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IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL”
Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5
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AS BASES TEÓRICAS E LEGAIS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA PÚBLICA NO 
BRASIL PÓS‐1990 
 
Paula Roberta Miranda  
(Colégio Estadual Rodrigues Alves) 
paulinharmiranda@hotmail.com 
 Adriana Pasquini 
adrianapasquini@hotmail.com 
 (NRE‐ MGA) 
 
Resumo 
As discussões sobre a gestão democrática da escola pública remontam à década de 1980, período em que o país saía 
de um regime ditatorial. No entanto, só foi reconhecida legalmente a partir de sua implementação na Constituição 
Federal de 1988. Para se compreender as bases teóricas e legais da gestão democrática da educação e da escola 
pública, é necessário um olhar histórico das condições, políticas e econômicas que determinaram sua implementação. 
Este trabalho tem como objetivo analisar as bases teóricas e legais da gestão democrática da escola pública no Brasil, 
propondo  uma  reflexão  crítica  do  processo  de  ressignificação  que  termos  tais  como  autonomia,  participação  e 
descentralização, que outrora compuseram as bandeiras de luta e os princípios norteadores da gestão democrática, 
assumiram no contexto em que se efetivaram as políticas neoliberais a partir de 1990 bem como da influência e o 
impacto das agências internacionais na educação brasileira. Para tal discussão, tomaremos como recorte histórico o 
contexto social, político, econômico e educacional da década de 1970 até os dias atuais, explicitando o novo modelo 
de gestão, adotado, sobretudo, com a reforma do Estado. Os procedimentos utilizados envolveram a análise e leitura 
de importantes autores que têm, em seus trabalhos acadêmicos, valiosas contribuições acerca da história da educação 
brasileira, em destaque para os documentos oficiais tais como a Constituição Federal de 1988, e a Lei de Diretrizes de 
Bases da Educação nacional de 1996 que inauguraram as discussões da Gestão Democrática no Brasil na elaboração 
de políticas públicas voltadas à gestão escolar democrática nesse novo cenário. As análises permitem compreender 
que  a  gestão  democrática  e  as  políticas  públicas  propagada  nesse  novo  cenário  estão  em  articulação  com  os 
interesses  e  princípios  neoliberais  e  não  com  a  perspectiva  de  transformação  oriunda  das  lutas  populares  que 
compuseram  o  cenário  sócio‐econômico  brasileiro  de  1980.  Consideramos  a  ressignificação  dos  conceitos  de 
participação, autonomia e descentralização como um importante mecanismo de manobra das elites dominantes ao 
processo de “democratização” do Estado Brasileiro, em detrimento da valorização dos embates patrocinados pelos 
grupos defensores da democratização do acesso à educação. Concluiremos esse artigo, enfatizando que a luta pela 
gestão democrática na educação está na arena de luta das classes sociais, uma vez que, ao estabelecer uma relação 
dialética com a realidade, compreende o homem como ser histórico, que sofre os condicionantes da realidade, mas 
que traz consigo a capacidade histórica de nela intervir. A escola, como lócus privilegiado de aprendizagem, deve 
garantir a viabilização de mais esse espaço de aprendizagem, ou seja, a gestão democrática deve buscar meios de 
efetiva participação com todos os limites que a sociedade complexa e neoliberal impõe.  
Palavras‐Chave: Educação. Política Pública. Gestão Democrática. 
 
Introdução 
A sociedade contemporânea tem passado por profundas transformações de caráter social, 
político, econômico e cultural. Essas transformações são oriundas das mudanças que ocorrem no 
mundo  do  trabalho  e  tem  norteado  a  elaboração  e  a  execução  das  políticas  públicas  sociais, 
especialmente a educação. 
 
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A  Gestão  Democrática,  como  princípio  norteador  da  educação  nacional,  por  estar  no 
interior desse contexto também está afeta a todas essas mudanças. Isto porque, como política 
pública social não está dissociada do contexto mais amplo da qual se inserem. 
As  discussões  que  envolvem  a  problemática  da  gestão  democrática  da  escola  pública 
remontam à década de 1980, período em que o país saía de um regime ditatorial (1964‐1985), 
reclamando por relações mais democráticas. No entanto, só foi reconhecida legalmente a partir de 
sua implementação na Constituição Federal de 1988. 
Para se compreender as bases teóricas e legais da gestão democrática da educação e da escola 
pública, é necessário um olhar histórico das condições, políticas e econômicas que determinaram 
sua implementação. No contexto político‐econômico de sua elaboração, a CF/88 expressou uma 
bandeira de luta que já vinha sendo empunhada desde o início da década 1980, o qual tinha como 
princípios fundamentais a autonomia, a descentralização e a participação da comunidade escolar, 
inclusive nos processos decisórios e na elaboração das políticas educacionais. No entanto, nota‐se 
no contexto da prática atual que tais conceitos foram ressignificados a partir da consolidação dos 
ideais neoliberais fundamentados nas agências internacionais, estando as políticas educacionais 
geradas  a  partir  desse  movimento  em  consonância  com  as  diretrizes  dos  organismos 
internacionais, como o Banco Mundial e FMI, balizadores dessa nova organização social. 
Intentamos nesse  trabalho,  realizar uma  análise  crítica dos  processos  de  ressignificação 
que  a  autonomia,  participação  e  descentralização,  conceitos  que  outrora  compuseram  as 
bandeiras  de  luta  do  processo  de  redemocratização,  e  os  princípios  norteadores  da  gestão 
democrática, assumiram no contexto em que se efetivaram as políticas neoliberais a partir de 
1990, bem como da influência e o impacto das agências internacionais na educação brasileira. 
Nossas análises permitem compreender que as políticas públicas propagadas nesse novo discurso 
estão  em  articulação  com  os  interesses  e  princípios  neoliberais  e  não  com  a  perspectiva  de 
transformação oriunda das lutas populares, que compuseram o cenário sócio‐econômico brasileiro 
de 1980.  
Não obstante, a natureza desse trabalho impôs a delimitação do período. Optamos pelas 
décadas de 1970 até os dias atuais, explicitando o novo modelo de gestão em que se inserem tais 
conceitos, sobretudo, a partir de 1990, pois foram anos de intensas transformações nos âmbitos 
 
IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL”
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econômicos, políticos, sociais e culturais. Finalizaremos esse trabalho, enfatizando os enfrentamentos 
que  devem  ser  realizados  na  escola  pública,  quando  se  prima  pela  formação  humana 
emancipadora. 
 
Contexto internacional, redemocratização brasileira e a gestão democrática 
 
As  propostas  do  capitalismo  internacional  têm  sido  efetivadas  nos  países  em 
desenvolvimento  com  o  mesmo  rigor  com  que,  outrora,  a  colonização  impingiu  aos  povos 
dominados suas características políticas, culturais e sociais. A crise estrutural do capitalismo, no 
final  da  década  de  1960,  marcou  o  fim  da  chamada  era  do  Ouro  do  capital  e  o  declínio  do 
chamado socialismo real. O modelo que se firmava na intervenção maciça do Estado na economia, 
tal qual expõe Minto (2006), desgastou‐se frente aos avanços tecnológicos que fizeram sucumbir à 
necessidade  de  grande  contingente  de  trabalhadores,  agravando  sobremaneira  os  índices  de 
desemprego. A lógica perversa do mercado que, até então, sustentara as nações capitalistas já não 
contemplava a grande massa populacional, causando estragos no orçamento estatal. 
No entanto, longe  de significar o fracasso do modelo capitalista, o desequilíbrio que se 
seguiu fez surgir um novo modelo político‐econômico, originando as condições subjetivas para que 
o projeto do neoliberalismo se firmasse. Os países ricos, que sempre comandaram a economia 
internacional, por meio do FMI e do Banco Mundial, recorreram às reformas propugnadas por esta 
ideologia sob o argumento de que assim se consolidaria a democracia e retomaria a capacidade de 
crescimento do capital. Propagaram‐se as propostas neoliberais: a privatização (transferência de 
patrimônio  e  ativos  públicos  produzidos  pelo  Estado  para  empresas);  a  liberalização  das 
economias; a elevação das taxas de juros; o rebaixamento de impostos sobre rendimentos altos; a 
flexibilização dos mercados com abertura ao capital estrangeiro e internacionalização do mercado 
interno;  a  criação  de  maciças  taxas  de  desemprego  e  ataque  às  legislações  trabalhistas  para 
rebaixar os salários, a fim de enfraquecer as organizações sindicais e diminuir as responsabilidades 
do Estado no que concerne às questões sociais. 
Com  o  fim  da  Ditadura  Militar  no  Brasil,  tal  modelo  encontrou  um  espaço  favorável, 
especialmente a partir de 1990, uma vez que os discursos neoliberais fizeram ecoar os princípios 
 
IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL”
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da  democracia  e  do  acesso  aos  direitos  sociais  universais,  sobretudo  no  que  diz  respeito  ao 
discurso da universalização do ensino, já que a dinâmica da produção capitalista necessitava de 
trabalhadores  capacitados.  Obviamente,  as  contradições  que  se  avizinham  a  esse  modelo 
econômico só se tornaram conhecidas após a implementação de suas propostas privatistas. 
Em meio à reestruturação que se firmava na Europa e nos Estados Unidos, os países em 
desenvolvimento tiveram sua economia devastada pelo financiamento do capital externo. Longe 
de promover e assegurar os direitos fundamentais aos “cidadãos”, a política neoliberal agravou 
intensamente os problemas sociais brasileiros. 
Segundo  Minto  (2006),  a  década  de  1980  ficou  conhecida  como  “década  perdida”,  em 
comparação ao período denominado “milagre brasileiro”, um período em que se acreditava ter 
sido marcado por intenso crescimento econômico, uma negativa, contudo, dos transtornos sociais 
causados  pelo  militarismo.  A  semente  do  engajamento  social,  contudo,  germinara  entre  os 
movimentos sociais que visavam o aumento do controle público sobre o Estado e, mesmo que tais 
anseios não tenham sido alcançados, é mister lembrar que a gestão democrática nos mais diversos 
níveis e sistemas de ensino tornou‐se a principal “bandeira” na luta dos movimentos educacionais, 
inaugurando  um  novo  ciclo  de  discussões  e  propostas  acerca  dos  encaminhamentos 
administrativos das escolas e universidades brasileiras. 
Ao  longo  dos  anos,  entretanto,  conforme  ressalta  Oliveira  (2006),  as  reflexões  sobre  a 
gestão  democrática no  ensino  superior  ficaram  à  margem  das  lutas  concernentes  à  educação 
básica. 
Todavia, a importância desse momento histórico ainda reside no resgate da participação 
popular conforme evidenciam as principais reivindicações dos movimentos em prol da educação, 
destacadas por Minto (2006): a constituição orgânica de um efetivo sistema nacional de educação; 
a  concepção  de  educação  pública  e  gratuita;  a  educação  como  um  direito  público  subjetivo, 
assegurado pelo Estado. 
Da mesma forma, em se tratando de gestão e administração escolar, as reivindicações mais 
importantes  podem  ser  resumidas  em:  descentralização  administrativa  e  pedagógica;  gestão 
participativa na educação; eleições diretas (com voto secreto) para dirigentes de instituições de 
ensino; constituição de comissões municipais e estaduais de educação autônomas e amplamente 
 
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compostas  para  acompanhamento  e  atuação  nas  políticas  educativas,  supressão  do  Conselho 
Federal  de  Educação,  de  cunho  marcadamente  privatista,  colegiados  escolares  eleitos  pela 
comunidade, com o intuito de frear as arbitrariedades perpetradas pela administração do sistema 
e da escola. 
No  plano  das  reformas  democráticas  do  Estado  Brasileiro,  pode‐se  destacar  a  esfera 
Legislativa,  no  qual  imbuído  dos  ideais  democráticos,  José  Sarney  inicia  o  processo  de 
redemocratização  do  país  pela  esfera  do  Legislativo,  uma  vez  que  a  forma  de  se  garantir 
mecanismos e conteúdos democráticos e na forma da lei. Em outubro de 1988, promulga‐se a 
Carta Magna, consolidada no âmbito dos direitos civis e sociais. No entanto, cabe esclarecer que a 
promulgação da Constituição de 1988 foi delineada em meio aos profundos debates correntes que 
buscavam mudanças mais efetivas no campo educacional. Desses grupos distintos, destacam‐se 
dois: os que defendiam a priorização da qualidade do ensino público e o setor das instituições 
privadas, que buscavam garantias constitucionais de manutenção e apoio financeiro. 
No  bojo  das  discussões  entre  os  grupos  referidos  acima  estão  ainda,  os  princípios 
fundamentais da gestão democrática, uma vez que os defensores da escola pública defendiam a 
participação  de  toda  a  comunidade  escolar  na  administração  da  instituição  de  ensino,  em 
contraposição  aos  interesses  das  escolas  privadas  que  pretendiam  minimizar  tais  espaços  de 
participação. O fato é que a gestão democrática está contemplada na Constituição Federal de 
1988,  embora  tal  conceito  ainda  se  configure  uma  teoria  abstrata  no  contexto  das  ações 
educacionais, especialmente porque não define, nem estabelece critérios para o modo como se 
aplicaria  tal  prerrogativa.  Além  disso,  absteve  as  instituições  privadas  da  adequação  à  gestão 
participativa. 
Nesse contexto, há que se lembrar que todo processo legislativo apresenta‐se num espaço 
de disputa e interesses antagônicos, portanto, a lei expressa a síntese dessas disputas. Contudo, é 
importante ter presente que as políticas educacionais na década de 1980 foram traçadas segundo 
as  concepções  e  entraves  oriundos  dos  interesses  e  das  necessidades  das  escolas  públicas  e 
privadas do país que buscavam cada grupo a seu modo, estabelecer novas relações com o poder 
público. 
 
 
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Reforma do Estado e a influência dos organismos internacionais na educação brasileira: uma 
pseudo gestão democrática 
 
Porém, passado o momento de efervescência política, os governos da nova democracia – 
Collor de Mello e Itamar Franco (90‐94) iniciam o processo de inserção da economia brasileira na 
economia mundial e globalizada, aderindo às novas estratégias econômicas baseadas no modelo 
Tatcher (Inglaterra), cujas orientações econômicas foram a liberalização da economia, abertura 
econômica internacional, políticas de privatização e austeridade fiscal. 
No entanto, é no governo de Fernando Henrique Cardoso que esse processo tem sua total 
consolidação a partir do fortalecimento de alianças com gestores internacionais já firmadas desde 
1980, com o Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional. A partir de então, os organismos 
internacionais  passam  a  intervir  diretamente  na  economia  e na  educação brasileira levando  o 
Brasil a compartilhar das novas estratégias econômicas e políticas traçadas pelos países centrais 
por meio de acordos técnicos e financeiros.  
Os organismos internacionais e multilaterais são organizações fundadas a partir da noção 
de  interdependência  e  de  cooperação  internacional.  Muitos  desses  órgãos  são  de  caráter 
financeiro  e  concedem  empréstimos  aos  países  em  desenvolvimento  à  custa  de  significativas 
influências na economia e nas políticas sociais desses países (Ex. FMI, BIRD). Outros desses órgãos 
apresentam características peculiares e mantém suas influências por meio de normas e pareceres 
que  devem  ser  seguidos  por  todos  os  países  que  formam  a  organização.  Essas  agências  de 
regulação são diretamente filiadas a Organização das Nações Unidas (ONU) e foram criadas para a 
promoção do desenvolvimento econômico dos países subdesenvolvidos, no sentido de contribuir 
para a superação de sua condição de país capitalista retardatário (NOGUEIRA, 1999).   
A expressão interna para atender as recomendações das políticas neoliberais foi a criação 
do  Ministério  da  Administração  e  Reforma  do  Estado  (MARE),  criado  em  1995,  tendo  como 
ministro Bresser Pereira. O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado caracterizou‐se por 
uma redefinição do papel do Estado e nas suas modalidades de intervenção, enquanto agente 
provedor das políticas públicas sociais. A reforma, segundo Lima (2004) foi realizada em todas as 
esferas da sociedade instaurando um novo modo de administração pública e gestão da educação.  
 
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É importante destacar que num contexto global, as reformas significaram um conjunto de 
medidas corretivas com plano de ajuste estrutural orientado por vários gestores internacionais, 
como a ONU, UNESCO, CEPAL e BM, que se organizaram em reuniões e conferências para discutir 
a situação dos países do terceiro mundo, sobretudo, os prejudicados pela Guerra. 
O Brasil, enquanto país signatário dessas conferências adota tais medidas sob a justificativa 
de que o não desenvolvimento do país estaria no alto índice de analfabetismo e administração do 
país. Nesse sentido, é salutar a compreensão do papel que certos organismos internacionais têm 
no desenvolvimento dos países pobres e sua influência sobre suas políticas. Dentre eles podemos 
destacar a participação da UNESCO, UNICEF e BM no desenvolvimento de diretrizes da educação 
(EVANGELISTA, SHIROMA e MORAES, 2001). 
No Brasil, simultaneamente a reforma do Estado, é implementada a reforma educacional 
que  teve  início  com  Itamar  Franco  com  a  elaboração  do  Plano  Decenal  de  Educação  e 
efetivamente implementado a partir do governo FHC. A reforma estava em consonância com os 
acordos firmados na Conferência de Ministros da Educação e Planejamento Econômico, ocorrida 
no México em 1979 e na Conferência de Jomtien, em 1990, na Tailândia – Conferência Mundial de 
Educação para Todos, na qual 155 governos assumiram o compromisso de assegurar a educação 
básica de qualidade para crianças, jovens e adultos. 
Para Evangelista, Shiroma e Moraes (2001), a Declaração Mundial de Educação para Todos, 
aprovada no final da Conferência, foi o marco a partir do qual os nove países com maior índice de 
analfabetismo do mundo foram levados e desencadear ações para a consolidação dos princípios 
acordados  na  Declaração  de  Jomtien.  A  conferência  funcionou  como  espaço  de  difusão  das 
políticas internacionais para a educação. O Brasil buscou cumprir os compromissos firmados em 
Jomtien por meio do Plano Decenal de Educação. 
Nesses  termos,  o  Plano  Decenal  de  Educação  é  a  expressão  brasileira  do  movimento 
mundial organizado pela UNESCO, BIRD e BM e assumido pelo Brasil como orientador das políticas 
públicas para a educação resultando na reforma educacional dos anos 90, realizada em todos os 
níveis e modalidades, produzidos por especialistas e pesquisadores afinados com o compromisso 
assumido pelas autoridades políticas brasileiras em todas as áreas de ação do Estado. 
 
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A educação, enquanto fenômeno social não ficou de fora das mudanças do contexto social 
e econômico mundial, passando a ser considerada o ponto fulcral para a inserção dos países em 
desenvolvimento  na  atual  conjuntura  produtiva  e  competitiva.  Assim,  o  papel  e  a  função  da 
educação  assumem  novos  contornos  exigidos  pelo  atual  momento  político  e  econômico 
ocasionando uma onda de reformas em todos os níveis de ensino com o objetivo de ajustá‐las às 
novas exigências do mercado. 
Apesar de o Brasil não ter tido as políticas de Bem Estar Social1
, ficaram claras, no plano da 
reforma,  as  intenções  do  presidente  em  consolidar  um  Estado  Mínimo2
,  por  meio  da 
racionalização  do  gasto  público  e  a  ascensão  da  educação  como  mola‐mestra  para  o 
desenvolvimento  sustentável,  mostrando,  com  isso,  que  não  ficou  de  fora  das  orientações  e 
estratégias  traçadas  pelos  organismos  internacionais,  que,  por  meio  dos  ajustes  estruturais 
orientam a elaboração das políticas públicas. 
O  plano  diretor  foi  caracterizado  pela  descentralização  administrativa,  pedagógica  e 
financeira.  Para  Lima  (2004),  descentralização  significa  a  transferência  do  poder  central  para 
outras  esferas  governamentais  e  setores  da  sociedade.  Isso  significou  a  transferência  de 
responsabilidades da União aos estados e municípios pela oferta e manutenção da educação em 
regime  de  colaboração.  Sobre  esse  aspecto,  o  autor  diz  que  se  trata  de  uma  democracia 
delegativa, uma vez que o Estado delega para outros entes federados e setores da sociedade a 
incumbência de oferecer e manter serviços sociais básicos como saúde, educação, aposentadoria, 
                                                           
1
 Estado de bem‐estar social ( Welfare State), também conhecido como Estado‐providência, é um tipo de organização 
política  e  econômica  que  coloca  o  Estado  (nação)  como  agente  da  promoção  (protetor  e  defensor)  social  e 
organizador  da  economia.  Nesta  orientação,  o  Estado  é  o  agente  regulamentador  de  toda  vida  e  saúde  social, 
política e econômica do país em parceria com sindicatos e empresas privadas, em níveis diferentes, de acordo com a 
nação em questão. Cabe ao Estado do bem‐estar social garantir serviços públicos e proteção à população. 
2
  O  Estado  mínimo  é  um  termo  derivado  das  consequências  do  pensamento  oriundo  da  Revolução  Francesa  e 
Revolução Americana, que prega o liberalismo. A burguesia consegue após essas revoluções alcançar esse patamar e 
fazer com que o Estado interferisse minimamente. O Estado de intervenção mínima cuidava apenas da segurança 
interna e externa. Vários problemas começaram a surgir em razão desse Estado, principalmente após a Revolução 
industrial, que a burguesia passa a deter além do poder econômico, os meios de produção. Só então, começam os 
primeiros rumores, de que o Estado deveria também interferir no social. Disponível em: http://pt.wikipédia.com 
 
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etc. Neste momento, abrem‐se espaço para as Ongs, entidades, voluntários, Terceiro Setor 3
 e a 
iniciativa privada, que se encarregam de oferecer e manter esses serviços. 
Notamos claramente a consolidação de um projeto neoliberal para a sociedade brasileira, 
especialmente  a  educação  que,  sob  esses  pressupostos  é  obrigada  a  buscar  novas  fontes  de 
financiamento e parcerias. Vale destacar que o enfoque colocado na responsabilidade por seus 
aspectos financeiros, prevê que as instituições devam se auto‐sustentar, ou ter na melhor das 
hipóteses grande esforço para buscar recursos junto à comunidade ou junto à empresas. Esses 
novos atores, ao co‐financiarem a educação passam a exigir dela sua prestação de serviços, numa 
relação entre mercado e consumidores. Essa relação também se fortalece por meio da abertura de 
múltiplas instâncias de coordenação e debate dentro das instituições, passando então o gestor a 
ser um mero articulador dos vários atores dentro da instituição escolar, pois a “autonomia das 
instituições, responsabilidade pelos resultados, dinamismo dos atores, são questões cruciais na 
concepção de novas modalidades de ação educacional” (CEPAL & UNESCO, 1995 p. 135). Essa é 
uma condição, e salientam que: 
[...] para avançar na direção indicada é preciso, em primeiro lugar, garantir maior 
autonomia às unidades dos sistemas em causa, em seguida geram mecanismos 
flexíveis  de  controle  e,  finalmente,  incentivar  o  estabelecimento  de  múltiplas 
instâncias de coordenação e debate. (CEPAL & UNESCO, 1995 p. 223) 
 
Assim, a gestão democrática da educação passa pela estratégia da eficácia e da eficiência, 
uma vez que o governo apoia e promove a participação do Terceiro Setor na educação. Pablo 
Gentilli (2002) reafirma que a eficácia e a eficiência impingida na educação trata‐se de uma visão 
mercadológica da educação, transferindo‐a da esfera política para a esfera do mercado, negando 
sua  condição  de  direito  social  e  transformando‐a  em  possibilidade  de  consumo  individual, 
submetendo‐as às regras do mercado. 
A partir da elaboração do Plano Decenal de Educação, o Legislativo iniciou o processo de 
reforma  para  a  educação,  cujas  propostas  foram  desencadeadas  pelos  ajustes  estruturais,  por 
meio de políticas de focalização, descentralização e equidade. 
                                                           
3
 é uma terminologia sociológica que dá significado a todas as iniciativas privadas de utilidade pública com origem na 
sociedade civil. A palavra é uma tradução de Third Sector, um vocábulo muito utilizado nos Estados Unidos para 
definir as diversas organizações sêm vínculos diretos com o Primeiro setor (Público, o Estado) e o Segundo setor 
(Privado, o Mercado). Disponível em: http://pt.wikipédia.com 
 
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Na educação, as políticas de focalização significam a substituição do acesso universal aos direitos 
sociais  públicos,  para  um  processo  seletivo,  reduzindo  as  políticas  sociais  a  programas 
emergenciais de combate à pobreza, aumentando cada vez mais a segregação social. A política 
pública que deveria emanar necessariamente do Estado, perde totalmente essa característica, ou 
seja,  se  reveste  de  intencionalidades  que  de  modo  geral  tem  como  princípios  a  coesão  das 
desigualdades  geradas  pelo  próprio  sistema  capitalista  de  produção.  Buscam  estabelecer  os 
princípios da equidade, e não da igualdade, contribuindo apenas para diminuir as tensões entre os 
grupos  e as  classes  sociais. Embora  as políticas  públicas  devam  ser  o  resultado das demandas 
sociais,  é  fato  observar  que  elas  têm  exercido  o  papel  de  atenuar  as  desigualdades  sociais, 
mantendo o caráter da exploração dos trabalhadores, não rompendo com a lógica capitalista. 
Ao se considerar esse princípio, enfatiza‐se o ensino fundamental que se circunscreve ao 
básico  (ler,  escrever  e  contar),  cujo  objetivo  está  em  oferecer  um  ensino  para  nivelação  das 
massas.  Estimula‐se  a  conclusão  desse  nível  de  ensino  com  o  objetivo  de  “capacitar”  essa 
população, sobretudo a jovem, com as competências e habilidades necessárias para sua inserção 
no mercado produtivo e competitivo. 
Nesse  sentido  as  reformas  são  implementadas  com  objetivos  determinados  pelos  organismos 
internacionais,  que  tem  como  prioridade  o  crescimento  econômico.  Para  isso,  elaboram 
documentos que traçam as metas e estratégias as quais os países em desenvolvimento devem 
alcançar alinhando a escola à empresa.  
Seguindo  essa  lógica,  a  organização  da  escola  foi‐se  adaptando  à  flexibilização,  à 
criatividade, à racionalidade, ao reflexo e impacto da empresa, adequando‐se, como pôde à lógica 
do mercado, aproximando‐se cada vez mais a um ritmo empresarial, pois essa já era uma das 
diretrizes  nos  documentos:  “finalmente,  cabe  considerar  que  muitos  países  estão  procurando 
aproximar a educação da economia e o sistema educacional das empresas” (CEPAL & UNESCO, 
1995  p.  127).  Trata‐se  de  ter  como  princípio a  estreita  vinculação  entre  sistema  de  ensino  e 
empresa, como podemos observar: 
[...]  infere‐se que  os  princípios básicos  que orientam  uma  política  educacional 
bem‐sucedida parecem ser comuns nos diferentes casos nacionais: altos níveis de 
qualidade,  respeito  e  valorização  dos  professores  e  estreita  articulação  entre 
sistemas de ensino e empresa. (CEPAL & UNESCO, 1995 p.175). 
 
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Nessa  perspectiva,  a  gestão  democrática  da  educação  assume  os  contornos  da  gestão 
empresarial. No Plano Nacional, a LDB/96 prevê mecanismos de gestão democrática para a escola 
pública, por meio da descentralização pedagógica, administrativa e financeira. 
No plano pedagógico, a lei prevê em seu Art. 3º, inciso VII que as escolas devem ser geridas 
e administradas na forma da gestão democrática. Institucionaliza também a gestão democrática 
por  meio  da  participação da  comunidade  escolar  conferindo‐lhe  autonomia  para  elaborar  sua 
proposta  pedagógica,  calendário  escolar,  bem  como  conferindo‐lhe  progressivos  graus  de 
autonomia pedagógica e financeira. 
Para Vitor Paro (2007), a LDB/96 pouco avançou nos princípios da gestão democrática. O 
autor questiona a obviedade da lei, dizendo que a proposta pedagógica não poderia mesmo ser 
escrita por outros profissionais que não fossem a comunidade escolar. Afirma que a conquista da 
democracia  no  âmbito  escolar  foi  parcial,  pois  se  por  um  lado  favoreceu  a  participação  de 
professores, pais, alunos, comunidade na gestão escolar por meio de APMF, conselhos escolares, 
Grêmios estudantis, por outro, a gestão democrática ficou à mercê de diferentes interpretações e 
concepções de gestão democrática. 
No  campo  do  financiamento,  as  políticas  de  descentralização  instituíram  a  Emenda 
Constitucional 14/96 – FUNDEF, o qual prevê ao governo federal a redução de sua participação 
com a educação. Esse fundo, enquanto política educacional que à época foi considerada como a 
salvadora de todos os problemas da educação mostra as suas fragilidades. A ínfima valorização de 
recursos  destinados  para  o  ensino  fundamental  (1ª  a  8ª  séries),  escolas  especiais  e  rurais  de 
acordo com o número de matrículas não superou as necessidades educacionais em termos locais e 
regionais, bem como de acesso e permanência e manutenção do ensino. Ademais, deixou de fora 
outros  níveis  de  ensino,  como  o  ensino  médio  e  profissionalizante.  Quanto  à  formação  de 
professores,  os  recursos  foram  insuficientes  para  a  capacitação  dos  docentes  em  serviço, 
evidenciando que a formação de professores fica a patamares inferiores e que está à margem das 
prioridades governamentais, o qual o governo deixou de ser o provedor passando a exercer ação 
supletiva. 
A  política  de  descentralização  contida  na  EC14/96  prevê  a  transferência  de 
responsabilidade pelo governo federal, a qual reduz sua responsabilidade com a educação, tendo 
 
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em vista que este passa a aplicar apenas 30% dos recursos na manutenção e desenvolvimento do 
ensino. Antes da emenda, a União, Estados e Municípios estavam obrigados a aplicar igualmente 
50%; com a promulgação da emenda, Estados e Municípios foram obrigados a aplicar 60%. 
Com  isto,  se  antes  da  emenda,  a  situação  do  ensino  fundamental  encontrava‐se 
precarizada, agora ficou pior. A partir de 1988, Estados e Municípios são obrigados a criar fundos, 
bem  como  aplicar  projetos  para  sanar  as  “diferenças”  e  dificuldades  no  setor,  recorrendo  à 
sistematização de contribuições pela comunidade para co‐manutenção do ensino fundamental. 
As debilidades desse fundo foram expressas na elaboração do Plano Nacional de Educação 
(2001),  que  acabou  por  não  contemplar  as  reivindicações  da  sociedade,  que  lutavam  pelo 
fortalecimento da escola pública estatal e a plena democratização da gestão da educação. Isso 
implicaria na ampliação  dos  gastos  públicos  total  para a  manutenção  e o desenvolvimento do 
ensino. Porém, a proposta aprovada pelo projeto do Ministério da Educação e Cultura (MEC) que, 
sob orientação do Banco Mundial, insistiu na permanência da atual política educacional e nos seus 
dois pilares: máxima centralização, particularmente na esfera federal e o progressivo abandono, 
pelo Estado, de manter e desenvolver o ensino, transferindo‐o para a sociedade. 
O princípio da descentralização deve ser compreendido dentro da lógica de universalização 
do capitalismo. Trata‐se de uma concepção que tem como modelo o próprio mercado, e isso passa 
a  ser  o  parâmetro  de  organização  que  levará  os  países  periféricos  à  “modernização”,  pois  é 
estabelecido como meta, uma maior produção com menores custos possíveis, “equalizando” as 
diferenças e levando a todos à moderna cidadania:    
[...] a descentralização deve ser concebida e praticada de maneira que contribua 
para melhorar, e não, piorar, a equidade do sistema, única maneira de garantir 
sua  efetiva  contribuição para  a formação  de uma  cultura  comum  da moderna 
cidadania (CEPAL & UNESCO, 1995 p. 211). 
 
Visa‐se buscar soluções a partir da descentralização, nas relações de competitividade, e no 
esforço  em  angariar  recursos  da  realidade  circundante  para  auto‐manter‐se,  o  que,  segundo 
Oliveira (2001), estas formas de organização seriam as únicas capazes de instaurar a excelência em 
espaços antes dominados pelo paternalismo ineficiente do Estado.   
Seguindo a lógica da descentralização e cumprindo as determinações do Plano Nacional de 
Educação,  ainda  que,  sob  pressões,  inclusive  populares,  Luís  Inácio  Lula  da  Silva  promulga  a 
 
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Emenda Constitucional 53/2006 – FUNDEB que, apesar de contemplar a toda a educação básica, 
também apresentou suas fragilidades. Seus avanços podem ser notados no fato de que foram 
incorporadas a educação infantil e educação de jovens e adultos, todavia, continuou excluindo a 
educação profissional, pois a mesma só é atendida se estiver vinculada ao ensino médio. Oliveira 
(2009) ressalta que os recursos destinados à educação básica continuam sendo insuficientes para 
atender toda a especificidade da escola pública. Uma de suas fragilidades está no fato de que traz 
poucos  recursos  novos  à  educação,  uma  vez  que  apenas  redistribui  os  recursos  que  já  são 
constitucionalmente  vinculados  à  educação,  com  base  no  número  de  matrículas  da  educação 
básica, o que significa que uns municípios ganharão e outros perderão, na mesma proporção. 
Diante  disso,  podemos  depreender  que  as  reformas  educacionais  expressas  nos 
documentos legais como a CF/88, LDB, Fundef, PNE e Fundeb estão articulados com os interesses 
e diretrizes internacionais, preocupados mais com o imediatismo custo/benefício em detrimento 
da qualidade da educação e de se investir consistentemente na educação básica, logo, promovem 
a redução das garantias da qualidade na educação expressa na Carta Magna. 
 
Algumas considerações 
 
Em face do que discutimos até aqui, depreendemos que década de 1990 vivenciou um 
período  de  reformas  e  ajustes  estruturais  que  significou  um  processo  de  desconstrução  das 
conquistas sociais garantidas na CF/88, buscando o Estado se desvencilhar dos compromissos ali 
firmados, bem como engajar o país na ordem mundial, tornando‐o capaz de competir no mundo 
do mercado livre, adotando políticas neoliberais. 
Nesse contexto, Lima (2004) afirma que atravessamos a década de 1990 sem resolver os 
problemas  educacionais,  ao  contrário,  gerando‐se  outros  mais  graves,  como  a  violência  e  o 
descrédito  da  população  no  ensino  público.  Adentramos  o  século  XXI  sem  uma  política 
educacional  que  promovesse  a  qualidade  do  ensino  com  igualdade  para  todos,  mas  com  um 
profundo retrocesso dos direitos fundamentais.  
É fundamental termos a clareza do que apresentam as receitas prontas vindas de cima para baixo 
propostas  pelos  organismos  internacionais.  A  forte  influência  desses  organismos  na  educação 
 
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brasileira, sendo maior influente o BM, que funciona como instituição técnica e financeira tem 
sido o principal articulador dos pacotes educacionais. 
O governo brasileiro tem sido um seguidor sistemático dos pacotes importados, os quais 
estabelecem diretrizes para as políticas públicas na área educacional, que nem sempre respondem 
com  sucesso  às  metas  estabelecidas  por  estes  pacotes,  culminando  nos  altos  índices  de 
analfabetismo e exclusão social. 
Diante das questões aqui explicitadas, podemos depreender que a gestão democrática, tão 
propalada  na  década  de  1980  está  longe  de  se  consolidar,  isso  porque,  os  conceitos  como 
autonomia,  participação,  descentralização  foram  ressignificados  em  nome  de  um  projeto  de 
sociedade excludente e discriminatórias. Esses conceitos foram incorporados ao capitalismo e o 
que antes tinha caráter progressista, se torna conservador, neoliberal. Logo, a democracia que se 
busca  é  uma democracia  burguesa, neoliberal.  A descentralização, a  participação  se  configura 
como a desresponsabilização do Estado com as políticas públicas e a autonomia, é uma autonomia 
decretada, relativa, uma vez que se limita às imposições do capital. 
Considerando, pois, todas as discussões acerca do papel da escola na vida social brasileira 
notam‐se  a  prerrogativa  política  que  foi  auferida à  participação popular,  todavia,  avaliamos  a 
ressignificação dos conceitos de participação, autonomia e descentralização como um importante 
mecanismo  de  manobra  das  elites  dominantes  ao  longo  do  processo  de  “democratização” do 
Estado  Brasileiro,  em  detrimento  da  valorização  dos  embates  patrocinados  pelos  grupos 
defensores da democratização do acesso à educação. 
Sabemos que na sociedade de classes, o conceito de democracia nem sempre foi o mesmo, 
mas  acompanha  os  contornos  exigidos  pela  sociedade  em  determinado  momento  histórico.  O 
conceito de democracia cunhado pelo capitalismo se configura numa pseudo‐democracia, uma 
vez que não se aplica a todos, se apresentando apenas no campo das legislações, na letra da lei e 
não  no  contexto  da  prática  social  onde  as  políticas  públicas  são  elaboradas,  vivenciadas, 
experenciadas e interpretadas. 
As  políticas  públicas,  bem  como  as  leis  que  as  precedem  são  elaboradas  num  campo 
conflituoso, de disputas e embates sociais que se efetivam entre grupos sociais com interesses 
antagônicos e que, portanto, a elaboração dessas políticas são sínteses desses embates sociais que 
 
IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL”
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trazem consigo, em maior ou em menor grau, os anseios e os interesses de uma classe, que nem 
sempre é o da maioria. 
Sendo isso verdadeiro, é possível afirmar que a luta pela gestão democrática na educação 
também está nessa arena de luta das classes sociais, ou seja, para se tornar um projeto social 
hegemônico, precisa ter como base uma concepção dialética da realidade, aquela que considera a 
relação intersubjetiva entre o homem e o objeto de conhecimento e que compreende o homem 
como ser histórico, que sofre os condicionantes da realidade, mas que traz consigo a capacidade 
histórica de nela intervir. 
E, sendo a escola um lócus privilegiado de aprendizagem, ela deve garantir a viabilização de 
mais esse espaço de aprendizagem, ou seja, a gestão democrática deve buscar meios de efetiva 
participação e o envolvimento de toda comunidade e da sociedade no processo educativo, com 
todos os limites que a sociedade complexa e neoliberal impõe. 
Assim, a gestão democrática, a exemplo de outros modos de gestão encontra limites e 
condicionantes  políticos  que  interferem  diretamente  na  consolidação de  um  projeto  social  de 
educação  que  leve  em  consideração  os  interesses  da  maioria  e  não  da  minoria,  mas  que, 
igualmente, podem ser recriados na prática social.  
   O que percebemos, entretanto, pelas políticas educacionais de descentralização, das quais 
se  destacam  a  criação  dos  “fundos”  de  financiamento, a  propagação do  ideário  em  torno  da 
gestão  participativa  e  as  propostas  de  municipalização  do  ensino,  é  que  a  autonomização  da 
escola  significa,  ainda,  uma  tentativa  de  desresponsabilização  do  Estado.  É  importante,  então 
vislumbrar com maior criticidade os aparentes progressos dos processos inaugurados no seio da 
política capitalista. 
Tais  propostas  firmaram‐se  por  meio  de  conferências,  publicações,  financiamentos  de 
projetos que se configuraram por Lei de Diretrizes, Diretrizes Curriculares, Referenciais, Planos de 
Educação,  reestruturação  dos  livros  didáticos  e  inúmeras  outras  ações  que  promovem  a 
internalização desses valores, restando pouco espaço para a crítica e a construção de alternativas 
coletivas capazes de subjugarem tal projeto. 
Porquanto, é correto afirmar, como já diziam os estudos de Marx e Engels no século XIX, 
que  não  é  possível  desvincular  a  economia  da  educação,  porém,  o  foco  deve  ser  outro: 
 
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compreender  como  a  economia  interfere  em  todos  os  setores  da  vida  exigindo  de  todos  os 
sujeitos históricos um posicionamento e uma ação para a transformação, uma vez que, estando 
mantida a mesma lógica do sistema capitalista, ou seja, exploração, acumulação, concentração do 
lucro,  exclusão  social,  faz‐se  necessário  uma  ação  coletiva  em  prol  da  mudança  profunda  na 
estrutura da sociedade. 
Nesses termos, é imprescindível que todos saibam discernir os mecanismos pelos quais a 
prática neoliberal tem se mantido, perpetuando os ciclos de miséria e desigualdade social, a fim 
de que as “bandeiras” de luta defendidas pelos movimentos sociais não sejam violadas por um 
sistema que nos tem ludibriado a bel prazer. 
Decorre daí a importância de se desvelar o caráter ideológico implícito na elaboração de políticas 
públicas, a fim de não cairmos no engodo de que democratização, cidadania, autonomia e descentralização 
estejam sendo efetivadas em nossas instituições.  
Rossler  (2004)  colabora  nessa  discussão,  ao  argumentar  acerca  da  relação  entre  educação  e 
sociedade.  Afirma  que  a  educação  pode  cumprir  dupla  função  na  sociedade  capitalista:  reproduzir  as 
relações existentes, ou seja, atender aos objetivos da classe dominante, ou servir de instrumento de luta 
para os dominados, configurando seu caráter transformador: 
A educação deve ser vista como “produção ideológica”. E, assim, deve estar filiada 
a um movimento específico: ou se filia ao movimento de manutenção do status 
quo, a conservação da sociedade vigente, ou se filia ao movimento revolucionário 
de transformação e superação do atual estado de coisas, do quadro social. E isto 
posto que pode  desempenhar dois  papéis: ser arma  de  luta  e  instrumento de 
adaptação às relações vigentes ou de sua transformação (ROSSLER, 2004, p. 86‐
87). 
 
Compreendemos que além da função de possibilitar ao homem a humanização, por meio 
da transmissão dos conceitos científicos, a escola configura‐se como um local em que o processo 
de alienação, erigido por uma sociedade cindida em classes antagônicas, que se caracteriza na 
exploração  do  homem  pelo  homem  e  pelo  lucro  desmedido,  pode  ser  desmobilizado  e 
transformado.  Para  que  isso  se  efetive,  é  preciso  que  nós,  professores,  tenhamos  clareza  da 
concepção  de  educação  que  perpassa  esse  tipo  de  estrutura  societal,  qual  seja  a  educação 
direcionada para as exigências do mercado. 
Seguindo  o  fio  condutor  dessa  discussão,  compreendemos  que  o  trabalho  realizado  na 
escola  confere  aos  seus  principais  atores  ‐  professores,  alunos,  gestores,  funcionários  da 
 
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instituição escolar, a possibilidade de desenvolvimento da consciência humana, bem como da luta 
contra  a  alienação  que perpassa  a  vida dos  homens  e  mina  a  consciência  da  concretude  e  a 
acepção de serem sujeitos da história, responsáveis por seus atos e pela transformação do que 
está posto como algo imutável e eterno – a sociedade capitalista.  
Em  face  às  questões  aqui  explicitadas,  é  evidente  o  processo  de  ressignificação  que  a 
autonomia, participação e descentralização na perspectiva da gestão democrática assumiram na 
atual conjuntura sócio‐econômica, se distanciando em muito, dos horizontes almejados pelas mais 
variados  movimentos  e  organizações  sociais  da  década  de  1980.  Atualmente,  a  busca  pela 
superação  dessa  realidade  se  esbarra  nessas  novas  concepções  e  diretrizes  neoliberais  que 
infelizmente comandam os ideais de muitos dos educadores.  
Retomando a dupla função exercida pela instituição escolar, como já citada por Rossler 
(2004),  ao  mesmo  tempo  em  que  ela  é  disseminadora  de  idéias,  de  grande  valor  para  a 
manutenção  das  relações  sociais  de  produção  capitalista,  ela  representa,  junto  a  outros 
mecanismos, uma fonte de superação dessa sociedade, uma vez que, pautando‐se pelo viés crítico 
se debruça na historicidade e na materialidade abrindo a possibilidade de realizar a transformação 
objetiva na realidade concreta e nos homens que dela participam. 
 
Referências 
 
BOITO JUNIOR, A. Neoliberalismo e Burguesia. São Paulo: Xamã, 1999. 
 
BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.  Brasília: Senado Federal. 
 
BRASIL. Lei 9394/96. Brasília, 1996. 
 
BRASIL/  MARE.  Plano  Diretor  da  Reforma  do  Aparelho  do  Estado.  Brasília,  1995. 
(http://www.bresserpereira.org.br/Documents/MARE/PlanoDiretor/planodiretor.pdf) Acesso em 14 jun 2010. 
 
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MINTO, L. W. Administração escolar no contexto da nova república (1984...). Revista HISTEDBR On‐line. Campinas, 
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MORAES, R. Neoliberalismo: de onde vem, para onde vai? São Paulo, Senac, 2001. 
 
 
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VIEIRA, S. L. Política e Planejamento educacional. Fortaleza: Fund. Demócrito Rocha, 2001. 
 
 

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  • 1.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1418  AS BASES TEÓRICAS E LEGAIS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA DA ESCOLA PÚBLICA NO  BRASIL PÓS‐1990    Paula Roberta Miranda   (Colégio Estadual Rodrigues Alves)  paulinharmiranda@hotmail.com   Adriana Pasquini  adrianapasquini@hotmail.com   (NRE‐ MGA)    Resumo  As discussões sobre a gestão democrática da escola pública remontam à década de 1980, período em que o país saía  de um regime ditatorial. No entanto, só foi reconhecida legalmente a partir de sua implementação na Constituição  Federal de 1988. Para se compreender as bases teóricas e legais da gestão democrática da educação e da escola  pública, é necessário um olhar histórico das condições, políticas e econômicas que determinaram sua implementação.  Este trabalho tem como objetivo analisar as bases teóricas e legais da gestão democrática da escola pública no Brasil,  propondo  uma  reflexão  crítica  do  processo  de  ressignificação  que  termos  tais  como  autonomia,  participação  e  descentralização, que outrora compuseram as bandeiras de luta e os princípios norteadores da gestão democrática,  assumiram no contexto em que se efetivaram as políticas neoliberais a partir de 1990 bem como da influência e o  impacto das agências internacionais na educação brasileira. Para tal discussão, tomaremos como recorte histórico o  contexto social, político, econômico e educacional da década de 1970 até os dias atuais, explicitando o novo modelo  de gestão, adotado, sobretudo, com a reforma do Estado. Os procedimentos utilizados envolveram a análise e leitura  de importantes autores que têm, em seus trabalhos acadêmicos, valiosas contribuições acerca da história da educação  brasileira, em destaque para os documentos oficiais tais como a Constituição Federal de 1988, e a Lei de Diretrizes de  Bases da Educação nacional de 1996 que inauguraram as discussões da Gestão Democrática no Brasil na elaboração  de políticas públicas voltadas à gestão escolar democrática nesse novo cenário. As análises permitem compreender  que  a  gestão  democrática  e  as  políticas  públicas  propagada  nesse  novo  cenário  estão  em  articulação  com  os  interesses  e  princípios  neoliberais  e  não  com  a  perspectiva  de  transformação  oriunda  das  lutas  populares  que  compuseram  o  cenário  sócio‐econômico  brasileiro  de  1980.  Consideramos  a  ressignificação  dos  conceitos  de  participação, autonomia e descentralização como um importante mecanismo de manobra das elites dominantes ao  processo de “democratização” do Estado Brasileiro, em detrimento da valorização dos embates patrocinados pelos  grupos defensores da democratização do acesso à educação. Concluiremos esse artigo, enfatizando que a luta pela  gestão democrática na educação está na arena de luta das classes sociais, uma vez que, ao estabelecer uma relação  dialética com a realidade, compreende o homem como ser histórico, que sofre os condicionantes da realidade, mas  que traz consigo a capacidade histórica de nela intervir. A escola, como lócus privilegiado de aprendizagem, deve  garantir a viabilização de mais esse espaço de aprendizagem, ou seja, a gestão democrática deve buscar meios de  efetiva participação com todos os limites que a sociedade complexa e neoliberal impõe.   Palavras‐Chave: Educação. Política Pública. Gestão Democrática.    Introdução  A sociedade contemporânea tem passado por profundas transformações de caráter social,  político, econômico e cultural. Essas transformações são oriundas das mudanças que ocorrem no  mundo  do  trabalho  e  tem  norteado  a  elaboração  e  a  execução  das  políticas  públicas  sociais,  especialmente a educação. 
  • 2.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1419  A  Gestão  Democrática,  como  princípio  norteador  da  educação  nacional,  por  estar  no  interior desse contexto também está afeta a todas essas mudanças. Isto porque, como política  pública social não está dissociada do contexto mais amplo da qual se inserem.  As  discussões  que  envolvem  a  problemática  da  gestão  democrática  da  escola  pública  remontam à década de 1980, período em que o país saía de um regime ditatorial (1964‐1985),  reclamando por relações mais democráticas. No entanto, só foi reconhecida legalmente a partir de  sua implementação na Constituição Federal de 1988.  Para se compreender as bases teóricas e legais da gestão democrática da educação e da escola  pública, é necessário um olhar histórico das condições, políticas e econômicas que determinaram  sua implementação. No contexto político‐econômico de sua elaboração, a CF/88 expressou uma  bandeira de luta que já vinha sendo empunhada desde o início da década 1980, o qual tinha como  princípios fundamentais a autonomia, a descentralização e a participação da comunidade escolar,  inclusive nos processos decisórios e na elaboração das políticas educacionais. No entanto, nota‐se  no contexto da prática atual que tais conceitos foram ressignificados a partir da consolidação dos  ideais neoliberais fundamentados nas agências internacionais, estando as políticas educacionais  geradas  a  partir  desse  movimento  em  consonância  com  as  diretrizes  dos  organismos  internacionais, como o Banco Mundial e FMI, balizadores dessa nova organização social.  Intentamos nesse  trabalho,  realizar uma  análise  crítica dos  processos  de  ressignificação  que  a  autonomia,  participação  e  descentralização,  conceitos  que  outrora  compuseram  as  bandeiras  de  luta  do  processo  de  redemocratização,  e  os  princípios  norteadores  da  gestão  democrática, assumiram no contexto em que se efetivaram as políticas neoliberais a partir de  1990, bem como da influência e o impacto das agências internacionais na educação brasileira.  Nossas análises permitem compreender que as políticas públicas propagadas nesse novo discurso  estão  em  articulação  com  os  interesses  e  princípios  neoliberais  e  não  com  a  perspectiva  de  transformação oriunda das lutas populares, que compuseram o cenário sócio‐econômico brasileiro  de 1980.   Não obstante, a natureza desse trabalho impôs a delimitação do período. Optamos pelas  décadas de 1970 até os dias atuais, explicitando o novo modelo de gestão em que se inserem tais  conceitos, sobretudo, a partir de 1990, pois foram anos de intensas transformações nos âmbitos 
  • 3.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1420  econômicos, políticos, sociais e culturais. Finalizaremos esse trabalho, enfatizando os enfrentamentos  que  devem  ser  realizados  na  escola  pública,  quando  se  prima  pela  formação  humana  emancipadora.    Contexto internacional, redemocratização brasileira e a gestão democrática    As  propostas  do  capitalismo  internacional  têm  sido  efetivadas  nos  países  em  desenvolvimento  com  o  mesmo  rigor  com  que,  outrora,  a  colonização  impingiu  aos  povos  dominados suas características políticas, culturais e sociais. A crise estrutural do capitalismo, no  final  da  década  de  1960,  marcou  o  fim  da  chamada  era  do  Ouro  do  capital  e  o  declínio  do  chamado socialismo real. O modelo que se firmava na intervenção maciça do Estado na economia,  tal qual expõe Minto (2006), desgastou‐se frente aos avanços tecnológicos que fizeram sucumbir à  necessidade  de  grande  contingente  de  trabalhadores,  agravando  sobremaneira  os  índices  de  desemprego. A lógica perversa do mercado que, até então, sustentara as nações capitalistas já não  contemplava a grande massa populacional, causando estragos no orçamento estatal.  No entanto, longe  de significar o fracasso do modelo capitalista, o desequilíbrio que se  seguiu fez surgir um novo modelo político‐econômico, originando as condições subjetivas para que  o projeto do neoliberalismo se firmasse. Os países ricos, que sempre comandaram a economia  internacional, por meio do FMI e do Banco Mundial, recorreram às reformas propugnadas por esta  ideologia sob o argumento de que assim se consolidaria a democracia e retomaria a capacidade de  crescimento do capital. Propagaram‐se as propostas neoliberais: a privatização (transferência de  patrimônio  e  ativos  públicos  produzidos  pelo  Estado  para  empresas);  a  liberalização  das  economias; a elevação das taxas de juros; o rebaixamento de impostos sobre rendimentos altos; a  flexibilização dos mercados com abertura ao capital estrangeiro e internacionalização do mercado  interno;  a  criação  de  maciças  taxas  de  desemprego  e  ataque  às  legislações  trabalhistas  para  rebaixar os salários, a fim de enfraquecer as organizações sindicais e diminuir as responsabilidades  do Estado no que concerne às questões sociais.  Com  o  fim  da  Ditadura  Militar  no  Brasil,  tal  modelo  encontrou  um  espaço  favorável,  especialmente a partir de 1990, uma vez que os discursos neoliberais fizeram ecoar os princípios 
  • 4.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1421  da  democracia  e  do  acesso  aos  direitos  sociais  universais,  sobretudo  no  que  diz  respeito  ao  discurso da universalização do ensino, já que a dinâmica da produção capitalista necessitava de  trabalhadores  capacitados.  Obviamente,  as  contradições  que  se  avizinham  a  esse  modelo  econômico só se tornaram conhecidas após a implementação de suas propostas privatistas.  Em meio à reestruturação que se firmava na Europa e nos Estados Unidos, os países em  desenvolvimento tiveram sua economia devastada pelo financiamento do capital externo. Longe  de promover e assegurar os direitos fundamentais aos “cidadãos”, a política neoliberal agravou  intensamente os problemas sociais brasileiros.  Segundo  Minto  (2006),  a  década  de  1980  ficou  conhecida  como  “década  perdida”,  em  comparação ao período denominado “milagre brasileiro”, um período em que se acreditava ter  sido marcado por intenso crescimento econômico, uma negativa, contudo, dos transtornos sociais  causados  pelo  militarismo.  A  semente  do  engajamento  social,  contudo,  germinara  entre  os  movimentos sociais que visavam o aumento do controle público sobre o Estado e, mesmo que tais  anseios não tenham sido alcançados, é mister lembrar que a gestão democrática nos mais diversos  níveis e sistemas de ensino tornou‐se a principal “bandeira” na luta dos movimentos educacionais,  inaugurando  um  novo  ciclo  de  discussões  e  propostas  acerca  dos  encaminhamentos  administrativos das escolas e universidades brasileiras.  Ao  longo  dos  anos,  entretanto,  conforme  ressalta  Oliveira  (2006),  as  reflexões  sobre  a  gestão  democrática no  ensino  superior  ficaram  à  margem  das  lutas  concernentes  à  educação  básica.  Todavia, a importância desse momento histórico ainda reside no resgate da participação  popular conforme evidenciam as principais reivindicações dos movimentos em prol da educação,  destacadas por Minto (2006): a constituição orgânica de um efetivo sistema nacional de educação;  a  concepção  de  educação  pública  e  gratuita;  a  educação  como  um  direito  público  subjetivo,  assegurado pelo Estado.  Da mesma forma, em se tratando de gestão e administração escolar, as reivindicações mais  importantes  podem  ser  resumidas  em:  descentralização  administrativa  e  pedagógica;  gestão  participativa na educação; eleições diretas (com voto secreto) para dirigentes de instituições de  ensino; constituição de comissões municipais e estaduais de educação autônomas e amplamente 
  • 5.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1422  compostas  para  acompanhamento  e  atuação  nas  políticas  educativas,  supressão  do  Conselho  Federal  de  Educação,  de  cunho  marcadamente  privatista,  colegiados  escolares  eleitos  pela  comunidade, com o intuito de frear as arbitrariedades perpetradas pela administração do sistema  e da escola.  No  plano  das  reformas  democráticas  do  Estado  Brasileiro,  pode‐se  destacar  a  esfera  Legislativa,  no  qual  imbuído  dos  ideais  democráticos,  José  Sarney  inicia  o  processo  de  redemocratização  do  país  pela  esfera  do  Legislativo,  uma  vez  que  a  forma  de  se  garantir  mecanismos e conteúdos democráticos e na forma da lei. Em outubro de 1988, promulga‐se a  Carta Magna, consolidada no âmbito dos direitos civis e sociais. No entanto, cabe esclarecer que a  promulgação da Constituição de 1988 foi delineada em meio aos profundos debates correntes que  buscavam mudanças mais efetivas no campo educacional. Desses grupos distintos, destacam‐se  dois: os que defendiam a priorização da qualidade do ensino público e o setor das instituições  privadas, que buscavam garantias constitucionais de manutenção e apoio financeiro.  No  bojo  das  discussões  entre  os  grupos  referidos  acima  estão  ainda,  os  princípios  fundamentais da gestão democrática, uma vez que os defensores da escola pública defendiam a  participação  de  toda  a  comunidade  escolar  na  administração  da  instituição  de  ensino,  em  contraposição  aos  interesses  das  escolas  privadas  que  pretendiam  minimizar  tais  espaços  de  participação. O fato é que a gestão democrática está contemplada na Constituição Federal de  1988,  embora  tal  conceito  ainda  se  configure  uma  teoria  abstrata  no  contexto  das  ações  educacionais, especialmente porque não define, nem estabelece critérios para o modo como se  aplicaria  tal  prerrogativa.  Além  disso,  absteve  as  instituições  privadas  da  adequação  à  gestão  participativa.  Nesse contexto, há que se lembrar que todo processo legislativo apresenta‐se num espaço  de disputa e interesses antagônicos, portanto, a lei expressa a síntese dessas disputas. Contudo, é  importante ter presente que as políticas educacionais na década de 1980 foram traçadas segundo  as  concepções  e  entraves  oriundos  dos  interesses  e  das  necessidades  das  escolas  públicas  e  privadas do país que buscavam cada grupo a seu modo, estabelecer novas relações com o poder  público.   
  • 6.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1423  Reforma do Estado e a influência dos organismos internacionais na educação brasileira: uma  pseudo gestão democrática    Porém, passado o momento de efervescência política, os governos da nova democracia –  Collor de Mello e Itamar Franco (90‐94) iniciam o processo de inserção da economia brasileira na  economia mundial e globalizada, aderindo às novas estratégias econômicas baseadas no modelo  Tatcher (Inglaterra), cujas orientações econômicas foram a liberalização da economia, abertura  econômica internacional, políticas de privatização e austeridade fiscal.  No entanto, é no governo de Fernando Henrique Cardoso que esse processo tem sua total  consolidação a partir do fortalecimento de alianças com gestores internacionais já firmadas desde  1980, com o Banco Mundial e Fundo Monetário Internacional. A partir de então, os organismos  internacionais  passam  a  intervir  diretamente  na  economia  e na  educação brasileira levando  o  Brasil a compartilhar das novas estratégias econômicas e políticas traçadas pelos países centrais  por meio de acordos técnicos e financeiros.   Os organismos internacionais e multilaterais são organizações fundadas a partir da noção  de  interdependência  e  de  cooperação  internacional.  Muitos  desses  órgãos  são  de  caráter  financeiro  e  concedem  empréstimos  aos  países  em  desenvolvimento  à  custa  de  significativas  influências na economia e nas políticas sociais desses países (Ex. FMI, BIRD). Outros desses órgãos  apresentam características peculiares e mantém suas influências por meio de normas e pareceres  que  devem  ser  seguidos  por  todos  os  países  que  formam  a  organização.  Essas  agências  de  regulação são diretamente filiadas a Organização das Nações Unidas (ONU) e foram criadas para a  promoção do desenvolvimento econômico dos países subdesenvolvidos, no sentido de contribuir  para a superação de sua condição de país capitalista retardatário (NOGUEIRA, 1999).    A expressão interna para atender as recomendações das políticas neoliberais foi a criação  do  Ministério  da  Administração  e  Reforma  do  Estado  (MARE),  criado  em  1995,  tendo  como  ministro Bresser Pereira. O Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado caracterizou‐se por  uma redefinição do papel do Estado e nas suas modalidades de intervenção, enquanto agente  provedor das políticas públicas sociais. A reforma, segundo Lima (2004) foi realizada em todas as  esferas da sociedade instaurando um novo modo de administração pública e gestão da educação.  
  • 7.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1424  É importante destacar que num contexto global, as reformas significaram um conjunto de  medidas corretivas com plano de ajuste estrutural orientado por vários gestores internacionais,  como a ONU, UNESCO, CEPAL e BM, que se organizaram em reuniões e conferências para discutir  a situação dos países do terceiro mundo, sobretudo, os prejudicados pela Guerra.  O Brasil, enquanto país signatário dessas conferências adota tais medidas sob a justificativa  de que o não desenvolvimento do país estaria no alto índice de analfabetismo e administração do  país. Nesse sentido, é salutar a compreensão do papel que certos organismos internacionais têm  no desenvolvimento dos países pobres e sua influência sobre suas políticas. Dentre eles podemos  destacar a participação da UNESCO, UNICEF e BM no desenvolvimento de diretrizes da educação  (EVANGELISTA, SHIROMA e MORAES, 2001).  No Brasil, simultaneamente a reforma do Estado, é implementada a reforma educacional  que  teve  início  com  Itamar  Franco  com  a  elaboração  do  Plano  Decenal  de  Educação  e  efetivamente implementado a partir do governo FHC. A reforma estava em consonância com os  acordos firmados na Conferência de Ministros da Educação e Planejamento Econômico, ocorrida  no México em 1979 e na Conferência de Jomtien, em 1990, na Tailândia – Conferência Mundial de  Educação para Todos, na qual 155 governos assumiram o compromisso de assegurar a educação  básica de qualidade para crianças, jovens e adultos.  Para Evangelista, Shiroma e Moraes (2001), a Declaração Mundial de Educação para Todos,  aprovada no final da Conferência, foi o marco a partir do qual os nove países com maior índice de  analfabetismo do mundo foram levados e desencadear ações para a consolidação dos princípios  acordados  na  Declaração  de  Jomtien.  A  conferência  funcionou  como  espaço  de  difusão  das  políticas internacionais para a educação. O Brasil buscou cumprir os compromissos firmados em  Jomtien por meio do Plano Decenal de Educação.  Nesses  termos,  o  Plano  Decenal  de  Educação  é  a  expressão  brasileira  do  movimento  mundial organizado pela UNESCO, BIRD e BM e assumido pelo Brasil como orientador das políticas  públicas para a educação resultando na reforma educacional dos anos 90, realizada em todos os  níveis e modalidades, produzidos por especialistas e pesquisadores afinados com o compromisso  assumido pelas autoridades políticas brasileiras em todas as áreas de ação do Estado. 
  • 8.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1425  A educação, enquanto fenômeno social não ficou de fora das mudanças do contexto social  e econômico mundial, passando a ser considerada o ponto fulcral para a inserção dos países em  desenvolvimento  na  atual  conjuntura  produtiva  e  competitiva.  Assim,  o  papel  e  a  função  da  educação  assumem  novos  contornos  exigidos  pelo  atual  momento  político  e  econômico  ocasionando uma onda de reformas em todos os níveis de ensino com o objetivo de ajustá‐las às  novas exigências do mercado.  Apesar de o Brasil não ter tido as políticas de Bem Estar Social1 , ficaram claras, no plano da  reforma,  as  intenções  do  presidente  em  consolidar  um  Estado  Mínimo2 ,  por  meio  da  racionalização  do  gasto  público  e  a  ascensão  da  educação  como  mola‐mestra  para  o  desenvolvimento  sustentável,  mostrando,  com  isso,  que  não  ficou  de  fora  das  orientações  e  estratégias  traçadas  pelos  organismos  internacionais,  que,  por  meio  dos  ajustes  estruturais  orientam a elaboração das políticas públicas.  O  plano  diretor  foi  caracterizado  pela  descentralização  administrativa,  pedagógica  e  financeira.  Para  Lima  (2004),  descentralização  significa  a  transferência  do  poder  central  para  outras  esferas  governamentais  e  setores  da  sociedade.  Isso  significou  a  transferência  de  responsabilidades da União aos estados e municípios pela oferta e manutenção da educação em  regime  de  colaboração.  Sobre  esse  aspecto,  o  autor  diz  que  se  trata  de  uma  democracia  delegativa, uma vez que o Estado delega para outros entes federados e setores da sociedade a  incumbência de oferecer e manter serviços sociais básicos como saúde, educação, aposentadoria,                                                              1  Estado de bem‐estar social ( Welfare State), também conhecido como Estado‐providência, é um tipo de organização  política  e  econômica  que  coloca  o  Estado  (nação)  como  agente  da  promoção  (protetor  e  defensor)  social  e  organizador  da  economia.  Nesta  orientação,  o  Estado  é  o  agente  regulamentador  de  toda  vida  e  saúde  social,  política e econômica do país em parceria com sindicatos e empresas privadas, em níveis diferentes, de acordo com a  nação em questão. Cabe ao Estado do bem‐estar social garantir serviços públicos e proteção à população.  2   O  Estado  mínimo  é  um  termo  derivado  das  consequências  do  pensamento  oriundo  da  Revolução  Francesa  e  Revolução Americana, que prega o liberalismo. A burguesia consegue após essas revoluções alcançar esse patamar e  fazer com que o Estado interferisse minimamente. O Estado de intervenção mínima cuidava apenas da segurança  interna e externa. Vários problemas começaram a surgir em razão desse Estado, principalmente após a Revolução  industrial, que a burguesia passa a deter além do poder econômico, os meios de produção. Só então, começam os  primeiros rumores, de que o Estado deveria também interferir no social. Disponível em: http://pt.wikipédia.com 
  • 9.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1426  etc. Neste momento, abrem‐se espaço para as Ongs, entidades, voluntários, Terceiro Setor 3  e a  iniciativa privada, que se encarregam de oferecer e manter esses serviços.  Notamos claramente a consolidação de um projeto neoliberal para a sociedade brasileira,  especialmente  a  educação  que,  sob  esses  pressupostos  é  obrigada  a  buscar  novas  fontes  de  financiamento e parcerias. Vale destacar que o enfoque colocado na responsabilidade por seus  aspectos financeiros, prevê que as instituições devam se auto‐sustentar, ou ter na melhor das  hipóteses grande esforço para buscar recursos junto à comunidade ou junto à empresas. Esses  novos atores, ao co‐financiarem a educação passam a exigir dela sua prestação de serviços, numa  relação entre mercado e consumidores. Essa relação também se fortalece por meio da abertura de  múltiplas instâncias de coordenação e debate dentro das instituições, passando então o gestor a  ser um mero articulador dos vários atores dentro da instituição escolar, pois a “autonomia das  instituições, responsabilidade pelos resultados, dinamismo dos atores, são questões cruciais na  concepção de novas modalidades de ação educacional” (CEPAL & UNESCO, 1995 p. 135). Essa é  uma condição, e salientam que:  [...] para avançar na direção indicada é preciso, em primeiro lugar, garantir maior  autonomia às unidades dos sistemas em causa, em seguida geram mecanismos  flexíveis  de  controle  e,  finalmente,  incentivar  o  estabelecimento  de  múltiplas  instâncias de coordenação e debate. (CEPAL & UNESCO, 1995 p. 223)    Assim, a gestão democrática da educação passa pela estratégia da eficácia e da eficiência,  uma vez que o governo apoia e promove a participação do Terceiro Setor na educação. Pablo  Gentilli (2002) reafirma que a eficácia e a eficiência impingida na educação trata‐se de uma visão  mercadológica da educação, transferindo‐a da esfera política para a esfera do mercado, negando  sua  condição  de  direito  social  e  transformando‐a  em  possibilidade  de  consumo  individual,  submetendo‐as às regras do mercado.  A partir da elaboração do Plano Decenal de Educação, o Legislativo iniciou o processo de  reforma  para  a  educação,  cujas  propostas  foram  desencadeadas  pelos  ajustes  estruturais,  por  meio de políticas de focalização, descentralização e equidade.                                                              3  é uma terminologia sociológica que dá significado a todas as iniciativas privadas de utilidade pública com origem na  sociedade civil. A palavra é uma tradução de Third Sector, um vocábulo muito utilizado nos Estados Unidos para  definir as diversas organizações sêm vínculos diretos com o Primeiro setor (Público, o Estado) e o Segundo setor  (Privado, o Mercado). Disponível em: http://pt.wikipédia.com 
  • 10.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1427  Na educação, as políticas de focalização significam a substituição do acesso universal aos direitos  sociais  públicos,  para  um  processo  seletivo,  reduzindo  as  políticas  sociais  a  programas  emergenciais de combate à pobreza, aumentando cada vez mais a segregação social. A política  pública que deveria emanar necessariamente do Estado, perde totalmente essa característica, ou  seja,  se  reveste  de  intencionalidades  que  de  modo  geral  tem  como  princípios  a  coesão  das  desigualdades  geradas  pelo  próprio  sistema  capitalista  de  produção.  Buscam  estabelecer  os  princípios da equidade, e não da igualdade, contribuindo apenas para diminuir as tensões entre os  grupos  e as  classes  sociais. Embora  as políticas  públicas  devam  ser  o  resultado das demandas  sociais,  é  fato  observar  que  elas  têm  exercido  o  papel  de  atenuar  as  desigualdades  sociais,  mantendo o caráter da exploração dos trabalhadores, não rompendo com a lógica capitalista.  Ao se considerar esse princípio, enfatiza‐se o ensino fundamental que se circunscreve ao  básico  (ler,  escrever  e  contar),  cujo  objetivo  está  em  oferecer  um  ensino  para  nivelação  das  massas.  Estimula‐se  a  conclusão  desse  nível  de  ensino  com  o  objetivo  de  “capacitar”  essa  população, sobretudo a jovem, com as competências e habilidades necessárias para sua inserção  no mercado produtivo e competitivo.  Nesse  sentido  as  reformas  são  implementadas  com  objetivos  determinados  pelos  organismos  internacionais,  que  tem  como  prioridade  o  crescimento  econômico.  Para  isso,  elaboram  documentos que traçam as metas e estratégias as quais os países em desenvolvimento devem  alcançar alinhando a escola à empresa.   Seguindo  essa  lógica,  a  organização  da  escola  foi‐se  adaptando  à  flexibilização,  à  criatividade, à racionalidade, ao reflexo e impacto da empresa, adequando‐se, como pôde à lógica  do mercado, aproximando‐se cada vez mais a um ritmo empresarial, pois essa já era uma das  diretrizes  nos  documentos:  “finalmente,  cabe  considerar  que  muitos  países  estão  procurando  aproximar a educação da economia e o sistema educacional das empresas” (CEPAL & UNESCO,  1995  p.  127).  Trata‐se  de  ter  como  princípio a  estreita  vinculação  entre  sistema  de  ensino  e  empresa, como podemos observar:  [...]  infere‐se que  os  princípios básicos  que orientam  uma  política  educacional  bem‐sucedida parecem ser comuns nos diferentes casos nacionais: altos níveis de  qualidade,  respeito  e  valorização  dos  professores  e  estreita  articulação  entre  sistemas de ensino e empresa. (CEPAL & UNESCO, 1995 p.175). 
  • 11.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1428  Nessa  perspectiva,  a  gestão  democrática  da  educação  assume  os  contornos  da  gestão  empresarial. No Plano Nacional, a LDB/96 prevê mecanismos de gestão democrática para a escola  pública, por meio da descentralização pedagógica, administrativa e financeira.  No plano pedagógico, a lei prevê em seu Art. 3º, inciso VII que as escolas devem ser geridas  e administradas na forma da gestão democrática. Institucionaliza também a gestão democrática  por  meio  da  participação da  comunidade  escolar  conferindo‐lhe  autonomia  para  elaborar  sua  proposta  pedagógica,  calendário  escolar,  bem  como  conferindo‐lhe  progressivos  graus  de  autonomia pedagógica e financeira.  Para Vitor Paro (2007), a LDB/96 pouco avançou nos princípios da gestão democrática. O  autor questiona a obviedade da lei, dizendo que a proposta pedagógica não poderia mesmo ser  escrita por outros profissionais que não fossem a comunidade escolar. Afirma que a conquista da  democracia  no  âmbito  escolar  foi  parcial,  pois  se  por  um  lado  favoreceu  a  participação  de  professores, pais, alunos, comunidade na gestão escolar por meio de APMF, conselhos escolares,  Grêmios estudantis, por outro, a gestão democrática ficou à mercê de diferentes interpretações e  concepções de gestão democrática.  No  campo  do  financiamento,  as  políticas  de  descentralização  instituíram  a  Emenda  Constitucional 14/96 – FUNDEF, o qual prevê ao governo federal a redução de sua participação  com a educação. Esse fundo, enquanto política educacional que à época foi considerada como a  salvadora de todos os problemas da educação mostra as suas fragilidades. A ínfima valorização de  recursos  destinados  para  o  ensino  fundamental  (1ª  a  8ª  séries),  escolas  especiais  e  rurais  de  acordo com o número de matrículas não superou as necessidades educacionais em termos locais e  regionais, bem como de acesso e permanência e manutenção do ensino. Ademais, deixou de fora  outros  níveis  de  ensino,  como  o  ensino  médio  e  profissionalizante.  Quanto  à  formação  de  professores,  os  recursos  foram  insuficientes  para  a  capacitação  dos  docentes  em  serviço,  evidenciando que a formação de professores fica a patamares inferiores e que está à margem das  prioridades governamentais, o qual o governo deixou de ser o provedor passando a exercer ação  supletiva.  A  política  de  descentralização  contida  na  EC14/96  prevê  a  transferência  de  responsabilidade pelo governo federal, a qual reduz sua responsabilidade com a educação, tendo 
  • 12.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1429  em vista que este passa a aplicar apenas 30% dos recursos na manutenção e desenvolvimento do  ensino. Antes da emenda, a União, Estados e Municípios estavam obrigados a aplicar igualmente  50%; com a promulgação da emenda, Estados e Municípios foram obrigados a aplicar 60%.  Com  isto,  se  antes  da  emenda,  a  situação  do  ensino  fundamental  encontrava‐se  precarizada, agora ficou pior. A partir de 1988, Estados e Municípios são obrigados a criar fundos,  bem  como  aplicar  projetos  para  sanar  as  “diferenças”  e  dificuldades  no  setor,  recorrendo  à  sistematização de contribuições pela comunidade para co‐manutenção do ensino fundamental.  As debilidades desse fundo foram expressas na elaboração do Plano Nacional de Educação  (2001),  que  acabou  por  não  contemplar  as  reivindicações  da  sociedade,  que  lutavam  pelo  fortalecimento da escola pública estatal e a plena democratização da gestão da educação. Isso  implicaria na ampliação  dos  gastos  públicos  total  para a  manutenção  e o desenvolvimento do  ensino. Porém, a proposta aprovada pelo projeto do Ministério da Educação e Cultura (MEC) que,  sob orientação do Banco Mundial, insistiu na permanência da atual política educacional e nos seus  dois pilares: máxima centralização, particularmente na esfera federal e o progressivo abandono,  pelo Estado, de manter e desenvolver o ensino, transferindo‐o para a sociedade.  O princípio da descentralização deve ser compreendido dentro da lógica de universalização  do capitalismo. Trata‐se de uma concepção que tem como modelo o próprio mercado, e isso passa  a  ser  o  parâmetro  de  organização  que  levará  os  países  periféricos  à  “modernização”,  pois  é  estabelecido como meta, uma maior produção com menores custos possíveis, “equalizando” as  diferenças e levando a todos à moderna cidadania:     [...] a descentralização deve ser concebida e praticada de maneira que contribua  para melhorar, e não, piorar, a equidade do sistema, única maneira de garantir  sua  efetiva  contribuição para  a formação  de uma  cultura  comum  da moderna  cidadania (CEPAL & UNESCO, 1995 p. 211).    Visa‐se buscar soluções a partir da descentralização, nas relações de competitividade, e no  esforço  em  angariar  recursos  da  realidade  circundante  para  auto‐manter‐se,  o  que,  segundo  Oliveira (2001), estas formas de organização seriam as únicas capazes de instaurar a excelência em  espaços antes dominados pelo paternalismo ineficiente do Estado.    Seguindo a lógica da descentralização e cumprindo as determinações do Plano Nacional de  Educação,  ainda  que,  sob  pressões,  inclusive  populares,  Luís  Inácio  Lula  da  Silva  promulga  a 
  • 13.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1430  Emenda Constitucional 53/2006 – FUNDEB que, apesar de contemplar a toda a educação básica,  também apresentou suas fragilidades. Seus avanços podem ser notados no fato de que foram  incorporadas a educação infantil e educação de jovens e adultos, todavia, continuou excluindo a  educação profissional, pois a mesma só é atendida se estiver vinculada ao ensino médio. Oliveira  (2009) ressalta que os recursos destinados à educação básica continuam sendo insuficientes para  atender toda a especificidade da escola pública. Uma de suas fragilidades está no fato de que traz  poucos  recursos  novos  à  educação,  uma  vez  que  apenas  redistribui  os  recursos  que  já  são  constitucionalmente  vinculados  à  educação,  com  base  no  número  de  matrículas  da  educação  básica, o que significa que uns municípios ganharão e outros perderão, na mesma proporção.  Diante  disso,  podemos  depreender  que  as  reformas  educacionais  expressas  nos  documentos legais como a CF/88, LDB, Fundef, PNE e Fundeb estão articulados com os interesses  e diretrizes internacionais, preocupados mais com o imediatismo custo/benefício em detrimento  da qualidade da educação e de se investir consistentemente na educação básica, logo, promovem  a redução das garantias da qualidade na educação expressa na Carta Magna.    Algumas considerações    Em face do que discutimos até aqui, depreendemos que década de 1990 vivenciou um  período  de  reformas  e  ajustes  estruturais  que  significou  um  processo  de  desconstrução  das  conquistas sociais garantidas na CF/88, buscando o Estado se desvencilhar dos compromissos ali  firmados, bem como engajar o país na ordem mundial, tornando‐o capaz de competir no mundo  do mercado livre, adotando políticas neoliberais.  Nesse contexto, Lima (2004) afirma que atravessamos a década de 1990 sem resolver os  problemas  educacionais,  ao  contrário,  gerando‐se  outros  mais  graves,  como  a  violência  e  o  descrédito  da  população  no  ensino  público.  Adentramos  o  século  XXI  sem  uma  política  educacional  que  promovesse  a  qualidade  do  ensino  com  igualdade  para  todos,  mas  com  um  profundo retrocesso dos direitos fundamentais.   É fundamental termos a clareza do que apresentam as receitas prontas vindas de cima para baixo  propostas  pelos  organismos  internacionais.  A  forte  influência  desses  organismos  na  educação 
  • 14.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1431  brasileira, sendo maior influente o BM, que funciona como instituição técnica e financeira tem  sido o principal articulador dos pacotes educacionais.  O governo brasileiro tem sido um seguidor sistemático dos pacotes importados, os quais  estabelecem diretrizes para as políticas públicas na área educacional, que nem sempre respondem  com  sucesso  às  metas  estabelecidas  por  estes  pacotes,  culminando  nos  altos  índices  de  analfabetismo e exclusão social.  Diante das questões aqui explicitadas, podemos depreender que a gestão democrática, tão  propalada  na  década  de  1980  está  longe  de  se  consolidar,  isso  porque,  os  conceitos  como  autonomia,  participação,  descentralização  foram  ressignificados  em  nome  de  um  projeto  de  sociedade excludente e discriminatórias. Esses conceitos foram incorporados ao capitalismo e o  que antes tinha caráter progressista, se torna conservador, neoliberal. Logo, a democracia que se  busca  é  uma democracia  burguesa, neoliberal.  A descentralização, a  participação  se  configura  como a desresponsabilização do Estado com as políticas públicas e a autonomia, é uma autonomia  decretada, relativa, uma vez que se limita às imposições do capital.  Considerando, pois, todas as discussões acerca do papel da escola na vida social brasileira  notam‐se  a  prerrogativa  política  que  foi  auferida à  participação popular,  todavia,  avaliamos  a  ressignificação dos conceitos de participação, autonomia e descentralização como um importante  mecanismo  de  manobra  das  elites  dominantes  ao  longo  do  processo  de  “democratização” do  Estado  Brasileiro,  em  detrimento  da  valorização  dos  embates  patrocinados  pelos  grupos  defensores da democratização do acesso à educação.  Sabemos que na sociedade de classes, o conceito de democracia nem sempre foi o mesmo,  mas  acompanha  os  contornos  exigidos  pela  sociedade  em  determinado  momento  histórico.  O  conceito de democracia cunhado pelo capitalismo se configura numa pseudo‐democracia, uma  vez que não se aplica a todos, se apresentando apenas no campo das legislações, na letra da lei e  não  no  contexto  da  prática  social  onde  as  políticas  públicas  são  elaboradas,  vivenciadas,  experenciadas e interpretadas.  As  políticas  públicas,  bem  como  as  leis  que  as  precedem  são  elaboradas  num  campo  conflituoso, de disputas e embates sociais que se efetivam entre grupos sociais com interesses  antagônicos e que, portanto, a elaboração dessas políticas são sínteses desses embates sociais que 
  • 15.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1432  trazem consigo, em maior ou em menor grau, os anseios e os interesses de uma classe, que nem  sempre é o da maioria.  Sendo isso verdadeiro, é possível afirmar que a luta pela gestão democrática na educação  também está nessa arena de luta das classes sociais, ou seja, para se tornar um projeto social  hegemônico, precisa ter como base uma concepção dialética da realidade, aquela que considera a  relação intersubjetiva entre o homem e o objeto de conhecimento e que compreende o homem  como ser histórico, que sofre os condicionantes da realidade, mas que traz consigo a capacidade  histórica de nela intervir.  E, sendo a escola um lócus privilegiado de aprendizagem, ela deve garantir a viabilização de  mais esse espaço de aprendizagem, ou seja, a gestão democrática deve buscar meios de efetiva  participação e o envolvimento de toda comunidade e da sociedade no processo educativo, com  todos os limites que a sociedade complexa e neoliberal impõe.  Assim, a gestão democrática, a exemplo de outros modos de gestão encontra limites e  condicionantes  políticos  que  interferem  diretamente  na  consolidação de  um  projeto  social  de  educação  que  leve  em  consideração  os  interesses  da  maioria  e  não  da  minoria,  mas  que,  igualmente, podem ser recriados na prática social.      O que percebemos, entretanto, pelas políticas educacionais de descentralização, das quais  se  destacam  a  criação  dos  “fundos”  de  financiamento, a  propagação do  ideário  em  torno  da  gestão  participativa  e  as  propostas  de  municipalização  do  ensino,  é  que  a  autonomização  da  escola  significa,  ainda,  uma  tentativa  de  desresponsabilização  do  Estado.  É  importante,  então  vislumbrar com maior criticidade os aparentes progressos dos processos inaugurados no seio da  política capitalista.  Tais  propostas  firmaram‐se  por  meio  de  conferências,  publicações,  financiamentos  de  projetos que se configuraram por Lei de Diretrizes, Diretrizes Curriculares, Referenciais, Planos de  Educação,  reestruturação  dos  livros  didáticos  e  inúmeras  outras  ações  que  promovem  a  internalização desses valores, restando pouco espaço para a crítica e a construção de alternativas  coletivas capazes de subjugarem tal projeto.  Porquanto, é correto afirmar, como já diziam os estudos de Marx e Engels no século XIX,  que  não  é  possível  desvincular  a  economia  da  educação,  porém,  o  foco  deve  ser  outro: 
  • 16.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1433  compreender  como  a  economia  interfere  em  todos  os  setores  da  vida  exigindo  de  todos  os  sujeitos históricos um posicionamento e uma ação para a transformação, uma vez que, estando  mantida a mesma lógica do sistema capitalista, ou seja, exploração, acumulação, concentração do  lucro,  exclusão  social,  faz‐se  necessário  uma  ação  coletiva  em  prol  da  mudança  profunda  na  estrutura da sociedade.  Nesses termos, é imprescindível que todos saibam discernir os mecanismos pelos quais a  prática neoliberal tem se mantido, perpetuando os ciclos de miséria e desigualdade social, a fim  de que as “bandeiras” de luta defendidas pelos movimentos sociais não sejam violadas por um  sistema que nos tem ludibriado a bel prazer.  Decorre daí a importância de se desvelar o caráter ideológico implícito na elaboração de políticas  públicas, a fim de não cairmos no engodo de que democratização, cidadania, autonomia e descentralização  estejam sendo efetivadas em nossas instituições.   Rossler  (2004)  colabora  nessa  discussão,  ao  argumentar  acerca  da  relação  entre  educação  e  sociedade.  Afirma  que  a  educação  pode  cumprir  dupla  função  na  sociedade  capitalista:  reproduzir  as  relações existentes, ou seja, atender aos objetivos da classe dominante, ou servir de instrumento de luta  para os dominados, configurando seu caráter transformador:  A educação deve ser vista como “produção ideológica”. E, assim, deve estar filiada  a um movimento específico: ou se filia ao movimento de manutenção do status  quo, a conservação da sociedade vigente, ou se filia ao movimento revolucionário  de transformação e superação do atual estado de coisas, do quadro social. E isto  posto que pode  desempenhar dois  papéis: ser arma  de  luta  e  instrumento de  adaptação às relações vigentes ou de sua transformação (ROSSLER, 2004, p. 86‐ 87).    Compreendemos que além da função de possibilitar ao homem a humanização, por meio  da transmissão dos conceitos científicos, a escola configura‐se como um local em que o processo  de alienação, erigido por uma sociedade cindida em classes antagônicas, que se caracteriza na  exploração  do  homem  pelo  homem  e  pelo  lucro  desmedido,  pode  ser  desmobilizado  e  transformado.  Para  que  isso  se  efetive,  é  preciso  que  nós,  professores,  tenhamos  clareza  da  concepção  de  educação  que  perpassa  esse  tipo  de  estrutura  societal,  qual  seja  a  educação  direcionada para as exigências do mercado.  Seguindo  o  fio  condutor  dessa  discussão,  compreendemos  que  o  trabalho  realizado  na  escola  confere  aos  seus  principais  atores  ‐  professores,  alunos,  gestores,  funcionários  da 
  • 17.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1434  instituição escolar, a possibilidade de desenvolvimento da consciência humana, bem como da luta  contra  a  alienação  que perpassa  a  vida dos  homens  e  mina  a  consciência  da  concretude  e  a  acepção de serem sujeitos da história, responsáveis por seus atos e pela transformação do que  está posto como algo imutável e eterno – a sociedade capitalista.   Em  face  às  questões  aqui  explicitadas,  é  evidente  o  processo  de  ressignificação  que  a  autonomia, participação e descentralização na perspectiva da gestão democrática assumiram na  atual conjuntura sócio‐econômica, se distanciando em muito, dos horizontes almejados pelas mais  variados  movimentos  e  organizações  sociais  da  década  de  1980.  Atualmente,  a  busca  pela  superação  dessa  realidade  se  esbarra  nessas  novas  concepções  e  diretrizes  neoliberais  que  infelizmente comandam os ideais de muitos dos educadores.   Retomando a dupla função exercida pela instituição escolar, como já citada por Rossler  (2004),  ao  mesmo  tempo  em  que  ela  é  disseminadora  de  idéias,  de  grande  valor  para  a  manutenção  das  relações  sociais  de  produção  capitalista,  ela  representa,  junto  a  outros  mecanismos, uma fonte de superação dessa sociedade, uma vez que, pautando‐se pelo viés crítico  se debruça na historicidade e na materialidade abrindo a possibilidade de realizar a transformação  objetiva na realidade concreta e nos homens que dela participam.    Referências    BOITO JUNIOR, A. Neoliberalismo e Burguesia. São Paulo: Xamã, 1999.    BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.  Brasília: Senado Federal.    BRASIL. Lei 9394/96. Brasília, 1996.    BRASIL/  MARE.  Plano  Diretor  da  Reforma  do  Aparelho  do  Estado.  Brasília,  1995.  (http://www.bresserpereira.org.br/Documents/MARE/PlanoDiretor/planodiretor.pdf) Acesso em 14 jun 2010.    CEPAL;  UNESCO.  Educação  e  conhecimento:  eixo  da  transformação  produtiva  com  equidade.  Brasília:  IPEA/CEPAL/INEP, 1995.    LIMA, A. B. Estado, políticas educacionais e gestão compartilhada. São Paulo:Xamã, 2004.    MINTO, L. W. Administração escolar no contexto da nova república (1984...). Revista HISTEDBR On‐line. Campinas,  ago/2006, p. 140‐165.    MORAES, R. Neoliberalismo: de onde vem, para onde vai? São Paulo, Senac, 2001.   
  • 18.   IX SEMINÁRIONACIONAL DE ESTUDOSE PESQUISAS“HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NOBRASIL” Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5 1435  NOGUEIRA.  Francis  Mary  Guimarães.  Ajuda  externa  para  a  educação  brasileira  –  da  Usaid  ao  Banco  Mundial.  Cascavel, EDUNIOESTE, 1999.  OLIVEIRA, D. A. As políticas educacionais no governo Lula: rupturas e permanências. RBPAE. Vol. 25, n. 2, p. 197‐209,  mai/ago/2009.    OLIVEIRA, M. A. M. Gestão educacional: novos olhares, novas abordagens.   Petrópolis: Vozes, 2005.    OLIVEIRA, R. P; ADRIÃO. T. Gestão, financiamento e direito à educação. São Paulo, Xamã, 2001.    ROSSLER, J.H. A Educação como aliada na luta revolucionária pela superação da sociedade alienada. In: DUARTE, N.  (Org.). Crítica ao fetichismo da individualidade. Campinas, SP: Autores associados, 2004. p. 75‐97.    SHIROMA, E. O.; MORAES, M. C. M. de; EVANGELISTA, O. Política educacional. Rio de Janeiro: DP&A, 2000.    TOUSSAINT, Eric. A Bolsa ou a vida. SP. Fund. Perseu Abramo, 2002.    VIEIRA, S. L. Política e Planejamento educacional. Fortaleza: Fund. Demócrito Rocha, 2001.