam de saber sobre o
processo de decifração
O que as crianças devem saber antes de
aprenderem formalmente a decifrar
Ensino da decifração
4. Algumas interrogações dos professores
Qual o melhor método para o ensino
da decifração?
Qual a importância dos chamados pré-
requisitos para a aprendizagem da
leitura
O que faz com que algumas crianças
aprendam a decifrar mais depressa
do que outras?
Em que pilares deve assentar a
decifração
( Sim-Sim, 2007)
5. Alguns princípios orientadores
A aprendizagem da linguagem escrita não é
natural; requer ensino sistematizado que
contemple a consciência dos sons da língua e
a aprendizagem da sua correspondência numa
representação alfabética
Ler é um acto perceptivo mas também
cognitivo
Na aprendizagem de qualquer habilidade
existem três fases:
- cognitiva
- de domínio / treino
- de automatização
6. Alguns princípios orientadores
Ler é compreender um texto. Para
compreender é preciso ser capaz de
descodificar
Os leitores recorrem a diferentes vias
para decifrar:
- via lexical (directa, global, rápida)
- via sub-lexical (indirecta, perceptiva,
ortográfica)
7. O que é a decifração
Decifrar: identificar palavras
escritas
Decifrar: converter padrões
visuais (letras / conjuntos de letras)
em padrões fonológicos
Reconhecimento automático, rápido e
eficiente do significado das palavras
(Sim-Sim, 2007)
8. Perante uma palavra escrita como se faz a
identificação?
Palavra escrita / Sistema de análise visual / Busca no
vocabulário visual / Formatação ortográfica /
Activação semântica / Produção oral da palavra
Palavra escrita / Sistema de análise visual / Conversão
fonema-grafema / Formatação fonológica /activação
semântica / Produção oral da frase
9. Factores que condicionam a aprendizagem
da linguagem escrita
Competência linguística na língua de escolarização
(riqueza lexical, conhecimento de estruturas sintácticas com
alguma complexidade)
Conhecimento prévio dos princípios que regulam a
linguagem escrita (organização, funcionamento e
funcionalidade, princípio alfabético, relação oral / escrito)
10. Factores que condicionam a aprendizagem
da linguagem escrita
Experiência com a linguagem escrita (manipulação de
materiais de leitura e escrita, concepções sobre leitura e escrita,
comportamentos emergentes de leitura e escrita)
Desenvolvimento das consciências:
Fonológica (sons, ritmos, reconstrução
Lexical (as palavras: significado dos constituintes,
actividades de segmentação e reconstrução
Sintáctica (a frase: elementos fundamentais, expansões,
concordância)
Existência de rituais diários de leitura
11. Para garantir o sucesso na
aprendizagem da linguagem escrita
Treino fonológico + leitura
Reconhecimento explícito da correspondência som/letra
Estratégias de automatização
Estratégias de antecipação/chaves contextuais (leitura de
palavras em contexto)
Explicitação da relação entre consciência fonémica e
capacidade para ler palavras
Exemplos de leitura de unidades ortográficas, indutoras
da regra
E…
12. Para garantir o sucesso na
aprendizagem da linguagem escrita
Não separar as actividades de decifração do
verdadeiro sentido da leitura:
Compreensão do texto
(Sim-Sim, 2007)
13. Para garantir o sucesso na
aprendizagem da linguagem escrita
Qualidade do material linguístico
Quantidade / diversidade
Selecção e organização dos materiais de referência e de apoio
Existência de espaços de leitura
Ambiente rico em escrito
Existência de rituais diários de leitura
Bem falar para bem escrever
Transformar as situações de leitura em situações significativas,
desafiante, de descoberta e sistematização
14.
15. Para garantir o sucesso na
aprendizagem da linguagem escrita
Qualidade do material linguístico
Quantidade / diversidade
Selecção e organização dos materiais de referência e de apoio
Existência de espaços de leitura
Ambiente rico em escrito
Existência de rituais diários de leitura
Bem falar para bem escrever
Transformar as situações de leitura em situações significativas,
desafiantes, de descoberta e sistematização
16. Competências gráficas,
ortográficas e de textualização
Os resultados da investigação mostram que as crianças
constroem conhecimento sobre a leitura e escrita antes de
serem formalmente ensinadas a ler e a escrever.
Ao 1º ciclo, chegam as crianças com conhecimentos muito
diferenciados.
O professor tem de saber compreender a situação para
diferenciar o processo de ensino de forma a poder atender
todos os alunos.
17. Competência da Escrita
A competência da escrita é uma actividade
neurobiológica complexa que exige:
Formulação de ideias e a sua tradução numa linguagem
visível, fortemente convencional;
Adequação aos objectivos do escritor e às necessidades
do leitor distante no tempo e no espaço;
Codificação de unidades de som em grafemas
particulares num contexto verbal ortográfico;
A existência de uma imagem mental eficaz da sequência
gráfica a realizar pelo escrevente, de modo a actividade
realizar-se com segurança e de um controlo motor que
permita a execução de movimentos para escrever e
gestão do espaço gráfico;
Utilização da pontuação.
18. A Dimensão Gráfica da Escrita
Competência gráfica, ou seja, a competência
relativa à capacidade de inscrever num
suporte material os sinais em que assenta a
representação escrita.
A dimensão gráfica da escrita apresenta dois tipos de
características: as intrínsecas e as extrínsecas, as quais são
uma mais valia para a transmissão de conteúdos e substituir as
marcas da oralidade.
19. A Dimensão Gráfica da Escrita
Características intrínsecas Características extrínsecas
Alfabeto dual ( maiúsculas e quadros
minúsculas)
Estilos de letras ( negros, Configurações ramificadas
itálicos)
Formas de letra ( redonda, pontuação
inglesa)
cor
Linha interrompida
lista
20. A competência
ortográfica
A competência ortográfica, ou seja, a competência
relativa às normas que estabelecem a representação
escrita das palavras da língua.
A ortografia dentro de uma comunidade linguística,
assume uma função unificadora, do ponto vista social
e político, ou seja há uma única maneira de escrever a
palavra, face à existência de várias formas de
pronunciar a palavra nas produções orais.
21. Complexidade da ortografia
Esta complexidade inerente à ortografia portuguesa é ainda
caracterizada pelo facto de na relação entre grafemas e
fonemas haver:
Nuns casos, uma regulação que é feita por regras
ortográficas;
Noutro, não haver quaisquer regras estabelecidas, sendo
as formas escritas derivadas do uso, tradição evolução
histórica (Morais & Teberosky, 1994).
22. Conclusões dos estudos sobre
o erro
Os erros são instrumentos de trabalho, fonte de
informação para o professor, que irá nortear a sua
acção junto de cada aluno, para o ajudar a dominar a
escrita (Salgado,1993;Perrenoud,1995; Reuter ,1996;Amor, 1997; Azevedo, 2000).
O erro faz parte da aprendizagem. Fenómeno de
integração de novos conhecimentos, é passagem
obrigatória para o saber ( Azevedo,p.65).
23. Aprendizagem da ortografia
Para escreverem as palavras Exemplos
correctamente os alunos devem ter
aprendido:
Discriminar os sons que integram as Gato ( se escrevem correctamente
palavras identificam os 4 sons de gato [gatu]:
sabem que os sons podem ser
transcritos; sabem que no final têm de
escrever um “o” em vez de “u”
Saber como esses sons podem ser campo ( o nº de sons são 4 e têm de
transcritos representar em 5 letras, pois a vogal
nasal escreve-se”am”
Decidir a forma de representação de paço / passo
acordo com a norma ortográfica Eu vou passear ao paço da rainha.
Eu dou um passo com o meu pé.
24. Causas do erro
O erro poderá ser um
indicador para verificar
aprendizagens que não foram
alcançadas.
Enumeração de causas dos erros ortográficos (Gomes, 1989, citado por
Azevedo,2000,p.69):
9 Causas psicológicas: memória, atenção, percepção, lateralidade;
ã Causas derivadas dos métodos de leitura seguidos;
l Causas relacionadas com o meio social do aluno: vocabulário,
hábitos de leitura;
r Causas relacionadas com um grande contacto com situações
predominantemente orais: conversação, audiovisuais, banda
desenhada;
u Dificuldades da própria língua.
25. Como proporcionar o acesso à
norma ortográfica:
A acção do professor em enfatizar a presença de
sons que nem sempre são ditos “exp`riência vs
experiência”.
Exercitar a separação das sílabas.
A consciencialização da existência de palavras que
habitualmente se pronunciam de forma muito
diferente daquela como são escritas.
26. Análise das incorrecções
ortográficas
Incorrecções Exemplos
por transcrição de formas de oralidade “ auga por água”
corrente
Inobservância de regras ortográficas “omde por onde” moito por muito”
de base fonológica
Inobservância de regras ortográficas “fomus por fomos”; “gostão por gostam” ;
de base morfológica “compru por compro”
Quanto à forma ortográfica específica “ ospital por hospital”; caicha por caixa”
das palavras
Incorrecção quanto à acentuação “amavel por amável” ; “hà por há”
Inobservância da unidade gráfica da “de pois por depois” ; guarda chuva por
palavra guarda-chuva”
Incorrecção quanto à translineação “ turi-stas por tu-ris-tas”
27. Tipologia de erros
Desvios Relação assistemática som/grafia; translineação;
ortográficos acentuação; uso de maiúsculas e minúscula e vice-
versa;pontuação
Desvios fonéticos Inserção, omissão; inversão; substituição
Desvios Segmentação ou delimitação de
morfológicos palavras;flexão;derivação
Desvios morfo- concordância
sintáctico
Desvios sintácticos Alteração da ordem dos constituintes
Desvios sintáctico- Subcategorização, restrições de selecção;omissão de
semânticos constituintes
Desvios semânticos Construção da referência nominal, construção da
referência temporal e aspectual; conectores, semântica
lexical
28. Correcção:
Dez Conselhos ao Professor ( Cassany,1993,
citado por Azevedo,2003)
ð Corrige somente o que o aluno pode aprender.
o Corrige no momento exacto do erro.
t Se possível, corrige as versões prévias ao texto.
r Não faças todo o trabalho de correcção.
Dá instruções concretas e práticas.
n Dá tempo para que os alunos possam ler e comentar as correcções.
e Se puderes, fala individualmente com cada aluno.
Dá instrumentos para que os alunos possam auto-corrigir-se.
p Não tenhas pressa em corrigir tudo.
a Utiliza a correcção como um recurso didáctico.
29. Considerações Finais
Os alunos têm de ser implicados na
aprendizagem da ortografia!
O ensino da ortografia tem de ser sistemático e
orientado.
Tem de haver tempo no horário curricular para a
aprendizagem da ortografia.
Uma das vias para a aprendizagem da ortografia é
a leitura, mas…
Somente ler, não Chega!
30. Para garantir o sucesso na
aprendizagem da linguagem escrita
Não separar as
actividades de
decifração do
verdadeiro sentido da
leitura:
Compreensão do
texto
33. Desafios de Leitura
Ler para desenhar
Ler para colorir
Ler para cumprir ordens
Ler para descobrir diferenças
Ler para pôr em ordem (frases, textos)
Ler para completar textos lacunados
34. Desafios de Leitura
Ler para encontrar elementos piratas
Ler para contar um segredo
Ler para fazer corresponder imagens a legendas
(palavras, frases, textos)
Ler para…
35. Desafios de Leitura
Ler textos para completar com recurso à escolha
entre duas palavras
O João ______ à floresta foi/está
Lá, ele viu ____ árvore enorme um/uma
Em cima da árvore estavam
muitos ________ pássaros/pássaro
36. Desafios de Leitura
Ler textos para completar
Era uma vez uma menina muito _____________
O ____________ dela é Joaninha
Joaninha tem _________ louro, olhos _______
e um sorriso ____________.
Ela gosta muito de brincar com _________, etc.
37. Actividades de treino
Discriminação visual rápida
Identificação de palavras
Apresentam-se objectos em cima da mesa, ou numa
boca de cena de uma casinha de fantoches, ou no ecrã
de uma televisão. Vão-se introduzindo alterações que
as crianças devem descobrir. Dizer se um elemento
mudou, se o outro está a mais, se há um intruso.
38. Discriminação visual rápida e identificação
de palavras
Mostrar um cartão com uma palavra. A seguir mostrar
um pequeno texto. As crianças devem dizer se a
palavra está ou não no texto. A mesma coisa com um
elemento de uma imagem.
Encontrar uma palavra
numa lista vertical
numa lista horizontal
num texto
Descobrir quantas vezes uma palavra surge num texto
39. Discriminação visual rápida e identificação
de palavras
Descobrir uma palavra parasita numa lista
por temas
por regularidades (letra, sílaba)
Fazer corresponder legendas a imagens
Identificar e memorizar palavras
Mostra um cartão com uma palavra
Dá-se uma ficha com várias palavras
Circundar a palavra igual à do cartão
40. Discriminação visual rápida e identificação
de palavras
Reconhecer palavras entre formas parecidas
Mostrar um cartão com a palavra e entre formas
muito parecidas as crianças deverão encontrar o
que é igual
Exemplo: ruído / roído
bola / bolha
Reproduzir uma palavra de memória
Descobrir palavras que, num texto, estão em letra
diferente, cor diferente, tamanho diferente
41. Sistematização
Trabalho sobre correspondências fonema – grafema
que levantam problemas
- procurar palavras com o som em causa
- listagens
- construção de frases
- quadros silábicos
- formulação de regras
- afixação de regras com cartazes
- exercícios de lacunas
42. Sistematização
Revisão dos grupos de palavras mais frequentes.
Exemplos:
No recreio podemos brincar à bola
ao pé coxinho
ao pião
à macaca
ao berlinde
43. Sistematização
Podemos beber uma chávena de leite
um copo de água
uma chávena de chocolate
um sumo
O João veste uma camisola azul
A Maria umas calças pretas
O… um blusão vermelho
A…
44. Sistematização
Localização de informação no meio circundante:
no quadro
em cartazes
em listas
em textos expostos
o passeio descoberta
51. Bibliografia
AZEVEDO, Flora (2000). Ensinar e Aprender a Escrever – Através e
para além do erro. Porto: Porto Editora
SILVA, M.E. . A escrita de textos da teoria à prática. In Sousa, O. & A.
Cardoso (ed). Desenvolver competências em Língua Portuguesa.
Lisboa:Cied;1-32
Sim-Sim, I. (1998).Lisboa: Universidade Aberta.
BAPTISTA,A;Viana,L:Barbeiro,L. (2008). O Ensino da Escrita:
Dimensões gráfica e ortográfica. Lisboa: Ministério da Educação
(documento policopiado)
51