O IAC em Cordeirópolis desenvolve variedades de laranja resistentes a pragas através de melhoramento genético em laboratórios e estufas. Uma variedade desenvolvida é a laranja sanguínea de mombuca, rica em antioxidantes. O IAC também monitora e combate pragas como greening e cancro cítrico que ameaçam a produção citrícola em São Paulo.
Nematoides são responsaveis por perdas de até 30% dos canaviais
IAC desenvolve variedades de cítricos livres de pragas
1. Diário Oficial Poder Executivo - Seção Iterça-feira, 1o
de dezembro de 2015 São Paulo, 125 (222) – III
IAC desenvolve variedades
de cítricos livres de pragas
Trabalho de melhoria
genética da unidade de
Cordeirópolis do instituto
utiliza testes em
laboratórios e plantio de
árvores matrizes em estufas,
sem contato com insetos
transmissores de doenças
Estado de São Paulo é o maior pro-
dutor nacional de cítricos. Seu
pomar soma quase 184 milhões de
plantas, indicam os dados da Se-
cretaria de Agricultura e Abaste-
cimento do Estado. Essas informa-
ções têm como base relatórios das
inspeções de doenças no fruto,
casos do greening (HLB) e cancro
cítrico. Esses dados vieram dos pro-
dutores no primeiro semestre do
ano à Coordenadoria de Defesa
Agropecuária, vinculada à secreta-
ria. Os maiores números de árvores
situam-se nas regiões de Barretos
(22,5 milhões), Araraquara (15,2
milhões),Mogi-Mirim(14,3milhões),
vindo a seguir os arredores de São
João da Boa Vista, Bauru, Avaré e
Botucatu. O Instituto de Economia
Agrícola (IEA), também da secreta-
ria, estimou no início do ano a safra
2014/15 com 11,60 milhões de tone-
ladas de laranja, pouco abaixo dos
11,86 milhões de 2013/14.
O
No entanto, para que São Paulo
continue a ser grande produtor e
exportador do suco, é necessário
controlar as pragas dos citros, prin-
cipalmente as duas já citadas, e tam-
bém a clorose variegada (amarelinho), pinta
preta e leprose. Algumas só são passíveis de
controle com a derrubada da árvore conta-
minada. Outras são monitoradas com defen-
sivos químicos ou por meio de controle bio-
lógico, no qual um inseto combate a praga.
Muda sadia – O agrônomo Rodrigo
Rocha Latado, do Centro de Citricultura
Sylvio Moreira, do Instituto Agronômico
de Campinas (IAC), localizado no municí-
pio de Cordeirópolis, afirma que o melhor
método de prevenção é plantar mudas
sadias e ter a garantia de que elas não car-
regam nenhuma praga. “É o trabalho de
melhoria genética que desenvolvemos
aqui, em laboratórios e estufas”, explica
Latado. Ele assegura que mais de 90% das
cítricasnoEstadosaíramdeCordeirópolis.
Em 87 anos de atividade, o IAC criou mais
de 130 variedades cítricas registradas no
Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento (Mapa).
Latado conta que o instituto vende peda-
ços de galho da laranjeira que cresceu sadia
na estufa do IAC, sem contato com insetos.
Desse pedaço, o viveirista ou produtor retira
a gema (cabinho da folha), enxerta em um
caule e produz a muda em substratos, em vez
de terra, para manter a integridade da planta.
A leprose é transmitida por vírus leva-
dos à planta por intermédio de um ácaro. O
efeito é parecido com o da pinta preta e a
doença é tratada com químicos da família
dos acaricidas.
Otávio Nunes
Imprensa Oficial – Conteúdo Editorial
O IAC em Cordeirópolis desenvol-
veu a laranja sanguínea de mombuca,
de polpa vermelha e rica em licopeno, o
mesmo componente presente no tomate.
A substância é boa para a saúde das pes-
soas porque é agente antioxidante e atua
no combate a radicais livres. O pesquisa-
dor Rodrigo Rocha Latado cita pesquisas
dos norte-americanos Rajesh Agarwal e
Dominque Michaud, que afirmam que a
substância previne contra câncer. Pelas
análises, a laranja vermelha tem de 0,5
miligrama a 3,1 miligramas de licopeno
por litro de suco, enquanto a laranja-pera
nem sequer registra a substância. A mom-
buca também é rica em betacaroteno, que
produz vitamina A no organismo.
Apesar do nome, a mombuca não
faz parte da família das sanguíneas ita-
lianas, que possuem polpa roxa, como
a beterraba. “A nossa variedade compõe
o grupo das laranjas de interior verme-
lho”, ressalva o pesquisador Latado, que
trabalhou por vários anos no desenvolvi-
mento da variedade, descoberta na cida-
de de Mombuca, na região de Piracicaba.
Por enquanto, apenas um produtor de
Mogi-Guaçu apostou na mombuca, que é
de produção precoce, com colheita entre
abril e julho, enquanto as demais de
polpa amarela são colhidas até outubro.
É laranja, mas vermelha
Todas as árvores serão geneticamente iguais,
porque vieram da mesma matriz.
Pragas – O IAC de Cordeirópolis
mantém uma Clínica de Fitopatologia (labo-
ratório) para detectar doenças em cítricas,
utilizando como amostra folha ou outros
pedaços da árvore enviados por produtores
ou viveiristas. O agrônomo Helvécio Della
Coletta Filho explica que o greening é hoje
a moléstia mais impactante nos laranjais
paulistas. É causada por bactéria, trans-
mitida pelo inseto psilídeo, a qual ataca
os vasos internos das plantas, análogos às
veias do ser humano, reduzindo a fotos-
síntese e derrubando frutos e folhas. “As
alternativas são eliminação da planta, uso
de mudas sadias e controle do inseto trans-
missor com químicos ou ataque biológico”,
conta Della Colleta Filho.
O cancro é disseminado pelo vento,
por respingo de água ou algum material
(folha, graveto) contaminado e infiltrado no
pomar saudável. Provoca queda de frutos e
folhas, e as laranjas restantes ficam machu-
cadas, sem valor comercial. A única saída é
derrubar a árvore.
A clorose é transmitida pela cigarri-
nha – inseto que ataca o vaso chamado
xilema, que distribui água e nutrientes para
a árvore. A planta não cresce e o fruto fica
danificado. O controle é parecido com o do
greening. Della Colleta Filho conta que a
pinta preta é resultado da ação de um fungo
que derruba o fruto ou o deixa com aspecto
ruim. É combatida com fungicidas.
O relatório da Coordenadoria de
Defesa Agropecuária informa que o
cancro e o greening eliminaram 2
milhões de árvores de citros no
Estado e, mesmo assim, houve plan-
tio de 4,1 milhões. A pesquisa mostra
9.279 propriedades (80,88% do
total) formadas com até 10 mil plan-
tas. Elas respondem pelo cultivo de
23,6 milhões de árvores. As proprie-
dades com mais de 10 mil pés somam
2.193 e são responsáveis pelo plantio
de 160,18 milhões de árvores. O rela-
tório completo pode ser consultado
no link http://bit.ly/1QJWy7C.
Dados estatísticos
SERVIÇO
Centro de Citricultura Sylvio Moreira do IAC
Mais informações no site
www.centrodecitricultura.br ou
Greening
FOTOS:FERNANDESDIASPEREIRA
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terça-feira, 1 de dezembro de 2015 às 03:54:42.