2. O que a palavra Pausa sugere”?
(ativar o conhecimento prévio)
Que tipo de assunto você acha
que o texto abordará?
Você acha que será uma história,
uma notícia, um poema...?
3.
4. Sabendo que foi publicado em um
livro cujo título é O conto
brasileiro contemporâneo que
hipóteses levantadas até agora
você mantém?
Por que você acha que esse título
foi escolhido?
6. Moacyr Jaime Scliar nasceu em Porto Alegre (RS), no Bom
Fim, bairro que até hoje reúne a comunidade judaica, a 23 de
março de 1937, filho de José e Sara Scliar. Sua mãe,
professora primária, foi quem o alfabetizou. Cursou, a partir
de 1943, a Escola de Educação e Cultura, daquela cidade,
conhecida como Colégio Iídiche. Transferiu-se, em 1948, para
o Colégio Rosário, uma escola católica.
Em 1955, passou a cursar a faculdade de medicina da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre
(RS), onde se formou em 1962. Em 1963, inicia sua vida
como médico, fazendo residência em clínica médica.
Trabalhou junto ao Serviço de Assistência Médica Domiciliar e
de Urgência (SAMDU), daquela capital.
Publica seu primeiro livro em 1962. A partir daí, não parou
mais. São mais de 67 livros abrangendo o romance, a crônica,
o conto, a literatura infantil, o ensaio, pelos quais recebeu
inúmeros prêmios literários.
Faleceu no dia 27/02/2011, em Porto Alegre (RS), vítima de
falência múltipla de órgãos.
7. Sabendo quem o escreveu, você
mantém suas respostas
anteriores ou as modifica?" Por
quê?
Você se lembra de outros títulos
de histórias que esse autor
escreveu?
9. Durante a leitura
Leitura compartilhada.
Exemplo: “- Todos os domingos tu
sais cedo – observou a mulher com
azedume na voz”. Por que a mulher
muda o seu tom de voz?
10. - O que sugere a palavra “CAIS”?
- Por que ele parou duas quadras
antes de seu destino?
- Perceberam que há troca de nomes?
Por que será houve essa troca?
- Por que ele escolhe um quarto no
último andar?
- O que será chambre? Por que as
mulheres estavam vestidas assim?
- Como será que acaba esta narrativa?
11. Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba
e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando
a mulher apareceu, bocejando:
_ Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram
espessas, a barba, embora recém feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era
uma máscara escura.
_ Todos os domingos tu sais cedo - observou a mulher com azedume na voz.
_ Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
_ Por que não vens almoçar?
_ Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu:
_ Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava
vagarosamente, ao longo do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas. Estacionou o
carro numa travessa quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou
apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os
lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves no balcão, acordando um homenzinho que
dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, pôs-se de pé:
_ Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
_ Estou com pressa, seu Raul! – atalhou Samuel.
_ Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. – Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada vacilante. Ao chegar ao último andar, duas
mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
12. _ Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento
pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia
d´água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um
despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira. Puxou a colcha e
examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos,
afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os
dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos. Dormir. Em pouco, dormia. Lá
embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando,
os sons longínquos. Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou-se um círculo
luminoso no chão carcomido. Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa,
perseguido por índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto
da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e
resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas.
Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança.
Esvaindo-se em sangue, molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito
soturno de um vapor. Depois silêncio. Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da
cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona,
o gerente lia uma revista.
_ Já vai, seu Isidoro?
_ Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
_ Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente.
_ Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía.
_ O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo.
Samuel saiu. Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou olhando os
guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.
SCLIAR, Moacyr. In: BOSI, Alfredo. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cutrix,
1997.
13. Após a Leitura
Quais as características do texto
“Pausa” para que ele possa ser
considerado um conto?
Qual é o tema tratado no texto?
Relatar impressões pessoais sobre o
autor e sobre a leitura do texto.
14. Como a história é formada em torno de um
círculo, de uma rotina; seria interessante o
aluno produzir um pequeno relato sobre sua
rotina diária: a que horas acorda, aonde
costuma ir, o que costuma fazer, a que
horas almoça, em que horário costuma
dormir etc.
Trocar o seu relato com o colega a fim de
que o avalie. Depois, o colega fará o
registro de suas impressões: se gostou do
que leu, achou ou não algo de especial,
esperava alguma coisa a mais, identificou-
15. Lembrando a fuga do personagem
na história, percebemos que ele
construiu outra rotina que era
praticada aos domingos. E você?
O que faz nos finais de semana
para dar uma pausa em sua rotina
diária?
Relacionar esse conto a alguma
história real.
16. Agora é hora do bate-papo:
- Você conhece alguém que age de
modo parecido com o personagem da
história?
- Por que alguém tem a necessidade de
mudar de nome? Em quais situações
isto é necessário? Você acha esta uma
atitude correta?
- E a atitude do personagem? Até que
ponto você julga correta?
17. Para finalizar:
- O escritor agora é você. Crie uma
narrativa em 3ª. pessoa onde o
personagem tem um comportamento
suspeito ou estranho.
Desafio:
- Você deverá criar dois desfechos:
. o primeiro deverá ser inusitado,
cômico;
. o segundo, trágico, mostrando que
atitudes como esta não é correta e pode
trazer consequências trágicas.