Este documento discute a relação entre trabalho, gestão escolar e os espaços da educação profissional e tecnológica. Apresenta o trabalho como categoria ontológica fundamental para a humanidade e princípio educativo. Discorre sobre gestão escolar, ensino, pesquisa e extensão. Define espaços formais, informais e não-formais de educação e como a educação profissional e tecnológica pode se relacionar com esses espaços.
1. TRABALHO, GESTÃO ESCOLAR E
OS ESPAÇOS DA EDUCAÇÃO
PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA
Profa Dra Shirlene Bemfica de Oliveira
2020
Disciplina:
Gestão e Organização dos Espaços Pedagógicos em Educação Profissional e
Tecnológica
2. Objetivos
Neste encontro faremos uma breve apresentação sobre a
relação do trabalho, da gestão escolar e dos espaços da EPT.
Como o trabalho é entendido como princípio educativo?
Quais são os espaços Na Educação Profissional e Tecnológica e como se
relacionam com a tríade de Ensino, Pesquisa e Extensão?
Que características têm essas tipificações educativas?
Que critérios devem ser utilizados ou são utilizados na literatura para
defini-las?
Como os objetos educacionais produzidos no PROFEPT podem
contribuir com esses espaços?
3. Fundamentos da relação Trabalho e
Educação: Ciência, Tecnologia e Educação
O TRABALHO COMO CATEGORIA ONTOLÓGICA
O trabalho é anterior a Educação, constituído
historicamente por um processo de divisão das
classes (SANTOS, 2012);
Ontológico: relativo ao ser em si mesmo, em
sua dimensão ampla e fundamental, em
oposição ao ôntico, que se refere aos entes
múltiplos e concretos da realidade (SANTOS,
2012).
4. Fundamentos da relação Trabalho e
Educação: Ciência, Tecnologia e Educação
Imagem disponível em: https://pt.slideshare.net/HeelderPadilha/classes-sociais-37041712
5. Fundamentos da relação Trabalho e
Educação: Ciência, Tecnologia e Educação
HISTÓRICO: FORMAS HISTÓRICAS DE ORGANIZAÇÃO
DO TRABALHO
Para Marx, o trabalho que nos humaniza, pois o
trabalho e a Educação se dão no mesmo processo. Sem
o trabalho nossa espécie tende a desaparecer. Temos a
limitação no enfrentamento da natureza, mas
avançamos na interferência e na transformação dos
meios naturais. Um humano que não trabalha tende a
não se humanizar.
Aprendemos no coletivo para organizar a produção da
existência (manutenção).
6. Fundamentos da relação Trabalho e
Educação: Ciência, Tecnologia e Educação
O TRABALHO COMO CATEGORIA FUNDANTE DA
HUMANIDADE
O debate sobre o princípio educativo do trabalho
indica que, antes de ser um objeto de análise, os
saberes dos trabalhadores já se apresentam na
empiria, no processo de trabalho (FRIGOTTO,
2001; NOSELLA, 1992; SANTOS, 2004; 2010).
7. Fundamentos da relação Trabalho e
Educação: Ciência, Tecnologia e Educação
O TRABALHO COMO CATEGORIA FUNDANTE DA
HUMANIDADE
8. Fundamentos da relação Trabalho e
Educação: Ciência, Tecnologia e Educação
O PRINCÍPIO EDUCATIVO DO TRABALHO
A escola é uma forma social;
A divisão social do trabalho cria formas sociais, áreas
e culturas sociais e isso pode desumanizar o
processo: alienação, discriminação, exclusão,
exploração, etc.
Na medida em que as transformações no mundo do
trabalho fazem aumentar a presença da maquinaria
em detrimento do trabalho humano (SANTOS, 2012).
9. Fundamentos da relação Trabalho e
Educação: Ciência, Tecnologia e Educação
Num primeiro sentido, o trabalho é princípio
educativo na medida em que determina pelo grau de
desenvolvimento social atingido historicamente, o
modo de ser da educação em seu conjunto.
Nesse sentido, aos modos de produção correspondem
modos distintos de educar com uma correspondente
forma dominante de educação (SAVIANNI apud
FRIGOTTO, CIAVATTA E RAMOS, 2005, p. 31).
10. Fundamentos da relação Trabalho e
Educação: Ciência, Tecnologia e Educação
O PRINCÍPIO EDUCATIVO DO TRABALHO
11. Fundamentos da relação Trabalho e
Educação: Ciência, Tecnologia e Educação
E um segundo sentido, o trabalho é princípio
educativo na medida em que coloca exigências
específicas que o processo educativo deve
preencher, em vista da participação direta dos
membros da sociedade no trabalho socialmente
produtivo (SAVIANNI apud FRIGOTTO, CIAVATTA
E RAMOS, 2005, p. 31).
12. Fundamentos da relação Trabalho e
Educação: Ciência, Tecnologia e Educação
Finalmente, o trabalho é princípio
educativo à medida que determina a
educação como modalidade específica e
diferenciada de trabalho: o trabalho
pedagógico (SAVIANNI apud FRIGOTTO,
CIAVATTA E RAMOS, 2005, p. 31).
13. Fundamentos da relação Trabalho e
Educação: Ciência, Tecnologia e Educação
Para Santos (2012), uma das vias do princípio pedagógico
do trabalho é dada pela própria interface do trabalhador
com seu objeto de trabalho, que elucida que o trabalhador
mobiliza saberes todo o tempo e não de forma residual
respondendo as lacunas do trabalho prescrito.
Dessa forma, uma educação sincronizada com os interesses
dos trabalhadores pode se constituir pelo e no trabalho, e
portanto, uma via que confronta saberes investidos com
implicações sociais, políticas e econômicas para ultrapassar
o que Frigotto (2004) denuncia como cidadão mínimo.
14. Fundamentos da relação Trabalho e
Educação: Ciência, Tecnologia e Educação
Cidadão mínimo
(...) um cidadão produtivo que faz bem
feito o que se lhes pede e que “não se
mete” no que não lhe cabe: discutir os
rumos da economia, a política e seus
interesses (FRIGOTTO, 2004, p. 15).
15. Fundamentos da relação Trabalho e
Educação: Ciência, Tecnologia e Educação
Educação deve, nas palavras de Santos (2012), oferecer
a apropriação da produção artística, cultural, científica e
tecnológica do seu tempo. (...) a filosofia da práxis não
busca manter os simplórios na sua filosofia primitiva do
senso comum, mas busca ao contrário, conduzi-los a uma
concepção de vida superior (p.18)
16. GESTÃO EM EDUCAÇÃO
A Gestão em Educação, consiste no conjunto de
processos, procedimentos e ações, em diferentes
níveis de formalização, que consideram e intervêm
em concepções, práticas e fenômenos políticos,
sociais, econômicos, culturais, institucionais e
relacionais ligados à Educação (CEDOC, 2018).
17. GESTÃO DA EDUCAÇÃO
Estes processos visam melhorar os
resultados de aprendizagem, concretizados
na garantia de acesso e permanência na
escola a todos e na construção de
experiências ricas e transformadoras
durante o processo de escolarização
(CEDOC, 2018).
18. TRÊS DIMENSÕES DA GESTÃO EM
EDUCAÇÃO
a Gestão Educacional,
a Gestão Escolar e a
Gestão de Ensino e Aprendizagem.
Abrange também alguns temas gerais fundamentais que
possibilitam abarcar suas diferentes (inter)faces:
avaliação, clima e ambiente escolar, currículo,
diversidade, equidade, estrutura organizacional e políticas
públicas, fatores extraescolares, finanças, formação,
juventudes, modalidades e níveis de ensino, práticas
educativas e recursos humanos.
19. GESTÃO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Partimos atualmente do ponto de vista que a
educação de forma geral, sob a influência do mundo
contemporâneo
passa por constantes mudanças;
O processo ensino e aprendizagem devem acontecer de
forma integrada com o fenômeno da globalização e do
desenvolvimento tecnológico.
Para que se alcance resultados significativos, as
diferentes modalidades de ensino devem ser entendidas
como meio de enfrentamento das desigualdades sociais e
exclusão social.
20. GESTÃO DE ENSINO E APRENDIZAGEM
Para Almeida, (2014, p. 1), os diferentes formatos
educacionais precisam conviver e articular-se;
formar sujeitos pensantes integrados às ciências e às
tecnologias;
conhecimento científico passa por transformações e
precisam se adequar aos novos tempos e espaços
escolares, onde uma forma de educação não substitui a
outra, mas são complementos no processo de
desenvolvimento intelectual.
21. ESPAÇOS POSSÍVEIS
Educação Formal - Escola
A educação formal é uma educação
institucionalizada, ocorre em espaços
sistematizados, suas atividades são assistidas pelo
ato pedagógico e preocupa-se com a aquisição e
construção do conhecimento que atendam as
demandas da contemporaneidade, nas diferentes
disciplinas escolares (ALMEIDA, 2014).
22. Espaços Formais de Educação
Sistema de Educação precisamente
institucionalizado, cronologicamente graduado e
hierarquicamente estruturado, desde os primeiros
anos de escola primária aos últimos anos do Ensino
Superior.
Está relacionado às instituições Escolares da
Educação Básica e do Ensino Superior definidas na Lei
9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
É a escola, com todas as suas dependências: salas de
aula, laboratórios, quadras de esporte, biblioteca,
pátio, cantina, refeitório (ALMEIDA, 2014).
24. Educação Informal
Processos Naturais e Espontâneos
A educação informal, por sua vez, é resultado das ações
que permeiam a vida do indivíduo. Ocorre nas
experiências do dia-a-dia, tem função adaptadora e os
conhecimentos adquiridos são passados para as gerações
futuras (ALMEIDA, 2014).
25. Espaços Informais de Educação
É o espaço onde é possível adquirir e agregar
conhecimento e novas habilidades, através de
experiências diárias e relações com o meio.
Sendo um processo espontâneo e que não é
intencional, a Educação informal possui muitas
significações distintas. Ela está relacionada com o
processo livre de transmissão de certos saberes, tais
como: a fala comum a um dado grupo, as tradições
culturais e demais comportamentos característicos de
diversas comunidades presentes em uma sociedade
(ALMEIDA, 2014).
26. Educação Não-formal:
Extensão, projetos sociais....
A educação não-formal ocorre fora dos espaços escolares no
próprio local de interação do indivíduo;
sofre as mesmas influências do mundo contemporâneo como
as outras formas de educação;
mas, pouco assistida pelo ato pedagógico e desenvolve uma
ampla variedade de atividades para atender interesses
específicos de determinados grupos (ALMEIDA, 2014).
27. Educação Não-formal:
Extensão, projetos sociais....
É um tipo de ensino presencial ou à distância, que está
em posição intermediária, entre a educação informal e a
educação formal.
28. Espaços não formais de Educação
Podem ser incluídos os espaços que são regulamentados e que possuem equipe
técnica responsável pelas atividades executadas, tais como: Museus, Centros de
Ciências, Parques Ecológicos, Parques Zoobotânicos, Jardins Botânicos, Planetários,
Institutos de Pesquisa, Aquários, Zoológicos, etc.
29. Food for Thought
Este vídeo com uma breve discussão acerca das
relações do trabalho com os tipos de Educação
traz a reflexão a todos que sentem a
necessidade de mudar o mundo e acreditam
que a Educação é o caminho, já que ela está
presentes em todos os ambientes em que haja
interação entre duas pessoas ou mais.
30. Em que medida a Educação
Profissional e Tecnológica
consegue associar a tríade de
Ensino, Pesquisa e Extensão?
Como seu projeto se insere nessa
dimensão?
31. Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Maria Salete Bortholazzi. Educação não formal, informal e formal do conhecimento científico nos diferentes espaços de ensino e aprendizagem.
In: Os desafios da escola pública paranaense na perspectiva do professor. Cadernos PDE. Governo do Estado do Paraná. Produções Didático-Pedagógicas,
2014. Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_pde/2014/2014_uel_bio_pdp_maria_salete_bortholazzi_almeida.pdf
Acesso em 21/04/2020.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1997.
FRIGOTTO, Gaudêncio. Prefácio. In: TIRIBA, Lia. Economia popular e cultura do trabalho. Ijuí: UNIJUÍ, 2001.
FRIGOTTO, Gaudêncio. Prefácio. In: Tiriba, Lia e Picanço, Iracy. Trabalho e Educação. São Paulo: Idéias e Letras, 2004.
FRIGOTTO, Gaudêncio; CIAVATTA, Maria; RAMOS, Marise. A gênese do Decreto n.5154: um debate no contexto controverso da democracia restrita. In:
FRIGOTTO, Gaudêncio. Ensino Médio Integrado. Concepções e contradições. São Paulo: Cortez, 2005, p. 21-56.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do partido comunista. 7. ed. São Paulo: Global, 1988.
NOSELLA, Paolo. O trabalho como princípio educativo em Gramsci. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991.
SANTOS, Geraldo Márcio Alves. A pedagogia da ferramenta: estratégias de produção, mobilização e formalização de saberes tácitos criadas pelos
ferramenteiros de uma indústria metalúrgica. Dissertação de mestrado. FAE/UFMG, 2004.
SANTOS, Geraldo Márcio Alves. Pacto para viver: a mobilização de saberes na produção associada, gestão e organização do processo de trabalho e
maquinaria em uma indústria metalúrgica. Tese de doutorado. UFF, 2010.
SAVIANI, Dermeval. Trabalho e Educação: fundamentos ontológicos e históricos. Apresentado no GT Trabalho e Educação, durante a 29 Reunião Anual da
ANPED, Realizada em Caxambu, 2006.
SANTOS, Geraldo Márcio Alves dos. Pedagogia do trabalho e inteligência operária: contribuições na perspectiva da produção associada. Trabalho Necessário.
Ano 10, n. 15, 2012. Disponível em: https://periodicos.uff.br/trabalhonecessario/article/view/6863 Acesso em 21/04/2020.
Imagem espaço formal da educação: https://images.app.goo.gl/mmED1eMYiPmeLd8z5
Imagem citação de Freire: https://www.slideshare.net/Lucasdlopvulgopato/espaos-no-formais-de-ensino-parte-i