2. Neste livro, o autor Jean Piaget, inicia abordando a
tarefa de tentar julgar o desenvolvimento da educação e
da instrução no decorrer dos últimos trinta anos.
Até 1960, respira-se um notável otimismo nos meios
educacionais, existe a opinião generalizada de que as
reformas empreendidas serão um instrumento eficaz
para o desenvolvimento científico e para mudança
social. O interesse generalizado pelos temas
educacionais e o desenvolvimento considerável dos
meios econômicos concedidos à pesquisa e às
reformas neste campo vão imprimir um grande impulso
nas ciências da educação, entre estas a psicologia
educacional.
3. Por volta de 1975, a época dourada parece ter
terminado, a crise econômica que se instala em
nível mundial e a tensão com ameaça de
confronto direto, provocam uma restrição
considerável nos auxílios destinados à
pesquisa e às reformas educacionais.
4. Traçando o desenvolvimento da educação e da
instrução desde 1935 até aos nossos dias, constata-se
um imenso progresso quantitativo da
instrução pública e um progresso qualitativo em
determinados locais, principalmente nos pontos em
que mais foram favorecidos pelas múltiplas
transformações políticas e sociais.
Mas o autor põe em questionamento por que a ciência
da educação tem avançado tão pouco em suas
posições em comparação com as renovações profundas
ocorridas na psicologia infantil e na própria sociologia,
além do que não foi capaz de produzir uma elite de
pesquisadores que fizessem da pedagogia uma
disciplina, ao mesmo tempo científica e viva, como
ocorre com todas as disciplinas aplicadas que
participam simultaneamente da arte e da ciência.
5. Três problemas centrais, cuja solução está longe de ser
alcançada e questiona-se como serão resolvidos, com a
colaboração dos mestres ou uma parte deles:
2) Qual o objetivo desse ensino? Acumular conhecimentos úteis,
mas em que sentido são úteis? Aprender a aprender? Aprender
a inovar, a produzir o novo em qualquer campo tanto quanto no
saber? Aprender a controlar, a verificar ou simplesmente a
repetir?
2) Resta ainda determinar quais são os ramos (ou o detalhe dos
ramos) necessários, indiferentes ou contra indicados para
atingi-los: os da cultura, os do raciocínio e, sobretudo os ramos
da experimentação, formadores de um espírito e descoberta e de
controle ativo.
3) Escolhidos os ramos, resta afinal conhecer suficientemente as
leis do desenvolvimento mental para encontrar os métodos mais
adequados ao tipo de formação educativa desejada.
6. Obstáculos sociais que impedem os mestres de se dedicarem à
pesquisa de conhecimentos elementares:
Primeiro, que a pedagogia é, entre outras, uma ciência e das mais
difíceis, devido à complexidade dos fatores em jogo.
Em segundo, o mestre-escola deve limitar –se a um programa e
aplicar os métodos que lhe são ditados pelo Estado, não
restando dúvida que os ministérios de educação são, sobretudo,
constituídos por educadores, mas que apenas administram, não
lhes restando tempo para pesquisa e freqüentemente recorrem
a consultar os Institutos de Pesquisas.
Em terceiro comparam as sociedades pedagógicas com as
sociedades médicas ou jurídicas com as sociedades de
engenheiros ou de arquitetos e por final,
Em quarto lugar o essencial, a preparação de mestres não tem
qualquer relação com as faculdades universitárias
7. O construtivismo piagetiano vê o desenvolvimento da
inteligência enquanto uma construção progressiva
de estruturas cada vez mais amplas e diferenciadas.
O desenvolvimento do conhecimento evidencia que
ele não se reduz a estruturas inatas, nem à
estimulação do meio, mas é uma construção do
próprio sujeito. Essa construção é de caráter
dialético, pois o Homem transforma a realidade
agindo diretamente sobre ela e, ao agir também se
modifica: é o aspecto interacionista da sua teoria.
8. Pressupondo, uma concepção de que a inteligência e
a liberdade são dois pólos do mesmo processo: um é
função do outro, é preciso liberdade para agir a fim de
que a inteligência se desenvolva e esta precisa se
sentir livre de impedimentos para por em prática os
procedimentos de ação. A liberdade, enquanto uma
conquista que, numa dialética constante a ação e a
cognição, será uma das marcas do desenvolvimento.
9. Em condições nas quais o aluno é respeitado, portanto isentas
de autoritarismo, observa-se a forma como ele vai se
apropriando dos mecanismos necessários à autonomia, que irão
caracterizar no futuro seu comportamento de cidadão. Nota-se
no início do desenvolvimento (período pré-operatório) que o real
se impõe de forma absoluta. Assim, as limitações (restrições) do
real são vistas como necessárias (pseudonecessárias) e as
transformações como impossíveis (pseudoimpossibilidade). No
período operatório-concreto, a aquisição das primeiras
operações, graças à reversibilidade do pensamento, produzem
mudanças significativas.Algumas possibilidades de
transformação do real já podem ser vislumbradas, mas são
ainda de caráter limitado, pois têm como referência o real
concreto imediato. A inversão completa de sentido entre o real e
o possível só ocorrerá no período correspondente ao
pensamento operatório formal.
10. O raciocínio hipotético dedutivo permite que as deduções
superem o plano da realidade concreta e se realizem a partir de
enunciados hipotéticos. Portanto, esse tipo de pensamento que
caracteriza o adolescente e o adulto, mergulha o real do
universo das possibilidades ilimitadas. O real passa a significar
não mais do que uma fonte de proposições (pensamento
proporcional) as quais ligadas logicamente entre si permitem
que uma hipótese seja deduzida de outra, sem referência
obrigatória ao real concreto(operações sobre operações),
podendo estas proposições serem combinadas de várias
formas(sistema combinatório). Sendo assim, a autonomia se
impõe como uma necessidade a todas as formas de conduta
humana, porque todas as categorias serão conhecimento serão
englobadas num único sistema.
11. O momento no qual ocorre à inserção do jovem na
sociedade adulta corresponde, pelo menos é o que se
espera teoricamente, à aquisição das estruturas
formais de inteligência. A reversibilidade o faz sentir-
se em condições de igualdade em relação aos
adultos, desejando participar dos processos de
tomadas de decisões e assumir responsabilidades
individuais e sociais. O pensamento hipotético-
dedutivo lhe permite afastar-se da situação concreta
atual, projetar-se para o futuro e através da reflexão,
elaborar uma hipótese a partir da outra.
12. Em razão dessas características que levam o
pensamento formal à não tolerar contradições, o
adolescente torna-se essencialmente um teórico,
atribuindo ao seu pensamento um poder messiânico
capaz de transformar a sociedade por si só, ele se
sente como que convocado a desempenhar o papel
de salvador da sociedade. Esse entusiasmo
excessivo pela capacidade emergente
de “teorizar” a realidade gera um tipo superior de
egocentrismo, mas que será superado à medida que a
participação nos grupos sociais se apresentar como
necessária, o que provocará a desconcentração do
adolescente.
13. Piaget coloca, se quisermos atingir os objetivos
traçados para a educação precisamos construir uma
escola onde o aluno possa se apropriar ativamente do
conhecimento, sem as restrições autoritárias tão
comuns nas normas disciplinares, nas avaliações, na
crença (ou descrença) sobre a capacidade do aluno,
nas relações interpessoais estabelecidas na escola.
14. Para concluir, sobre o ensino profissional, com
exigências como uma ampliação dessa forma de
englobar essa preparação escolar, teórica e,
sobretudo prática, compreendendo o maior número
de profissões possíveis e não somente aquelas cuja
especialização técnica exigisse desde longo tempo
uma formação escolarizada, de outro lado, um
enriquecimento interno dos programas concebidos,
de maneira a fornecer aos futuros profissionais uma
cultura geral aumentada, tendendo mesmo a reunir
um vasto fundo comum a todas as formas de ensino
de nível secundário.