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PSICOLOGIA: PROCESSOS E PROBLEMAS DE ENSINO
APRENDIZAGEM
PROF: GLAUCIA MAGALHÃES
A EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS HOJE: QUANDO
O EXCESSO DE SENTIDO SEGREGA O
SUJEITO
O texto refere-se a um recorte da tese
de doutorado da FAE/UFMG, defendida em
2010, cujo objeto é o mal-estar do professor
em fase da criança considerada problema:
um estudo da psicanálise aplicada à
educação. . . Para cumprir o objetivo foi
proposto ofertar a palavra aos
educadores, por meio da metodologia da
conversação, tendo como destacar o que
sobressai como elemento
insuportável, incongruente ou carregado de
um sentido indesejado e relançar a
conversa, alguns referenciais teóricos que
permitem refletir de outra maneira sobre
uma dada realidade.
.
.
Conversação é um
dispositivo proposto por
Jacques-Alain Miller (2003)
para encontros clínicos do
Campo Freudiano e
implementando como
metodologia de pesquisa-
intervenção pela Prof. Ana
Lydia Santiago. A ideia é
privilegiar o debate vivo entre
os participantes sobre um tema
tomado como problema, em
busca de construções inéditas.
.
Concluindo, o artigo tratará sobre a equação
formulada pelos educadores em uma escola da
rede pública municipal: “criança considerada
problema” = “família
problemática”, demonstrando ser possível
provocar um giro em suas pressuposições. E por
fim, será demonstrado que essa equação “criança
considerada problema = família problema” é uma
equação que não se fecha.
.
“Estou achando complicado, na
minha cabeça, saber o que é
família, na verdade[...]. O que é
família, hoje? Questiona um
educador.”
Até poucas décadas atrás, dúvidas sobre o
conceito de família, tomadas como célula
fundamental da sociedade, não seria consideradas
pertinentes. Hoje, porém, já é ponto pacífico para
a sociologia que as famílias não mais atendem a
modalidade provedor financeiro e mãe dona de
casa.
.
No decorrer dos tempos
diferentes modelos foram
surgindo, estabelecendo-se uma
descontinuidade entre família
natural e constituída e a família
humana, inserida na linguagem.
Freud elabora o complexo de
Édipo como estruturante da
subjetividade, baseando na relação
triangular entre pai, mãe e filho.
.
Lacan, no artigo “complexos familiares na
formação do individuo” faz referência à família
como um “grupo natural”. Ele ainda destaca a
especificidade da estruturação social da “família
humana”, por sua capacidade mental e
correlativamente por sua economia paradoxais dos
instintos, que nela se mostram suscetíveis a
conversão e inversão.
Para Lacan, essa situação agencia a vida
coletiva e introduz parâmetros de realidade social
e psíquica do ser humano.
.
Miller em seu texto “assuntos de família no
inconsciente” comenta os dizeres de Lacan sobre a
“economia paradoxal”, segundo ele Lacan afirma
que “pode se observar na família humana a
prevalência das instâncias culturais sobre as
instancias naturais”.
Diferente do instinto, a cultura flexibiliza os
modos de organização da existência
humana, dando lugar a invenção, por meio do
simbólico, de diferentes formas de estruturação
familiar.
.
Miller ressalta que a família é o lugar do
Outro da demanda.
Essa experiência de demanda é a sua
primeira experiência de reconhecimento da fala e
da decifração do desejo do outro.
Portanto, para a psicanálise a família é o
lugar do Outro, da lei, do intermédio.
NOVAS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO FAMILIAR:
.
• Reflexão: “Será que um Édipo pode constituir-se
normalmente quando não existe um pai?”.
• Segundo Lacan, existem perfis de pais de variadas
maneiras, pois há aquele pai meigo demais, mas em
outros casos existe também aquele pai que é
descrito como malvado.
• Mesmo diante variados casos, Lacan afirma que é
perfeitamente possível que um pai esteja presente
mesmo quando não está.
.
• Outro ponto interessante que devemos pensar sobre o que Lacan
(2003) disse em um artigo chamado “Nota sobre a criança”, é que a
família além de transmitir a vida, a família parental teria a “função
de resíduo”, ao implicar o sujeito com um desejo que não seja
anônimo, e não apenas de cumprir a satisfação de suas
necessidades.
• Existe um mal-entendido, no qual os educadores apontam que as
relações familiares são consideradas como causa de fracasso das
crianças consideradas problema, ou seja, em situações nas quais o
“fracasso” da aprendizagem das crianças é atribuído ao “fracasso”
de suas famílias.
• Santiago (2005), defende que esse tipo de abordagem dos
problemas escolares apóia-se no viés da psicologia clínica, que
explica os fenômenos a partir de elementos da dinâmica familiar ou
ambiental, sem levar em consideração as invenções particularizadas
do sujeito.
“CRIANÇA CONCIDERADA PROBLEMA” = “FAMÍLIA
PROBLEMÁTICA”: UMA EQUAÇÃO QUE NÃO FECHA
• Alguns educadores destacam suas inquietações com os formatos das famílias
na atualidade.
• Dizem: “Não estou dizendo daqui dessa comunidade. Eu estou dizendo... se
a gente for olhar em um âmbito maior, o que é família hoje na verdade? A
mãe fica o dia inteiro fora trabalhando, o pai também. A mãe está bêbada, e
o filho está em casa sozinho ou em algum outro lugar. Quem está educando
essas crianças? [...] A gente vê hoje é isso ai [...] O que vai acontecer? A
gente está assim... Tem tantas coisas que a gente tem que estar se
perguntando. Onde que a gente atinge, o que a gente
consegue, entendeu?...”
.
• Essa professora encontra-se com o não saber o que fazer. Perturba-se por ter
perdido o “fio da meada”. Culpabilisa os pais pelo descumprimento da
função de transmissão, delegando ao outro a culpa pelo fracasso escolar.
• “ Além da agressividade, o que eu percebo é a falta de desejo das crianças
[...] E, se a família não colaborar, não incentivar, não estiver junto...
Porque, mesmo ela não sabendo ler e escrever, ela pode valorizar essa
oportunidade que o filho está tendo. Eu nunca cobrei de uma família que ela
precisasse ler e escrever para ajudar o filho, mas estar junto, conversar,
ouvir, participar da vida do filho. E aqui muitos, principalmente na minha
sala, os pais são totalmente ausentes, tem mãe que fala:
“Eu não gosto do meu filho, eu sou mãe sem amor no coração [...] Eu quero
um espaço que eu possa internar meu filho, para que eu posso ficar livre.”
Uma criança que ouve tudo isso da pessoa que deveria amá-lo mais, como que
em quatro horas e meia você vai modificar essa história?”
.
• Confirmamos, nesse momento, as
representações tecidas em torno das
questões familiares das crianças como
justificativa para seu fracasso na
escola. As representações maciças são
redundantes, excessivas e endereçadas
ao Outro familiar. Ao mesmo tempo,
mostram uma ausência de perspectiva
de inovação pedagógica. Um gozo
paralisante ganha expressão nos
dizeres da professora.
.
Pois bem, a assistência que a família presta à criança, a
incentiva na realização de tarefas da escola e a influencia a
gostar e querer ir à escola, como podemos ver nos relatos das
professoras durante a conversação:
• P¹: É uma menina que está me dando retorno, eu fiquei
impressionada! As meninas até comentavam que essa aluna
(T) tem problema. Eu pensava: “Ah, eu não acredito!”. De
tanto que eu falava, ela acabou indo para minha sala. Meu
desejo foi atendido, e ela veio. Ela está pré-silábica. E
introduzi umas atividades da turma 11, e ela está uma
gracinha! Colore e faz tudo, fala o alfabeto, vogais, ensino
uma vez e ela aprende. Estou muito feliz com a presença
dela.
.
Outra professora argumenta essa relação de
assistência dada pela família da criança, na qual não é
muito simples (família que dá assistência, a criança vai
bem na escola?)
• P²: Depende também do que a gente chama de
assistência. A gente tem que pensar muito nesse
significado. Eu tive uma aluna que morava com a avó,
que era analfabeta. Então o para-casa dela era todo
desenhado. “Escreva seu nome completo” e ela
desenhava um monte de florzinhas. “Efetue as
operações”, e ela fazia só desenhos. E eu fui
perguntando, investigando, e a justificativa que ela me
deu é que não tinha ninguém para ensiná-la.
.
Para não ficar em branco, a avó dela falava: “então
desenha.” Podia não estar certo, mas era uma assistência
carinhosa, a avó tinha preocupação com ela, que ela não
viesse com o para-casa em branco. Aí o que eu tinha que
fazer? Eu sentava e falava que agora a gente iria fazer de
outro jeito. Eu falava: “Vamos escrever do jeito que tem
que ser feito.” Foi o único jeito que eu arrumei...
.
A partir disso, acontece um debate entre a professora² e o
pesquisador, no qual eles discutem sobre a assistência e o
incentivo que a família dá à criança, concluindo que, não importa
como é o incentivo dado pela família, desde que a criança tenha
interesse em aprender e alguém (que seja o professor ou mesmo
alguém da família) tenha interesse de ensinar. Outra professora³
decide relatar o que está passando com uma das aluna.
P³: Tenho uma aluna que não tem assistência em casa, a mãe é
analfabeta. Por ela, os filhos já teriam sido entregues para alguém
[...]. Já até pegamos ela pedindo no sinal. Seis anos ! E não fazia
o para-casa também. Eu não sabia o motivo. Agora já sabendo, eu
explico o para-casa. Quando eu estou explicando, ela já pega o
para-casa e fala: “Professora, me explica como devo fazer.” Às
vezes faz do jeitinho certo e às vezes do errado, mas ela tenta
fazer. E eu já estou tendo avanços com ela também. Então a gente
tenta de todas as formas.
.
Então, pelos relatos das professoras podemos observar que
não existe um padrão: “criança considerada problema” =
“família problemática”. E que o professor é chamado
“mestre” definição que no latim é chamada de maestro.
O “[...] “excesso de saber” e a abundância de sentido e
interpretações das vivências das crianças paralisam o
sujeito, professores e alunos, no processo de
ensino/aprendizagem.”
Portanto, já sabendo que são mentes múltiplas, os professores
têm nas mãos o poder de fazer cada aluno encontrar seu lugar
na escola.
REFERÊNCIAS:
SANTIAGO, Ana Lydia; CAMPOS, Regina Helena de Freitas (Org.). Educação
de crianças e jovens na contemporaneidade: pesquisas sobre sintomas na
escola e subjetividade. Belo Horizonte: CDPHA: Ed. PUC Minas, 2011. 381 p.
IMAGENS:
www.google.com.br
GRUPO:
• Caroline de Cássia Guilherme
• Lorena Costa Queiroz
• Tássia Fernanda de Souza Oliveira
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• Thamires Cristina da Silveira
Fim !!!

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A educação de crianças hoje: Quando o excesso de sentido segrega o sujeito.

  • 1. PSICOLOGIA: PROCESSOS E PROBLEMAS DE ENSINO APRENDIZAGEM PROF: GLAUCIA MAGALHÃES A EDUCAÇÃO DE CRIANÇAS HOJE: QUANDO O EXCESSO DE SENTIDO SEGREGA O SUJEITO
  • 2. O texto refere-se a um recorte da tese de doutorado da FAE/UFMG, defendida em 2010, cujo objeto é o mal-estar do professor em fase da criança considerada problema: um estudo da psicanálise aplicada à educação. . . Para cumprir o objetivo foi proposto ofertar a palavra aos educadores, por meio da metodologia da conversação, tendo como destacar o que sobressai como elemento insuportável, incongruente ou carregado de um sentido indesejado e relançar a conversa, alguns referenciais teóricos que permitem refletir de outra maneira sobre uma dada realidade. .
  • 3. . Conversação é um dispositivo proposto por Jacques-Alain Miller (2003) para encontros clínicos do Campo Freudiano e implementando como metodologia de pesquisa- intervenção pela Prof. Ana Lydia Santiago. A ideia é privilegiar o debate vivo entre os participantes sobre um tema tomado como problema, em busca de construções inéditas.
  • 4. . Concluindo, o artigo tratará sobre a equação formulada pelos educadores em uma escola da rede pública municipal: “criança considerada problema” = “família problemática”, demonstrando ser possível provocar um giro em suas pressuposições. E por fim, será demonstrado que essa equação “criança considerada problema = família problema” é uma equação que não se fecha.
  • 5. . “Estou achando complicado, na minha cabeça, saber o que é família, na verdade[...]. O que é família, hoje? Questiona um educador.” Até poucas décadas atrás, dúvidas sobre o conceito de família, tomadas como célula fundamental da sociedade, não seria consideradas pertinentes. Hoje, porém, já é ponto pacífico para a sociologia que as famílias não mais atendem a modalidade provedor financeiro e mãe dona de casa.
  • 6. . No decorrer dos tempos diferentes modelos foram surgindo, estabelecendo-se uma descontinuidade entre família natural e constituída e a família humana, inserida na linguagem. Freud elabora o complexo de Édipo como estruturante da subjetividade, baseando na relação triangular entre pai, mãe e filho.
  • 7. . Lacan, no artigo “complexos familiares na formação do individuo” faz referência à família como um “grupo natural”. Ele ainda destaca a especificidade da estruturação social da “família humana”, por sua capacidade mental e correlativamente por sua economia paradoxais dos instintos, que nela se mostram suscetíveis a conversão e inversão. Para Lacan, essa situação agencia a vida coletiva e introduz parâmetros de realidade social e psíquica do ser humano.
  • 8. . Miller em seu texto “assuntos de família no inconsciente” comenta os dizeres de Lacan sobre a “economia paradoxal”, segundo ele Lacan afirma que “pode se observar na família humana a prevalência das instâncias culturais sobre as instancias naturais”. Diferente do instinto, a cultura flexibiliza os modos de organização da existência humana, dando lugar a invenção, por meio do simbólico, de diferentes formas de estruturação familiar.
  • 9. . Miller ressalta que a família é o lugar do Outro da demanda. Essa experiência de demanda é a sua primeira experiência de reconhecimento da fala e da decifração do desejo do outro. Portanto, para a psicanálise a família é o lugar do Outro, da lei, do intermédio.
  • 10. NOVAS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO FAMILIAR: . • Reflexão: “Será que um Édipo pode constituir-se normalmente quando não existe um pai?”. • Segundo Lacan, existem perfis de pais de variadas maneiras, pois há aquele pai meigo demais, mas em outros casos existe também aquele pai que é descrito como malvado. • Mesmo diante variados casos, Lacan afirma que é perfeitamente possível que um pai esteja presente mesmo quando não está.
  • 11. . • Outro ponto interessante que devemos pensar sobre o que Lacan (2003) disse em um artigo chamado “Nota sobre a criança”, é que a família além de transmitir a vida, a família parental teria a “função de resíduo”, ao implicar o sujeito com um desejo que não seja anônimo, e não apenas de cumprir a satisfação de suas necessidades. • Existe um mal-entendido, no qual os educadores apontam que as relações familiares são consideradas como causa de fracasso das crianças consideradas problema, ou seja, em situações nas quais o “fracasso” da aprendizagem das crianças é atribuído ao “fracasso” de suas famílias. • Santiago (2005), defende que esse tipo de abordagem dos problemas escolares apóia-se no viés da psicologia clínica, que explica os fenômenos a partir de elementos da dinâmica familiar ou ambiental, sem levar em consideração as invenções particularizadas do sujeito.
  • 12. “CRIANÇA CONCIDERADA PROBLEMA” = “FAMÍLIA PROBLEMÁTICA”: UMA EQUAÇÃO QUE NÃO FECHA • Alguns educadores destacam suas inquietações com os formatos das famílias na atualidade. • Dizem: “Não estou dizendo daqui dessa comunidade. Eu estou dizendo... se a gente for olhar em um âmbito maior, o que é família hoje na verdade? A mãe fica o dia inteiro fora trabalhando, o pai também. A mãe está bêbada, e o filho está em casa sozinho ou em algum outro lugar. Quem está educando essas crianças? [...] A gente vê hoje é isso ai [...] O que vai acontecer? A gente está assim... Tem tantas coisas que a gente tem que estar se perguntando. Onde que a gente atinge, o que a gente consegue, entendeu?...”
  • 13. . • Essa professora encontra-se com o não saber o que fazer. Perturba-se por ter perdido o “fio da meada”. Culpabilisa os pais pelo descumprimento da função de transmissão, delegando ao outro a culpa pelo fracasso escolar. • “ Além da agressividade, o que eu percebo é a falta de desejo das crianças [...] E, se a família não colaborar, não incentivar, não estiver junto... Porque, mesmo ela não sabendo ler e escrever, ela pode valorizar essa oportunidade que o filho está tendo. Eu nunca cobrei de uma família que ela precisasse ler e escrever para ajudar o filho, mas estar junto, conversar, ouvir, participar da vida do filho. E aqui muitos, principalmente na minha sala, os pais são totalmente ausentes, tem mãe que fala: “Eu não gosto do meu filho, eu sou mãe sem amor no coração [...] Eu quero um espaço que eu possa internar meu filho, para que eu posso ficar livre.” Uma criança que ouve tudo isso da pessoa que deveria amá-lo mais, como que em quatro horas e meia você vai modificar essa história?”
  • 14. . • Confirmamos, nesse momento, as representações tecidas em torno das questões familiares das crianças como justificativa para seu fracasso na escola. As representações maciças são redundantes, excessivas e endereçadas ao Outro familiar. Ao mesmo tempo, mostram uma ausência de perspectiva de inovação pedagógica. Um gozo paralisante ganha expressão nos dizeres da professora.
  • 15. . Pois bem, a assistência que a família presta à criança, a incentiva na realização de tarefas da escola e a influencia a gostar e querer ir à escola, como podemos ver nos relatos das professoras durante a conversação: • P¹: É uma menina que está me dando retorno, eu fiquei impressionada! As meninas até comentavam que essa aluna (T) tem problema. Eu pensava: “Ah, eu não acredito!”. De tanto que eu falava, ela acabou indo para minha sala. Meu desejo foi atendido, e ela veio. Ela está pré-silábica. E introduzi umas atividades da turma 11, e ela está uma gracinha! Colore e faz tudo, fala o alfabeto, vogais, ensino uma vez e ela aprende. Estou muito feliz com a presença dela.
  • 16. . Outra professora argumenta essa relação de assistência dada pela família da criança, na qual não é muito simples (família que dá assistência, a criança vai bem na escola?) • P²: Depende também do que a gente chama de assistência. A gente tem que pensar muito nesse significado. Eu tive uma aluna que morava com a avó, que era analfabeta. Então o para-casa dela era todo desenhado. “Escreva seu nome completo” e ela desenhava um monte de florzinhas. “Efetue as operações”, e ela fazia só desenhos. E eu fui perguntando, investigando, e a justificativa que ela me deu é que não tinha ninguém para ensiná-la.
  • 17. . Para não ficar em branco, a avó dela falava: “então desenha.” Podia não estar certo, mas era uma assistência carinhosa, a avó tinha preocupação com ela, que ela não viesse com o para-casa em branco. Aí o que eu tinha que fazer? Eu sentava e falava que agora a gente iria fazer de outro jeito. Eu falava: “Vamos escrever do jeito que tem que ser feito.” Foi o único jeito que eu arrumei...
  • 18. . A partir disso, acontece um debate entre a professora² e o pesquisador, no qual eles discutem sobre a assistência e o incentivo que a família dá à criança, concluindo que, não importa como é o incentivo dado pela família, desde que a criança tenha interesse em aprender e alguém (que seja o professor ou mesmo alguém da família) tenha interesse de ensinar. Outra professora³ decide relatar o que está passando com uma das aluna. P³: Tenho uma aluna que não tem assistência em casa, a mãe é analfabeta. Por ela, os filhos já teriam sido entregues para alguém [...]. Já até pegamos ela pedindo no sinal. Seis anos ! E não fazia o para-casa também. Eu não sabia o motivo. Agora já sabendo, eu explico o para-casa. Quando eu estou explicando, ela já pega o para-casa e fala: “Professora, me explica como devo fazer.” Às vezes faz do jeitinho certo e às vezes do errado, mas ela tenta fazer. E eu já estou tendo avanços com ela também. Então a gente tenta de todas as formas.
  • 19. . Então, pelos relatos das professoras podemos observar que não existe um padrão: “criança considerada problema” = “família problemática”. E que o professor é chamado “mestre” definição que no latim é chamada de maestro. O “[...] “excesso de saber” e a abundância de sentido e interpretações das vivências das crianças paralisam o sujeito, professores e alunos, no processo de ensino/aprendizagem.” Portanto, já sabendo que são mentes múltiplas, os professores têm nas mãos o poder de fazer cada aluno encontrar seu lugar na escola.
  • 20. REFERÊNCIAS: SANTIAGO, Ana Lydia; CAMPOS, Regina Helena de Freitas (Org.). Educação de crianças e jovens na contemporaneidade: pesquisas sobre sintomas na escola e subjetividade. Belo Horizonte: CDPHA: Ed. PUC Minas, 2011. 381 p. IMAGENS: www.google.com.br
  • 21. GRUPO: • Caroline de Cássia Guilherme • Lorena Costa Queiroz • Tássia Fernanda de Souza Oliveira • Thamara Rodrigues Arantes • Thamires Cristina da Silveira