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Disciplina: Língua Portuguesa
Professor: Paulo Faria
   É um caso especial de repetição: quando
    uma palavra aparece repetida no inicio de
    um verso ou frase.

  Ex.:
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
                              (Camões)
   Processo de evidenciar semelhanças entre
    duas realidades. Pode ser realizado através
    da partícula comparativa como ou de
    verbos como: parecer, assemelhar-
    se, fazer lembrar.
   Ex:
O Amor queima como o fogo
                (Luís de Camões)
    Interpelação de pessoas ausentes ou
    presentes, identidades reais ou
    irreais, sob a forma exclamativa.



   Exemplo: » Ó lua inspira-me»
             ( Luís de Camões)
   Atribuição de aspectos antagónicos a
     uma mesma realidade.

Ex.:
“Amor é fogo que arde sem se ver”
“É ferida que dói e não se sente”
 Consiste na associação ou sobreposição
  de duas realidades diferentes que têm
  algo em comum.
 Ex:
Meu coração é um balde despejado
                (Fernando Pessoa)
   É a substituição de um termo por outro,
    em que os sentidos destes termos têm
    uma relação de extensão desigual.

Exemplo: » Que, da
Ocidental praia Lusitana»
( Luís de Camões)
   Recuo temporal destinado a relatar
      eventos anteriores ao presente da
      acção.
                              No cinema, o flashback é um recurso
Os Lusíadas de
                              típico de vários géneros
Camões, como começam
                              cinematográficos, sendo frequente nos
quot;a meio da acçãoquot; (in
media                         filmes policiais e nos clássicos do filme
res), farão, depois, uso da   negro norte-americano: por exemplo,
analepse para que sejam       em “Out of the Past”, de Jacques
referidos acontecimentos      Tourneur, onde o passado é essencial
prévios.                      para a compreensão da acção, é
                              apresentado numa longa sequência
                              que justifica o título original do filme
                              (Fora do Passado, em tradução literal).
 Atribuição de
  qualidades, características e atitudes
  humanas a outros seres não humanos
  (animais ou seres inanimados).
 Ex:
 quot;A Bomba atómica é triste, Coisa mais
  triste não há Quando cai, cai sem
  vontadequot; (Vinícius de Morais)
   Consiste na atribuição a um objecto de
    uma característica que, na
    verdade, pertence a outro com o qual
    está relacionado.

Ex. “Fumar um
pensativo cigarro”
 (Eça de Queirós)
 É a relação de planos sensoriais
  diferentes: Por exemplo, o gosto com o
  cheiro, ou a visão com o olfacto.
 Ex.:
“ e remando ouvia o som trémulos
  dos peixes – voadores.”
   Expressão de uma ideia, mas fazendo
      entender precisamente o seu contrário.
Ex:
 quot;Moça linda, bem tratada,
três séculos de família,
burra como uma porta:
um amor.quot;
       (Mário de Andrade)


                             A figura mostra um aviso de proibido
                             fumar colocado sobre figuras de Sherlock
                             Holmes fumando, um exemplo típico da
                             ironia de situação.
   Figura de estilo através da qual
    determinada realidade, geralmente
    negativa, é suavizada.


Ex. “Ele entregou a
alma a Deus”
 Recurso estilístico que consiste na
  representação de uma realidade
  abstracta através de uma realidade
  concreta
 Os ditados populares são alegorias
  contextualizadas:
“Água mole em pedra dura, tanto bate até
  que fura.”
“Mais vale um pássaro na mão que dois a
  voar.”
“Casa de ferreiro, espeto de pau.”
   Apresentação sucessiva de vários
    elementos dominados por uma
    realidade comum.

   Exemplo: » Vaidade é o luxo, a
    glória, caridade»
    ( António Nobre)
   Consiste no exagero de uma realidade
    para a tornar mais saliente.



   Ex. quot;Rios te correrão dos olhos, se
    chorares!quot;
                          (Olavo Bilac)
   Consiste Acto ou modo de atribuir
    qualidades aos substantivos, precisando
    o seu significado.

Ex.:
“Figura resoluta e forte”
   Consiste em dizer com excesso de palavras
    o que se podia dizer em apenas algumas
    ou alguma.

 O povo lusitano foi bastante satirizado por
  Gil Vicente. Utilizou-se a expressão quot;povo
  lusitanoquot; para substituir quot;os portuguesesquot;.
 Outros exemplos: astro rei (Sol) | última flor
  do Lácio (língua portuguesa) | Cidade-Luz
  (Paris) Rainha da Borborema (Campina
  Grande) | Cidade Maravilhosa (Rio de
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  • 2. É um caso especial de repetição: quando uma palavra aparece repetida no inicio de um verso ou frase.  Ex.: Amor é fogo que arde sem se ver, é ferida que dói e não se sente; é um contentamento descontente, é dor que desatina sem doer. (Camões)
  • 3. Processo de evidenciar semelhanças entre duas realidades. Pode ser realizado através da partícula comparativa como ou de verbos como: parecer, assemelhar- se, fazer lembrar.  Ex: O Amor queima como o fogo (Luís de Camões)
  • 4. Interpelação de pessoas ausentes ou presentes, identidades reais ou irreais, sob a forma exclamativa.  Exemplo: » Ó lua inspira-me» ( Luís de Camões)
  • 5. Atribuição de aspectos antagónicos a uma mesma realidade. Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver” “É ferida que dói e não se sente”
  • 6.  Consiste na associação ou sobreposição de duas realidades diferentes que têm algo em comum.  Ex: Meu coração é um balde despejado (Fernando Pessoa)
  • 7. É a substituição de um termo por outro, em que os sentidos destes termos têm uma relação de extensão desigual. Exemplo: » Que, da Ocidental praia Lusitana» ( Luís de Camões)
  • 8. Recuo temporal destinado a relatar eventos anteriores ao presente da acção. No cinema, o flashback é um recurso Os Lusíadas de típico de vários géneros Camões, como começam cinematográficos, sendo frequente nos quot;a meio da acçãoquot; (in media filmes policiais e nos clássicos do filme res), farão, depois, uso da negro norte-americano: por exemplo, analepse para que sejam em “Out of the Past”, de Jacques referidos acontecimentos Tourneur, onde o passado é essencial prévios. para a compreensão da acção, é apresentado numa longa sequência que justifica o título original do filme (Fora do Passado, em tradução literal).
  • 9.  Atribuição de qualidades, características e atitudes humanas a outros seres não humanos (animais ou seres inanimados).  Ex: quot;A Bomba atómica é triste, Coisa mais triste não há Quando cai, cai sem vontadequot; (Vinícius de Morais)
  • 10. Consiste na atribuição a um objecto de uma característica que, na verdade, pertence a outro com o qual está relacionado. Ex. “Fumar um pensativo cigarro” (Eça de Queirós)
  • 11.  É a relação de planos sensoriais diferentes: Por exemplo, o gosto com o cheiro, ou a visão com o olfacto.  Ex.: “ e remando ouvia o som trémulos dos peixes – voadores.”
  • 12. Expressão de uma ideia, mas fazendo entender precisamente o seu contrário. Ex: quot;Moça linda, bem tratada, três séculos de família, burra como uma porta: um amor.quot; (Mário de Andrade) A figura mostra um aviso de proibido fumar colocado sobre figuras de Sherlock Holmes fumando, um exemplo típico da ironia de situação.
  • 13. Figura de estilo através da qual determinada realidade, geralmente negativa, é suavizada. Ex. “Ele entregou a alma a Deus”
  • 14.  Recurso estilístico que consiste na representação de uma realidade abstracta através de uma realidade concreta  Os ditados populares são alegorias contextualizadas: “Água mole em pedra dura, tanto bate até que fura.” “Mais vale um pássaro na mão que dois a voar.” “Casa de ferreiro, espeto de pau.”
  • 15. Apresentação sucessiva de vários elementos dominados por uma realidade comum.  Exemplo: » Vaidade é o luxo, a glória, caridade» ( António Nobre)
  • 16. Consiste no exagero de uma realidade para a tornar mais saliente.  Ex. quot;Rios te correrão dos olhos, se chorares!quot; (Olavo Bilac)
  • 17. Consiste Acto ou modo de atribuir qualidades aos substantivos, precisando o seu significado. Ex.: “Figura resoluta e forte”
  • 18. Consiste em dizer com excesso de palavras o que se podia dizer em apenas algumas ou alguma.  O povo lusitano foi bastante satirizado por Gil Vicente. Utilizou-se a expressão quot;povo lusitanoquot; para substituir quot;os portuguesesquot;.  Outros exemplos: astro rei (Sol) | última flor do Lácio (língua portuguesa) | Cidade-Luz (Paris) Rainha da Borborema (Campina Grande) | Cidade Maravilhosa (Rio de Janeiro).