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ÍNDICE
1. Básico de Física, 1
1.1. Grandezas escalares e vetoriais. Caracterização e operações com vetores, 1
1.1.1. Operações com vetores no plano, 2
1.2. Cinemática, 4
1.2.1. Primeira Lei de Newton – Princípio da inércia, 5
1.2.2. Posição e deslocamento em uma dimensão, 5
1.2.3. Velocidade e aceleração – Conceitos. Unidades de medidas, 6
1.2.3.1. Velocidade escalar (em uma dimensão), 6
1.2.3.2. Deslocamento em duas e três dimensões, 9
1.2.3.3. Aceleração (em duas dimensões), 12
1.2.4. Movimentos retilíneos, 14
1.2.5. Casos especiais de movimentos combinados, 16
1.2.5.1. Lançamento horizontal, 16
1.2.5.2. Lançamento oblíquo, 17
1.2.5.3. Movimentos rotacionais, 20
1.2.5.4. Movimento circular e uniforme (MCU), 22
1.2.5.5. Movimento circular uniformemente variado (MCUV), 23
1.3. Forças - representação vetorial. Unidades de medida, 23
1.3.1. Segunda Lei de Newton – Massa e densidade. Centro de massa, 23
1.3.2. Gravidade – Peso de um corpo. Peso específico. Centro de gravidade de um corpo, 24
1.3.2.1. Força peso (W - weight), 25
1.3.3. Terceira Lei de Newton – princípio da ação e da reação. Resultante. Deformações, 27
1.3.4. Forças resistentes: resistência do ar e atrito, 28
1.3.5. Momento de uma força rotacional (torque), 29
1.4. Energia, trabalho e potência – Conceituação. Unidades de medidas, 30
1.4.1. Energia potencial (U), 30
1.4.2. Energia cinética (K), 31
1.4.3. Conservação da Energia Mecânica, 31
1.4.4. Trabalho ( t - letra grega tau), 31
1.4.5. Dissipação, 31
1.4.6. Rendimento (h letra grega eta), 31
1.4.7. Potência (P – power), 31
1.5. Propriedades do ar que afetam o voo: Temperatura, densidade e pressão, 32
1.5.1. Temperatura – Conceituação. Medição de temperatura. Termômetros. Escalas de medidas:
Celsius, Kelvin e Fahrenheit, 32
1.5.2. Densidade atmosférica, 34
1.5.2.1. Comportamento térmico dos gases – Leis de Charles e de Boyle.
Tipos de transformações, 34
1.5.3. Pressão atmosférica, 36
2. Aerodinâmica , 39
2.1. Conceituação. Caracterização como ciência. Princípios básicos, 39
2.1.1. Teorema de Bernoulli: princípio da conservação da energia, 39
2.1.2. Teorema de Bernoulli aplicado ao Tubo de Venturi, 39
2.1.3. Velocímetro – Princípio do Tubo de Pitot. Velocidade indicada e
velocidade verdadeira, 40
2
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
2.1.4. Velocidades, 41
2.1.5. Forças que agem sobre um corpo no ar – resistência ao avanço ou arrasto. Escoamento
laminar e turbulento. Coeficiente de resistência ao avanço para a forma do objeto. Superfícies
aerodinâmicas. Aerofólios: conceituação e tipos. Perfil e elementos de um aerofólio e de uma asa.
Eixo longitudinal geométrico e ângulo de incidência, 42
2.1.5.1. Superfícies aerodinâmicas. Aerofólios: conceituação e tipos, 44
2.1.5.2. Perfil e elementos de uma asa. Eixo longitudinal geométrico e ângulo de incidência (l –
letra grega lâmbda), 45
2.2. Forças que atuam sobre a aeronave em voo: sustentação, arrasto, tração e peso, 48
2.2.1. Teoria da sustentação: Efeito Coanda e camada limite , 51
2.2.1.1. Fatores que influem na sustentação: tipo de aerofólio, coeficiente de sustentação,
velocidade aerodinâmica, área da asa e densidade do ar, 53
2.2.1.2. Expressão matemática da sustentação – Interpretação, 54
2.2.2. Arrasto: Conceito. Caracterização, 55
2.2.2.1. Coeficiente de arrasto total de um perfil aerodinâmico (CD), 57
2.2.2.2. Expressão matemática do arrasto – Interpretação, 58
2.2.2.3. Resistência induzida. Alongamento da asa e seus efeitos. Turbilhonamento de ponta de
asa e seus efeitos sobre o avião e sobre terceiros, 58
2.2.2.4. Estol e velocidade de estol, 61
2.2.3. Tração: Conceito. Caracterização, 62
2.2.3.1. Motor convencional – Potência efetiva e sua variação com a RPM, com a pressão de
admissão e com a altitude. Potência nominal, 63
2.2.4. Peso – Ação sobre o voo, 64
3. Hélices: detalhes aerodinâmicos, 65
3.1. Efeitos sobre a aeronave: esteira, torque, carga assimétrica, efeito giroscópico. Correção dos
efeitos. Rendimento da hélice, 68
4. Sistemas de eixos de um avião. Centros de Gravidade do avião. Comandos de voo e superfícies
de comando, 71
4.1. Sistemas de eixos de um avião, 71
4.2. Centro de gravidade do avião, 71
4.3. Comandos de voo e superfícies de comando, 72
4.3.1. Eixos de manobras do avião. Movimento em torno dos eixos: arfagem, rolagem e guinada,
72
4.3.2. Comandos e superfícies – Características. Diferentes tipos. Princípio de funcionamento, 72
4.3.3. Movimentos em torno do eixo transversal (y): reações aerodinâmicas no uso
dos profundores, 74
4.3.4. Movimentos em torno do eixo vertical (z): reações aerodinâmicas no uso do leme
de direção, 74
4.3.5. Movimentos em torno do eixo longitudinal (x): reações aerodinâmicas no uso dos ailerons;
guinada adversa. Tipos de ailerons: normal, diferencial e de “frise”, 74
4.3.6. Compensadores – Finalidade. Caracterização. Princípios de funcionamento. Tipos mais
utilizados: fixos, comandáveis e automáticos, 75
5. Dispositivos hipersustentadores, 78
5.1. Flapes – Tipos básicos: comum, ventral e fowler. Características. Slots e slats: tipos. Influência
no ângulo crítico, 78
6. Esforços estruturais e fator de carga (n), 81
6.1. Caracterização e importância do fator carga, 81
3
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
6.2. Fator de carga de manobras. Conceituação e diagrama “V x n”, 83
6.3. Categorias de homologações de aviões e suas limitações, 85
6.4. Fator de carga de rajadas de vento. Conceituação e diagrama de “V x n” de rajadas, 86
6.5. Velocidade de estol durante as manobras ou rajadas, 87
6.6. Velocidades operacionais da aeronave e o Instrumento Indicador de Velocidades (Air Speed
Indicator – ASI), 87
7. Mecânica de voo e performances , 89
7.1. Decolagem (take-off), 89
7.1.1. Fatores que influenciam a decolagem: altitude e características do piso da pista, vento,
temperatura e densidade do ar, 89
7.1.2. Distância de corrida no solo. Comprimento mínimo de pista requerido. Influência das
condições meteorológicas. Utilização de flapes, 90
7.2. Voo em subida (climb), 93
7.2.1. Variação da potência com a altitude, 94
7.2.2. Velocidade Vertical (VS - Vertical Speed). Indicador de velocidade vertical, 94
7.2.3. Razão de Subida ( RS) ou Rate of Climb, 95
7.2.4. Análise das forças atuantes sobre a aeronave na subida, 95
7.2.5. Configurações do voo em subida em função das velocidades, 96
7.2.6. Efeitos da altitude, peso, vento, densidade do ar e área das asas no voo em subida, 98
7.3. Voo em Cruzeiro, 99
7.3.1. Influência do vento no voo horizontal, 100
7.3.2. Influência da altitude na velocidade do voo horizontal, 101
7.3.3. Teto operacional, 101
7.3.4. Influência do peso no voo horizontal, 103
7.4. Curva (turn), 103
7.4.1. Forças que atuam sobre um avião em curva, 103
7.4.2. Efeitos da velocidade, do peso, da altitude e da potência disponível. Raio limite, 103
7.4.3. Curvas coordenadas, derrapadas e glissadas – Uso dos controles. Aumento da potência, 105
7.5. Descida (glide), 106
7.5.1. Ângulo de descida e trajetória de planeio. Fatores que influem no ângulo e na trajetória.
(Relação L/D), 106
7.5.2. Razão de Descida (RD – rate of descent), 107
7.5.3. Influência dos flapes e do trem de pouso na trajetória de descida, 109
7.6. Pouso (Landing), 110
7.6.1. Fatores que influenciam o pouso: altitude e características do piso da pista, vento,
temperatura e densidade do ar, 110
7.6.2. Distância de corrida no solo. Comprimento mínimo de pista requerido. Influência das
condições meteorológicas. Utilização de flapes. Uso de freios, 112
8. Atitudes de voo anormais, 114
8.1. Fatores que conduzem o avião a entrar em atitude anormal. Características das atitudes
anormais, 115
8.2. Parafusos: comandado e acidental. Parafuso chato. Saída de parafuso, 118
9. Equilíbrio – Tipos: equilíbrio estático e equilíbrio dinâmico. Estabilidade e controle, 122
9.1. Estabilidade estática da aeronave. Conceito. Tipos: longitudinal, lateral e direcional, 124
9.1.1. Estabilidade estática longitudinal sobre o eixo lateral (y) – Conceito. Efeitos do
estabilizador horizontal. Ponto de aplicação das forças. Posição do CG e condição de
estabilidade em voo, 124
4
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
9.1.2. Estabilidade estática lateral sobre o eixo longitudinal (x) – Conceito. Efeitos do diedro, do
enflechamento, da quilha, da fuselagem e da distribuição do peso, 127
9.1.3. Estabilidade estática direcional sobre o eixo vertical (z) – Conceito. Efeitos de
enflechamento e da quilha, 129
9.1.4. Comportamento do avião devido à estabilidade estática: efeitos da variação de potência e
atitude de voo. Força nos controles, 130
9.2. Estabilidade Dinâmica. Conceito. Tipos: longitudinal, lateral e direcional, 131
9.2.1. Estabilidade Dinâmica longitudinal. Conceito. Fatores que ocasionam suas variações, 132
9.2.2. Estabilidade lateral. Conceito. Efeitos em relação às dimensões de envergadura das asas,
133
9.2.3. Estabilidade direcional. Conceito. Efeitos em relação às dimensões do plano de deriva e do
leme, 135
10. Cálculo de peso e balanceamento para o planejamento de voo, 136
10.1. Pesos máximos de decolagem, 138
10.2. Posição relativa do centro de gravidade (CG); limites do CG de um avião, 138
10.3. Importância do CG na estabilidade da aeronave, especialmente nas operações de
decolagem e pouso, 139
Referência: MCA 58-3/2004
PORTARIAANAC (DAC) Nº 954/DGAC, 27 DE AGOSTO DE 2004.
http://www2.anac.gov.br/habilitacao/manualCursos.asp
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Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
1. Básico de Física
1.1. Grandezas escalares e vetoriais. Caracterização e operações com vetores
Grandezas Escalares – São grandezas físicas que não dependem de uma direção espacial, e que
ficam perfeitamente definidas quando são conhecidos os seus módulos (valores absolutos), e suas
unidades de medida.
Algumas grandezas escalares só podem ser positivas: tempo, massa, área e volume. Outras, podem
ser algébricas (sinalizadas), como deslocamento escalar, cargas elétricas, temperatura e pressão.
Grandezas Vetoriais - São grandezas físicas que obrigatoriamente dependem de uma direção
espacial de atuação, e ficam perfeitamente definidas quando são especificados os seus módulos
(valores absolutos) e o sentido. São representadas graficamente por vetores.
Exemplos: Força, velocidade, aceleração e deslocamento em duas ou três dimensões.
Características de um vetor - É a representação
gráfica de uma grandeza vetorial, feita através de
um segmento de reta orientado (AB), onde “A” é a
origem e “B” sua extremidade, e que tem as
seguintes características:
• Módulo |r | ou somente “r” - representa a
grandeza escalar: intensidade, distância,
etc... É dado pelo comprimento do segmento
em uma escala gráfica adequada. Exemplo:
distância r=5cm .
• Direção (q teta) – é determinada pelo
ângulo da reta suporte do vetor em relação a
uma direção referencial. Em física, a referência angular, no plano ortogonal (x;y) é o eixo
horizontal positivo, com valores crescentes girando à esquerda.
• Sentido (A → B) - é representado pela seta apontando da origem para a extremidade do
segmento.
Notação de vetor: letras maiúsculas ou minúsculas em negrito, ou letras normais, barradas com
uma seta.
r ou r
→
F ou F
→
.
Neste livro usaremos letras em negrito.
Vetores colineares – têm a mesma direção, independem do sentido e podem ser posicionados numa
mesma linha. A colinearidade dos vetores A e B é garantida pelo teorema: existe um número Real
α , tal que B=α A e A=α B . Um vetor é a combinação linear do outro, por isso
denominados “linearmente dependentes”.
Vetores linearmente independentes ou coplanares – dois vetores não lineares podem ser
posicionados no mesmo plano.
1
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
Vetores no espaço – um conjunto de três vetores linearmente independentes geram uma base para o
espaço tridimensional (assunto que será visto mais à frente).
1.1.1. Operações com vetores no plano
Decomposição - considere o vetor Resultante R da figura 1 - 02 sobre a reta 0A no plano (x;y).
Para determinar as componentes do vetor, adota-se um sistema de eixos ortogonais, onde os vetores
componentes serão as projeções do vetor R nos dois eixos perpendiculares.
Notação: RX : vetor componente horizontal;
Ry : vetor componente vertical;
q : (teta) ângulo entre o vetor (R) e o eixo “x” positivo.
O cálculo dos módulos dos vetores componentes é feito com o segue:
Ry =R senθ e Rx = Rcoxθ .
Composição – é o processo inverso ao anterior. Dados dois vetores
componentes, acha-se um vetor resultante, através da adição vetorial,
conforme veremos em seguida.
Adição de dois vetores paralelos: o módulo do vetor soma será a simples adição dos dois módulos,
com a mesma direção e sentido dos vetores dados.
Adição de dois vetores não-paralelos
• Método algébrico: O vetor resultante é o resultado da soma dos dois vetores r = a+b
• Método geométrico (Fig. 1 – 03):
• Método do triângulo: os vetores são posicionados no plano, em sequência, com a origem do
segundo coincidindo com o final do primeiro. Como os vetores não são paralelos, vão estar
em ângulo, e o vetor resultante será o fechamento do triângulo, com o sentido determinado
da origem do primeiro para a extremidade do segundo.
• Método do quadrilátero: os dois vetores são posicionados com as origens coincidentes. A
partir da extremidade de cada vetor, traçam-se linhas paralelas aos vetores opostos, fechando
um paralelogramo. O vetor soma será a diagonal desse paralelogramo.
Subtração de dois vetores paralelos pelo método geométrico: o módulo do vetor diferença será a
simples subtração dos dois módulos, com a mesma direção e sentido do vetor com maior módulo.
2
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
Subtração de dois vetores não paralelos
• Método algébrico: r = a+(−b) . É a soma do minuendo com o subtraendo invertido.
• Método geométrico: os vetores são posicionados no plano com as origens coincidentes:
◦ Método do “triângulo” (Fig. 1 - 04): O vetor diferença será o fechamento do triângulo,
com a origem na extremidade do subtraendo.
◦ Método do “paralelogramo” (Fig. 1 - 05): Inverte-se o vetor subtraendo, e a partir da
extremidade desse vetor invertido, traçam-se linhas paralelas aos vetores opostos,
fechando-se um paralelogramo. O vetor diferença será a diagonal desse paralelogramo,
com a origem comum aos dois vetores dados.
Lei dos cossenos - Utilizamos a lei dos cossenos para calcular um dos lados de qualquer triângulo,
em função dos outros lados e do cosseno do ângulo oposto.
3
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
A adição ou subtração de dois vetores pode ser feita também na forma algébrica, e o cálculo do
módulo pode ser feito de duas formas, dependendo do ângulo entre os vetores dados:
• Para o ângulo de 90°: utilizar o Teorema de Pitágoras.
• Para quaisquer ângulos: utilizar a Lei dos Cossenos.
Condições para realizar as operações:
• Na subtração, proceder como na soma, mas utilizando o vetor subtraendo com sinal
invertido.
• O sentido do vetor resultante (r) é determinado de forma idêntica aos processos
geométricos.
• A direção do vetor resultante é dada pela fórmula: α = tan
−1 Ry
Rx
.
• O módulo pela fórmula: |r|=√|a|2
+|a|2
+ 2.|a|.|b|.cos ângulooposto
Multiplicação de um número (escalar) por um vetor (FIG. 1-07) - Vamos agora definir uma
operação que, a partir de um número real e de um vetor, produz outro vetor.
Seja “c” um número real não nulo, e “a” um vetor não nulo, a
multiplicação desse número por esse vetor resulta num novo
vetor, que é representado por “ca”.
Se 0 < c < 1, o vetor “a” diminui.
Se c = 1, o vetor “a” não se altera.
Se c > 1, o vetor “a” aumenta.
O vetor produto terá o mesmo sentido de a, se “c” for positivo,
ou terá sentido oposto ao de a, se “c” for negativo.
1.2. Cinemática
Cinemática – ramo da Física que estuda os movimentos de um móvel, em relação a um referencial
fixo, sem levar em conta suas causas e consequências.
Móvel – qualquer objeto que possa se deslocar no espaço tridimensional. De acordo com suas
dimensões, em relação ao estudo de seus movimento, são classificados como:
• Partícula – objeto de dimensões infinitesimais.
• Corpo extenso – objeto com dimensões capazes de interferir no resultado do problema.
Repouso – é a situação de um objeto que não muda sua posição em relação a um referencial fixo,
com o decorrer do tempo.
Trajetória ou percurso – Caminho percorrido por um móvel em movimento no espaço. A trajetória
pode ser:
• Retilínea: nivelada (horizontal), parabólica (lançamento horizontal), vertical (queda livre)
ou em rampa (aeronave subindo ou descendo).
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Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
• Circular aberta: curvas horizontais, curvas verticais ou combinadas.
• Mista: combinação de trechos retilíneos com curvas horizontais ou verticais.
• Circular fechada ou rotacional: plana, ascendente ou descendente.
Distância de percurso (s) – é uma grandeza escalar, sempre positiva, que indica o comprimento da
trajetória que interliga duas localizações. Essa trajetória pode ter qualquer configuração. Este
conceito se aplica aos movimentos em todas as três dimensões.
Unidade de medida no SI: metro (m). Em navegação aérea utiliza-se o quilômetro ou a milha
náutica.
1.2.1. Primeira Lei de Newton – Princípio da inércia
Todo corpo tende a manter seu estado de repouso ou de movimento retilíneo e uniforme, a menos
que forças externas provoquem variações no seu estado atual.
Se um carro está parado num terreno plano, ele só se movimentará se for aplicada uma força trativa
muito grande (1a. Marcha, por exemplo, que tem torque elevado e baixa velocidade).
Se o carro está em movimento e sem tração ligada, também num terreno plano, ele só vai parar após
se deslocar por um determinado espaço, pela atuação da força de atrito dos pneus com o solo, ou se
for aplicado o freio.
1.2.2. Posição e deslocamento em uma dimensão
Posição ou localização do móvel em uma dimensão – (FIG. 1 - 08) Um objeto é localizado pela sua
posição ao longo de um eixo escalar orientado (apenas sentido e em qualquer direção),
relativamente a um ponto de referência, geralmente tomado como a origem da escala. Unidade de
medida: metro.
• Positiva: à direita da origem.
• Negativa: à esquerda da origem.
Referencial :
• Do ponto de vista material, um referencial ideal é um corpo extenso. É comum se adotar um
ponto da superfície terrestre como referencial.
• Do ponto de vista gráfico, o referencial preferencial dos movimentos representados é o
ponto “zero” (origem) do sistema de eixos adotados.
Movimento de um móvel em uma dimensão (FIG. 1- 09) – é a mudança de posição de um móvel
com o decorrer do tempo (linha vermelha).
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Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
Deslocamento do móvel em uma dimensão (FIG. 1-09) - é uma grandeza escalar, positiva, que
representa a distância reta (reta azul) entre a posição inicial e a final de um movimento
±Δ s= s2 −s1 , no correspondente intervalo
de tempo Δ t =t2−t1 . Não tem relação com
o tipo de trajetória nem distância de percurso.
O deslocamento do móvel pode ser:
• Progressivo: se Δ s > 0 representado
por uma reta inclinada para cima.
• Nulo: se Δ s= 0 representado por
uma reta horizontal.
• Regressivo: se Δ s < 0 representado
por uma reta inclinada para baixo.
Unidade de medida no SI: metro (m). Em
navegação utiliza-se o quilômetro ou a milha
náutica.
1.2.3. Velocidade e aceleração – Conceitos. Unidades de medidas
1.2.3.1. Velocidade escalar (em uma dimensão)
NOTA: Em navegação aérea usa-se a unidade de medida para Velocidade do sistema Inglês:
Nó (KT) = 1 milha náutica (NM) / h ou 1,852 Km/h
A milha náutica deriva diretamente da milha geográfica e corresponde ao valor aproximado de 1'
(um minuto) de grande círculo, isto é , 60 NM correspondem a 1° de latitude. Apenas na linha do
equador pode-se utilizar 1° de longitude como equivalente a 60 NM.
1 NM = 1.852 m. Outra unidade de medida inglesa de distância usada na aviação:
1 pé (ft) = 0,3048 m → 12”
Velocidade média em uma dimensão (FIG. 1- 09) – é uma grandeza escalar, positiva, obtida pela
razão entre o deslocamento e o tempo decorrido vm =
±Δ s
Δ t
. Unidade de medida: metro por
segundo.
• Se a reta do deslocamento estiver na horizontal Δ s=0 , o deslocamento e a velocidade
são nulos: o móvel está parado.
• Se a reta do deslocamento se inclina verticalmente para cima Δ s > 0 a velocidade média
cresce.
• Se a reta do deslocamento se inclina verticalmente para baixo Δ s < 0 , a velocidade média
decresce.
6
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
A velocidade média é diretamente proporcional à tangente do ângulo q, formado entre a reta do
deslocamento e a horizontal.
Nota: a tangente de um ângulo agudo de um triângulo
retângulo é a razão entre o cateto oposto e o cateto
adjacente, que é exatamente a fórmula da velocidade
média.
Movimento e Deslocamento em uma dimensão com
velocidade média constante (FIG. 1 - 10)
Neste caso os gráficos do movimento e do
deslocamento são representados por duas retas
coincidentes, cuja inclinação é dada por
Δ s
Δ t
ou
vm =v(t)=tanθ . Isso significa que em qualquer posição dentro da reta do deslocamento a
velocidade instantânea é igual à velocidade média.
Velocidade instantânea em uma dimensão [v(t)] (FIG. 1-11) – é uma grandeza escalar, positiva, que
representa o limite da relação
Δs(t)
Δt
quando . Δt →0 . O gráfico do deslocamento (linha azul)
vai tangenciar o ponto (s1; t1) do gráfico do movimento (linha vermelha), e por isso temos que
aplicar a derivada da posição s(t) em relação ao tempo t . Então, teremos: v(t )=
ds(t)
dt
.
Geometricamente podemos calcular o valor numérico aproximado de v(t1) utilizando as escalas
numéricas do gráfico do deslocamento e plotando uma reta tangente nesse gráfico em (s1 ; t1) :
escolhe-se arbritariamente um instante posterior tn > t1 e por ele levantamos uma reta vertical
até cruzar a reta tangente. Nesse ponto de cruzamento traçar uma reta horizontal para identificar
uma posição sn que corresponda a tn . Assim, criamos artificialmente um triângulo retângulo
7
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
com catetos Δt =tn −t1 e Δ s Δ s= sn − s1 , o que nos permitirá calcular tanθ que será o
valor de v(t1) .
Aceleração média (em uma dimensão) - (FIG. 1-12) – é uma grandeza escalar, positiva, obtida pela
razão entre a velocidade média e o tempo decorrido
am =
±Δ v
Δ t
. Unidade de medida: metro por
segundo ao quadrado.
A aceleração média pode ser:
• Crescente: Δ v > 0 .
• Nula: Δ v=0 .
• Decrescente: Δ v < 0 .
Unidade de medida no SI: metro por segundo ao
quadrado (m/s²).
Interpretação gráfica da aceleração média:
• Se a reta que representa a velocidade estiver
na horizontal Δ v=0 , a velocidade é constante, portanto a aceleração é nula.
• Se a reta se inclina verticalmente para cima Δ v > 0 , a aceleração crescente aumenta a
velocidade.
• Se a reta se inclina verticalmente para baixo Δ v < 0 , a aceleração decrescente diminui a
velocidade.
A aceleração média será diretamente proporcional à tangente do ângulo q .
Aceleração instantânea em uma dimensão [a(t)] (FIG. 1-13) – é uma grandeza escalar, positiva,
que representa o limite da relação
Δv(t)
Δt
quando . Δt → 0 . O gráfico da aceleração média
(linha azul) vai tangenciar o ponto (v1 ; t1) do gráfico da velocidade (linha vermelha), e por isso
temos que aplicar a derivada da velocidade v(t ) em relação ao tempo t . Então, teremos:
a(t )=
dv(t)
dt
. Como a velocidade é a primeira derivada da posição s(t) em relação ao
tempo t , podemos dizer que a aceleração instantânea é a segunda derivada da posição s(t) em
relação ao tempo t a(t )=
d2
s(t)
dt2
.
8
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
Geometricamente podemos calcular o valor numérico aproximado de a(t1) utilizando as escalas
numéricas do gráfico da velocidade e plotando uma reta tangente nesse gráfico em (v1 ; t1) :
escolhe-se arbritariamente um instante posterior tn > t1 e por ele levantamos uma reta vertical
até cruzar a reta tangente. Nesse ponto de cruzamento traçar uma reta horizontal para identificar
uma posição vn que corresponda a tn . Assim, criamos artificialmente um triângulo retângulo
com catetos Δt =tn −t1 e Δ v= vn− v1 , o que nos permitirá calcular tanθ que será o valor
de a(t1) .
1.2.3.2. Deslocamento em duas e três dimensões
Uma aeronave quando vai iniciar um voo ela está em solo, na pista de taxiamento de um
aeródromo, cuja localização central é dada por coordenadas geográficas (latitude e longitude)
seguidas da altitude em relação ao nível médio do mar (MSL – Mean Sea Level).
Ao levantar voo, a aeronave vai seguir uma determinada trajetória horizontal dada por rumos
magnéticos, conforme mostrado numa carta de navegação padrão, onde vão aparecer trechos
retilíneos e curvas horizontais. Além de cumprir a trajetória horizontal, simultaneamente cumpre
uma trajetória vertical, que é o perfil de subida, com trechos em rampa ascendente, mesclados com
trechos nivelados (horizontais), até entrar em rota e altitude de cruzeiro. Na aproximação e pouso,
ocorre o mesmo, mas no perfil vertical as rampas serão descendentes.
Espaço tridimensional (FIG. 1 – 14) - é o ambiente onde temos as três dimensões, representadas
graficamente por três planos ortogonais:
• Comprimento ou longitude (eixo “x”);
• Largura ou latitude (eixo “y”);
• Altura ou altitude (eixo “z”);
Cada dois eixos combinados formam um “plano”, com as seguintes características:
9
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
• Plano horizontal (x;y): onde se representa a “vista de cima”. Neste plano podemos
representar a base de um sólido geométrico, a planta de um prédio, ou a superfície terrestre
numa carta geográfica;
• Plano vertical frontal (y;z): onde se representa a vista frontal ou perfil frontal;
• Plano vertical lateral (x;z): onde se representa a vista lateral ou perfil lateral;
Exemplo de posição ou localização do móvel no espaço tridimensional (FIG. 1- 15) - a localização
espacial de um ponto “p” é dada pela sua projeção nos três planos perpendiculares, cada uma
representada pelas duas coordenadas do respectivo plano.
Outra forma de localização é através do “vetor posição” que pode ser expresso pelas suas
componentes retangulares, usando-se a base canônica: P = px i + py j + pz k .
10
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
POSIÇÃO, DESLOCAMENTO, VELOCIDADE E ACELERAÇÃO EM DUAS DIMENSÕES
Posição [p (t)] (FIG. 1 – 16) – é a localização espacial (x; y) do móvel na sua trajetória horizontal,
em determinado instante (t) de um movimento.
Vetor Posição [r] – é o vetor com origem no ponto de referência do movimento, que pode ser a
origem dos eixos cartesianos, e a extremidade numa posição [p(t)] sobre a trajetória do móvel.
r = r ⃗
i + r ⃗
j .
Módulo do vetor posição [r (t)] – Calculado pelo teorema de Pitágoras, com a componente
horizontal x ⃗
i e a vertical y⃗
j . r=√rx
2
+ ry
2
.
Vetor Deslocamento (∆r) - é o vetor diferença (subtração) de dois vetores posição, com o sentido
da trajetória, da posição p1 até a posição p2 Δ r =r2 −r1 ou
Δ r =(rx2 −rx1)⃗
i +(ry2 − ry1)⃗
j Δ r =Δrx⃗
i + Δry⃗
j
Módulo do vetor deslocamento (Dr) – é calculado pelo teorema de Pitágoras, com os módulos das
componentes: vertical (D ry) e horizontal (D r x). Δr =√(Δ r x
2
) +(Δr y
2
) .
O sentido do vetor deslocamento segue o movimento.
Velocidade média vetorial (Velocity) (Vm): (FIG. 1 – 17) é a razão entre o vetor deslocamento e o
período de tempo do deslocamento: Vm =
Δr
Δt
.
Esta operação pode ser interpretada como o produto do vetor deslocamento (Dr) pelo escalar (1/∆t),
11
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
por isso o vetor Vm tem a mesma direção e sentido do vetor deslocamento, ou seja, são colineares.
V m =Δr [ 1
Δt ] .
Nos movimentos retilíneos, os vetores colineares Δ r e vm tangenciam a trajetória, enquanto
que, nos movimentos circulares, são secantes à trajetória.
Velocidade instantânea vetorial [v(t)] – (FIG. 1 – 17) é o Limite da velocidade média, quando (Dt)
tende para zero, ou seja, é a derivada primeira do deslocamento r em relação ao tempo t :
V (t)=
d r
d t
V (t)=
d rx
d t
⃗
i +
dry
d t
⃗
j ou
V (t)= vx
⃗
i + vy
⃗
j .
O vetor V(t) é plotado na reta tangente à posição correspondente ao instante tn com sua
origem nesse ponto, e seu módulo é definido pelo teorema de Pitágoras, a partir de suas
componentes ortogonais: v(t )=√v x
2
+ v y
2
.
1.2.3.3. Aceleração (em duas dimensões)
Aceleração [a] (FIG. 1 – 18) - grandeza vetorial composta, cuja resultante altera a intensidade e a
direção da velocidade instantânea vetorial, por unidade de tempo, dependendo da trajetória do
movimento. Não tem qualquer relação de ortogonalidade com o vetor posição, e sim com o raio do
arco de circunferência no instante t .
Unidade da aceleração no SI: m/s².
12
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
Vetor aceleração instantânea [a(t)] – vetor resultante, que tem a origem no ponto da trajetória do
móvel correspondente a um instante (t). Nos movimentos retilíneos, coincide com a trajetória e nos
movimentos circulares, é secante à trajetória.
Módulo da aceleração instantânea: dado por Pitágoras, através do módulo da componente
tangencial e da centrípeta: a(t)=√acp
2
+ atan
2
.
Componentes da aceleração vetorial instantânea
Componente tangencial [a t an (t)]: é acoplada ao
vetor velocidade instantânea, que também é
tangencial à “curva” da trajetória do móvel. Esta
componente altera o módulo da velocidade
instantânea [V(t)] por soma algébrica, por isso
aparece tanto nos movimentos retilíneos como nos
circulares.
• Quando o módulo = 0: a velocidade
instantânea se mantém constante a cada
segundo, e isto é a característica dos
movimentos MRU e MCU.
• Quando o módulo ≠ 0, mas constante, a
velocidade instantânea varia uniformemente, e isto é a característica dos movimentos
MRUV ou MCUV:
◦ Se o módulo é positivo, é adicionado sistematicamente ao módulo da velocidade
instantânea (vetores com o mesmo sentido) caracterizando o movimento acelerado.
◦ Se o módulo é negativo, é subtraído sistematicamente do módulo da velocidade
instantânea (vetores com sentidos opostos) caracterizando o movimento desacelerado.
Na prática podemos ter situações de aceleração variável aleatoriamente, ou variável ciclicamente,
como nos movimentos pendulares, por exemplo.
Nota: A componente tangencial da aceleração, nos movimentos circulares, é erroneamente chamada
de força centrífuga: não existe uma aceleração diametralmente oposta à força centrípeta.
Componente “normal” ou aceleração centrípeta [acp (t)]:
Direcionada a 90° da componente tangencial, atua direcionada radialmente da trajetória para o
centro da curvatura, alterando a direção do vetor velocidade instantânea. Esta componente é
exclusiva dos movimentos circulares (MCU ou MCUV)
A mudança de direção da velocidade instantânea se dá de duas formas:
• Aceleração Centrípeta : É sempre o resultado da atuação de uma força mecânica,
provocada por algum dispositivo, para forçar o móvel a alterar a trajetória inercial
(retilínea), e com isso fazer um movimento circular aberto (curvas horizontais ou verticais)
ou um movimento rotacional, independentemente da direção.
• Aceleração da gravidade: É a força atrativa, perene, que atua sempre verticalmente, de
cima para baixo, sobre qualquer objeto em movimento nas proximidades da terra.
As duas acelerações, quando multiplicadas pela massa do móvel, resultam nas Forças Centrípeta e
Gravitacional respectivamente, cuja unidade de medida é o Newton (N).
13
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
Vetor aceleração média am (FIG. 1 - 19)
– calculado pela relação entre o vetor
diferença das velocidades instantâneas
em dois pontos da trajetória do móvel
(DV), no intervalo de tempo entre eles
(Dt).
am =
ΔV
Δt
onde
ΔV =V (t2)−V (t1)
Esta operação pode ser interpretada como
o produto do vetor (DV) pelo escalar
1
∆t
, por isso o vetor resultante (am) é
colinear e tem a mesma direção e sentido de (DV). am =ΔV
[ 1
Δt ] .
Módulo do vetor aceleração tangencial [a t (t)] : é a aceleração média quando (Dt) tende a zero, ou
seja, a derivada primeira da aceleração média: atan(t)=
d am
dt
.
1.2.4. Movimentos retilíneos
Característica comum a todos:
• Módulo da aceleração centrípeta: nula.
• Módulo da aceleração tangencial: constante.
MRU – movimento retilíneo e uniforme: com aceleração zero, ou seja, velocidade instantânea
constante.
O móvel se desloca com distâncias iguais em intervalos de tempo iguais. Uma vez que não se tem
aceleração sobre o corpo no MRU, a resultante das forças aplicadas é nula (primeira lei de Newton -
Lei da Inércia). Neste caso, a velocidade instantânea, em qualquer instante, é igual à velocidade
média.
MRUV – Movimento Retilíneo
Uniformemente Variado (FIG. 1 - 20) – o
caso clássico deste tipo de movimento é o
lançamento vertical e a queda livre de um
móvel. Este movimento é estudado
inicialmente sem considerar o arrasto, que é a
perda em consequência da interação entre o
móvel e a atmosfera. Neste caso, a aceleração
é a força atrativa da gravidade terrestre, que
próximo à superfície é praticamente
constante.
14
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
O estudo do MRUV, quando ocorre em outra direção diferente da vertical ± 90°, é feito pelo
princípio da separação dos movimentos combinados: analisa-se a componente horizontal e sua
respectiva aceleração, e a componente vertical, que obrigatoriamente terá a aceleração da gravidade.
MRUV pode ser:
• Acelerado: aceleração constante e positiva, somada à velocidade instantânea.
• Desacelerado: aceleração constante e negativa, subtraída da velocidade instantânea.
Se considerarmos to = 0, teremos as seguintes fórmulas:
Função horária da velocidade: como a=
Δv
Δt
então a=
(v – v0)
t
ou v = v0 + a.t (1) onde
t =
(v – v0)
a
(2).
Função horária da posição: como vm =
Δ x
t
logo Δ x =vm t . Se considerarmos
vm =
1
2
(v0 + v) , teremos Δ x =
1
2
(v0 + v)t (3). Substituindo “v” na equação (3) pela
equação (1) Δ x =
1
2
[v0 +(v0 + a.t)]t ou Δ x =
1
2
[2 v0t + a.t
2
] ou Δ x =v0 t +
1
2
a.t
2
onde
t =
√2 x(t)
a
.
Equação de Torricelli: na equação (3), substituir “t” pela equação (2) Δ x =[1
2
(v0 + v)][v – v0
a ]
ou Δ x.2a= v
2
− v0
2
e então teremos v2
=v0
2
+ Δ x.2a .
Lançamento vertical e queda livre
Características:
• Posições verticais no eixo z(t) .
• Trajetória retilínea.
• Na subida: o vetor aceleração da gravidade é
subtraído do vetor velocidade.
• Na descida: o vetor aceleração da gravidade é
adicionado ao vetor velocidade.
• A velocidade instantânea no ponto mais alto da
trajetória (altura máxima) é zero.
• O tempo gasto é igual, na subida e na descida.
• O módulo da velocidade é igual, na subida e na
descida.
• Aplicam-se as equações do MUV.
15
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
Função horária da posição, na subida: h=h0 + v0t −
gt2
2
Função horária da posição, na descida: h=hmax +
gt2
2
Torricelli na subida: v
2
=v0
2
+2 gΔh
Torricelli na descida: v
2
=v0
2
− 2gΔ h
Função horária da velocidade na subida: v(t )s =v0 −g Δt
Função horária da velocidade na descida: v(t )d =g Δt
Período de subida: Δts =
v −v0
g
Período de descida: Δtd =
√2h(t)
g
.
1.2.5. Casos especiais de movimentos combinados
1.2.5.1. Lançamento horizontal (FIG. 1 – 22) – É um movimento combinado, com uma
componente vertical e outra horizontal, cujo perfil lateral é uma meia parábola, visualizada
graficamente em duas dimensões no plano [x(t); z(t)], com posições referenciadas a um instante (t).
Seu estudo se dá numa situação teórica, onde o ar atmosférico não oferece resistência ao avanço
(sem arrasto). O lançamento horizontal pode ser feito a partir de um equipamento fixo, mais alto
que o solo (caso 1), ou pode ser feito a partir de uma aeronave em voo, deixando o projétil cair em
queda livre (caso 2).
No caso 2, quando uma aeronave faz o lançamento, ela passa a ser o referencial vertical, e um
observador embarcado verá o projétil em queda livre, sempre abaixo da aeronave, pois o projétil e
a aeronave terão a mesma velocidade em relação ao solo.
Componente vertical (z) - é um Movimento Retilíneo Uniformemente Variável (MRUV), com
posições verticais representadas no eixo [z(t)] cujo perfil frontal será uma trajetória reta
descendente, que seria a visão de um observador posicionado à frente e alinhado com a direção do
lançamento, nos dois casos citados acima.
Condições iniciais: h0 > 0m ; θ =0° ; a =− g com aceleração positiva e constante e
velocidade instantânea inicial nula [v0(t)=0] .
Função horária da posição vertical: h=h0 −
gt2
2
16
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
Função horária da velocidade em queda: vz =− g t
Equação de Torricelli: v
2
=2 g h
Componente horizontal [x (t)] - é um Movimento Retilíneo e Uniforme (MRU), com posições
horizontais representadas no eixo [x(t)] cuja vista de cima será uma trajetória reta, nos dois casos
citados acima.
O alcance horizontal é dado por: R=vx t .
1.2.5.2. Lançamento oblíquo - Também é um movimento combinado, com uma componente
vertical e outra horizontal, cujo perfil lateral da trajetória é uma parábola, visualizada graficamente
em duas dimensões no plano [x(t); z(t)], com posições referenciadas a um instante (t).
Seu estudo se dá numa situação teórica, onde o ar atmosférico não oferece resistência ao avanço
(sem arrasto). Vamos considerar nosso estudo com o lançamento oblíquo sendo feito a partir de um
equipamento fixo no solo nivelado.
Movimento vertical : é um Movimento Retilíneo Uniformemente Variável (MRUV) com posições
verticais representadas no eixo [z(t)]. cujo perfil frontal será uma trajetória reta que representará
dois momentos com sentidos opostos:
17
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
• Primeiro momento: sentido ascendente, com aceleração negativa e constante a =− g . A
velocidade vertical inicial vz0 =v0 senθ é máxima, e vai decrescendo pela ação da
aceleração da gravidade, até a posição de máximo alcance vertical hmáx , quando a
velocidade vertical instantânea chega a “zero”: vz(t )=0 .
• Segundo momento: sentido descendente, com aceleração positiva e constante a = g . A
velocidade instantânea vertical inicia com “zero”, e vai crescendo diretamente proporcional a “g”,
até a posição final.
Parâmetros:
• Ângulo de lançamento θ .
• Velocidade inicial de lançamento v0 =v0 senθ + v0 cosθ .
• Velocidade instantânea na subida v(t )=(v0 cosθ ) +[(v0 senθ )− g.t ] tem aceleração
decrescente: MRUV.
• Velocidade vertical instantânea na subida vz(t )=[(v0 senθ )−g.t] (1).
• Velocidade instantânea na altura máxima v(t )=(v0 cosθ ) não tem componente vertical:
MRU.
• Tempo de subida: a equação (1) na altura máxima será zero: 0=[(v0 senθ )− g.t] então
tsubida=
v0
g
senθ e o tempo total será T =
2v0
g
senθ (2).
18
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
• Velocidade instantânea na descida v(t )=(v0 cosθ ) +[(v0 senθ )+ g.t ] tem aceleração
crescente: MRUV.
• Altura instantânea h(t )= h0 +[(v0 senθ )t ]−[g.t2
2 ]
• Equação de Torricelli v
2
(h)=(v0 senθ )
2
−2g.Δh , onde Δh= hmax – h0 .
• Altura máxima: neste ponto vz(t )=0 e Δh=hmax , Então a equação de Torricelli
ficará 0²=(v0 senθ )
2
−2g.hmax e hmax =
(v0 senθ )2
2g
.
Componente horizontal [x(t)] : é um Movimento Retilíneo e Uniforme (MRU) com posições
horizontais representadas no eixo [x(t)].
Principais fórmulas do movimento horizontal:
• Velocidade inicial horizontal vx(0)=v0 cosθ (3)
• Velocidade instantânea horizontal vx(t )= v0cosθ tem aceleração zero, por isso se
manterá constante: MRU.
• Função horária da posição horizontal: x(t)=x0 +(v0 cosθ )t .
• Alcance horizontal em função do tempo: R =(v0 cosθ )t .
• Alcance horizontal R para o mesmo nível e mesma v0 , em função do ângulo θ :
Dedução de R, a partir das equações, (2) T =
2v0
g
senθ e (3) vx(0)=v0 cosθ :
R= vx(0).T ou R=[v0 cosθ ][2v0
g
senθ ] ou R=
v0
2
g
2senθ .cosθ .
Aplicando-se a identidade trigonométrica sen2θ =2senθ .cosθ , teremos R=
v0
2
g
sen2θ .
O seno do dobro do arco leva a intuir que o maior alcance horizontal ocorre quando θ = 45° pois
sen2 x 45° = sen90° =1 e qualquer outro ângulo de lançamento, menor ou igual a 90°, o dobro
do arco será menor ou maior do que 90° , portanto sen2θ < 1 .
Os ângulos complementares θ 1 +θ 2=90° têm o mesmo alcance pois têm senos iguais.
19
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
1.2.5.3. Movimentos rotacionais em duas dimensões
Quando um móvel descreve uma trajetória circular, como um arco de uma circunferência vamos
representá-lo com duas grandezas escalares: o comprimento do arco (S) e o raio (R) da
circunferência onde o arco está contido, além do ângulo (q), formado pela extremidade do arco e a
posição inicial, no eixo “x” positivo, que é a referência do movimento.
Radiano - Se em vez de usarmos o “metro” como unidade de medida do comprimento de uma
circunferência, usarmos o raio dessa circunferência, teremos a unidade de medida “radiano”.
Valor de “pi” (p) - É um número irracional que expressa a relação entre o comprimento ou
perímetro de uma circunferência (C) e seu diâmetro (d), cujo valor é 3,1416...
π =
C
d
como C=360° e d=2r , teremos:
π =
360°
2R
π =
180°
R
.
Conversões de unidades angulares: a partir da equação de
“pi” , teremos a expressão que nos permitirá fazer as
respectivas conversões entre as unidades “graus” e
“radianos”: π R=180° .
A conversão de graus em radianos, será: radiano=
(grau x p)
180
.
A conversão de radianos em graus, será: grau=
(radiano x180)
π
.
20
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
Comprimento do arco de circunferência com 1 radiano: grau=
(1 x180)
3,1416
=57,3° .
Posição angular ou “argumento” (q) – informa a posição angular instantânea de um móvel em
movimento rotacional durante um período (T), assumindo valores de 0 rd (0°) a 2p rd (360°). É o
ângulo formado pelo vetor OP com o eixo “x” positivo, que é a referência do deslocamento. O
crescimento angular segue a direção do movimento.
Deslocamento angular Δθ - dado diretamente em grau ou convertido para radiano:
Δθ =θ final −θ inicial
Comprimento do arco S – será dado em radianos: S =Δθ . R rad .
Período linear (T) – o tempo decorrido numa volta completa (ciclo) do móvel, dado em segundo.
Frequência linear f – é o número n de ciclos realizados pelo móvel na unidade de tempo
(segundo), cuja unidade de medida no SI é o Hertz ou ciclos por segundo f =
n
t
Hz .
Relação entre período e frequência lineares: f =
1
T
Hz ou T =
1
f
s .
Período angular T =2π
Frequência angular (ômega - w) – É a razão ente o deslocamento angular e o tempo gasto.
Unidade de medida: rad / s (radianos por segundo) ω = Δθ
Δt
rad /s . Desta expressão podemos
achar a Posição angular, se pegarmos Δθ =ω Δt e dividirmos os dois termos por Δ ,
teremos: θ =ω t .
Relacionando unidades lineares com angulares: 2π =ω T rad ou ω =
2π
T
rad/s .
Velocidade tangencial instantânea – grandeza vetorial perpendicular ao raio da curva:
v(t)=ω (t) R rad.m/s .
Frequência angular expressa em função da frequência linear (f): ω =2π f rad/s .
Exemplo:
Converter f =60 Hz em rad/s :
ω =2π f rad/s → ω =6,28 x 60 → ω =377 rad /s
Aceleração angular média (a m) – grandeza vetorial que, se diferente de zero, altera o módulo da
velocidade angular instantânea de um móvel a cada unidade de tempo. Pode-se calcular seu valor
médio no intervalo de tempo Δt =(t2−t1) com a seguinte expressão:
21
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
αm = Δω
Δt onde Δω =(ω2 −ω1) .
Aceleração angular instantânea [a (t)] - é a aceleração angular média quando Dt tende a zero, ou
seja, é a derivada da velocidade angular instantânea em relação ao tempo. α (t)=
dω (t)
dt
.
Aceleração tangencial instantânea: atan(t )=α (t).R .
Aceleração Centrípeta (acp) – Sabemos que, pela Lei da inércia (1ª Lei de Newton) , os movimentos
tendem a ser retilíneos, e o que faz um movimento seguir uma trajetória circular é a componente
centrípeta, da aceleração total, apontada do móvel para o centro do movimento, o que provoca a
mudança contínua da direção do vetor velocidade, independente do valor do seu módulo.
Essa componente só existe quando há uma força artificial que a provoque, como por exemplo, o
giro dos pneus dianteiros de um carro, o giro do leme de uma embarcação ou aeronave, a força da
gravidade entre corpos celestes, a trajetória em curva dos trilhos ferroviários, ou uma corda
segurando o objeto em movimento circular.
Aceleração centrípeta instantânea acp (t )=
v2
(t )
R
.
Quebra de paradigma: não existe uma “força centrífuga” diametralmente oposta à componente
centrípeta da aceleração. O que existe é a aceleração tangencial, oriunda da “reação inercial” do
móvel, que tende a seguir sempre uma trajetória retilínea (1ª lei de Newton), conforme ilustrado
abaixo:
• Um móvel girando, retido por uma corda no ponto central do movimento, onde a tensão da
corda, no sentido do centro, é a aceleração centrípeta que está alterando continuamente o
que seria a trajetória retilínea (inercial) do móvel.
• Ao liberar a corda, no instante “t”, o móvel vai ser lançado numa trajetória retilínea
tangencialmente ao ponto “t”, portanto a 90° da aceleração centrípeta (força radial) que
o mantinha preso.
1.2.5.4. Movimento circular e uniforme (MCU)
Características:
1. A trajetória é uma circunferência.
2. A aceleração tangencial é nula, por isso a
velocidade tangencial instantânea é constante em
módulo.
3. A aceleração centrípeta é constante em módulo, na
direção radial, com sentido para o centro da
circunferência. v(t)
22
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
1.2.5.5. Movimento circular uniformemente
variado (MCUV)
Características:
1. A trajetória é uma circunferência.
2. A velocidade tangencial é uniformemente variável
em módulo (crescente ou decrescente) e variável em
direção, por unidade de tempo.
3. A aceleração tangencial é constante em módulo.
4. A aceleração resultante [a(t)] é dada pela soma
vetorial da aceleração tangencial e da aceleração
centrípeta.
1.3. Forças - representação vetorial. Unidades de medida
Força (F) - é um dos conceitos fundamentais da Física Newtoniana. Relacionada com as três leis de
Newton, é uma grandeza que tem a capacidade de vencer a inércia de um corpo. É uma grandeza
vetorial, diretamente proporcional a qualquer tipo de aceleração imposta ao corpo e à sua massa.
F =m.a .
NOTA: a aceleração mecânica (a) é uma grandeza vetorial composta, com uma componente
longitudinal, que modifica a velocidade do corpo, e outra componente perpendicular, que se existir,
modificará a direção do movimento e é chamada de aceleração centrípeta. Já a aceleração da
gravidade (g) é uma grandeza vetorial simples: direção vertical (radial) e sentido único para o
centro da Terra.
Unidade de medida (SI) - Newton (N).
Corresponde à força exercida sobre um corpo de massa igual a 1 kg capaz de provocar uma
aceleração de 1 m/s².
Instrumento de medida → Dinamômetro.
Sistema Inglês → Libra força (0,45 Kg/f).
1.3.1. Segunda Lei de Newton – Massa e densidade. Centro de massa
Massa (m) - Definição aplicada à física: grandeza escalar que representa a propriedade física da
inércia de um corpo. A massa de qualquer corpo sofre continuamente a ação da aceleração vertical
da gravidade terrestre (g), por isso a força que ele exerce para baixo é comumente chamada de peso
F =m.g .
Há de se considerar dois pontos para completar este conceito:
• Corpos com o mesmo formato físico e mesmo volume podem ter diferentes quantidades de
matéria elementar (átomos, moléculas ou íons).
• A inércia de um corpo imóvel, de determinado material e determinada forma, depende da
quantidade de matéria elementar e também da aceleração vertical da gravidade terrestre.
23
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
• A massa de um mesmo corpo imóvel, ao nível do mar, pode apresentar valores diferentes se
a “pesagem” acontecer nos polos, ou na linha do equador, haja vista a pequena diferença do
valor no módulo da gravidade (g) nessas latitudes.
Unidade de medida de massa (SI) → quilograma (Kg)
Conversão para Libra: 1 Kg = 2,2 Lb
A segunda lei de Newton - o princípio fundamental da dinâmica faz uma relação da resultante
vetorial das forças aplicadas Σ F em um corpo de massa (m) com a aceleração (a) adquirida por
ele. Σ F=m. a
Densidade ( r – letra grega “rô” ) - é uma grandeza escalar que representa a razão entre a massa
(m) de um corpo e o volume por ele ocupado (V). É denominada também de massa volumétrica.
Temos então:
Unidade de medida: Kg/m³.
ρ =
m
V
Centro de massa – é um ponto fixo onde se concentra toda a massa de um corpo do ponto de vista
inercial, independentemente de sua forma ou material. É um conceito utilizado para análise do
movimento livre dos corpos. Se um corpo for lançado no espaço, seu centro de massa seguirá
exatamente na linha de sua trajetória.
• O centro de massa pode ficar fora do corpo, como nos aros, esferas ocas ou formas
semicirculares.
• O centro de massa só coincide com o “centroide” quando o corpo é geometricamente
simétrico e sua densidade é homogênea.
Centroide – é centro geométrico de qualquer corpo, independentemente do seu material. Também
pode existir fora do corpo como nos aros, esferas ocas ou formas semicirculares.
1.3.2. Gravidade – Peso de um corpo. Peso específico. Centro de gravidade de um corpo
A gravidade (g)- é a atração que há entre corpos com grande massa, como os corpos celestes.
Do ponto de vista prático, a atração gravitacional da Terra confere peso aos objetos que estão
próximos ou na superfície.
A gravidade é a força responsável por manter a Terra e os outros planetas em suas respectivas
órbitas em torno do Sol, e a Lua em órbita em volta da Terra, bem como pela formação das marés.
Aceleração da gravidade (g) – é uma grandeza vetorial simples, que representa a intensidade do
campo gravitacional ao redor da terra. A aceleração da gravidade ao nível do mar, e na latitude de
45°, é igual a 9,80665 m/s².
Gravidade nos polos = 9.832 m/s².
Gravidade na linha do Equador = 9.78 m/s² .
24
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
1.3.2.1. Força peso (W - weight) – é uma grandeza vetorial simples com direção sempre na
vertical e sentido sempre apontando para o centro da terra.
O módulo da Força peso é expresso pela Segunda Lei de Newton como:
W =m. g
A unidade de medida (SI): Newton (N)
Um corpo com massa de 1 kg na latitude de 45° e ao nível do mar pesa 9,8 N ou 1 Kgf.
NOTA: em todos os problemas de estática ou dinâmica, sempre há de se considerar a presença da
força da gravidade, cujo módulo deve ser somado algebricamente aos módulos das componentes
vetoriais verticais das forças que atuam sobre o corpo.
Peso específico ( ɣ - letra grega gama ) - é definido como o peso (W), por unidade de volume (V).
No SI a unidade é: N/m3.
Também pode ser calculado multiplicando-se a massa volumétrica do material (kg/m3) pela
aceleração da gravidade (g) m/s² .
Centro de gravidade de um corpo (CG) – todo corpo ao redor da terra está submetido à ação da
atração da gravidade, por isso, ao se analisar o equilíbrio estático dos corpos, o seu centro de massa
(CM) passa a ser o seu centro de gravidade (CG).
A posição do CG de um corpo, relativa a um ponto de apoio, pode determinar a estabilidade do
equilíbrio do corpo: estável, instável ou indiferente.
• Um corpo submetido apenas à atração da gravidade, quando suspenso por qualquer ponto
fora do CG, terá o seu CG alinhado verticalmente e abaixo desse ponto.
• Um corpo submetido apenas à atração da gravidade, apoiado exatamente no seu CG e com
liberdade para girar em qualquer direção, pode parar em qualquer posição aleatória,
significando que está em perfeito equilíbrio estático.
Representação vetorial das forças – um sistema de duas forças atuando sobre um objeto pode ter as
seguintes configurações:
1. Forças no mesmo ponto de aplicação, direção horizontal e mesmo sentido sobre um móvel
apoiado numa superfície horizontal sem atrito. (FIG. 1 – 28).
25
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2. Forças no mesmo ponto de aplicação, mesma direção horizontal mas sentidos opostos sobre
um móvel apoiado numa superfície horizontal sem atrito (FIG. 1 – 29).
3. Forças no mesmo ponto de aplicação, com
direções e sentidos diferentes, formando
um determinado ângulo, diferente de 90° e
180°. Considerar a vista de cima do
sistema no plano (x;y), onde o móvel está
apoiado e sem atrito. Neste caso pode-se
aplicar a Lei dos cossenos para calcular o
módulo da força resultante.
4. Forças no mesmo ponto de aplicação, formando um
ângulo de 90° . Neste caso, aplicar o Teorema de
Pitágoras para calcular o módulo da força resultante.
FR = √F1
2
+ F2
2
.
26
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1.3.3. Terceira Lei de Newton – princípio da ação e da reação. Deformações
O Princípio da Ação e Reação constitui a Terceira Lei de Newton, e pode ser enunciada assim:
Para toda ação, há sempre uma reação oposta (mesma direção e sentidos opostos) e de igual
intensidade (módulos iguais e contrários).
Na FIG. 1 – 33 temos um sistema com um bloco apoiado na superfície terrestre, com os seguintes
pares de força ação-reação:
• A atração da gravidade provoca a força peso w no bloco, no sentido vertical para o
centro da terra, onde existe a força reação w ’ no sentido contrário. Este par de forças
ocorre permanentemente em qualquer objeto afastado da superfície terrestre: w =− w' .
• Se o bloco está em contato com a superfície terrestre, ou uma superfície ancorada no solo,
surge outro par de forças ação-reação: na superfície terrestre uma força normal
(perpendicular) Fn no sentido vertical, contra o centro de gravidade do bloco, e no
bloco, a força normal de reação F’ n , no sentido contrário: F n=− F ' n .
Deformações – São resultados de esforços mecânicos impostos aos materiais. Existem duas formas
de deformações que não danificam estruturalmente o material (sem ruptura molecular):
• Elástica: após cessar a força aplicada, o corpo volta à forma anterior;
• Plástica: a deformação é permanente;
Os principais tipos de esforços, são:
(a) Tração - Solicitação que tende a alongar o corpo, ocorre no sentido inverso ao apoio, semelhante
aos cabos de aço de um guindaste.
(b) Compressão - Solicitação que tende a encurtar o corpo, no mesmo sentido da força aplicada,
semelhante às colunas (pilares) de uma construção.
(c) Flexão (flambagem)- Solicitação que tende a curvar longitudinalmente um corpo extenso e
submetê-lo a duas solicitações antagônicas: compressão, na superfície de aplicação da força e tração
na superfície oposta.
27
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(d) Torção- Solicitação que tende a torcer o corpo, através de uma rotação sobre o eixo geométrico.
Tipo de esforço que ocorre nos eixos de transmissão de força motriz nas máquinas e veículos.
(e) Cisalhamento ou Corte - Solicitação que tende a cortar o corpo, ocorre com o deslocamento
paralelo em sentido oposto de duas seções contíguas, semelhante ao corte de uma tesoura ou
guilhotina.
1.3.4. Forças resistentes: resistência do ar e atrito
Força Normal (FN) - A força normal é uma força de apoio.
Quando apoiamos um corpo sobre uma superfície horizontal,
haverá uma força perpendicular, ou normal, contrária à força
peso (mesma direção e sentido contrário).
Forças resistentes e dissipativas - Quando um sistema
apresenta forças resistentes, ocorre a diminuição da energia
útil resultante.
Uma força resistente é aquela cujo trabalho realizado depende
não só da trajetória descrita pelo ponto de aplicação, como
também da velocidade, da forma geométrica e do tipo de
atrito entre os corpos.
Força de Atrito (FAT) - É uma força que existe entre dois móveis em contato um com o outro, e que
se manifesta dificultando a movimentação relativa dos corpos.
As superfícies nunca são perfeitamente lisas, sempre há rugas mínimas que dificultam o
deslizamento de um corpo sobre ela. Algumas superfícies são mais rugosas e outras são mais lisas.
Uma forma de diminuir o atrito é o polimento da superfície e a lubrificação.
No caso do movimento de um corpo sólido num fluído, a dificuldade do movimento relativo é
provocada pelo “arrasto”, que é a soma do atrito superficial com a resistência ao avanço oferecida
28
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pelo tipo de fluído e pelo formado do corpo: por isso os cascos das embarcações têm a forma
hidrodinâmica e as aeronaves, a forma aerodinâmica.
Coeficiente de atrito (µ) letra grega mi – é um valor dado em tabelas, de acordo com o material e a
rugosidade superficial apresentada, e é classificado em dois tipos:
• Coeficiente de atrito estático μ e se manifesta
no início da movimentação relativa dos móveis.
• Coeficiente de atrito dinâmico μ d se
manifesta quando já foi estabelecido o
movimento relativo dos móveis.
No gráfico ao lado, percebe-se que o Coeficiente de
atrito estático requer uma força maior (Fe) para iniciar o
deslocamento (S) do móvel, e quando este já está em
movimento, a força (Fd) será menor para manter o seu
deslocamento.
As fórmulas para o cálculo da força de atrito levam em
conta o tipo Coeficiente de atrito e o valor da força normal. Fe=μ e.FN e F d= μ d. FN .
1.3.5. Momento de uma força rotacional (torque)
Torque (t letra grega tau) – é o produto da força (F) aplicada superficialmente sobre um objeto,
pelo momento resultante (r). τ =Fr
• A distância radial (d), entre o ponto de aplicação da força e o eixo de rotação é chamada de
“braço de torque”.
• O momento resultante (r), ou distância efetiva, é diretamente proporcional ao braço de
torque (d) vezes o seno do ângulo de topo 0° <θ < 180° , formado pela direção de
aplicação da força com o “braço de torque”.
• O maior valor de (r) é com θ =90° , o que equivale a τ =F . Em qualquer outro
ângulo teremos τ < F .
• O módulo de (r) zera com θ =00° ou θ =180° .
A unidade de medida do torque é o Newton / metro (Nm).
29
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1.4. Energia, trabalho e potência – Conceituação. Unidades de medidas
Energia E – é a capacidade conservativa de um ente físico produzir trabalho, calor ou radiação.
Na natureza a energia tem várias fontes: térmica, luminosa, mecânica (movimento), elétrica,
química, sonora, etc... que podem ser convertidas entre si.
A unidade SI de trabalho é o joule (J), que se define como o trabalho realizado por uma força de um
newton (N) atuando ao longo de um metro (m) na direção do deslocamento. Pode também ser
expressa em N.m.
Conservação da Energia – Toda a energia disponível na natureza é conservada. Quando há um
processo de transformação, a diferença entre a energia de entrada e a energia de saída sempre será
“zero”.
Energiadeentrada – Energiade saída=0
Energia elétrica – é a potência elétrica acumulada no tempo: E= P.t .
Unidade de medida: Wh .
1.4.1. Energia potencial (U) : Diz respeito a um desequilíbrio de cargas ou forças de um sistema,
que são “desequilibradas”, mediante um trabalho τ , para serem transformadas em energia
cinética. É uma grandeza escalar associada aos elementos de um sistema físico.
Algumas formas de energia potencial:
• Gravitacional na superfície terrestre (atração na vertical):
◦ Diferença de altura de uma massa para um referencial mais baixo.
• Eletrostática (atração e repulsão em qualquer direção):
◦ Distância entre cargas elétricas ou corpos eletrizados dentro de um Campo elétrico.
• Elástica: presente num corpo flexível sob tensão, compressão ou torção (molas).
Equação da energia potencial de um corpo levantado a uma altura (h) acima de um nível de
referência h0 : U (h)=U0 + m. g Δh onde U0 é a energia potencial inicial, em h0 e
Δh=h−h0 .
30
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Unidade de medida: Joule (J).
Exemplos de energia potencial(FIG. 1- 38):
1.4.2. Energia cinética (K) – é uma grandeza escalar associada ao movimento de um corpo.
K =
m .v2
2
. Unidade de medida: Joule (J).
1.4.3. Conservação da Energia Mecânica - A energia mecânica de um corpo é igual à soma da
energia potencial com a cinética. EMEC = K +U .
1.4.4. Trabalho ( t - letra grega tau) - é uma grandeza escalar
que traduz a medida da energia transferida pela aplicação de uma
força resultante (F) sobre um móvel, provocando seu
deslocamento ΔS . τ = FΔS cosθ , onde θ é o ângulo
formado pela força aplicada e a direção do deslocamento.
Se F tem a mesma direção de ΔS , teremos cosθ =1 , então
o trabalho resultante é máximo. Para outros valores de
+ 90° >θ <−90° , o trabalho resultante é menor.
1.4.5. Dissipação – na transformação das formas de energia,
através da realização de trabalho, sempre há perdas no processo, por dissipação, gerando outras
formas de energia, não aproveitadas no processo. Pela Lei de conservação da energia, teremos:
Energiadeentrada=Energiaaproveitada nasaída+Energiadissipada
1.4.6. Rendimento ( h letra grega eta) – é a relação entre a energia aproveitada na saída e a
energia de entrada na realização de trabalho. O rendimento sempre será inferior a 100% ( h < 1 )
pois em todo processo de conversão de energia há dissipação. η =
Esaída
Eentrada
.
1.4.7. Potência (P - power) - é a rapidez com com que o trabalho é realizado.
No SI, a unidade de potência é o W (Watt), dimensionalmente igual a joule por segundo (J / s).
P=
τ
t
. Outras unidades adotadas: cavalo-vapor (cv) = 735,5 W e horse power (hp) =
746,6 W.
31
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1.5. Propriedades do ar que afetam o voo: Temperatura, densidade e pressão
1.5.1. Temperatura – Conceituação. Medição de temperatura. Termômetros. Escalas de
medidas: Celsius, Kelvin e Fahrenheit
Termologia ou Termo física - é a parte da Física que estuda o calor. Os fenômenos são interpretados
a partir de modelos da estrutura da matéria, sob dois pontos de vista distintos, porém
complementares: o macroscópico (temperatura, energia interna e pressão) e o microscópico
(velocidade e energia cinética de átomos e moléculas).
]Temperatura (T) - é a grandeza física que mede o estado de agitação das partículas de um corpo.
O princípio da dilatação térmica é o fundamento das construções de termômetros a gás e líquido:
quando um corpo sofre variação em sua temperatura, ele aumenta ou diminui de volume, por conta
da expansão ou contração molecular.
Os tipos de termômetros mais antigos funcionavam utilizando um gás ou um líquido, álcool ou
mercúrio.
Ainda hoje, termômetros como os de mercúrio (aqueles que temos em casa) são muito comuns:
medem a temperatura do corpo (termômetro clínico) e a temperatura ambiente. O mercúrio é
adequado porque é uma substância bem sensível às variações de temperatura, permitindo uma fácil
leitura, mesmo para pequenas variações.
Existem outros tipos de termômetros, que utilizam outros princípios de construção e
funcionamento: bimetálico, magnético, de radiação, termopar, de resistência elétrica - e também
termômetros a gás. (Assunto tratado em Meteorologia).
Calor e temperatura – Princípio fundamental da calorimetria. Escalas termométricas. Principais
tipos de termômetros
O calor é a nomenclatura atribuída à energia térmica sendo transferida de um sistema a outro
exclusivamente em virtude da diferença de temperaturas entre eles.
Calorimetria é a parte da física que estuda as trocas de energia entre corpos ou sistemas quando
essas trocas se dão na forma de calor.
Quando um corpo cede ou recebe calor ocorrem duas transformações:
1. variação de temperatura (calor sensível).
2. mudança de estado físico (calor latente).
Princípio fundamental da calorimetria - Se vários corpos, no interior de um recipiente isolado
termicamente, trocam calor, os de maior temperatura cedem calor aos de menor temperatura, até
que se estabeleça o equilíbrio térmico.
Como já vimos anteriormente, o fluxo de calor acontece no sentido da maior para a menor
temperatura. Este trânsito de energia térmica pode acontecer pelas seguintes maneiras:
32
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• Condução: A condução acontece principalmente em meios sólidos e essa forma de
transferência de calor ocorre em razão do contato das partículas (átomos, elétrons e
moléculas) que formam o corpo.
• Convecção: é o fenômeno da transferência de calor que se observa nos fluidos, gases e
líquidos, e acontece em razão da diferença de densidade do fluido. O ar frio, que é mais
denso que o ar quente do ambiente, desce, por subsidência, e o ar quente sobe para ser
refrigerado. Formam-se, dessa maneira, as correntes de convecção. A direção dessa corrente
só é perfeitamente vertical em ambiente sem vento (ver advecção).
• Irradiação: Por ser de natureza eletromagnética, o espectro de radiação do calor não
depende do meio físico para se propagar. Todo corpo com temperatura maior que zero
Kelvin emite energia na forma de ondas eletromagnéticas. Assim, na ausência de um meio,
existe uma transferência de calor por radiação entre duas superfícies que se encontram a
diferentes temperaturas. A irradiação solar sobre a terra é um exemplo, pois se propaga no
espaço onde a maior parte da trajetória é vácuo.
• Advecção: Refere-se à mudança de temperatura de pontos terrestres devida ao movimento
horizontal de massas de ar (ventos). Na atmosfera terrestre, ocorre geralmente de forma
combinada com a convecção.
Escalas termométricas:
As escalas mais usuais atualmente são a Celsius
(°C), a Fahrenheit (°F) e a Kelvin (K). Cada uma
delas adota pontos fixos diferentes: a Celsius é
amplamente usada na maior parte dos países, a
Fahrenheit é ainda usada nos EUA, e a Kelvin é uma
escala absoluta, de uso mais técnico e científico.
É possível escrever expressões matemáticas para
fazer a conversão entre as escalas. Observe na figura
abaixo os pontos fixos em que se baseiam as escalas
Celsius e Fahrenheit. Já a escala Kelvin adota como
origem o zero absoluto, que é o estado térmico em
que as moléculas estão desprovidas de energia.
Expressões para conversão de temperaturas
Partindo da relação entre os pontos fixos das
escalas, podemos deduzir relações de transformação
entre elas:
33
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1.5.2. Densidade atmosférica
Densidade de um gás em função da pressão (P) e da temperatura (r – letra grega”rô”) – Já vimos
anteriormente que a densidade de um corpo qualquer é a relação entre a massa e o volume
ρ =
m
V
. No caso de um gás, o princípio é o mesmo, mas aparecem outras variáveis e a
constante universal dos gases ( R = 8,31 J / mol.K ): ρ =
P. M
R.V
, onde M é a massa molar,
dada na tabela periódica dos elementos químicos.
Para uma massa molar constante, a densidade dos gases é governada pelas seguintes regras:
• A densidade varia diretamente com a pressão.
• A densidade varia inversamente com a temperatura.
1.5.2.1. Comportamento térmico dos gases – Leis de Charles e de Boyle. Tipos de
transformações
Gás - é um conjunto de moléculas (ou átomos) em movimento permanente e aleatório, com as
seguintes características:
• Quando confinado, ocupa o volume total do recipiente que o contém.
• Mantém uma pressão igualmente distribuída nas paredes desse recipiente.
• Se expande com o aumento da temperatura e vice-versa.
Variáveis de estado
• Massa (m) em Kg.
• Quantidade do gás, em número de mols (n).
• Pressão (P) em Pascal (Pa).
• Volume (V) em metro cúbico (m3).
• Temperatura absoluta (T) em Kelvin.
Um gás ideal é apenas um modelo teórico que desconsidera as interações entre as suas moléculas.
Um gás real se aproxima do gás perfeito à medida em que a pressão diminui e a temperatura
aumenta, pois fica mais rarefeito.
Transformações gasosas abertas: ocorrem
quando uma mais variáveis de estado sofrem
alterações, levando a massa gasosa a sofrer
transformações.
A análise dessas transformações é feita
através de ensaios, com uma das variáveis
fixas, e a verificação da variação conjunta das
outras duas variáveis.
• Transformação isotérmica (FIG. 1 –
41) é aquela na qual a temperatura
(T) do gás é mantida constante:
P1V1 = P2V2
34
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• Transformação isobárica (FIG. 1 – 42) é aquela na qual a pressão (P) do gás é mantida
constante: V1
T1
=
V2
T2
.
• Transformação isométrica ou isocórica (FIG. 1 – 43) é aquela na qual o volume (V) do gás
é mantido constante P1
T1
=
P2
T2
.
Lei de Boyle-Mariotte: Na transformação
isotérmica de uma dada massa gasosa (m),
a pressão (P) é inversamente proporcional
ao volume (V). O gráfico de uma
transformação isotérmica descreve uma
hipérbole que representa a temperatura
constante (T) em Kelvin (K).
Lei de Charles: Na transformação
Isobárica de uma dada massa gasosa (m), a
pressão (P) é diretamente proporcional à sua temperatura absoluta (T).
O gráfico de uma transformação Isobárica é uma reta inclinada que representa a pressão constante P
(Pa). A inclinação dessa reta é inversamente proporcional à pressão: maior pressão significa menor
inclinação.
Lei de Gay-Lussac:
Na transformação isobárica de uma dada
massa gasosa (m), o volume (V) é
diretamente proporcional à temperatura
absoluta (T).
Na transformação isovolumétrica de uma
massa de ar fixa (m), a pressão (P)
exercida pelo gás, é diretamente
proporcional à temperatura absoluta (T).
O gráfico de uma transformação
isovolumétrica é uma reta inclinada que representa o volume constante V(m³). A inclinação dessa
reta é diretamente proporcional ao volume: maior volume significa maior inclinação.
Lei de Avogadro : “ volumes iguais de dois gases quaisquer, nas mesmas condições de pressão e
temperatura (CNTP), contêm o mesmo número de mols de moléculas ".
Considerando o volume em litro (L): 1L =6,022x 1023
mol−1
ou
6,022x 10
23
moléculas=22.4 L .
Equação de estado de um gás ideal ou Equação de Clapeyron – já vimos acima que cada estado de
equilíbrio de uma massa de gás ideal constante fica definido pelas suas propriedades
35
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
macroscópicas, que são chamadas de variáveis de estado: Quantidade de gás (n), Pressão (P),
Volume (V) e Temperatura (T).
Quando relacionamos as Leis de Boyle, Charles Gay-Lussac e de Charles, e queremos avaliar o
estado de uma massa gasosa qualquer, teremos a Equação de estado ou de Claypeiron:
P.V =n.R.T .
Onde:
• (R) é a constante universal dos gases: = 8,31 J / mol.K
• n = m / M (m = massa em Kg e M = massa molar )
Umidade do ar
A umidade é entendida como a presença de vapor d´água na atmosfera. É um componente espúrio,
pois não faz parte da composição do ar, mas de presença obrigatória, em função da perene
evaporação da água ocorrente na superfície da terra.
A quantidade máxima de vapor que o ar atmosférico pode absorver varia diretamente com a
temperatura: quanto mais elevada a temperatura do ar, mais vapor d'água ele pode absorver, até
saturar com um máximo de 4%. Abaixo da altitude de 6 Km (19.685 pés), é muito difícil de ocorrer
a presença de ar seco, mesmo sobre regiões desérticas, onde pode ter alguma umidade.
O vapor d'água é menos denso do que o ar, portanto, o ar quando contém vapor d'água, torna-se
mais leve que ar seco.
Em uma determinada altitude, considerando-se que a temperatura e a pressão permaneçam as
mesmas, a densidade do ar varia inversamente com a umidade.
Nos dias úmidos a densidade do ar é menor que nos dias secos. Por essa razão, uma aeronave requer
uma pista mais longa para decolagem nos dias úmidos, do que nos dias secos.
1.5.3. Pressão atmosférica
Atmosfera terrestre – é composta por uma mistura de gases, estruturada em camadas com
36
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
características térmicas diferentes, e é confinada junto à superfície pelo efeito da força da gravidade
(g), e esse confinamento tem duas consequências:
• Permite a alteração do volume (expansão da massa de ar), pois o confinamento “a céu
aberto” é equivalente a um vaso com a tampa expansível.
• A força da gravidade faz com que a maior concentração de moléculas por volume (maior
densidade) seja próximo à superfície terrestre.
Pressão atmosférica (P) - Como o ar é compressível, a densidade diminui com a altitude,
juntamente com a pressão. Esse decréscimo da pressão é muito intenso, pois se dá de forma
exponencial, e não de forma linear. Comparando com a pressão média, ao nível do mar, teremos:
• 50 % na altitude de 5,6 km.
• 10% na altitude de 16 Km.
• 1% na altitude de 32 Km.
Situação conceitual: Se considerarmos uma coluna cilíndrica de ar atmosférico (hipotética), aberta
em cima, portanto, com altitude (a) variável, dada em metro, e uma base de área (A), dada em m²,
posicionada em determinado nível, teremos um volume variável (V) dado em m³.
A pressão dessa massa de ar (P), medida na base desse cilindro, será proporcional ao seu peso
W =m. g em Newton, vezes a área (A) em metro quadrado.
P=(m. g) A ou P=WA
Unidade de medida: Pascal (Pa) - é a unidade padrão de pressão e tensão no SI. Equivale à força
peso de 1 N aplicada uniformemente sobre uma superfície de 1 m².
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Neste caso, 1 Newton (N) equivale à massa de 1 Kg do ar multiplicada pela aceleração da
gravidade média de 9,8 m/s², o que dá 9,8 Kgf.
A pressão atmosférica é medida por meio de um equipamento conhecido como barômetro.
Outras unidades de pressão:
1000 hPa → 1,02 Kgf/cm²
1000 hPa → 750,6 mm Hg
1000 hPa → 29,53 pol Hg
1000 hPa → 1 bar
Como o peso de uma coluna de ar é diretamente proporcional à sua densidade, fica claro que um ar
mais denso proporcionará uma pressão maior no ponto de medição.
A alteração da densidade do ar atmosférico, em função da alteração da temperatura, sempre é
considerada para uma altitude específica, e assim, a pressão atmosférica, nessa altitude, será função
INVERSA da temperatura, o que satisfaz a lei dos gases perfeitos:
• Maior temperatura: menor densidade, portanto, menor pressão.
• Menor temperatura: maior densidade, portanto, maior pressão atmosférica.
Por isso é que nas regiões de latitudes mais altas (no sentido dos polos), sobre os continentes, as
pressões mais altas são registradas no inverno, quando as temperaturas são menores. O inverso
ocorre nas regiões intertropicais e equatorial, onde as pressões são menores, porque as temperaturas
são mais altas.
38
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2. Aerodinâmica
2.1. Conceituação. Caracterização como ciência. Princípios básicos
Aerodinâmica - é o estudo do movimento dos fluidos gasosos, suas propriedades e características, e
suas interações com os corpos sólidos neles imersos.
Quando uma aeronave de desloca no ar, surgem duas forças aerodinâmicas: a sustentação e o
arrasto.
Para entendermos essas duas forças, vamos estudar alguns princípios físicos fundamentais.
NOTA: Nosso estudo vai focar na aerodinâmica com velocidades sub sônicas, haja vista que há
significativas diferenças no comportamento das aeronaves quando as velocidades são ultra
sônicas.
Atmosfera padrão - Com a finalidade de tornar o altímetro um instrumento eficiente para a
navegação aérea, a OACI (ICAO - International Civil Aviation Organization) adotou, em 1952, para
fins aeronáuticos, valores médios de alguns parâmetros meteorológicos. Essa padronização, dada ao
conhecimento público em 1954, passou a ser conhecida por ISA (ICAO Standard Atmosphere, ou
Atmosfera Padrão ICAO).
Características fundamentais ISA:
 Temperatura de 15° C ao NMM (nível médio do mar).
 Pressão ao NMM 1013,25 hPa
 Gradiente térmico vertical 2°C/1000 pés
 Densidade ao NMM 1,225 kg/m³
 Velocidade do som ao NMM 340 m/s
 Temperatura da tropopausa -56,5°C
 Latitude de referência 45°
 Composição gasosa 78% de N2, 21% de O2, e 1% de outros gases.
 Umidade e impurezas 0% de umidade e sem impurezas
 Lei física obedecida Lei dos Gases Perfeitos
2.1.1. Teorema de Bernoulli: princípio da conservação da energia
Teorema de Bernoulli descreve o comportamento de um fluido movendo-se ao longo de uma linha
tubular, e traduz para os fluidos o princípio da conservação da energia: num fluido ideal (sem
viscosidade nem atrito) em regime de circulação por um duto, a energia que possui o fluido
(velocidade x pressão) permanece constante ao longo de seu percurso.
No caso de um fluído real, que possui viscosidade, portanto vai gerar atrito entre suas moléculas e
também com as paredes do tubo, vai haver uma queda de pressão, necessária para haver o
escoamento.
2.1.2. Teorema de Bernoulli aplicado ao Tubo de Venturi
O tubo de Venturi é tubo com e estreitamento de sua seção em um determinado ponto, e que vai
permitir determinar o valor da vazão (velocidade de escoamento), através da leitura da pressão em
cada seção, de acordo com as seguintes relações:
39
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
1. a pressão P1 , da seção maior S1 , é maior do que a pressão P2 , na seção menor
S2 ;
2. a velocidade de escoamento V1 , na seção maior S1 , é menor do que a velocidade
V2 , na seção menor S2 ;
Equação do Tubo Venturi: Podemos obter as velocidades V1 e V2 em cada ramo do tubo a
partir da leitura da diferença de pressão P1 e P2 e da densidade do ar ρ :
V2 = S1
√2 (P1 − P2)
ρ [S1
2
− S2
2
]
.
Conforme veremos na disciplina “Aeronaves e motores”, o tubo de Venturi é utilizado em
aeronaves de pequeno porte como “bomba de vácuo”.
2.1.3. Velocímetro – Princípio do Tubo de Pitot. Velocidade indicada e velocidade verdadeira
Tubo de Pitot – Trata-se de um dispositivo composto por um tubo apontado no sentido do fluxo do
vento relativo (contrário ao deslocamento da aeronave). Ele fornece a Pressão Total Pt para o
Indicador da Velocidade do Ar (Velocímetro) V =
√2 (Pt − Ps)
ρ
.
40
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
Para o funcionamento do próprio Velocímetro, do Altímetro e do Variômetro é necessário a
alimentação da pressão estática.
Pressão estática Ps – é a pressão atmosférica no local onde está a aeronave, tanto em
movimento como parada. Por isso a captação dessa grandeza tem que ser em local livre de
turbilhonamento e impacto direto do ar.
Velocímetro (Airspeed Indicator - ASI) – é o instrumento de voo que indica a velocidade do avião
em relação ao deslocamento da massa de ar em torno do avião. É, na realidade, um manômetro
aneróide ligado à tomada de pressão dinâmica do tubo de Pitot e à tomada de pressão estática.
Sua escala é apresentada em Nó (Knots), Milha/h (Mph) ou Km/h.
Nas aeronaves transônicas e de velocidades superiores, é utilizado o Mach Indicator.
Número Mach (Ma) - é uma medida adimensional de velocidade. É definida como a relação entre a
velocidade da aeronave e a velocidade do som (343 m/s ou 761 Kt ou 1.255 km/h no nível do mar).
Existem cinco categorias para determinar a faixa da velocidade de uma aeronave em relação à
velocidade do som:
Subsônica: Ma < 0,75
Transônica: 0.75 < Ma <1.2
Sônica: Ma = 1
Supersônica: Entre 1.2 Ma e 5 Ma
Hipersônica: Ma > 5
2.1.4. Velocidades
VELOCIDADE INDICADA – VI. (IAS - Indicated Airspeed). É o valor lido no velocímetro da
aeronave, que na realidade é um manômetro aneróide, que mede efetivamente a pressão do fluxo do
ar externo, compressível adiabaticamente. O mostrador do instrumento é calibrado para exibir os
valores da velocidade da aeronave em relação à superfície, estando ao nível do mar, numa atmosfera
padrão e sem interferência de vento. Consta no manual da aeronave para informar as velocidades
mínimas e máximas ou de manobras.
41
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
VELOCIDADE CLIBRADA (CAS – Calibrated Airspeed ) - É a Velocidade indicada, corrigida para
os erras de instalação e posição do velocímetro.
VELOCIDADE AERODINÂMICA - VA . (TAS – True Airspeed) . É a velocidade indicada (VI),
corrigida em função da densidade do ar: depende da altitude e da temperatura.
É utilizada para os cálculos de navegação, estimativa de autonomia e consumo de combustível, e a
VA em rota deve ser informada no Plano de voo.
No Nível Médio do Mar (MSL - Mean Sea Level) a VI é igual à VA. Se não há influência de vento,
é igual à GS.
Uma forma prática de calcular a VA é usar a fórmula:
TAS = IAS+0,02 IAS[ALTITUDE
1.000 ] para Altitude.
TAS = IAS+0,02 IAS[FL
10 ] para Nível de voo.
Ou seja, o valor da TAS cresce 2% a cada 1.000 pés de altitude.
Outra forma é utilizando o computador de voo, entrando com a Altitude Pressão, em centenas de
pés, e a temperatura do ar em Graus Celcius. TAS é inversamente proporcional à temperatura.
O vento não afeta a Velocidade Indicada nem a Velocidade Aerodinâmica.
VELOCIDADE DE SOLO (GS - Ground Speed) - é a velocidade aerodinâmica (VA) somada
vetorialmente às componentes do vento (DV/VV). É obtida no computador de voo ou pela
fórmula:
GS= Dist.(NM )x tempo de voo(h) , onde (NM) = milha náutica.
VELOCIDADE EQUIVALENTE (EAS – Equivalente Airspeed) - é a Velocida Calibrada, corrigida
para a compressibilidade adiabática, para uma determinada altitude. EAS é igual à CAS no nível do
mar na atmosfera padrão.
2.1.5. Forças que agem sobre um corpo no ar – resistência ao avanço ou arrasto. Escoamento
laminar e turbulento. Coeficiente de resistência ao avanço para a forma do objeto.
Superfícies aerodinâmicas. Aerofólios: conceituação e tipos. Perfil e elementos de um aerofólio
e de uma asa. Eixo longitudinal geométrico e ângulo de incidência
O ar é um fluído, portanto, qualquer objeto que se desloca numa massa de ar, rompe o seu equilíbrio
e as partículas de ar vão colidir com o objeto provocando a resistência ao avanço desse objeto.
Há um escoamento de ar ao redor do objeto, e em função da "qualidade" desse escoamento, a
resistência do ar será maior ou menor.
Escoamento laminar e turbulento – diz respeito à qualidade do escoamento do ar atmosférico sobre
uma superfície e depende de vários fatores.
42
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
• Laminar - o ar se desloca em longa trajetória, bem definida, formando micro camadas,
paralelas e homogêneas. Ocorre preferencialmente em superfície aerodinâmica.
◦ Características da superfície: plana ou curva e sem rugosidades.
◦ Condição de impacto: paralelamente à corrente do ar ou com inclinação entre 0° e ±16°
referente à direção do vento relativo.
◦ Características do ar: No escoamento
laminar a viscosidade age no fluido no
sentido de amortecer a tendência de
surgimento da turbulência. Depende também
de uma velocidade máxima.
• Turbulento – o ar se desloca totalmente
desagregado e formando vórtices espúrios.
Ocorre quando qualquer superfície não
aerodinâmica está imersa em uma corrente de ar.
◦ Em superfície aerodinâmica e sem
rugosidade:
▪ Condição de impacto: inclinação maior
do que ±16° referente à direção do vento relativo. Independe das características do
ar e da velocidade.
Resistência ao avanço (R) - a resistência ao avanço de um objeto no ar depende de vários fatores,
todos influentes na qualidade do escoamento do ar ao redor desse objeto:
• a rugosidade da superfície;
• a forma do objeto;
• a densidade do ar;
• a velocidade do objeto em relação ao ar: nosso estudo será focado em velocidades sub
sônicas.
Influência da rugosidade da superfície do objeto
A resistência ao ar é diretamente proporcional à superfície exposta ao escoamento do ar: quanto
maior a rugosidade, maior a resistência.
Influência da forma do objeto
Num túnel de vento, é possível determinar o coeficiente de resistência ao ar (CR) de vários
formatos de objetos, em função da sua forma e da sua posição em relação ao fluxo do ar:
43
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
1 Disco plano com a face frontal à incidência do ar CR = 1 (como referência).
2 Cone com a base para a incidência de ar CR = 0,6
3 Esfera CR = 0,4
4 Semi esfera com cone CR = 0,3
5 Fuso com a borda espessa frontal à incidência do ar CR = 0,04
Fica claro que o objeto em forma de fuso oferece 25 vezes menos resistência ao ar, do que o disco.
O fuso tem o escoamento laminar, diferente dos outros perfis. Este formato é o que mais se
assemelha aos perfis dos aerofólios.
Influência da densidade do ar - o ar em grandes altitudes é menos denso do que em baixas altitudes,
e a massa de ar quente é menos densa que a massa de ar frio.
Mudanças na densidade afetam a performance aerodinâmica da aeronave: com a mesma potência,
uma aeronave pode voar mais rápido nas altitudes maiores, onde a densidade do ar é menor do que
nas baixas altitudes.
Isso se deve ao fato de o ar oferecer menor resistência ao avanço da aeronave em altitude. Só que
essa relação de desempenho não é linear, pois, o sistema de propulsão (motor e hélices) perde um
pouco de rendimento com a altitude: o motor, pelo baixo teor de oxigênio (ver combustão) e a
hélice, pelo menor empuxo.
2.1.5.1. Superfícies aerodinâmicas. Aerofólios: conceituação e tipos - Um aerofólio é um objeto
projetado para obter a menor resistência ao avanço e produzir uma força aerodinâmica
perpendicular à sua trajetória, quando em deslocamento relativo no ar. Os aerofólios tratados neste
estudo serão para velocidades sub sônicas.
Perfil e elementos de um aerofólio - Os perfís dos aerofólios são desenhados, testados e
patenteados, de acordo com a sua aplicação. Muitos aerofólios são padronizados pela NACA, nos
EUA (National Advisory Committee for Aeronautics ou Comitê Nacional para Aconselhamento
sobre Aeronáutica).
44
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
Geometricamente, um aerofólio pode ser:
• Simétrico: o perfil pode ser dividido geometricamente em duas partes iguais por uma linha
reta mediana, que vai coincidir com a corda.
• Assimétrico: não pode ser divido em partes iguais por uma linha reta. A corda é separada da
mediana.
Quando a finalidade nas velocidades sônicas:
• Perfil assimétrico (cambered ) – usado onde necessita sustentação ou empuxo: asas em
aeronaves convencionais, estabilizadores horizontais e hélices.
• Perfil simétrico – usado onde necessita baixo arrasto: fuselagem, estabilizador vertical,
ailerons e leme. Asas e estabilizador horizontal de aeronaves para acrobacias.
Características geométricas dos aerofólios:
Corda ( T ) – É uma linha que une o centro do bordo de ataque ao centro do bordo de fuga.
Linha média – É a linha cujos pontos ficam equidistantes do extradorso e intradorso. Nos perfis
biconvexos simétricos, a linha média confunde-se com a corda, como se entende facilmente.
Espessura máxima (y) – distância entre a concavidade superior e a concavidade inferior nos perfis
simétricos, ou a distância entre a concavidade superior e o plano inferior nos perfis assimétricos.
Espessura máxima relativa – É a relação entre a altura máxima do perfil ( y) e a corda (T). É
expressa em porcentagem da corda: Esp.Máx . Rel.=
y
T
Quanto à espessura máxima relativa, os perfis agrupam-se em três classes distintas:
• Finos - são aqueles cuja espessura máxima relativa não ultrapassa 7 %.
• Semi espessos - de espessura compreendida entre 7 % e 14 %.
• Espessos - os que ultrapassam os 14 %.
Aerofólios com grande espessura e arqueamento são indicados para baixa velocidade.
2.1.5.2. Vento relativo. Ângulo de ataque da asa. Perfil e elementos de uma asa. Eixo
longitudinal geométrico e ângulo de incidência ( l – letra grega lâmbda)
Vento relativo – massa de ar que incide paralelamente à trajetória do aerofólio. Tem a mesma
direção, mas sentido contrário à trajetória da aeronave.
45
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
Ângulo de ataque das asas (a – letra grega “alfa”) - é o ângulo formado entre a corda do aerofólio
e o fluxo de ar relativo, paralelo à sua trajetória.
Perfil e elementos de uma asa - Para o entendimento da sustentação é necessário conhecer a
geometria da asa e seus elementos, conforme figura abaixo:
Envergadura (b) : representa a distância entre as pontas das asas;
Corda Média Geométrica (CMG) - é a média das cordas da raiz e da ponta da asa trapezoidal:
CMG=
raiz + ponta
2
Área da asa (S) : representa toda a área em planta, inclusive a porção compreendida pela fuselagem.
No caso de asa com perfil misto, é a soma das áreas de cada formato. Se a asa é trapezoidal pura,
basta multiplicar a envergadura (b) pela corda média geométrica (CMG) S =b x CMG .
46
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
Perfil da asa – As asas usam o perfil assimétrico, de forma a produzir sustentação mesmo com a
aeronave em atitude de ângulo de ataque “zero”.
Extradorso – região superior da asa.
Intradorso – região inferior da asa.
Formas de planta das asas:
Retangular - é uma asa de baixa
eficiência aerodinâmica, ou seja, a
relação entre a força de sustentação e a
força de arrasto (L/D) é menor quando
comparada a uma asa trapezoidal ou
elíptica. Isto ocorre devido ao arrasto de
ponta de asa também conhecido por
arrasto induzido, que no caso da asa
retangular é maior que em uma asa
trapezoidal ou elíptica.
Afilada ou trapezoidal - É uma asa de ótima eficiência aerodinâmica, pois com a redução gradativa
da corda entre a raiz e a ponta da asa consegue-se uma significativa redução do arrasto induzido.
Elíptica - Representa a asa ideal, pois é a que proporciona a máxima eficiência aerodinâmica,
porém é de difícil fabricação e mais cara quando comparada às outras formas apresentadas.
Delta - As asas em forma de delta servem para voos em velocidades supersônicas, pois quando
algum corpo excede a velocidade do som, uma onda de choque se forma ao redor desse objeto.
Quando, por exemplo, a asa reta é utilizada nesse tipo de voo, uma parte dela fica “para fora” dessa
onda de choque. Consequentemente, ela será danificada. Com asas em formas de delta, isso não
acontece. Elas ficam inteiramente "dentro" dessa onda de choque e, com isso, permanecem intactas.
Enflechada - A função principal de uma asa com enflechamento é reduzir a influência do arrasto de
onda, existente em velocidades transônicas e supersônicas. Geralmente uma asa enflechada possui
um coeficiente de sustentação menor do que o de uma asa não enflechada.
Eixo longitudinal geométrico - linha imaginária posicionada no centro geométrico do avião, ente o
nariz e a cauda. Deve ficar perfeitamente na horizontal com a aeronave em voo nivelado. É paralelo
47
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
e não coincidente com os eixos longitudinais de manobras e dos centros de massa, assunto a ser
tratado à frente.
Ângulo de incidência ( l – letre grega lâmbda) - É o ângulo fixo, formado entre a corda média da
raiz da asa e o eixo longitudinal geométrico da aeronave.
Quando a aeronave está em voo nivelado, o ângulo de incidência da asa proporcionará um
Coeficiente de sustentação unitário (CL = 1), suficiente para mantê-la nesse tipo de voo, com a
máxima carga prevista e a potência adequada.
Diedro ( G ) - Representado pela letra grega “gama” maiúscula.
É o ângulo que o eixo geométrico lateral das asas faz com o eixo lateral da aeronave.
• Diedro positivo: pontas das asas acima da raiz: inclinadas para cima.
• Diedro negativo: pontas das asas abaixo da raiz: inclinadas para baixo.
2.2. Forças que atuam sobre a aeronave em voo: sustentação, arrasto, tração e peso
Unidade de medida das quatro forças: Newton
Forças aerodinâmicas: sustentação e arrasto.
Sustentação (Lift – L) – numa aeronave de asas fixas, em movimento à frente, é a força vetorial
criada pelas asas, pelo estabilizador horizontal e uma pequena ajuda da carenagem, para superar o
peso da aeronave W = m. g , e permitir o seu voo.
Só existe sustentação com o movimento relativo suficiente entre a aeronave e a massa de ar ao seu
redor, que vai provocar fenômenos aerodinâmicos conjuntos e que serão estudados adiante. A
sustentação resultante é representada graficamente por um vetor na direção vertical, com sentido
para cima, pois tem sempre sentido oposto ao peso resultante.
48
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
Arrasto (Drag - D) - Surge pela resistência do ar ao movimento da aeronave. É representada
graficamente por um vetor na direção da trajetória da aeronave, e de sentido contrário. É uma
grandeza que se manifesta por causas diversas, conforme veremos adiante no seu estudo.
Força artificial necessária para a propulsão da aeronave.
Tração (Thrust - T) - Também chamada de empuxo, é a força vetorial que representa o sistema
moto propulsor, que dá movimento à aeronave. Tem a função de superar a força de arrasto no voo
nivelado, e superar também, parte do peso da aeronave no voo em rampa ascendente. É
representada graficamente por um vetor na direção da trajetória da aeronave, com sentido à frente.
Força natural resultado da gravidade terrestre.
Peso (W) – É o resultado do produto da massa (m) da aeronave, multiplicada pela aceleração da
gravidade (g). É representada graficamente por um vetor na direção vertical, com direção para o
centro da terra. É a força a ser vencida pela sustentação (L).
Todas as quatro forças são compostas por outros vetores ortogonais, e somente no caso do voo
nivelado (trajetória horizontal) é que aparecerão como vetores resultantes, conforme vimos nas
definições acima e na figura 2 -14.
Estudo vetorial da sustentação, arrasto e torque de um aerofólio.
Resultante Aerodinâmica (RA) – A reação do aerofólio à diferença de pressão entre extradorso e
intradorso é representada por um vetor soma (resultante).
Centro de Pressão Aerodinâmica (CP) – é o ponto sobre a corda do aerofólio onde ocorre a
Resultante Aerodinâmica, dependendo do ângulo de ataque.
Os vetores componentes retangulares da Resultante Aerodinâmica, são:
• sustentação (L) - força perpendicular à trajetória do aerofólio, com sentido para cima.
• arrasto (D) - força paralela à direção da trajetória do aerofólio, mas com sentido para trás.
49
Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião
Momento sobre o aerofólio (M) - (FIG. 2 – 15) Em função da diferença de pressão existente entre
as regiões do intradorso e do extradorso, existe um torque que tende a rotacionar o aerofólio. Esta
força deve ser considerada atuando a uma determinada distância a partir da borda de ataque, tem
relação com a simetria do perfil e com o ângulo de ataque, e influencia nos critérios de estabilidade
estática longitudinal da aeronave, conforme veremos adiante.
Forças Normais e Axiais no aerofólio - (FIG. 2 – 16) Esta figura mostra como as forças de elevação
e arrasto agem em um aerofólio bidimensional. O aerofólio está viajando a uma velocidade V e
um ângulo de ataque α com o vento relativo.
Já vimos que a força de sustentação (L) é definida como sendo perpendicular ao vetor da velocidade
(V) que está na direção da trajetória do aerofólio, enquanto o arrasto (D) é coaxial e oposto à
velocidade, não importa qual o ângulo de ataque.
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Teoria do voo 2021

  • 1.
  • 2. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião ÍNDICE 1. Básico de Física, 1 1.1. Grandezas escalares e vetoriais. Caracterização e operações com vetores, 1 1.1.1. Operações com vetores no plano, 2 1.2. Cinemática, 4 1.2.1. Primeira Lei de Newton – Princípio da inércia, 5 1.2.2. Posição e deslocamento em uma dimensão, 5 1.2.3. Velocidade e aceleração – Conceitos. Unidades de medidas, 6 1.2.3.1. Velocidade escalar (em uma dimensão), 6 1.2.3.2. Deslocamento em duas e três dimensões, 9 1.2.3.3. Aceleração (em duas dimensões), 12 1.2.4. Movimentos retilíneos, 14 1.2.5. Casos especiais de movimentos combinados, 16 1.2.5.1. Lançamento horizontal, 16 1.2.5.2. Lançamento oblíquo, 17 1.2.5.3. Movimentos rotacionais, 20 1.2.5.4. Movimento circular e uniforme (MCU), 22 1.2.5.5. Movimento circular uniformemente variado (MCUV), 23 1.3. Forças - representação vetorial. Unidades de medida, 23 1.3.1. Segunda Lei de Newton – Massa e densidade. Centro de massa, 23 1.3.2. Gravidade – Peso de um corpo. Peso específico. Centro de gravidade de um corpo, 24 1.3.2.1. Força peso (W - weight), 25 1.3.3. Terceira Lei de Newton – princípio da ação e da reação. Resultante. Deformações, 27 1.3.4. Forças resistentes: resistência do ar e atrito, 28 1.3.5. Momento de uma força rotacional (torque), 29 1.4. Energia, trabalho e potência – Conceituação. Unidades de medidas, 30 1.4.1. Energia potencial (U), 30 1.4.2. Energia cinética (K), 31 1.4.3. Conservação da Energia Mecânica, 31 1.4.4. Trabalho ( t - letra grega tau), 31 1.4.5. Dissipação, 31 1.4.6. Rendimento (h letra grega eta), 31 1.4.7. Potência (P – power), 31 1.5. Propriedades do ar que afetam o voo: Temperatura, densidade e pressão, 32 1.5.1. Temperatura – Conceituação. Medição de temperatura. Termômetros. Escalas de medidas: Celsius, Kelvin e Fahrenheit, 32 1.5.2. Densidade atmosférica, 34 1.5.2.1. Comportamento térmico dos gases – Leis de Charles e de Boyle. Tipos de transformações, 34 1.5.3. Pressão atmosférica, 36 2. Aerodinâmica , 39 2.1. Conceituação. Caracterização como ciência. Princípios básicos, 39 2.1.1. Teorema de Bernoulli: princípio da conservação da energia, 39 2.1.2. Teorema de Bernoulli aplicado ao Tubo de Venturi, 39 2.1.3. Velocímetro – Princípio do Tubo de Pitot. Velocidade indicada e velocidade verdadeira, 40 2
  • 3. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião 2.1.4. Velocidades, 41 2.1.5. Forças que agem sobre um corpo no ar – resistência ao avanço ou arrasto. Escoamento laminar e turbulento. Coeficiente de resistência ao avanço para a forma do objeto. Superfícies aerodinâmicas. Aerofólios: conceituação e tipos. Perfil e elementos de um aerofólio e de uma asa. Eixo longitudinal geométrico e ângulo de incidência, 42 2.1.5.1. Superfícies aerodinâmicas. Aerofólios: conceituação e tipos, 44 2.1.5.2. Perfil e elementos de uma asa. Eixo longitudinal geométrico e ângulo de incidência (l – letra grega lâmbda), 45 2.2. Forças que atuam sobre a aeronave em voo: sustentação, arrasto, tração e peso, 48 2.2.1. Teoria da sustentação: Efeito Coanda e camada limite , 51 2.2.1.1. Fatores que influem na sustentação: tipo de aerofólio, coeficiente de sustentação, velocidade aerodinâmica, área da asa e densidade do ar, 53 2.2.1.2. Expressão matemática da sustentação – Interpretação, 54 2.2.2. Arrasto: Conceito. Caracterização, 55 2.2.2.1. Coeficiente de arrasto total de um perfil aerodinâmico (CD), 57 2.2.2.2. Expressão matemática do arrasto – Interpretação, 58 2.2.2.3. Resistência induzida. Alongamento da asa e seus efeitos. Turbilhonamento de ponta de asa e seus efeitos sobre o avião e sobre terceiros, 58 2.2.2.4. Estol e velocidade de estol, 61 2.2.3. Tração: Conceito. Caracterização, 62 2.2.3.1. Motor convencional – Potência efetiva e sua variação com a RPM, com a pressão de admissão e com a altitude. Potência nominal, 63 2.2.4. Peso – Ação sobre o voo, 64 3. Hélices: detalhes aerodinâmicos, 65 3.1. Efeitos sobre a aeronave: esteira, torque, carga assimétrica, efeito giroscópico. Correção dos efeitos. Rendimento da hélice, 68 4. Sistemas de eixos de um avião. Centros de Gravidade do avião. Comandos de voo e superfícies de comando, 71 4.1. Sistemas de eixos de um avião, 71 4.2. Centro de gravidade do avião, 71 4.3. Comandos de voo e superfícies de comando, 72 4.3.1. Eixos de manobras do avião. Movimento em torno dos eixos: arfagem, rolagem e guinada, 72 4.3.2. Comandos e superfícies – Características. Diferentes tipos. Princípio de funcionamento, 72 4.3.3. Movimentos em torno do eixo transversal (y): reações aerodinâmicas no uso dos profundores, 74 4.3.4. Movimentos em torno do eixo vertical (z): reações aerodinâmicas no uso do leme de direção, 74 4.3.5. Movimentos em torno do eixo longitudinal (x): reações aerodinâmicas no uso dos ailerons; guinada adversa. Tipos de ailerons: normal, diferencial e de “frise”, 74 4.3.6. Compensadores – Finalidade. Caracterização. Princípios de funcionamento. Tipos mais utilizados: fixos, comandáveis e automáticos, 75 5. Dispositivos hipersustentadores, 78 5.1. Flapes – Tipos básicos: comum, ventral e fowler. Características. Slots e slats: tipos. Influência no ângulo crítico, 78 6. Esforços estruturais e fator de carga (n), 81 6.1. Caracterização e importância do fator carga, 81 3
  • 4. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião 6.2. Fator de carga de manobras. Conceituação e diagrama “V x n”, 83 6.3. Categorias de homologações de aviões e suas limitações, 85 6.4. Fator de carga de rajadas de vento. Conceituação e diagrama de “V x n” de rajadas, 86 6.5. Velocidade de estol durante as manobras ou rajadas, 87 6.6. Velocidades operacionais da aeronave e o Instrumento Indicador de Velocidades (Air Speed Indicator – ASI), 87 7. Mecânica de voo e performances , 89 7.1. Decolagem (take-off), 89 7.1.1. Fatores que influenciam a decolagem: altitude e características do piso da pista, vento, temperatura e densidade do ar, 89 7.1.2. Distância de corrida no solo. Comprimento mínimo de pista requerido. Influência das condições meteorológicas. Utilização de flapes, 90 7.2. Voo em subida (climb), 93 7.2.1. Variação da potência com a altitude, 94 7.2.2. Velocidade Vertical (VS - Vertical Speed). Indicador de velocidade vertical, 94 7.2.3. Razão de Subida ( RS) ou Rate of Climb, 95 7.2.4. Análise das forças atuantes sobre a aeronave na subida, 95 7.2.5. Configurações do voo em subida em função das velocidades, 96 7.2.6. Efeitos da altitude, peso, vento, densidade do ar e área das asas no voo em subida, 98 7.3. Voo em Cruzeiro, 99 7.3.1. Influência do vento no voo horizontal, 100 7.3.2. Influência da altitude na velocidade do voo horizontal, 101 7.3.3. Teto operacional, 101 7.3.4. Influência do peso no voo horizontal, 103 7.4. Curva (turn), 103 7.4.1. Forças que atuam sobre um avião em curva, 103 7.4.2. Efeitos da velocidade, do peso, da altitude e da potência disponível. Raio limite, 103 7.4.3. Curvas coordenadas, derrapadas e glissadas – Uso dos controles. Aumento da potência, 105 7.5. Descida (glide), 106 7.5.1. Ângulo de descida e trajetória de planeio. Fatores que influem no ângulo e na trajetória. (Relação L/D), 106 7.5.2. Razão de Descida (RD – rate of descent), 107 7.5.3. Influência dos flapes e do trem de pouso na trajetória de descida, 109 7.6. Pouso (Landing), 110 7.6.1. Fatores que influenciam o pouso: altitude e características do piso da pista, vento, temperatura e densidade do ar, 110 7.6.2. Distância de corrida no solo. Comprimento mínimo de pista requerido. Influência das condições meteorológicas. Utilização de flapes. Uso de freios, 112 8. Atitudes de voo anormais, 114 8.1. Fatores que conduzem o avião a entrar em atitude anormal. Características das atitudes anormais, 115 8.2. Parafusos: comandado e acidental. Parafuso chato. Saída de parafuso, 118 9. Equilíbrio – Tipos: equilíbrio estático e equilíbrio dinâmico. Estabilidade e controle, 122 9.1. Estabilidade estática da aeronave. Conceito. Tipos: longitudinal, lateral e direcional, 124 9.1.1. Estabilidade estática longitudinal sobre o eixo lateral (y) – Conceito. Efeitos do estabilizador horizontal. Ponto de aplicação das forças. Posição do CG e condição de estabilidade em voo, 124 4
  • 5. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião 9.1.2. Estabilidade estática lateral sobre o eixo longitudinal (x) – Conceito. Efeitos do diedro, do enflechamento, da quilha, da fuselagem e da distribuição do peso, 127 9.1.3. Estabilidade estática direcional sobre o eixo vertical (z) – Conceito. Efeitos de enflechamento e da quilha, 129 9.1.4. Comportamento do avião devido à estabilidade estática: efeitos da variação de potência e atitude de voo. Força nos controles, 130 9.2. Estabilidade Dinâmica. Conceito. Tipos: longitudinal, lateral e direcional, 131 9.2.1. Estabilidade Dinâmica longitudinal. Conceito. Fatores que ocasionam suas variações, 132 9.2.2. Estabilidade lateral. Conceito. Efeitos em relação às dimensões de envergadura das asas, 133 9.2.3. Estabilidade direcional. Conceito. Efeitos em relação às dimensões do plano de deriva e do leme, 135 10. Cálculo de peso e balanceamento para o planejamento de voo, 136 10.1. Pesos máximos de decolagem, 138 10.2. Posição relativa do centro de gravidade (CG); limites do CG de um avião, 138 10.3. Importância do CG na estabilidade da aeronave, especialmente nas operações de decolagem e pouso, 139 Referência: MCA 58-3/2004 PORTARIAANAC (DAC) Nº 954/DGAC, 27 DE AGOSTO DE 2004. http://www2.anac.gov.br/habilitacao/manualCursos.asp 5
  • 6. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião 1. Básico de Física 1.1. Grandezas escalares e vetoriais. Caracterização e operações com vetores Grandezas Escalares – São grandezas físicas que não dependem de uma direção espacial, e que ficam perfeitamente definidas quando são conhecidos os seus módulos (valores absolutos), e suas unidades de medida. Algumas grandezas escalares só podem ser positivas: tempo, massa, área e volume. Outras, podem ser algébricas (sinalizadas), como deslocamento escalar, cargas elétricas, temperatura e pressão. Grandezas Vetoriais - São grandezas físicas que obrigatoriamente dependem de uma direção espacial de atuação, e ficam perfeitamente definidas quando são especificados os seus módulos (valores absolutos) e o sentido. São representadas graficamente por vetores. Exemplos: Força, velocidade, aceleração e deslocamento em duas ou três dimensões. Características de um vetor - É a representação gráfica de uma grandeza vetorial, feita através de um segmento de reta orientado (AB), onde “A” é a origem e “B” sua extremidade, e que tem as seguintes características: • Módulo |r | ou somente “r” - representa a grandeza escalar: intensidade, distância, etc... É dado pelo comprimento do segmento em uma escala gráfica adequada. Exemplo: distância r=5cm . • Direção (q teta) – é determinada pelo ângulo da reta suporte do vetor em relação a uma direção referencial. Em física, a referência angular, no plano ortogonal (x;y) é o eixo horizontal positivo, com valores crescentes girando à esquerda. • Sentido (A → B) - é representado pela seta apontando da origem para a extremidade do segmento. Notação de vetor: letras maiúsculas ou minúsculas em negrito, ou letras normais, barradas com uma seta. r ou r → F ou F → . Neste livro usaremos letras em negrito. Vetores colineares – têm a mesma direção, independem do sentido e podem ser posicionados numa mesma linha. A colinearidade dos vetores A e B é garantida pelo teorema: existe um número Real α , tal que B=α A e A=α B . Um vetor é a combinação linear do outro, por isso denominados “linearmente dependentes”. Vetores linearmente independentes ou coplanares – dois vetores não lineares podem ser posicionados no mesmo plano. 1
  • 7. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião Vetores no espaço – um conjunto de três vetores linearmente independentes geram uma base para o espaço tridimensional (assunto que será visto mais à frente). 1.1.1. Operações com vetores no plano Decomposição - considere o vetor Resultante R da figura 1 - 02 sobre a reta 0A no plano (x;y). Para determinar as componentes do vetor, adota-se um sistema de eixos ortogonais, onde os vetores componentes serão as projeções do vetor R nos dois eixos perpendiculares. Notação: RX : vetor componente horizontal; Ry : vetor componente vertical; q : (teta) ângulo entre o vetor (R) e o eixo “x” positivo. O cálculo dos módulos dos vetores componentes é feito com o segue: Ry =R senθ e Rx = Rcoxθ . Composição – é o processo inverso ao anterior. Dados dois vetores componentes, acha-se um vetor resultante, através da adição vetorial, conforme veremos em seguida. Adição de dois vetores paralelos: o módulo do vetor soma será a simples adição dos dois módulos, com a mesma direção e sentido dos vetores dados. Adição de dois vetores não-paralelos • Método algébrico: O vetor resultante é o resultado da soma dos dois vetores r = a+b • Método geométrico (Fig. 1 – 03): • Método do triângulo: os vetores são posicionados no plano, em sequência, com a origem do segundo coincidindo com o final do primeiro. Como os vetores não são paralelos, vão estar em ângulo, e o vetor resultante será o fechamento do triângulo, com o sentido determinado da origem do primeiro para a extremidade do segundo. • Método do quadrilátero: os dois vetores são posicionados com as origens coincidentes. A partir da extremidade de cada vetor, traçam-se linhas paralelas aos vetores opostos, fechando um paralelogramo. O vetor soma será a diagonal desse paralelogramo. Subtração de dois vetores paralelos pelo método geométrico: o módulo do vetor diferença será a simples subtração dos dois módulos, com a mesma direção e sentido do vetor com maior módulo. 2
  • 8. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião Subtração de dois vetores não paralelos • Método algébrico: r = a+(−b) . É a soma do minuendo com o subtraendo invertido. • Método geométrico: os vetores são posicionados no plano com as origens coincidentes: ◦ Método do “triângulo” (Fig. 1 - 04): O vetor diferença será o fechamento do triângulo, com a origem na extremidade do subtraendo. ◦ Método do “paralelogramo” (Fig. 1 - 05): Inverte-se o vetor subtraendo, e a partir da extremidade desse vetor invertido, traçam-se linhas paralelas aos vetores opostos, fechando-se um paralelogramo. O vetor diferença será a diagonal desse paralelogramo, com a origem comum aos dois vetores dados. Lei dos cossenos - Utilizamos a lei dos cossenos para calcular um dos lados de qualquer triângulo, em função dos outros lados e do cosseno do ângulo oposto. 3
  • 9. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião A adição ou subtração de dois vetores pode ser feita também na forma algébrica, e o cálculo do módulo pode ser feito de duas formas, dependendo do ângulo entre os vetores dados: • Para o ângulo de 90°: utilizar o Teorema de Pitágoras. • Para quaisquer ângulos: utilizar a Lei dos Cossenos. Condições para realizar as operações: • Na subtração, proceder como na soma, mas utilizando o vetor subtraendo com sinal invertido. • O sentido do vetor resultante (r) é determinado de forma idêntica aos processos geométricos. • A direção do vetor resultante é dada pela fórmula: α = tan −1 Ry Rx . • O módulo pela fórmula: |r|=√|a|2 +|a|2 + 2.|a|.|b|.cos ângulooposto Multiplicação de um número (escalar) por um vetor (FIG. 1-07) - Vamos agora definir uma operação que, a partir de um número real e de um vetor, produz outro vetor. Seja “c” um número real não nulo, e “a” um vetor não nulo, a multiplicação desse número por esse vetor resulta num novo vetor, que é representado por “ca”. Se 0 < c < 1, o vetor “a” diminui. Se c = 1, o vetor “a” não se altera. Se c > 1, o vetor “a” aumenta. O vetor produto terá o mesmo sentido de a, se “c” for positivo, ou terá sentido oposto ao de a, se “c” for negativo. 1.2. Cinemática Cinemática – ramo da Física que estuda os movimentos de um móvel, em relação a um referencial fixo, sem levar em conta suas causas e consequências. Móvel – qualquer objeto que possa se deslocar no espaço tridimensional. De acordo com suas dimensões, em relação ao estudo de seus movimento, são classificados como: • Partícula – objeto de dimensões infinitesimais. • Corpo extenso – objeto com dimensões capazes de interferir no resultado do problema. Repouso – é a situação de um objeto que não muda sua posição em relação a um referencial fixo, com o decorrer do tempo. Trajetória ou percurso – Caminho percorrido por um móvel em movimento no espaço. A trajetória pode ser: • Retilínea: nivelada (horizontal), parabólica (lançamento horizontal), vertical (queda livre) ou em rampa (aeronave subindo ou descendo). 4
  • 10. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião • Circular aberta: curvas horizontais, curvas verticais ou combinadas. • Mista: combinação de trechos retilíneos com curvas horizontais ou verticais. • Circular fechada ou rotacional: plana, ascendente ou descendente. Distância de percurso (s) – é uma grandeza escalar, sempre positiva, que indica o comprimento da trajetória que interliga duas localizações. Essa trajetória pode ter qualquer configuração. Este conceito se aplica aos movimentos em todas as três dimensões. Unidade de medida no SI: metro (m). Em navegação aérea utiliza-se o quilômetro ou a milha náutica. 1.2.1. Primeira Lei de Newton – Princípio da inércia Todo corpo tende a manter seu estado de repouso ou de movimento retilíneo e uniforme, a menos que forças externas provoquem variações no seu estado atual. Se um carro está parado num terreno plano, ele só se movimentará se for aplicada uma força trativa muito grande (1a. Marcha, por exemplo, que tem torque elevado e baixa velocidade). Se o carro está em movimento e sem tração ligada, também num terreno plano, ele só vai parar após se deslocar por um determinado espaço, pela atuação da força de atrito dos pneus com o solo, ou se for aplicado o freio. 1.2.2. Posição e deslocamento em uma dimensão Posição ou localização do móvel em uma dimensão – (FIG. 1 - 08) Um objeto é localizado pela sua posição ao longo de um eixo escalar orientado (apenas sentido e em qualquer direção), relativamente a um ponto de referência, geralmente tomado como a origem da escala. Unidade de medida: metro. • Positiva: à direita da origem. • Negativa: à esquerda da origem. Referencial : • Do ponto de vista material, um referencial ideal é um corpo extenso. É comum se adotar um ponto da superfície terrestre como referencial. • Do ponto de vista gráfico, o referencial preferencial dos movimentos representados é o ponto “zero” (origem) do sistema de eixos adotados. Movimento de um móvel em uma dimensão (FIG. 1- 09) – é a mudança de posição de um móvel com o decorrer do tempo (linha vermelha). 5
  • 11. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião Deslocamento do móvel em uma dimensão (FIG. 1-09) - é uma grandeza escalar, positiva, que representa a distância reta (reta azul) entre a posição inicial e a final de um movimento ±Δ s= s2 −s1 , no correspondente intervalo de tempo Δ t =t2−t1 . Não tem relação com o tipo de trajetória nem distância de percurso. O deslocamento do móvel pode ser: • Progressivo: se Δ s > 0 representado por uma reta inclinada para cima. • Nulo: se Δ s= 0 representado por uma reta horizontal. • Regressivo: se Δ s < 0 representado por uma reta inclinada para baixo. Unidade de medida no SI: metro (m). Em navegação utiliza-se o quilômetro ou a milha náutica. 1.2.3. Velocidade e aceleração – Conceitos. Unidades de medidas 1.2.3.1. Velocidade escalar (em uma dimensão) NOTA: Em navegação aérea usa-se a unidade de medida para Velocidade do sistema Inglês: Nó (KT) = 1 milha náutica (NM) / h ou 1,852 Km/h A milha náutica deriva diretamente da milha geográfica e corresponde ao valor aproximado de 1' (um minuto) de grande círculo, isto é , 60 NM correspondem a 1° de latitude. Apenas na linha do equador pode-se utilizar 1° de longitude como equivalente a 60 NM. 1 NM = 1.852 m. Outra unidade de medida inglesa de distância usada na aviação: 1 pé (ft) = 0,3048 m → 12” Velocidade média em uma dimensão (FIG. 1- 09) – é uma grandeza escalar, positiva, obtida pela razão entre o deslocamento e o tempo decorrido vm = ±Δ s Δ t . Unidade de medida: metro por segundo. • Se a reta do deslocamento estiver na horizontal Δ s=0 , o deslocamento e a velocidade são nulos: o móvel está parado. • Se a reta do deslocamento se inclina verticalmente para cima Δ s > 0 a velocidade média cresce. • Se a reta do deslocamento se inclina verticalmente para baixo Δ s < 0 , a velocidade média decresce. 6
  • 12. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião A velocidade média é diretamente proporcional à tangente do ângulo q, formado entre a reta do deslocamento e a horizontal. Nota: a tangente de um ângulo agudo de um triângulo retângulo é a razão entre o cateto oposto e o cateto adjacente, que é exatamente a fórmula da velocidade média. Movimento e Deslocamento em uma dimensão com velocidade média constante (FIG. 1 - 10) Neste caso os gráficos do movimento e do deslocamento são representados por duas retas coincidentes, cuja inclinação é dada por Δ s Δ t ou vm =v(t)=tanθ . Isso significa que em qualquer posição dentro da reta do deslocamento a velocidade instantânea é igual à velocidade média. Velocidade instantânea em uma dimensão [v(t)] (FIG. 1-11) – é uma grandeza escalar, positiva, que representa o limite da relação Δs(t) Δt quando . Δt →0 . O gráfico do deslocamento (linha azul) vai tangenciar o ponto (s1; t1) do gráfico do movimento (linha vermelha), e por isso temos que aplicar a derivada da posição s(t) em relação ao tempo t . Então, teremos: v(t )= ds(t) dt . Geometricamente podemos calcular o valor numérico aproximado de v(t1) utilizando as escalas numéricas do gráfico do deslocamento e plotando uma reta tangente nesse gráfico em (s1 ; t1) : escolhe-se arbritariamente um instante posterior tn > t1 e por ele levantamos uma reta vertical até cruzar a reta tangente. Nesse ponto de cruzamento traçar uma reta horizontal para identificar uma posição sn que corresponda a tn . Assim, criamos artificialmente um triângulo retângulo 7
  • 13. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião com catetos Δt =tn −t1 e Δ s Δ s= sn − s1 , o que nos permitirá calcular tanθ que será o valor de v(t1) . Aceleração média (em uma dimensão) - (FIG. 1-12) – é uma grandeza escalar, positiva, obtida pela razão entre a velocidade média e o tempo decorrido am = ±Δ v Δ t . Unidade de medida: metro por segundo ao quadrado. A aceleração média pode ser: • Crescente: Δ v > 0 . • Nula: Δ v=0 . • Decrescente: Δ v < 0 . Unidade de medida no SI: metro por segundo ao quadrado (m/s²). Interpretação gráfica da aceleração média: • Se a reta que representa a velocidade estiver na horizontal Δ v=0 , a velocidade é constante, portanto a aceleração é nula. • Se a reta se inclina verticalmente para cima Δ v > 0 , a aceleração crescente aumenta a velocidade. • Se a reta se inclina verticalmente para baixo Δ v < 0 , a aceleração decrescente diminui a velocidade. A aceleração média será diretamente proporcional à tangente do ângulo q . Aceleração instantânea em uma dimensão [a(t)] (FIG. 1-13) – é uma grandeza escalar, positiva, que representa o limite da relação Δv(t) Δt quando . Δt → 0 . O gráfico da aceleração média (linha azul) vai tangenciar o ponto (v1 ; t1) do gráfico da velocidade (linha vermelha), e por isso temos que aplicar a derivada da velocidade v(t ) em relação ao tempo t . Então, teremos: a(t )= dv(t) dt . Como a velocidade é a primeira derivada da posição s(t) em relação ao tempo t , podemos dizer que a aceleração instantânea é a segunda derivada da posição s(t) em relação ao tempo t a(t )= d2 s(t) dt2 . 8
  • 14. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião Geometricamente podemos calcular o valor numérico aproximado de a(t1) utilizando as escalas numéricas do gráfico da velocidade e plotando uma reta tangente nesse gráfico em (v1 ; t1) : escolhe-se arbritariamente um instante posterior tn > t1 e por ele levantamos uma reta vertical até cruzar a reta tangente. Nesse ponto de cruzamento traçar uma reta horizontal para identificar uma posição vn que corresponda a tn . Assim, criamos artificialmente um triângulo retângulo com catetos Δt =tn −t1 e Δ v= vn− v1 , o que nos permitirá calcular tanθ que será o valor de a(t1) . 1.2.3.2. Deslocamento em duas e três dimensões Uma aeronave quando vai iniciar um voo ela está em solo, na pista de taxiamento de um aeródromo, cuja localização central é dada por coordenadas geográficas (latitude e longitude) seguidas da altitude em relação ao nível médio do mar (MSL – Mean Sea Level). Ao levantar voo, a aeronave vai seguir uma determinada trajetória horizontal dada por rumos magnéticos, conforme mostrado numa carta de navegação padrão, onde vão aparecer trechos retilíneos e curvas horizontais. Além de cumprir a trajetória horizontal, simultaneamente cumpre uma trajetória vertical, que é o perfil de subida, com trechos em rampa ascendente, mesclados com trechos nivelados (horizontais), até entrar em rota e altitude de cruzeiro. Na aproximação e pouso, ocorre o mesmo, mas no perfil vertical as rampas serão descendentes. Espaço tridimensional (FIG. 1 – 14) - é o ambiente onde temos as três dimensões, representadas graficamente por três planos ortogonais: • Comprimento ou longitude (eixo “x”); • Largura ou latitude (eixo “y”); • Altura ou altitude (eixo “z”); Cada dois eixos combinados formam um “plano”, com as seguintes características: 9
  • 15. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião • Plano horizontal (x;y): onde se representa a “vista de cima”. Neste plano podemos representar a base de um sólido geométrico, a planta de um prédio, ou a superfície terrestre numa carta geográfica; • Plano vertical frontal (y;z): onde se representa a vista frontal ou perfil frontal; • Plano vertical lateral (x;z): onde se representa a vista lateral ou perfil lateral; Exemplo de posição ou localização do móvel no espaço tridimensional (FIG. 1- 15) - a localização espacial de um ponto “p” é dada pela sua projeção nos três planos perpendiculares, cada uma representada pelas duas coordenadas do respectivo plano. Outra forma de localização é através do “vetor posição” que pode ser expresso pelas suas componentes retangulares, usando-se a base canônica: P = px i + py j + pz k . 10
  • 16. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião POSIÇÃO, DESLOCAMENTO, VELOCIDADE E ACELERAÇÃO EM DUAS DIMENSÕES Posição [p (t)] (FIG. 1 – 16) – é a localização espacial (x; y) do móvel na sua trajetória horizontal, em determinado instante (t) de um movimento. Vetor Posição [r] – é o vetor com origem no ponto de referência do movimento, que pode ser a origem dos eixos cartesianos, e a extremidade numa posição [p(t)] sobre a trajetória do móvel. r = r ⃗ i + r ⃗ j . Módulo do vetor posição [r (t)] – Calculado pelo teorema de Pitágoras, com a componente horizontal x ⃗ i e a vertical y⃗ j . r=√rx 2 + ry 2 . Vetor Deslocamento (∆r) - é o vetor diferença (subtração) de dois vetores posição, com o sentido da trajetória, da posição p1 até a posição p2 Δ r =r2 −r1 ou Δ r =(rx2 −rx1)⃗ i +(ry2 − ry1)⃗ j Δ r =Δrx⃗ i + Δry⃗ j Módulo do vetor deslocamento (Dr) – é calculado pelo teorema de Pitágoras, com os módulos das componentes: vertical (D ry) e horizontal (D r x). Δr =√(Δ r x 2 ) +(Δr y 2 ) . O sentido do vetor deslocamento segue o movimento. Velocidade média vetorial (Velocity) (Vm): (FIG. 1 – 17) é a razão entre o vetor deslocamento e o período de tempo do deslocamento: Vm = Δr Δt . Esta operação pode ser interpretada como o produto do vetor deslocamento (Dr) pelo escalar (1/∆t), 11
  • 17. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião por isso o vetor Vm tem a mesma direção e sentido do vetor deslocamento, ou seja, são colineares. V m =Δr [ 1 Δt ] . Nos movimentos retilíneos, os vetores colineares Δ r e vm tangenciam a trajetória, enquanto que, nos movimentos circulares, são secantes à trajetória. Velocidade instantânea vetorial [v(t)] – (FIG. 1 – 17) é o Limite da velocidade média, quando (Dt) tende para zero, ou seja, é a derivada primeira do deslocamento r em relação ao tempo t : V (t)= d r d t V (t)= d rx d t ⃗ i + dry d t ⃗ j ou V (t)= vx ⃗ i + vy ⃗ j . O vetor V(t) é plotado na reta tangente à posição correspondente ao instante tn com sua origem nesse ponto, e seu módulo é definido pelo teorema de Pitágoras, a partir de suas componentes ortogonais: v(t )=√v x 2 + v y 2 . 1.2.3.3. Aceleração (em duas dimensões) Aceleração [a] (FIG. 1 – 18) - grandeza vetorial composta, cuja resultante altera a intensidade e a direção da velocidade instantânea vetorial, por unidade de tempo, dependendo da trajetória do movimento. Não tem qualquer relação de ortogonalidade com o vetor posição, e sim com o raio do arco de circunferência no instante t . Unidade da aceleração no SI: m/s². 12
  • 18. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião Vetor aceleração instantânea [a(t)] – vetor resultante, que tem a origem no ponto da trajetória do móvel correspondente a um instante (t). Nos movimentos retilíneos, coincide com a trajetória e nos movimentos circulares, é secante à trajetória. Módulo da aceleração instantânea: dado por Pitágoras, através do módulo da componente tangencial e da centrípeta: a(t)=√acp 2 + atan 2 . Componentes da aceleração vetorial instantânea Componente tangencial [a t an (t)]: é acoplada ao vetor velocidade instantânea, que também é tangencial à “curva” da trajetória do móvel. Esta componente altera o módulo da velocidade instantânea [V(t)] por soma algébrica, por isso aparece tanto nos movimentos retilíneos como nos circulares. • Quando o módulo = 0: a velocidade instantânea se mantém constante a cada segundo, e isto é a característica dos movimentos MRU e MCU. • Quando o módulo ≠ 0, mas constante, a velocidade instantânea varia uniformemente, e isto é a característica dos movimentos MRUV ou MCUV: ◦ Se o módulo é positivo, é adicionado sistematicamente ao módulo da velocidade instantânea (vetores com o mesmo sentido) caracterizando o movimento acelerado. ◦ Se o módulo é negativo, é subtraído sistematicamente do módulo da velocidade instantânea (vetores com sentidos opostos) caracterizando o movimento desacelerado. Na prática podemos ter situações de aceleração variável aleatoriamente, ou variável ciclicamente, como nos movimentos pendulares, por exemplo. Nota: A componente tangencial da aceleração, nos movimentos circulares, é erroneamente chamada de força centrífuga: não existe uma aceleração diametralmente oposta à força centrípeta. Componente “normal” ou aceleração centrípeta [acp (t)]: Direcionada a 90° da componente tangencial, atua direcionada radialmente da trajetória para o centro da curvatura, alterando a direção do vetor velocidade instantânea. Esta componente é exclusiva dos movimentos circulares (MCU ou MCUV) A mudança de direção da velocidade instantânea se dá de duas formas: • Aceleração Centrípeta : É sempre o resultado da atuação de uma força mecânica, provocada por algum dispositivo, para forçar o móvel a alterar a trajetória inercial (retilínea), e com isso fazer um movimento circular aberto (curvas horizontais ou verticais) ou um movimento rotacional, independentemente da direção. • Aceleração da gravidade: É a força atrativa, perene, que atua sempre verticalmente, de cima para baixo, sobre qualquer objeto em movimento nas proximidades da terra. As duas acelerações, quando multiplicadas pela massa do móvel, resultam nas Forças Centrípeta e Gravitacional respectivamente, cuja unidade de medida é o Newton (N). 13
  • 19. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião Vetor aceleração média am (FIG. 1 - 19) – calculado pela relação entre o vetor diferença das velocidades instantâneas em dois pontos da trajetória do móvel (DV), no intervalo de tempo entre eles (Dt). am = ΔV Δt onde ΔV =V (t2)−V (t1) Esta operação pode ser interpretada como o produto do vetor (DV) pelo escalar 1 ∆t , por isso o vetor resultante (am) é colinear e tem a mesma direção e sentido de (DV). am =ΔV [ 1 Δt ] . Módulo do vetor aceleração tangencial [a t (t)] : é a aceleração média quando (Dt) tende a zero, ou seja, a derivada primeira da aceleração média: atan(t)= d am dt . 1.2.4. Movimentos retilíneos Característica comum a todos: • Módulo da aceleração centrípeta: nula. • Módulo da aceleração tangencial: constante. MRU – movimento retilíneo e uniforme: com aceleração zero, ou seja, velocidade instantânea constante. O móvel se desloca com distâncias iguais em intervalos de tempo iguais. Uma vez que não se tem aceleração sobre o corpo no MRU, a resultante das forças aplicadas é nula (primeira lei de Newton - Lei da Inércia). Neste caso, a velocidade instantânea, em qualquer instante, é igual à velocidade média. MRUV – Movimento Retilíneo Uniformemente Variado (FIG. 1 - 20) – o caso clássico deste tipo de movimento é o lançamento vertical e a queda livre de um móvel. Este movimento é estudado inicialmente sem considerar o arrasto, que é a perda em consequência da interação entre o móvel e a atmosfera. Neste caso, a aceleração é a força atrativa da gravidade terrestre, que próximo à superfície é praticamente constante. 14
  • 20. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião O estudo do MRUV, quando ocorre em outra direção diferente da vertical ± 90°, é feito pelo princípio da separação dos movimentos combinados: analisa-se a componente horizontal e sua respectiva aceleração, e a componente vertical, que obrigatoriamente terá a aceleração da gravidade. MRUV pode ser: • Acelerado: aceleração constante e positiva, somada à velocidade instantânea. • Desacelerado: aceleração constante e negativa, subtraída da velocidade instantânea. Se considerarmos to = 0, teremos as seguintes fórmulas: Função horária da velocidade: como a= Δv Δt então a= (v – v0) t ou v = v0 + a.t (1) onde t = (v – v0) a (2). Função horária da posição: como vm = Δ x t logo Δ x =vm t . Se considerarmos vm = 1 2 (v0 + v) , teremos Δ x = 1 2 (v0 + v)t (3). Substituindo “v” na equação (3) pela equação (1) Δ x = 1 2 [v0 +(v0 + a.t)]t ou Δ x = 1 2 [2 v0t + a.t 2 ] ou Δ x =v0 t + 1 2 a.t 2 onde t = √2 x(t) a . Equação de Torricelli: na equação (3), substituir “t” pela equação (2) Δ x =[1 2 (v0 + v)][v – v0 a ] ou Δ x.2a= v 2 − v0 2 e então teremos v2 =v0 2 + Δ x.2a . Lançamento vertical e queda livre Características: • Posições verticais no eixo z(t) . • Trajetória retilínea. • Na subida: o vetor aceleração da gravidade é subtraído do vetor velocidade. • Na descida: o vetor aceleração da gravidade é adicionado ao vetor velocidade. • A velocidade instantânea no ponto mais alto da trajetória (altura máxima) é zero. • O tempo gasto é igual, na subida e na descida. • O módulo da velocidade é igual, na subida e na descida. • Aplicam-se as equações do MUV. 15
  • 21. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião Função horária da posição, na subida: h=h0 + v0t − gt2 2 Função horária da posição, na descida: h=hmax + gt2 2 Torricelli na subida: v 2 =v0 2 +2 gΔh Torricelli na descida: v 2 =v0 2 − 2gΔ h Função horária da velocidade na subida: v(t )s =v0 −g Δt Função horária da velocidade na descida: v(t )d =g Δt Período de subida: Δts = v −v0 g Período de descida: Δtd = √2h(t) g . 1.2.5. Casos especiais de movimentos combinados 1.2.5.1. Lançamento horizontal (FIG. 1 – 22) – É um movimento combinado, com uma componente vertical e outra horizontal, cujo perfil lateral é uma meia parábola, visualizada graficamente em duas dimensões no plano [x(t); z(t)], com posições referenciadas a um instante (t). Seu estudo se dá numa situação teórica, onde o ar atmosférico não oferece resistência ao avanço (sem arrasto). O lançamento horizontal pode ser feito a partir de um equipamento fixo, mais alto que o solo (caso 1), ou pode ser feito a partir de uma aeronave em voo, deixando o projétil cair em queda livre (caso 2). No caso 2, quando uma aeronave faz o lançamento, ela passa a ser o referencial vertical, e um observador embarcado verá o projétil em queda livre, sempre abaixo da aeronave, pois o projétil e a aeronave terão a mesma velocidade em relação ao solo. Componente vertical (z) - é um Movimento Retilíneo Uniformemente Variável (MRUV), com posições verticais representadas no eixo [z(t)] cujo perfil frontal será uma trajetória reta descendente, que seria a visão de um observador posicionado à frente e alinhado com a direção do lançamento, nos dois casos citados acima. Condições iniciais: h0 > 0m ; θ =0° ; a =− g com aceleração positiva e constante e velocidade instantânea inicial nula [v0(t)=0] . Função horária da posição vertical: h=h0 − gt2 2 16
  • 22. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião Função horária da velocidade em queda: vz =− g t Equação de Torricelli: v 2 =2 g h Componente horizontal [x (t)] - é um Movimento Retilíneo e Uniforme (MRU), com posições horizontais representadas no eixo [x(t)] cuja vista de cima será uma trajetória reta, nos dois casos citados acima. O alcance horizontal é dado por: R=vx t . 1.2.5.2. Lançamento oblíquo - Também é um movimento combinado, com uma componente vertical e outra horizontal, cujo perfil lateral da trajetória é uma parábola, visualizada graficamente em duas dimensões no plano [x(t); z(t)], com posições referenciadas a um instante (t). Seu estudo se dá numa situação teórica, onde o ar atmosférico não oferece resistência ao avanço (sem arrasto). Vamos considerar nosso estudo com o lançamento oblíquo sendo feito a partir de um equipamento fixo no solo nivelado. Movimento vertical : é um Movimento Retilíneo Uniformemente Variável (MRUV) com posições verticais representadas no eixo [z(t)]. cujo perfil frontal será uma trajetória reta que representará dois momentos com sentidos opostos: 17
  • 23. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião • Primeiro momento: sentido ascendente, com aceleração negativa e constante a =− g . A velocidade vertical inicial vz0 =v0 senθ é máxima, e vai decrescendo pela ação da aceleração da gravidade, até a posição de máximo alcance vertical hmáx , quando a velocidade vertical instantânea chega a “zero”: vz(t )=0 . • Segundo momento: sentido descendente, com aceleração positiva e constante a = g . A velocidade instantânea vertical inicia com “zero”, e vai crescendo diretamente proporcional a “g”, até a posição final. Parâmetros: • Ângulo de lançamento θ . • Velocidade inicial de lançamento v0 =v0 senθ + v0 cosθ . • Velocidade instantânea na subida v(t )=(v0 cosθ ) +[(v0 senθ )− g.t ] tem aceleração decrescente: MRUV. • Velocidade vertical instantânea na subida vz(t )=[(v0 senθ )−g.t] (1). • Velocidade instantânea na altura máxima v(t )=(v0 cosθ ) não tem componente vertical: MRU. • Tempo de subida: a equação (1) na altura máxima será zero: 0=[(v0 senθ )− g.t] então tsubida= v0 g senθ e o tempo total será T = 2v0 g senθ (2). 18
  • 24. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião • Velocidade instantânea na descida v(t )=(v0 cosθ ) +[(v0 senθ )+ g.t ] tem aceleração crescente: MRUV. • Altura instantânea h(t )= h0 +[(v0 senθ )t ]−[g.t2 2 ] • Equação de Torricelli v 2 (h)=(v0 senθ ) 2 −2g.Δh , onde Δh= hmax – h0 . • Altura máxima: neste ponto vz(t )=0 e Δh=hmax , Então a equação de Torricelli ficará 0²=(v0 senθ ) 2 −2g.hmax e hmax = (v0 senθ )2 2g . Componente horizontal [x(t)] : é um Movimento Retilíneo e Uniforme (MRU) com posições horizontais representadas no eixo [x(t)]. Principais fórmulas do movimento horizontal: • Velocidade inicial horizontal vx(0)=v0 cosθ (3) • Velocidade instantânea horizontal vx(t )= v0cosθ tem aceleração zero, por isso se manterá constante: MRU. • Função horária da posição horizontal: x(t)=x0 +(v0 cosθ )t . • Alcance horizontal em função do tempo: R =(v0 cosθ )t . • Alcance horizontal R para o mesmo nível e mesma v0 , em função do ângulo θ : Dedução de R, a partir das equações, (2) T = 2v0 g senθ e (3) vx(0)=v0 cosθ : R= vx(0).T ou R=[v0 cosθ ][2v0 g senθ ] ou R= v0 2 g 2senθ .cosθ . Aplicando-se a identidade trigonométrica sen2θ =2senθ .cosθ , teremos R= v0 2 g sen2θ . O seno do dobro do arco leva a intuir que o maior alcance horizontal ocorre quando θ = 45° pois sen2 x 45° = sen90° =1 e qualquer outro ângulo de lançamento, menor ou igual a 90°, o dobro do arco será menor ou maior do que 90° , portanto sen2θ < 1 . Os ângulos complementares θ 1 +θ 2=90° têm o mesmo alcance pois têm senos iguais. 19
  • 25. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião 1.2.5.3. Movimentos rotacionais em duas dimensões Quando um móvel descreve uma trajetória circular, como um arco de uma circunferência vamos representá-lo com duas grandezas escalares: o comprimento do arco (S) e o raio (R) da circunferência onde o arco está contido, além do ângulo (q), formado pela extremidade do arco e a posição inicial, no eixo “x” positivo, que é a referência do movimento. Radiano - Se em vez de usarmos o “metro” como unidade de medida do comprimento de uma circunferência, usarmos o raio dessa circunferência, teremos a unidade de medida “radiano”. Valor de “pi” (p) - É um número irracional que expressa a relação entre o comprimento ou perímetro de uma circunferência (C) e seu diâmetro (d), cujo valor é 3,1416... π = C d como C=360° e d=2r , teremos: π = 360° 2R π = 180° R . Conversões de unidades angulares: a partir da equação de “pi” , teremos a expressão que nos permitirá fazer as respectivas conversões entre as unidades “graus” e “radianos”: π R=180° . A conversão de graus em radianos, será: radiano= (grau x p) 180 . A conversão de radianos em graus, será: grau= (radiano x180) π . 20
  • 26. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião Comprimento do arco de circunferência com 1 radiano: grau= (1 x180) 3,1416 =57,3° . Posição angular ou “argumento” (q) – informa a posição angular instantânea de um móvel em movimento rotacional durante um período (T), assumindo valores de 0 rd (0°) a 2p rd (360°). É o ângulo formado pelo vetor OP com o eixo “x” positivo, que é a referência do deslocamento. O crescimento angular segue a direção do movimento. Deslocamento angular Δθ - dado diretamente em grau ou convertido para radiano: Δθ =θ final −θ inicial Comprimento do arco S – será dado em radianos: S =Δθ . R rad . Período linear (T) – o tempo decorrido numa volta completa (ciclo) do móvel, dado em segundo. Frequência linear f – é o número n de ciclos realizados pelo móvel na unidade de tempo (segundo), cuja unidade de medida no SI é o Hertz ou ciclos por segundo f = n t Hz . Relação entre período e frequência lineares: f = 1 T Hz ou T = 1 f s . Período angular T =2π Frequência angular (ômega - w) – É a razão ente o deslocamento angular e o tempo gasto. Unidade de medida: rad / s (radianos por segundo) ω = Δθ Δt rad /s . Desta expressão podemos achar a Posição angular, se pegarmos Δθ =ω Δt e dividirmos os dois termos por Δ , teremos: θ =ω t . Relacionando unidades lineares com angulares: 2π =ω T rad ou ω = 2π T rad/s . Velocidade tangencial instantânea – grandeza vetorial perpendicular ao raio da curva: v(t)=ω (t) R rad.m/s . Frequência angular expressa em função da frequência linear (f): ω =2π f rad/s . Exemplo: Converter f =60 Hz em rad/s : ω =2π f rad/s → ω =6,28 x 60 → ω =377 rad /s Aceleração angular média (a m) – grandeza vetorial que, se diferente de zero, altera o módulo da velocidade angular instantânea de um móvel a cada unidade de tempo. Pode-se calcular seu valor médio no intervalo de tempo Δt =(t2−t1) com a seguinte expressão: 21
  • 27. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião αm = Δω Δt onde Δω =(ω2 −ω1) . Aceleração angular instantânea [a (t)] - é a aceleração angular média quando Dt tende a zero, ou seja, é a derivada da velocidade angular instantânea em relação ao tempo. α (t)= dω (t) dt . Aceleração tangencial instantânea: atan(t )=α (t).R . Aceleração Centrípeta (acp) – Sabemos que, pela Lei da inércia (1ª Lei de Newton) , os movimentos tendem a ser retilíneos, e o que faz um movimento seguir uma trajetória circular é a componente centrípeta, da aceleração total, apontada do móvel para o centro do movimento, o que provoca a mudança contínua da direção do vetor velocidade, independente do valor do seu módulo. Essa componente só existe quando há uma força artificial que a provoque, como por exemplo, o giro dos pneus dianteiros de um carro, o giro do leme de uma embarcação ou aeronave, a força da gravidade entre corpos celestes, a trajetória em curva dos trilhos ferroviários, ou uma corda segurando o objeto em movimento circular. Aceleração centrípeta instantânea acp (t )= v2 (t ) R . Quebra de paradigma: não existe uma “força centrífuga” diametralmente oposta à componente centrípeta da aceleração. O que existe é a aceleração tangencial, oriunda da “reação inercial” do móvel, que tende a seguir sempre uma trajetória retilínea (1ª lei de Newton), conforme ilustrado abaixo: • Um móvel girando, retido por uma corda no ponto central do movimento, onde a tensão da corda, no sentido do centro, é a aceleração centrípeta que está alterando continuamente o que seria a trajetória retilínea (inercial) do móvel. • Ao liberar a corda, no instante “t”, o móvel vai ser lançado numa trajetória retilínea tangencialmente ao ponto “t”, portanto a 90° da aceleração centrípeta (força radial) que o mantinha preso. 1.2.5.4. Movimento circular e uniforme (MCU) Características: 1. A trajetória é uma circunferência. 2. A aceleração tangencial é nula, por isso a velocidade tangencial instantânea é constante em módulo. 3. A aceleração centrípeta é constante em módulo, na direção radial, com sentido para o centro da circunferência. v(t) 22
  • 28. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião 1.2.5.5. Movimento circular uniformemente variado (MCUV) Características: 1. A trajetória é uma circunferência. 2. A velocidade tangencial é uniformemente variável em módulo (crescente ou decrescente) e variável em direção, por unidade de tempo. 3. A aceleração tangencial é constante em módulo. 4. A aceleração resultante [a(t)] é dada pela soma vetorial da aceleração tangencial e da aceleração centrípeta. 1.3. Forças - representação vetorial. Unidades de medida Força (F) - é um dos conceitos fundamentais da Física Newtoniana. Relacionada com as três leis de Newton, é uma grandeza que tem a capacidade de vencer a inércia de um corpo. É uma grandeza vetorial, diretamente proporcional a qualquer tipo de aceleração imposta ao corpo e à sua massa. F =m.a . NOTA: a aceleração mecânica (a) é uma grandeza vetorial composta, com uma componente longitudinal, que modifica a velocidade do corpo, e outra componente perpendicular, que se existir, modificará a direção do movimento e é chamada de aceleração centrípeta. Já a aceleração da gravidade (g) é uma grandeza vetorial simples: direção vertical (radial) e sentido único para o centro da Terra. Unidade de medida (SI) - Newton (N). Corresponde à força exercida sobre um corpo de massa igual a 1 kg capaz de provocar uma aceleração de 1 m/s². Instrumento de medida → Dinamômetro. Sistema Inglês → Libra força (0,45 Kg/f). 1.3.1. Segunda Lei de Newton – Massa e densidade. Centro de massa Massa (m) - Definição aplicada à física: grandeza escalar que representa a propriedade física da inércia de um corpo. A massa de qualquer corpo sofre continuamente a ação da aceleração vertical da gravidade terrestre (g), por isso a força que ele exerce para baixo é comumente chamada de peso F =m.g . Há de se considerar dois pontos para completar este conceito: • Corpos com o mesmo formato físico e mesmo volume podem ter diferentes quantidades de matéria elementar (átomos, moléculas ou íons). • A inércia de um corpo imóvel, de determinado material e determinada forma, depende da quantidade de matéria elementar e também da aceleração vertical da gravidade terrestre. 23
  • 29. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião • A massa de um mesmo corpo imóvel, ao nível do mar, pode apresentar valores diferentes se a “pesagem” acontecer nos polos, ou na linha do equador, haja vista a pequena diferença do valor no módulo da gravidade (g) nessas latitudes. Unidade de medida de massa (SI) → quilograma (Kg) Conversão para Libra: 1 Kg = 2,2 Lb A segunda lei de Newton - o princípio fundamental da dinâmica faz uma relação da resultante vetorial das forças aplicadas Σ F em um corpo de massa (m) com a aceleração (a) adquirida por ele. Σ F=m. a Densidade ( r – letra grega “rô” ) - é uma grandeza escalar que representa a razão entre a massa (m) de um corpo e o volume por ele ocupado (V). É denominada também de massa volumétrica. Temos então: Unidade de medida: Kg/m³. ρ = m V Centro de massa – é um ponto fixo onde se concentra toda a massa de um corpo do ponto de vista inercial, independentemente de sua forma ou material. É um conceito utilizado para análise do movimento livre dos corpos. Se um corpo for lançado no espaço, seu centro de massa seguirá exatamente na linha de sua trajetória. • O centro de massa pode ficar fora do corpo, como nos aros, esferas ocas ou formas semicirculares. • O centro de massa só coincide com o “centroide” quando o corpo é geometricamente simétrico e sua densidade é homogênea. Centroide – é centro geométrico de qualquer corpo, independentemente do seu material. Também pode existir fora do corpo como nos aros, esferas ocas ou formas semicirculares. 1.3.2. Gravidade – Peso de um corpo. Peso específico. Centro de gravidade de um corpo A gravidade (g)- é a atração que há entre corpos com grande massa, como os corpos celestes. Do ponto de vista prático, a atração gravitacional da Terra confere peso aos objetos que estão próximos ou na superfície. A gravidade é a força responsável por manter a Terra e os outros planetas em suas respectivas órbitas em torno do Sol, e a Lua em órbita em volta da Terra, bem como pela formação das marés. Aceleração da gravidade (g) – é uma grandeza vetorial simples, que representa a intensidade do campo gravitacional ao redor da terra. A aceleração da gravidade ao nível do mar, e na latitude de 45°, é igual a 9,80665 m/s². Gravidade nos polos = 9.832 m/s². Gravidade na linha do Equador = 9.78 m/s² . 24
  • 30. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião 1.3.2.1. Força peso (W - weight) – é uma grandeza vetorial simples com direção sempre na vertical e sentido sempre apontando para o centro da terra. O módulo da Força peso é expresso pela Segunda Lei de Newton como: W =m. g A unidade de medida (SI): Newton (N) Um corpo com massa de 1 kg na latitude de 45° e ao nível do mar pesa 9,8 N ou 1 Kgf. NOTA: em todos os problemas de estática ou dinâmica, sempre há de se considerar a presença da força da gravidade, cujo módulo deve ser somado algebricamente aos módulos das componentes vetoriais verticais das forças que atuam sobre o corpo. Peso específico ( ɣ - letra grega gama ) - é definido como o peso (W), por unidade de volume (V). No SI a unidade é: N/m3. Também pode ser calculado multiplicando-se a massa volumétrica do material (kg/m3) pela aceleração da gravidade (g) m/s² . Centro de gravidade de um corpo (CG) – todo corpo ao redor da terra está submetido à ação da atração da gravidade, por isso, ao se analisar o equilíbrio estático dos corpos, o seu centro de massa (CM) passa a ser o seu centro de gravidade (CG). A posição do CG de um corpo, relativa a um ponto de apoio, pode determinar a estabilidade do equilíbrio do corpo: estável, instável ou indiferente. • Um corpo submetido apenas à atração da gravidade, quando suspenso por qualquer ponto fora do CG, terá o seu CG alinhado verticalmente e abaixo desse ponto. • Um corpo submetido apenas à atração da gravidade, apoiado exatamente no seu CG e com liberdade para girar em qualquer direção, pode parar em qualquer posição aleatória, significando que está em perfeito equilíbrio estático. Representação vetorial das forças – um sistema de duas forças atuando sobre um objeto pode ter as seguintes configurações: 1. Forças no mesmo ponto de aplicação, direção horizontal e mesmo sentido sobre um móvel apoiado numa superfície horizontal sem atrito. (FIG. 1 – 28). 25
  • 31. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião 2. Forças no mesmo ponto de aplicação, mesma direção horizontal mas sentidos opostos sobre um móvel apoiado numa superfície horizontal sem atrito (FIG. 1 – 29). 3. Forças no mesmo ponto de aplicação, com direções e sentidos diferentes, formando um determinado ângulo, diferente de 90° e 180°. Considerar a vista de cima do sistema no plano (x;y), onde o móvel está apoiado e sem atrito. Neste caso pode-se aplicar a Lei dos cossenos para calcular o módulo da força resultante. 4. Forças no mesmo ponto de aplicação, formando um ângulo de 90° . Neste caso, aplicar o Teorema de Pitágoras para calcular o módulo da força resultante. FR = √F1 2 + F2 2 . 26
  • 32. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião 1.3.3. Terceira Lei de Newton – princípio da ação e da reação. Deformações O Princípio da Ação e Reação constitui a Terceira Lei de Newton, e pode ser enunciada assim: Para toda ação, há sempre uma reação oposta (mesma direção e sentidos opostos) e de igual intensidade (módulos iguais e contrários). Na FIG. 1 – 33 temos um sistema com um bloco apoiado na superfície terrestre, com os seguintes pares de força ação-reação: • A atração da gravidade provoca a força peso w no bloco, no sentido vertical para o centro da terra, onde existe a força reação w ’ no sentido contrário. Este par de forças ocorre permanentemente em qualquer objeto afastado da superfície terrestre: w =− w' . • Se o bloco está em contato com a superfície terrestre, ou uma superfície ancorada no solo, surge outro par de forças ação-reação: na superfície terrestre uma força normal (perpendicular) Fn no sentido vertical, contra o centro de gravidade do bloco, e no bloco, a força normal de reação F’ n , no sentido contrário: F n=− F ' n . Deformações – São resultados de esforços mecânicos impostos aos materiais. Existem duas formas de deformações que não danificam estruturalmente o material (sem ruptura molecular): • Elástica: após cessar a força aplicada, o corpo volta à forma anterior; • Plástica: a deformação é permanente; Os principais tipos de esforços, são: (a) Tração - Solicitação que tende a alongar o corpo, ocorre no sentido inverso ao apoio, semelhante aos cabos de aço de um guindaste. (b) Compressão - Solicitação que tende a encurtar o corpo, no mesmo sentido da força aplicada, semelhante às colunas (pilares) de uma construção. (c) Flexão (flambagem)- Solicitação que tende a curvar longitudinalmente um corpo extenso e submetê-lo a duas solicitações antagônicas: compressão, na superfície de aplicação da força e tração na superfície oposta. 27
  • 33. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião (d) Torção- Solicitação que tende a torcer o corpo, através de uma rotação sobre o eixo geométrico. Tipo de esforço que ocorre nos eixos de transmissão de força motriz nas máquinas e veículos. (e) Cisalhamento ou Corte - Solicitação que tende a cortar o corpo, ocorre com o deslocamento paralelo em sentido oposto de duas seções contíguas, semelhante ao corte de uma tesoura ou guilhotina. 1.3.4. Forças resistentes: resistência do ar e atrito Força Normal (FN) - A força normal é uma força de apoio. Quando apoiamos um corpo sobre uma superfície horizontal, haverá uma força perpendicular, ou normal, contrária à força peso (mesma direção e sentido contrário). Forças resistentes e dissipativas - Quando um sistema apresenta forças resistentes, ocorre a diminuição da energia útil resultante. Uma força resistente é aquela cujo trabalho realizado depende não só da trajetória descrita pelo ponto de aplicação, como também da velocidade, da forma geométrica e do tipo de atrito entre os corpos. Força de Atrito (FAT) - É uma força que existe entre dois móveis em contato um com o outro, e que se manifesta dificultando a movimentação relativa dos corpos. As superfícies nunca são perfeitamente lisas, sempre há rugas mínimas que dificultam o deslizamento de um corpo sobre ela. Algumas superfícies são mais rugosas e outras são mais lisas. Uma forma de diminuir o atrito é o polimento da superfície e a lubrificação. No caso do movimento de um corpo sólido num fluído, a dificuldade do movimento relativo é provocada pelo “arrasto”, que é a soma do atrito superficial com a resistência ao avanço oferecida 28
  • 34. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião pelo tipo de fluído e pelo formado do corpo: por isso os cascos das embarcações têm a forma hidrodinâmica e as aeronaves, a forma aerodinâmica. Coeficiente de atrito (µ) letra grega mi – é um valor dado em tabelas, de acordo com o material e a rugosidade superficial apresentada, e é classificado em dois tipos: • Coeficiente de atrito estático μ e se manifesta no início da movimentação relativa dos móveis. • Coeficiente de atrito dinâmico μ d se manifesta quando já foi estabelecido o movimento relativo dos móveis. No gráfico ao lado, percebe-se que o Coeficiente de atrito estático requer uma força maior (Fe) para iniciar o deslocamento (S) do móvel, e quando este já está em movimento, a força (Fd) será menor para manter o seu deslocamento. As fórmulas para o cálculo da força de atrito levam em conta o tipo Coeficiente de atrito e o valor da força normal. Fe=μ e.FN e F d= μ d. FN . 1.3.5. Momento de uma força rotacional (torque) Torque (t letra grega tau) – é o produto da força (F) aplicada superficialmente sobre um objeto, pelo momento resultante (r). τ =Fr • A distância radial (d), entre o ponto de aplicação da força e o eixo de rotação é chamada de “braço de torque”. • O momento resultante (r), ou distância efetiva, é diretamente proporcional ao braço de torque (d) vezes o seno do ângulo de topo 0° <θ < 180° , formado pela direção de aplicação da força com o “braço de torque”. • O maior valor de (r) é com θ =90° , o que equivale a τ =F . Em qualquer outro ângulo teremos τ < F . • O módulo de (r) zera com θ =00° ou θ =180° . A unidade de medida do torque é o Newton / metro (Nm). 29
  • 35. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião 1.4. Energia, trabalho e potência – Conceituação. Unidades de medidas Energia E – é a capacidade conservativa de um ente físico produzir trabalho, calor ou radiação. Na natureza a energia tem várias fontes: térmica, luminosa, mecânica (movimento), elétrica, química, sonora, etc... que podem ser convertidas entre si. A unidade SI de trabalho é o joule (J), que se define como o trabalho realizado por uma força de um newton (N) atuando ao longo de um metro (m) na direção do deslocamento. Pode também ser expressa em N.m. Conservação da Energia – Toda a energia disponível na natureza é conservada. Quando há um processo de transformação, a diferença entre a energia de entrada e a energia de saída sempre será “zero”. Energiadeentrada – Energiade saída=0 Energia elétrica – é a potência elétrica acumulada no tempo: E= P.t . Unidade de medida: Wh . 1.4.1. Energia potencial (U) : Diz respeito a um desequilíbrio de cargas ou forças de um sistema, que são “desequilibradas”, mediante um trabalho τ , para serem transformadas em energia cinética. É uma grandeza escalar associada aos elementos de um sistema físico. Algumas formas de energia potencial: • Gravitacional na superfície terrestre (atração na vertical): ◦ Diferença de altura de uma massa para um referencial mais baixo. • Eletrostática (atração e repulsão em qualquer direção): ◦ Distância entre cargas elétricas ou corpos eletrizados dentro de um Campo elétrico. • Elástica: presente num corpo flexível sob tensão, compressão ou torção (molas). Equação da energia potencial de um corpo levantado a uma altura (h) acima de um nível de referência h0 : U (h)=U0 + m. g Δh onde U0 é a energia potencial inicial, em h0 e Δh=h−h0 . 30
  • 36. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião Unidade de medida: Joule (J). Exemplos de energia potencial(FIG. 1- 38): 1.4.2. Energia cinética (K) – é uma grandeza escalar associada ao movimento de um corpo. K = m .v2 2 . Unidade de medida: Joule (J). 1.4.3. Conservação da Energia Mecânica - A energia mecânica de um corpo é igual à soma da energia potencial com a cinética. EMEC = K +U . 1.4.4. Trabalho ( t - letra grega tau) - é uma grandeza escalar que traduz a medida da energia transferida pela aplicação de uma força resultante (F) sobre um móvel, provocando seu deslocamento ΔS . τ = FΔS cosθ , onde θ é o ângulo formado pela força aplicada e a direção do deslocamento. Se F tem a mesma direção de ΔS , teremos cosθ =1 , então o trabalho resultante é máximo. Para outros valores de + 90° >θ <−90° , o trabalho resultante é menor. 1.4.5. Dissipação – na transformação das formas de energia, através da realização de trabalho, sempre há perdas no processo, por dissipação, gerando outras formas de energia, não aproveitadas no processo. Pela Lei de conservação da energia, teremos: Energiadeentrada=Energiaaproveitada nasaída+Energiadissipada 1.4.6. Rendimento ( h letra grega eta) – é a relação entre a energia aproveitada na saída e a energia de entrada na realização de trabalho. O rendimento sempre será inferior a 100% ( h < 1 ) pois em todo processo de conversão de energia há dissipação. η = Esaída Eentrada . 1.4.7. Potência (P - power) - é a rapidez com com que o trabalho é realizado. No SI, a unidade de potência é o W (Watt), dimensionalmente igual a joule por segundo (J / s). P= τ t . Outras unidades adotadas: cavalo-vapor (cv) = 735,5 W e horse power (hp) = 746,6 W. 31
  • 37. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião 1.5. Propriedades do ar que afetam o voo: Temperatura, densidade e pressão 1.5.1. Temperatura – Conceituação. Medição de temperatura. Termômetros. Escalas de medidas: Celsius, Kelvin e Fahrenheit Termologia ou Termo física - é a parte da Física que estuda o calor. Os fenômenos são interpretados a partir de modelos da estrutura da matéria, sob dois pontos de vista distintos, porém complementares: o macroscópico (temperatura, energia interna e pressão) e o microscópico (velocidade e energia cinética de átomos e moléculas). ]Temperatura (T) - é a grandeza física que mede o estado de agitação das partículas de um corpo. O princípio da dilatação térmica é o fundamento das construções de termômetros a gás e líquido: quando um corpo sofre variação em sua temperatura, ele aumenta ou diminui de volume, por conta da expansão ou contração molecular. Os tipos de termômetros mais antigos funcionavam utilizando um gás ou um líquido, álcool ou mercúrio. Ainda hoje, termômetros como os de mercúrio (aqueles que temos em casa) são muito comuns: medem a temperatura do corpo (termômetro clínico) e a temperatura ambiente. O mercúrio é adequado porque é uma substância bem sensível às variações de temperatura, permitindo uma fácil leitura, mesmo para pequenas variações. Existem outros tipos de termômetros, que utilizam outros princípios de construção e funcionamento: bimetálico, magnético, de radiação, termopar, de resistência elétrica - e também termômetros a gás. (Assunto tratado em Meteorologia). Calor e temperatura – Princípio fundamental da calorimetria. Escalas termométricas. Principais tipos de termômetros O calor é a nomenclatura atribuída à energia térmica sendo transferida de um sistema a outro exclusivamente em virtude da diferença de temperaturas entre eles. Calorimetria é a parte da física que estuda as trocas de energia entre corpos ou sistemas quando essas trocas se dão na forma de calor. Quando um corpo cede ou recebe calor ocorrem duas transformações: 1. variação de temperatura (calor sensível). 2. mudança de estado físico (calor latente). Princípio fundamental da calorimetria - Se vários corpos, no interior de um recipiente isolado termicamente, trocam calor, os de maior temperatura cedem calor aos de menor temperatura, até que se estabeleça o equilíbrio térmico. Como já vimos anteriormente, o fluxo de calor acontece no sentido da maior para a menor temperatura. Este trânsito de energia térmica pode acontecer pelas seguintes maneiras: 32
  • 38. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião • Condução: A condução acontece principalmente em meios sólidos e essa forma de transferência de calor ocorre em razão do contato das partículas (átomos, elétrons e moléculas) que formam o corpo. • Convecção: é o fenômeno da transferência de calor que se observa nos fluidos, gases e líquidos, e acontece em razão da diferença de densidade do fluido. O ar frio, que é mais denso que o ar quente do ambiente, desce, por subsidência, e o ar quente sobe para ser refrigerado. Formam-se, dessa maneira, as correntes de convecção. A direção dessa corrente só é perfeitamente vertical em ambiente sem vento (ver advecção). • Irradiação: Por ser de natureza eletromagnética, o espectro de radiação do calor não depende do meio físico para se propagar. Todo corpo com temperatura maior que zero Kelvin emite energia na forma de ondas eletromagnéticas. Assim, na ausência de um meio, existe uma transferência de calor por radiação entre duas superfícies que se encontram a diferentes temperaturas. A irradiação solar sobre a terra é um exemplo, pois se propaga no espaço onde a maior parte da trajetória é vácuo. • Advecção: Refere-se à mudança de temperatura de pontos terrestres devida ao movimento horizontal de massas de ar (ventos). Na atmosfera terrestre, ocorre geralmente de forma combinada com a convecção. Escalas termométricas: As escalas mais usuais atualmente são a Celsius (°C), a Fahrenheit (°F) e a Kelvin (K). Cada uma delas adota pontos fixos diferentes: a Celsius é amplamente usada na maior parte dos países, a Fahrenheit é ainda usada nos EUA, e a Kelvin é uma escala absoluta, de uso mais técnico e científico. É possível escrever expressões matemáticas para fazer a conversão entre as escalas. Observe na figura abaixo os pontos fixos em que se baseiam as escalas Celsius e Fahrenheit. Já a escala Kelvin adota como origem o zero absoluto, que é o estado térmico em que as moléculas estão desprovidas de energia. Expressões para conversão de temperaturas Partindo da relação entre os pontos fixos das escalas, podemos deduzir relações de transformação entre elas: 33
  • 39. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião 1.5.2. Densidade atmosférica Densidade de um gás em função da pressão (P) e da temperatura (r – letra grega”rô”) – Já vimos anteriormente que a densidade de um corpo qualquer é a relação entre a massa e o volume ρ = m V . No caso de um gás, o princípio é o mesmo, mas aparecem outras variáveis e a constante universal dos gases ( R = 8,31 J / mol.K ): ρ = P. M R.V , onde M é a massa molar, dada na tabela periódica dos elementos químicos. Para uma massa molar constante, a densidade dos gases é governada pelas seguintes regras: • A densidade varia diretamente com a pressão. • A densidade varia inversamente com a temperatura. 1.5.2.1. Comportamento térmico dos gases – Leis de Charles e de Boyle. Tipos de transformações Gás - é um conjunto de moléculas (ou átomos) em movimento permanente e aleatório, com as seguintes características: • Quando confinado, ocupa o volume total do recipiente que o contém. • Mantém uma pressão igualmente distribuída nas paredes desse recipiente. • Se expande com o aumento da temperatura e vice-versa. Variáveis de estado • Massa (m) em Kg. • Quantidade do gás, em número de mols (n). • Pressão (P) em Pascal (Pa). • Volume (V) em metro cúbico (m3). • Temperatura absoluta (T) em Kelvin. Um gás ideal é apenas um modelo teórico que desconsidera as interações entre as suas moléculas. Um gás real se aproxima do gás perfeito à medida em que a pressão diminui e a temperatura aumenta, pois fica mais rarefeito. Transformações gasosas abertas: ocorrem quando uma mais variáveis de estado sofrem alterações, levando a massa gasosa a sofrer transformações. A análise dessas transformações é feita através de ensaios, com uma das variáveis fixas, e a verificação da variação conjunta das outras duas variáveis. • Transformação isotérmica (FIG. 1 – 41) é aquela na qual a temperatura (T) do gás é mantida constante: P1V1 = P2V2 34
  • 40. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião • Transformação isobárica (FIG. 1 – 42) é aquela na qual a pressão (P) do gás é mantida constante: V1 T1 = V2 T2 . • Transformação isométrica ou isocórica (FIG. 1 – 43) é aquela na qual o volume (V) do gás é mantido constante P1 T1 = P2 T2 . Lei de Boyle-Mariotte: Na transformação isotérmica de uma dada massa gasosa (m), a pressão (P) é inversamente proporcional ao volume (V). O gráfico de uma transformação isotérmica descreve uma hipérbole que representa a temperatura constante (T) em Kelvin (K). Lei de Charles: Na transformação Isobárica de uma dada massa gasosa (m), a pressão (P) é diretamente proporcional à sua temperatura absoluta (T). O gráfico de uma transformação Isobárica é uma reta inclinada que representa a pressão constante P (Pa). A inclinação dessa reta é inversamente proporcional à pressão: maior pressão significa menor inclinação. Lei de Gay-Lussac: Na transformação isobárica de uma dada massa gasosa (m), o volume (V) é diretamente proporcional à temperatura absoluta (T). Na transformação isovolumétrica de uma massa de ar fixa (m), a pressão (P) exercida pelo gás, é diretamente proporcional à temperatura absoluta (T). O gráfico de uma transformação isovolumétrica é uma reta inclinada que representa o volume constante V(m³). A inclinação dessa reta é diretamente proporcional ao volume: maior volume significa maior inclinação. Lei de Avogadro : “ volumes iguais de dois gases quaisquer, nas mesmas condições de pressão e temperatura (CNTP), contêm o mesmo número de mols de moléculas ". Considerando o volume em litro (L): 1L =6,022x 1023 mol−1 ou 6,022x 10 23 moléculas=22.4 L . Equação de estado de um gás ideal ou Equação de Clapeyron – já vimos acima que cada estado de equilíbrio de uma massa de gás ideal constante fica definido pelas suas propriedades 35
  • 41. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião macroscópicas, que são chamadas de variáveis de estado: Quantidade de gás (n), Pressão (P), Volume (V) e Temperatura (T). Quando relacionamos as Leis de Boyle, Charles Gay-Lussac e de Charles, e queremos avaliar o estado de uma massa gasosa qualquer, teremos a Equação de estado ou de Claypeiron: P.V =n.R.T . Onde: • (R) é a constante universal dos gases: = 8,31 J / mol.K • n = m / M (m = massa em Kg e M = massa molar ) Umidade do ar A umidade é entendida como a presença de vapor d´água na atmosfera. É um componente espúrio, pois não faz parte da composição do ar, mas de presença obrigatória, em função da perene evaporação da água ocorrente na superfície da terra. A quantidade máxima de vapor que o ar atmosférico pode absorver varia diretamente com a temperatura: quanto mais elevada a temperatura do ar, mais vapor d'água ele pode absorver, até saturar com um máximo de 4%. Abaixo da altitude de 6 Km (19.685 pés), é muito difícil de ocorrer a presença de ar seco, mesmo sobre regiões desérticas, onde pode ter alguma umidade. O vapor d'água é menos denso do que o ar, portanto, o ar quando contém vapor d'água, torna-se mais leve que ar seco. Em uma determinada altitude, considerando-se que a temperatura e a pressão permaneçam as mesmas, a densidade do ar varia inversamente com a umidade. Nos dias úmidos a densidade do ar é menor que nos dias secos. Por essa razão, uma aeronave requer uma pista mais longa para decolagem nos dias úmidos, do que nos dias secos. 1.5.3. Pressão atmosférica Atmosfera terrestre – é composta por uma mistura de gases, estruturada em camadas com 36
  • 42. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião características térmicas diferentes, e é confinada junto à superfície pelo efeito da força da gravidade (g), e esse confinamento tem duas consequências: • Permite a alteração do volume (expansão da massa de ar), pois o confinamento “a céu aberto” é equivalente a um vaso com a tampa expansível. • A força da gravidade faz com que a maior concentração de moléculas por volume (maior densidade) seja próximo à superfície terrestre. Pressão atmosférica (P) - Como o ar é compressível, a densidade diminui com a altitude, juntamente com a pressão. Esse decréscimo da pressão é muito intenso, pois se dá de forma exponencial, e não de forma linear. Comparando com a pressão média, ao nível do mar, teremos: • 50 % na altitude de 5,6 km. • 10% na altitude de 16 Km. • 1% na altitude de 32 Km. Situação conceitual: Se considerarmos uma coluna cilíndrica de ar atmosférico (hipotética), aberta em cima, portanto, com altitude (a) variável, dada em metro, e uma base de área (A), dada em m², posicionada em determinado nível, teremos um volume variável (V) dado em m³. A pressão dessa massa de ar (P), medida na base desse cilindro, será proporcional ao seu peso W =m. g em Newton, vezes a área (A) em metro quadrado. P=(m. g) A ou P=WA Unidade de medida: Pascal (Pa) - é a unidade padrão de pressão e tensão no SI. Equivale à força peso de 1 N aplicada uniformemente sobre uma superfície de 1 m². 37
  • 43. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião Neste caso, 1 Newton (N) equivale à massa de 1 Kg do ar multiplicada pela aceleração da gravidade média de 9,8 m/s², o que dá 9,8 Kgf. A pressão atmosférica é medida por meio de um equipamento conhecido como barômetro. Outras unidades de pressão: 1000 hPa → 1,02 Kgf/cm² 1000 hPa → 750,6 mm Hg 1000 hPa → 29,53 pol Hg 1000 hPa → 1 bar Como o peso de uma coluna de ar é diretamente proporcional à sua densidade, fica claro que um ar mais denso proporcionará uma pressão maior no ponto de medição. A alteração da densidade do ar atmosférico, em função da alteração da temperatura, sempre é considerada para uma altitude específica, e assim, a pressão atmosférica, nessa altitude, será função INVERSA da temperatura, o que satisfaz a lei dos gases perfeitos: • Maior temperatura: menor densidade, portanto, menor pressão. • Menor temperatura: maior densidade, portanto, maior pressão atmosférica. Por isso é que nas regiões de latitudes mais altas (no sentido dos polos), sobre os continentes, as pressões mais altas são registradas no inverno, quando as temperaturas são menores. O inverso ocorre nas regiões intertropicais e equatorial, onde as pressões são menores, porque as temperaturas são mais altas. 38
  • 44. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião 2. Aerodinâmica 2.1. Conceituação. Caracterização como ciência. Princípios básicos Aerodinâmica - é o estudo do movimento dos fluidos gasosos, suas propriedades e características, e suas interações com os corpos sólidos neles imersos. Quando uma aeronave de desloca no ar, surgem duas forças aerodinâmicas: a sustentação e o arrasto. Para entendermos essas duas forças, vamos estudar alguns princípios físicos fundamentais. NOTA: Nosso estudo vai focar na aerodinâmica com velocidades sub sônicas, haja vista que há significativas diferenças no comportamento das aeronaves quando as velocidades são ultra sônicas. Atmosfera padrão - Com a finalidade de tornar o altímetro um instrumento eficiente para a navegação aérea, a OACI (ICAO - International Civil Aviation Organization) adotou, em 1952, para fins aeronáuticos, valores médios de alguns parâmetros meteorológicos. Essa padronização, dada ao conhecimento público em 1954, passou a ser conhecida por ISA (ICAO Standard Atmosphere, ou Atmosfera Padrão ICAO). Características fundamentais ISA:  Temperatura de 15° C ao NMM (nível médio do mar).  Pressão ao NMM 1013,25 hPa  Gradiente térmico vertical 2°C/1000 pés  Densidade ao NMM 1,225 kg/m³  Velocidade do som ao NMM 340 m/s  Temperatura da tropopausa -56,5°C  Latitude de referência 45°  Composição gasosa 78% de N2, 21% de O2, e 1% de outros gases.  Umidade e impurezas 0% de umidade e sem impurezas  Lei física obedecida Lei dos Gases Perfeitos 2.1.1. Teorema de Bernoulli: princípio da conservação da energia Teorema de Bernoulli descreve o comportamento de um fluido movendo-se ao longo de uma linha tubular, e traduz para os fluidos o princípio da conservação da energia: num fluido ideal (sem viscosidade nem atrito) em regime de circulação por um duto, a energia que possui o fluido (velocidade x pressão) permanece constante ao longo de seu percurso. No caso de um fluído real, que possui viscosidade, portanto vai gerar atrito entre suas moléculas e também com as paredes do tubo, vai haver uma queda de pressão, necessária para haver o escoamento. 2.1.2. Teorema de Bernoulli aplicado ao Tubo de Venturi O tubo de Venturi é tubo com e estreitamento de sua seção em um determinado ponto, e que vai permitir determinar o valor da vazão (velocidade de escoamento), através da leitura da pressão em cada seção, de acordo com as seguintes relações: 39
  • 45. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião 1. a pressão P1 , da seção maior S1 , é maior do que a pressão P2 , na seção menor S2 ; 2. a velocidade de escoamento V1 , na seção maior S1 , é menor do que a velocidade V2 , na seção menor S2 ; Equação do Tubo Venturi: Podemos obter as velocidades V1 e V2 em cada ramo do tubo a partir da leitura da diferença de pressão P1 e P2 e da densidade do ar ρ : V2 = S1 √2 (P1 − P2) ρ [S1 2 − S2 2 ] . Conforme veremos na disciplina “Aeronaves e motores”, o tubo de Venturi é utilizado em aeronaves de pequeno porte como “bomba de vácuo”. 2.1.3. Velocímetro – Princípio do Tubo de Pitot. Velocidade indicada e velocidade verdadeira Tubo de Pitot – Trata-se de um dispositivo composto por um tubo apontado no sentido do fluxo do vento relativo (contrário ao deslocamento da aeronave). Ele fornece a Pressão Total Pt para o Indicador da Velocidade do Ar (Velocímetro) V = √2 (Pt − Ps) ρ . 40
  • 46. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião Para o funcionamento do próprio Velocímetro, do Altímetro e do Variômetro é necessário a alimentação da pressão estática. Pressão estática Ps – é a pressão atmosférica no local onde está a aeronave, tanto em movimento como parada. Por isso a captação dessa grandeza tem que ser em local livre de turbilhonamento e impacto direto do ar. Velocímetro (Airspeed Indicator - ASI) – é o instrumento de voo que indica a velocidade do avião em relação ao deslocamento da massa de ar em torno do avião. É, na realidade, um manômetro aneróide ligado à tomada de pressão dinâmica do tubo de Pitot e à tomada de pressão estática. Sua escala é apresentada em Nó (Knots), Milha/h (Mph) ou Km/h. Nas aeronaves transônicas e de velocidades superiores, é utilizado o Mach Indicator. Número Mach (Ma) - é uma medida adimensional de velocidade. É definida como a relação entre a velocidade da aeronave e a velocidade do som (343 m/s ou 761 Kt ou 1.255 km/h no nível do mar). Existem cinco categorias para determinar a faixa da velocidade de uma aeronave em relação à velocidade do som: Subsônica: Ma < 0,75 Transônica: 0.75 < Ma <1.2 Sônica: Ma = 1 Supersônica: Entre 1.2 Ma e 5 Ma Hipersônica: Ma > 5 2.1.4. Velocidades VELOCIDADE INDICADA – VI. (IAS - Indicated Airspeed). É o valor lido no velocímetro da aeronave, que na realidade é um manômetro aneróide, que mede efetivamente a pressão do fluxo do ar externo, compressível adiabaticamente. O mostrador do instrumento é calibrado para exibir os valores da velocidade da aeronave em relação à superfície, estando ao nível do mar, numa atmosfera padrão e sem interferência de vento. Consta no manual da aeronave para informar as velocidades mínimas e máximas ou de manobras. 41
  • 47. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião VELOCIDADE CLIBRADA (CAS – Calibrated Airspeed ) - É a Velocidade indicada, corrigida para os erras de instalação e posição do velocímetro. VELOCIDADE AERODINÂMICA - VA . (TAS – True Airspeed) . É a velocidade indicada (VI), corrigida em função da densidade do ar: depende da altitude e da temperatura. É utilizada para os cálculos de navegação, estimativa de autonomia e consumo de combustível, e a VA em rota deve ser informada no Plano de voo. No Nível Médio do Mar (MSL - Mean Sea Level) a VI é igual à VA. Se não há influência de vento, é igual à GS. Uma forma prática de calcular a VA é usar a fórmula: TAS = IAS+0,02 IAS[ALTITUDE 1.000 ] para Altitude. TAS = IAS+0,02 IAS[FL 10 ] para Nível de voo. Ou seja, o valor da TAS cresce 2% a cada 1.000 pés de altitude. Outra forma é utilizando o computador de voo, entrando com a Altitude Pressão, em centenas de pés, e a temperatura do ar em Graus Celcius. TAS é inversamente proporcional à temperatura. O vento não afeta a Velocidade Indicada nem a Velocidade Aerodinâmica. VELOCIDADE DE SOLO (GS - Ground Speed) - é a velocidade aerodinâmica (VA) somada vetorialmente às componentes do vento (DV/VV). É obtida no computador de voo ou pela fórmula: GS= Dist.(NM )x tempo de voo(h) , onde (NM) = milha náutica. VELOCIDADE EQUIVALENTE (EAS – Equivalente Airspeed) - é a Velocida Calibrada, corrigida para a compressibilidade adiabática, para uma determinada altitude. EAS é igual à CAS no nível do mar na atmosfera padrão. 2.1.5. Forças que agem sobre um corpo no ar – resistência ao avanço ou arrasto. Escoamento laminar e turbulento. Coeficiente de resistência ao avanço para a forma do objeto. Superfícies aerodinâmicas. Aerofólios: conceituação e tipos. Perfil e elementos de um aerofólio e de uma asa. Eixo longitudinal geométrico e ângulo de incidência O ar é um fluído, portanto, qualquer objeto que se desloca numa massa de ar, rompe o seu equilíbrio e as partículas de ar vão colidir com o objeto provocando a resistência ao avanço desse objeto. Há um escoamento de ar ao redor do objeto, e em função da "qualidade" desse escoamento, a resistência do ar será maior ou menor. Escoamento laminar e turbulento – diz respeito à qualidade do escoamento do ar atmosférico sobre uma superfície e depende de vários fatores. 42
  • 48. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião • Laminar - o ar se desloca em longa trajetória, bem definida, formando micro camadas, paralelas e homogêneas. Ocorre preferencialmente em superfície aerodinâmica. ◦ Características da superfície: plana ou curva e sem rugosidades. ◦ Condição de impacto: paralelamente à corrente do ar ou com inclinação entre 0° e ±16° referente à direção do vento relativo. ◦ Características do ar: No escoamento laminar a viscosidade age no fluido no sentido de amortecer a tendência de surgimento da turbulência. Depende também de uma velocidade máxima. • Turbulento – o ar se desloca totalmente desagregado e formando vórtices espúrios. Ocorre quando qualquer superfície não aerodinâmica está imersa em uma corrente de ar. ◦ Em superfície aerodinâmica e sem rugosidade: ▪ Condição de impacto: inclinação maior do que ±16° referente à direção do vento relativo. Independe das características do ar e da velocidade. Resistência ao avanço (R) - a resistência ao avanço de um objeto no ar depende de vários fatores, todos influentes na qualidade do escoamento do ar ao redor desse objeto: • a rugosidade da superfície; • a forma do objeto; • a densidade do ar; • a velocidade do objeto em relação ao ar: nosso estudo será focado em velocidades sub sônicas. Influência da rugosidade da superfície do objeto A resistência ao ar é diretamente proporcional à superfície exposta ao escoamento do ar: quanto maior a rugosidade, maior a resistência. Influência da forma do objeto Num túnel de vento, é possível determinar o coeficiente de resistência ao ar (CR) de vários formatos de objetos, em função da sua forma e da sua posição em relação ao fluxo do ar: 43
  • 49. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião 1 Disco plano com a face frontal à incidência do ar CR = 1 (como referência). 2 Cone com a base para a incidência de ar CR = 0,6 3 Esfera CR = 0,4 4 Semi esfera com cone CR = 0,3 5 Fuso com a borda espessa frontal à incidência do ar CR = 0,04 Fica claro que o objeto em forma de fuso oferece 25 vezes menos resistência ao ar, do que o disco. O fuso tem o escoamento laminar, diferente dos outros perfis. Este formato é o que mais se assemelha aos perfis dos aerofólios. Influência da densidade do ar - o ar em grandes altitudes é menos denso do que em baixas altitudes, e a massa de ar quente é menos densa que a massa de ar frio. Mudanças na densidade afetam a performance aerodinâmica da aeronave: com a mesma potência, uma aeronave pode voar mais rápido nas altitudes maiores, onde a densidade do ar é menor do que nas baixas altitudes. Isso se deve ao fato de o ar oferecer menor resistência ao avanço da aeronave em altitude. Só que essa relação de desempenho não é linear, pois, o sistema de propulsão (motor e hélices) perde um pouco de rendimento com a altitude: o motor, pelo baixo teor de oxigênio (ver combustão) e a hélice, pelo menor empuxo. 2.1.5.1. Superfícies aerodinâmicas. Aerofólios: conceituação e tipos - Um aerofólio é um objeto projetado para obter a menor resistência ao avanço e produzir uma força aerodinâmica perpendicular à sua trajetória, quando em deslocamento relativo no ar. Os aerofólios tratados neste estudo serão para velocidades sub sônicas. Perfil e elementos de um aerofólio - Os perfís dos aerofólios são desenhados, testados e patenteados, de acordo com a sua aplicação. Muitos aerofólios são padronizados pela NACA, nos EUA (National Advisory Committee for Aeronautics ou Comitê Nacional para Aconselhamento sobre Aeronáutica). 44
  • 50. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião Geometricamente, um aerofólio pode ser: • Simétrico: o perfil pode ser dividido geometricamente em duas partes iguais por uma linha reta mediana, que vai coincidir com a corda. • Assimétrico: não pode ser divido em partes iguais por uma linha reta. A corda é separada da mediana. Quando a finalidade nas velocidades sônicas: • Perfil assimétrico (cambered ) – usado onde necessita sustentação ou empuxo: asas em aeronaves convencionais, estabilizadores horizontais e hélices. • Perfil simétrico – usado onde necessita baixo arrasto: fuselagem, estabilizador vertical, ailerons e leme. Asas e estabilizador horizontal de aeronaves para acrobacias. Características geométricas dos aerofólios: Corda ( T ) – É uma linha que une o centro do bordo de ataque ao centro do bordo de fuga. Linha média – É a linha cujos pontos ficam equidistantes do extradorso e intradorso. Nos perfis biconvexos simétricos, a linha média confunde-se com a corda, como se entende facilmente. Espessura máxima (y) – distância entre a concavidade superior e a concavidade inferior nos perfis simétricos, ou a distância entre a concavidade superior e o plano inferior nos perfis assimétricos. Espessura máxima relativa – É a relação entre a altura máxima do perfil ( y) e a corda (T). É expressa em porcentagem da corda: Esp.Máx . Rel.= y T Quanto à espessura máxima relativa, os perfis agrupam-se em três classes distintas: • Finos - são aqueles cuja espessura máxima relativa não ultrapassa 7 %. • Semi espessos - de espessura compreendida entre 7 % e 14 %. • Espessos - os que ultrapassam os 14 %. Aerofólios com grande espessura e arqueamento são indicados para baixa velocidade. 2.1.5.2. Vento relativo. Ângulo de ataque da asa. Perfil e elementos de uma asa. Eixo longitudinal geométrico e ângulo de incidência ( l – letra grega lâmbda) Vento relativo – massa de ar que incide paralelamente à trajetória do aerofólio. Tem a mesma direção, mas sentido contrário à trajetória da aeronave. 45
  • 51. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião Ângulo de ataque das asas (a – letra grega “alfa”) - é o ângulo formado entre a corda do aerofólio e o fluxo de ar relativo, paralelo à sua trajetória. Perfil e elementos de uma asa - Para o entendimento da sustentação é necessário conhecer a geometria da asa e seus elementos, conforme figura abaixo: Envergadura (b) : representa a distância entre as pontas das asas; Corda Média Geométrica (CMG) - é a média das cordas da raiz e da ponta da asa trapezoidal: CMG= raiz + ponta 2 Área da asa (S) : representa toda a área em planta, inclusive a porção compreendida pela fuselagem. No caso de asa com perfil misto, é a soma das áreas de cada formato. Se a asa é trapezoidal pura, basta multiplicar a envergadura (b) pela corda média geométrica (CMG) S =b x CMG . 46
  • 52. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião Perfil da asa – As asas usam o perfil assimétrico, de forma a produzir sustentação mesmo com a aeronave em atitude de ângulo de ataque “zero”. Extradorso – região superior da asa. Intradorso – região inferior da asa. Formas de planta das asas: Retangular - é uma asa de baixa eficiência aerodinâmica, ou seja, a relação entre a força de sustentação e a força de arrasto (L/D) é menor quando comparada a uma asa trapezoidal ou elíptica. Isto ocorre devido ao arrasto de ponta de asa também conhecido por arrasto induzido, que no caso da asa retangular é maior que em uma asa trapezoidal ou elíptica. Afilada ou trapezoidal - É uma asa de ótima eficiência aerodinâmica, pois com a redução gradativa da corda entre a raiz e a ponta da asa consegue-se uma significativa redução do arrasto induzido. Elíptica - Representa a asa ideal, pois é a que proporciona a máxima eficiência aerodinâmica, porém é de difícil fabricação e mais cara quando comparada às outras formas apresentadas. Delta - As asas em forma de delta servem para voos em velocidades supersônicas, pois quando algum corpo excede a velocidade do som, uma onda de choque se forma ao redor desse objeto. Quando, por exemplo, a asa reta é utilizada nesse tipo de voo, uma parte dela fica “para fora” dessa onda de choque. Consequentemente, ela será danificada. Com asas em formas de delta, isso não acontece. Elas ficam inteiramente "dentro" dessa onda de choque e, com isso, permanecem intactas. Enflechada - A função principal de uma asa com enflechamento é reduzir a influência do arrasto de onda, existente em velocidades transônicas e supersônicas. Geralmente uma asa enflechada possui um coeficiente de sustentação menor do que o de uma asa não enflechada. Eixo longitudinal geométrico - linha imaginária posicionada no centro geométrico do avião, ente o nariz e a cauda. Deve ficar perfeitamente na horizontal com a aeronave em voo nivelado. É paralelo 47
  • 53. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião e não coincidente com os eixos longitudinais de manobras e dos centros de massa, assunto a ser tratado à frente. Ângulo de incidência ( l – letre grega lâmbda) - É o ângulo fixo, formado entre a corda média da raiz da asa e o eixo longitudinal geométrico da aeronave. Quando a aeronave está em voo nivelado, o ângulo de incidência da asa proporcionará um Coeficiente de sustentação unitário (CL = 1), suficiente para mantê-la nesse tipo de voo, com a máxima carga prevista e a potência adequada. Diedro ( G ) - Representado pela letra grega “gama” maiúscula. É o ângulo que o eixo geométrico lateral das asas faz com o eixo lateral da aeronave. • Diedro positivo: pontas das asas acima da raiz: inclinadas para cima. • Diedro negativo: pontas das asas abaixo da raiz: inclinadas para baixo. 2.2. Forças que atuam sobre a aeronave em voo: sustentação, arrasto, tração e peso Unidade de medida das quatro forças: Newton Forças aerodinâmicas: sustentação e arrasto. Sustentação (Lift – L) – numa aeronave de asas fixas, em movimento à frente, é a força vetorial criada pelas asas, pelo estabilizador horizontal e uma pequena ajuda da carenagem, para superar o peso da aeronave W = m. g , e permitir o seu voo. Só existe sustentação com o movimento relativo suficiente entre a aeronave e a massa de ar ao seu redor, que vai provocar fenômenos aerodinâmicos conjuntos e que serão estudados adiante. A sustentação resultante é representada graficamente por um vetor na direção vertical, com sentido para cima, pois tem sempre sentido oposto ao peso resultante. 48
  • 54. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião Arrasto (Drag - D) - Surge pela resistência do ar ao movimento da aeronave. É representada graficamente por um vetor na direção da trajetória da aeronave, e de sentido contrário. É uma grandeza que se manifesta por causas diversas, conforme veremos adiante no seu estudo. Força artificial necessária para a propulsão da aeronave. Tração (Thrust - T) - Também chamada de empuxo, é a força vetorial que representa o sistema moto propulsor, que dá movimento à aeronave. Tem a função de superar a força de arrasto no voo nivelado, e superar também, parte do peso da aeronave no voo em rampa ascendente. É representada graficamente por um vetor na direção da trajetória da aeronave, com sentido à frente. Força natural resultado da gravidade terrestre. Peso (W) – É o resultado do produto da massa (m) da aeronave, multiplicada pela aceleração da gravidade (g). É representada graficamente por um vetor na direção vertical, com direção para o centro da terra. É a força a ser vencida pela sustentação (L). Todas as quatro forças são compostas por outros vetores ortogonais, e somente no caso do voo nivelado (trajetória horizontal) é que aparecerão como vetores resultantes, conforme vimos nas definições acima e na figura 2 -14. Estudo vetorial da sustentação, arrasto e torque de um aerofólio. Resultante Aerodinâmica (RA) – A reação do aerofólio à diferença de pressão entre extradorso e intradorso é representada por um vetor soma (resultante). Centro de Pressão Aerodinâmica (CP) – é o ponto sobre a corda do aerofólio onde ocorre a Resultante Aerodinâmica, dependendo do ângulo de ataque. Os vetores componentes retangulares da Resultante Aerodinâmica, são: • sustentação (L) - força perpendicular à trajetória do aerofólio, com sentido para cima. • arrasto (D) - força paralela à direção da trajetória do aerofólio, mas com sentido para trás. 49
  • 55. Pedro Barros Neto Teoria do voo – PP Avião Momento sobre o aerofólio (M) - (FIG. 2 – 15) Em função da diferença de pressão existente entre as regiões do intradorso e do extradorso, existe um torque que tende a rotacionar o aerofólio. Esta força deve ser considerada atuando a uma determinada distância a partir da borda de ataque, tem relação com a simetria do perfil e com o ângulo de ataque, e influencia nos critérios de estabilidade estática longitudinal da aeronave, conforme veremos adiante. Forças Normais e Axiais no aerofólio - (FIG. 2 – 16) Esta figura mostra como as forças de elevação e arrasto agem em um aerofólio bidimensional. O aerofólio está viajando a uma velocidade V e um ângulo de ataque α com o vento relativo. Já vimos que a força de sustentação (L) é definida como sendo perpendicular ao vetor da velocidade (V) que está na direção da trajetória do aerofólio, enquanto o arrasto (D) é coaxial e oposto à velocidade, não importa qual o ângulo de ataque. 50