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Diretrizes sustentáveis para concepção de joias
contemporâneas
DACOL BOMFIM, Bruna
Orientação Prof.Me. Hélcio Prado Fabri
Universidade Positivo
Este trabalho visa analisar e aprofundar as relações entre a joia contemporânea e os aspectos teóricos da
sustentabilidade, com o objetivo de estabelecer diretrizes sustentáveis para concepção de joias
contemporâneas autorais em processo artesanal. A partir da investigação do valor simbólico da joia no
transcorrer da história e de seus diferentes procedimentos de criação, passando por discussões sobre
sustentabilidade e colocando em contra ponto a criação em massa e o artesanato, chegou-se ao ponto
crucial do trabalho: uma lista de procedimentos propondo diretrizes sustentáveis que valorizam o consumo
consciente e a joia artesanal como uma alternativa viável.
Palavras-chave: Joia contemporânea. Moda autoral. Sustentabilidade.
Diretrizes sustentáveis para concepção de joias contemporâneas
O planeta está sofrendo um processo de autodestruição, onde um terço dos recursos naturais
foram consumidos nas últimas décadas, 40% da área florestal foi degradada, 5 mil pessoas
morrem por dia pela falta de água e 20% da população consome 80% dos recursos disponíveis.
A indústria da moda é uma das maiores responsáveis, e dentro dela está o mercado de joias e
bijuterias. Segundo o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), um
dos mercados mais promissores para 2015 foi o de bijuterias e artefatos semelhantes. O
problema está no aumento do consumo de produtos de baixo valor e baixa qualidade e da moda
do fast fashion, que são praticamente descartáveis e contribuem com impactos ambientais e
sociais. Deste modo se faz necessário o aprofundamento das discussões entre a
sustentabilidade e a joalheria e a importância de um consumo consciente e da aplicação prática
dos conceitos teóricos da sustentabilidade dentro desse mercado.
O mundo está em processo de transformação, as pessoas começaram a pensar de forma
diferente, com consciência, e como a sociedade está em processo de mudança, a moda também
está. A moda vive uma era de ressignificação, de novos valores: a valorização do artesanal, do
autoral, da moda local, e do slow fashion (movimento de moda sustentável, uma alternativa à
produção em massa).
Diante deste cenário, o foco deste trabalho é analisar e aprofundar as relações entre a joia
contemporânea (que não deixa de ser um elemento de moda) e os aspectos teóricos da
sustentabilidade, com o objetivo de estabelecer diretrizes sustentáveis para concepção de joias
contemporâneas autorais em processo artesanal. O trabalho tratará também do papel do
designer como ativista, comunicador, educador e sua importância no contexto da
sustentabilidade e no consumo consciente.
Para isso, é necessário contextualizar a joia como elemento simbólico desde seu surgimento até
os dias atuais, e ainda fazer um paralelo entre o processo industrial da joia com a joia artesanal,
e os aspectos de uma joia produzida a partir de materiais nobres, como prata e ouro, em
contraponto à bijuteria. Também será analisado o ciclo de vida da joia e algumas das suas
principais etapas, e as melhorias a serem feitas nelas.
1 – A joia como significado
Durante toda a história da humanidade a joia se fez presente assumindo diferentes funções.
Segundo a designer Eliana Gola, “a joia é moeda universal que não perde seu valor material, é
documento que resiste ao tempo, é patrimônio impregnado de sentimentos e de história" (GOLA,
2013, p. 15). Como prova disso, podemos citar histórias de povos que, ao deixar seus países,
tiveram a oportunidade de recomeçar a vida em outro lugar através de suas joias – usadas como
moeda universal. Além disso, pouco do que se sabe da cultura de alguns povos foi descoberto
através do conhecimento e estudo de suas joias.
De acordo com Gola (2013), as joias, dentro de todas suas diferentes funções, servem de apoio
a insígnias específicas dos ocupantes de um território; são sinais importantes da relação de um
indivíduo e determinado grupo. Portanto, durante toda a humanidade, a joia esteve ligada às
vontades do homem, servindo de exemplo para sua capacidade de construir novas linguagens e
junto delas significados na elaboração de identidades e na ideia de ser único.
1.1 – Processo de produção da joia contemporânea e o aspecto da joia na atualidade
No final dos anos 40, no pós-guerra, a joia e seus aspectos de produção começaram a sofrer
transformações. Até então, nas décadas anteriores – 20, 30, 40, 50 –, a fabricação de joias era
regida por dois sistemas principais: as joias feitas em metais raros e preciosos – trabalhadas em
casas famosas –, e as joias do artista-artesão – produzidas em ateliês menores com materiais
mais acessíveis em que o mais importante era o aspecto artístico das peças.
Efetivamente no ano de 1960 a bijuteria de imitação ganhou "reconhecimento", e esse novo
sistema ganhou espaço na joalheria. Essa década acabou trazendo todos os tipos de revolução,
entre elas, a que aqui nos interessa: o renascimento do design e, ainda mais importante, o culto
à juventude, como citado por Gola (2013, p. 116). Nesse contexto, novos materiais foram
experimentados para concepção das joias de imitação, tais como madeira, papel, plástico ou
PVC.
Atuoalmente, dentr do mercado de joias, têm-se as industriais e as artesanais. Segundo Gola
(2013), na indústria é necessário se ter know-how – tecnologia, materiais e soluções plásticas
próprias além de relações estéticas autênticas – que acabam gerando uma demanda na
qualificação dos profissionais. Modelistas e designers precisam estar a par das tendências do
mercado no âmbito econômico, estético, ético e ecologicamente correto. Tudo isso para atingir
o padrão de qualidade e produtividade total na esfera industrial, que deve seguir um padrão
universal.
Gola (2013) afirma que a sustentabilidade passa a ser a palavra de ordem na indústria e na
esfera social, portanto é preciso repensar a moda. Cabe então, aos designers de joias,
analisarem os elementos à sua volta e incorporá-los à sua criação.
2 - O contexto da moda autoral, moda sustentável e o consumo consciente
As gerações Y e Z (pessoas nascidas a partir de 1980 até 2010) nasceram num mundo acelerado
e valorizam desacelerar. São indivíduos que tem mais consciência e preocupação com questões
sociais, com o meio ambiente, com o que ingerem e com o que vestem. Daí o número de
iniciativas “slow” crescendo na moda. O slow fashion entra como um meio para garantir
qualidade, criatividade e ética, e para dar valor ao produto e contemplar a conexão com o meio
ambiente. Esta nova era carrega uma ideia de responsabilidade, e também o contexto da
“ecomoda”, moda ética, slow fashion, a moda mais sustentável, a moda autoral e a moda com
propósito.
Elena Salcedo (2014), coordenadora do curso “Moda ética e sustentável", tem uma visão
particular sobre as diferenças entre as expressões ligadas a moda e sustentabilidade. No gráfico
abaixo, Salcedo (2014) mostra que a “eco moda” engloba produtos de moda feitos por métodos
que reduzam impactos ambientais; na moda ética a ênfase recai tanto sobre o aspecto ambiental
como sobre o social (saúde dos consumidores e condições de trabalho). Já na slow fashion o
enfoque é a consciência (de designers, compradores, distribuidores e consumidores) do impacto
que os produtos têm sobre as pessoas e ecossistemas. “Diferentemente do que acontecem nos
demais enfoques, a slow fashion enxerga o consumidor e seus hábitos como parte importante
da cadeia.“ (SALCEDO, 2014, p. 33). Por fim, a moda sustentável inclui todas as alternativas
anteriores; trata-se de todas essas iniciativas que promovem boas práticas sociais e ambientais,
incluindo uma redução na produção e no consumo.
Gráfico 1 – Tipos de moda mais sustentável (SALCEDO, 2014, p. 32).
A moda na contemporaneidade é mais autoral e individual, porém integrada com o todo, para
que marcas e pessoas se fortaleçam e cresçam juntas, assim como todo esse movimento. Os
talentos únicos de cada um, os profissionais autênticos, e a capacidade de “(re) significar” fazem
parte desse momento. "O serviço autêntico se baseia na genuína empatia com as necessidades
do outro." (CARVALHAL, 2016, p. 76). A moda autoral cria valor para as pessoas, cria moda que
faça sentir, que preserva experiências e que transmite significado.
3 – Conceitos ligados aos aspectos da sustentabilidade
O termo “Desenvolvimento Sustentável”, utilizado pela primeira vez em 1987 pelo documento
Our Common Future, se refere, segundo os professores de design industrial Ezio Manzini e Carlo
Vezzoli (2011), às condições sistêmicas cujas atividades humanas não devem interferir nos ciclos
naturais em que se baseia tudo o que a resiliência do planeta permite e, ao mesmo tempo, não
devem empobrecer seu capital natural, que será transmitido às gerações futuras. Em termos de
caráter ético, o princípio da equidade, em que cada pessoa (incluindo as gerações futuras) tem
direito a mesma disponibilidade de recursos naturais do globo terrestre. Em outras palavras diz
respeito ao desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a
satisfação das necessidades das gerações futuras.
Quando se fala em desenvolvimento sustentável e seus três pilares – ambiental, social e
econômico – existe uma confusão de conceitos. É preciso excluir a visão de que a economia a
sociedade e o meio ambiente são sistemas interdependentes, porém separados, e adotar uma
visão de sistemas integrados (Graf.2), no qual o bem-estar econômico depende do bem-estar
social, que, por sua vez depende do bem-estar do meio ambiente.
3.1 – O designer como educador-comunicador, facilitador e ativista
As iniciativas de sustentabilidade, em sua maioria, até hoje estão sendo lideradas pelo setor da
indústria. Isso porque as pessoas que trabalham nas empresas tem muito mais conhecimento
sobre os processos e impactos sociais e ambientais dos produtos do que os consumidores. Não
obstante, as organizações comunicam apenas o que desejam comunicar a partir da imagem que
querem passar. Kate Fletcher (responsável pelo curso de moda e sustentabilidade na faculdade
de Londres) e Lynda Grose (professora na Escola de Artes da Califórnia) (2011) afirmam que,
diferentemente de uma marca de esportes ao ar livre, por exemplo, para uma marca de moda, a
ecologia está distante da interface normal de uma empresa com seus consumidores, e assim a
sustentabilidade é apresentada como uma ferramenta de diferenciação para vender mais. “Trata-
se de comunicar em uma etiqueta ou outdoor os atributos ‘sustentáveis’ de um produto ‘mais
verde’ a um consumidor “pré-ecológico", carente de conhecimento ou consciência sobre a
sustentabilidade.”. (FLETCHER E GROSE, 2011, p. 157).
Além do mais, a maioria das empresas fala com seus clientes como consumidores e quase nunca
como cidadãos ativos, muito menos se vêm no papel de ajudar os consumidores a interrogar as
estruturas subjacentes que permeiam a sociedade. Em conclusão, é preciso que se desenvolva
um movimento mais concreto e profundo de comunicação e educação, para que a população
seja informada a respeito dos sistemas ecológicos e naturais e suas interconexões com os
sistemas humanos.
"É aqui que surge a oportunidade para que os designers comuniquem de novas
maneiras uma visão de moda e sustentabilidade e forneçam instrumentos,
exemplos, habilidades e linguagens para amplificar uma voz coletiva, a fim de
que uma mudança profunda chegue mais depressa ao setor." (FLETCHER E
GROSE, 2011, p.157 - 158).
4 – O ciclo de vida de um produto
Para analisar os impactos socioambientais de um produto e incorporar estratégias de
sustentabilidade que ajudem a melhorar essas questões é necessário mapear o ciclo de vida do
produto a ser desenvolvido. De acordo com a pesquisadora e professora de moda Alison Gwilt
(2014), o ciclo de vida de uma roupa de moda (neste caso será analisado o de joias) pode ser
dividido em cinco etapas principais: design, produção, distribuição, uso e fim de vida. Gwilt (2014)
aponta quais os princípios primordiais ligados às estratégias sustentáveis: minimização do
consumo de recursos; escolha do processo e dos recursos de baixo impacto; melhora das
técnicas de produção; melhora dos sistemas de distribuição; redução dos impactos gerados
durante o uso; aumento da vida de uma peça; e melhora no uso dos sistemas de final de vida.
Esses princípios devem ser aplicados durante todas as etapas do ciclo.
4.1. – Etapa de Design
O designer, antes de qualquer coisa, precisa compreender a relação entre o usuário e o produto,
e a partir de então começar a analisar as possibilidades – como aperfeiçoar a vida de um produto,
e quais adaptabilidades um produto pode ter. Para uma vida útil otimizada tem-se o design pela
empatia e seus atributos físicos e emocionais na durabilidade. Por um viés mais técnico, a
maneira de fazer com que a peça obtenha uma vida mais longa e duradoura, é incluir desde a
escolha de materiais mais duráveis até um processo produtivo de qualidade. “Mas hoje se torna
cada vez mais importante considerar também os impactos socioambientais ligados aos materiais
e técnicas têxteis.”. (GWILT, 2014, p.60). No caso das joias, as técnicas da joalheria.
Quando se fala em sustentabilidade e uso de materiais de menor impacto os metais nobres são
os mais indicados, e melhor ainda quando são retirados pelo processo de purificação de lixo
eletrônico, fotográfico e automobilístico, ao invés de serem extraídos do meio natural. Sendo os
materiais nobres utilizados na confecção de joias, como consequência as joias são mais
sustentáveis do que semijoias e bijuterias, não apenas pela matéria-prima, mas também pelo
seu processo produtivo que será discutido na etapa de ‘produção’ do ciclo de vida.
No entanto, além dos metais muitos outros materiais são usados na confecção desses
acessórios. É possível citar desde materiais naturais como gemas (pedras), pérolas, corais,
conchas, madeira, couro, fios de lã e algodão, palha, cerâmica, porcelana, inclusive os sintéticos,
como miçangas e pedras de plástico, resina, acrílico e couro sintético. Analisando as diferenças
entre esses materiais, os naturais são sempre mais preferíveis que os sintéticos no quesito
sustentabilidade, todavia não é porque algum material vem do meio natural que é considerado
sustentável. Um exemplo claro são as pedras preciosas, que apesar de serem extraídas da
natureza passam por um processo de lapidação que acaba gerando resíduos, analisando por
esse ponto as pedras brutas, que são usadas em sua forma natural, geram menos impactos que
as lapidadas. O mais correto é fazer uma análise aprofundada de cada caso e ponderar seus
impactos.
Pode-se dizer que a alternativa mais sustentável é o reaproveitamento de materiais como
madeira de demolição, retalhos de madeira de indústria, resíduos de couro e têxteis, entre outros.
4.2. – Etapa de Produção
Os processos de produção de joias, semijoias e bijuterias podem ser divididos em artesanal e
industrial. No processo artesanal todas as operações são feitas à mão e cada peça é
confeccionada uma a uma resultando em uma produção de pequena escala. As operações vão
desde a fundição do lingote, laminação, soldagem, lixamento, polimento, tratamentos químicos,
trefilação e acabamentos.
Por ser um processo puramente artesanal, a maioria das ferramentas usadas são manuais, como
alicates, limas, serras, lixas, brocas e matrizes para tri filamento. Os únicos equipamentos que
necessitam de recursos como gás e eletricidade são os maçaricos, um de oxigênio para fundição
e outro a gás para solda e recozimento, o laminador, que pode ser manual ou elétrico, e uma
retífica elétrica.
Já no processo industrial o foco é a produção em grande escala onde é possível a criação de
várias peças idênticas num curto período de tempo e custo muito inferior ao da produção
artesanal. Por isso as bijuterias e semijoias se utilizam desses processos e conseguem alcançar
um preço de venda relativamente baixo.
A produção industrial utiliza processos metalúrgicos como fundição por cera perdida, estamparia,
fotocorrosão, eletroformação e galvanoplastia, processos e técnicas que demandam muitas
etapas, equipamentos, materiais e recursos. Os mais utilizados são: fundição por cera perdida
na fabricação das peças e a galvanoplastia nos banhos.
O maior problema destes dois processos são os impactos gerados. Em todos os estágios do
processo de fundição, partículas são liberadas. Os fumos metálicos que se desprendem da fusão
das ligas são prejudiciais a saúde dos operadores e podem contaminar o meio ambiente. Além
disso, o gesso usado nos moldes, uma vez curado, não pode ser reaproveitado. Há estudos para
sua reutilização, mas atualmente as empresas os deixam estocados ou enviam para aterros. O
mesmo acontece com a cera, que também não é indicada ao reaproveitamento, pois ela perde
suas características iniciais, além deste ser um processo bastante trabalhoso e pouco
compensativo.
A galvanoplastia é o processo no qual uma peça recebe o revestimento de um metal ou de verniz
com a função de alterar a cor de uma peça ou evitar a oxidação. Isso porque como as semijoias
são feitas de metais de baixa qualidade, elas necessitam de um banho de metal nobre, prata ou
ouro, para que tenham uma durabilidade maior. Todavia a peça banhada nunca chegará perto
do que é uma joia produzida inteiramente com o metal nobre. Apesar de muito utilizada, a
atividade de galvanoplastia é considerada altamente impactante. Dada a grande utilização de
água e produtos químicos, a imagem do setor não é positiva.
Ao comparar as diferenças entre os impactos do processo artesanal e do industrial, é possível
perceber o porquê de os processos artesanais terem tanta relevância quando se fala em
sustentabilidade. Além de utilizarem muito menos materiais e recursos, os resíduos chegam a
ser praticamente zero e sem desperdícios, pois além da produção ser em pequena escala, cada
peça é produzida uma a uma e o material que sobra (geralmente prata ou ouro) é derretido e
volta à produção.
Desse modo a partir do pressuposto de que as bijuterias e semijoias são produzidas a partir dos
processos industriais e as joias, em sua maioria, a partir dos artesanais, tem se o motivo das
joias serem mais sustentáveis. Além disso, peças artesanais em sua maioria possuem design
diferenciado e peças únicas, diferente das peças industriais que possuem várias reproduções,
sempre com as mesmas configurações.
4.3. – Etapa de Distribuição
Na etapa de distribuição, além da gestão do transporte de materiais e recursos entre
fornecedores, fabricantes e produtores, a gestão de embalagens e pontos de venda também é
importante para a sustentabilidade. Salcedo (2014) faz algumas considerações para gerir as
embalagens com práticas de menor impacto, entre elas estão: redução da variedade de materiais
na composição das embalagens, de forma a facilitar sua reciclagem; design de embalagens com
segunda vida útil; otimização da relação de volume entre continente e conteúdo; redução da
quantidade de pacotes e embalagens; e uso de embalagens biodegradáveis.
Ademais como joias são peças delicadas que precisam de cuidados especiais para
armazenagem, suas embalagens devem levar em conta aspetos estéticos e funcionais. Etiquetas
também precisam ser repensadas, pois fazem parte da embalagem e na maioria das vezes são
jogadas fora.
4.4. – Etapa de Uso
A etapa de uso pode ser dividida entre uso, armazenamento, reparo, adaptações e reformas. As
joias, diferentemente das roupas, não precisam ser lavadas, no entanto elas também possuem
instruções de cuidado que irão interferir diretamente na durabilidade da peça. Mesmo o ouro e
principalmente a prata, que são metais nobres, podem oxidar com o tempo. Alguns simples
cuidados fazem com que a peça esteja sempre nova: não entrar no mar e piscina com a peça,
não passar produtos químicos nela, não tomar banho com ela para que não entre em contato
com sabonete, xampu, cremes, não passar perfume em cima da peça, não usar as peças em
situações que ela possa amassar ou arranhar, como na academia, em tarefas domésticas ou
para dormir.
Para armazenagem, é indicado que as peças sejam guardadas separadamente uma a uma para
evitar o contato entre elas e possíveis arranhões, afinal pedras, pérolas e metais possuem
diferentes graus de dureza. É aconselhável que sejam guardadas sempre após o uso em local
que não tenha umidade e luz. Para limpar as joias, uma flanela é suficiente. No caso de oxidar,
as joias em ouro e prata que não tenham nenhum outro material junto, podem ser colocadas
numa vasilha com água fervente e bicarbonato de sódio.
Reparos, adaptações e reformas não são tão frequentes em joias como são nas roupas,
principalmente porque semijoias e bijuterias raramente tem conserto por conta de seu material.
Uma situação recorrente é o pino de um brinco estragar ou soltar, nesse caso se for uma semijoia
ela não tem conserto, e não há nada que possa ser feito para arrumar. Com as joias é diferente,
pois se for preciso diminuir o tamanho de um anel ou consertar um fecho que estragou, é possível
sim. Isso porque a prata e o ouro podem ser derretidos, soldados e moldados novamente, e desta
forma as joias nunca são jogadas fora ou deixadas de lado.
4.5. – Etapa do fim da vida
A cultura ocidental segue um ciclo de compra, uso, descarte e o destino final das peças acaba
sendo o lixo e aterros sanitários. Como foi visto anteriormente, o descarte inadequado de peças
de bijuteria e semijoias que contenham metais pesados pode ser muito prejudicial ao meio
ambiente e a saúde das pessoas. O maior problema está no fato das peças serem descartadas
com um tempo muito curto de uso, em decorrência da má qualidade dos materiais e pela enorme
quantidade de peças que as pessoas compram. Ao comprar uma nova, a antiga já não tem mais
sentido e é descartada. Isso não acontece só com as roupas: as bijuterias fast fashion que
seguem tendências e materiais efêmeros também vão parar no lixo com rapidez. Dentro das
alternativas encontradas para mudar esse ciclo estão o reuso, a remanufatura e a reciclagem,
mas mais do que isso é necessário mudar a cultura do consumo fast fashion.
Com relação ao reuso, as peças podem ser passadas para membros da família, o que é muito
frequente quando se tratam de joias, que podem ser trocadas ou revendidas (peças em ouro e
prata, por exemplo, são facilmente revendidas em razão do valor que os metais têm) em brechós,
lojas vintage ou joalherias. A remanufatura é o processo de retrabalhar peças ou materiais já
existentes que sobraram, acabando com o excesso. Eles podem vir do desperdício pré-
consumidor, ainda durante a confecção de produtos, ou pós-consumidor, oriundo de peças não
usadas compradas em brechós, joalherias ou antiquários.
Essa esfera permite o “codesign”, serviço exclusivo e personalizado feito sob encomenda, que
atende às necessidades individuais e são uma opção para os usuários se engajarem no processo
criativo. O usuário pode trazer alguma joia, por exemplo, que esteja em desuso, para então fazer
uma modificação ou transformação na peça, dando origem a uma nova. No caso das joias em
prata e ouro é possível reciclar por completo e aproveitar todo o material, basta derretê-las e
confeccionar uma nova com a mesma matéria prima.
A produção em ciclo fechado ou economia circular, como alternativa, descreve o processo de
constante reuso de um material, sem permitir que ele entre no fluxo de resíduos. Outra forma de
se conseguir um sistema produtivo de ciclo fechado é a de escolher materiais que podem ser
reprocessados e gerar o mesmo tipo de material e produto, como é o caso da prata e do ouro.
Para a reciclagem no setor de joias, além de ser possível reciclar a prata e o ouro de joias antigas,
é possível reciclar outros tipos de materiais, como peças de lixo eletrônico, automobilístico,
fotográfico, e a partir delas extrair a prata e o ouro. Esse processo é chamado de purificação do
metal e só é possível ser feito com mão de obra especializada. Se forem tomados os devidos
cuidados com o descarte das substâncias utilizadas no processo, é uma ótima alternativa
sustentável para usufruir do lixo de outros setores e não incentivar o processo de mineração, que
vai contra os princípios sustentáveis.
5 – Diretrizes sustentáveis na joalheria
As diretrizes sustentáveis foram estabelecidas com base nos estudos do ciclo de vida de um
produto. Agora, a partir de cada diretriz será apresentada uma possível aplicação prática em um
contexto de marca real e por fim a apresentação de uma tabela contando com todas as diretrizes,
conceito e aplicação respectivamente. A tabela abaixo mostra o ciclo de vida do produto e suas
respectivas diretrizes dentro da joalheria.
Tabela 1: Diretrizes sustentáveis (tabela desenvolvida pela autora).
5.1. Diretrizes na etapa do Design
As primeiras diretrizes estabelecidas fazem parte da primeira etapa do ciclo de vida de um
produto, a do design. Dentre elas estão: design por peças modificáveis, pela multifunção, pela
atemporalidade, pela empatia e pelo baixo impacto de materiais. O conceito de cada uma dessas
diretrizes já foi explicado, agora, a partir de tabelas, serão dadas alternativas reais de como é
possível aplicar na prática cada uma delas.
Tabela 2: Diretrizes sustentáveis na etapa do Design (tabela desenvolvida pela autora).
5.2. Diretrizes sustentáveis na etapa de Produção
Para etapa de produção do ciclo de vida, foram estabelecidas cinco diretrizes: baixo impacto de
processos, “desperdício zero”, boas condições de trabalho, produção e fornecedores locais e
produção relativa à demanda. Apesar de essas terem sido as escolhas, duas diretrizes da etapa
de fim da vida, economia circular e remanufatura, serão contempladas junto ao “desperdício
zero”, pois estão totalmente ligadas.
Tabela 3: Diretrizes sustentáveis na etapa de Produção (tabela desenvolvida pela autora).
5.3. – Diretrizes sustentáveis na etapa de Distribuição
Na etapa de distribuição as diretrizes são transportes, embalagens e pontos de venda de menor
impacto.
Tabela 4: Diretrizes sustentáveis na etapa de Distribuição (tabela desenvolvida pela autora).
5.4. – Diretrizes sustentáveis na etapa de Uso
Na etapa de uso foram estabelecidas as diretrizes de bom uso e armazenagem, reparo e
adaptações.
Tabela 5: Diretrizes sustentáveis na etapa de Uso (tabela desenvolvida pela autora).
5.5. – Diretrizes sustentáveis na etapa de fim da vida
Por último, na etapa de fim da vida as diretrizes são: reuso, remanufatura, reciclagem, economia
circular e cocriação.
Tabela 6: Diretrizes sustentáveis na etapa de fim da vida (tabela desenvolvida pela autora).
6 – Validações práticas
Todo o estudo teórico sobre sustentabilidade na joalheria e a elaboração das diretrizes teve como
propósito uma futura aplicação em marcas de joias. Deste modo, para comprovar que é viável e
possível, foi feita uma validação prática com as diretrizes dentro da marca Bruna Bomfim Design
de Joias.
6.1. – Validação na etapa de Design
Para a etapa de Design foi desenvolvida uma linha de joias em cocriação com a marca H-AL, de
Alexandre Linhares. A linha foi desenvolvida para um desfile da marca Poesia Desilusória, que
conta sua trajetória em celebração aos 10 anos de história, denominado “Arte para Vestir.” A H-
AL é a união das mentes criativas de Alexandre Linhares e Thifany F, que pintam, bordam e
costuram. Cada peça é única assim como cada artista é único. Em uma década de história, as
mulheres encontram nesses tecidos tramas sem igual. Ali, nenhum pedaço de tecido ou outro
material fica de lado, pois tudo acaba virando uma peça de roupa.
Para o desenvolvimento das peças, foi realizada uma reunião com os próprios artistas, que
contaram um pouco da relação que possuem com a moda e com a sustentabilidade. Falaram de
suas coleções e elementos simbólicos que fazem parte da identidade da marca. Para eles, a
roupa é como uma segunda pele, que conta uma história e que tem uma relação íntima com
cada um que a veste.
Os bordados com linhas espontâneas, que desenham as roupas, deram origem a joias onde os
fios de prata parecem desejar bordar a pele. Cada uma delas é produzida a partir de um único
fio de prata que vai se dobrando, e as peças se tornando totalmente maleáveis, o que as faz e
se adaptar bem a qualquer tipo de corpo (design por peças modificáveis).
Em relação à multifuncionalidade, cada anel contém um fecho que, quando aberto, modifica o
formato da peça e abre espaço para que ele se transforme em um brinco; da mesma forma a
pulseira se abre e junto a um cordão se transforma em um colar.
Toda a prata utilizada para confecção das peças é proveniente de reaproveitamento de prata a
partir da purificação de resíduos utilizados na indústria de eletrônicos. Assim sendo, é possível
fazer uso de um material altamente durável sem degradar o meio ambiente.
A atemporalidade das joias é consequência da qualidade do material e do design autoral. A
empatia vem da relação criativa e de experimentação do usuário com as peças, e a partir desse
envolvimento, surgem as significações que o própria indivíduo constrói junto com elas.
Figura 1: Validação das diretrizes na etapa de design (criada pela autora).
6.2. – Validação na etapa de Produção
Para etapa de produção, todo o processo de desenvolvimento e confecção das peças foi feito
artesanalmente. Começando pela fundição da prata, laminação dos fios, criação e finalmente o
acabamento. No caso dessas peças, como são produzidas a partir de fios de prata contínuos, o
uso de recursos é baixo e o desperdício é zero.
Por serem produzidas individualmente e manualmente, a torção dos fios nunca é igual e as peças
acabam sendo diferenciadas, únicas. Apesar disso, elas servirão de referência para confecção
de novas peças a partir da demanda solicitada.
Para boas condições de trabalho, produção e fornecedores locais, o esquema abaixo serve de
validação. Nele, consta cada uma das pessoas que fazem parte do processo, desde a matéria
prima até a embalagem, estando todas elas na região de Curitiba e mostrando que é possível
trabalhar em escala local de forma justa. Esta colaboração expressa o quão importante são as
relações e trocas que fomentam a economia criativa.
Figura 2: Validação das diretrizes na etapa de produção (criada pela autora).
6.3. – Validação na etapa de Distribuição
Na etapa de distribuição, uma das alternativas para pontos de venda de menor impacto foi a
loja/ateliê, um espaço onde o designer/ourives pode tanto criar e confeccionar as peças quanto
receber clientes, otimizando assim o espaço. As fotos a seguir mostram a loja/ateliê da marca
Bruna Bomfim, onde de um lado ficam a bancada e as ferramentas de trabalho, e do outro um
espaço para receber os clientes e expor as joias.
Para embalagens de menor impacto a marca de joias reaproveita retalhos da Reptilia (marca de
roupas local) e manda fazer saquinhos que, a partir de sua própria modelagem, se fecham
sozinhos e eliminam o uso do cordão. Para evitar o desperdício de etiqueta, que normalmente
vai para o lixo, a logo da marca vai carimbada no próprio saquinho. Dentro da embalagem estão
as informações da marca e instruções de uso e armazenagem em um pequeno papel reciclado.
A ideia é de que, além dos saquinhos, a marca tenha uma embalagem diferenciada para
presente, que será uma caixinha de madeira de demolição, com um custo a parte. E quando uma
cliente juntar três saquinhos, ela poderá trocá-los por uma caixinha, retornando então, saquinhos
que poderiam ser jogados fora.
Para transportes de menor impacto, além da utilização de aplicativos para entrega (que tem como
meio a bicicleta, James e Ecobike) todo mês é feito um planejamento dos trajetos que serão
feitos de carro para que seja possível otimizá-lo ao máximo.
Figura 3: Validação das diretrizes na etapa de distribuição (criada pela autora).
6.4. – Validação na etapa de Uso
Para a etapa de uso, foi elaborada uma pequena carta (encaminhada dentro da própria
embalagem) que serve tanto de instruções de uso e armazenagem, reparo e adaptações, como
um informativo sobre o processo de produção de cada peça e os valores sustentáveis da marca.
O propósito é passar para o usuário os cuidados que ele deve ter com a joia para que tenha
maior durabilidade, e também repassar valores sustentáveis para que este usuário se questione
e se atente aos processos produtivos dos produtos que consome, se tornando assim um
consumidor mais consciente.
Figura 4: Validação das diretrizes na etapa de uso (criada pela autora).
6.5. – Validação na etapa de fim da vida
Na etapa de fim da vida, reciclagem, remanufatura e economia circular andam juntas. Isso porque
toda a prata utilizada na produção das peças vem da reciclagem de lixo eletrônico, e depois
disso, o que sobra da produção (retalhos e pó de prata) é remanufaturado, onde os retalhos são
derretidos e o pó passa por um processo de purificação, para então voltarem ao ciclo de
produção. Um processo produtivo, onde a matéria prima não entra no ciclo de resíduos e sempre
volta à produção (como é o caso da prata), denomina se economia circular.
Como reutilização, foram desenvolvidas duas peças a partir de colares que estavam sem
utilidade. Um dos colares, feito de crochê por artesãs de Minas Gerais, além de ser um antigo,
tinha seu fecho arrebentado, e o outro, continha bolas de quartzos de cristal. Os colares foram
desmanchados – sem que as flores de crochê ou as bolas de quartzo estragassem – e a partir
deles e de fios de prata, surgiram novas peças. As peças confeccionadas foram um par de
brincos e um colar, que podem ser utilizadas tanto com os acessórios que foram aproveitados
dos colares, quanto sem eles, apenas com a prata.
Figura 5: Validação das diretrizes da etapa de fim da vida (criada pela autora).
7 – Considerações finais
O apontamento final desse projeto surgiu de uma experiência real e acabou se tornando a última
diretriz, uma das mais importantes. Aconteceu da marca Bruna Bomfim Design de Joias participar
do evento Feira na Rosenbaum, um dos mais conceituados do Brasil quando se trata de arte,
design e artesanato. Um evento de três dias onde circula muitas pessoas interessadas em
apreciar e comprar. Para participar é preciso ter produtos para exposição e venda, ou seja,
produção e produto. O que acontece é que como a maioria dos expositores desse tipo de evento
são artistas e designers, com marcas autorais pequenas que buscam pelo artesanal, acaba
sendo difícil de alcançar o número de produtos desejado e necessário para vender e "ter
sucesso”.
O resultado: algumas marcas, como é o caso da Bruna Bomfim, acabam deixando de lado os
valores sustentáveis para poder produzir e vender em grande escala, portanto os valores se
invertem. Todas as diretrizes e todo o material reaproveitado, assim como toda a produção
artesanal e o design autoral, se perdem. Eles perdem seu valor quando uma produção precisa
ser de grande escala. Não há finalidade em seguir diretrizes sustentáveis de um ponto de vista,
se de outro existem artistas que produzem artesanalmente, mas de forma automática, gerando
estresse, nervosismo e ansiedade. Uma produção que era para ser slow acaba sendo
escravizada pelo mercado e passa a ser fast. Neste contexto não há equilíbrio, e sem equilíbrio
não há sustentabilidade. Este caso exemplifica que cada artista produz adequando-se à
demanda, o que comprova situações em que a sustentabilidade é automaticamente deixada de
lado.
Por fim, ao analisar a situação para chegar a alternativas viáveis, novamente o trabalho em rede,
os grupos colaborativos, as interconexões e a economia criativa é o melhor caminho. Não existe
a possibilidade de um trabalho artesanal sustentável ser feito individualmente, pois todo um
sistema deve ser sustentado.
Equilíbrio passa então a ser a última diretriz, tão essencial quanto as outras, porque sem
equilíbrio, todo o propósito se perde e nada se sustenta.
REFERÊNCIAS
ALBUQUERQUE, Eliete. Beleza Imune a Crises. Disponível em:
http://revistapegn.globo.com/Empresasenegocios/0,19125,ERA455186-2481,00.html.
Acesso em 6 de junho de 2017.
ARAÚJO, Rosângela Souza. Indicadores de sustentabilidade no contexto do
desenho industrial. Portal Universidade Positivo - Publicações. Disponível em
http://servicos2.up.com.br/AplPublicacoes/Arquivos/Dissertação%20Rosangela%20Sou
za%20Araujo.pdf. Acesso em 15 abril de 2017.
ARMADA, Marta. Coleção Namíbia. Disponível em:
https://www.martaarmada.com/portfolio/coleccion-namibia/. Acesso em 27 de julho de
2017.
BESTEN, L. On jewellery: a compendium of international contemporary art
jewellery. Stuttgart: Arnoldsche Verlagsanstalt, 2011.
CARVALHAL, André. Moda com propósito: Manifesto pela grande virada. São Paulo:
Editora Paralela e Estação das Letras e Cores, 2016.
CHAVES III, Frank B. Os metais utilizados para fazer bijuterias. Disponível em:
http://www.ehow.com.br/metais-utilizados-bijuterias-info_271193/. Acesso em 17 de
maio de 2017.
DA SILVA, André Luis Silva. Contaminação ambiental por chumbo. Disponível em
http://www.infoescola.com/ecologia/contaminacao-ambiental-por-chumbo/. Acesso em
29 de maio de 2017.
Emprega Brasil – Como fazer joias, processos de fabricação de joias. Disponível em:
https://www.empregabrasil.com.br/ideias-de-negocios/como-fazer-joias-processos-de-
fabricacao-de-joias/. Acesso em 17 de maio de 2017.
FLETCHER E GROSE, Kate e Lynda. Moda e sustentabilidade: Design para
mudança. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2011.
GOLA, Eliana. A joia: História e design. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013.
GWILT, Alison. Moda sustentável: Um guia prático. São Paulo: Gustavo Gili, 2014.
MANZINI E VEZZOLI, Ezio e Carlo. O desenvolvimento de produtos sustentáveis:
Os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: EDUSP, 2008
MERCALDI, Marlon Aparecido; MOURA, Mônica. Definições da Joia Contemporânea.
Disponível em:
www.revistas.udesc.br/index.php/modapalavra/article/download/8811/6302 Acesso em
29 de maio de 2017.
POMEI, Márcia. Fundição por cera perdida. Disponível em: http://www.joia-e-
arte.com.br/cera.htm. Acesso em 17 de maio de 2017.
Portal G1 – Fantástico. Laudo alerta para alta concentração de substância tóxica em
bijuterias. Disponível em: http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2013/11/laudo-alerta-
para-alta-concentracao-de-substancia-toxica-em-bijuterias.html. Acesso em 17 de maio
de 2017.
SALCEDO, Elena. Moda ética para um futuro sustentável. São Paulo: Gustavo Gili,
2014.
SANTOS, Mateus Sales dos. Bijuterias. / Mateus Sales dos Santos, Hélio Tadashi
Yamanaka e Carlos Eduardo Medeiros Pacheco. São Paulo, CETESB, 2005. Disponível
em: http://www.crq4.org.br/downloads/bijuterias.pdf. Acesso em 29 de maio de 2017.
SEBRAE – Almanaque do campo. Ideias de negócios: criação de ostras.
Disponível em
http://www.almanaquedocampo.com.br/imagens/files/ostra%20sebrae.pdf. Acesso em
24 de agosto de 2017.

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Diretrizes sustentáveis para concepção de joias contemporâneas

  • 1. Diretrizes sustentáveis para concepção de joias contemporâneas DACOL BOMFIM, Bruna Orientação Prof.Me. Hélcio Prado Fabri Universidade Positivo Este trabalho visa analisar e aprofundar as relações entre a joia contemporânea e os aspectos teóricos da sustentabilidade, com o objetivo de estabelecer diretrizes sustentáveis para concepção de joias contemporâneas autorais em processo artesanal. A partir da investigação do valor simbólico da joia no transcorrer da história e de seus diferentes procedimentos de criação, passando por discussões sobre sustentabilidade e colocando em contra ponto a criação em massa e o artesanato, chegou-se ao ponto crucial do trabalho: uma lista de procedimentos propondo diretrizes sustentáveis que valorizam o consumo consciente e a joia artesanal como uma alternativa viável. Palavras-chave: Joia contemporânea. Moda autoral. Sustentabilidade. Diretrizes sustentáveis para concepção de joias contemporâneas O planeta está sofrendo um processo de autodestruição, onde um terço dos recursos naturais foram consumidos nas últimas décadas, 40% da área florestal foi degradada, 5 mil pessoas morrem por dia pela falta de água e 20% da população consome 80% dos recursos disponíveis. A indústria da moda é uma das maiores responsáveis, e dentro dela está o mercado de joias e bijuterias. Segundo o SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), um dos mercados mais promissores para 2015 foi o de bijuterias e artefatos semelhantes. O problema está no aumento do consumo de produtos de baixo valor e baixa qualidade e da moda do fast fashion, que são praticamente descartáveis e contribuem com impactos ambientais e sociais. Deste modo se faz necessário o aprofundamento das discussões entre a sustentabilidade e a joalheria e a importância de um consumo consciente e da aplicação prática dos conceitos teóricos da sustentabilidade dentro desse mercado. O mundo está em processo de transformação, as pessoas começaram a pensar de forma diferente, com consciência, e como a sociedade está em processo de mudança, a moda também está. A moda vive uma era de ressignificação, de novos valores: a valorização do artesanal, do autoral, da moda local, e do slow fashion (movimento de moda sustentável, uma alternativa à produção em massa). Diante deste cenário, o foco deste trabalho é analisar e aprofundar as relações entre a joia contemporânea (que não deixa de ser um elemento de moda) e os aspectos teóricos da sustentabilidade, com o objetivo de estabelecer diretrizes sustentáveis para concepção de joias
  • 2. contemporâneas autorais em processo artesanal. O trabalho tratará também do papel do designer como ativista, comunicador, educador e sua importância no contexto da sustentabilidade e no consumo consciente. Para isso, é necessário contextualizar a joia como elemento simbólico desde seu surgimento até os dias atuais, e ainda fazer um paralelo entre o processo industrial da joia com a joia artesanal, e os aspectos de uma joia produzida a partir de materiais nobres, como prata e ouro, em contraponto à bijuteria. Também será analisado o ciclo de vida da joia e algumas das suas principais etapas, e as melhorias a serem feitas nelas. 1 – A joia como significado Durante toda a história da humanidade a joia se fez presente assumindo diferentes funções. Segundo a designer Eliana Gola, “a joia é moeda universal que não perde seu valor material, é documento que resiste ao tempo, é patrimônio impregnado de sentimentos e de história" (GOLA, 2013, p. 15). Como prova disso, podemos citar histórias de povos que, ao deixar seus países, tiveram a oportunidade de recomeçar a vida em outro lugar através de suas joias – usadas como moeda universal. Além disso, pouco do que se sabe da cultura de alguns povos foi descoberto através do conhecimento e estudo de suas joias. De acordo com Gola (2013), as joias, dentro de todas suas diferentes funções, servem de apoio a insígnias específicas dos ocupantes de um território; são sinais importantes da relação de um indivíduo e determinado grupo. Portanto, durante toda a humanidade, a joia esteve ligada às vontades do homem, servindo de exemplo para sua capacidade de construir novas linguagens e junto delas significados na elaboração de identidades e na ideia de ser único. 1.1 – Processo de produção da joia contemporânea e o aspecto da joia na atualidade No final dos anos 40, no pós-guerra, a joia e seus aspectos de produção começaram a sofrer transformações. Até então, nas décadas anteriores – 20, 30, 40, 50 –, a fabricação de joias era regida por dois sistemas principais: as joias feitas em metais raros e preciosos – trabalhadas em casas famosas –, e as joias do artista-artesão – produzidas em ateliês menores com materiais mais acessíveis em que o mais importante era o aspecto artístico das peças. Efetivamente no ano de 1960 a bijuteria de imitação ganhou "reconhecimento", e esse novo sistema ganhou espaço na joalheria. Essa década acabou trazendo todos os tipos de revolução, entre elas, a que aqui nos interessa: o renascimento do design e, ainda mais importante, o culto
  • 3. à juventude, como citado por Gola (2013, p. 116). Nesse contexto, novos materiais foram experimentados para concepção das joias de imitação, tais como madeira, papel, plástico ou PVC. Atuoalmente, dentr do mercado de joias, têm-se as industriais e as artesanais. Segundo Gola (2013), na indústria é necessário se ter know-how – tecnologia, materiais e soluções plásticas próprias além de relações estéticas autênticas – que acabam gerando uma demanda na qualificação dos profissionais. Modelistas e designers precisam estar a par das tendências do mercado no âmbito econômico, estético, ético e ecologicamente correto. Tudo isso para atingir o padrão de qualidade e produtividade total na esfera industrial, que deve seguir um padrão universal. Gola (2013) afirma que a sustentabilidade passa a ser a palavra de ordem na indústria e na esfera social, portanto é preciso repensar a moda. Cabe então, aos designers de joias, analisarem os elementos à sua volta e incorporá-los à sua criação. 2 - O contexto da moda autoral, moda sustentável e o consumo consciente As gerações Y e Z (pessoas nascidas a partir de 1980 até 2010) nasceram num mundo acelerado e valorizam desacelerar. São indivíduos que tem mais consciência e preocupação com questões sociais, com o meio ambiente, com o que ingerem e com o que vestem. Daí o número de iniciativas “slow” crescendo na moda. O slow fashion entra como um meio para garantir qualidade, criatividade e ética, e para dar valor ao produto e contemplar a conexão com o meio ambiente. Esta nova era carrega uma ideia de responsabilidade, e também o contexto da “ecomoda”, moda ética, slow fashion, a moda mais sustentável, a moda autoral e a moda com propósito. Elena Salcedo (2014), coordenadora do curso “Moda ética e sustentável", tem uma visão particular sobre as diferenças entre as expressões ligadas a moda e sustentabilidade. No gráfico abaixo, Salcedo (2014) mostra que a “eco moda” engloba produtos de moda feitos por métodos que reduzam impactos ambientais; na moda ética a ênfase recai tanto sobre o aspecto ambiental como sobre o social (saúde dos consumidores e condições de trabalho). Já na slow fashion o enfoque é a consciência (de designers, compradores, distribuidores e consumidores) do impacto que os produtos têm sobre as pessoas e ecossistemas. “Diferentemente do que acontecem nos demais enfoques, a slow fashion enxerga o consumidor e seus hábitos como parte importante da cadeia.“ (SALCEDO, 2014, p. 33). Por fim, a moda sustentável inclui todas as alternativas
  • 4. anteriores; trata-se de todas essas iniciativas que promovem boas práticas sociais e ambientais, incluindo uma redução na produção e no consumo. Gráfico 1 – Tipos de moda mais sustentável (SALCEDO, 2014, p. 32). A moda na contemporaneidade é mais autoral e individual, porém integrada com o todo, para que marcas e pessoas se fortaleçam e cresçam juntas, assim como todo esse movimento. Os talentos únicos de cada um, os profissionais autênticos, e a capacidade de “(re) significar” fazem parte desse momento. "O serviço autêntico se baseia na genuína empatia com as necessidades do outro." (CARVALHAL, 2016, p. 76). A moda autoral cria valor para as pessoas, cria moda que faça sentir, que preserva experiências e que transmite significado. 3 – Conceitos ligados aos aspectos da sustentabilidade O termo “Desenvolvimento Sustentável”, utilizado pela primeira vez em 1987 pelo documento Our Common Future, se refere, segundo os professores de design industrial Ezio Manzini e Carlo Vezzoli (2011), às condições sistêmicas cujas atividades humanas não devem interferir nos ciclos naturais em que se baseia tudo o que a resiliência do planeta permite e, ao mesmo tempo, não devem empobrecer seu capital natural, que será transmitido às gerações futuras. Em termos de caráter ético, o princípio da equidade, em que cada pessoa (incluindo as gerações futuras) tem direito a mesma disponibilidade de recursos naturais do globo terrestre. Em outras palavras diz respeito ao desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente sem comprometer a satisfação das necessidades das gerações futuras. Quando se fala em desenvolvimento sustentável e seus três pilares – ambiental, social e econômico – existe uma confusão de conceitos. É preciso excluir a visão de que a economia a sociedade e o meio ambiente são sistemas interdependentes, porém separados, e adotar uma
  • 5. visão de sistemas integrados (Graf.2), no qual o bem-estar econômico depende do bem-estar social, que, por sua vez depende do bem-estar do meio ambiente. 3.1 – O designer como educador-comunicador, facilitador e ativista As iniciativas de sustentabilidade, em sua maioria, até hoje estão sendo lideradas pelo setor da indústria. Isso porque as pessoas que trabalham nas empresas tem muito mais conhecimento sobre os processos e impactos sociais e ambientais dos produtos do que os consumidores. Não obstante, as organizações comunicam apenas o que desejam comunicar a partir da imagem que querem passar. Kate Fletcher (responsável pelo curso de moda e sustentabilidade na faculdade de Londres) e Lynda Grose (professora na Escola de Artes da Califórnia) (2011) afirmam que, diferentemente de uma marca de esportes ao ar livre, por exemplo, para uma marca de moda, a ecologia está distante da interface normal de uma empresa com seus consumidores, e assim a sustentabilidade é apresentada como uma ferramenta de diferenciação para vender mais. “Trata- se de comunicar em uma etiqueta ou outdoor os atributos ‘sustentáveis’ de um produto ‘mais verde’ a um consumidor “pré-ecológico", carente de conhecimento ou consciência sobre a sustentabilidade.”. (FLETCHER E GROSE, 2011, p. 157). Além do mais, a maioria das empresas fala com seus clientes como consumidores e quase nunca como cidadãos ativos, muito menos se vêm no papel de ajudar os consumidores a interrogar as estruturas subjacentes que permeiam a sociedade. Em conclusão, é preciso que se desenvolva um movimento mais concreto e profundo de comunicação e educação, para que a população seja informada a respeito dos sistemas ecológicos e naturais e suas interconexões com os sistemas humanos. "É aqui que surge a oportunidade para que os designers comuniquem de novas maneiras uma visão de moda e sustentabilidade e forneçam instrumentos, exemplos, habilidades e linguagens para amplificar uma voz coletiva, a fim de que uma mudança profunda chegue mais depressa ao setor." (FLETCHER E GROSE, 2011, p.157 - 158). 4 – O ciclo de vida de um produto Para analisar os impactos socioambientais de um produto e incorporar estratégias de sustentabilidade que ajudem a melhorar essas questões é necessário mapear o ciclo de vida do produto a ser desenvolvido. De acordo com a pesquisadora e professora de moda Alison Gwilt (2014), o ciclo de vida de uma roupa de moda (neste caso será analisado o de joias) pode ser dividido em cinco etapas principais: design, produção, distribuição, uso e fim de vida. Gwilt (2014)
  • 6. aponta quais os princípios primordiais ligados às estratégias sustentáveis: minimização do consumo de recursos; escolha do processo e dos recursos de baixo impacto; melhora das técnicas de produção; melhora dos sistemas de distribuição; redução dos impactos gerados durante o uso; aumento da vida de uma peça; e melhora no uso dos sistemas de final de vida. Esses princípios devem ser aplicados durante todas as etapas do ciclo. 4.1. – Etapa de Design O designer, antes de qualquer coisa, precisa compreender a relação entre o usuário e o produto, e a partir de então começar a analisar as possibilidades – como aperfeiçoar a vida de um produto, e quais adaptabilidades um produto pode ter. Para uma vida útil otimizada tem-se o design pela empatia e seus atributos físicos e emocionais na durabilidade. Por um viés mais técnico, a maneira de fazer com que a peça obtenha uma vida mais longa e duradoura, é incluir desde a escolha de materiais mais duráveis até um processo produtivo de qualidade. “Mas hoje se torna cada vez mais importante considerar também os impactos socioambientais ligados aos materiais e técnicas têxteis.”. (GWILT, 2014, p.60). No caso das joias, as técnicas da joalheria. Quando se fala em sustentabilidade e uso de materiais de menor impacto os metais nobres são os mais indicados, e melhor ainda quando são retirados pelo processo de purificação de lixo eletrônico, fotográfico e automobilístico, ao invés de serem extraídos do meio natural. Sendo os materiais nobres utilizados na confecção de joias, como consequência as joias são mais sustentáveis do que semijoias e bijuterias, não apenas pela matéria-prima, mas também pelo seu processo produtivo que será discutido na etapa de ‘produção’ do ciclo de vida. No entanto, além dos metais muitos outros materiais são usados na confecção desses acessórios. É possível citar desde materiais naturais como gemas (pedras), pérolas, corais, conchas, madeira, couro, fios de lã e algodão, palha, cerâmica, porcelana, inclusive os sintéticos, como miçangas e pedras de plástico, resina, acrílico e couro sintético. Analisando as diferenças entre esses materiais, os naturais são sempre mais preferíveis que os sintéticos no quesito sustentabilidade, todavia não é porque algum material vem do meio natural que é considerado sustentável. Um exemplo claro são as pedras preciosas, que apesar de serem extraídas da natureza passam por um processo de lapidação que acaba gerando resíduos, analisando por esse ponto as pedras brutas, que são usadas em sua forma natural, geram menos impactos que as lapidadas. O mais correto é fazer uma análise aprofundada de cada caso e ponderar seus impactos. Pode-se dizer que a alternativa mais sustentável é o reaproveitamento de materiais como
  • 7. madeira de demolição, retalhos de madeira de indústria, resíduos de couro e têxteis, entre outros. 4.2. – Etapa de Produção Os processos de produção de joias, semijoias e bijuterias podem ser divididos em artesanal e industrial. No processo artesanal todas as operações são feitas à mão e cada peça é confeccionada uma a uma resultando em uma produção de pequena escala. As operações vão desde a fundição do lingote, laminação, soldagem, lixamento, polimento, tratamentos químicos, trefilação e acabamentos. Por ser um processo puramente artesanal, a maioria das ferramentas usadas são manuais, como alicates, limas, serras, lixas, brocas e matrizes para tri filamento. Os únicos equipamentos que necessitam de recursos como gás e eletricidade são os maçaricos, um de oxigênio para fundição e outro a gás para solda e recozimento, o laminador, que pode ser manual ou elétrico, e uma retífica elétrica. Já no processo industrial o foco é a produção em grande escala onde é possível a criação de várias peças idênticas num curto período de tempo e custo muito inferior ao da produção artesanal. Por isso as bijuterias e semijoias se utilizam desses processos e conseguem alcançar um preço de venda relativamente baixo. A produção industrial utiliza processos metalúrgicos como fundição por cera perdida, estamparia, fotocorrosão, eletroformação e galvanoplastia, processos e técnicas que demandam muitas etapas, equipamentos, materiais e recursos. Os mais utilizados são: fundição por cera perdida na fabricação das peças e a galvanoplastia nos banhos. O maior problema destes dois processos são os impactos gerados. Em todos os estágios do processo de fundição, partículas são liberadas. Os fumos metálicos que se desprendem da fusão das ligas são prejudiciais a saúde dos operadores e podem contaminar o meio ambiente. Além disso, o gesso usado nos moldes, uma vez curado, não pode ser reaproveitado. Há estudos para sua reutilização, mas atualmente as empresas os deixam estocados ou enviam para aterros. O mesmo acontece com a cera, que também não é indicada ao reaproveitamento, pois ela perde suas características iniciais, além deste ser um processo bastante trabalhoso e pouco compensativo. A galvanoplastia é o processo no qual uma peça recebe o revestimento de um metal ou de verniz com a função de alterar a cor de uma peça ou evitar a oxidação. Isso porque como as semijoias
  • 8. são feitas de metais de baixa qualidade, elas necessitam de um banho de metal nobre, prata ou ouro, para que tenham uma durabilidade maior. Todavia a peça banhada nunca chegará perto do que é uma joia produzida inteiramente com o metal nobre. Apesar de muito utilizada, a atividade de galvanoplastia é considerada altamente impactante. Dada a grande utilização de água e produtos químicos, a imagem do setor não é positiva. Ao comparar as diferenças entre os impactos do processo artesanal e do industrial, é possível perceber o porquê de os processos artesanais terem tanta relevância quando se fala em sustentabilidade. Além de utilizarem muito menos materiais e recursos, os resíduos chegam a ser praticamente zero e sem desperdícios, pois além da produção ser em pequena escala, cada peça é produzida uma a uma e o material que sobra (geralmente prata ou ouro) é derretido e volta à produção. Desse modo a partir do pressuposto de que as bijuterias e semijoias são produzidas a partir dos processos industriais e as joias, em sua maioria, a partir dos artesanais, tem se o motivo das joias serem mais sustentáveis. Além disso, peças artesanais em sua maioria possuem design diferenciado e peças únicas, diferente das peças industriais que possuem várias reproduções, sempre com as mesmas configurações. 4.3. – Etapa de Distribuição Na etapa de distribuição, além da gestão do transporte de materiais e recursos entre fornecedores, fabricantes e produtores, a gestão de embalagens e pontos de venda também é importante para a sustentabilidade. Salcedo (2014) faz algumas considerações para gerir as embalagens com práticas de menor impacto, entre elas estão: redução da variedade de materiais na composição das embalagens, de forma a facilitar sua reciclagem; design de embalagens com segunda vida útil; otimização da relação de volume entre continente e conteúdo; redução da quantidade de pacotes e embalagens; e uso de embalagens biodegradáveis. Ademais como joias são peças delicadas que precisam de cuidados especiais para armazenagem, suas embalagens devem levar em conta aspetos estéticos e funcionais. Etiquetas também precisam ser repensadas, pois fazem parte da embalagem e na maioria das vezes são jogadas fora. 4.4. – Etapa de Uso A etapa de uso pode ser dividida entre uso, armazenamento, reparo, adaptações e reformas. As
  • 9. joias, diferentemente das roupas, não precisam ser lavadas, no entanto elas também possuem instruções de cuidado que irão interferir diretamente na durabilidade da peça. Mesmo o ouro e principalmente a prata, que são metais nobres, podem oxidar com o tempo. Alguns simples cuidados fazem com que a peça esteja sempre nova: não entrar no mar e piscina com a peça, não passar produtos químicos nela, não tomar banho com ela para que não entre em contato com sabonete, xampu, cremes, não passar perfume em cima da peça, não usar as peças em situações que ela possa amassar ou arranhar, como na academia, em tarefas domésticas ou para dormir. Para armazenagem, é indicado que as peças sejam guardadas separadamente uma a uma para evitar o contato entre elas e possíveis arranhões, afinal pedras, pérolas e metais possuem diferentes graus de dureza. É aconselhável que sejam guardadas sempre após o uso em local que não tenha umidade e luz. Para limpar as joias, uma flanela é suficiente. No caso de oxidar, as joias em ouro e prata que não tenham nenhum outro material junto, podem ser colocadas numa vasilha com água fervente e bicarbonato de sódio. Reparos, adaptações e reformas não são tão frequentes em joias como são nas roupas, principalmente porque semijoias e bijuterias raramente tem conserto por conta de seu material. Uma situação recorrente é o pino de um brinco estragar ou soltar, nesse caso se for uma semijoia ela não tem conserto, e não há nada que possa ser feito para arrumar. Com as joias é diferente, pois se for preciso diminuir o tamanho de um anel ou consertar um fecho que estragou, é possível sim. Isso porque a prata e o ouro podem ser derretidos, soldados e moldados novamente, e desta forma as joias nunca são jogadas fora ou deixadas de lado. 4.5. – Etapa do fim da vida A cultura ocidental segue um ciclo de compra, uso, descarte e o destino final das peças acaba sendo o lixo e aterros sanitários. Como foi visto anteriormente, o descarte inadequado de peças de bijuteria e semijoias que contenham metais pesados pode ser muito prejudicial ao meio ambiente e a saúde das pessoas. O maior problema está no fato das peças serem descartadas com um tempo muito curto de uso, em decorrência da má qualidade dos materiais e pela enorme quantidade de peças que as pessoas compram. Ao comprar uma nova, a antiga já não tem mais sentido e é descartada. Isso não acontece só com as roupas: as bijuterias fast fashion que seguem tendências e materiais efêmeros também vão parar no lixo com rapidez. Dentro das alternativas encontradas para mudar esse ciclo estão o reuso, a remanufatura e a reciclagem, mas mais do que isso é necessário mudar a cultura do consumo fast fashion.
  • 10. Com relação ao reuso, as peças podem ser passadas para membros da família, o que é muito frequente quando se tratam de joias, que podem ser trocadas ou revendidas (peças em ouro e prata, por exemplo, são facilmente revendidas em razão do valor que os metais têm) em brechós, lojas vintage ou joalherias. A remanufatura é o processo de retrabalhar peças ou materiais já existentes que sobraram, acabando com o excesso. Eles podem vir do desperdício pré- consumidor, ainda durante a confecção de produtos, ou pós-consumidor, oriundo de peças não usadas compradas em brechós, joalherias ou antiquários. Essa esfera permite o “codesign”, serviço exclusivo e personalizado feito sob encomenda, que atende às necessidades individuais e são uma opção para os usuários se engajarem no processo criativo. O usuário pode trazer alguma joia, por exemplo, que esteja em desuso, para então fazer uma modificação ou transformação na peça, dando origem a uma nova. No caso das joias em prata e ouro é possível reciclar por completo e aproveitar todo o material, basta derretê-las e confeccionar uma nova com a mesma matéria prima. A produção em ciclo fechado ou economia circular, como alternativa, descreve o processo de constante reuso de um material, sem permitir que ele entre no fluxo de resíduos. Outra forma de se conseguir um sistema produtivo de ciclo fechado é a de escolher materiais que podem ser reprocessados e gerar o mesmo tipo de material e produto, como é o caso da prata e do ouro. Para a reciclagem no setor de joias, além de ser possível reciclar a prata e o ouro de joias antigas, é possível reciclar outros tipos de materiais, como peças de lixo eletrônico, automobilístico, fotográfico, e a partir delas extrair a prata e o ouro. Esse processo é chamado de purificação do metal e só é possível ser feito com mão de obra especializada. Se forem tomados os devidos cuidados com o descarte das substâncias utilizadas no processo, é uma ótima alternativa sustentável para usufruir do lixo de outros setores e não incentivar o processo de mineração, que vai contra os princípios sustentáveis. 5 – Diretrizes sustentáveis na joalheria As diretrizes sustentáveis foram estabelecidas com base nos estudos do ciclo de vida de um produto. Agora, a partir de cada diretriz será apresentada uma possível aplicação prática em um contexto de marca real e por fim a apresentação de uma tabela contando com todas as diretrizes, conceito e aplicação respectivamente. A tabela abaixo mostra o ciclo de vida do produto e suas respectivas diretrizes dentro da joalheria.
  • 11. Tabela 1: Diretrizes sustentáveis (tabela desenvolvida pela autora). 5.1. Diretrizes na etapa do Design As primeiras diretrizes estabelecidas fazem parte da primeira etapa do ciclo de vida de um produto, a do design. Dentre elas estão: design por peças modificáveis, pela multifunção, pela atemporalidade, pela empatia e pelo baixo impacto de materiais. O conceito de cada uma dessas diretrizes já foi explicado, agora, a partir de tabelas, serão dadas alternativas reais de como é possível aplicar na prática cada uma delas.
  • 12. Tabela 2: Diretrizes sustentáveis na etapa do Design (tabela desenvolvida pela autora). 5.2. Diretrizes sustentáveis na etapa de Produção Para etapa de produção do ciclo de vida, foram estabelecidas cinco diretrizes: baixo impacto de processos, “desperdício zero”, boas condições de trabalho, produção e fornecedores locais e
  • 13. produção relativa à demanda. Apesar de essas terem sido as escolhas, duas diretrizes da etapa de fim da vida, economia circular e remanufatura, serão contempladas junto ao “desperdício zero”, pois estão totalmente ligadas. Tabela 3: Diretrizes sustentáveis na etapa de Produção (tabela desenvolvida pela autora).
  • 14. 5.3. – Diretrizes sustentáveis na etapa de Distribuição Na etapa de distribuição as diretrizes são transportes, embalagens e pontos de venda de menor impacto. Tabela 4: Diretrizes sustentáveis na etapa de Distribuição (tabela desenvolvida pela autora).
  • 15. 5.4. – Diretrizes sustentáveis na etapa de Uso Na etapa de uso foram estabelecidas as diretrizes de bom uso e armazenagem, reparo e adaptações. Tabela 5: Diretrizes sustentáveis na etapa de Uso (tabela desenvolvida pela autora).
  • 16. 5.5. – Diretrizes sustentáveis na etapa de fim da vida Por último, na etapa de fim da vida as diretrizes são: reuso, remanufatura, reciclagem, economia circular e cocriação. Tabela 6: Diretrizes sustentáveis na etapa de fim da vida (tabela desenvolvida pela autora).
  • 17. 6 – Validações práticas Todo o estudo teórico sobre sustentabilidade na joalheria e a elaboração das diretrizes teve como propósito uma futura aplicação em marcas de joias. Deste modo, para comprovar que é viável e possível, foi feita uma validação prática com as diretrizes dentro da marca Bruna Bomfim Design de Joias. 6.1. – Validação na etapa de Design Para a etapa de Design foi desenvolvida uma linha de joias em cocriação com a marca H-AL, de Alexandre Linhares. A linha foi desenvolvida para um desfile da marca Poesia Desilusória, que conta sua trajetória em celebração aos 10 anos de história, denominado “Arte para Vestir.” A H- AL é a união das mentes criativas de Alexandre Linhares e Thifany F, que pintam, bordam e costuram. Cada peça é única assim como cada artista é único. Em uma década de história, as mulheres encontram nesses tecidos tramas sem igual. Ali, nenhum pedaço de tecido ou outro material fica de lado, pois tudo acaba virando uma peça de roupa. Para o desenvolvimento das peças, foi realizada uma reunião com os próprios artistas, que contaram um pouco da relação que possuem com a moda e com a sustentabilidade. Falaram de suas coleções e elementos simbólicos que fazem parte da identidade da marca. Para eles, a roupa é como uma segunda pele, que conta uma história e que tem uma relação íntima com cada um que a veste. Os bordados com linhas espontâneas, que desenham as roupas, deram origem a joias onde os fios de prata parecem desejar bordar a pele. Cada uma delas é produzida a partir de um único fio de prata que vai se dobrando, e as peças se tornando totalmente maleáveis, o que as faz e se adaptar bem a qualquer tipo de corpo (design por peças modificáveis). Em relação à multifuncionalidade, cada anel contém um fecho que, quando aberto, modifica o formato da peça e abre espaço para que ele se transforme em um brinco; da mesma forma a pulseira se abre e junto a um cordão se transforma em um colar. Toda a prata utilizada para confecção das peças é proveniente de reaproveitamento de prata a partir da purificação de resíduos utilizados na indústria de eletrônicos. Assim sendo, é possível fazer uso de um material altamente durável sem degradar o meio ambiente.
  • 18. A atemporalidade das joias é consequência da qualidade do material e do design autoral. A empatia vem da relação criativa e de experimentação do usuário com as peças, e a partir desse envolvimento, surgem as significações que o própria indivíduo constrói junto com elas. Figura 1: Validação das diretrizes na etapa de design (criada pela autora).
  • 19. 6.2. – Validação na etapa de Produção Para etapa de produção, todo o processo de desenvolvimento e confecção das peças foi feito artesanalmente. Começando pela fundição da prata, laminação dos fios, criação e finalmente o acabamento. No caso dessas peças, como são produzidas a partir de fios de prata contínuos, o uso de recursos é baixo e o desperdício é zero. Por serem produzidas individualmente e manualmente, a torção dos fios nunca é igual e as peças acabam sendo diferenciadas, únicas. Apesar disso, elas servirão de referência para confecção de novas peças a partir da demanda solicitada. Para boas condições de trabalho, produção e fornecedores locais, o esquema abaixo serve de validação. Nele, consta cada uma das pessoas que fazem parte do processo, desde a matéria prima até a embalagem, estando todas elas na região de Curitiba e mostrando que é possível trabalhar em escala local de forma justa. Esta colaboração expressa o quão importante são as relações e trocas que fomentam a economia criativa.
  • 20. Figura 2: Validação das diretrizes na etapa de produção (criada pela autora).
  • 21. 6.3. – Validação na etapa de Distribuição Na etapa de distribuição, uma das alternativas para pontos de venda de menor impacto foi a loja/ateliê, um espaço onde o designer/ourives pode tanto criar e confeccionar as peças quanto receber clientes, otimizando assim o espaço. As fotos a seguir mostram a loja/ateliê da marca Bruna Bomfim, onde de um lado ficam a bancada e as ferramentas de trabalho, e do outro um espaço para receber os clientes e expor as joias. Para embalagens de menor impacto a marca de joias reaproveita retalhos da Reptilia (marca de roupas local) e manda fazer saquinhos que, a partir de sua própria modelagem, se fecham sozinhos e eliminam o uso do cordão. Para evitar o desperdício de etiqueta, que normalmente vai para o lixo, a logo da marca vai carimbada no próprio saquinho. Dentro da embalagem estão as informações da marca e instruções de uso e armazenagem em um pequeno papel reciclado. A ideia é de que, além dos saquinhos, a marca tenha uma embalagem diferenciada para presente, que será uma caixinha de madeira de demolição, com um custo a parte. E quando uma cliente juntar três saquinhos, ela poderá trocá-los por uma caixinha, retornando então, saquinhos que poderiam ser jogados fora. Para transportes de menor impacto, além da utilização de aplicativos para entrega (que tem como meio a bicicleta, James e Ecobike) todo mês é feito um planejamento dos trajetos que serão feitos de carro para que seja possível otimizá-lo ao máximo.
  • 22. Figura 3: Validação das diretrizes na etapa de distribuição (criada pela autora).
  • 23. 6.4. – Validação na etapa de Uso Para a etapa de uso, foi elaborada uma pequena carta (encaminhada dentro da própria embalagem) que serve tanto de instruções de uso e armazenagem, reparo e adaptações, como um informativo sobre o processo de produção de cada peça e os valores sustentáveis da marca. O propósito é passar para o usuário os cuidados que ele deve ter com a joia para que tenha maior durabilidade, e também repassar valores sustentáveis para que este usuário se questione e se atente aos processos produtivos dos produtos que consome, se tornando assim um consumidor mais consciente. Figura 4: Validação das diretrizes na etapa de uso (criada pela autora).
  • 24. 6.5. – Validação na etapa de fim da vida Na etapa de fim da vida, reciclagem, remanufatura e economia circular andam juntas. Isso porque toda a prata utilizada na produção das peças vem da reciclagem de lixo eletrônico, e depois disso, o que sobra da produção (retalhos e pó de prata) é remanufaturado, onde os retalhos são derretidos e o pó passa por um processo de purificação, para então voltarem ao ciclo de produção. Um processo produtivo, onde a matéria prima não entra no ciclo de resíduos e sempre volta à produção (como é o caso da prata), denomina se economia circular. Como reutilização, foram desenvolvidas duas peças a partir de colares que estavam sem utilidade. Um dos colares, feito de crochê por artesãs de Minas Gerais, além de ser um antigo, tinha seu fecho arrebentado, e o outro, continha bolas de quartzos de cristal. Os colares foram desmanchados – sem que as flores de crochê ou as bolas de quartzo estragassem – e a partir deles e de fios de prata, surgiram novas peças. As peças confeccionadas foram um par de brincos e um colar, que podem ser utilizadas tanto com os acessórios que foram aproveitados dos colares, quanto sem eles, apenas com a prata.
  • 25. Figura 5: Validação das diretrizes da etapa de fim da vida (criada pela autora).
  • 26. 7 – Considerações finais O apontamento final desse projeto surgiu de uma experiência real e acabou se tornando a última diretriz, uma das mais importantes. Aconteceu da marca Bruna Bomfim Design de Joias participar do evento Feira na Rosenbaum, um dos mais conceituados do Brasil quando se trata de arte, design e artesanato. Um evento de três dias onde circula muitas pessoas interessadas em apreciar e comprar. Para participar é preciso ter produtos para exposição e venda, ou seja, produção e produto. O que acontece é que como a maioria dos expositores desse tipo de evento são artistas e designers, com marcas autorais pequenas que buscam pelo artesanal, acaba sendo difícil de alcançar o número de produtos desejado e necessário para vender e "ter sucesso”. O resultado: algumas marcas, como é o caso da Bruna Bomfim, acabam deixando de lado os valores sustentáveis para poder produzir e vender em grande escala, portanto os valores se invertem. Todas as diretrizes e todo o material reaproveitado, assim como toda a produção artesanal e o design autoral, se perdem. Eles perdem seu valor quando uma produção precisa ser de grande escala. Não há finalidade em seguir diretrizes sustentáveis de um ponto de vista, se de outro existem artistas que produzem artesanalmente, mas de forma automática, gerando estresse, nervosismo e ansiedade. Uma produção que era para ser slow acaba sendo escravizada pelo mercado e passa a ser fast. Neste contexto não há equilíbrio, e sem equilíbrio não há sustentabilidade. Este caso exemplifica que cada artista produz adequando-se à demanda, o que comprova situações em que a sustentabilidade é automaticamente deixada de lado. Por fim, ao analisar a situação para chegar a alternativas viáveis, novamente o trabalho em rede, os grupos colaborativos, as interconexões e a economia criativa é o melhor caminho. Não existe a possibilidade de um trabalho artesanal sustentável ser feito individualmente, pois todo um sistema deve ser sustentado. Equilíbrio passa então a ser a última diretriz, tão essencial quanto as outras, porque sem equilíbrio, todo o propósito se perde e nada se sustenta.
  • 27. REFERÊNCIAS ALBUQUERQUE, Eliete. Beleza Imune a Crises. Disponível em: http://revistapegn.globo.com/Empresasenegocios/0,19125,ERA455186-2481,00.html. Acesso em 6 de junho de 2017. ARAÚJO, Rosângela Souza. Indicadores de sustentabilidade no contexto do desenho industrial. Portal Universidade Positivo - Publicações. Disponível em http://servicos2.up.com.br/AplPublicacoes/Arquivos/Dissertação%20Rosangela%20Sou za%20Araujo.pdf. Acesso em 15 abril de 2017. ARMADA, Marta. Coleção Namíbia. Disponível em: https://www.martaarmada.com/portfolio/coleccion-namibia/. Acesso em 27 de julho de 2017. BESTEN, L. On jewellery: a compendium of international contemporary art jewellery. Stuttgart: Arnoldsche Verlagsanstalt, 2011. CARVALHAL, André. Moda com propósito: Manifesto pela grande virada. São Paulo: Editora Paralela e Estação das Letras e Cores, 2016. CHAVES III, Frank B. Os metais utilizados para fazer bijuterias. Disponível em: http://www.ehow.com.br/metais-utilizados-bijuterias-info_271193/. Acesso em 17 de maio de 2017. DA SILVA, André Luis Silva. Contaminação ambiental por chumbo. Disponível em http://www.infoescola.com/ecologia/contaminacao-ambiental-por-chumbo/. Acesso em 29 de maio de 2017. Emprega Brasil – Como fazer joias, processos de fabricação de joias. Disponível em: https://www.empregabrasil.com.br/ideias-de-negocios/como-fazer-joias-processos-de- fabricacao-de-joias/. Acesso em 17 de maio de 2017. FLETCHER E GROSE, Kate e Lynda. Moda e sustentabilidade: Design para mudança. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2011.
  • 28. GOLA, Eliana. A joia: História e design. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013. GWILT, Alison. Moda sustentável: Um guia prático. São Paulo: Gustavo Gili, 2014. MANZINI E VEZZOLI, Ezio e Carlo. O desenvolvimento de produtos sustentáveis: Os requisitos ambientais dos produtos industriais. São Paulo: EDUSP, 2008 MERCALDI, Marlon Aparecido; MOURA, Mônica. Definições da Joia Contemporânea. Disponível em: www.revistas.udesc.br/index.php/modapalavra/article/download/8811/6302 Acesso em 29 de maio de 2017. POMEI, Márcia. Fundição por cera perdida. Disponível em: http://www.joia-e- arte.com.br/cera.htm. Acesso em 17 de maio de 2017. Portal G1 – Fantástico. Laudo alerta para alta concentração de substância tóxica em bijuterias. Disponível em: http://g1.globo.com/fantastico/noticia/2013/11/laudo-alerta- para-alta-concentracao-de-substancia-toxica-em-bijuterias.html. Acesso em 17 de maio de 2017. SALCEDO, Elena. Moda ética para um futuro sustentável. São Paulo: Gustavo Gili, 2014. SANTOS, Mateus Sales dos. Bijuterias. / Mateus Sales dos Santos, Hélio Tadashi Yamanaka e Carlos Eduardo Medeiros Pacheco. São Paulo, CETESB, 2005. Disponível em: http://www.crq4.org.br/downloads/bijuterias.pdf. Acesso em 29 de maio de 2017. SEBRAE – Almanaque do campo. Ideias de negócios: criação de ostras. Disponível em http://www.almanaquedocampo.com.br/imagens/files/ostra%20sebrae.pdf. Acesso em 24 de agosto de 2017.