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Oficina
de Moacyr Scliar
Para alunos do 9º ano do Ensino Fundamental
1. A partir do título “Pausa”, que tipo de texto você
espera encontrar? – poema, história, artigo de
opinião, entre outros.
2. Qual o assunto: amor, policial, aventura ou drama?
3. Quem já leu algum outro livro de Moacyr Scliar?
4. Você acredita que “Pausa” é uma história para
crianças, adolescentes ou adultos?
1ª Etapa:
Primeiro é preciso dar tempo para que os
estudantes realizem a leitura silenciosa, a fim de
prestarem atenção e entenderem o texto, bem
como aprimorarem a capacidade de leitura e
interpretação.
Após esse período, a leitura será feita pelo
professor, em voz alta, trabalhando a entonação
e a pontuação adequadas.
2ª Etapa
”Às sete horas, o despertador tocou. Samuel
saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e
lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava
na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher
apareceu, bocejando:
-Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora jovem,
tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram
espessas, a barba, embora recém feita, deixava ainda
de
Moacyr Scliar
no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma
máscara escura.
- Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher
com azedume na voz.
- Temos muito trabalho no escritório – disse o marido,
secamente.
Ela olhou os sanduíches:
- Por que não vens almoçar?
- Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um
lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse
à carga, Samuel pegou o chapéu:
-Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel
tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo
do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessia quieta. Com o pacote
de sanduíches debaixo do braço, caminhou
apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um
hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou
furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão,
acordando um homenzinho que dormia sentado numa
poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos,
posse de pé:
- Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho
bom este, não é? A gente...
- Estou com pressa, seu Raul! – atalhou Samuel.
- Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. –
Estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma escada
vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres
gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
- Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo
curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta
à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal,
um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia
d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas
esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem,
deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira. Puxou a
colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com
um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata.
Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches.
Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou
os olhos. Dormir. Em
pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a
mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros
gritando, os sons longínquos. Um raio de sol filtrou-se pela
cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície
imensa, perseguido por índio montado a cavalo. No quarto
abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas
colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel
mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu
uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os
olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a
lança. Esvaindo-se em um vapor. Depois, silêncio. Às sete
horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu
para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
- Já vai, seu Isidoro?
- Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou,
conferiu o troco em silêncio.
- Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o
gerente.
- Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela
porta; a noite caía.
- O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o
homem, rindo.
Samuel saiu. Ao longo do cais, guiava lentamente.
Parou, um instante, ficou olhando os guindastes
recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para
casa.”
SCLIAR, Moacyr. In: BOSI, Alfredo. O conto brasileiro
contemporâneo. São Paulo: Cutrix, 1997.
Misterioso
Mentira
Acomodação
Solidão
Culpa
Duas vidas
Fingimento
Tristeza
Incompreensão
Isolamento
Introspecção
Fuga
Formar grupos de 4 a 6 alunos, miscigenando
alunos com mais dificuldade e os bons. Os
alunos deverão debater e elaborar respostas
para as perguntas seguintes.
1. Este texto é um artigo de opinião? Por
quê?
2. Quem são as personagens do conto?
3. No primeiro parágrafo, que palavras
comprovam que Samuel estava mesmo com
pressa?
4. Como é o relacionamento do casal?
5. Samuel já é velho conhecido de Sr. Raul,
gerente do hotel. Como se percebe esse fato no
conto?
6. Como é o hotel?
9. Qual a crítica do seu grupo quanto à atitude de
Samuel?
10. A esposa é vítima ou vilã? Justifique.
Em grupo, produção de uma pesquisa, sobre o tema
“Relacionamentos complicados”, podendo abranger os
diversos gêneros culturais como, por exemplo: redes sociais,
cinema, teatro, obras de arte, entrevistas de jornais, revistas e
até mesmo de conversas com pessoas próximas.
Depois de prontos, os alunos poderão observar as
tarefas de outros colegas e também trocar experiências de
montagem do trabalho.
Trouxemos uma das possíveis abordagens: a letra da
música “Fim de Caso”, de Dolores Duran.
Dolores Duran
Eu desconfio que o nosso caso está na hora de acabar
Há um adeus em cada gesto, em cada olhar
Mas nós não temos nem coragem de falar
Nós já tivemos a nossa fase de carinho apaixonado
De fazer versos, de viver sempre abraçados
Naquela base do só vou se você for
Mas, de repente, fomos ficando cada dia mais sozinhos
Embora juntos cada qual tem seu caminho
E já não temos nem vontade de brigar
Tenho pensado, e Deus permita que eu esteja errada
Mas eu estou, eu estou desconfiada
Que o nosso caso está na hora de acabar.
1. Você acha que existe correspondência
entre a música de Dolores Duran (“Fim de
Caso”) e o texto lido de Moacyr Scliar,
“Pausa”?
2. Em caso positivo, quais são as
semelhanças?
3. E quais são as diferenças?
Proposta de produção textual:
1. Os estudantes deverão elaborar, a partir de
discussão, leitura do texto e relatórios, uma sinopse
com uma visão crítica a respeito do conto lido.
2. Tomando por base a obra “Pausa”, de Moacyr Scliar,
os alunos precisarão escrever a continuação do conto
trabalhado em sala, demonstrando se a personagem
de Samuel vai ou não solucionar o seu problema. Em
suma, se ele conseguirá se tornar autor de sua
própria história.
Referências Bibliográficas
• DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard et al. Gêneros e
progressão em expressão oral e escrita – elementos para
reflexões sobre uma experiência suíça (Francófona). In:
_________. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas:
Mercado das Letras, 2012. p. 35-60.
• DURAN, Dolores. Fim de Caso. In: Vagalume – Letras de
Músicas. Disponível em: http://www.vagalume.com.br/dolores-
duran/fim-de-caso.html. Acesso em: 14 de junho de 2013.
• PRATA, Mário. Avestruz. 5ª série/6º ano. vol. 2. Caderno do
aluno (p. 9) e Caderno do professor (p. 18).
• ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a
cidadania. In: Curso EaD/EFAP. Leitura e escrita em contexto
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contemporaneidade. 2012.

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A solidão de Samuel

  • 1. Oficina de Moacyr Scliar Para alunos do 9º ano do Ensino Fundamental
  • 2.
  • 3. 1. A partir do título “Pausa”, que tipo de texto você espera encontrar? – poema, história, artigo de opinião, entre outros. 2. Qual o assunto: amor, policial, aventura ou drama? 3. Quem já leu algum outro livro de Moacyr Scliar? 4. Você acredita que “Pausa” é uma história para crianças, adolescentes ou adultos? 1ª Etapa:
  • 4. Primeiro é preciso dar tempo para que os estudantes realizem a leitura silenciosa, a fim de prestarem atenção e entenderem o texto, bem como aprimorarem a capacidade de leitura e interpretação. Após esse período, a leitura será feita pelo professor, em voz alta, trabalhando a entonação e a pontuação adequadas. 2ª Etapa
  • 5. ”Às sete horas, o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se. Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches, quando a mulher apareceu, bocejando: -Vais sair de novo, Samuel? Fez que sim com a cabeça. Embora jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora recém feita, deixava ainda de Moacyr Scliar
  • 6. no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma máscara escura. - Todos os domingos tu sais cedo – observou a mulher com azedume na voz. - Temos muito trabalho no escritório – disse o marido, secamente. Ela olhou os sanduíches: - Por que não vens almoçar? - Já te disse: muito trabalho. Não há tempo. Levo um lanche. A mulher coçava a axila esquerda. Antes que voltasse à carga, Samuel pegou o chapéu: -Volto de noite. As ruas ainda estavam úmidas de cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente, ao longo
  • 7. do cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas. Estacionou o carro numa travessia quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente duas quadras. Deteve-se ao chegar a um hotel pequeno e sujo. Olhou para os lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente. Esfregando os olhos, posse de pé: - Ah! Seu Isidoro! Chegou mais cedo hoje. Friozinho bom este, não é? A gente... - Estou com pressa, seu Raul! – atalhou Samuel. - Está bem, não vou atrapalhar. O de sempre. – Estendeu a chave. Samuel subiu quatro lanços de uma escada
  • 8. vacilante. Ao chegar ao último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade: - Aqui, meu bem! – uma gritou, e riu: um cacarejo curto. Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou a porta à chave. Era um aposento pequeno: uma cama de casal, um guarda-roupa de pinho; a um canto, uma bacia cheia d’água, sobre um tripé. Samuel correu as cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e colocou-o na mesinha de cabeceira. Puxou a colcha e examinou os lençóis com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos. Dormir. Em
  • 9. pouco, dormia. Lá embaixo, a cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando, os sons longínquos. Um raio de sol filtrou-se pela cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido. Samuel dormia; sonhava. Nu, corria por uma planície imensa, perseguido por índio montado a cavalo. No quarto abafado ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em um vapor. Depois, silêncio. Às sete horas o despertador tocou. Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e saiu. Sentado numa poltrona, o gerente lia uma revista.
  • 10. - Já vai, seu Isidoro? - Já – disse Samuel, entregando a chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio. - Até domingo que vem, seu Isidoro – disse o gerente. - Não sei se virei – respondeu Samuel, olhando pela porta; a noite caía. - O senhor diz isto, mas volta sempre – observou o homem, rindo. Samuel saiu. Ao longo do cais, guiava lentamente. Parou, um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu avermelhado. Depois, seguiu. Para casa.” SCLIAR, Moacyr. In: BOSI, Alfredo. O conto brasileiro contemporâneo. São Paulo: Cutrix, 1997.
  • 12. Formar grupos de 4 a 6 alunos, miscigenando alunos com mais dificuldade e os bons. Os alunos deverão debater e elaborar respostas para as perguntas seguintes. 1. Este texto é um artigo de opinião? Por quê? 2. Quem são as personagens do conto?
  • 13. 3. No primeiro parágrafo, que palavras comprovam que Samuel estava mesmo com pressa? 4. Como é o relacionamento do casal? 5. Samuel já é velho conhecido de Sr. Raul, gerente do hotel. Como se percebe esse fato no conto? 6. Como é o hotel?
  • 14. 9. Qual a crítica do seu grupo quanto à atitude de Samuel? 10. A esposa é vítima ou vilã? Justifique.
  • 15. Em grupo, produção de uma pesquisa, sobre o tema “Relacionamentos complicados”, podendo abranger os diversos gêneros culturais como, por exemplo: redes sociais, cinema, teatro, obras de arte, entrevistas de jornais, revistas e até mesmo de conversas com pessoas próximas. Depois de prontos, os alunos poderão observar as tarefas de outros colegas e também trocar experiências de montagem do trabalho. Trouxemos uma das possíveis abordagens: a letra da música “Fim de Caso”, de Dolores Duran.
  • 16. Dolores Duran Eu desconfio que o nosso caso está na hora de acabar Há um adeus em cada gesto, em cada olhar Mas nós não temos nem coragem de falar Nós já tivemos a nossa fase de carinho apaixonado De fazer versos, de viver sempre abraçados Naquela base do só vou se você for Mas, de repente, fomos ficando cada dia mais sozinhos Embora juntos cada qual tem seu caminho E já não temos nem vontade de brigar Tenho pensado, e Deus permita que eu esteja errada Mas eu estou, eu estou desconfiada Que o nosso caso está na hora de acabar.
  • 17. 1. Você acha que existe correspondência entre a música de Dolores Duran (“Fim de Caso”) e o texto lido de Moacyr Scliar, “Pausa”? 2. Em caso positivo, quais são as semelhanças? 3. E quais são as diferenças?
  • 18. Proposta de produção textual: 1. Os estudantes deverão elaborar, a partir de discussão, leitura do texto e relatórios, uma sinopse com uma visão crítica a respeito do conto lido. 2. Tomando por base a obra “Pausa”, de Moacyr Scliar, os alunos precisarão escrever a continuação do conto trabalhado em sala, demonstrando se a personagem de Samuel vai ou não solucionar o seu problema. Em suma, se ele conseguirá se tornar autor de sua própria história.
  • 19. Referências Bibliográficas • DOLZ, Joaquim; SCHNEUWLY, Bernard et al. Gêneros e progressão em expressão oral e escrita – elementos para reflexões sobre uma experiência suíça (Francófona). In: _________. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado das Letras, 2012. p. 35-60. • DURAN, Dolores. Fim de Caso. In: Vagalume – Letras de Músicas. Disponível em: http://www.vagalume.com.br/dolores- duran/fim-de-caso.html. Acesso em: 14 de junho de 2013. • PRATA, Mário. Avestruz. 5ª série/6º ano. vol. 2. Caderno do aluno (p. 9) e Caderno do professor (p. 18). • ROJO, Roxane. Letramento e capacidades de leitura para a cidadania. In: Curso EaD/EFAP. Leitura e escrita em contexto digital – Programa Práticas de leitura e escrita na contemporaneidade. 2012.