O documento discute a equidade na utilização dos serviços de saúde no estado de Minas Gerais, Brasil, através da Estratégia Saúde da Família. Ele apresenta dados que mostram que a cobertura da Estratégia Saúde da Família está associada a maior realização de exames preventivos, embora ainda existam disparidades regionais. O documento conclui que é importante avaliar se estar coberto pela Estratégia Saúde da Família reduz as diferenças na utilização dos serviços apenas pelas necessidades em saúde.
Equidade na Saúde: a Estrutura de Saúde da Família em Minas Gerais
1. EQUIDADE NA SAÚDE: A
ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA
FAMÍLIA EM MINAS GERAIS
I Congresso de Fortalecimento
da Atenção Primária à Saúde
no Estado de Minas Gerais
2. Equidade na utilização dos serviços de saúde
O estudo visou avaliar se a Estratégia Saúde da Família tem contribuído para
a equidade na utilização dos serviços de saúde em Minas Gerais.
Equidade é a ausência de diferenças sistemáticas no uso dos serviços entre os
grupos populacionais e, se estiver presente, deve ser explicada somente pelas
diferenças nas necessidades em saúde (Starfield, 2001, Doorslaer, 2006).
O que podemos aprender com esse estudo?
Quais as implicações específicas para a equidade?
3. Introdução
Os
•
indicadores
sócio-demográficos
do
estado
mostram
profundas
desigualdades entre as diversas regiões;
O incentivo à implantação da ESF em Minas Gerais pela SES priorizou áreas de
•
maior vulnerabilidade;
A despeito disso, o estudo demonstrou que 22% das gestantes e crianças, 27%
•
das mulheres e 21% dos idosos em áreas com cobertura de ESF eram da classe
A-B;
Há concentração de ESF em regiões mais vulneráveis e um menor no de ESF
•
região Centro, logo: as demais regiões, em especial a região Central, ainda
estão sob forte influência do modelo tradicional;
•
Populações
não-cobertas
pela
ESF
não
foram
analisadas: estão em vantagem ou desvantagem?
4. Comentários (1)
•
De maneira geral, os indicadores relativos à utilização dos serviços estudados
são bastante positivos.
•
Necessário aprofundar na avaliação da qualidade da assistência, em especial na
atenção à mulher, onde há escape dos usuários para outros serviços e muitas
possibilidades de melhoria (toxoplasmose, exame de mama).
•
Acompanhamento de puerpério.
•
ESF associada a menor BPN: efeito protetor da atenção tradicional?
•
Complexidade da atenção ao idoso: estamos preparados?
Efeito do “curso da vida”: desigualdades serão
acentuadas.
5. Comentários (2)
•
Os resultados de apoio diagnóstico podem sugerir que persistem dificuldades
na média complexidade?
•
Acesso
Necessário continuar o avanço da regionalização dos serviços de saúde no
estado: mesmo após ajuste por classe social, escolaridade e morbidade, as
disparidades regionais permanecem.
•
Alguns indicadores mostram ser necessário continuar o apoio na organização
do processo de trabalho das ESF: vigilância em saúde e ACS (baixa cobertura de
novas vacinas, não realização de visita da ESF em 15% das crianças) .
6. Comentários (3)
•
Maior parte da população estudada que possui plano de saúde, o tem há menos
de 5 anos: crescimento do emprego formal e planos empresariais.
•
Os resultados mostram que mesmo com serviços oferecidos pela ESF, classes
sociais mais elevadas e pessoas de maior escolaridade (com maior cobertura de
planos de saúde) optam por usar serviços privados mas usam a ESF.
•
O plano de saúde aparece como um dos fatores mais fortemente associados à
aos indicadores de utilização de serviços preventivos avaliados.
•
Há concorrência dos sistemas que deveriam ser complementares? Aumento das
iniquidades? Prevenção quaternária.
7. Comentários (4)
•
Alguns indicadores podem estar sofrendo a influência do problema da
rotatividade e ausência de médicos em ESF? Do contingente populacional de
cada ESF?
•
O essencial nesse estudo é verificar os fatores associados à cobertura das ações
estudadas pois a população do estudo é toda adscrita à ESF.
•
Enormes
disparidades
regionais,
mesmo
ajustando
por
classe
social,
escolaridade e morbidade, as diferenças permanecem.
•
Sugestão: em outros estudos, avaliar áreas não cobertas, outros eventos e faixas
etárias.
8. Equidade na realização de consultas médicas
Ter uma fonte de
cuidado regular foi um
dos fatores mais
fortemente associados à
realização de consultas
médicas
Turci MA, Lima-Costa MF, Proietti FA, Cesar CC, Macinko J. Intraurban differences in the use of ambulatory health services in a
large Brazilian city. J Urban Health 2010; 87:994-1006.
9. Equidade na realização de exames preventivos - BH
Adultos que realizaram exames preventivos nas faixas etárias
e intervalos recomendados, por grau de escolaridade, 2010
Aferição da PA nos últimos 2 anos
(homens e mulheres ≥ 20 anos) *
Até 1° Grau
2° Grau
3° Grau
Aferição do colesterol nos últimos 5 anos
(homens e mulheres ≥ 20 anos) *
Até 1° Grau
2° Grau
3° Grau
Realização da mamografia nos últimos 2
anos (mulheres com 50-69 anos) *
Até 1° Grau
2° Grau
3° Grau
Realização de papanicolau nos últimos 3
anos (mulheres com 25-59 anos) *
Até 1° Grau
2° Grau
3° Grau
% (IC 95%): Percentagem e intervalo de confiança de 95%
*: Diferenças estatisticamente significantes entre faixas etárias (p<0,05)
%
92,1
92,6
95,2
%
93,9
94,7
96,7
%
77,0
87,5
93,7
%
85,6
88,0
91,4
IC 95%
90,8-93,2
91,2-93,9
93,8-96,2
IC 95%
92,8-94,8
93,5-95,7
95,4-97,6
IC 95%
72,6-80,9
83,0-91,0
89,0-96,5
IC 95%
83,0-87,8
85,7-90,0
88,6-93,5
10. Equidade na realização de exames preventivos
Mulheres com 25-59 anos de idade que realizaram papanicolau há 2 anos
ou menos, por região, Belo Horizonte, 2010.
Região
CENTRO-SUL
BARREIRO
NOROESTE
OESTE
LESTE
NORDESTE
PAMPULHA
VENDA NOVA
NORTE
%(IC 95%)
90,8
(86,7 -94,9 )
86,5
(79,6 -93,4 )
86,1
(79,5 -92,7 )
85,0
(78,5 -91,6 )
82,3
(74,1 -90,4 )
82,3
(74,8 -89,8 )
81,1
(70,1 -92,2 )
74,4
(62,7 -86,0 )
65,9
(53,2 -78,5 )
Percentagem
*
*
% (IC 95%): Percentagem e intervalo de confiança de 95%.
*: Diferenças estatisticamente significantes em relação à Região Centro-Sul (p <0,05)
11. Equidade na realização de exames preventivos
Mulheres com 50-69 anos de idade que fizeram exame de mamografia há 3 anos
ou menos, por região, Belo Horizonte, 2010.
Região
VENDA NOVA
CENTRO-SUL
OESTE
NOROESTE
BARREIRO
PAMPULHA
NORDESTE
NORTE
LESTE
%(IC 95%)
90,0
(86,0 -93,9 )
89,5
(86,3 -92,8 )
88,8
(85,2 -92,5 )
88,6
(85,0 -92,2 )
88,4
(84,0 -92,7 )
88,1
(83,0 -93,1 )
87,5
(83,4 -91,6 )
87,1
(80,6 -93,6 )
86,3
(81,6 -91,0 )
Percentagem
% (IC 95%): Percentagem e intervalo de confiança de 95%.
*: Diferenças estatisticamente significantes em relação à Região Centro-Sul (p <0,05)
12. Conclusão
•
O mais importante é verificar se estar coberto por ESF é um fator que faz com
que as diferenças de utilização se justifiquem apenas pelas diferentes
necessidades em saúde.
•
Sugestão: em outros estudos, avaliar áreas não cobertas, outros eventos e faixas
etárias.