O documento descreve os elementos essenciais para a elaboração de um relatório científico, incluindo a estrutura com título, objetivos, material utilizado, fundamentação, procedimento e conclusão. Também discute os objetivos do laboratório de física I e conceitos fundamentais de medidas e erros, como algarismos significativos e propagação de incertezas.
2. RELATÓRIO
O que é? A descrição de um trabalho realizado.
Para que serve? Registrar e/ou divulgar um trabalho realizado.
É interessante notar que o relato de um trabalho científico, de um projeto de
engenharia, ou simplesmente de um experimento de laboratório de disciplina de
graduação pode ser dividido nas seguintes partes:
• Título (0,4 ponto);
• Objetivos (1,0 ponto);
• Material utilizado (0,6 ponto);
• Fundamentação (2,0 pontos);
• Procedimento (3,0 pontos) e
• Conclusão (3,0 pontos).
Título: Todas as coisas tem nome para serem identificadas, existe a necessidade de
identificação do seu trabalho.
Objetivo: Deve mostrar a finalidade do seu experimento.
Material Disponível: A descrição do material com as suas características principais. É útil
no julgamento de decisão do método utilizado para chegar ao objetivo de seu trabalho.
Fundamentação: Uma descrição fenomenológica dos conceitos envolvidos no
experimento com suas principais relações. É útil para a compreensão dos procedimentos
adotados para chegar ao objetivo de seu trabalho.
Procedimento: Nesta parte devem ser apresentados os resultados das suas medidas
(tabelas, gráficos, cálculos, etc.) e uma descrição de como e porque foram feitas. Uma
das razões desta descrição é melhor avaliar a precisão dos resultados do seu trabalho.
Conclusão: É nesta parte que se deve apresentar uma discussão sobre seus resultados,
os métodos de medida utilizados, tendo em vista o objetivo do seu trabalho.
OBJETIVOS DO LABORATÓRIO
Este curso foi preparado com intuito de orientar os alunos a adquirirem
conhecimentos sobre física experimental, visando especificamente: a compreensão dos
conceitos fundamentais, a medição das grandezas relacionadas com esses conceitos,
interpretação e representação correta dessas medidas.
O texto dessa apostila está dividido em duas partes. Na primeira, o aluno terá
conhecimento sobre algarismos significativos, medidas, erros, desvios, incertezas como
também o tratamento adequado para representar corretamente os resultados dos
experimentos, quer seja uma única medida ou de um conjunto de medidas. A segunda
parte visa familiarizar o aluno na construção de gráficos, linearização de curvas e a
determinação da dependência funcional entre as grandezas medidas a partir do
conhecimento dos dados experimentais.
Pretendemos aqui dar ao aluno alguns conceitos e procedimentos básicos para
que ele possa expressar corretamente as medidas e resultados de suas experiências,
assim como discutilos com um mínimo de correção e rigor tanto do ponto de vista
numérico como conceitual.
3. ELEMENTOS DA TEORIA DE MEDIDAS E ERROS
I – INTRODUÇÃO
Toda operação de medida exige do experimentador habilidade no manuseio de
instrumentos de medida e a capacidade de efetuar corretamente a leitura destes
instrumentos. Não basta, por exemplo, determinar o comprimento de uma barra através
de uma régua; é preciso saber expressar corretamente essa medida e avaliar
adequadamente a sua incerteza, que vem das características dos aparelhos usados na
sua determinação e mesmo do próprio experimentador. Assim a experiência mostra que
sendo uma medida repetida várias vezes com as mesmas precauções pelo mesmo
observador ou observadores diferentes, os resultados achados não são, em geral
idênticos. Muitas vezes efetuamse diversas medidas de uma mesma grandeza; neste
caso a melhor maneira de expressar o valor desta grandeza será através do valor médio
dos dados. A incerteza destas grandezas será obtida por um tratamento estatístico
elementar.
Há grandezas ainda que nem sempre podem ser obtidas diretamente, como áreas,
volume, densidade, etc. Assim são feitas várias medidas e através de fórmulas
matemáticas ou físicas determinase a grandeza desejada. É claro que, em geral, cada
termo da fórmula está afetado de uma incerteza e que todas elas interferirão no valor final
da grandeza. Observamos que as incertezas se propagam e o processo de cálculo para
determinálas denominase propagação de incertezas.
II – ERROS E DESVIOS
Quando um experimentador determina o valor de uma grandeza, três situações são
possíveis:
1. O valor da grandeza já é conhecido com exatidão – Ex. A soma dos ângulos
internos de um triângulo.
2. O valor da grandeza não é conhecido exatamente, mas há um valor adotado
como “melhor” – Ex. A aceleração da gravidade num determinado local.
3. O valor da grandeza não é conhecido – Ex. O comprimento de uma barra, o
volume de uma esfera, etc.
Quando valor obtido para uma grandeza difere do seu valor real (verdadeiro) (item
1), dizemos estar afetado de um erro. Matematicamente:
REAL
VALOR
MÉDIO
VALOR
ERRO =
(Valor em módulo)
Quando o valor obtido difere do valor adotado como melhor (item 2), dizemos estar
afetado de um desvio. Então:
REAL
VALOR
MÉDIO
VALOR
DESVIO =
(Valor em módulo)
4. Embora Conceitualmente haja diferença entre erro e desvio, matematicamente são
equivalentes. A partir deles definese desvio (ou erro) relativo e percentual, sendo que
este último permite avaliar melhor o resultado de uma experiência.
ADOTADO
VALOR
DESVIO
RELATIVO
DESVIO =
100%
TIVO
DESVIORELA
PERCENTUAL
DESVIO ×
=
Exemplo: Ao determinar a aceleração da gravidade, onde g é 9,80 m/s2
um
experimentador obteve 10,04 m/s2
. Determine:
DESVIO =
DESVIO RELATIVO =
DESVIO PERCENTUAL =
Para avaliação dos resultados, qual deles nos dá uma informação mais objetiva?
III – ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS
Seja AB o comprimento de uma barra medida em uma régua centimetrada.
Se três experimentadores fossem anotar o comprimento AB, por exemplo:
AB = 12,8 cm (exp. 1)
AB = 12,7 cm (exp. 2)
AB = 12,6 cm (exp. 3)
Algum desses valores estaria errado? Se um quarto experimentador avaliasse 12,75 cm,
em que sentido se poderia atribuir a esse resultado?
Medindose com régua centimetrada tem sentido avaliar décimos (isto é,
milésimos), mas é discutível ou mesmo inaceitável avaliar centésimos ou frações
menores. Em medições, é costume fazer estimativas com aproximações até décimos da
menor divisão da escala do instrumento.
Estimar centésimos ou milésimos da menor divisão da escala está fora dos limites
de percepção da maioria dos seres humanos.
Na medida do segmento AB, observamos que existe uma divergência entre os três
observadores na avaliação da fração da menor divisão da escala do instrumento (nos
algarismos ou dígitos 8, 7 e 6), na qual reside a dúvida ou incerteza da medida, enquanto
que, os dígitos 1 e 2 que constituem o número 12 são isentos de dúvidas.
A B
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16
5. AB = 12,8 cm AB = 12,6 cm AB = 12,7 cm
OS ALGARISMOS CORRETOS (NÃO DUVIDOSOS) E TAMBÉM O ALGARISMO
DUVIDOSO (UM SÓ), CONSTITUEM OS ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS DE UMA
MEDIDA.
EXERCÍCIO 1: Quantos são os algarismos significativos das seguintes medidas?
a) 12,6 cm b) 9 cm c) 2 cm
d) 12,6 x 105
m e) 1,2 x 103
m.
OS DÍGITOS DE UM NÚMERO CONTAMSE DA ESQUERDA PARA A DIREITA, A
PARTIR DO PRIMEIRO NÃO NULO, SÃO SIGNIFICATIVOS TODOS OS CORRETOS,
TAMBÉM O PRIMEIRO ALGARISMO DUVIDOSO E MAIS NENHUM.
IV – MEDIDAS E INCERTEZAS
Para estudar um fenômeno físico é preciso adotar um procedimento que se possa
repetir e variar tantas quantas forem necessárias, até que se tenha reunido certa
quantidade de dados experimentais. Esses dados são obtidos através do processo de
medidas. A importância desses processos e muitas vezes sua complexidade tornam o ato
de medir uma tarefa fundamental e freqüentemente nada simples.
Nenhuma medida pode ser considerada absolutamente precisa. Por exemplo, o
valor atualmente aceito para a velocidade da luz propagandose no vácuo é:
c = (2,99792458 ± 0,00000004) x 108
m/s
Isto significa que, apesar das sofisticadas técnicas empregadas e do esforço de muitos
cientistas, ainda persiste uma incerteza de medida de 4 m/s na velocidade da luz.
Na obtenção de uma medida podem ocorrer dois tipos de erros: o aleatório e o
sistemático. Este último deve ser evitado de todas as formas; um instrumento mal
calibrado ou com defeito, um experimentador que repete erro na operação, de
interpretação ou de leitura ou de fatores externos ao laboratório, como fenômenos
climáticos, são fontes de erros sistemáticos que devem ser controlados pelo
experimentador. O erro aleatório decorre de flutuações dos resultados das medidas em
torno de um valor médio, essas flutuações acarretam uma imprecisão para mais ou para
menos nesse valor. Qual é, então, o valor de uma grandeza que se quer medir? Nem
sempre a resposta é simples e em parte a solução deste problema está num estudo mais
profundo da teoria de erros. Apesar de caber nesta disciplina a análise mais geral deste
Algarismos duvidosos
(sempre o último à direita)
7. e a incerteza estimada poderá ser obtida, de uma maneira mais apurada, através da
média aritmética dos desvios absolutos:
∑
=
n
i
i
n
G
Δ
G
Δ
onde
G
G
G
Δ i
i −
=
EXERCÍCIO 2: Determinar a força eletromotriz de uma pilha elétrica e a sua incerteza (ver
tabela abaixo).
Ordem de
medida
EM (V) EM <E>
│ │
1 1,55
2 1,56
3 1,57
4 1,54
5 1,55
6 1,56
7 1,53
8 1,54
9 1,55
10 1,54
11 1,55
12 1,57
13 1,56
14 1,55
15 1,54
V – PROPAGAÇÃO DE INCERTEZAS
Nem sempre é possível determinar certas medições diretamente; para determinar a
densidade de um objeto, por exemplo, é preciso medir a sua massa e o seu volume, que
por sua vez é determinado pela medida de suas dimensões. Todas estas medidas estarão
afetadas de incertezas que na, determinação da densidade, se propagarão e darão
origem a uma incerteza na densidade.
Inicialmente vamos uniformizar a nossa linguagem; ao invés de erros, desvios e
incertezas, utilizaremos apenas incertezas, que nos parece mais abrangente. Quanto à
representação matemática, para grandezas tais como X, Y, T, V, etc. representaremos
suas incertezas por X, Y, T, V, etc. e conseqüentemente suas incertezas relativas
Δ Δ Δ Δ
por: X/X, Y/Y, T/T, V/V, etc.
Δ Δ Δ Δ
8. A) Incerteza devido à soma ou subtração
Suponha que vamos determinar a grandeza,
S = A + B + C +…
para qual a foram feitas a seguintes medidas:
A ± A; B ± B; C ± C; etc.
Δ Δ Δ
Como determinar S? Para simplificar, adotaremos o critério mais desfavorável, isto
é, vamos supor que todas as incertezas tenham o mesmo sinal, então obteremos:
S = A + B + C +…
Δ Δ Δ Δ
Exemplo: Na determinação do perímetro de u quadrilátero mediramse seus lados a, b, c
e d com instrumentos diferentes:
a = (2,03 ± 0,02) cm
b = (4,1 ± 0,2) cm
c = (0,842 ± 0,001) cm
d = (1,26 ± 0,03) cm
o perímetro será:
p = a + b + c + d
então,
p = 2,03 + 4,1 + 0,842 + 1,26 = 8,232 cm
a incerteza será:
p = a + b + b + d
Δ Δ Δ Δ Δ
portanto,
p = 0,02 + 0,2 + 0,001 + 0,03 = 0,251 cm
Δ
O resultado de perímetro será expresso como:
p = (8,232 ± 0,251) cm ou p = (8,2 ± 0,3) cm
Observe que em nossos cálculos, propositalmente, colocamos grandezas com
números de algarismos significativos diferentes. Como a incerteza será representada por
um e somente um algarismo significativo, que atua no duvidoso, é ela quem
comandará o número de algarismos significativos no resultado final.
9. B) Incerteza devido a outras operações
Para Calcular a incerteza numa expressão envolvendo multiplicações, divisões,
potenciação e/ou radiciação como em
Y = r
q
p
c
b
a
K ⋅
⋅
⋅
Usaremos a seguinte expressão,
Y
Y
Δ
=
c
c
Δ
r
b
b
Δ
q
a
a
Δ
p +
+
Para verificar o resultado acima, lembre que o diferencial de uma função Y = Y(a,
b, c) é dado por:
dY = dc
c
Y
db
b
Y
da
a
Y
∂
∂
+
∂
∂
+
∂
∂
que após dividirmos ambos os lados por Y e tomarmos os módulos, da origem a
expressão para a incerteza estimada.
Exemplo: Na determinação do volume de um cilindro foram feitas as seguintes medidas:
r = (2,02 ± 0,03) cm, h = (8,432 ± 0,005) cm.
Sabemos que V = h
r
π 2
, então:
V = 3,14 (2,02)2
(8,432) = 108,0346 cm3
De acordo com a primeira expressão, já que = 0 por ser constante, temos:
Δπ
V
V
Δ
=
432
,
8
005
,
0
02
,
2
03
,
0
2 +
= 0,0303
V = V x 0,0303 = 108,0346 x 0.0303 = 3,2734 cm
Δ 3
Teremos então,
V = (108 ± 3) cm3
EXERCÍCIO 3: Num tubo capilar de raio r, um líquido de densidade e tensão superficial
ρ
, devido a capilaridade, erguese de uma altura h, tal que, =
γ γ 2
)
g
ρ
h
r
( ⋅
⋅
⋅ , onde g é a
aceleração da gravidade. Dados obtidos:
r = (0,030 ± 0,001) cm
h = (5,000 ± 0,005) cm
g = 9,81 (adotado como exato)
10. = 1000 kg/m
ρ 3
(adotado como exato)
Determine a tensão superficial.
VI – GRÁFICOS
Nas atividades experimentais, muitas vezes, objetivase estudar a maneira de
como uma propriedade ou quantidade depende ou varia com relação à outra propriedade
ou quantidade. Por exemplo:
“De que modo a variação do comprimento de um pêndulo simples afeta o seu período ou
como se comporta a força de atrito entre duas superfícies relativamente à força normal
exercida por uma superfície sobre a outra?”
Tais variáveis podem convenientemente tratadas pelo método gráfico no sentido de
ilustrar e sintetizar suas relações.
As leis físicas expressam relações entre quantidades de grandezas físicas. Estas
relações podem ser expressas de três modos:
a) Em palavras, formando as sentenças conceituais;
b) Em símbolos matemáticos em forma de equações;
c) Em representações pictóricas conhecidas como gráficos.
A escolha do meio (ou meios) para expressar as relações entre grandezas
depende do uso que se pretende fazer destas relações. Particularmente, analisaremos a
terceira representação.
Para representar graficamente a relação entre duas variáveis devese observar os
seguintes pontos:
a) No eixo horizontal (abscissa) é lançada a variável independente; no eixo vertical
(ordenada) é lançada a variável dependente. Evite tomar margens do papel como
eixos.
b) Em geral a curva deve cobrir pelo menos três quartos do papel. Em muitos casos
não é necessário ou possível que a interseção dos eixos represente
simultaneamente o valor zero.
c) Escolha as escalas de forma que as divisões principais possam ser facilmente
subdivididas. A escala do eixo vertical não necessita ser a mesma do eixo
horizontal.
d) Se os valores forem excessivamente grandes ou pequenos utilizar um artifício que
permita usar um ou dois dígitos para indicar os valores das divisões principais.
Podese usar um fator multiplicativo como 102
, 103
, etc., à direita da escala.
e) Escreva em cada eixo o título, ou seja, o nome da grandeza e sua unidade,
separados por vírgula ou parênteses.
f) Localizar o ponto e não escreva no eixo o valor relativo ao ponto localizado, se
estiver fora da divisão adotada na escala.
g) A representação gráfica de uma grandeza
é feita por uma barra de incerteza que é
um pequeno segmento de reta que
abrange o intervalo no qual o valor
y
x
11. verdadeiro deve estar contido. Se houver incerteza nos dois eixos a grandeza será
representada por uma cruz cujos braços serão as barras de incertezas, como
mostra a figura.
h) O traçado da curva deve ser suave e contínuo, adaptandose da melhor forma aos
dados experimentais a menos que não se trate de uma função contínua. Unir
pontos experimentais com traços retos implica em que a relação entre duas
grandezas tenha forma quebrada o que, exceto circunstâncias especiais, é pouco
provável ocorrer.
i) Se for preciso desenhar várias curvas na mesma folha, faça a distinção das curvas
por símbolos diferentes (círculos, quadrados, triângulos, etc.), ou utilize cores
diferentes ou ainda linhas deferentes (pontilhadas, interrompidas, etc.).
VII – AVALIAÇÃO DE INCERTEZAS EM GRÁFICOS
A representação gráfica, como vimos, tem a sua importância, no sentido de ilustrar
e sintetizar as relações entre as variáveis de grandezas representativas de um fenômeno.
Estas variáveis a serem plotadas em papel gráfico, podem originarse de:
a) Medições diretas através de instrumentos de medição.
b) Derivadas de medições diretas, mediante operações matemáticas.
De qualquer forma, as variáveis vêm afetadas de incertezas (precisão
experimental, desvios provenientes de propagação, etc.). Essas incertezas podem ser
representadas, graficamente, por uma barra de incerteza, que é um segmento de reta que
abrange o intervalo no qual o valor verdadeiro está contido.
Os dados emersos de um gráfico virão, portanto, afetados de incertezas. Como
avaliálos? Concentraremos no caso específico de um gráfico linear cujo coeficiente
angular tem significado físico, e muitas vezes representa a quantidade procurada em
ensaios experimentais. Para uma melhor avaliação, o experimentador deve tomar alguns
cuidados iniciais, ou seja:
• Ter certeza que a curva traçada representa mais de ¾ do papel gráfico, para uma
melhor visualização do comprimento das barras de incerteza.
• Desprezar pontos que fogem consideravelmente da tendência geral, derivados de
erros grosseiros.
A) Coeficiente angular: avaliação de sua incerteza
a) Traçar duas retas paralelas que contenham a maioria das barras de incertezas,
formando uma figura retangular.
b) Traçar duas retas que corresponderão às diagonais da figura retangular, nos
pontos ABCD.
c) Determinar seus coeficientes angulares.
A média aritmética entre esses dois coeficientes angulares dará a reta média e a
metade do intervalo entre esses coeficientes dará a incerteza angular.
13. VIII – DETERMINAÇÃO DA DEPENDÊNCIA FUNCIONAL A PARTIR DOS DADOS
EXPERIMENTAIS
Feita a representação gráfica de duas grandezas, a análise do gráfico pode
conduzir a uma relação matemática, embora isso nem sempre seja possível. Se o gráfico
mostrar que tal relação existe, devese continuar a análise à procura do tipo de relação,
ou seja, da forma que define a curva encontrada.
Uma norma do método analítico é que apenas duas grandezas podem ser
relacionadas de uma só vez. Tanto o experimento como os dados devem ser ordenadas
de modo a manter todas as variáveis constantes, exceto duas, estudandose então a
maneira como uma destas variáveis afeta a outra.
A equação que descreve uma curva desconhecida, nem sempre pode ser definida
com exatidão. Relações do tipo 1/x e 1/ x facilmente podem ser confundidas num
gráfico. Esta dificuldade desaparece quando se obtém uma linha reta. A linha reta é,
portanto, a chave da análise gráfica. Ela pode ser identificada com segurança. O
problema então é como lançar dados experimentais no gráfico para obter uma linha reta.
Embora não exista um método geral, normalmente é preciso fazer algumas tentativas
antes de obterse um a solução. Falaremos aqui apenas do método gráfico, o mais
facilmente aproveitável no laboratório no caso de duas grandezas Y e X, relacionadas por
uma dependência funcional simples.
A) Relações lineares
Y = aX + b (equação de uma reta)
A equação acima mostra a dependência linear entre duas grandezas Y e X. Para X
= 0 o valor de Y intercepta o eixo y, definido a constante b. o quociente
X
Δ
Y
Δ
define a
constante a (inclinação da reta) e suas unidades são dadas pelo quociente das unidades
de Y e X. Seja (X1, Y1), (X2, Y2) dois pontos quaisquer da reta, de modo que;
Y2 = aX2 + b
e
Y1 = aX1 + b
A inclinação da reta é obtida subtraindo essas duas equações.
a =
1
2
1
2
X
X
Y
Y
−
−
=
X
Δ
Y
Δ
Quando a reta é traçada é sobre uma sucessão de pontos, devese escolher o
traçado de modo a deixar alguns pontos acima e outros abaixo. Convêm, entretanto,
tomar o cuidado de não converter a reta em alguma curva suave.
O exemplo a seguir mostra como, a partir de gráficos construídos com dados
experimentais, se pode obter um a relação matemática entre as variáveis envolvidas no
experimento. A figura abaixo representa o gráfico plotado da velocidade em função do
14. tempo. A reta mostra a relação linear entre velocidade e tempo. A equação
correspondente é, então, da forma:
Y = aX + B ou V = b + at
Onde as constantes a e b são:
a = coeficiente angular da reta (inclinação da reta)
b = coeficiente linear da reta (ordenada p/ abscissa zero, X = 0)
0
10
20
30
40
50
60
70
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4 4,5 5
t (s)
V (m/s)
A inclinação da reta (a) é obtida dos pontos A e B do gráfico.
2
m/s
8
,
9
5
,
0
6
,
4
(
)
20
60
(
t
Δ
V
Δ
a =
−
−
=
=
que é a aceleração da gravidade g, e a constante b é o valor da velocidade para t = 0, ou
seja, a velocidade inicial V0.
b = V0 = 15 m/s
Logo, a equação a reta no gráfico é:
V = b + at = V0 + gt = 15 + 9,8t (m/s)
A partir da equação obtida, frequentemente, outras informações podem ser
derivadas, através de processos matemáticos. Por exemplo:
dt
)
gt
V
(
Vdt
dS
dt
dS
V 0 +
=
=
→
= ,
Integrando, temse:
2
0
0 gt
2
1
t
V
S
S +
+
=
x = 4,6 5
Δ
v = 60 20
Δ
v = 15 + 9,8t
16. Aplicando a função logarítmica na base “a” a ambos os lados dessa equação
teremos:
loga Y = loga (AeBX
) = loga A + Bloga (eX
) = loga A + (Bloga e)X
Fazendo loga Y = Y’; loga A = A’; X = X’ e sabendo que loga e é uma constante,
teremos então:
Y’ = A’ + Bloga (e) X’
que é uma equação linear.
IX – ESCALA REGULAR E ESCALA LOGARÍTMICA
Neste item desenvolveremos algumas noções básicas sobre escalas,
principalmente a logarítmica, usa no papel loglog e no papel monolog.
A) Escala regular
O exemplo mais comum de um papel para gráficos com escala regular é o
milimetrado. Neste tipo de papel os traços são igualmente espaçados – tanto no eixo das
ordenadas como no eixo das abscissas – podendo este espaçamento ser em mm, cm, m,
etc.
Durante a representação de grandezas físicas neste tipo de papel, fazse
corresponder o valor da grandeza a ser representada com uma das distâncias entre os
traços. Deste modo, cada intervalo corresponde a uma distância fixa em cada eixo.
B) Escala logarítmica
Vamos começar a incursão no assunto através do papel loglog (ou dilog).
B.1 – algumas características
a) A origem não é no ponto (0,0), mas sim no ponto (1,1) podendo deslocar o eixo de
um ciclo a mais ou a menos de acordo com os dados experimentais. (Lembrem
que na origem log x = 0, log y = 0 x = 1, y = 1.)
→
b) Em ambos os eixos a escala é sempre a mesma, ou seja, ela é fixada no próprio
papel.
c) Se o primeiro ciclo vai de 1 (100
) até 10 (101
), o segundo ciclo vai de 10 (101
) até
100 (102
) e assim por diante, pois em cada ciclo os números variam de um fator de
dez.