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gia. O Instituto REFA, outro
coletivo, foi o coordenador do
projeto.
E o resultado? Otimo. O li-
vro na sua forma atual é excep-
cionalmente útil, claro e com-
pleto. Essa primeira parte tem
os seguintes capítulos:
o Histórico e objetivos do estu-
do de trabalho;
• Elementos de organização
fabril;
• Elementos do estudo de tra-
balho;
• Ergonomia;
• O homem colaborando no
trabalho;
e Direito trabalhista, com refe-
rência especial a co-determina-
ção.
Neste primeiro volume tam-
bém se encontra o índice de to-
dos os nove livros, com indica-
ção da série, de volume e da
página.
Os gráficos demonstram co-
mo o trabalho caminha na em-
presa - desenhos mostram cla-
ramente o sistema de trabalho,
a divisão de trabalho no lugar
de execução, o layout fica evi-
denciado. Pela primeira vez en-
contra-se uma subdivisão de tra-
balho mais extensa do que a
usual: processo - operação -
elemento - movimento e mi-
cromovimento. Aqui temos:
projeto - parte do projeto -
passo no projeto (operação) -
procedimento - procedimento
parcial (elemento) - procedi-
mento subparcial - elemento
de procedimento - movimento
e micromovimento. Essa divi-
são é muito mais útil, mais
perfeita e prática de que as ou-
tras. No capítulo de ergonomia,
muito moderno, muito conciso
e muito claro, encontram-se
exemplos já vistos em outros
livros (Richardson. The manage-
ment'of production. Macmillan,
1968; François. Manuel d'Orga·
nisation. Trad. Ao Livro Técni·
co. t. 1 - Organisation du Tra·
vail). Mas a repetição das expe·
riências é comum, e, conside-
rando o motivo básico da
REFA ...,.. colecionar material -
é até lógica e evidente. A niti·
dez de conceitos no capítulo
sobre ergonomia é absoluta, e
tal se repete também nos outros
capítulos.
O capítulo do homem cola-
borando no trabalho seria, nas
antigas concepções, "relações
humanas no trabalho", mas po-
de ser considerado muito mais
uma introdução à psicologia do
trabalho, de formação dos gru-
pos e da Iiderança. Menciona
uma pesquisa sobre os motivos
de atritos, no escritório e na
fábrica, dividida ainda por sexo.
No escritório, em primeiro lugar
estão as· diferenças de salário.
Na fábrica, ao contrário, os con-
flitos aparecem, em primeiro
lugar, pela pressão de entregas,
divisão de trabalho e responsa-
bilidade. No caso de mulheres,
na fábrica e no escritório está,
respectivamente em segundo e
terceiro lugar de importância, a
"fofoca".
O capítulo sobre direito tra-
balhista é alemão na base legal;
mas na base conceitual, espe-
cialmente sobre co-determina-
ção, é de máxima importância
para todos os estudiosos e práti-
cos no assunto.
Assim, resumindo, estamos
em presença de um livro extra-
ordinário, claro, conciso, impor-
tante para o estudante, o pro-
fessor e o industrial e para o
operário que quer ilustrar-se
para melhor entender. Acredito
que, da mesma maneira que o
International Labour Office es-
creveu a Introduction to work
·study (Genebre, 1957, nova edi-
ção 1972) e a publicou em mui-
tas línguas, também a REFA
deve publicar essa obra em mais
línguas do que o alemão, pres-
tando um serviço ao mesmo
tempó a países industrializados
e em desenvolvimento. •
Kurt Weil
Os intelectuais e a organização
da cultura
Por Antonio Gramsci. Rio de
Janeiro, Civilização Brasileira,
1968. 244 p.
Antes de iniciarmos os comen-
tários sobre o livro de Gramsci
em referência, é importante fa-
zer algumas ressalvas acerca de
'certos elementos tidos como
constantes em suas teorizações;
ou seja, a noção de bloco histó-
rico e o conceito de hegemonia,
cujo conhecimento torna-se im-
portante - haja visto as discus-
sões desenvolvidas pelo autor ao
longo de sua exposição.
Numerosos autores conside-
ram que o conceito de bloco
histórico é um dos elementos
mais importantes do pensamen-
to gramsciano. Este conceito
deve ser considerado sob três
pontos de vista, a saber:
1. Oestudo das relações entre
estrutura e superestrutura é o
aspecto essencial da noção de
bloco histórico. Ao concebê-lo,
o autor não dá primazia a ne-
nhum dos dois elementos. o·
ponto essencial das relações es-
trutura-superestrutura reside no
estudo do vínculo que realiza
sua unidade. Considerando-se
um bloco histórico, ou seja,
Resenha Bibliográfica
61
62
uma situação histórica concreta,
pode-se distinguir: por um lado,
uma estrutura social - as classes
- que depende diretamente das
relações de forças produtivas, e
por outro,. uma superestrutura
ideológica e política. A vincu la-
ção orgânica entre esses dois
elementos produz certos grupos
sociais cuja função é operar,
não no nível econômico, mas
no superestrutura!: os intelec-
tuais.
2. Um estudo estático deste ti-
po deve ser complementado por
outro dinâmico; segundo Piz-
zorno, 1
o bloco histórico deve
ser considerado também como
"o ponto de partida para a aná-
lise de como um sistema de va-
lores culturais (o que Gra msci
chama de ideologia) penetra, se
expande, socializa e integra um
sistema social".
3. Finalmente, é no quadro da
análise do bloco histórico que
Gramsci estuda como se quebra
a hegemonia da classe dirigente,
se constrói um novo sistema
hegemônico e se cria um novo
bloco histórico. É neste último
aspecto que está mais ligada a
ação política.
As superestruturas do bloco
histórico formam uma totali-
dade complexa em cujo seio o
autor distingue duas esferas
essenciais: a sociedade civil ou
direção cultural e moral da so-
ciedade, por uma parte, e a
sociedade política ou aparato
do Estado e suas relações recí-
procas, por outra. O conceito
de sociedade civil faz-se impor-
tante na medida em que define
a direção intelectual e moral de
um sistema social. Gramsci to-
ma esta noção de sociedade civil
de Hegel e Marx, e lhe dá uma
considerável importância.
Marx entende a noção hege-
liana de sociedade civil como o
conjunto das relações econô-
mica e social em um período
determinado; por outro lado,
Gramsci a interpreta de modo
Revista de Administração de Empresas
radicalmente diferente, como o
comp lexo da superestrutura
ideológica; ou seja, a sociedade
civil pertence ao momento su-
perestrutura!.
Em Gramsci, a sociedade civil
pode ser consider<lda sob três
aspectos complementares:
1. Como ideologia da classe di-
rigente, enquanto abarca todos
os ramos de ideologia, desde a
arte até as ciências, passando
pela economia, o direito, etc.
2. Como concepção de mundo,
difundida em todas as camadas
sociais, as quais liga, deste mo-
do à classe dirigente, enquanto
se adapta a todos os grupos; daí
seus diferentes graus qualitati-
vos: filosofia, religião, senso co-
mum, folclore.
3. Como direção ideológica da
so e iedade, articulando-se em
três níveis essenciais: a ideologia
propriamente dita, a "estrutura
ideológica", ou seja, as organiza-
ções que criam e difundem a
ideologia, e o "material ideoló-
gico", isto é, os instrumentos
técnicos de difusão da ideologia
(sistema escolar, meios de co-
mu nicação de massa, bibliotecas,
etc.).
Esta divisão funcional das
duas esferas do momento su-
perestrutura! não corresponde à
realidade prática. Ela deve unir-
se no quadro de uma unidade
dialética na qual o consenso e a
coerção sejam utilizados alter-
nadamente. Não existe sistema
social onde o consenso sirva de
única base da hegemonia, nem
Estado onde um mesmo grupo
social possa manter sua domina-
ção à base de pura coerção. A
dominação fundada exclusiva-
mente na força não pode ser
senão provisória; expressa a cri-
se do bloco histórico quando a
classe dominante, não tendo
mais a direção da ideologia,
mantém-se artificial men-te pela
força. Portanto, sociedade civil
e sociedade política estão em
constante relação.
A análise do bloco histórico,
como relação entre dois movi-
mentos dicotômicos (estrutura
- superestrutura e sociedade
civil - sociedade política) mos-
tra a importância da sociedade
civil no seio do bloco histórico.
Tal importância leva-nos a en-
contrar a tradução política des-
ta noção: a hegemonia.
O aspecto essencial da hege-
monia da classe dirigente reside
no seu monopólio intelectual,
ou seja, na atração que seus pró-
prios representantes suscitam
entre as outras camadas de inte-
lectuais: "Os intelectuais da
classe historicamente progres-
sista exercem uma atração que
acabaria por submeter como su-
bordinados os intelectuais dos
demais grupos sociais, e, portan-
to, chegam a criar um sistema
de solidariedade entre todos os
intelectuais, com vínculos de
ordem psicológica".2
Esta atra-
ção termina criando um bloco
ideológico que liga as camadas
intelectuais aos representantes
da classe dirigente. O autor res-
salva que a primazia econômica
da classe fundamental é condi-
ção necessária porém não sufi-
ciente para a formação de um
bloco histórico; é necessário
que a classe dirigente tenha uma
verdadeira "política" para os in-
. telectuais. A hegemonia de um
centro diretor sobre os inte-
lectuais se afirma através de
duas linhas: a) uma concepção
geral de vida, uma filosofia,
que oferece aos aderentes uma
dignidade intelectual e que os
provê de um princípio de dis-
tinção e de um elemento de luta
contra as velhas ideologias que
dominam pela coerção; b) um
programa escolar, um princípio
educativo e pedagógico original,
que interessam e dão unidade
própria, em seu domínio técni-
co, à fração mais homogênea e
numerosa dos intelectuais: os
educadores, desde o mestre-esco-
la aos professores universitários.
Como afirmamos antes, o
problema da unidade do bloco é
em realidade o da natureza do
vínculo orgânico que relaciona
estrutura e superestrutura e, no
seio desta última, sociedade
civil e sociedade política. Agora
poderemos analisar o papel que
desempenham os intelectuais no
seio do bloco histórico, ou seja,
tomando-se o objeto de que tra-
ta a obra em discussão, tentare-
mos fazer um exame do papel
exercido pelos intelectuais na
organização da cultura, visto
serem as concepções provenien-
tes do bloco histórico determi-
nantes na formação das relações
econômico-sociais e, portanto,
dizerem respeito diretamente à
cultura.
Gramsci inicia o trabalho in-
quirindo se os intelectuais cons-
tituem um grupo social inde-
pendente, ou se cada grupo so-
cial possui uma categoria pró-
pria especializada de intelec-
tuais. O problema é considerado
complexo, dadas as várias for-
mas que assumiu o processo his-
tórico real de formação das
diversas categorias de intelec-
tuais. Assinala o autor que exis-
tem duas formas mais importan-
tes. A primeira é a que cada gru-
po social cria para si uma forma
orgânica, com uma ou mais ca-
madas de intelectuais que lhe
dão homogeneidade e consciên-
cia da própria função, não só no
campo econômico, mas no so-
cial e político: o técnico da in-
dústria, o cientista da economia
política, da administração, o or-
ganizador de uma nova cultura,
etc.
Pode-se observar que a mu-
dança do bloco histórico corres-
ponde a uma mudança na classe
hegemônica e, como tal, um
novo tipo de intelectual é for-
mado; são os chamados intelec-
tuais "orgânicos", dotados de
características peculiares e espe-
cializações ligadas às necessida-
des da classe fundamental. Os
intelectuais orgânicos do novo
bloco histórico, especialmente
os da classe dominante, opõem-
se aos intelectuais do antigo
bloco histórico. Estes últimos, o
autor os qualifica de "tradicio-
nais", isto é, formados das dife-
rentes camadas de intelectuais
que existiam antes da chegada
da nova classe fundamental que,
para estabelecer sua hegemonia,
deve absorvê-los ou suprimi-los.
Os intelectuais acreditam ser
independentes, autônomos, re-
vestidos de características pró-
prias. Conforme Gramsci afir-
ma, a organicidade da relação
entre os intelectuais e a classe
que estes representam não é me-
cânica: o intelectual goza de re-
lativa autonomia com respeito à
estrutura socioeconômica, e não
é seu reflexo passivo. Esta auto-
nomia é, em primeiro lugar,
conseqüência da origem social
dos intelectuais. Os grandes in-
telectuais, em especial, surgem
diretamente da classe que repre-
sentam; a grande maioria pro-
vém das classes auxiliares alia-
das à classe hegemônica. A au-
tonomia é, por outro lado, in-
dispensável para o exercício to-
tal da direção cultural e polí-
tica.
O intelectual mantém sua au-
tonomia em relação à classe
fundamental porque não evolui
ao mesmo nível do bloco histó-
rico. Sua função é exercer a di-
reção ideológica e política de
um sistema social e homogenei-
zar a classe que representa. É
importante frisar a amplitude
do termo intelectual; Gramsci
afirma que todos os homens são
intelectuais. Para a nossa aná-
lise, consideraremos intelectual
aquele individuo que desempe-
nha a função social de categoria
profissional dos intelectuais; ou
seja, o indivíduo que participa
de uma concepção do mundo,
possui uma linha consciente de
conduta moral e contribui assim
para manter ou para modificar
uma concepção do mundo, isto
é, par.a promover novas manei-
ras de pensar.
Conforme observa o autor, o
tipo de intelectual tradicional e
vulgarizado é fornecido pelo li-
terato, pelo filósofo, pelo artis-
ta, os quais acreditam ser os ver-
dadeiros intelectuais. No mun-
do moderno, a educação técni-
ca, estritamente ligada ao traba-
lho industrial, mesmo o mais
primitivo e desqualificado, deve
constituir a base do novo tipo
de intelectual.
Neste sentido, o autor cita a
sua experiência no semanário
Ordine Nuovo, onde visava de-
senvolver certas formas de novo
intelectualismo e determinar
seus novos conceitos. O modo
de ser do novo intelectual não
pode mais consistir na eloqüên-
cia, motor exterior e momen-
tâneo dos afetos e das paixões,
mas num imiscuir-se ativamente
na vida prática, como constru-
tor, organizador e "persuasor
permanente".
Formam-se, assim, historica-
mente, categorias especializadas
para o exerdcio da função in-
telectual; formam-se em co-
nexão com todos os grupos
sociais, mas especialmente em
conexão com os grupos sociais
mais importantes, e sofrem ela-
borações mais amplas e com-
plexas em ligação com o grupo
social dominante. Todo grupo
social que se desenvolve no sen-
tido do domínio luta pela assi-
milação e pela conquista "ideo-
lógica" ·dos intelectuais tradi-
cionais.
Este grupo social dominante
utiliza-se da escola como instru-
mento para elaborar os intelec-
tuais de diversos níveis. Por
outro lado, afirma que a com-
plexidade da função intelectual
nos vários Estados pode ser me-
dida pela quantidade de escolas
especializadas e pela sua hierar-
quização.
Conforme discutimos ante-
riormente, a relação entre os in-
telectuais e o mundo da produ-
ção não é imediata, mas é "me-
diatizada" em diversos graus
por todo o contexto social, pelo
conjunto das superestruturas do
qual os intelectuais são funcio-
nários.
Resenha Bibliográfica
63
64
Os intelectuais do tipo urba-
no cresceram juntamente com a
il']dústria e são ligados às suas
alterações. A função desses inte-
lectuais, conforme observa o au-
tor, pode ser comparada à dos
oficiais subalternos no exército:
não possuem iniciativa autô-
noma para elaborarem os planos
de construção e, em média ge-
ral, estes planos são padroniza-
dos. Os altos intelectuais urba-
nos confundem-se com o autên-
tico estado-maior industrial.
Os intelectuais do tipo rural
são, em sua maior parte, "tradi-
cionais", isto é, ligados à massa
social cãmponesa e à pequena
burguesia das cidades menores
ainda não movimentada pelo
sistema capitalista: este tipo de
intelectual põe em contato a
massa camponesa com o admi-
nistrador estatal e local, e por
esta razão possui uma grande
função pol ftico-socíal, já que a
mediação profissional dificil-
mente se separa da mediação
pol ftica. Todo movimento orgâ-
nico das massas camponesas es-
tá ligado até certo ponto aos in-
telectuais e deles depende. Se-
gundo constata o autor, o caso
é diverso no que diz respeito
aos intelectuais urbanos: os
técnicos de fábrica não exercem
nenhuma função pol ftica sobre
suas massas instrumentais; por
vezes, pode ocorrer que as mas-
sas instrumentais, pelo menos
através de seus intelectuais orgâ-
nicos, exerçam uma influência
política sobre os técnicos.
O co nheci mento concreto
aqui discutido é produto dos
conceitos teóricos, isto é, que
"dizem respeito às determina-
ções ou objetos abstrato-for-
mais", apresentados anterior-
mente (conceito de bloco histó-
rico, de hegemonia e de intelec-
tuais); e de conceitos empíricos,
isto é, que "dizem respeito às
determinações da singularidade
dos objetos concretos", quer
dizer, ao fato de "determinada
formação social apresentar esta
ou aquela configuração, deter-
Revista de Administração de Empresas
minados traços, determinadas
disposições singulares, que a
qualificam como existente",3
conforme Gramsci apresenta na
seção "Notas esparsas", que se
ocupa da determinação ·da sin-
gularidade dos objetos concre-
tos -análise da cultura italiana,
enfocando o papel dos intelec-
tuais na sua organização, além
de estudos de outras culturas de
alguns países da Europa, Amé-
rica e Ásia.
No segundo capítulo desta
obra Gramsci desenvolve a idéia
de que, com a modernização, as
atividades práticas evoluíram
para uma forma complexa; daí
a tendência para a criação de es-
colas para cada especialização e,
concomitantemente, a tendên-
cia para a criação de um grupo
de intelectuais especialistas de
nível mais elevado para ensina-
rem nestas escolas. Enfoca e dis-
cute a divisão da escola em clás-
sica e profissional, e seu es-
quema racional burocratizado.
Além disso, Gramsci também
observa que, segundo a tendên-
cia em desenvolvimento, cada
atividade tenderá a criar para si
uma escola especializada pró-
pria, do mesmo modo como
cada atividade intelectual tende
a criar círculos próprios de cul-
tura que assumem a função de
instituições pós-escolares, espe-
cializadas em organizar as con-
dições nas quais seja possível
manter-se a par dos progressos
que ocorrem no seu próprio
ramo científico.
O livro propõe um tipo de es-
tudo da organização prática de
escola unitária, isto é, escola de
formação humanística de cul-
tura geral.
Assim como no primeiro ca-
pítulo, nas "Notas esparsas" ele
apresenta a base empírica na
qual sustenta a teoria deste ca-
pítulo em toda a Europa, sob o
nome "Problemas escolares e
organização da cultura".
Na terceira seção deste livro é
discutido o papel do jornalismo
como uma instituição com obje-
tivos, metas, problemas de mer-
cado, concorrência que desem-
penham um papel importante
na promoção da cultura, visto
que esta função será sujeita a
certas orientações que vão des-
de a linguagem que deve ser usa-
da até o seu conteúdo ideoló-
gico dirigido a uma dada cama-
da de população.
Todos estes conceitos, como
afirmamos antes, foram basea-
dos em realidades empíricas
vividas pelo próprio autor; ou
seja, a realidade italiana, especi-
ficamente, e a européia de um
modo geral. •
Waldemar S. Pedreira Filho
1
Apud Portelli, Huges. Gramsci y el blo·
que histbrico. Buenos Aires , Sigla Vien-
tiuno, 1974, p. 1O.
2
ld. ibid. p. 48.
3 Althusser, L. Sobre o trabalho tebrico.
Lisboa, Editorial Presença. p. 57.

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Análise do papel dos intelectuais na organização da cultura

  • 1. gia. O Instituto REFA, outro coletivo, foi o coordenador do projeto. E o resultado? Otimo. O li- vro na sua forma atual é excep- cionalmente útil, claro e com- pleto. Essa primeira parte tem os seguintes capítulos: o Histórico e objetivos do estu- do de trabalho; • Elementos de organização fabril; • Elementos do estudo de tra- balho; • Ergonomia; • O homem colaborando no trabalho; e Direito trabalhista, com refe- rência especial a co-determina- ção. Neste primeiro volume tam- bém se encontra o índice de to- dos os nove livros, com indica- ção da série, de volume e da página. Os gráficos demonstram co- mo o trabalho caminha na em- presa - desenhos mostram cla- ramente o sistema de trabalho, a divisão de trabalho no lugar de execução, o layout fica evi- denciado. Pela primeira vez en- contra-se uma subdivisão de tra- balho mais extensa do que a usual: processo - operação - elemento - movimento e mi- cromovimento. Aqui temos: projeto - parte do projeto - passo no projeto (operação) - procedimento - procedimento parcial (elemento) - procedi- mento subparcial - elemento de procedimento - movimento e micromovimento. Essa divi- são é muito mais útil, mais perfeita e prática de que as ou- tras. No capítulo de ergonomia, muito moderno, muito conciso e muito claro, encontram-se exemplos já vistos em outros livros (Richardson. The manage- ment'of production. Macmillan, 1968; François. Manuel d'Orga· nisation. Trad. Ao Livro Técni· co. t. 1 - Organisation du Tra· vail). Mas a repetição das expe· riências é comum, e, conside- rando o motivo básico da REFA ...,.. colecionar material - é até lógica e evidente. A niti· dez de conceitos no capítulo sobre ergonomia é absoluta, e tal se repete também nos outros capítulos. O capítulo do homem cola- borando no trabalho seria, nas antigas concepções, "relações humanas no trabalho", mas po- de ser considerado muito mais uma introdução à psicologia do trabalho, de formação dos gru- pos e da Iiderança. Menciona uma pesquisa sobre os motivos de atritos, no escritório e na fábrica, dividida ainda por sexo. No escritório, em primeiro lugar estão as· diferenças de salário. Na fábrica, ao contrário, os con- flitos aparecem, em primeiro lugar, pela pressão de entregas, divisão de trabalho e responsa- bilidade. No caso de mulheres, na fábrica e no escritório está, respectivamente em segundo e terceiro lugar de importância, a "fofoca". O capítulo sobre direito tra- balhista é alemão na base legal; mas na base conceitual, espe- cialmente sobre co-determina- ção, é de máxima importância para todos os estudiosos e práti- cos no assunto. Assim, resumindo, estamos em presença de um livro extra- ordinário, claro, conciso, impor- tante para o estudante, o pro- fessor e o industrial e para o operário que quer ilustrar-se para melhor entender. Acredito que, da mesma maneira que o International Labour Office es- creveu a Introduction to work ·study (Genebre, 1957, nova edi- ção 1972) e a publicou em mui- tas línguas, também a REFA deve publicar essa obra em mais línguas do que o alemão, pres- tando um serviço ao mesmo tempó a países industrializados e em desenvolvimento. • Kurt Weil Os intelectuais e a organização da cultura Por Antonio Gramsci. Rio de Janeiro, Civilização Brasileira, 1968. 244 p. Antes de iniciarmos os comen- tários sobre o livro de Gramsci em referência, é importante fa- zer algumas ressalvas acerca de 'certos elementos tidos como constantes em suas teorizações; ou seja, a noção de bloco histó- rico e o conceito de hegemonia, cujo conhecimento torna-se im- portante - haja visto as discus- sões desenvolvidas pelo autor ao longo de sua exposição. Numerosos autores conside- ram que o conceito de bloco histórico é um dos elementos mais importantes do pensamen- to gramsciano. Este conceito deve ser considerado sob três pontos de vista, a saber: 1. Oestudo das relações entre estrutura e superestrutura é o aspecto essencial da noção de bloco histórico. Ao concebê-lo, o autor não dá primazia a ne- nhum dos dois elementos. o· ponto essencial das relações es- trutura-superestrutura reside no estudo do vínculo que realiza sua unidade. Considerando-se um bloco histórico, ou seja, Resenha Bibliográfica 61
  • 2. 62 uma situação histórica concreta, pode-se distinguir: por um lado, uma estrutura social - as classes - que depende diretamente das relações de forças produtivas, e por outro,. uma superestrutura ideológica e política. A vincu la- ção orgânica entre esses dois elementos produz certos grupos sociais cuja função é operar, não no nível econômico, mas no superestrutura!: os intelec- tuais. 2. Um estudo estático deste ti- po deve ser complementado por outro dinâmico; segundo Piz- zorno, 1 o bloco histórico deve ser considerado também como "o ponto de partida para a aná- lise de como um sistema de va- lores culturais (o que Gra msci chama de ideologia) penetra, se expande, socializa e integra um sistema social". 3. Finalmente, é no quadro da análise do bloco histórico que Gramsci estuda como se quebra a hegemonia da classe dirigente, se constrói um novo sistema hegemônico e se cria um novo bloco histórico. É neste último aspecto que está mais ligada a ação política. As superestruturas do bloco histórico formam uma totali- dade complexa em cujo seio o autor distingue duas esferas essenciais: a sociedade civil ou direção cultural e moral da so- ciedade, por uma parte, e a sociedade política ou aparato do Estado e suas relações recí- procas, por outra. O conceito de sociedade civil faz-se impor- tante na medida em que define a direção intelectual e moral de um sistema social. Gramsci to- ma esta noção de sociedade civil de Hegel e Marx, e lhe dá uma considerável importância. Marx entende a noção hege- liana de sociedade civil como o conjunto das relações econô- mica e social em um período determinado; por outro lado, Gramsci a interpreta de modo Revista de Administração de Empresas radicalmente diferente, como o comp lexo da superestrutura ideológica; ou seja, a sociedade civil pertence ao momento su- perestrutura!. Em Gramsci, a sociedade civil pode ser consider<lda sob três aspectos complementares: 1. Como ideologia da classe di- rigente, enquanto abarca todos os ramos de ideologia, desde a arte até as ciências, passando pela economia, o direito, etc. 2. Como concepção de mundo, difundida em todas as camadas sociais, as quais liga, deste mo- do à classe dirigente, enquanto se adapta a todos os grupos; daí seus diferentes graus qualitati- vos: filosofia, religião, senso co- mum, folclore. 3. Como direção ideológica da so e iedade, articulando-se em três níveis essenciais: a ideologia propriamente dita, a "estrutura ideológica", ou seja, as organiza- ções que criam e difundem a ideologia, e o "material ideoló- gico", isto é, os instrumentos técnicos de difusão da ideologia (sistema escolar, meios de co- mu nicação de massa, bibliotecas, etc.). Esta divisão funcional das duas esferas do momento su- perestrutura! não corresponde à realidade prática. Ela deve unir- se no quadro de uma unidade dialética na qual o consenso e a coerção sejam utilizados alter- nadamente. Não existe sistema social onde o consenso sirva de única base da hegemonia, nem Estado onde um mesmo grupo social possa manter sua domina- ção à base de pura coerção. A dominação fundada exclusiva- mente na força não pode ser senão provisória; expressa a cri- se do bloco histórico quando a classe dominante, não tendo mais a direção da ideologia, mantém-se artificial men-te pela força. Portanto, sociedade civil e sociedade política estão em constante relação. A análise do bloco histórico, como relação entre dois movi- mentos dicotômicos (estrutura - superestrutura e sociedade civil - sociedade política) mos- tra a importância da sociedade civil no seio do bloco histórico. Tal importância leva-nos a en- contrar a tradução política des- ta noção: a hegemonia. O aspecto essencial da hege- monia da classe dirigente reside no seu monopólio intelectual, ou seja, na atração que seus pró- prios representantes suscitam entre as outras camadas de inte- lectuais: "Os intelectuais da classe historicamente progres- sista exercem uma atração que acabaria por submeter como su- bordinados os intelectuais dos demais grupos sociais, e, portan- to, chegam a criar um sistema de solidariedade entre todos os intelectuais, com vínculos de ordem psicológica".2 Esta atra- ção termina criando um bloco ideológico que liga as camadas intelectuais aos representantes da classe dirigente. O autor res- salva que a primazia econômica da classe fundamental é condi- ção necessária porém não sufi- ciente para a formação de um bloco histórico; é necessário que a classe dirigente tenha uma verdadeira "política" para os in- . telectuais. A hegemonia de um centro diretor sobre os inte- lectuais se afirma através de duas linhas: a) uma concepção geral de vida, uma filosofia, que oferece aos aderentes uma dignidade intelectual e que os provê de um princípio de dis- tinção e de um elemento de luta contra as velhas ideologias que dominam pela coerção; b) um programa escolar, um princípio educativo e pedagógico original, que interessam e dão unidade própria, em seu domínio técni- co, à fração mais homogênea e numerosa dos intelectuais: os educadores, desde o mestre-esco- la aos professores universitários. Como afirmamos antes, o problema da unidade do bloco é
  • 3. em realidade o da natureza do vínculo orgânico que relaciona estrutura e superestrutura e, no seio desta última, sociedade civil e sociedade política. Agora poderemos analisar o papel que desempenham os intelectuais no seio do bloco histórico, ou seja, tomando-se o objeto de que tra- ta a obra em discussão, tentare- mos fazer um exame do papel exercido pelos intelectuais na organização da cultura, visto serem as concepções provenien- tes do bloco histórico determi- nantes na formação das relações econômico-sociais e, portanto, dizerem respeito diretamente à cultura. Gramsci inicia o trabalho in- quirindo se os intelectuais cons- tituem um grupo social inde- pendente, ou se cada grupo so- cial possui uma categoria pró- pria especializada de intelec- tuais. O problema é considerado complexo, dadas as várias for- mas que assumiu o processo his- tórico real de formação das diversas categorias de intelec- tuais. Assinala o autor que exis- tem duas formas mais importan- tes. A primeira é a que cada gru- po social cria para si uma forma orgânica, com uma ou mais ca- madas de intelectuais que lhe dão homogeneidade e consciên- cia da própria função, não só no campo econômico, mas no so- cial e político: o técnico da in- dústria, o cientista da economia política, da administração, o or- ganizador de uma nova cultura, etc. Pode-se observar que a mu- dança do bloco histórico corres- ponde a uma mudança na classe hegemônica e, como tal, um novo tipo de intelectual é for- mado; são os chamados intelec- tuais "orgânicos", dotados de características peculiares e espe- cializações ligadas às necessida- des da classe fundamental. Os intelectuais orgânicos do novo bloco histórico, especialmente os da classe dominante, opõem- se aos intelectuais do antigo bloco histórico. Estes últimos, o autor os qualifica de "tradicio- nais", isto é, formados das dife- rentes camadas de intelectuais que existiam antes da chegada da nova classe fundamental que, para estabelecer sua hegemonia, deve absorvê-los ou suprimi-los. Os intelectuais acreditam ser independentes, autônomos, re- vestidos de características pró- prias. Conforme Gramsci afir- ma, a organicidade da relação entre os intelectuais e a classe que estes representam não é me- cânica: o intelectual goza de re- lativa autonomia com respeito à estrutura socioeconômica, e não é seu reflexo passivo. Esta auto- nomia é, em primeiro lugar, conseqüência da origem social dos intelectuais. Os grandes in- telectuais, em especial, surgem diretamente da classe que repre- sentam; a grande maioria pro- vém das classes auxiliares alia- das à classe hegemônica. A au- tonomia é, por outro lado, in- dispensável para o exercício to- tal da direção cultural e polí- tica. O intelectual mantém sua au- tonomia em relação à classe fundamental porque não evolui ao mesmo nível do bloco histó- rico. Sua função é exercer a di- reção ideológica e política de um sistema social e homogenei- zar a classe que representa. É importante frisar a amplitude do termo intelectual; Gramsci afirma que todos os homens são intelectuais. Para a nossa aná- lise, consideraremos intelectual aquele individuo que desempe- nha a função social de categoria profissional dos intelectuais; ou seja, o indivíduo que participa de uma concepção do mundo, possui uma linha consciente de conduta moral e contribui assim para manter ou para modificar uma concepção do mundo, isto é, par.a promover novas manei- ras de pensar. Conforme observa o autor, o tipo de intelectual tradicional e vulgarizado é fornecido pelo li- terato, pelo filósofo, pelo artis- ta, os quais acreditam ser os ver- dadeiros intelectuais. No mun- do moderno, a educação técni- ca, estritamente ligada ao traba- lho industrial, mesmo o mais primitivo e desqualificado, deve constituir a base do novo tipo de intelectual. Neste sentido, o autor cita a sua experiência no semanário Ordine Nuovo, onde visava de- senvolver certas formas de novo intelectualismo e determinar seus novos conceitos. O modo de ser do novo intelectual não pode mais consistir na eloqüên- cia, motor exterior e momen- tâneo dos afetos e das paixões, mas num imiscuir-se ativamente na vida prática, como constru- tor, organizador e "persuasor permanente". Formam-se, assim, historica- mente, categorias especializadas para o exerdcio da função in- telectual; formam-se em co- nexão com todos os grupos sociais, mas especialmente em conexão com os grupos sociais mais importantes, e sofrem ela- borações mais amplas e com- plexas em ligação com o grupo social dominante. Todo grupo social que se desenvolve no sen- tido do domínio luta pela assi- milação e pela conquista "ideo- lógica" ·dos intelectuais tradi- cionais. Este grupo social dominante utiliza-se da escola como instru- mento para elaborar os intelec- tuais de diversos níveis. Por outro lado, afirma que a com- plexidade da função intelectual nos vários Estados pode ser me- dida pela quantidade de escolas especializadas e pela sua hierar- quização. Conforme discutimos ante- riormente, a relação entre os in- telectuais e o mundo da produ- ção não é imediata, mas é "me- diatizada" em diversos graus por todo o contexto social, pelo conjunto das superestruturas do qual os intelectuais são funcio- nários. Resenha Bibliográfica 63
  • 4. 64 Os intelectuais do tipo urba- no cresceram juntamente com a il']dústria e são ligados às suas alterações. A função desses inte- lectuais, conforme observa o au- tor, pode ser comparada à dos oficiais subalternos no exército: não possuem iniciativa autô- noma para elaborarem os planos de construção e, em média ge- ral, estes planos são padroniza- dos. Os altos intelectuais urba- nos confundem-se com o autên- tico estado-maior industrial. Os intelectuais do tipo rural são, em sua maior parte, "tradi- cionais", isto é, ligados à massa social cãmponesa e à pequena burguesia das cidades menores ainda não movimentada pelo sistema capitalista: este tipo de intelectual põe em contato a massa camponesa com o admi- nistrador estatal e local, e por esta razão possui uma grande função pol ftico-socíal, já que a mediação profissional dificil- mente se separa da mediação pol ftica. Todo movimento orgâ- nico das massas camponesas es- tá ligado até certo ponto aos in- telectuais e deles depende. Se- gundo constata o autor, o caso é diverso no que diz respeito aos intelectuais urbanos: os técnicos de fábrica não exercem nenhuma função pol ftica sobre suas massas instrumentais; por vezes, pode ocorrer que as mas- sas instrumentais, pelo menos através de seus intelectuais orgâ- nicos, exerçam uma influência política sobre os técnicos. O co nheci mento concreto aqui discutido é produto dos conceitos teóricos, isto é, que "dizem respeito às determina- ções ou objetos abstrato-for- mais", apresentados anterior- mente (conceito de bloco histó- rico, de hegemonia e de intelec- tuais); e de conceitos empíricos, isto é, que "dizem respeito às determinações da singularidade dos objetos concretos", quer dizer, ao fato de "determinada formação social apresentar esta ou aquela configuração, deter- Revista de Administração de Empresas minados traços, determinadas disposições singulares, que a qualificam como existente",3 conforme Gramsci apresenta na seção "Notas esparsas", que se ocupa da determinação ·da sin- gularidade dos objetos concre- tos -análise da cultura italiana, enfocando o papel dos intelec- tuais na sua organização, além de estudos de outras culturas de alguns países da Europa, Amé- rica e Ásia. No segundo capítulo desta obra Gramsci desenvolve a idéia de que, com a modernização, as atividades práticas evoluíram para uma forma complexa; daí a tendência para a criação de es- colas para cada especialização e, concomitantemente, a tendên- cia para a criação de um grupo de intelectuais especialistas de nível mais elevado para ensina- rem nestas escolas. Enfoca e dis- cute a divisão da escola em clás- sica e profissional, e seu es- quema racional burocratizado. Além disso, Gramsci também observa que, segundo a tendên- cia em desenvolvimento, cada atividade tenderá a criar para si uma escola especializada pró- pria, do mesmo modo como cada atividade intelectual tende a criar círculos próprios de cul- tura que assumem a função de instituições pós-escolares, espe- cializadas em organizar as con- dições nas quais seja possível manter-se a par dos progressos que ocorrem no seu próprio ramo científico. O livro propõe um tipo de es- tudo da organização prática de escola unitária, isto é, escola de formação humanística de cul- tura geral. Assim como no primeiro ca- pítulo, nas "Notas esparsas" ele apresenta a base empírica na qual sustenta a teoria deste ca- pítulo em toda a Europa, sob o nome "Problemas escolares e organização da cultura". Na terceira seção deste livro é discutido o papel do jornalismo como uma instituição com obje- tivos, metas, problemas de mer- cado, concorrência que desem- penham um papel importante na promoção da cultura, visto que esta função será sujeita a certas orientações que vão des- de a linguagem que deve ser usa- da até o seu conteúdo ideoló- gico dirigido a uma dada cama- da de população. Todos estes conceitos, como afirmamos antes, foram basea- dos em realidades empíricas vividas pelo próprio autor; ou seja, a realidade italiana, especi- ficamente, e a européia de um modo geral. • Waldemar S. Pedreira Filho 1 Apud Portelli, Huges. Gramsci y el blo· que histbrico. Buenos Aires , Sigla Vien- tiuno, 1974, p. 1O. 2 ld. ibid. p. 48. 3 Althusser, L. Sobre o trabalho tebrico. Lisboa, Editorial Presença. p. 57.