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ALBERTO GUERREIRO RAMOS
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A NOVA CIÊNCIA
DAS ORGANIZAÇÕES
Uma reconceituação da
riqueza das nações
Tradução de
MARY CARDOSO
Jill^üii CsauarSõ Jfiorcno fOiioa
ESTATÍSTICO
FGV-Instituto de Documentação
Editora da Fundação Getulio Vargas
Rio de Janeiro, RJ — 1981
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„ dar ao rascunhodeste livro sua forma presente. Beverly Harwick da-
^íôVetíetextoesou reconhecido àsua alerta diligencia. Gostaria
2X£df«iSn£ aqui omeu carinho por duasadoráveiscnaturas,
Í^Ttudí aue se foi parasempre, eCochese, alegres efiéis
^ZZZ£^o^companheirosdasminhassolitárias
h0n,S Finalmente! minha permanência na Wesleyan University ena
Yale University, como professor visitante econfrade visitante, respec
tivamente por ocasião da licença especial para estudos que me foi
concedida pela USC no ano acadêmico de 1972/73, representou uma
auspiciosa oportunidade para que eu clarificasse aforma deste livro. O
processo de revisão da Editora da Universidade de Toronto, sob adire
ção de R. I- K. Davidson, foi de inestimável valor para aarticulação de
meu trabalho. As críticas ao esboço original, que recebi dos leitores da
Editora daUniversidade deToronto, contribuíram decisiva e generosa
mente para aconfiguração easubstância finais do livro.
Aresponsabilidade pelo que no livro se contém, éclaro, cabe
a mim.
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PREFACIO
Neste livro, apresento o arcabouço conceituai deiwm nova
ciência das organizações. Meu objetivoécontraporum modjlojejuiá-
SãfifiSmpàmSSj aadrnuu>Uaçãoj>ubbçajioi_ult^pjJP^:_
LtSõTTmPten^rais,que uma_teoriada«P°"^**£dTnolnlfciaò-liloTipUcável atodos mas apenasaum ripe e^cial
de atividade. Aa-pücação de seus princípios atodas ^íormfJ^
vidade está dificultando aatualização de possíveis novos sistemas^so-
S, necessários àsuperação de dilemas básicos de «"*££
Argumento ainda, que omodelo de alocação de mao-de-obra ede re-
ÍSTmSí na teoria dominante de organização, nãojeva ern
"•con^ as exigências ecológicas , não_se_vincula,.portanto, k. estígiQ
conlen^p^anVlaTcip-acidades de ^S^^f^Tl
que amaneira pela qual éensinado omodelo JM^**"»*
desastrosa, porque não admite explicitamente sua limitada utüidade
******* usando aexpressão novaciênciadas organizaçõesem sen
tido amplo,eamesma inclui assuntos não apenas pertinentesasetores
presentemente rotulados como administração públicaeadministração
é!w£m privadas, mas também temas especificamente pertencen
tes ao campo da economia, da ciência política daciência da fonnul.
ção de políticas eda ciência social em geral. Assim sendo, damaneua
como está concebidaneste livro, anovaciência das orgaruzaçõesédm-
SE aproblemas de ordenação dos negócios sociais epessoais numa
microperspectiva, tanto quanto numa perspectiva mi"°-
De um modo geral, oenriao e otiemajnento oferecidos aos
estudantes, não apenas nas escolas de administração publicaedejuta*
rüsFaçfcTde empresas, mas igualmente nos departamentos de ciência
social ainda são baseados nos pressupostos da sociedade centrada no
mercado. Hoje énecessário um modelo alternativo de pensamento,
ainda não articulado em termos sistemáticos, porque asociedade cen
trada em mercado, mais de 200 anos depois de seu aparecimento, está
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arando agora suas limitaçõesesua influência desfiguradora davida l
r^ como um todo. Eéapenas tal forma de pensamentoque este
UVK> NtocWÍtulo 1,tnto do conceito básico de toda ciênciasocial-
. razfo Amoderna ciência social não pode ser completamente expli
cada senão àluz da compreensão peculiar da razão que nela esta im
plícita Neste século, acrítica da razão moderna foi iniciada por Max
Weber eKarl Mannheim, que falharam, não obstante, quanto aencarar
consistentemente a complexidade dessa razão. Mais recentemente,
Eric Voegelin tentou avaliar a razão moderna do ponto de vista do le
gado clássico do pensamento e, por mais significativa que sua grande
contribuição possa ser considerada, pressupõe ela, contudo, um cará
ter restaurador que não está suficientemente qualificado. Mais ainda,
deixa de prover anova ciência das organizações eda sociedade da perí
cia operacional e analítica exigida pelas condições históricas de nosso
tempo. Outra significativa linha de crítica é representada pela chama
da Escola de Frankfurt que, mostrarei, ainda está carregada de moder
nas ilusões de cunho historicista.
Ocapítulo 2éuma crítica do modelo contemporâneo de ciência
social, do ponto de vista de um modelo alternativo que chamo de
teoria substantiva davidahumana associada, e queé calcado nadistin
ção feita por Max Weber entre Wertrationaliíaí (valor ou racionalidade
substantiva) e Zweckrationalitàt (racionalidade funcional) enaanálise,
de Karl Polanyi, da sociedade centradano mercado.
Ocapítulo 3 conceitualiza asíndrome psicológica inerente àso
ciedade centrada no mercado e especifica seus traços principais, a sa
ber: afluidez da individualidade, operspectivismo, oformalismo eo^>
operacionalismo. Esclarece que enquanto oscidadãos, em geral, con
tinuarem sucumbindo à persuasão organizada, às pressões eàs influên
cias que mantém tal síndrome em operação, haverá, na melhor das
hipóteses, pouca oportunidade para uma transformação social revita-
lizadora.
Nocapítulo4. sustento quea teoria daorganização, como cam
po disciplinar, está perdendo o senso de seus objetivos específicos,
pela tentativa de assimilar modelos e conceitos estranhos aseu domí
nio próprio. Em apoio desse argumento, examino exemplos de "colo
cação desapropriada" - misplacement —de conceitos demonstrados
por tópicos em voga no campo da teoria da organização. Concluo o
capítulo 4 fazendo a articulação de alguns tópicos básicospermanen
tes do estudo científico de organizaçõesformais.
O capítulo 5 apresenta o conceito da política cognitiva, e de
monstra que a mesma constitui a mais importante dimensão oculta da
psicologia da sociedade centrada no mercado. A teoria da organização
nunca atingiu o stahis de uma disciplina científica porque seus pro-
XII
ponentes não têm apercepção de semelhante dimensão. A> eonada
organização dominante épré-analítica, no sentido de quente0£*
do dos negócios humanos na sociedade centrada no mercado^como
uma premissa, sem se aperceber da extensão das^.d^sob^
vas 0 capítulo trata, com minúcia, de três pressupostos nao articula
dos da presente teoria da organização, isto é, aM-W*"»»
za humana com asíndrome comportamental.sta inerentej"°**«
centrada no mercado, adefinição da pessoa como um detentor de em
prego eaidentíficação da comunicação humana com acomunicação
instrumental.
Ocapítulo 6expõe mj™'™ <*gos epistemològicos^ajeona
X^Tnr"elucidam que a presente teona organizacional, dejx^jiste
laJn and Socie.y, bem como no livro 0*^X^980)
para usar os referidos artigos.
No capítulo 7, apresento um modelp multicéntrico dejmájise
dos sistemas sociais edo desenho_organizaçional que denomino- deli-
mítação dos sistemas-lioaairTarmod^^
Z^Zlriopeto ü=55a,3áTOsa5^eo«^^g
cr^vTo^núitiplõsl^
dale". 0 capítulrJTc^nsUtui uma apresentação preliminardaquilo que
cHãmõde paradigma paraeconòmico.
• Alei d^^uifes^de^os3>presentada no capitulo 8co
mo unTtópico fundamental da nova ciência das organizações. E*
aLdoomL*^^çao^sencial de qualqueT sociedade, que_deve_ter respostas para as ne:
capítulo sustento que^a um desses sistemasjoc.aiTletermma os
prfe^uisitoT^^^n.T^gr^rnTWlise da tecnologia, do tamanho,dlpercepçao,do
espaço e dotempo dossistemasjociais^
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No capítulo 9, tento mostrar as impücaçõesjolítjc^iio^-
Higrn, paraeconômico. Aessa altura, àtmno que adjlirnjt^o^
orgarn^õn^na^
deElclaTe^titp^dr^^
d™braVdeIeçuisõI^^
-l^e^iin^TIvnrconrum sumário oorFru^rn^un^amentm
da nova ciência das organizações eindicando o rumo geral de sua
^endOseifTclpi3tulos deste livro constituem uma unidade orgânica e
devem ser lidos na seqüência em que estão apresentados; de outra ma
neira, oleitor perderá aspectos fundamentais de seu desenvolvunento
teTrico Isso é particularmente verdadeiro em relação ao ultimo
SSSo,mquePse tornam evidentes as minhas diretrizes política, e
filosóficas. Ocapítulo não pode ser compreendido, se for lido como
uma peça autônoma. _ , .
Aprocura da nova ciência das organizações vem ocorrendo des
de algum tempo, constituindo um esforço gradativo, empreendido.por
grande número de estudiosos. Este livro aprove, amuito da atividade
criadora de tais especialistas, mas começa amoldâja num corpo abran-
gentede conhecimentos.
XIV
PREFÁCIO DA EDIÇÃO BRASILEIRA
Oleitor brasüeirodeste livro deve sempre levaremconta que= ele
sú^bstitujçãojõTumaji^^ verificará quels^
SSSSSRSSSwSnSSferasociedade,
SssssSSsrSSSSaSNo mundo contemporâneo, os EUA sao a mais •a
sociedade centrada no mercado. Por conseguinte éa, ^«™»
™vai-se tomando mais consciente do efeito deculturativo do merca
ao Eve*to?aue não vem ao caso relatar aqui levaram-me aresidir nos
EUA desde ^66 Nos últimos três lustros, aproblemática norte-ame
ricana tanto nosseus aspectosacadêmicos como naqueles pertinentes
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Mdomínio dos afazeres cotidianos, tem sido parte central de minha
rife Este livro destüa essa intensa experiência. Em vanas de suas pas-
noens éevidente que minhas elaborações conceituais sao largamente
afetadas por incidentes típicos da vida norte-americana. M^s^pjnodelo
dc sociedade que Ajwva_çiên£ÍíL^^^ Í* constitui,o desenho
eJ^tf^Hal decjescente"número de mdryiduos^mjodp o.mundo. Nos
EÜXTmmãrérde pessoas estão sistematicamente vivendo como se o
mercado fosse apenas um lugar delimitado em seu espaço vital. EstaJ.*
uma revolução silenciosa que embora nfo_faç_amançhetesnaimpren-
^^^^^^^^^^r^x^jo^ij^^^iojuturo, isto é, a
práxis de emergente modelo de relações entre os indivíduos, e entre
estes e a natureza. Em outras palavras, estemodelo restaura o que a
sorié&ídecentiãai no mercado deformou ou, em parte, destruiu: os
elementos permanentes da vida humana^
Acategorização desse modelo emergente na práxis de minorias
em todo o mundo tem importância universal, pois constitui areferên
cia magna da crítica da sociedade moderna, ede sua ideologia que, sob
o disfarce de ciência, devários modos comanda oprocesso configurati-
vo da vida dos povos, tanto nos países chamados capitalistas como nos
chamados socialistas.
Nos estudos que realizei no Brasil antes de radicar-me nos EUA
jáeram perceptíveis as linhas mestras do pensamento sistematicamen
te articulado nestelivro. Ao leitor interessado em verificar a progres
são desse pensamento dirijo as considerações finais aseguir.
Nos meus estudos publicados noBrasil desde 1951 encontram-se
análises da ciência social européia eda norte-americana, bem como do
marxismo edo paramarxismo [vejaIntrodução critica àsociologia bra
sileira (1957), OProblema nacional do Brasil (1960), ACrise do poder
no Brasil (1961), Mito e verdade da revolução brasileira (1963)]. Par
ticularmente significante na minha trajetória intelectual éARedução
sociológica, cuja primeira edição é datada de 1958. No prefácio da se
gunda edição deste livro (1965) sublinhei otríplicejentido da redução
so^ológjca.jjaber: a) atitude imprescindível àassjmilação_ciítica_da
ciência e da cultura importadas; l-jadestramento cultural sistemático
necessário para habilitar o individuçLaje^tir_àjnassificaçãojie sua
conduta e às pressões sociais organizadas; c) superação daciência so-
ciáTnos moldes institucionais é universitários emqueseencontra.
Na edição de 1958, ARedução sociológica tratou principalmen
te da mesma em seu primeiro sentido. Posteriormente, afim de ressal
tar o segundo sentido da redução sociológica, sugeri a categoria de
homem parentético, em Homem-organizaçãoe homem-parentético, ca
pítulo de Mito e verdade da revolução brasileira, eem Models ofman
and administrative theory, artigo publicado nonúmero demaio/junho
de 1972 da Public Administration Review.
XVI
Este livro éresultado de minhas pesquisas sobre aredução***>
lneica no terceiro sentido. Otema já tinha sido esboçado em meu esto
°o8d MM!>tualdasociologia,queconstituiog^.
vZJn?o(966) minhas anájiswjtoç^ncrit^^
oJeitoLencontrará neste livro. nrnAuin a- cerca de
ANova ciência das organizações é, ^gf^JZ?"
30 anos de pesquisa ereflexão. Mas ele não articula tudo aquilo em
ção da proposta de trabalho teónco eoperacional, que espero
mar durante o resto deminha vida.
Alberto Guerreiro Ramos
LosAngeles, 1980
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SUMARIO
Agradecimentos IX
Prefácio XI
Prefácio daedição brasileira XV
1. Crítica da razão moderna esua influência sobre a teoria da
organização 1
1.1 Arazão como cálculo utilitário de conseqüências 2
1.2 Aresignação eos pontos de vista de Max Weber sobre a
racionalidade 4
1.3 Avisão limitada de racionalidade de Karl Mannheim 6
1.4 Ateoria críticadaescola de Frankfurt 8
1.5 Otrabalho derestauração deEric Voegelin 75
1.6 Alguns comentários críticos 19
1.7 Conclusão 22
Bibliografia 23
2^Norumo de uma teoria substantiva da vida humana
associada 25
2.1 Amoderna transavaliação dosocial 28
2.2 Ordenamento político e sociedade 33
2.3 A dicotomia entrevalores e fatos 37
2.4 Aciência social como uma ideologia serialista 39
2.5 Da ciência social cientística 42
2.6 Conclusão 45
Bibliografia 46
3l Asíndrome comportamentalista 50
3.1 A fluidez da individualidade 53
3.2 Perspectivismo 57
3.3 Formalismo 59
3.4 Operacionalismo 62
3.5 Conclusão 67
Bibliografia 67
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4 Colocaçãodesapropriada de conceitoseteoria da organização 69
41 Traços fundamentais da formulação teórica 69
Adeslocação transforma-se em colocação inapropnada 71
Ailusão da autenticidade corporativa 72
Aalienação mal compreendida 72
Sanidade organizacional, uma denominação incorreta /o
Pessoas emodelos desistemas 79
Conclusão 82
Bibliografia 83
Política cognitiva - apsicologia da sociedade centrada no
mercado 86
5.1 Política cognitiva, uma digressão histórica 87
Apolítica cognitiva easociedade centrada no mercado 90
Uma visão paroquial da natureza humana 93
0 alegre detentor de emprego, vítima patológica da
sociedade centrada no mercado 98
5.5 Apsicologia da comunicação instrumental 108
5.6 Conclusão 114
Bibliografia 115
I
5.2
5.3
5.4
6. Uma abordagem substantiva da organização 118
6.1 Tarefa 1- aorganização como sistema epistemológico 118
6.2 Tarefa 2- pontos cegos da teoria organizacional
corrente 120
Reexame danoção de racionalidade 121
Peculiaridade histórica das organizações econômicas 123
Interação simbólica e humanidade 126
Trabalhoe ocupação 129
Conceptualização de uma abordagem substantiva da
organização 134
6.8 Conclusão 136
Bibliografia 138
7. Teoria dadelimitação dos sistemas sociais: apresentação de um
paradigma 140
7.1 Orientação individual e comunitária 140
7.2 Prescrição contraausência de normas 143
7.3 Conceituação das categorias delimitadoras 146
Bibliografia 153
XX
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8. Alei dos requisitos adequados eodesenho de sistemas
sociais 155
Bibliografia 173
9. Paraeconomia: paradigma emodelo multicêntrico de
alocação 177
Bibliografia 191
10. Visão geral eperspectivas da nova ciência 194
10.1 Aciência social convencional 194
10.2 Aorganização resistente 198
Bibliografia 201
índice analítico 203
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assim, aojd^rsu^i^^ Mais ainda^vldadantíto
na psique^KulnãhTéTa-êTiciridTíon^^a realidade que resistia asua
nrÓDria redução aum fenômeno histórico ou social.
P PNos trabalhos deVHobbe> a"razão moderna" e. pela primeira
vez clara esistematicamentearticulada, eaté hoje sua influencia nao
desap receu. Definindo arazão como uma capacidade que oindivíduo
adqíi "pelo esforço" (Hobbes. 1974, p^ 45) equeohabd.tjj^/fcj?
mais do que fazer o"cálculo utilitário de conseqüências TttobbesT
1974 o 41) Hobbes pretendeu despojar arazão de qualquer papel
normativo no domínio da construção teórica eda vida humana asso
ciada. Numa obra em que tenta levar acabo oseu propósito diz ele:
"A filosofia civil" é "não mais velha... do que meu livro De Ove
(Hobbes, 1839, p. IX).
De acordo com Hobbes. parece que o termo racionalidade eago
ra geralmente empregado por leigos, tanto quanto pelos c.ent.stas so
ciais segundo uma feição enganadora, que, todavia, não ma.s reflete o
tipo'de indagação consciente empreendido por Hobbes. esim profun
da desorientação. As enganosas implicações de que ora se reveste oter
mo precisam ser identificadas pelo que realmente são. Ja que. em nos
sos dias a racionalidade assume com freqüência conotações antiteticas
relativamente aos propósitos fundamentais da existência humana a
anti-racionalidade sem qualjficação transformou-se numa_dasjeses de_
àTgmTS-TnTTlè-eTicãrar^^ No entanto,
quando se examinam suas intenções, percebe-se que adeles e uma
causa errada Suas intenções podem ser boas, mas seu objetivo esta en
ganosamente mal colocado. Aracionalidade por que se batem e, na
realidade, a distorção de um conceito-chave da vida individual e
associada.
A transavaliação da razão - levando à conversão doconcreto no
abstrafõTã^ bom no funcional, e mesmo do ético no não-ético - ca
racteriza operfil intelectual de escritores que tém tentado legitimar a
sociedade moderna exclusivamente em bases utilitárias. Uma das teses
principais deste livro consistirá em assinalar que, quando comparada
com outras sociedades, a sociedade moderna tem demonstrado uma
alta capacidade de absorver, distorcendo-os, palavras econceitos cujo
significado original se chocaria com o processo de auto-sustentaçao
dessa sociedade. Uma vez que a palavra razão dificilmente poderia ser
posta de lado, por força de seu caráter central na vida humana, asocie
dade moderna tornou-a compatível com sua estrutura normativa.
Assim na moderna sociedade centrada no mercado, a linguagem dis
torcida tornou-se normal, e uma das formas de criticar essa sociedade
consiste na descrição de sua astúcia na utilização inapropriada do vo
cabulário teórico que prevalecia antes de seu aparecimento.
Com o intento de preparar o caminho que levará a uma nova
ciência das organizações eda sociedade como um todo, livre de desfi-
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^««Amico das sociedades industriais desenvolvidas tem sido uma con-
SSSTuíInS-v. aplicação das ciências naturais. No entanto, a
SSade manipuladora de tais ciências não constitui necessanamen-
Z uma indicação de sua sofisticação teórica. Assim, de acordo com
HÚsserl na medida em que essas ciências admitem como evidente por
si mesmo otipo pré-refletivo da vida cotidiana ficam elas "no mesmo
nível de racionalidade das pirâmides do Egito (Husserl, 1965, p. 186).
Em outras palavras, as ciências naturais do Ocidente nao se fun
damentam numa forma analítica de pensamento, jáque se viram apa
nhadas numa trama de interesses práticos imediatos. Éisso, talvez, o
que Husserl quis dizer com aafirmação: "Toda ciência natural éingê
nua, relativamente aseu ponto de partida. Anatureza, que irá investi
gar,'está simplesmente à disposição dela para isso" (Husserl, 1965,
p. 85). No fim de contas, as ciências naturais podem ser perdoadas por
sua ingênua objetividade, em razão de sua produtividade. Mas essa to
lerância não pode tervez nodomínio social, onde premissas epistemo-
lógicas errôneas passam aser um fenômeno cripto-político - quer di
zer, uma dimensão normativa disfarçada imposta pela configuração de
poder estabelecida.
O presente capítulo é uma tentativa de identificação da episte-
mologia inerente na ciência social estabelecida, de que a atual teoria
organizacional é um derivativo. Meu principal argumento éque aciên
cia social estabelecida também se fundamenta numa racionalidade ins
trumental, particularmente característica do sistema de mercado. Con
cluirei o capítulo indicando o assunto principal do capítulo 2: um
conceito de racionalidade mais teoricamente sadio, quer dizer, uma ra
cionalidade substantiva, que ofereça a base para uma ciência social al
ternativa, em geral, e para uma nova ciência das organizações, em
particular.
1.1 A razão como cálculo utilitário de conseqüências
No período moderno) da história intelectual do Ocidente, que
começou noléciiIõ"XVII e continua até os nossos dias, o significado
previamente estabelecido daquelas pilavras que constituem uma lin
guagem teórica fundamental mudou drasticamente, numa direção de
terminada. Nos trabalhos de homens como Bacon e Hobbes, escreven
do no clima cultural do século XVII, é evidente que o significado do
termo razão (assim como deoutros termos tais que ciência e natureza)
já era peculiar, enquanto refletia um universo semântico sem prece
dente.
No sentido antigo, como será mostrado, a razão era entendida
como força ativa na psique humana que habilita o indivíduo adistin
guir entre o beme o mal,entre o conhecimento falso e o verdadeiro e,
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«mradá linguagem teórica, examino rapidamente, nos parágrafos se
guintes, aavaliação crítica da razão moderna, empreendida por alguns
dos mais eminentes estudiosos contemporâneos.
1.2 Aresignação eos pontos de vista de Max Weber sobrea
racionalidade
Quando Max Weber iniciou seu trabalho acadêmico, avelha no
ção de razão já tinha perdido a/€õnòt^çapjiojTnauy>> que sempre tive
ra, como referência para a ordenação dos negócios pessoais e sociais.
Por um lado, de Hobbes a Adam Smith e aos modernos cientistas so
ciais em geral, instintos, paixões, interesses easimples motivação subs
tituíram a razão, como referência para a compreensão e a ordenação
da vida humana associada. Por outro lado, sob a influência do Ilumi-
nismo, de Turgot a Marx, a história substituiu o homem, comoporta
dor da razão. Contra tal situação, Max Weber permanece como uma
figura solitária. Rejeitou tanto o rude empirismo britânico eo natura
lismodoscientistas sociais, quanto o determinismo histórico,principal
característica de influentes pensadores alemães. Uma clara indicação
da conotação polêmica daobraacadêmica deWeber estáemsuatenta
tiva de qualificar a noçãoderacionalidade.
Max Weber é descrito, freqüentemente, como verdadeiro crente
na insuficientemente qualificada excelência da lógica inerente à so
ciedade centrada no mercado. No entanto, uma leitura cuidadosa de
sua obrajustifica diferente avaliação de seu pensamento, a propósito
do assunto. Ele escreveu muito sobre o mercado como a mais eficiente
configuração para o fomento dacapacidade produtiva deumanação e
para a escalada de seu processo de formação de capital. Mas, ao
voltar-se para o mercado e parasualógica específica, é evidente que
nenhum fundamentalismo mancha sua investigação. Em outras pa
lavras, não era um fundamentalista, no sentido de que explicava o
mercado e sualógica específica como constituindoa síndrome de uma
época singular: a história, segundoele, não iria encerrar seu curso com
o advento dessa época. Focaliza esses assuntos do ponto de vista da
análise funcional e, na realidade, merece ser considerado o fundador
da análise funcional. Autores modernos, como, por exemplo, Adam
Smith, negligenciam o caráter precário da lógica demercado, enquan
to MaxWeber a interpreta como um requisito funcional de um deter
minado sistemasocial episódico. AdamSmith procedeucomo um fun
damentalista, visto como exaltou a lógicado mercado como um ethos
da existência humana em geral.MaxWeber,porém, descreve essalógi
ca (da quala burocracia é umadasmanifestações) comoumcomplexo
eurístic^em afinidade com uma forma peculiar de sociedade - oca-1
pitãHsmo, ouA^QJieiria^ociedajfjl? mgssa Condena explicitamente
qualquer tipo fundamentalista de análise econômica, que "identifica'
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opsicologicamente existente com oeticamente válido" (Weber 1969.
p. 44). Nessa disposição etendo em mente os economistas^iberais.
observa: .*.*v/vSr A^iVft^:y
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"Os defensores extremados dó livre-comércioi.. concebiam (a eco
nomia pura) como um retrato adequado da realidade natural. isto
é darealidade nãoperturbada pela estupidez humana - e prosseguiam
visando a estabelecê-la como um imperativo moral, como um válido
ideal normativo - enquanto que ela é apenas um tipoconveniente, a
ser usado naanálise empírica" (Weber, 1969, p.44).
Ojulgamento que Max Weber fez do capitalismo eda moderna
sociedade de massa foi essencialmente crítico, apesar de parecer lauda-
tório. Chocava-se ante a maneira pela qual tal sociedade fazia a reava
liação do significado tradicioriaUaracionalidade, processo que intima
mente lamentávãrèmbõrãrfenha deixado dedíretamente confrontá-lo.
Muito embora Weber se tenha recusado a basear sua análise sobre a in
dignação moral, como fizeram outros teóricos, de forma notável, éum
erro atribuir-lhe qualquer compromisso dogmático com aracionalida
de gerada pelo sistejrja^rjLtalista, Adistinção que fez, entre Zwckra-
rionalitàt e Wertrationalitat - e que. é verdade, algumas vezes minimi
za - constitui, possivelmente, uma manifestação do conflito moral em
que se sentia com as tendências dominantes da moderna sociedade de
massa. Cqmo-4-amplamente sabido, ele salientou que a racionalidade
formal)e fastrumentiu) (Zwcekrationalitat) é determinada por uma ex
pectativa de resultados, ou "fins calculados" (Weber. 1968, p. 24). A
racionalidade substantiva, ou de(tàor^WertrationaIitàt). édetermina
da "independentemente de suas expectativas de sucesso" enão carac
teriza nenhuma ação humana interessada na "consecução de um resul
tado ulterior a ela"(Weber, 1968, p. 24-5). Nessa conformidade, We
ber descreve a burocracia como ejn^enhad^jnijunções racionais^ no
contexto peculiar de uma sociedade capitalista centrada no mercado, e
cuja racionalidade é funcional e não substantiva, esta última consti
tuindo um componente intrínseco do ator humano.
Sob fundamento algum é possível considerar-se Max Weber
como um representante dafracionalidade burgueji^tima vez que ele
encarava esse tipo de racionalidade com evidentédesinteresse pessoal.
Aqueles que afirmam o contrário identificam inadvertidamente suas
observações ad hoc com sua posição pessoal, em termos gerais, da
mesma forma que deixam de perceber a tensão_espiritual que subli
nhou seus esforços para investigar,«ne ira ac studkyz temática de sua
época. Na verdade, ele foi incapaz dTrèlolveTCfsãtensão empreenden
do uma análise social do ponto de vista da racionalidade substantiva.
De fato, a Wertrationalitat é apenas, por assim dizer, uma nota de

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rodapé em sua obra; não desempenha papel sistemático em seus estu
dos. Se o fizesse, a pesquisa de(Weberteria tomado um rumo comple
tamente diferente. Escolheu ele íresignação (isto é. aneutralidade em
face dos valores, não aconfrontação^como posição metodológica, em
seu estudo da vida social. Contudo, essa resignação nunca o desorien
tou, transformando-o em um historicista radical. De modo significa
tivo, considerava "auto-enganadora" qualquer posição que "afirme
que através da síntese de vários pontos de vista partidários, ouseguin
do uma linha intermediária aos mesmos, seja possívelchegar-se a nor
mas práticas de validade cientifica" (o grifo é do original) (Weber.
1969, p. 58). Seu historicismo foi mantido cmequilíbrio pelo forte sen
timento pessoaldefinitude dosconceitos científicos, emcomparação
^çom a "corrente infinitamente multiforme" (Weber. 1968. p. 92) da
realidade.
O funcionalismo qualificado de Max Weber tem sido mal com
preendido por alguns de seus intérpretes, e mesmo pelos que se auto-
proclamam seus seguidores. Um caso a assinalar é Talcott Parsons. cuja
obra, ao que parece, sofreu a influência de Max Weber. Parsons mostra
pouca ou nenhuma ambigüidade moral em relação à racionalidade
imanente ao sistema de mercado. À luz de seu modelo dogmático de
análise estrutural e funcional, do qual extrai sua noção de "variáveis-
padrão" e "universais-evolutivos"! os requisitosespecíficosda socie
dade capitalista avançada tornam-se padrões dogmáticos para a ciência
social comparativa, e mesmo para a própria história.
1.3 A visão limitada de racionalidade de Karl Mannheim
Éóbvio que Karl Mannheim se apoia em Max Weber para estabe
lecer uma distinção entre racionalidade substanciai ejuncional. Define
racionalidade substancial como "um ato de pensamento que revela
percepções inteligentes das inter-relações de acontecimentos, numa
situação determinada" (Mannheim. 1940, p. 53) e sugere que atos
dessa natureza tomam possível uma vida pessoal orientada por"julga
mentos independentes" (Mannheim, 1940. p. 58). Essa racionalidade
constitui a base da vida humana ética, responsável. A racionalidade
funcional diz respeito a qualquer conduta, acontecimento ou objeto,
na medida em que este é reconhecido como sendo apenas um meio de
atingir uma determinada meta. A influência ilimitada da racionalidade
funcional sobre a vida humana solapa suas qualificações éticas.
Tal distinção, portanto, é estabelecida para propósitos éticos e,
na verdade, Mannheim sublinha o fato de que a racionalidade funcio
nal "tendea despojar o indivíduo médio" (Mannheim. 1940, p. 58)de
sua capacidade de sadio julgamento. Ele vê um declínio das faculdades
1 Veja Parsons, Talcott (1962 1964).
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de crítica do indivíduo, na proporção do desenvolvimento davindus- (
cSatefe) Sugere, também, que embora aracionalidade funcional
teflhTeStído em sociedades anteriores, estava nelas restrita aesferas
limitadas Na sociedade moderna, porém, tende aabranger atotalida
de da vida humana, não deixando ao indivíduo médio outra escolha
além da desistência da própria autonomia e"de sua própria interpreta
ção dos eventos, em favor daquilo que os outros lhe dão" (Mannheim,
1940, p. 59)- Seu livro Man and society in an age ofreconstruetion é
uma indagação sobre a maneira de proteger avida humana contra a
crescente expansão da racionalidade funcional. Mannheim alega que
todo aquele que deseje ser coerente com adistinção entre os dois tipos
de racionalidade precisa compreender que umjltograu de desenvolvi- ^
mento técnicoxecoriômico_riQdíçpjnisp^ridjr^^paixodesenvolvi-
mento ético. Vale a pena salientar esse ponto, porque há autores de
orientação positivista que parecem admitir a validade da distinção,
sem se aperceberem, aparentemente, das conseqüências éticas dessa
distinção.
Adistinção que Mannheim faz não sugere que aracionalidade
funcional deva ser abolida do domínio social. Estipula, antes, que uma
ordem social verdadeira e sadia não pode ser obtida quando ohomem
médio perde a força psicológica que lhe permite suportar a tensão
entre aracionalidade funcional e asubstancial epor completo se rende
às exigências da primeira. Tal situação éagravada quando aqueles que
estudam oprocesso formativo de decisões descuram da tensão existente
entre as duas racionalidades. Através da abordagem do processo for
mativo de decisões de um ponto de vista puramente técnico e pragmá
tico, aceitam aracionalidadejuncional comoo padrão fundamental
da vida humana.
Aparentemente, aanálise empreendida por Karl Mannheim ado
tou uma posição confrontativa, no sentido de que reflete aânsia liber
tária do autor para encontrar meios de modificar oestado atual das
sociedades industriais. Na realidade, ele não tirou, inteiramente, as
conseqüências da distinção que fez. Seu ecletismo relacionahsta, pelo
qual pretendeu integrar todas as principais correntes da ciência social
contemporânea, acabou por deixá-lo desnorteado. Nem apreocupação
de Mannheim com a liberdade humana o salvou da perplexidade inte
lectual O esforço classificatório que desenvolveu, na avaliação e
comentário de descobertas feitas no campo da ciência social conven
cional nunca lhe permitiu, realmente, chegar aum conjunto coerente
de diretrizes teóricas. Por exemplo, nolivro Man and society inan age
ofreconstruetion, são apresentadas uma análise aguda eobservações
precisas, mas no fim de contas ele não conseguiu desenvolver um
conceito de ciência social em consonância com sua noção de raciona
lidade substancial.
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14 Ateoria critica da Escola de Frankfurt
Aracionalidade tem sido uma das preocupações centrais da cha
mada Escola de Frankfurt.2 Seus principais representantes, essencial
mente, afirmam que, na sociedade moderna, aracionalidade se trans
formou num instrumento disfarçado de perpetuação da repressão
social, em vez de ser sinônimo de razão verdadeira. Esses autores pre- 
tendem restabelecer o papel da razão como uma categoria ética e,
portanto, como elemento de referência para uma teoria critica da
sociedade. Recusam, ao que parece, o pressuposto de Marx de que a
racionalidade é inerente à história, e que o processo da sociedade mo
derna, através da crítica dialética de si mesma, conduzirá àIdade da
razão. Salientam que Marx não percebeu que,na sociedade moderna,
as forças produtoras haviam conquistado seu próprio impulso institu
cional independente, assim subordinando toda avida humana ametas
que nada têmaver com a emancipação humana.
O questionamento a que Horkheimer e Adorno submetem o
conceito dejazãode Marx é uma conseqüência lógica desua análise da
tradiçãoÇüurrn^ista) Encaram eles oIluminismo como omomento em
que oconhecimento daj^zãojoijeparado de sua herança clássjca^De
acordo comBõfRRêímer, há umateoria de razão objetiva^oriunda de
Platão e Aristóteles e passando através dos êscolásticose mesmo atra
vés do Idealismo alemão(Horkheimer, 1947, p. 41), que enfatiza os
fins de preferência aos meios e as implicações éticas davida de razão
para a existênciahumana. Essateoria
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"... não focaliza a coordenação de comportamento e propósito, mas
conceitos - não importa o quanto nos pareçam hoje mitológicos
- sobre a idéia do bem maior, sobre o problema do destino humano
e sobre a maneira de serem atingidos os objetivos últimos"(Horkhei
mer, 1946, p. 5).
Horkheimerconsidera implícitos nesse entendimento da razãoos pre
ceitosde ordenaçãodavida do homem.
Noentanto, o Iluminismo transforma pensamento em matemá
tica, qualidades ernfunçoes, conceitos em fórmulas, e a verdade em
freqüências estatísticas de médias. Em outras palavfasy-com o Ilumi
nismo, "o pensamento se transforma em merátautologiay (Horkhei-
2 Sobrea históriada Escolade Frankfurt, vejaJay, M. (1973).
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mer 1947 P97)3 Na perspectiva do Iluminismo, omundo 6escrito
Tfólíaímatlmática:ePo desconhecido perde seu »-cen *
significado clássico, tomando-se alguma coisa relativa as capacidades
de cálculo disponíveis. Assim, Horkheimer eAdorno escrevem.
"A redução do pensamento a um aparelho matemático esconde a
sanção do mundo como seu próprio instrumento de mensuraçao. O
que parece ser otriunfo da ... racionalidade, asujeição da realidade
toda ao formalismo lógico, épago pela obediente submissão da razão
ao que édado duetamente.^iejjib^^
ção e aborda^enula_coim<xin^^
-g~Hg^^ni^ yenhaodia ..."ffloridietaet eAdorno.
-T9TZTpT!£7)7~
Apesar das proclamações "dialéticas" de Karl Marx, que preten
deu ter despojado oracionalismo do século XVIII de seus traços meca-
nicistas seu conceito de razão está profundamente enraizado na tradi
ção do'iluminismo, na medida em que ele acreditava que oprocesso
histórico das forças de produção é racional em si mesmo e,portanto,
emancipatório. Isso é uma üusão, afirma aEscola de Frankfurt, e
Habermas, em especial, ocupa-se sistematicamente dessa questão.
A"liquidação" da razão "como um fator de compreensão ética,
moral e religiosa" (Horkheimer, 1947, p. 18) não teria sido consuma
da no decurso dos últimos séculos, sem a concomitante desnaturaçao
da linguagem filosófica e da linguagem usada nos negócios humanos
comuns. Divorciando palavras e conceitos de seu respectivo conteúdo
"G"^meTe,eoCThoVrnem tornou-se menosdependente de padrões absolutosde
conduta, de idéias vinculadoras em termos universais. Considera-se tao completa
mente livre que não precisa de nenhum padrão, exceto oseu propno. No entan
to paradoxalmente, esse aumento de independência conduziu aum aumento pa
ralelo de passividade. Sagazes como se tornaram as estimativas individuais no
que se refere aos meios ao alcance do homem, aescolha que ele fez de seus fins,
que anteriormente se correlacionavam à crença numa verdade objetiva, passou a
ser desprovida de argúcia: o indivíduo, expurgado de todos os resquícios de mi
tologias, incluindo a mitologia da razão objetiva, reage automaticamente, de
acordo com os padrões gerais de adaptação. Forças econômicas esooaisjomam^
o caráter dos CeWLttndgM naturais oue ohomem, para_a_HejejyjCjg_dj.sj_mes^
-mc-TjTRísTaorninãr, ajustando-se a elas. Como resultado final do processo, te-
mòhle-TiTinaTlcrrpèssoa, oegó abstrato despojado de toda asubstancia, exceto
desua tentativa de transformar tudo que existe no céu e na terra em meios de
autopreservação e,de outro lado, uma natureza vazia, degradada acondição de
mero material, mera matéria-prima a serdominada, sem outro propósito que o
da sua pura dominação pelo ser humano" (Horkheimer, 1947, p.97).
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intrínseco,oJhjminjsjTiode*^^£>
"Alineuaeemfoireduzidaamaisuminstrumentonogigantescoapa
relhodeprodução,nasociedademoderna.Todasentençaquenão
eqüivaleaumaoperaçãopareceaoleigotãodesprovidadesignificado
quantoéassimconsideradapelossemânticoscontemporâneos,que
entendemqueaquiloqueépuramentesimbólicoeoperacional,quer
dizer,asentençapuramentesemsentido,fazsentido...Namedidaem
queàspalavrasnãosãousadascomopropósitoevidentedecalcular
tecnicamenteprobabilidadesimportantes,ouparaoutrosobjetivos
práticos,entreosquaisseincluiorelaxamento,corremelasoriscode
setornaremsuspeitas...porqueaverdadenãoconstituiumfimemsi
mesma"(Horkheimer,1947,p.22).
Horkheimervêoprocesso^e_d_esnaturaçãodalinguagemcomo
umresultadodaj»õlunaasocTalíz^ãg^oJndnaduQnosistema_indus-
-tiiãrmoa^fnóTEmalgumaspáginasdeEclipsedarazão,antecipaeleo
essencialdaquiloqueRiesmanneseusassociadosteriamadizerem
77i<?Lonelycrowd.*Horkheimerdescreveohomemmodernocomo
um"egocontraído,prisioneirodeumpresenteefêmero,esquecendo-
sedeusarasfunçõesintelectuaispelasquaisfoicapaz,umdia,de
transcendersuaefetivaposiçãonarealidade"(Horkheimer,1947,
p.22)._OJndjyiduojnodernoperdeuacapacidadedeusar_alinguagem
pa^ajransmiEdeexprimir
propósitos.Emconseqüência,recusa-seHorkheimeraaceitarousual
"comportamentodaspessoas"(Horkheimer,1947,p.47),nasociedade
moderna,comobaseparadecidirosignificadoderacionalidade.Sem
dissimularsuaindignaçãomoraldiantedamodernização,eleterminay:^
olivroEclipsedarazãocomaseguinteafirmativa:"Adenúnciadaqui-^
Ioqueéhojechamadoderazãoéomaiorserviçoquearazãopode
prestar"(Horkheimer,1947,p.187).
—Anoçãoderacionalidadeéigualmentesoberananostrabalhos
de(ííabêrmaàSeuinteresseprimordialéaconstruçãodeumateoria
críticaUíTsociedade,comoinstrumentoparaestabeleceroprimadoda
condutaracionalnavidasocial.AocontráriodeWeber,Habermasnão
suspendeospadrõeséticosquandosevoltaparaotemadaracionalida
denassociedadesmodernas.Nocontextodestecapítulo,parecequeo
trabalhodeHabermassetomaimportantenamedidaemquetratados
temasseguintes:
4VejaJay(1973,p.262).
sVejaespecialmente,Horkheimer(1947,p.141-2).
10
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1Arestauraçãodoconceitodeuminteresseracional,queembora
LrifSInolensamentopolíticogrego,passouasertemacentraldos
h£E7queumasociedaderacionaliriaresultar,necessanamente,
daracionalidadeinstrumentalsobreassociedadesmodernas.
4^padronizaçãodacomunicaçãocomopontocentraldeumateona
soc^lintegrativacrítica.Inclina-seeleporumaespéciedecrítica
"te^femi)mergulhanacorrenteprincipaldoIdealismoalemão
oaraexanunaTaracionalidadedeunupontodevistaenrico.Salen£
CnafiCfiatranscendentalde@)"jáapareceoconceitodeum
JtereseTrazão"(Habermas,196Kp.198).Arazãopuranaobra
*btftemointeressepráticodeviraencarnar-senavidasoe«d.
AraíofoiconcebidaporKantcomosendodotadadecausalidadee,
de^anamreza,podeiinduziranoçãodeumbemaserprocurado
noTomTnioda'vidapessoal,tantoquantono^vidasocialAn*ao
nreceituaumdeverexclusivamenteaosseresracionai?disseKant,
re^pen^eritõWs^tiirõtemainteirodesuaCriticadarazão
pZa?Contém,acreditaHabermas,osrudimentosdeumateona
criticadasociedade.Alémdisso,Kantéaraizdopensamentosoc.oló-
JcoSemio,deumaformaoudeoutra.Habermasapo.a-senaherança
LtianaLadesenvolverumateoriasocialconsonantecomo«grüfl-
«doesquecidoderacionalidade.Emumdeseusresumosdopensa-
mentodTKantdizeleque"narazãoexisteumimputointiinseco^
Í^^^o^^^^^sseprático,quesedevenatomarefet-
'«soledadedeseresracionais.Oproblemaconsisteemcomo
omTpráticaarazãopura,nomundosocial,easrespostasaessaper
guntatêmvariado.HegeleMarxacreditavamquearazãopunl*har-
monizariacomarazãopráticadavidadecadadia,numaIdadeda
SH-entendiamcomoaconseqüêncianecessáriadaevolução
tótóricrHabermasquestionafundamentalmentetalentendimento
Depoisdeenfatizaroconceitodeuminteressedarazão,naobra
deKant^abermasobserva,contudo,queFichtedeugestãoum
tratamentoqueseajusta,particularmente,au™teo™|^^DesenvolveuFichteo"conceitodointeresseemancipatonoinerentea
^íoativa"(Habermas,1968,p.198),que«"^«"^boraçãodeumatipologiadeinteressescogmtivos,comoenterras
oaíaadiferenciaçãodeváriasjmhaWç^SíHiisa,nodomínioda
SSciA25.deFichteéespééiKirteRetiraporqueidenti-
*>ApudHabermas(1968,p.200).
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fica aracionalidade como oatributo essencial da consciência humana
esdarecida isto é, de uma consciência liberada do dogmatismo que de
otáriomfecciona todasas formasconhecidas de vida cotidiana.
Anoção de interesse <íogrittvo)tiansforma-se num instrumento
central oara adistinção entie^àriõTtipos de ciência. Habermas os dife
rencia de acordo com os interesses orientadores de suas pesquisas, a
saber- a) "ciências (ciências naturais) cujo interesse cognitivo e o
controle técnico sobre processos objetificados"; b) ciências cujo inte
resse cognitivo é uma "preservação eexpansão da intersubjetividade
da possível compreensão mútua orientada para aação"; c) ciências
subordinadas ao interesse cognitivo emancipatório, isto é,que devem
ser consideradas como instrumentais na estimulação da capacidade
humana para a auto-reflexão e a autonomia ética (Habermas, 1968,
p. 309-10).
O interesse orientador da pesquisa de uma teoria crítica da
sociedade éaemancipaçjo_dojiomem. através do desenvolvimento de
suas potencialidades de^to^rellexlfr. No entanto, no modelo da ciên
cia social estabelecida, o controle técnico darealidade constitui ointe
resse básico, como orientador da pesquisa. Isso eqüivale adizer que a
ciência social estabelecida tomou-se cientística. mediante a assimila
ção do método das ciências naturais (a este respeito, há mais no capí
tulo seguinte). Além disso, transformou-se ela num meio de legitima
ção do controle institucionalizado sobre omundo natural eaconduta
humana. A eficiência no controle da realidade_ toma-se o critério
comum de validade, tanto nas ciências naturaisTquanto nas sociais, e
Habermas preconiza uma ciência social conceituada em bases diferen
tes. Salienta que a"ciência do homem ... estende, de modo metódico,
o conhecimento refletivo" e "reivindica ser um auto-reflexo doobjeto
inteligente" e "da história da espécie" em si mesma (Habermas, 1968,
p.61-3).
Habermas vê-se como um continuador da teona marxista e
admite a possibilidade de uma teoria social crítica incorporadora de
contribuição de Marx eliberada dos seus erros. Na realidade, ateoria
marxista é inspirada pelojnteresse emancipatório, partilhado pelo )^V
conceito da teoria social critica de HabermasTnõ~entanto, é preciso
que seja introduzida uma correção fundamental na opinião de Marx
sobre racionalidade e liberdade. Marx presumia que a liberdade e a
racionalidade seriam resultados inevitáveis do desenvolvimento das
forças de produção. Habermas observa que tal pressuposto não foi
validado pela história e diz: "o crescimento das forças de produção
não significa o mesmo que aintenção da boa vida" (Habermas, 1969,
p. 119). Ofato éque, nas sociedades industriais,jjógica da racionali-
dade mstrumental, que amplia tr~CõnIrole da nãtiíreza, ou seja, o
desenvolvimento das forças produtora^je_tornou a lógica da-vida-
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pn^on^aaSacionalidade instrumental. Odesenvolvim nto cap.ta
Esta impõe limites à livre e genuína comunicação entre os seres
hUmTPremissa de Marx provou ser insustentável, pelo simples fato
de que, na "sociedade industrial de larga escala, apesquisa, aciência a
tecnologia eautilização industrial fundiram-se num sistema (Haber
mas 1969 p 104), levando assim auma forma repressiva de estrutura
institucional, em que as normas de mútuo entendimento dos indivi-
duos estão absorvidas, num "sistema comportamental de ação racionai
de propósito determinado" (Habermas, 1969, p. 106). Em outras pala
vras num ambiente desse tipo adiferença entre aracionalidade subs
tantiva e apragmática toma-se irrelevante echega adesaparecer. De
fato, asociedade tecno-industrial legitima-se através da escamoteaçao
objetivadessa diferença.
Idêntico a esta posição diante de Marx eoenfoque retormula-
tivo que Habermas adota quanto aMax Weber. Ele explica oconceito
weberiano de racionalização como se segue:
"A superioridade da forma capitalista de produção sobre as que a
precederam tem estas duas raízes: oestabelecimento de um mecanis-
mo econômico que torna permanente aexpansão dos subsistemas de
ação racional de propósito determinado, eacriação de uma legitima
ção econômica, através da qual osistema político pode ser adaptado
aos novos requisitos de racionalidade trazidos àluz pelo desenvolvi
mento desses subsistemas. Ê esse processo de adaptação que Weber
entende como "racionalização" (Habermas, 1970, p. 97-8).
Todavia, Habermas considera necessário desenvolver mais aaná
lise da racionalidade, uma vez que as^dedad^jnjuitrial, em seu atual
estágio émuito diferente daquela que Weber conheceu. Weber podia
voltar-se para o tema como um funcionalista, mas hoje a questão
acarreta impressionantes conotações éticas, que oesforço teónco de
Habermas realça consideravelmente.
Num comentário sobre Marcuse,.Habermas assinala que, natase
presente, "aquilo que Weber chamou de 'racionalização' realiza nao a
racionalidade como tal. mas antes, em nome da racionalidade, uma
forma específica de associação política não reconhecida" (Habermas,
1969 p 82) Mais ainda, tal "racionalização^e^ujyaje^
c^polpiético:, (Habermas, 1969, p. 83), no qual as normas de relações
interpessoais na esfera privada eas regras sistemáticas de ação racionai
de propósito determinado tomam-se idênticas, ou perdem sua diferen
ciação e, em conseqüência, conduzem a um estado de comunicação
sistematicamente distorcida, entre os seres humanos.
13
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O fenômeno da comunicação distorcida tornou-se uma preo
cupação fundamental de Habermas. Propõe ele uma distinção entre a
acãoVacional com propósito, ou ação instrumental eaação de comu
nicação ou de interação simbólica. Aprimeira, subordinada aregras
técnicas^ pode ser demonstrada como sendo correta ou incorreta. A
segunda, isto é, ainteração simbólica, ou ação de comunicação, define
fl relações interpessoais como sendo livresde compulsão externa etendo
suas normas legitimadas "apenas através da intersubjetividade da
mútua compreensão das intenções" (Habermas, 1969, p. 92). Uma
tese central de Habermas éade que, na moderna sociedade industrial,
as antigas bases de interação simbólica foram solapadas pelos sistemas
de conduta de ação racional com propósito. Nessas sociedades, ainte
ração simbólica só é possível em enclaves extremamente residuais ou
marginais.
O que mantém uma sociedade em funcionamento como impor
tante ordem coesiva é a aceitação, pelos seus membros, dossímbolos
através dos quais ela faz sua própria interpretação. A interação simbó
lica é a essência da vida social significativa e. portanto, parausar uma
expressão de Kenneth Burke,7 a"simbolicidade" constitui um atribu
to essencial da ação humana. Significado, na vida humana e social, é
obtido através da prática da interação simbólica. Mas. na sociedade
industrial, o significado foi subordinado ao imperativo do controle
técnico da natureza e da acumulaçãode capital.
Uma conseqüência do domínio exercido pela racionalidade
instrumental sobre as sociedades modernasé que a comunicação siste
maticamente distorcida prevalece entre aspessoas. Esse tipo de comu
nicação toma-se normal, de outra maneira ficaria evidente o caráter
repressivo das relações sociais. Habermas sublinha oefeitodos fatores
políticos e emriõrnteos sobre os padrões de comunicação, e o estudo
(To eãrater repressivo desses padrões, que prevalecem nas sociedades
modemasTreqüer uma temia datioiiipetêrTClãcÕrnunicativa. E possível
admitir-se que "cada palavra dita, mesmo aquela de engano intencio
nal, oriente-se no sentido daidéia de verdade". Se é assim, quais são
os padrões adequados a semelhante linguagem? Essa especulação
conduzaoconceito da"situação ideal dediscurso" e àidéia doorador
competente. De fato, a "competência na comunicação significa o
domínio deuma situaçãojdeal dediscurso".» Nas situações em que os
"'relacionamentos intersubjetivos são concretizados emrazão dochoque
de compulsões sociais agindo sobre eles, é muito difícil conseguir-se
competência comunicativa. Num tal ambiente, o orador competente
expõe-se a malentendidos, para nãomencionar também que podeser
7 Veja Burke. K.Í1W3/1964).
8 VejaHabermas (1970. p. 116-46).
14
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considerado excêntrico. Habermas salienta que "à ^J ™Pj£
cia comunicativa não podemos, de maneira alguma, produzir asitua
ção S de discurso independentemente das estaturas empincas do
Lema social aque pertencemos; podemos apenas antecipar essa
SaTfoTHabermas, 1970, p. 144). Asituação ideal de discurso não
si pod^matenS«nãodentrodeadequadocontextosocial.
7.5 Otrabalho de restauração deEric Voegelin
Do ponto de vista dos padrões contemporâneos da ciência polí
tica esodal, aobra de Eric Voegelin parece heterodoxa, obscura e
mesmo^rturbadora. Em sua opinião, aciência política, na forma
Z acMiceberamiktãoeAristóteles., nunca perdeusuavalide* Ele
STclTum £dfiT«hlHSenlutica, nãocomoumxromste,d.
déias. Do ânguloTrrnçrà^
'^^rmpimiStmrn^vSr^^ emsua^que
^^e^eriênciasdásdcaVnao-lh^s^õ^ê^apreTnder osignificado.
$£3%o do conteúdodessestextos quesereflete sobreavida
humana, constitui mais do que um exemplo de ma informação éum
sintoma da deformação da psique humana e represente aquilo que
Voegelin denomina descarrilamento. Ele considera os últimos cinco
séculos da história ocidental como um período de descarrdamento e
de deculturação da espécie humana, ao ponto de aexporem aum
processo de "sistemática corifujâíiJlaiazae"(Voegehn, 1961, p. 284).
Pode-se^TaW^õTrHInwnte da razão como uma realidade inde
pendente de nossa palavra. Qualquer tentativa de abordar arazão
como se ela fosse apenas um produto convencional da tamn refle
te um estado deformado da psique. Arazão foi descoberta pelos filó
sofos místicos da Grécia, mas esse episódio histónco émais do que um
incidente bastanteinteressante para ser registrado na crônica das idém
antes, dá ele início aum período de formação da alma humana. Com
essa descoberta, aalma do homem teve acesso aum nível de auto-
compieensâo no qual rompeu os limites da visão compacta da realida
de articulada no mito. Na verdade, oevento não mudou aestrutura da
alma humana: representa, antes, um momento cubmnante, ein que a
consciência do homem quanto àprópria alma ganha em luminosidade
e diferenciação. „ .. ,, „ ,M#„
Comparadas com ainterpretação que Voegelin dá aos textos
clássicos, as afirmações de Weber ede Mannheim sobre arazão trans
mitem tênues indícios quanto àsua natureza e em consequenaa, os
trabalhos desses autores exemplificam uma contida avaliação da socie
dade moderna. Sem uma inflexível fidelidade àrazão, como aexpli
cam Platão e Aristóteles, Voegelin mostra que não há possibdidade de
15
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eBuSaiduit anb^StiU3trerjJí)3(p3íjs5iSpKnn bBUBWpisiK» aípSaoA
anb onnbB ajuauiiBrauass^psW^pawíW ooq eum ap oopoisrq
oiiiaApB o uioo epBirtujna iasesod anb no 'oauoa) euiaisis omuapsi}
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•ETioisrq Eü SEpjnpui oeu apeplreai sp SBiajsa —=^-„^^.:n „ .-„..,._,,»_ -r-r„— -. - . .5u^g e B^age
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Cf^^1^ / oeu'Bpoisiq b?:<uieoopa asanb urabjstaap oiuod op sbui *Boq ?«p
v '  "'' anb JEuiniB bapuodsauoo puopu ouioo apepapos Burn ap OBÍeog
^ fwrr •*ti< II!"* eanb tua imjpMMuoo saiopEsuad sassa sopoj 'a oisi *sopBp8j8ap
™^ souuaj ma aoaredB ,re 'xrew »I^^H '«upijura anb buuoj Biusauí Bp
'IIIAX omo?s op sasMUBij sojosçni ^V saoSdaauoo seu ainSny bjsia
ap o;uod assa eioquia ojinui 'ojejíq ntopvio viioj aueiaqos bbuioj
asodzzu vpopiA banb ora epnba a apepaioos eoqsuin 'onauiuj
(0961) uipSaoA iodepainEisai ep 101 ouioo pn 'apepapos eoq
ap Batssep 03S0U bsopinquje ias uiapod soiuauiap satuinSas so
sBpuBisQtuura sBpEuntuaiap ap saimirr sou 'ourriiaai saiap umepea -
(8£ d*£96i 'urpSaoA) „sBui3rpeiBd saiòqtauí sonenb aswraaiai 'sop
-unSas,, iEjapisuoa BiBd aweisEq pAixao ias aiAap as anb BASipv '8pep
-aiaos èoq Bp BtuSipBiBd oanm mn Btipupe oeu a'soixaiuoJ bpAjsuas
ojiniu em objbu oudoid o *so3ijjoadsa soixajuoo bsajuaniiiad wd
-uias uiEÍas apapapos roq Bum ap obíbuhoi Biaiauos ep síenopeiado
SBUiaiqoid so eioquia 'epireA 'euoaj ura '? oiunsse op uiai anb oestra
•aiduioa banb ap 'ajuauiBpdojd steui 'as-Bierx *em3op ura opiSiia ias
assaAap oiapomosaujetreij snasmaas ouroa'sapioisuy aasWA*JE_
-epnapijBpfliJBumaAroAgaoguossi ama?spraapBpaposBpopnniAB
"BJBd ojajjoo ajuauiniouassa oppoui um sbuT*Bapoisiq apupisonno
Eiun 'urnSni opom ap '* oeu apepapos soq ep boh910jsub aBonjQjBpl
osòou aanb eSarc una3aoA «..lopBjnBisai,, oSioisa nas ma"«^^
soq, «um ap ojraauoo o oppaiam ma» «ajuauniapsBp anb onnDe
obuÍ ias apod osu -inxaSaoA emnje 'pjuopei apapapos "«Y • Bísnrooi3Biai,,a»ieAapojp»uoa
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Voegelin atribui grande valor àopinião déJThomas Reid^ne que
nosenso comum já existe um certo grau deracionalidade. Afirma ele
qUe "o sgnso comum constitui um tipo compacto de raçjQnaJjdade'1?
e qué^portanto, são possíveis transações sociais baseadas numa per
cepção não distorcida darealidade. Se a razão é uma partff d" Mtah
tura da existência humana, então o entendimento e a conversação
"e7iTfe~õThoTTlSns sao possíveis na base de sua participação comum na
realidade. Contudo, o debate verdadeiro e racional está-se tomando
uma possibilidade muito pouco provável de efetivar-se nas sociedades
modernas. Nessas sociedades, a psique do indivíduo médio foi assimi
lada no modelo de uma personalidade fechada, inteiramente incluída ÍH-v
am limttap miinrlinnc Hr^i*» orr* Aífk OC f**ir»a/*tf4af1ac numonoc ria Hí»Knt.-«
em limites mundanos. Hoje em dia, as capacidades humanas de debate
racional estão danificadas pelos__padrões de linguagem predominantes
e juntamente pela assimilação do homem no contexto da estrutura
social existente, em que a racionalidade instrumeníal se transformou
em racionalidade_enLgeiaJ. Nas sociedades modernas, o debate racio
nal só é possível em muito poucos e restritos enclaves. Mesmo os
chamados meios intelectuais são, em geral, incapazes de manter uma
conversação racional. Voegelin afirma que o declínio do debate
racional é fenômeno recente na história ocidental, e vê no passado um
"período em que o universo da discussão racional ainda estava intacto,
porquejjjnimeira realidade da existência permanecia não questionada"
(Voegelin,1967, p. 144).
É significativo que ao tempo de Santo Tomás de Aquino o
"debate racional com o oponente ainda fosse possível" (Voegelin,
1967, p. 144). Com base nessa presunção, Santo Tomás acreditava-se
capaz de convencer pagãos, e especialmente muçulmanos, da validez
da verdade cristã, apenas com argumentos racionais. Assim é que,na
SulnnwVontrã~GentiIes?Santo Tomás afirma:
"... contra os judeus, podemos argumentar usando o Velho Testa
mento, enquanto contra os hereges podemos argumentar usando o
Novo Testamento. Mas os muçulmanose os pagãos não aceitam nem
um, nem o outro. Temos, portanto, que recorrer à razão natural, com
a qual todos os homenssão forçados3 concordar."10
É possível que hoje tenhamos dificuldade em compreender
Santo Tomás. Não apenas a razão, mas igualmente palavras-chaves
sofreram a obliteração de sentido salientada nesta análise. A própria
linguagem foi capturada por padrões operacionais de eficiência, fato
que influi sobre todo o domínio da existência humana. Quando avia-
9 Apud Sandoz, Ellis (1971, p.59).
1° Apud Voegelin (1967, p. 151).
i)U.
bilidade e a experiência substituem a verdade como o critério de
linguagem dominante, há pouca, se é que há alguma, oportunidade
para apersuasão das pessoas através do debate racional. Aracionalida
de desaparece, num mundo em que ocálculo utilitário de conseqüên
cias passa ajgraúnica referência para_as_ações humanas. (^^ {Ijj^JWfA,
1.6 Algunscomentários críticos
Todos esses estudiosos parecem concordar em que, nasociedade
moderna, aracionalidadese transformou numa categoria sociomórfica,
1 isto é, é interpretada como um atributo_do^processos históricos e
sociais, e não como força ativa na^sjquèTvulnanà)Todos eles reconhe-
J 'J Jrs cem que oconceito de racionalidade^ determinativo da abordagem
^ dos assuntos pertinentes ao desenho social. No entanto, todos eles são
menos do que suficientemente sistemáticos na apresentação de suas
opiniões sobre tais assuntos. Em sua crítica da razão moderna, tomam
diversas posições: resignação (Max Weber), "relacionalismo" (Man
nheim), indignação moral (Horkheimer). crítica integrativa (Haber
mas)e restauração(Voegelin).
Uma vez que foi anteriormente apresentada uma avaliação de
Max Weber e de Karl Mannheim, cabe agora fazer um rápido julga-
memo da Escola de Frankfurt e de Voegelin.
Há mérito tanto nos trabalhos de Horkheimer, quanto nos de
Habermas, na medida em que se esforçam por demonstrar o erro
básico do ponto de vista de Marx sobre arazão como um atributo do
processo histórico. Ambos questionariam o pressuposto de que o
a^dobramentõdás forças produtoras, por sisó, conduziria ao advento
de uma sociedade racional. Horkheimer parecedemonstrar que, desde
, o momento em que arazãoé deslocada da-psique humana^onde deve
estar, e é transformada num atributo da sociedade, fica perdida a
possibilidade da ciência social. Habermas enfatiza acircunstância de
que, nas sociedades industriais avançadas, as próprias forças produto
ras, em última análise, são compulsões políticas modeladoras de toda a
vida humana. Para superar tal condição, sugere eleoueseabraespaço
para apolítica e o debate racional, em sua função de orientadores do
processo social. Esses pontos constituem traços positivos das análises
de Horkheimer e de Habermas.
Por outro lado, a obra de Horkheimer nãoé muitomaisdo que
uma acusação da sociedade moderna que, conquanto iluminadora,
deixa de dizer como * em que direção caminhar, para que se encon
trem alternativas para os males atuais, teóricos e sociais. Parece que
Habermas se preocupa com tais alternativas, mas apresenta-as em
termos incipientes, ecléticos e bastante spciqnlSrfícojC1 RearmerTteTã
noção dos "interesses do conhecimento", por ele exposta (que é me-
19
1^
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«„,idoaueparece,quandoselêcuidadosamentePlatãoe
ÂristSaímTomoKantXpodeservirparaidentificaraíndole
?°n£«docientismo.Contudo,mesmoessanoçãonaoestá
"ente£nHeSentismo,namedidaemque,paraHabermas,
ífflSSéabsorvidanostipostríplicesdeciênciaquepropõe.
Aquiloquechamade"intersubjetividade"ede"mutuacompreensão
Xiona-secomesferasdarealidadequeescapam,necessanamente,
aoalcancedeumaabordagemmeramentecientifica.
Sua"teoriacrítica",entendidacomoumaintegraçãodaquilo
aueconsideraválidosinsightsencontradosnostrabalhosdeKant,
HeeelFichteMarxeFreud,parecedemasiadoeclética,eapresenta-se
ainda'impregnadadeerrosdenaturezasociomórfica.Aparentemente,
Habermasaceitaopressuposto,comumaFichte,HegeleMarxdeque
aemancipaçãohumanapodeacontecercomoumeventosocialcoleti
voeparacriarapossibilidadedetaleventovaiaopontodepropora
organizaçãodeprocessosdeesclarecimento"(Habermas,1973,p.32)
eressuscitaaidéiamarxistadeumaescla^eddaprátjc^de_massa.Há.
assimumsoBéTonnõaõmôffU»IWpiôjêtodeHabermas,de"uma
teoriadestinadaaoesclarecimento"(Habermas,1973,p.37),quepro
meteoesclarecimentoexistencialcomoumaqualidadecoletivado
comportamentodamassa,quandooesclarecimentotemsidosempre
possívelapenasaoníveldapsiqueindividual.Nãoéporacidenteque
elevêadoutrinadeFreudcomoumelementosubsidiáriodessa"teo
riadelineadaparaoesclarecimento".Issorepresentaumaindicaçãode
queHabermasapoiaumtipodepsicologiamotivacionalqueexcluio
papeldarazãonapsiquehumana,eessasfalhasemseuesforçoteórico
sãoatécertopontocuriosas,senãodesconcertantes,porqueeleparece
teradequadacompreensãodateoriapolíticaclássica(Habermas,
1973,p.41-81).
Emboratodososautoresatéaquianalisadosmereçamserconsi
deradoscríticosdarazãomoderna,somenteEricVoegelinsustenta
quearazãomodernaexprimeumaexperiênciadeformadadarealida
deConseqüentemente,consideraelesempropósitotentarapenasa
conciliaçãoouaintegraçãodeidéiasedoutrinasfundamentaisnara
zãomoderna.Aquestãoestáemquetaisidéiasedoutrinastornam
obscurosospólosdatensãoexistencialhumana,expressandoumaten
tativaemesmoumsonhodeencontrar,nocontextodahistória,daso
ciedadeoudanatureza,asoluçãodatensão(metaxy)constitutivada
condiçãohumana.Umavezqueajazãoimplicaaconsciênçiajiessa,
tensão,razão,nosentidgjDodemo,êumtermoerrôneo.-
Tíumsentidorwculiar,Voegelinéumpsico-historiador.Afirma
queostextosclássicosnãosãorelíquias,aseremapreciadasdeum
pontodevistaevolucionário;antes,consideraosconhecimentosarti
culadosnessestextoscomoperenementeválidos.Acondiçãohumana
20
nãoestíexpücadanesses^*%^«£fi£Z£
sluTicativo~otrabalhoSSSÉSÊPffSÊ^g^líWÊ^Ú&fin&7awZ&&clássica,"eneleVoegelinü>
SS£exploraeampüainsightseidentificaalgunstraçosda
todevistadaexperiênciaclássicaeprecisamente"essesentido^nao
nosentidodeErikErikson,representaumestudoemP^o-histona.
PelofatodequeVoegelinpareceimporas,mesmoopapede
intérpretedetextosedeanalistadeidéiaseacontecimentosoconteú
dopTescritivodeseutrabalhoé,narealidade,muitoamplo.Mesmo
ÍuPdscursosobrea"novaciênciadapolítica"««tespr^dode
preocupaçõespragmáticasimediatas.Temapoiona«terpreteçaoen.
Lpansãodeinsightsclássicosenojulgamentocriticoda^f^
tóriaintelectualepolíticadoOcidente.Parece,porém,dificddeacei
£rnoçãodeque'ciênciapolíticapodeserexclusivamenteormula-
daapenasemtermosassimamplos.AfinaldecontasPlatãoeAnsto-
telesfontesbásicasdabuscaempreendidaporVoegelin,mcluuamno
campodaciênciapolíticaaspectosdavidacotidiana,queescapam
completamenteàsuaatenção.Nostextosdaquelesautores,oscrité
riosdeaçãoparaaarticulaçãoeoaperfeiçoamentodasformasdego
vernoexistentessãooferecidosdeformatalquemesmohoje,comba
seemseusensinamentos,seriapossíveldeduzircomoseconduziriam
paraencontrarosmeiosinstitucionaisdesuperarosproblemadogo
vernoscontemporâneos.Contudo,asassertivasdeVoegensobreven
ciapolíticadeixamoleitormuitobemesclarecidosobreseusfunda
mentosclássicos;nãooferecemnenhumapistaparaumtratamento
operacionaldeproblemasdasociedadecontemporânea^
Alémdisso,aanálisevoegelianadaciênciamodernacarecede
suficientequalificação.Porexemplo,nemtodasasinvestigaçõescien
tíficasdehojesão"cientísticas",istoé,despercebidasdocampoparti
cularlimitadoaquepertenceaciêncianatural.Parecequeotipode
ciênciacontidonasinvestigaçõesdeA.N.Wh.tehead,WernerHeisen-
bergArthurEddington,MichaelPolanyieoutrosestaextremamente
Sonizadocomírazãonosentidoclássico,comoseráexplicadono
capítulo2etalvezmesmoexemplifiqueumnovograud^diferencia
çãodaconsciênciadarealidade,queocorreatualmente.Comjustiça
íjeveráserditoque,emconversaçõeseconferênciasocasionais,Voege
lindemonstrouterconsciênciadessefato.
I»VejaVoegelin(1974).
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I. Deve ser enfatizado, também, o desprezo de Voegelin pela defi
nição sistemática do significado de alguns termos básicos de seu voca
bulário, tais como descarrilamento, kinesis, gnosticismo, texto, teoria,
orientação e psicologia motivacional, compacidade e diferenciação.
Até aqui, termos como estes estão insuficientemente elaborados nos
escritosde Voegelin.
Finalmente, ospontos de vista de Voegelin quanto àciência po
lítica precisam de maior clarificação do que as que ele em geral se
preocupa em oferecer, uma vez que, da maneira como até aqui está ar
ticulada amatéria, algumas vezes aparece prejudicada por um caráter
excessivamente restaurador. Nenhum retomoa qualquer forma histó
rica de vida humana pode estar contido na idéia de uma restauração
verdadeiramente criadora dos ensinamentos clássicos. Tal restauração •
cpimac em tranfifAnmr ™pensadores clássicos, através da apropria-
?ãõ dãq"!1'» q"p puderam compreender, em parceiros atives dos estíi-
ftiívtns cnntémporãneos. emmia hHHf81 Hp "™haeimpnif, A restauração
daherança conceptual clássica, nesse caso, visa apenas superar oesque
cimento dela. Os pensadores clássicos não devem ser considerados au
toridades canõnicas infalíveis. Afinal de contas, não se tem muito a
aprender do Aristóteles que justificava aescravidão, mas doAristóte
les compatível com adefinição doser humano como ozoon politikon.
1.7 Conclusão
Deve ser dito que, a fim de salvar o quenamoderna ciência so
cial é correto, é necessário compreender o caráter precário de seus
principais pressupostos, a saber, «pie n ser humano não é senão uma --,
criatura capaz do cálculo utilitário de conseqüências e o mercado o
modelo de acordo com o qual sua vida associadadeveria organizar^
Na verdade, a ciência social moderna foi articulada como propósito
de liberar o mercado das peias que, através da história da humanidade
e atéo advento darevolução comercial e industrial, o mantiveram den
tro de limites definidos. 0 queagora debilita avalidade teórica damo
derna cjgBcja wrial è. yia f^nr^i!HBipreéns>[o sistemáticada natureza-
^específica de sua missão. Por mais de dois séculos, o restrito alcance
teórico da moderna ciência social tem sido a causa de seu notável
sucesso operacional e prático. Noentanto, hoje emdia aexpansão do
mercado atingiu umponto de rendimentos decrescentes, emtermos de
bem-estar humano. A moderna ciência social deveria, portanto, ser re
conhecida peloqueé:um credo,e nãoverdadeira ciência.
Os resultados atuais da modernização, tais como a insegurança
psicológica, a degradação daqualidade davida, a poluição, o desper
dício à exaustão doslimitados recursos do planeta, e assim pordiante,
mal disfarçam o caráter enganador das sociedades contemporâneas. A
22
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1twgwW" «.y*'-*•;'
autodefinição das. sociedades industriais avançadas do Oc
portadoras da razão está sendo diariamente solapadaeé
tão laigamente desacreditada que se fica aimaginar se a
tais sociedades, exclusivamente àbase da racionalidade
tinuará, dentro em pouco, encontrando neste mune"
nela. Esse clima de perplexidade pode viabilizar un^.
teórica de enorme magnitude.
A presente crítica da razão modernaji§D_é_empjeeiidida çou^
um exercício acadêmico sem^nseqüfençial Seu propósito épreparar
ocaminho parTõ desenvolvimento de uma nova.ciência das organiza
ções Àrazão éoconceito básico de qualquer ciência da sociedade e
das organizações. Ela prescreve como os seres, humanos deveriam
ordenar sua vida pessoal esocial. No decurso dos últimos 300 anos a
racionalidade funcional tem escorado o esforço das populações do
Ocidente central para dominar anatureza, eaumentar aprópria capa
cidade de produção. Écerto que essa é uma grande realização. Mas
agora há indícios de que semelhante sucesso está aponto de se trans
formar numa vitória de Pirro. Apercepção dessa situação está abnndo
novos caminhosde buscaintelectual.
A teoria corrente da organização dá um cunho normativo geral
ao desenho implícito na racionalidade funcional. Admitindo como
legítima ailimitada intrusão do sistema de mercado na vida humana, a
teoria de organização atual é, portanto, teoricamente incapaz de ofere
cer diretrizes para acriação de espaços sociais em que os indivíduos
possam participai de relações interpessoais verdadeiramente autograti-
ficantes. A racionalidade substantiva sustentaj3u.fi o. lugar gdgquadoj^
razão érpa^jS^ Nessa ronfornüdade, apsique humana deve
^érc5nriderada"o^ontode referência para aordenajãojda^asgsial,
tanto quanto para aconceitiiação djdêndasocialemg^raida qual o
estudo sistemático da on^izaj^^nTtmn QomirnTparticular. 0
papel da racionalidade substantiva na estruturação da vida humana
associada é o assunto docapítulo seguinte.
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24
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t^Hcfll^l!
2. NO RUMO DE UMA TEORIA SUBSTANTIVA
DA VIDA HUMANA ASSOCIADA
Embora aciência social moderna em geral eateoria da organiza
ção em particular deixem de distinguir suficientemente entre a racio
nalidade funcional e a substantiva, ambas constituem, não obstante,
categorias fundamentais de duas concepções distintas da vida humana
associada. Épropósito deste capítulo diferençar, analiticamente, essas
duas concepções, etal exploração toma-se agora imperativa, porque as
teorias da organização e do desenho de sistemas sociais, exclusiva
mente baseadas na concepção moderna de razão, são desprovidas âzQ~
tsSã^váaaãe científica. Tal como na_crítica dajazãg_jnodernj, ofere
cida no capítulo 1, é também necessário começar esta analise com
Max Weber. , .,, ,
Poder-se-á afirmar que quando Max Weber decidiu caracterizar a
razão moderna estava agindo como um historiador. Em lugar de ado
tar uma posição substitutiva em relação àrazão clássica, como tez
Hobbes Max Weber implicitamente advertiu que, nos tempos moder
nos uni novo significado estava sendo atribuído àpalavra razão. Nao
afastou, como um anacronismo, o significado anterior de razão. Na
realidade, Weber, como Hobbes, desejava um tipo de ciência social
inteiramente comprometido com uma tarefa peculiar auma determi
nada época. Mas, ao fazer adistinção entreZweckrationalitãt(raciona
lidade formal) eWertrationalitat(racionalidade substantiva) sugeriaeje
que ou uma, ou aoutra, poderia servir de referência para aelaboração
teórica. No entanto, escolheu desenvolver um tipo de teona baseado,
sobretudo, na noção de racionalidade funcional. Embora orespaldo
biográfico ehistórico da escolha de Weber pudesse constituir interes
sante eimportante matéria para investigação, isso estana além do pro
pósito deste capítulo. Não obstante, ofereço àespeculação aidéia de
que uma teoria substantiva poderia ser formulada com base naquilo
que Weber não disse, mas que provavelmente diria se tivesse vivido
nas presentes circunstâncias históricas.
Argumenta MaxWeber que, Mnbora açigncjajQCial seja neutiA.
do ponto devista dciM os valores adotados por uma sociedade são,
eTéTpropnõs, critériõsindicadores daqueles pontos que são importan-
25
I
A fòL«e
t« «ara aquela forma particular de vida humana associada, durante
«rto wríodo histórico. Admitiriaele, então, que quando as premissas
Se valor de um certo tipo de vida associada se transformam, elas pró-
orias em fatores de um mal coletivo, ocientista social não pode. legi
timamente desprezar tais premissas como estranhas àsua disciplina.
Ao contrário, do ponto de vista de Weber. o cientista social deve
focalizar esses valores, embora apenas para mostrar as conseqüências
praticas que acarretam, ncientista social, como tal não deveria emitir
julgamentos de valor, imm_w» q"» va!™efi *** subjetivos^- ou têm
~~ãjicêrces demoníacos.
A posição de Weber não deixa de ser contraditória. Se os valores
são simplesmente demoníacos e não têm fundamentos objetivos,
então a análise das conseqüências de sua adoção pelos indivíduos não
é mais do que um fútil exercício de abstração. Tal análise só teria
sentido se fosse empreendida na esperança de que oindivíduo pudesse
ser persuadido a fazer um julgamento de valor objetivo, racional.
Essa contradição na posição de Webeí_Kflejeje_ejnsuaobrae em sua
vida. Pretendeu ele ter estudado,[sinejra^acjtud^i^^ome^ds
racionalidade formal, mas apesar disso manitesfóúseu pesar ante a
culminação de tal síndrome - um mundo de "especialistas sem espí
rito, desensualistas sem coração" (Weber, 1958, p. 182).
Max Weber viveu num contexto histórico em que aracionalida
de formal, ou funcional, substituía amplamente a racionalidade subs
tantiva, como o principal critério para aordenação dos negócios polí
ticos e sociais. Tomou como certa essa substituição e recusou-se a
erigir aciência social sobre anoção da racionalidade substantiva. Hoje,
porém, é mais difícil do que nos tempos de Hobbes ede Weber pôr de
lado a viabilidade de uma teoria substantiva da associação humana,
porque agora éevidente que orelativismo no tocante avalores condu
ziu a vida associada a um becosem saída, intelectual e espiritual. Em
conseqüência, aquestão de que tratará este capítulo consiste em saberJt
se a razão substantivadeveria seracategoria essencial para acogitação
dos assuntos políticos esociais e,sendoesse ocaso, que tipo de teoria
iria corresponder aessa ordem de pensamento. Constituirá propósito
dos capítulos subseqüentes adiscussão das estruturas sociais emergen
tes e das implicações de política que daí resultam.
Há três qualificações gerais, que realçam as distinções entre a
teoriasubstantivae a teoria formal davidahumanaassociada.
Primeiro, uma teoria da vida humana associada é substantiva
quando a razão, no sentido substantivo, ésua principal categoria de
análise. Tal teoria é formal quando arazão, no sentido funcional, é sua
1 Eric Voegelin e Leo Strauss também frisaram as contradições danoção de
neutralidade de valor na ciência social, de Weber. Veja obras de Voegelin,E.
(1952, p. 13-22)e Strauss, L. (19S3.P- 35-80).
26
pP^^W^SST^^ 'TM-l.-itt* !•"-.<-- ' !.
JO
principal categoria de análise. Na medida em que arazão substantiva é
entendida como uma categoria ordenativa, ateoria substantiva passa a
ser uma teoria normativa de tipo específico. Na medida em que a
razão funcional é apenas uma definição, ouuma elaboração lógica, a
teoria formal é umateoria nominalista de tipoespecífico. Os concei
tos da teoria substantiva sãoconhecimentos derivadosdoe no proces
so de realidade, enquanto os conceitos da teoria formal são apenas
instrumentos convencionais délinguagem, quedescrevem procedimen- ,
tos operacionais. A pergunta: Que é aracionalidade? que requer aten
ção direta no domínio da teoria substantiva, não tem papel a desem
penhar nodomínio da teoria formal. Aqui a pergunta é,de preferên
cia: Que équechamaremos deracionalidade? A pergunta seria respon
dida, no último caso, por uma afirmação emqueuma combinação de
palavras1 constitui, essencialmente, a referência para os objetivos da
análise.
I Segundo, uma teoria substantiva da vida humana associada é
'algo que existe há muito tempo e seus elementos sistemáticos podem
' ser encontrados nos trabalhos dos pensadores de todos ostempos, pas
sados e presentes, harmonizados ao significado que o senso comum
atribui á razãOj^rrn^qranenhum deles tenha jamais empregado a
expressão razão substantivada* verdade, é graças às peculiaridades da
época moderna, através das quais oconceito de razão foi escamoteado
pelos funcionalistas de várias convicções, que temos presentemente
que qualificar o conceito como substantivo. Uma descoberta funda
mental, resultante da herança de ensinamentos dos pensadores clássi
cos, é ade que éo debate racional, nosentido substantivo, que consti
tuiaessência da forma política de vida, e também o requisito essencial
para o suporte de qualquer bem regulada vida humana associada, em
seu conjunto.
A propósito, aquilo que o campo da economia e,mais especifi
camente, o campo da antropologia econômica referem presentemente
como sendo teoria substantiva,3 é apenas subsidiário aestaanálise. O
atual debate entre economistas que professam de um lado a teoria
formal, de outro ateoria substantiva, diz respeito ànatureza do Jenç^
menrxeconõmico, ao mercado e a suas implicações teóricas.(jíarl_
/^olairíí) fundador da teoria^egonôniica substantiva, assinala que oT
Sõiiíêilos formais, extrãíHÕTda dinâmica específica do mercado, na
melhor das hipóteses são válidos como instrumentos gerais de análise
e formulação dos sistemas sociais apenas numa sociedade capitalista,
durante um período em que o mercado esteja relativamente livre da
2 Sobreo caráteressencialisia e nominalista dos conceitos, veja Popper(1971,
p. 32; 1965, p. 13-4).
1 Sobre a complexa controvérsia em tomo da teoria econômica substantiva
versasa teoria econômica formal, veja Kaplan (1968) e Cook (1966).
27
Quadro 1
Teoria da vida humana associada
II.
Formal
Os critérios para ordenação das assodacões humanas são
dados socialmente
Uma condição fundamental da ordem sodal é que a econo
mia se transforme num sistema auto-regulado
III. O estudo científico das assodaçôes humanas c" livre do
conceito de valor: há uma dicolomia entre valores c fatos
IV. O sentido da história pode ser captado pelo conhedmento,
que se revela através de uma série de determinados estados
empírico-temporais
V. A dênda natural fornece o paradigma teórico para a correta
focalizacão de todos os assuntos e questões susdlados pela
realidade
Substantiva
I. Os critérios para a ordenação das assodaçôes humanas são
racionais, isto í, evidentes por si mesmos ao senso comum
individual, independentemente de qualquer processo parti
cular de socialização
II. Uma condição fundamental da ordem sodal é a regulação
política da economia
III. O estudo científico das assodaçôes humanas ê normativo:
a dicolomia entre valores c fatos tf falsa, na prática, c, em
teoria, tende a produzir uma análise defectiva
IV. A história torna-se significante para o homem através do
rmítodo paradigmático dç auto-fntcrpretaçao da comuni
dade organizada. Seu sentido não pode ser captado por
categorias scrialistns de pensamento
V. O estudo científico adequado das associações humanas é*
um tipo de investigação cm si mesmo, distinto da dênda
dos fenômenos naturais, c mais abrangente que esta
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homem como um "animal político" (zoon politikon) só écompreen
sível à luz desse entendimento.
Aristóteles e os pensadores clássicos, em geral, concebiam a
socialídade como uma qualidade do bando, indigna do homem polí
tico No domínio político, o homem édestinado aagir por simesmo,
como um portador da razão no sentido substantivo. No domínio
social, ao contrário, apreocupação "apenas com avida" prevalece, e
ele age como uma criatura "que calcula", isto é,como um agente eco
nômico. A razão, no sentido de uma habilidade "calculadora",
também é inferida por Aristóteles na Política e na Ética aNicômaco.
Éexigida para aadministração do lar (oikos), onde obem-estar econô
mico do grupo determina qual o curso de ações que devem ounão
devem ser tomados. Esse tipode conduta social é limitado a seu pró
prio enclave. Não faz parte do domínio político, em que oindivíduo
possa manifestar seu interesse pela expansão do bom caráter do
conjunto, enão simplesmente pela sobrevivência.
É claro que Aristóteles tinha a percepção de que o modelo da
melhor forma política de vida, aberto ao comando integral da razão
substantiva, só poderia ser conseguido historicamente, por acaso.
Sabia que nenhuma comunidade política está, eternamente, a salvo
da influência solapadora dos interesses sociais. Mas, onde querjque,
esses interesses práticos constituam o único critério para as ações
humanas, nãoexiste nenhumavida política.
Para muitos, a ciência social é, no moderno período histórico,
resultado de crescente sofisticação daracionalidade e de suaaplicação
a fenômenos cada vez mais diversos. O preconceito histórico desse
modo de ver será examinado mais extensamente no item 2.4 deste
capítulo. Por ora, é suficiente assinalar que a própria idéia de uma
ciência social afirmada com basena presunção de que o indivídup_é—
fundamentalmente um sersocial, e quesuas virtudes devem seravalia
das segundò~c7íteriõs socialmente estabelecidos, era inconcebiyêTggra
Aristóteles_e panfõsTeóricos clássicos em geral. Aciência social mo
derna pressupõe que a sociedade, aodesdobrar-se como uma associa
ção puramente natural, gera os padrões da existência humana emseu
conjunto. Essa_tia^nsa^iação_JÍO-^açÍalt__de que a modema_cjéncia-
social é resultado, ocorreu nos três últimos séculos da história do
õadentiT É Hobbes quem, sistematicamente, prepara o caminho para
essa transavaliação, ao atacar o conceito de razão emtermos de senso
comum e ao propor alternativas para esse conceito. No momento em
que o ser humano é reduzido^a-uma criatura que calcula, é para ele
impossível distinguir entre (WçioJe virtude,) A sociedade toma-se,
então, o seu único mentor e, não surpreendentemente, padecimento é
equiparado ao mal, e o prazer ao benu_
Uma das mais notáveis documentações da confusão do homem
ocidental, no momento culminante da transavaliação do social,é The
30
%A
Fable ofthe bees, de Bernard MandevÜle (1714), publicada primeiro
sob a denominação de The Grumbling hive (1705). Em 1723, ele
publicou ASearch into the nature ofsociety, um ensaio que éuma
justificação teórica de sua fábula. J^andeyüjTc^mparou asociedade -
em particular asociedade britânica de seu tempo - com uma colmeia.
Pode-se resumir o argumento básico de seu trabalho da maneira
-ifçuintf• • o BgS&JB fr!fflsfnrma nn critério que abrange tudo_ja-
ordenação_dAAXistênciaJiumana, então os vícios, o orgulho, oegoiV
fflõ, a çornípcão, afraude, aganância, ahipocrisia eainjustiça passam
a ser virtudes. Embora sugira que a virtude está além da capacidade
humana, Mandeville pode ser considerado um moralista malgré lui, se
sua fábula for interpretada como retratando as conseqüências, para a
existência humana em seu conjunto, da isenção dasociedade daregu
lação política. Aambigüidade do pensamento de Mandeville em gran
de parte explica por que, por vias sutis econtraditórias, exerceu ele
influência sobreeminentes escritores e filósofos de seutempo,incluin
do Adam Smith, que, porém, repudiou ainfluência de Mandeville.7
Não é por acaso que a idéia de uma ciência social obcecou os
filósofos escoceses na Inglaterra, durante o século XVIII. Anoção de
ciência social permeia as especulações sobre a natureza humana e o
fenômeno institucional, empreendidas por Adam Ferguson, David
Hume, Francis Hutcheson, Lorde Kames (Henry Home), Lorde
Monboddo (James Burnet), Adam Smith eDugald Stewart.8 Por mais
que esses homens fossem diferentes em idéias e talento, apesar disso
eram. leais a uma certa comunhão de premissas e uma delas era a de
que a ciência social poderia ser r^ojsíyeiiamio_o_estiido^a razão da__
sociedVde7ParrrrnãioTpãrtê~déles, a razão era urna çaiaçteristiçajia_
"sõclêdãdé^mais do que dojiidividuo. Consumaram asublimação da
razão, no sentido de que esta já não mais precisava ser concebida
através da mediação do indivíduo, mas como algo cognato àsociedade
e à natureza. Todos eles concebiam leis racionais governando a socie
dade e anatureza, apesar dofato deconcordarem emque as paixões, e
não a razão, é que conduziam o ser humano à ação. Atribui-se, geral
mente, a idéia da mão invisível a Adam Smith, mas na verdade foi ela
sugerida nõslrabalhos desses homens. Aatividade dessa "mão" mani
festa-se na sociedade e na natureza e o papel da ciência é descobrir e
ordenar a maneira como isso acontece. Por exemplo, Hutcheson,
amigo e professor de Adam Smith, escreveu em 1728 sobre uma "mão
superior", como uma força providencial, que afeta tanto os seres
humanos quanto osanimais, através deseus instintos.
7 Sobre a influênda de Mandeville sobre Adam Smith, veja Marx (1974, p.
355), CoUetti (1972) e Macfie(1967).
" VejaBryson (1945)e Stephen (1927).
9 Veja Bryson (1945, p. 118).
31
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V.
ParacréditodeMandeville,nãoháambigüidadeemDavdHume
AH^Smilhquandoambosjustificamaabrangênciaintegralda
CZePa7aHumeeSmith,asocialidadesubstituiarazão,ao
f?t'rcomoÍSviverohomem.Humeconsideravaoserhuma-
«rnZumaTriati^completamenteincluídanasociedade.0"méri-
ZTíTlte"nlodecorre...deumaconformidadeàrazão,nem
1cíbadoSodecontrariá-la"(Hume,1973p.458).Éo*nti-
mentoqueohomemJejnjL^e^er^sociedad^juec^SgCo--
LdamemonIé~suT^^^
TmiryTdWTmTrêl^^àcensuradosoutros-desempe
nhaumpapelfundamentalnodesenvolvimentodeseusensomoral.
Padrõesdeordenaçãodavidahumanasão,elespróprios,^sociaise,em
últimaanálise,compõem-sede"interessesdasociedade,queHume
afirmaseremasreferênciasprincipaisparadistinguirentreavirtudee
ovício(Hume,1973,p.579).ParaHume.aordemnavidahumana
associadaéumresultadodeprocessosanônimos,envolvendoforçase
atividadesindependentesdasdeliberaçõesracionaisdoindivíduo,no
sentidosubstantivo.Maispropriamente,aquüoqueésocialé,forçosa
mentemoral.Comoocorrecomoutrosfilósofosescoceses,Hume
pretendeelaboraroalicercefilosóficodaciênciasocialformaldo
Ocidente.
Ascorrentesdepensamentoquehojeprevalecememmatériade
ciênciasocialformal,sejaemseustermosestabelecidosusuais,sejasob
osdisfarcesmarxistaseneomarxistas,apóiam-senumavisãosociomor-
ficadohomem,visãoquereduzoserjiumanoanadamaisque_umser
socialDaíqueálIeTiaTtQ-áliraçâo^olHdivíduosejaentendidacomoa
^sualítalsocialização,quersobascondiçõespresentementeoferecidas,
quernumfuturoestágiosocialesclarecido.Poj^xjm^h^ajnojrv^çao,
econômicaéconsjdjrada^_t^^
teona^co^jcT^rjaLafirmaqueomarcadoéa^OTtrfimdaT
mental,paraT^pajaclo^i^^"nsSistemas
sociais.Assunçãoéporacidentequeoscientistassociaisestabeleci-
d~o7-nScomendamaospaísesdoTerceiroMundoapraticamaciçade
certotipodeesclarecimentoorganizado,quesedestinaaensinara
motivaçãodosucesso",buseuequivalente,aospovosqueyrvemnessa
áreaEssaperspectivaconceptualsugerequeospaísesdoTerceno
Mundosópoderãoresolverseusproblemassesetransformaremem
sociedadescentradasnomercado.Osteoristasmarxistaseneomarxis
taspercebemaingenuidadedessepontodevistaparticular.Salientam,
emvezdisso,oimperativodamudançadanaturezahumanadeacordov8 emvezaisso,ounpciaiiruua!••—-.»-~nV,-.
comomodelodasociedadesocialista,coisaque,aliás,nuncaconcei-^.^
tuamanãoseriemteTmo^vagos.Xonseq^ejiteme^
ciaisdeseuprojfctnuniversaliãoasociaüzacãodosmeiosdxpraduçao--->^
edoexcedente^gnomico,planejamentosocialistadaestiujura_jte.
32
•••„..«,..t.;Vru?My.i;»Trr.•*•;?"";',^'•,ly!.l.•.-••?:J"-,r-,'.^T:"'»i%^,V-./-V";''*;'"
^ução_e_wnaimo^^
organliãdolíe^scTarêçüne^cnmaotn.natu.
Umavez^queTTaraambasascorrentesdepensamentoanatu
rezahumananãotempadrõesadequadosasiprópna,o.^mento
demedidaparaavaliaçãoedesenhodossistemassociaisnofunde
contas,éelemesmosocial.Emconseqüência,aciênciaocaiformal
nuncapoderáserumateoriacrítica,talcomohojealeganalgun
escritores,amenosqueoteóricocriticoacredite,discretamente,que
sTeleécapazdeseesquivaraoprocessodesocializaçãoeenunciar
julgamentossobreoestágioatualdanaturezahumana.Adecepção
JpeL>aldoteóricocríticocomoestadodecoisasqueoraP^ece^
£deinduzi-loaentregar-seaumtipodeaçãooracuaredemiunp^
Afinalnãohapontosimportantesdedisputaentreoscientistas
sodaTs'ocidentaisestabelecidoseosteóricoscríticosmarxistaseneo-
Sstasporqueambososgruposexemplificamamodernatransava-
SS,dosociale,nessaconformidade,estãodeacordoemqueum
discursoteóricoestáinerejriemenjejnçç^^dasociedade.
SatualdW^adefao^alitefe^^0».àPrax!S**?
teCinx^^é^yzíqueéinútil^^^Z^S^ tivaVsu^Ta?Tlusõ'esideológicasdaciênciasocialdoOcidentee,
aomesmotempo,preservarseucaráterformal.
2.2Ordenamentopolíticoesociedade
Oparadigmacompletamentedesenvolvidodavisãoescocesade
ciênciasocialsurgiu,primeiro,«mio^^^gg^nos^hos
deAdamSmith.Propostacomoumaciênciasocialverdadeiramente
gei,á^conomiapolíticaconcebeaordemnavidahumanaassociada
comoumresultadodalivreinteraçãodosinteressesdeseusmembros^
D^emodo,oenclavedelimitadoqueAristótelesdescrevecomoa
oVdemdosnegóciosdomésticostoma-seexpücitamenteequiparadoa
?dahumanaiodadaemseuconjunto,graças^sJundadoresbrUâm-
cosdaciênciasocial.Aeconomiapolíticaeaciênciasocialformal
legitimam,conceptualmente,aisençãodaeconomiadomésticade
eXãoPolítica,0Poiessarazão,o^^^f^3^^-^- sociedadeeana^tã^^J^^í^^^td^^-
ficacgermjeTim^riõmemtemcomojojn^rriante^
-Carnalmente,porém,hTTimlra^oWmentreosteóncos
substantivoseosteóricos"formaisdoOcidente:ambosinterem^que
reduziroindivíduoaumserpuramentesocaieqüivaleaafirmarque
.oSobreesteponto,vejaMyrdal(1954).Declarac.e^*£%*»£Z miacomoumtiposodaldeadministraçãodomcst.cainspiranaoapenasateo
riadoívre^om^cio.masUmbémtodasasoutrasdoutrinasdeeconomiapo
lítica"(Myrdal,1954,p.140).
33
V
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Uma reconceituação da riqueza das nações
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Uma reconceituação da riqueza das nações

  • 1. Ivi M^U^&wdJk1 ALBERTO GUERREIRO RAMOS /* UíÀloco> ^oetodó A NOVA CIÊNCIA DAS ORGANIZAÇÕES Uma reconceituação da riqueza das nações Tradução de MARY CARDOSO Jill^üii CsauarSõ Jfiorcno fOiioa ESTATÍSTICO FGV-Instituto de Documentação Editora da Fundação Getulio Vargas Rio de Janeiro, RJ — 1981 iQQ I / a ÍP1 o.. * a-: £ fcs-i
  • 2. t h b o o o o o G O ( ( c c o o o o o o o o o c o o o ( ( ( **r „ dar ao rascunhodeste livro sua forma presente. Beverly Harwick da- ^íôVetíetextoesou reconhecido àsua alerta diligencia. Gostaria 2X£df«iSn£ aqui omeu carinho por duasadoráveiscnaturas, Í^Ttudí aue se foi parasempre, eCochese, alegres efiéis ^ZZZ£^o^companheirosdasminhassolitárias h0n,S Finalmente! minha permanência na Wesleyan University ena Yale University, como professor visitante econfrade visitante, respec tivamente por ocasião da licença especial para estudos que me foi concedida pela USC no ano acadêmico de 1972/73, representou uma auspiciosa oportunidade para que eu clarificasse aforma deste livro. O processo de revisão da Editora da Universidade de Toronto, sob adire ção de R. I- K. Davidson, foi de inestimável valor para aarticulação de meu trabalho. As críticas ao esboço original, que recebi dos leitores da Editora daUniversidade deToronto, contribuíram decisiva e generosa mente para aconfiguração easubstância finais do livro. Aresponsabilidade pelo que no livro se contém, éclaro, cabe a mim. MoogLo ~ c / KÁií C^'- •) olt ^60^ <^ - )VW íU k>Je-T ".^"•Iv"!: I PREFACIO Neste livro, apresento o arcabouço conceituai deiwm nova ciência das organizações. Meu objetivoécontraporum modjlojejuiá- SãfifiSmpàmSSj aadrnuu>Uaçãoj>ubbçajioi_ult^pjJP^:_ LtSõTTmPten^rais,que uma_teoriada«P°"^**£dTnolnlfciaò-liloTipUcável atodos mas apenasaum ripe e^cial de atividade. Aa-pücação de seus princípios atodas ^íormfJ^ vidade está dificultando aatualização de possíveis novos sistemas^so- S, necessários àsuperação de dilemas básicos de «"*££ Argumento ainda, que omodelo de alocação de mao-de-obra ede re- ÍSTmSí na teoria dominante de organização, nãojeva ern "•con^ as exigências ecológicas , não_se_vincula,.portanto, k. estígiQ conlen^p^anVlaTcip-acidades de ^S^^f^Tl que amaneira pela qual éensinado omodelo JM^**"»* desastrosa, porque não admite explicitamente sua limitada utüidade ******* usando aexpressão novaciênciadas organizaçõesem sen tido amplo,eamesma inclui assuntos não apenas pertinentesasetores presentemente rotulados como administração públicaeadministração é!w£m privadas, mas também temas especificamente pertencen tes ao campo da economia, da ciência política daciência da fonnul. ção de políticas eda ciência social em geral. Assim sendo, damaneua como está concebidaneste livro, anovaciência das orgaruzaçõesédm- SE aproblemas de ordenação dos negócios sociais epessoais numa microperspectiva, tanto quanto numa perspectiva mi"°- De um modo geral, oenriao e otiemajnento oferecidos aos estudantes, não apenas nas escolas de administração publicaedejuta* rüsFaçfcTde empresas, mas igualmente nos departamentos de ciência social ainda são baseados nos pressupostos da sociedade centrada no mercado. Hoje énecessário um modelo alternativo de pensamento, ainda não articulado em termos sistemáticos, porque asociedade cen trada em mercado, mais de 200 anos depois de seu aparecimento, está XI !•«•?.;•••.-..•-*p- .-• ~VvO^ rr**r' **s ,-/> • ). n >.w •) • •• 1 : f I 1 f 1 | I•;«pll^ wHBf^-- 1 1 raffi^SSjii,';'- ':< '•>•.'• 1 1 1 1 > •' • 1 >' L_ > 1 1 1 1 ^ Cü^-V^o _ 1 | 5$ » fS » '"••• > r° » % . -C' •
  • 3. 6i O ( o o ( o ( ( ( ( ( o o o o o o o o o o o o o ! o o ( arando agora suas limitaçõesesua influência desfiguradora davida l r^ como um todo. Eéapenas tal forma de pensamentoque este UVK> NtocWÍtulo 1,tnto do conceito básico de toda ciênciasocial- . razfo Amoderna ciência social não pode ser completamente expli cada senão àluz da compreensão peculiar da razão que nela esta im plícita Neste século, acrítica da razão moderna foi iniciada por Max Weber eKarl Mannheim, que falharam, não obstante, quanto aencarar consistentemente a complexidade dessa razão. Mais recentemente, Eric Voegelin tentou avaliar a razão moderna do ponto de vista do le gado clássico do pensamento e, por mais significativa que sua grande contribuição possa ser considerada, pressupõe ela, contudo, um cará ter restaurador que não está suficientemente qualificado. Mais ainda, deixa de prover anova ciência das organizações eda sociedade da perí cia operacional e analítica exigida pelas condições históricas de nosso tempo. Outra significativa linha de crítica é representada pela chama da Escola de Frankfurt que, mostrarei, ainda está carregada de moder nas ilusões de cunho historicista. Ocapítulo 2éuma crítica do modelo contemporâneo de ciência social, do ponto de vista de um modelo alternativo que chamo de teoria substantiva davidahumana associada, e queé calcado nadistin ção feita por Max Weber entre Wertrationaliíaí (valor ou racionalidade substantiva) e Zweckrationalitàt (racionalidade funcional) enaanálise, de Karl Polanyi, da sociedade centradano mercado. Ocapítulo 3 conceitualiza asíndrome psicológica inerente àso ciedade centrada no mercado e especifica seus traços principais, a sa ber: afluidez da individualidade, operspectivismo, oformalismo eo^> operacionalismo. Esclarece que enquanto oscidadãos, em geral, con tinuarem sucumbindo à persuasão organizada, às pressões eàs influên cias que mantém tal síndrome em operação, haverá, na melhor das hipóteses, pouca oportunidade para uma transformação social revita- lizadora. Nocapítulo4. sustento quea teoria daorganização, como cam po disciplinar, está perdendo o senso de seus objetivos específicos, pela tentativa de assimilar modelos e conceitos estranhos aseu domí nio próprio. Em apoio desse argumento, examino exemplos de "colo cação desapropriada" - misplacement —de conceitos demonstrados por tópicos em voga no campo da teoria da organização. Concluo o capítulo 4 fazendo a articulação de alguns tópicos básicospermanen tes do estudo científico de organizaçõesformais. O capítulo 5 apresenta o conceito da política cognitiva, e de monstra que a mesma constitui a mais importante dimensão oculta da psicologia da sociedade centrada no mercado. A teoria da organização nunca atingiu o stahis de uma disciplina científica porque seus pro- XII ponentes não têm apercepção de semelhante dimensão. A> eonada organização dominante épré-analítica, no sentido de quente0£* do dos negócios humanos na sociedade centrada no mercado^como uma premissa, sem se aperceber da extensão das^.d^sob^ vas 0 capítulo trata, com minúcia, de três pressupostos nao articula dos da presente teoria da organização, isto é, aM-W*"»» za humana com asíndrome comportamental.sta inerentej"°**« centrada no mercado, adefinição da pessoa como um detentor de em prego eaidentíficação da comunicação humana com acomunicação instrumental. Ocapítulo 6expõe mj™'™ <*gos epistemològicos^ajeona X^Tnr"elucidam que a presente teona organizacional, dejx^jiste laJn and Socie.y, bem como no livro 0*^X^980) para usar os referidos artigos. No capítulo 7, apresento um modelp multicéntrico dejmájise dos sistemas sociais edo desenho_organizaçional que denomino- deli- mítação dos sistemas-lioaairTarmod^^ Z^Zlriopeto ü=55a,3áTOsa5^eo«^^g cr^vTo^núitiplõsl^ dale". 0 capítulrJTc^nsUtui uma apresentação preliminardaquilo que cHãmõde paradigma paraeconòmico. • Alei d^^uifes^de^os3>presentada no capitulo 8co mo unTtópico fundamental da nova ciência das organizações. E* aLdoomL*^^çao^sencial de qualqueT sociedade, que_deve_ter respostas para as ne: capítulo sustento que^a um desses sistemasjoc.aiTletermma os prfe^uisitoT^^^n.T^gr^rnTWlise da tecnologia, do tamanho,dlpercepçao,do espaço e dotempo dossistemasjociais^ XIII t .
  • 4. o o o ( o c ( ( o o c < ( ( < o o o o o o o o o o c o Ü o ( V <- No capítulo 9, tento mostrar as impücaçõesjolítjc^iio^- Higrn, paraeconômico. Aessa altura, àtmno que adjlirnjt^o^ orgarn^õn^na^ deElclaTe^titp^dr^^ d™braVdeIeçuisõI^^ -l^e^iin^TIvnrconrum sumário oorFru^rn^un^amentm da nova ciência das organizações eindicando o rumo geral de sua ^endOseifTclpi3tulos deste livro constituem uma unidade orgânica e devem ser lidos na seqüência em que estão apresentados; de outra ma neira, oleitor perderá aspectos fundamentais de seu desenvolvunento teTrico Isso é particularmente verdadeiro em relação ao ultimo SSSo,mquePse tornam evidentes as minhas diretrizes política, e filosóficas. Ocapítulo não pode ser compreendido, se for lido como uma peça autônoma. _ , . Aprocura da nova ciência das organizações vem ocorrendo des de algum tempo, constituindo um esforço gradativo, empreendido.por grande número de estudiosos. Este livro aprove, amuito da atividade criadora de tais especialistas, mas começa amoldâja num corpo abran- gentede conhecimentos. XIV PREFÁCIO DA EDIÇÃO BRASILEIRA Oleitor brasüeirodeste livro deve sempre levaremconta que= ele sú^bstitujçãojõTumaji^^ verificará quels^ SSSSSRSSSwSnSSferasociedade, SssssSSsrSSSSaSNo mundo contemporâneo, os EUA sao a mais •a sociedade centrada no mercado. Por conseguinte éa, ^«™» ™vai-se tomando mais consciente do efeito deculturativo do merca ao Eve*to?aue não vem ao caso relatar aqui levaram-me aresidir nos EUA desde ^66 Nos últimos três lustros, aproblemática norte-ame ricana tanto nosseus aspectosacadêmicos como naqueles pertinentes XV YttO I 4. o-V jV,v
  • 5. I r i I i i 4 < V ( C c o o e o o o o o o o o C; v c < Mdomínio dos afazeres cotidianos, tem sido parte central de minha rife Este livro destüa essa intensa experiência. Em vanas de suas pas- noens éevidente que minhas elaborações conceituais sao largamente afetadas por incidentes típicos da vida norte-americana. M^s^pjnodelo dc sociedade que Ajwva_çiên£ÍíL^^^ Í* constitui,o desenho eJ^tf^Hal decjescente"número de mdryiduos^mjodp o.mundo. Nos EÜXTmmãrérde pessoas estão sistematicamente vivendo como se o mercado fosse apenas um lugar delimitado em seu espaço vital. EstaJ.* uma revolução silenciosa que embora nfo_faç_amançhetesnaimpren- ^^^^^^^^^^r^x^jo^ij^^^iojuturo, isto é, a práxis de emergente modelo de relações entre os indivíduos, e entre estes e a natureza. Em outras palavras, estemodelo restaura o que a sorié&ídecentiãai no mercado deformou ou, em parte, destruiu: os elementos permanentes da vida humana^ Acategorização desse modelo emergente na práxis de minorias em todo o mundo tem importância universal, pois constitui areferên cia magna da crítica da sociedade moderna, ede sua ideologia que, sob o disfarce de ciência, devários modos comanda oprocesso configurati- vo da vida dos povos, tanto nos países chamados capitalistas como nos chamados socialistas. Nos estudos que realizei no Brasil antes de radicar-me nos EUA jáeram perceptíveis as linhas mestras do pensamento sistematicamen te articulado nestelivro. Ao leitor interessado em verificar a progres são desse pensamento dirijo as considerações finais aseguir. Nos meus estudos publicados noBrasil desde 1951 encontram-se análises da ciência social européia eda norte-americana, bem como do marxismo edo paramarxismo [vejaIntrodução critica àsociologia bra sileira (1957), OProblema nacional do Brasil (1960), ACrise do poder no Brasil (1961), Mito e verdade da revolução brasileira (1963)]. Par ticularmente significante na minha trajetória intelectual éARedução sociológica, cuja primeira edição é datada de 1958. No prefácio da se gunda edição deste livro (1965) sublinhei otríplicejentido da redução so^ológjca.jjaber: a) atitude imprescindível àassjmilação_ciítica_da ciência e da cultura importadas; l-jadestramento cultural sistemático necessário para habilitar o individuçLaje^tir_àjnassificaçãojie sua conduta e às pressões sociais organizadas; c) superação daciência so- ciáTnos moldes institucionais é universitários emqueseencontra. Na edição de 1958, ARedução sociológica tratou principalmen te da mesma em seu primeiro sentido. Posteriormente, afim de ressal tar o segundo sentido da redução sociológica, sugeri a categoria de homem parentético, em Homem-organizaçãoe homem-parentético, ca pítulo de Mito e verdade da revolução brasileira, eem Models ofman and administrative theory, artigo publicado nonúmero demaio/junho de 1972 da Public Administration Review. XVI Este livro éresultado de minhas pesquisas sobre aredução***> lneica no terceiro sentido. Otema já tinha sido esboçado em meu esto °o8d MM!>tualdasociologia,queconstituiog^. vZJn?o(966) minhas anájiswjtoç^ncrit^^ oJeitoLencontrará neste livro. nrnAuin a- cerca de ANova ciência das organizações é, ^gf^JZ?" 30 anos de pesquisa ereflexão. Mas ele não articula tudo aquilo em ção da proposta de trabalho teónco eoperacional, que espero mar durante o resto deminha vida. Alberto Guerreiro Ramos LosAngeles, 1980 XV11
  • 6. ( o c o o o o o o o o o o o Q i L ir-v i''v?%wmppiPpgpliWBppigBfiggpi i|pwg? '• *"gp»t?w' SUMARIO Agradecimentos IX Prefácio XI Prefácio daedição brasileira XV 1. Crítica da razão moderna esua influência sobre a teoria da organização 1 1.1 Arazão como cálculo utilitário de conseqüências 2 1.2 Aresignação eos pontos de vista de Max Weber sobre a racionalidade 4 1.3 Avisão limitada de racionalidade de Karl Mannheim 6 1.4 Ateoria críticadaescola de Frankfurt 8 1.5 Otrabalho derestauração deEric Voegelin 75 1.6 Alguns comentários críticos 19 1.7 Conclusão 22 Bibliografia 23 2^Norumo de uma teoria substantiva da vida humana associada 25 2.1 Amoderna transavaliação dosocial 28 2.2 Ordenamento político e sociedade 33 2.3 A dicotomia entrevalores e fatos 37 2.4 Aciência social como uma ideologia serialista 39 2.5 Da ciência social cientística 42 2.6 Conclusão 45 Bibliografia 46 3l Asíndrome comportamentalista 50 3.1 A fluidez da individualidade 53 3.2 Perspectivismo 57 3.3 Formalismo 59 3.4 Operacionalismo 62 3.5 Conclusão 67 Bibliografia 67 $$$%!& • l XIX
  • 7. I f SC í i O O O o e o o o o o o o o V (i ( ( 4 Colocaçãodesapropriada de conceitoseteoria da organização 69 41 Traços fundamentais da formulação teórica 69 Adeslocação transforma-se em colocação inapropnada 71 Ailusão da autenticidade corporativa 72 Aalienação mal compreendida 72 Sanidade organizacional, uma denominação incorreta /o Pessoas emodelos desistemas 79 Conclusão 82 Bibliografia 83 Política cognitiva - apsicologia da sociedade centrada no mercado 86 5.1 Política cognitiva, uma digressão histórica 87 Apolítica cognitiva easociedade centrada no mercado 90 Uma visão paroquial da natureza humana 93 0 alegre detentor de emprego, vítima patológica da sociedade centrada no mercado 98 5.5 Apsicologia da comunicação instrumental 108 5.6 Conclusão 114 Bibliografia 115 I 5.2 5.3 5.4 6. Uma abordagem substantiva da organização 118 6.1 Tarefa 1- aorganização como sistema epistemológico 118 6.2 Tarefa 2- pontos cegos da teoria organizacional corrente 120 Reexame danoção de racionalidade 121 Peculiaridade histórica das organizações econômicas 123 Interação simbólica e humanidade 126 Trabalhoe ocupação 129 Conceptualização de uma abordagem substantiva da organização 134 6.8 Conclusão 136 Bibliografia 138 7. Teoria dadelimitação dos sistemas sociais: apresentação de um paradigma 140 7.1 Orientação individual e comunitária 140 7.2 Prescrição contraausência de normas 143 7.3 Conceituação das categorias delimitadoras 146 Bibliografia 153 XX i» i «limai • "ÍIW mwi Mmw 8. Alei dos requisitos adequados eodesenho de sistemas sociais 155 Bibliografia 173 9. Paraeconomia: paradigma emodelo multicêntrico de alocação 177 Bibliografia 191 10. Visão geral eperspectivas da nova ciência 194 10.1 Aciência social convencional 194 10.2 Aorganização resistente 198 Bibliografia 201 índice analítico 203 •••;'"*'*• -•' <3&?S3° XXI
  • 9. f I i Ò b h í iP ^ assim, aojd^rsu^i^^ Mais ainda^vldadantíto na psique^KulnãhTéTa-êTiciridTíon^^a realidade que resistia asua nrÓDria redução aum fenômeno histórico ou social. P PNos trabalhos deVHobbe> a"razão moderna" e. pela primeira vez clara esistematicamentearticulada, eaté hoje sua influencia nao desap receu. Definindo arazão como uma capacidade que oindivíduo adqíi "pelo esforço" (Hobbes. 1974, p^ 45) equeohabd.tjj^/fcj? mais do que fazer o"cálculo utilitário de conseqüências TttobbesT 1974 o 41) Hobbes pretendeu despojar arazão de qualquer papel normativo no domínio da construção teórica eda vida humana asso ciada. Numa obra em que tenta levar acabo oseu propósito diz ele: "A filosofia civil" é "não mais velha... do que meu livro De Ove (Hobbes, 1839, p. IX). De acordo com Hobbes. parece que o termo racionalidade eago ra geralmente empregado por leigos, tanto quanto pelos c.ent.stas so ciais segundo uma feição enganadora, que, todavia, não ma.s reflete o tipo'de indagação consciente empreendido por Hobbes. esim profun da desorientação. As enganosas implicações de que ora se reveste oter mo precisam ser identificadas pelo que realmente são. Ja que. em nos sos dias a racionalidade assume com freqüência conotações antiteticas relativamente aos propósitos fundamentais da existência humana a anti-racionalidade sem qualjficação transformou-se numa_dasjeses de_ àTgmTS-TnTTlè-eTicãrar^^ No entanto, quando se examinam suas intenções, percebe-se que adeles e uma causa errada Suas intenções podem ser boas, mas seu objetivo esta en ganosamente mal colocado. Aracionalidade por que se batem e, na realidade, a distorção de um conceito-chave da vida individual e associada. A transavaliação da razão - levando à conversão doconcreto no abstrafõTã^ bom no funcional, e mesmo do ético no não-ético - ca racteriza operfil intelectual de escritores que tém tentado legitimar a sociedade moderna exclusivamente em bases utilitárias. Uma das teses principais deste livro consistirá em assinalar que, quando comparada com outras sociedades, a sociedade moderna tem demonstrado uma alta capacidade de absorver, distorcendo-os, palavras econceitos cujo significado original se chocaria com o processo de auto-sustentaçao dessa sociedade. Uma vez que a palavra razão dificilmente poderia ser posta de lado, por força de seu caráter central na vida humana, asocie dade moderna tornou-a compatível com sua estrutura normativa. Assim na moderna sociedade centrada no mercado, a linguagem dis torcida tornou-se normal, e uma das formas de criticar essa sociedade consiste na descrição de sua astúcia na utilização inapropriada do vo cabulário teórico que prevalecia antes de seu aparecimento. Com o intento de preparar o caminho que levará a uma nova ciência das organizações eda sociedade como um todo, livre de desfi- 3 #- i b b P o o o o o o o o o o o o c ( ^««Amico das sociedades industriais desenvolvidas tem sido uma con- SSSTuíInS-v. aplicação das ciências naturais. No entanto, a SSade manipuladora de tais ciências não constitui necessanamen- Z uma indicação de sua sofisticação teórica. Assim, de acordo com HÚsserl na medida em que essas ciências admitem como evidente por si mesmo otipo pré-refletivo da vida cotidiana ficam elas "no mesmo nível de racionalidade das pirâmides do Egito (Husserl, 1965, p. 186). Em outras palavras, as ciências naturais do Ocidente nao se fun damentam numa forma analítica de pensamento, jáque se viram apa nhadas numa trama de interesses práticos imediatos. Éisso, talvez, o que Husserl quis dizer com aafirmação: "Toda ciência natural éingê nua, relativamente aseu ponto de partida. Anatureza, que irá investi gar,'está simplesmente à disposição dela para isso" (Husserl, 1965, p. 85). No fim de contas, as ciências naturais podem ser perdoadas por sua ingênua objetividade, em razão de sua produtividade. Mas essa to lerância não pode tervez nodomínio social, onde premissas epistemo- lógicas errôneas passam aser um fenômeno cripto-político - quer di zer, uma dimensão normativa disfarçada imposta pela configuração de poder estabelecida. O presente capítulo é uma tentativa de identificação da episte- mologia inerente na ciência social estabelecida, de que a atual teoria organizacional é um derivativo. Meu principal argumento éque aciên cia social estabelecida também se fundamenta numa racionalidade ins trumental, particularmente característica do sistema de mercado. Con cluirei o capítulo indicando o assunto principal do capítulo 2: um conceito de racionalidade mais teoricamente sadio, quer dizer, uma ra cionalidade substantiva, que ofereça a base para uma ciência social al ternativa, em geral, e para uma nova ciência das organizações, em particular. 1.1 A razão como cálculo utilitário de conseqüências No período moderno) da história intelectual do Ocidente, que começou noléciiIõ"XVII e continua até os nossos dias, o significado previamente estabelecido daquelas pilavras que constituem uma lin guagem teórica fundamental mudou drasticamente, numa direção de terminada. Nos trabalhos de homens como Bacon e Hobbes, escreven do no clima cultural do século XVII, é evidente que o significado do termo razão (assim como deoutros termos tais que ciência e natureza) já era peculiar, enquanto refletia um universo semântico sem prece dente. No sentido antigo, como será mostrado, a razão era entendida como força ativa na psique humana que habilita o indivíduo adistin guir entre o beme o mal,entre o conhecimento falso e o verdadeiro e, ^ MkMtf>jBMeP»MaW^ Cfi^' vo^r' O** ^ !'
  • 10. «mradá linguagem teórica, examino rapidamente, nos parágrafos se guintes, aavaliação crítica da razão moderna, empreendida por alguns dos mais eminentes estudiosos contemporâneos. 1.2 Aresignação eos pontos de vista de Max Weber sobrea racionalidade Quando Max Weber iniciou seu trabalho acadêmico, avelha no ção de razão já tinha perdido a/€õnòt^çapjiojTnauy>> que sempre tive ra, como referência para a ordenação dos negócios pessoais e sociais. Por um lado, de Hobbes a Adam Smith e aos modernos cientistas so ciais em geral, instintos, paixões, interesses easimples motivação subs tituíram a razão, como referência para a compreensão e a ordenação da vida humana associada. Por outro lado, sob a influência do Ilumi- nismo, de Turgot a Marx, a história substituiu o homem, comoporta dor da razão. Contra tal situação, Max Weber permanece como uma figura solitária. Rejeitou tanto o rude empirismo britânico eo natura lismodoscientistas sociais, quanto o determinismo histórico,principal característica de influentes pensadores alemães. Uma clara indicação da conotação polêmica daobraacadêmica deWeber estáemsuatenta tiva de qualificar a noçãoderacionalidade. Max Weber é descrito, freqüentemente, como verdadeiro crente na insuficientemente qualificada excelência da lógica inerente à so ciedade centrada no mercado. No entanto, uma leitura cuidadosa de sua obrajustifica diferente avaliação de seu pensamento, a propósito do assunto. Ele escreveu muito sobre o mercado como a mais eficiente configuração para o fomento dacapacidade produtiva deumanação e para a escalada de seu processo de formação de capital. Mas, ao voltar-se para o mercado e parasualógica específica, é evidente que nenhum fundamentalismo mancha sua investigação. Em outras pa lavras, não era um fundamentalista, no sentido de que explicava o mercado e sualógica específica como constituindoa síndrome de uma época singular: a história, segundoele, não iria encerrar seu curso com o advento dessa época. Focaliza esses assuntos do ponto de vista da análise funcional e, na realidade, merece ser considerado o fundador da análise funcional. Autores modernos, como, por exemplo, Adam Smith, negligenciam o caráter precário da lógica demercado, enquan to MaxWeber a interpreta como um requisito funcional de um deter minado sistemasocial episódico. AdamSmith procedeucomo um fun damentalista, visto como exaltou a lógicado mercado como um ethos da existência humana em geral.MaxWeber,porém, descreve essalógi ca (da quala burocracia é umadasmanifestações) comoumcomplexo eurístic^em afinidade com uma forma peculiar de sociedade - oca-1 pitãHsmo, ouA^QJieiria^ociedajfjl? mgssa Condena explicitamente qualquer tipo fundamentalista de análise econômica, que "identifica' Q O 4a). i v-nV 4jq doMtd dO jpu nuiimiiw mi i i,i ,i i ipnua iii.ihpw ii. . •— i •- pi *. t>.«f/u#wwk j^ U/ida ^'VM ' • 3- & ^^h o >KJ s 0 opsicologicamente existente com oeticamente válido" (Weber 1969. p. 44). Nessa disposição etendo em mente os economistas^iberais. observa: .*.*v/vSr A^iVft^:y o^-' V "Os defensores extremados dó livre-comércioi.. concebiam (a eco nomia pura) como um retrato adequado da realidade natural. isto é darealidade nãoperturbada pela estupidez humana - e prosseguiam visando a estabelecê-la como um imperativo moral, como um válido ideal normativo - enquanto que ela é apenas um tipoconveniente, a ser usado naanálise empírica" (Weber, 1969, p.44). Ojulgamento que Max Weber fez do capitalismo eda moderna sociedade de massa foi essencialmente crítico, apesar de parecer lauda- tório. Chocava-se ante a maneira pela qual tal sociedade fazia a reava liação do significado tradicioriaUaracionalidade, processo que intima mente lamentávãrèmbõrãrfenha deixado dedíretamente confrontá-lo. Muito embora Weber se tenha recusado a basear sua análise sobre a in dignação moral, como fizeram outros teóricos, de forma notável, éum erro atribuir-lhe qualquer compromisso dogmático com aracionalida de gerada pelo sistejrja^rjLtalista, Adistinção que fez, entre Zwckra- rionalitàt e Wertrationalitat - e que. é verdade, algumas vezes minimi za - constitui, possivelmente, uma manifestação do conflito moral em que se sentia com as tendências dominantes da moderna sociedade de massa. Cqmo-4-amplamente sabido, ele salientou que a racionalidade formal)e fastrumentiu) (Zwcekrationalitat) é determinada por uma ex pectativa de resultados, ou "fins calculados" (Weber. 1968, p. 24). A racionalidade substantiva, ou de(tàor^WertrationaIitàt). édetermina da "independentemente de suas expectativas de sucesso" enão carac teriza nenhuma ação humana interessada na "consecução de um resul tado ulterior a ela"(Weber, 1968, p. 24-5). Nessa conformidade, We ber descreve a burocracia como ejn^enhad^jnijunções racionais^ no contexto peculiar de uma sociedade capitalista centrada no mercado, e cuja racionalidade é funcional e não substantiva, esta última consti tuindo um componente intrínseco do ator humano. Sob fundamento algum é possível considerar-se Max Weber como um representante dafracionalidade burgueji^tima vez que ele encarava esse tipo de racionalidade com evidentédesinteresse pessoal. Aqueles que afirmam o contrário identificam inadvertidamente suas observações ad hoc com sua posição pessoal, em termos gerais, da mesma forma que deixam de perceber a tensão_espiritual que subli nhou seus esforços para investigar,«ne ira ac studkyz temática de sua época. Na verdade, ele foi incapaz dTrèlolveTCfsãtensão empreenden do uma análise social do ponto de vista da racionalidade substantiva. De fato, a Wertrationalitat é apenas, por assim dizer, uma nota de Ul^VDU =0 " </a^
  • 11. 5 < ( ( ( c c c o o o o o o o o ü o o ( V c i rodapé em sua obra; não desempenha papel sistemático em seus estu dos. Se o fizesse, a pesquisa de(Weberteria tomado um rumo comple tamente diferente. Escolheu ele íresignação (isto é. aneutralidade em face dos valores, não aconfrontação^como posição metodológica, em seu estudo da vida social. Contudo, essa resignação nunca o desorien tou, transformando-o em um historicista radical. De modo significa tivo, considerava "auto-enganadora" qualquer posição que "afirme que através da síntese de vários pontos de vista partidários, ouseguin do uma linha intermediária aos mesmos, seja possívelchegar-se a nor mas práticas de validade cientifica" (o grifo é do original) (Weber. 1969, p. 58). Seu historicismo foi mantido cmequilíbrio pelo forte sen timento pessoaldefinitude dosconceitos científicos, emcomparação ^çom a "corrente infinitamente multiforme" (Weber. 1968. p. 92) da realidade. O funcionalismo qualificado de Max Weber tem sido mal com preendido por alguns de seus intérpretes, e mesmo pelos que se auto- proclamam seus seguidores. Um caso a assinalar é Talcott Parsons. cuja obra, ao que parece, sofreu a influência de Max Weber. Parsons mostra pouca ou nenhuma ambigüidade moral em relação à racionalidade imanente ao sistema de mercado. À luz de seu modelo dogmático de análise estrutural e funcional, do qual extrai sua noção de "variáveis- padrão" e "universais-evolutivos"! os requisitosespecíficosda socie dade capitalista avançada tornam-se padrões dogmáticos para a ciência social comparativa, e mesmo para a própria história. 1.3 A visão limitada de racionalidade de Karl Mannheim Éóbvio que Karl Mannheim se apoia em Max Weber para estabe lecer uma distinção entre racionalidade substanciai ejuncional. Define racionalidade substancial como "um ato de pensamento que revela percepções inteligentes das inter-relações de acontecimentos, numa situação determinada" (Mannheim. 1940, p. 53) e sugere que atos dessa natureza tomam possível uma vida pessoal orientada por"julga mentos independentes" (Mannheim, 1940. p. 58). Essa racionalidade constitui a base da vida humana ética, responsável. A racionalidade funcional diz respeito a qualquer conduta, acontecimento ou objeto, na medida em que este é reconhecido como sendo apenas um meio de atingir uma determinada meta. A influência ilimitada da racionalidade funcional sobre a vida humana solapa suas qualificações éticas. Tal distinção, portanto, é estabelecida para propósitos éticos e, na verdade, Mannheim sublinha o fato de que a racionalidade funcio nal "tendea despojar o indivíduo médio" (Mannheim. 1940, p. 58)de sua capacidade de sadio julgamento. Ele vê um declínio das faculdades 1 Veja Parsons, Talcott (1962 1964). PBWW.IHj*,"Mpi. í;»...».!. •w.».*»n "«• '•'"' Vi* A) r & «fcP1 ^~ V > de crítica do indivíduo, na proporção do desenvolvimento davindus- ( cSatefe) Sugere, também, que embora aracionalidade funcional teflhTeStído em sociedades anteriores, estava nelas restrita aesferas limitadas Na sociedade moderna, porém, tende aabranger atotalida de da vida humana, não deixando ao indivíduo médio outra escolha além da desistência da própria autonomia e"de sua própria interpreta ção dos eventos, em favor daquilo que os outros lhe dão" (Mannheim, 1940, p. 59)- Seu livro Man and society in an age ofreconstruetion é uma indagação sobre a maneira de proteger avida humana contra a crescente expansão da racionalidade funcional. Mannheim alega que todo aquele que deseje ser coerente com adistinção entre os dois tipos de racionalidade precisa compreender que umjltograu de desenvolvi- ^ mento técnicoxecoriômico_riQdíçpjnisp^ridjr^^paixodesenvolvi- mento ético. Vale a pena salientar esse ponto, porque há autores de orientação positivista que parecem admitir a validade da distinção, sem se aperceberem, aparentemente, das conseqüências éticas dessa distinção. Adistinção que Mannheim faz não sugere que aracionalidade funcional deva ser abolida do domínio social. Estipula, antes, que uma ordem social verdadeira e sadia não pode ser obtida quando ohomem médio perde a força psicológica que lhe permite suportar a tensão entre aracionalidade funcional e asubstancial epor completo se rende às exigências da primeira. Tal situação éagravada quando aqueles que estudam oprocesso formativo de decisões descuram da tensão existente entre as duas racionalidades. Através da abordagem do processo for mativo de decisões de um ponto de vista puramente técnico e pragmá tico, aceitam aracionalidadejuncional comoo padrão fundamental da vida humana. Aparentemente, aanálise empreendida por Karl Mannheim ado tou uma posição confrontativa, no sentido de que reflete aânsia liber tária do autor para encontrar meios de modificar oestado atual das sociedades industriais. Na realidade, ele não tirou, inteiramente, as conseqüências da distinção que fez. Seu ecletismo relacionahsta, pelo qual pretendeu integrar todas as principais correntes da ciência social contemporânea, acabou por deixá-lo desnorteado. Nem apreocupação de Mannheim com a liberdade humana o salvou da perplexidade inte lectual O esforço classificatório que desenvolveu, na avaliação e comentário de descobertas feitas no campo da ciência social conven cional nunca lhe permitiu, realmente, chegar aum conjunto coerente de diretrizes teóricas. Por exemplo, nolivro Man and society inan age ofreconstruetion, são apresentadas uma análise aguda eobservações precisas, mas no fim de contas ele não conseguiu desenvolver um conceito de ciência social em consonância com sua noção de raciona lidade substancial. ^ 'QVW /U/V^
  • 12. ( b o o o e o o o o o o o o ( t ( ( 4P^~ 14 Ateoria critica da Escola de Frankfurt Aracionalidade tem sido uma das preocupações centrais da cha mada Escola de Frankfurt.2 Seus principais representantes, essencial mente, afirmam que, na sociedade moderna, aracionalidade se trans formou num instrumento disfarçado de perpetuação da repressão social, em vez de ser sinônimo de razão verdadeira. Esses autores pre- tendem restabelecer o papel da razão como uma categoria ética e, portanto, como elemento de referência para uma teoria critica da sociedade. Recusam, ao que parece, o pressuposto de Marx de que a racionalidade é inerente à história, e que o processo da sociedade mo derna, através da crítica dialética de si mesma, conduzirá àIdade da razão. Salientam que Marx não percebeu que,na sociedade moderna, as forças produtoras haviam conquistado seu próprio impulso institu cional independente, assim subordinando toda avida humana ametas que nada têmaver com a emancipação humana. O questionamento a que Horkheimer e Adorno submetem o conceito dejazãode Marx é uma conseqüência lógica desua análise da tradiçãoÇüurrn^ista) Encaram eles oIluminismo como omomento em que oconhecimento daj^zãojoijeparado de sua herança clássjca^De acordo comBõfRRêímer, há umateoria de razão objetiva^oriunda de Platão e Aristóteles e passando através dos êscolásticose mesmo atra vés do Idealismo alemão(Horkheimer, 1947, p. 41), que enfatiza os fins de preferência aos meios e as implicações éticas davida de razão para a existênciahumana. Essateoria Ãm • ' • "... não focaliza a coordenação de comportamento e propósito, mas conceitos - não importa o quanto nos pareçam hoje mitológicos - sobre a idéia do bem maior, sobre o problema do destino humano e sobre a maneira de serem atingidos os objetivos últimos"(Horkhei mer, 1946, p. 5). Horkheimerconsidera implícitos nesse entendimento da razãoos pre ceitosde ordenaçãodavida do homem. Noentanto, o Iluminismo transforma pensamento em matemá tica, qualidades ernfunçoes, conceitos em fórmulas, e a verdade em freqüências estatísticas de médias. Em outras palavfasy-com o Ilumi nismo, "o pensamento se transforma em merátautologiay (Horkhei- 2 Sobrea históriada Escolade Frankfurt, vejaJay, M. (1973). 8 i'sVGfr mer 1947 P97)3 Na perspectiva do Iluminismo, omundo 6escrito Tfólíaímatlmática:ePo desconhecido perde seu »-cen * significado clássico, tomando-se alguma coisa relativa as capacidades de cálculo disponíveis. Assim, Horkheimer eAdorno escrevem. "A redução do pensamento a um aparelho matemático esconde a sanção do mundo como seu próprio instrumento de mensuraçao. O que parece ser otriunfo da ... racionalidade, asujeição da realidade toda ao formalismo lógico, épago pela obediente submissão da razão ao que édado duetamente.^iejjib^^ ção e aborda^enula_coim<xin^^ -g~Hg^^ni^ yenhaodia ..."ffloridietaet eAdorno. -T9TZTpT!£7)7~ Apesar das proclamações "dialéticas" de Karl Marx, que preten deu ter despojado oracionalismo do século XVIII de seus traços meca- nicistas seu conceito de razão está profundamente enraizado na tradi ção do'iluminismo, na medida em que ele acreditava que oprocesso histórico das forças de produção é racional em si mesmo e,portanto, emancipatório. Isso é uma üusão, afirma aEscola de Frankfurt, e Habermas, em especial, ocupa-se sistematicamente dessa questão. A"liquidação" da razão "como um fator de compreensão ética, moral e religiosa" (Horkheimer, 1947, p. 18) não teria sido consuma da no decurso dos últimos séculos, sem a concomitante desnaturaçao da linguagem filosófica e da linguagem usada nos negócios humanos comuns. Divorciando palavras e conceitos de seu respectivo conteúdo "G"^meTe,eoCThoVrnem tornou-se menosdependente de padrões absolutosde conduta, de idéias vinculadoras em termos universais. Considera-se tao completa mente livre que não precisa de nenhum padrão, exceto oseu propno. No entan to paradoxalmente, esse aumento de independência conduziu aum aumento pa ralelo de passividade. Sagazes como se tornaram as estimativas individuais no que se refere aos meios ao alcance do homem, aescolha que ele fez de seus fins, que anteriormente se correlacionavam à crença numa verdade objetiva, passou a ser desprovida de argúcia: o indivíduo, expurgado de todos os resquícios de mi tologias, incluindo a mitologia da razão objetiva, reage automaticamente, de acordo com os padrões gerais de adaptação. Forças econômicas esooaisjomam^ o caráter dos CeWLttndgM naturais oue ohomem, para_a_HejejyjCjg_dj.sj_mes^ -mc-TjTRísTaorninãr, ajustando-se a elas. Como resultado final do processo, te- mòhle-TiTinaTlcrrpèssoa, oegó abstrato despojado de toda asubstancia, exceto desua tentativa de transformar tudo que existe no céu e na terra em meios de autopreservação e,de outro lado, uma natureza vazia, degradada acondição de mero material, mera matéria-prima a serdominada, sem outro propósito que o da sua pura dominação pelo ser humano" (Horkheimer, 1947, p.97). • '. ,V i . s L- . > I » I > > I I > I I I I I I » I > I I I I I I I I * ísK* yJ^-
  • 13. vi ( (': í ( < ( < ( ( ( t O ( O e o o o o o o u o < i- intrínseco,oJhjminjsjTiode*^^£> "Alineuaeemfoireduzidaamaisuminstrumentonogigantescoapa relhodeprodução,nasociedademoderna.Todasentençaquenão eqüivaleaumaoperaçãopareceaoleigotãodesprovidadesignificado quantoéassimconsideradapelossemânticoscontemporâneos,que entendemqueaquiloqueépuramentesimbólicoeoperacional,quer dizer,asentençapuramentesemsentido,fazsentido...Namedidaem queàspalavrasnãosãousadascomopropósitoevidentedecalcular tecnicamenteprobabilidadesimportantes,ouparaoutrosobjetivos práticos,entreosquaisseincluiorelaxamento,corremelasoriscode setornaremsuspeitas...porqueaverdadenãoconstituiumfimemsi mesma"(Horkheimer,1947,p.22). Horkheimervêoprocesso^e_d_esnaturaçãodalinguagemcomo umresultadodaj»õlunaasocTalíz^ãg^oJndnaduQnosistema_indus- -tiiãrmoa^fnóTEmalgumaspáginasdeEclipsedarazão,antecipaeleo essencialdaquiloqueRiesmanneseusassociadosteriamadizerem 77i<?Lonelycrowd.*Horkheimerdescreveohomemmodernocomo um"egocontraído,prisioneirodeumpresenteefêmero,esquecendo- sedeusarasfunçõesintelectuaispelasquaisfoicapaz,umdia,de transcendersuaefetivaposiçãonarealidade"(Horkheimer,1947, p.22)._OJndjyiduojnodernoperdeuacapacidadedeusar_alinguagem pa^ajransmiEdeexprimir propósitos.Emconseqüência,recusa-seHorkheimeraaceitarousual "comportamentodaspessoas"(Horkheimer,1947,p.47),nasociedade moderna,comobaseparadecidirosignificadoderacionalidade.Sem dissimularsuaindignaçãomoraldiantedamodernização,eleterminay:^ olivroEclipsedarazãocomaseguinteafirmativa:"Adenúnciadaqui-^ Ioqueéhojechamadoderazãoéomaiorserviçoquearazãopode prestar"(Horkheimer,1947,p.187). —Anoçãoderacionalidadeéigualmentesoberananostrabalhos de(ííabêrmaàSeuinteresseprimordialéaconstruçãodeumateoria críticaUíTsociedade,comoinstrumentoparaestabeleceroprimadoda condutaracionalnavidasocial.AocontráriodeWeber,Habermasnão suspendeospadrõeséticosquandosevoltaparaotemadaracionalida denassociedadesmodernas.Nocontextodestecapítulo,parecequeo trabalhodeHabermassetomaimportantenamedidaemquetratados temasseguintes: 4VejaJay(1973,p.262). sVejaespecialmente,Horkheimer(1947,p.141-2). 10 .••' 1Arestauraçãodoconceitodeuminteresseracional,queembora LrifSInolensamentopolíticogrego,passouasertemacentraldos h£E7queumasociedaderacionaliriaresultar,necessanamente, daracionalidadeinstrumentalsobreassociedadesmodernas. 4^padronizaçãodacomunicaçãocomopontocentraldeumateona soc^lintegrativacrítica.Inclina-seeleporumaespéciedecrítica "te^femi)mergulhanacorrenteprincipaldoIdealismoalemão oaraexanunaTaracionalidadedeunupontodevistaenrico.Salen£ CnafiCfiatranscendentalde@)"jáapareceoconceitodeum JtereseTrazão"(Habermas,196Kp.198).Arazãopuranaobra *btftemointeressepráticodeviraencarnar-senavidasoe«d. AraíofoiconcebidaporKantcomosendodotadadecausalidadee, de^anamreza,podeiinduziranoçãodeumbemaserprocurado noTomTnioda'vidapessoal,tantoquantono^vidasocialAn*ao nreceituaumdeverexclusivamenteaosseresracionai?disseKant, re^pen^eritõWs^tiirõtemainteirodesuaCriticadarazão pZa?Contém,acreditaHabermas,osrudimentosdeumateona criticadasociedade.Alémdisso,Kantéaraizdopensamentosoc.oló- JcoSemio,deumaformaoudeoutra.Habermasapo.a-senaherança LtianaLadesenvolverumateoriasocialconsonantecomo«grüfl- «doesquecidoderacionalidade.Emumdeseusresumosdopensa- mentodTKantdizeleque"narazãoexisteumimputointiinseco^ Í^^^o^^^^^sseprático,quesedevenatomarefet- '«soledadedeseresracionais.Oproblemaconsisteemcomo omTpráticaarazãopura,nomundosocial,easrespostasaessaper guntatêmvariado.HegeleMarxacreditavamquearazãopunl*har- monizariacomarazãopráticadavidadecadadia,numaIdadeda SH-entendiamcomoaconseqüêncianecessáriadaevolução tótóricrHabermasquestionafundamentalmentetalentendimento Depoisdeenfatizaroconceitodeuminteressedarazão,naobra deKant^abermasobserva,contudo,queFichtedeugestãoum tratamentoqueseajusta,particularmente,au™teo™|^^DesenvolveuFichteo"conceitodointeresseemancipatonoinerentea ^íoativa"(Habermas,1968,p.198),que«"^«"^boraçãodeumatipologiadeinteressescogmtivos,comoenterras oaíaadiferenciaçãodeváriasjmhaWç^SíHiisa,nodomínioda SSciA25.deFichteéespééiKirteRetiraporqueidenti- *>ApudHabermas(1968,p.200). 11 |i*.H<«»Wm-»('P'>'mmmmm*j?ew!9*&9w*'m!,vmivuwuJVv+&*^WF'm*'•'-"*'"''"!''*'
  • 14. ç í í> V p í IP ( < ( ( c o o o o e o o o o o o o o o < fica aracionalidade como oatributo essencial da consciência humana esdarecida isto é, de uma consciência liberada do dogmatismo que de otáriomfecciona todasas formasconhecidas de vida cotidiana. Anoção de interesse <íogrittvo)tiansforma-se num instrumento central oara adistinção entie^àriõTtipos de ciência. Habermas os dife rencia de acordo com os interesses orientadores de suas pesquisas, a saber- a) "ciências (ciências naturais) cujo interesse cognitivo e o controle técnico sobre processos objetificados"; b) ciências cujo inte resse cognitivo é uma "preservação eexpansão da intersubjetividade da possível compreensão mútua orientada para aação"; c) ciências subordinadas ao interesse cognitivo emancipatório, isto é,que devem ser consideradas como instrumentais na estimulação da capacidade humana para a auto-reflexão e a autonomia ética (Habermas, 1968, p. 309-10). O interesse orientador da pesquisa de uma teoria crítica da sociedade éaemancipaçjo_dojiomem. através do desenvolvimento de suas potencialidades de^to^rellexlfr. No entanto, no modelo da ciên cia social estabelecida, o controle técnico darealidade constitui ointe resse básico, como orientador da pesquisa. Isso eqüivale adizer que a ciência social estabelecida tomou-se cientística. mediante a assimila ção do método das ciências naturais (a este respeito, há mais no capí tulo seguinte). Além disso, transformou-se ela num meio de legitima ção do controle institucionalizado sobre omundo natural eaconduta humana. A eficiência no controle da realidade_ toma-se o critério comum de validade, tanto nas ciências naturaisTquanto nas sociais, e Habermas preconiza uma ciência social conceituada em bases diferen tes. Salienta que a"ciência do homem ... estende, de modo metódico, o conhecimento refletivo" e "reivindica ser um auto-reflexo doobjeto inteligente" e "da história da espécie" em si mesma (Habermas, 1968, p.61-3). Habermas vê-se como um continuador da teona marxista e admite a possibilidade de uma teoria social crítica incorporadora de contribuição de Marx eliberada dos seus erros. Na realidade, ateoria marxista é inspirada pelojnteresse emancipatório, partilhado pelo )^V conceito da teoria social critica de HabermasTnõ~entanto, é preciso que seja introduzida uma correção fundamental na opinião de Marx sobre racionalidade e liberdade. Marx presumia que a liberdade e a racionalidade seriam resultados inevitáveis do desenvolvimento das forças de produção. Habermas observa que tal pressuposto não foi validado pela história e diz: "o crescimento das forças de produção não significa o mesmo que aintenção da boa vida" (Habermas, 1969, p. 119). Ofato éque, nas sociedades industriais,jjógica da racionali- dade mstrumental, que amplia tr~CõnIrole da nãtiíreza, ou seja, o desenvolvimento das forças produtora^je_tornou a lógica da-vida- 12 rx -ç fl^VI ^^K V p & «««^^••«•••PWIWBHP^WWIiWWW^WfWaPBWI^BWM^W wpwíww "J fy. hunmaem^ral. Mesmo asubjetividade pnvada do ^^g pn^on^aaSacionalidade instrumental. Odesenvolvim nto cap.ta Esta impõe limites à livre e genuína comunicação entre os seres hUmTPremissa de Marx provou ser insustentável, pelo simples fato de que, na "sociedade industrial de larga escala, apesquisa, aciência a tecnologia eautilização industrial fundiram-se num sistema (Haber mas 1969 p 104), levando assim auma forma repressiva de estrutura institucional, em que as normas de mútuo entendimento dos indivi- duos estão absorvidas, num "sistema comportamental de ação racionai de propósito determinado" (Habermas, 1969, p. 106). Em outras pala vras num ambiente desse tipo adiferença entre aracionalidade subs tantiva e apragmática toma-se irrelevante echega adesaparecer. De fato, asociedade tecno-industrial legitima-se através da escamoteaçao objetivadessa diferença. Idêntico a esta posição diante de Marx eoenfoque retormula- tivo que Habermas adota quanto aMax Weber. Ele explica oconceito weberiano de racionalização como se segue: "A superioridade da forma capitalista de produção sobre as que a precederam tem estas duas raízes: oestabelecimento de um mecanis- mo econômico que torna permanente aexpansão dos subsistemas de ação racional de propósito determinado, eacriação de uma legitima ção econômica, através da qual osistema político pode ser adaptado aos novos requisitos de racionalidade trazidos àluz pelo desenvolvi mento desses subsistemas. Ê esse processo de adaptação que Weber entende como "racionalização" (Habermas, 1970, p. 97-8). Todavia, Habermas considera necessário desenvolver mais aaná lise da racionalidade, uma vez que as^dedad^jnjuitrial, em seu atual estágio émuito diferente daquela que Weber conheceu. Weber podia voltar-se para o tema como um funcionalista, mas hoje a questão acarreta impressionantes conotações éticas, que oesforço teónco de Habermas realça consideravelmente. Num comentário sobre Marcuse,.Habermas assinala que, natase presente, "aquilo que Weber chamou de 'racionalização' realiza nao a racionalidade como tal. mas antes, em nome da racionalidade, uma forma específica de associação política não reconhecida" (Habermas, 1969 p 82) Mais ainda, tal "racionalização^e^ujyaje^ c^polpiético:, (Habermas, 1969, p. 83), no qual as normas de relações interpessoais na esfera privada eas regras sistemáticas de ação racionai de propósito determinado tomam-se idênticas, ou perdem sua diferen ciação e, em conseqüência, conduzem a um estado de comunicação sistematicamente distorcida, entre os seres humanos. 13 » »
  • 15. O fenômeno da comunicação distorcida tornou-se uma preo cupação fundamental de Habermas. Propõe ele uma distinção entre a acãoVacional com propósito, ou ação instrumental eaação de comu nicação ou de interação simbólica. Aprimeira, subordinada aregras técnicas^ pode ser demonstrada como sendo correta ou incorreta. A segunda, isto é, ainteração simbólica, ou ação de comunicação, define fl relações interpessoais como sendo livresde compulsão externa etendo suas normas legitimadas "apenas através da intersubjetividade da mútua compreensão das intenções" (Habermas, 1969, p. 92). Uma tese central de Habermas éade que, na moderna sociedade industrial, as antigas bases de interação simbólica foram solapadas pelos sistemas de conduta de ação racional com propósito. Nessas sociedades, ainte ração simbólica só é possível em enclaves extremamente residuais ou marginais. O que mantém uma sociedade em funcionamento como impor tante ordem coesiva é a aceitação, pelos seus membros, dossímbolos através dos quais ela faz sua própria interpretação. A interação simbó lica é a essência da vida social significativa e. portanto, parausar uma expressão de Kenneth Burke,7 a"simbolicidade" constitui um atribu to essencial da ação humana. Significado, na vida humana e social, é obtido através da prática da interação simbólica. Mas. na sociedade industrial, o significado foi subordinado ao imperativo do controle técnico da natureza e da acumulaçãode capital. Uma conseqüência do domínio exercido pela racionalidade instrumental sobre as sociedades modernasé que a comunicação siste maticamente distorcida prevalece entre aspessoas. Esse tipo de comu nicação toma-se normal, de outra maneira ficaria evidente o caráter repressivo das relações sociais. Habermas sublinha oefeitodos fatores políticos e emriõrnteos sobre os padrões de comunicação, e o estudo (To eãrater repressivo desses padrões, que prevalecem nas sociedades modemasTreqüer uma temia datioiiipetêrTClãcÕrnunicativa. E possível admitir-se que "cada palavra dita, mesmo aquela de engano intencio nal, oriente-se no sentido daidéia de verdade". Se é assim, quais são os padrões adequados a semelhante linguagem? Essa especulação conduzaoconceito da"situação ideal dediscurso" e àidéia doorador competente. De fato, a "competência na comunicação significa o domínio deuma situaçãojdeal dediscurso".» Nas situações em que os "'relacionamentos intersubjetivos são concretizados emrazão dochoque de compulsões sociais agindo sobre eles, é muito difícil conseguir-se competência comunicativa. Num tal ambiente, o orador competente expõe-se a malentendidos, para nãomencionar também que podeser 7 Veja Burke. K.Í1W3/1964). 8 VejaHabermas (1970. p. 116-46). 14 iH <?(&* i,'-^ 9 considerado excêntrico. Habermas salienta que "à ^J ™Pj£ cia comunicativa não podemos, de maneira alguma, produzir asitua ção S de discurso independentemente das estaturas empincas do Lema social aque pertencemos; podemos apenas antecipar essa SaTfoTHabermas, 1970, p. 144). Asituação ideal de discurso não si pod^matenS«nãodentrodeadequadocontextosocial. 7.5 Otrabalho de restauração deEric Voegelin Do ponto de vista dos padrões contemporâneos da ciência polí tica esodal, aobra de Eric Voegelin parece heterodoxa, obscura e mesmo^rturbadora. Em sua opinião, aciência política, na forma Z acMiceberamiktãoeAristóteles., nunca perdeusuavalide* Ele STclTum £dfiT«hlHSenlutica, nãocomoumxromste,d. déias. Do ânguloTrrnçrà^ '^^rmpimiStmrn^vSr^^ emsua^que ^^e^eriênciasdásdcaVnao-lh^s^õ^ê^apreTnder osignificado. $£3%o do conteúdodessestextos quesereflete sobreavida humana, constitui mais do que um exemplo de ma informação éum sintoma da deformação da psique humana e represente aquilo que Voegelin denomina descarrilamento. Ele considera os últimos cinco séculos da história ocidental como um período de descarrdamento e de deculturação da espécie humana, ao ponto de aexporem aum processo de "sistemática corifujâíiJlaiazae"(Voegehn, 1961, p. 284). Pode-se^TaW^õTrHInwnte da razão como uma realidade inde pendente de nossa palavra. Qualquer tentativa de abordar arazão como se ela fosse apenas um produto convencional da tamn refle te um estado deformado da psique. Arazão foi descoberta pelos filó sofos místicos da Grécia, mas esse episódio histónco émais do que um incidente bastanteinteressante para ser registrado na crônica das idém antes, dá ele início aum período de formação da alma humana. Com essa descoberta, aalma do homem teve acesso aum nível de auto- compieensâo no qual rompeu os limites da visão compacta da realida de articulada no mito. Na verdade, oevento não mudou aestrutura da alma humana: representa, antes, um momento cubmnante, ein que a consciência do homem quanto àprópria alma ganha em luminosidade e diferenciação. „ .. ,, „ ,M#„ Comparadas com ainterpretação que Voegelin dá aos textos clássicos, as afirmações de Weber ede Mannheim sobre arazão trans mitem tênues indícios quanto àsua natureza e em consequenaa, os trabalhos desses autores exemplificam uma contida avaliação da socie dade moderna. Sem uma inflexível fidelidade àrazão, como aexpli cam Platão e Aristóteles, Voegelin mostra que não há possibdidade de 15 r?sç?!!e3£ísrrí??^^ ".«ja '•*!. H J/rJ f - icY*
  • 16. 5*ri H SMIJSOUS SEU -ujnop ap euntip un.a3wA anb ormbEp ptpuassa BonsiiapitiBa e aas -sauiojdrei -xibwa ia8aH »d opBiiplBun 101 ouioo pn Vapepjaqn ep ninai um ao Bssaiuoid Bajspca ogu 'apBpapos BOQ^BpjgisSBp ogódao -uoTbw lA^os^niouüeMaótraiiad'oAUiuuap P^"*^™** ^gSãêv-opunui oaurauioqoanua saoomeiiuoosep aoeoeuam! ep ooi3opHB3sa unj ojauwospugdmnomgoePiaglHgo ?°SN.(6£ ' '£961 'uiTSSaoAjCÍplnWTibugpaaap Bplofpwraà ?*!*•** l^nbT^>«^ «» ^uauiouro^u ossaooid ma WoaVapapaioos ibi apepapos eoqaumap«PIPoÊtouBp otu Jjjra, Jipnpias anb'osoBAiasqoeyenbBurn'aiuatirreug aqeo | •gpBprreuoiOTJJT ap sodn Cambo ainpiuniiK»<umapW»l™b •jnq> =P°<I °»S^d?°'? -»pod aapepuomB ap ogfcDora aied sotiaju, ouioo'™™£?B^ -ü^^rraB^s^EulrmíãasioyBAqarqo apappedeoeu aptmisiaAip epeiluanbasuoo ouioo apama^t^^^^^^J^J™ aiua pnoososfcpuaiajipe'*•**» •? «M'«"^f? "~£ «d'sos is lod •sooasujiiu! Km**«*» 'obzbi apWW^ ^ sou»pXbu anb sepu^noip rod ^*g^«Bg 2f2m » «e«op« sa«ouiooj»qnia^^f^r^P Tumunu epuaispcacp ogi -roíaoBum'ojuwod«BtiejamoBouJsr|Bnp «sa^r^^osSníos SianT^n ep oi5íP«oo«daopunaV««^ ^ _Jlu^^^..-^^JaiJa^^ i 91 -após a obzbj anua ouismmp |8An(ossrpin um bii sapiQisiiv a oç^u uig 'saiouajur sasoBimom; sens a sagxred sens JBunnop aied osouad apAGsuodsai 'onujiuoo oóiojsa mn ap ofóairp eu onpjArpw o apdun «H -pnoos osÒBmam epdqgu *Btieuinq Bpuapsuoo epd epipuaaide otoatUBiarip a siod 'apBpapos sp OAtiruijap oinquje om ias eiapod Eounu'oApunsqnsorjguasou 'apepmmopBi v "Bniapoui apBprreiuauí eBuSaiduit anb^StiU3trerjJí)3(p3íjs5iSpKnn bBUBWpisiK» aípSaoA anb onnbB ajuauiiBrauass^psW^pawíW ooq eum ap oopoisrq oiiiaApB o uioo epBirtujna iasesod anb no 'oauoa) euiaisis omuapsi} -aoouaiassreurefcssodoesuai essap pug osSBOgdxabanb»j •ETioisrq Eü SEpjnpui oeu apeplreai sp SBiajsa —=^-„^^.:n „ .-„..,._,,»_ -r-r„— -. - . .5u^g e B^age OJUBTlbua '•IHHUim «UU9t5l3t8 «, HHIBWUt UgtU^ mUIJplOO B 9 OgZBJ ap BplA ap imuauxEpunj ogssaidxa etnri 's3[3i9tsuvaoeieij mg 'SpUpêpOS ooq ep Buiaj ojeiainqo bsaiopasuad ssssa ba3( anb ogBJ^og3K>oroo ' * Bsorpiajap essa ,aiuamespaid a obzbj ep apas b '«Wnjnq anbisd b Cf^^1^ / oeu'Bpoisiq b?:<uieoopa asanb urabjstaap oiuod op sbui *Boq ?«p v ' "'' anb JEuiniB bapuodsauoo puopu ouioo apepapos Burn ap OBÍeog ^ fwrr •*ti< II!"* eanb tua imjpMMuoo saiopEsuad sassa sopoj 'a oisi *sopBp8j8ap ™^ souuaj ma aoaredB ,re 'xrew »I^^H '«upijura anb buuoj Biusauí Bp 'IIIAX omo?s op sasMUBij sojosçni ^V saoSdaauoo seu ainSny bjsia ap o;uod assa eioquia ojinui 'ojejíq ntopvio viioj aueiaqos bbuioj asodzzu vpopiA banb ora epnba a apepaioos eoqsuin 'onauiuj (0961) uipSaoA iodepainEisai ep 101 ouioo pn 'apepapos eoq ap Batssep 03S0U bsopinquje ias uiapod soiuauiap satuinSas so sBpuBisQtuura sBpEuntuaiap ap saimirr sou 'ourriiaai saiap umepea - (8£ d*£96i 'urpSaoA) „sBui3rpeiBd saiòqtauí sonenb aswraaiai 'sop -unSas,, iEjapisuoa BiBd aweisEq pAixao ias aiAap as anb BASipv '8pep -aiaos èoq Bp BtuSipBiBd oanm mn Btipupe oeu a'soixaiuoJ bpAjsuas ojiniu em objbu oudoid o *so3ijjoadsa soixajuoo bsajuaniiiad wd -uias uiEÍas apapapos roq Bum ap obíbuhoi Biaiauos ep síenopeiado SBUiaiqoid so eioquia 'epireA 'euoaj ura '? oiunsse op uiai anb oestra •aiduioa banb ap 'ajuauiBpdojd steui 'as-Bierx *em3op ura opiSiia ias assaAap oiapomosaujetreij snasmaas ouroa'sapioisuy aasWA*JE_ -epnapijBpfliJBumaAroAgaoguossi ama?spraapBpaposBpopnniAB "BJBd ojajjoo ajuauiniouassa oppoui um sbuT*Bapoisiq apupisonno Eiun 'urnSni opom ap '* oeu apepapos soq ep boh910jsub aBonjQjBpl osòou aanb eSarc una3aoA «..lopBjnBisai,, oSioisa nas ma"«^^ soq, «um ap ojraauoo o oppaiam ma» «ajuauniapsBp anb onnDe obuÍ ias apod osu -inxaSaoA emnje 'pjuopei apapapos "«Y • Bísnrooi3Biai,,a»ieAapojp»uoa mas praos Biaugra ap o* Janbrenb ejiafoi a''«P^3^*^^ ^en^rpe^apupn^eao^ Bino ap ossoDoid op ossuens -Bogiiuap aroq ap eapJF» «W*
  • 17. < f I l i c 'C o o o e o o o o o o o o ( V L i Voegelin atribui grande valor àopinião déJThomas Reid^ne que nosenso comum já existe um certo grau deracionalidade. Afirma ele qUe "o sgnso comum constitui um tipo compacto de raçjQnaJjdade'1? e qué^portanto, são possíveis transações sociais baseadas numa per cepção não distorcida darealidade. Se a razão é uma partff d" Mtah tura da existência humana, então o entendimento e a conversação "e7iTfe~õThoTTlSns sao possíveis na base de sua participação comum na realidade. Contudo, o debate verdadeiro e racional está-se tomando uma possibilidade muito pouco provável de efetivar-se nas sociedades modernas. Nessas sociedades, a psique do indivíduo médio foi assimi lada no modelo de uma personalidade fechada, inteiramente incluída ÍH-v am limttap miinrlinnc Hr^i*» orr* Aífk OC f**ir»a/*tf4af1ac numonoc ria Hí»Knt.-« em limites mundanos. Hoje em dia, as capacidades humanas de debate racional estão danificadas pelos__padrões de linguagem predominantes e juntamente pela assimilação do homem no contexto da estrutura social existente, em que a racionalidade instrumeníal se transformou em racionalidade_enLgeiaJ. Nas sociedades modernas, o debate racio nal só é possível em muito poucos e restritos enclaves. Mesmo os chamados meios intelectuais são, em geral, incapazes de manter uma conversação racional. Voegelin afirma que o declínio do debate racional é fenômeno recente na história ocidental, e vê no passado um "período em que o universo da discussão racional ainda estava intacto, porquejjjnimeira realidade da existência permanecia não questionada" (Voegelin,1967, p. 144). É significativo que ao tempo de Santo Tomás de Aquino o "debate racional com o oponente ainda fosse possível" (Voegelin, 1967, p. 144). Com base nessa presunção, Santo Tomás acreditava-se capaz de convencer pagãos, e especialmente muçulmanos, da validez da verdade cristã, apenas com argumentos racionais. Assim é que,na SulnnwVontrã~GentiIes?Santo Tomás afirma: "... contra os judeus, podemos argumentar usando o Velho Testa mento, enquanto contra os hereges podemos argumentar usando o Novo Testamento. Mas os muçulmanose os pagãos não aceitam nem um, nem o outro. Temos, portanto, que recorrer à razão natural, com a qual todos os homenssão forçados3 concordar."10 É possível que hoje tenhamos dificuldade em compreender Santo Tomás. Não apenas a razão, mas igualmente palavras-chaves sofreram a obliteração de sentido salientada nesta análise. A própria linguagem foi capturada por padrões operacionais de eficiência, fato que influi sobre todo o domínio da existência humana. Quando avia- 9 Apud Sandoz, Ellis (1971, p.59). 1° Apud Voegelin (1967, p. 151). i)U. bilidade e a experiência substituem a verdade como o critério de linguagem dominante, há pouca, se é que há alguma, oportunidade para apersuasão das pessoas através do debate racional. Aracionalida de desaparece, num mundo em que ocálculo utilitário de conseqüên cias passa ajgraúnica referência para_as_ações humanas. (^^ {Ijj^JWfA, 1.6 Algunscomentários críticos Todos esses estudiosos parecem concordar em que, nasociedade moderna, aracionalidadese transformou numa categoria sociomórfica, 1 isto é, é interpretada como um atributo_do^processos históricos e sociais, e não como força ativa na^sjquèTvulnanà)Todos eles reconhe- J 'J Jrs cem que oconceito de racionalidade^ determinativo da abordagem ^ dos assuntos pertinentes ao desenho social. No entanto, todos eles são menos do que suficientemente sistemáticos na apresentação de suas opiniões sobre tais assuntos. Em sua crítica da razão moderna, tomam diversas posições: resignação (Max Weber), "relacionalismo" (Man nheim), indignação moral (Horkheimer). crítica integrativa (Haber mas)e restauração(Voegelin). Uma vez que foi anteriormente apresentada uma avaliação de Max Weber e de Karl Mannheim, cabe agora fazer um rápido julga- memo da Escola de Frankfurt e de Voegelin. Há mérito tanto nos trabalhos de Horkheimer, quanto nos de Habermas, na medida em que se esforçam por demonstrar o erro básico do ponto de vista de Marx sobre arazão como um atributo do processo histórico. Ambos questionariam o pressuposto de que o a^dobramentõdás forças produtoras, por sisó, conduziria ao advento de uma sociedade racional. Horkheimer parecedemonstrar que, desde , o momento em que arazãoé deslocada da-psique humana^onde deve estar, e é transformada num atributo da sociedade, fica perdida a possibilidade da ciência social. Habermas enfatiza acircunstância de que, nas sociedades industriais avançadas, as próprias forças produto ras, em última análise, são compulsões políticas modeladoras de toda a vida humana. Para superar tal condição, sugere eleoueseabraespaço para apolítica e o debate racional, em sua função de orientadores do processo social. Esses pontos constituem traços positivos das análises de Horkheimer e de Habermas. Por outro lado, a obra de Horkheimer nãoé muitomaisdo que uma acusação da sociedade moderna que, conquanto iluminadora, deixa de dizer como * em que direção caminhar, para que se encon trem alternativas para os males atuais, teóricos e sociais. Parece que Habermas se preocupa com tais alternativas, mas apresenta-as em termos incipientes, ecléticos e bastante spciqnlSrfícojC1 RearmerTteTã noção dos "interesses do conhecimento", por ele exposta (que é me- 19 1^
  • 18. c Ü «„,idoaueparece,quandoselêcuidadosamentePlatãoe ÂristSaímTomoKantXpodeservirparaidentificaraíndole ?°n£«docientismo.Contudo,mesmoessanoçãonaoestá "ente£nHeSentismo,namedidaemque,paraHabermas, ífflSSéabsorvidanostipostríplicesdeciênciaquepropõe. Aquiloquechamade"intersubjetividade"ede"mutuacompreensão Xiona-secomesferasdarealidadequeescapam,necessanamente, aoalcancedeumaabordagemmeramentecientifica. Sua"teoriacrítica",entendidacomoumaintegraçãodaquilo aueconsideraválidosinsightsencontradosnostrabalhosdeKant, HeeelFichteMarxeFreud,parecedemasiadoeclética,eapresenta-se ainda'impregnadadeerrosdenaturezasociomórfica.Aparentemente, Habermasaceitaopressuposto,comumaFichte,HegeleMarxdeque aemancipaçãohumanapodeacontecercomoumeventosocialcoleti voeparacriarapossibilidadedetaleventovaiaopontodepropora organizaçãodeprocessosdeesclarecimento"(Habermas,1973,p.32) eressuscitaaidéiamarxistadeumaescla^eddaprátjc^de_massa.Há. assimumsoBéTonnõaõmôffU»IWpiôjêtodeHabermas,de"uma teoriadestinadaaoesclarecimento"(Habermas,1973,p.37),quepro meteoesclarecimentoexistencialcomoumaqualidadecoletivado comportamentodamassa,quandooesclarecimentotemsidosempre possívelapenasaoníveldapsiqueindividual.Nãoéporacidenteque elevêadoutrinadeFreudcomoumelementosubsidiáriodessa"teo riadelineadaparaoesclarecimento".Issorepresentaumaindicaçãode queHabermasapoiaumtipodepsicologiamotivacionalqueexcluio papeldarazãonapsiquehumana,eessasfalhasemseuesforçoteórico sãoatécertopontocuriosas,senãodesconcertantes,porqueeleparece teradequadacompreensãodateoriapolíticaclássica(Habermas, 1973,p.41-81). Emboratodososautoresatéaquianalisadosmereçamserconsi deradoscríticosdarazãomoderna,somenteEricVoegelinsustenta quearazãomodernaexprimeumaexperiênciadeformadadarealida deConseqüentemente,consideraelesempropósitotentarapenasa conciliaçãoouaintegraçãodeidéiasedoutrinasfundamentaisnara zãomoderna.Aquestãoestáemquetaisidéiasedoutrinastornam obscurosospólosdatensãoexistencialhumana,expressandoumaten tativaemesmoumsonhodeencontrar,nocontextodahistória,daso ciedadeoudanatureza,asoluçãodatensão(metaxy)constitutivada condiçãohumana.Umavezqueajazãoimplicaaconsciênçiajiessa, tensão,razão,nosentidgjDodemo,êumtermoerrôneo.- Tíumsentidorwculiar,Voegelinéumpsico-historiador.Afirma queostextosclássicosnãosãorelíquias,aseremapreciadasdeum pontodevistaevolucionário;antes,consideraosconhecimentosarti culadosnessestextoscomoperenementeválidos.Acondiçãohumana 20 nãoestíexpücadanesses^*%^«£fi£Z£ sluTicativo~otrabalhoSSSÉSÊPffSÊ^g^líWÊ^Ú&fin&7awZ&&clássica,"eneleVoegelinü> SS£exploraeampüainsightseidentificaalgunstraçosda todevistadaexperiênciaclássicaeprecisamente"essesentido^nao nosentidodeErikErikson,representaumestudoemP^o-histona. PelofatodequeVoegelinpareceimporas,mesmoopapede intérpretedetextosedeanalistadeidéiaseacontecimentosoconteú dopTescritivodeseutrabalhoé,narealidade,muitoamplo.Mesmo ÍuPdscursosobrea"novaciênciadapolítica"««tespr^dode preocupaçõespragmáticasimediatas.Temapoiona«terpreteçaoen. Lpansãodeinsightsclássicosenojulgamentocriticoda^f^ tóriaintelectualepolíticadoOcidente.Parece,porém,dificddeacei £rnoçãodeque'ciênciapolíticapodeserexclusivamenteormula- daapenasemtermosassimamplos.AfinaldecontasPlatãoeAnsto- telesfontesbásicasdabuscaempreendidaporVoegelin,mcluuamno campodaciênciapolíticaaspectosdavidacotidiana,queescapam completamenteàsuaatenção.Nostextosdaquelesautores,oscrité riosdeaçãoparaaarticulaçãoeoaperfeiçoamentodasformasdego vernoexistentessãooferecidosdeformatalquemesmohoje,comba seemseusensinamentos,seriapossíveldeduzircomoseconduziriam paraencontrarosmeiosinstitucionaisdesuperarosproblemadogo vernoscontemporâneos.Contudo,asassertivasdeVoegensobreven ciapolíticadeixamoleitormuitobemesclarecidosobreseusfunda mentosclássicos;nãooferecemnenhumapistaparaumtratamento operacionaldeproblemasdasociedadecontemporânea^ Alémdisso,aanálisevoegelianadaciênciamodernacarecede suficientequalificação.Porexemplo,nemtodasasinvestigaçõescien tíficasdehojesão"cientísticas",istoé,despercebidasdocampoparti cularlimitadoaquepertenceaciêncianatural.Parecequeotipode ciênciacontidonasinvestigaçõesdeA.N.Wh.tehead,WernerHeisen- bergArthurEddington,MichaelPolanyieoutrosestaextremamente Sonizadocomírazãonosentidoclássico,comoseráexplicadono capítulo2etalvezmesmoexemplifiqueumnovograud^diferencia çãodaconsciênciadarealidade,queocorreatualmente.Comjustiça íjeveráserditoque,emconversaçõeseconferênciasocasionais,Voege lindemonstrouterconsciênciadessefato. I»VejaVoegelin(1974). 21 0 Io D P t) u O ò o o 0 0 o o o < L ( g£5?yg«iWMWHJ^^^5ggCT5WggagglPlBJ!í^^v"' >
  • 19. I. Deve ser enfatizado, também, o desprezo de Voegelin pela defi nição sistemática do significado de alguns termos básicos de seu voca bulário, tais como descarrilamento, kinesis, gnosticismo, texto, teoria, orientação e psicologia motivacional, compacidade e diferenciação. Até aqui, termos como estes estão insuficientemente elaborados nos escritosde Voegelin. Finalmente, ospontos de vista de Voegelin quanto àciência po lítica precisam de maior clarificação do que as que ele em geral se preocupa em oferecer, uma vez que, da maneira como até aqui está ar ticulada amatéria, algumas vezes aparece prejudicada por um caráter excessivamente restaurador. Nenhum retomoa qualquer forma histó rica de vida humana pode estar contido na idéia de uma restauração verdadeiramente criadora dos ensinamentos clássicos. Tal restauração • cpimac em tranfifAnmr ™pensadores clássicos, através da apropria- ?ãõ dãq"!1'» q"p puderam compreender, em parceiros atives dos estíi- ftiívtns cnntémporãneos. emmia hHHf81 Hp "™haeimpnif, A restauração daherança conceptual clássica, nesse caso, visa apenas superar oesque cimento dela. Os pensadores clássicos não devem ser considerados au toridades canõnicas infalíveis. Afinal de contas, não se tem muito a aprender do Aristóteles que justificava aescravidão, mas doAristóte les compatível com adefinição doser humano como ozoon politikon. 1.7 Conclusão Deve ser dito que, a fim de salvar o quenamoderna ciência so cial é correto, é necessário compreender o caráter precário de seus principais pressupostos, a saber, «pie n ser humano não é senão uma --, criatura capaz do cálculo utilitário de conseqüências e o mercado o modelo de acordo com o qual sua vida associadadeveria organizar^ Na verdade, a ciência social moderna foi articulada como propósito de liberar o mercado das peias que, através da história da humanidade e atéo advento darevolução comercial e industrial, o mantiveram den tro de limites definidos. 0 queagora debilita avalidade teórica damo derna cjgBcja wrial è. yia f^nr^i!HBipreéns>[o sistemáticada natureza- ^específica de sua missão. Por mais de dois séculos, o restrito alcance teórico da moderna ciência social tem sido a causa de seu notável sucesso operacional e prático. Noentanto, hoje emdia aexpansão do mercado atingiu umponto de rendimentos decrescentes, emtermos de bem-estar humano. A moderna ciência social deveria, portanto, ser re conhecida peloqueé:um credo,e nãoverdadeira ciência. Os resultados atuais da modernização, tais como a insegurança psicológica, a degradação daqualidade davida, a poluição, o desper dício à exaustão doslimitados recursos do planeta, e assim pordiante, mal disfarçam o caráter enganador das sociedades contemporâneas. A 22 Dh **f& ^WT^TW^^!'' 1twgwW" «.y*'-*•;' autodefinição das. sociedades industriais avançadas do Oc portadoras da razão está sendo diariamente solapadaeé tão laigamente desacreditada que se fica aimaginar se a tais sociedades, exclusivamente àbase da racionalidade tinuará, dentro em pouco, encontrando neste mune" nela. Esse clima de perplexidade pode viabilizar un^. teórica de enorme magnitude. A presente crítica da razão modernaji§D_é_empjeeiidida çou^ um exercício acadêmico sem^nseqüfençial Seu propósito épreparar ocaminho parTõ desenvolvimento de uma nova.ciência das organiza ções Àrazão éoconceito básico de qualquer ciência da sociedade e das organizações. Ela prescreve como os seres, humanos deveriam ordenar sua vida pessoal esocial. No decurso dos últimos 300 anos a racionalidade funcional tem escorado o esforço das populações do Ocidente central para dominar anatureza, eaumentar aprópria capa cidade de produção. Écerto que essa é uma grande realização. Mas agora há indícios de que semelhante sucesso está aponto de se trans formar numa vitória de Pirro. Apercepção dessa situação está abnndo novos caminhosde buscaintelectual. A teoria corrente da organização dá um cunho normativo geral ao desenho implícito na racionalidade funcional. Admitindo como legítima ailimitada intrusão do sistema de mercado na vida humana, a teoria de organização atual é, portanto, teoricamente incapaz de ofere cer diretrizes para acriação de espaços sociais em que os indivíduos possam participai de relações interpessoais verdadeiramente autograti- ficantes. A racionalidade substantiva sustentaj3u.fi o. lugar gdgquadoj^ razão érpa^jS^ Nessa ronfornüdade, apsique humana deve ^érc5nriderada"o^ontode referência para aordenajãojda^asgsial, tanto quanto para aconceitiiação djdêndasocialemg^raida qual o estudo sistemático da on^izaj^^nTtmn QomirnTparticular. 0 papel da racionalidade substantiva na estruturação da vida humana associada é o assunto docapítulo seguinte. BIBLIOGRAFIA Burke, K. Definitionofman. Hudson Review,Winter, 1963/1964. , Toward arational society, student protest, saenceandpohttcs. Boston, Massachusetts, Beacon Press, 1970. iwi Toward a theory of communicative competence. In. Dnetzei, HJ, ed.Recent sociology n? 2, NewYork, MacimUan, 1970. 1 Knowledge and human interests. Boston, Massachusetts, Be* C^—. Vteory and practice. Boston, Massachusetts, Beacon Press, 1973* 23
  • 20. < ;c ( ( c < < ( C O o o o o o o o o o Hobbes, Thomas. 77ie Engtish works. London, John Bohn, 1839. v.l, * !„. Oakshott, Michael, publ. Leviathan. introd. Peters, R.S. London, Macmfllan, 1974. Horkheimer, Max. ^c^«? o/reason. New York, Oxford University Press, 1947. & Adorno, Theodor W. Dialectic ofEnlightenment. New York, Herder and Herder, 1972. Husserl, E. Phenomenology and the crisis of philosophy. New York, Harper &Row,1965. . The Thesis of the natural standpoint andits suspension. In: Ko- ckelmans, J,publ.Phenomenology. Garden City, New York, Double- day, 1967. Jay, Martin. 77ie Dialectical imagination, a history of the Frankfurt School and the Institute of Social Research. Boston, Massachusetts, Little, Brown, 1973. Keynes, J.M. Economic possibilities for our children. In: Essays in persuasion. New York, Harcourt, Brace &World, 1932. Mannheim, Karl. ldeology and utopy. NewYork. Harcourt, Brace & World, 1939. . Men and society in an age of reconstruetion. New York, Har court, Brace & World, 1940. Parsons, Talcott & Shills, E.A., ed. Toward ageneral theory ofaction. NewYork, Harper& Row, 1962. . Evolutionary universais in society. American Sociological Re- view, June, 1964. Sandoz, EUis. The Foundationsof Voegelin's political theory. The Po litical Science Reviewer, 1, Autumn 1971. Voegelin, Eric. The Newscience ofpolities. Chicago, Illinois, Universi ty of ChicagoFress,1952. . El Concepto de Ia 'buena sociedad'. Cuadernos deiCongreso porIa Libertad, 1960. Suplemento do n940. . On readiness to rational debate. In: Hynold, A., publ. Freedom andserfdom, Dordrecht, Holanda. D. Reidel, 1961. . Industrial society in searchof reason.In: Aron, R., publ. World technology and human destiny. Ann Arbor, Michigan, University of Chicago Press, 1963. . On debate and existence. 77ie Intercollegiate Reviewer, Mar./ Apr. 1967. . Reason: the elassie experience. The Southern Review, Spring, 1974. Weber, Max. Economy and society. New York, Bedminster Press, 1968. v.l. -. Methodology of social sciences. New York, The Free Press, 1969. 24 Wfí^^^WWF!i^TW^^ t^Hcfll^l! 2. NO RUMO DE UMA TEORIA SUBSTANTIVA DA VIDA HUMANA ASSOCIADA Embora aciência social moderna em geral eateoria da organiza ção em particular deixem de distinguir suficientemente entre a racio nalidade funcional e a substantiva, ambas constituem, não obstante, categorias fundamentais de duas concepções distintas da vida humana associada. Épropósito deste capítulo diferençar, analiticamente, essas duas concepções, etal exploração toma-se agora imperativa, porque as teorias da organização e do desenho de sistemas sociais, exclusiva mente baseadas na concepção moderna de razão, são desprovidas âzQ~ tsSã^váaaãe científica. Tal como na_crítica dajazãg_jnodernj, ofere cida no capítulo 1, é também necessário começar esta analise com Max Weber. , .,, , Poder-se-á afirmar que quando Max Weber decidiu caracterizar a razão moderna estava agindo como um historiador. Em lugar de ado tar uma posição substitutiva em relação àrazão clássica, como tez Hobbes Max Weber implicitamente advertiu que, nos tempos moder nos uni novo significado estava sendo atribuído àpalavra razão. Nao afastou, como um anacronismo, o significado anterior de razão. Na realidade, Weber, como Hobbes, desejava um tipo de ciência social inteiramente comprometido com uma tarefa peculiar auma determi nada época. Mas, ao fazer adistinção entreZweckrationalitãt(raciona lidade formal) eWertrationalitat(racionalidade substantiva) sugeriaeje que ou uma, ou aoutra, poderia servir de referência para aelaboração teórica. No entanto, escolheu desenvolver um tipo de teona baseado, sobretudo, na noção de racionalidade funcional. Embora orespaldo biográfico ehistórico da escolha de Weber pudesse constituir interes sante eimportante matéria para investigação, isso estana além do pro pósito deste capítulo. Não obstante, ofereço àespeculação aidéia de que uma teoria substantiva poderia ser formulada com base naquilo que Weber não disse, mas que provavelmente diria se tivesse vivido nas presentes circunstâncias históricas. Argumenta MaxWeber que, Mnbora açigncjajQCial seja neutiA. do ponto devista dciM os valores adotados por uma sociedade são, eTéTpropnõs, critériõsindicadores daqueles pontos que são importan- 25 I A fòL«e
  • 21. t« «ara aquela forma particular de vida humana associada, durante «rto wríodo histórico. Admitiriaele, então, que quando as premissas Se valor de um certo tipo de vida associada se transformam, elas pró- orias em fatores de um mal coletivo, ocientista social não pode. legi timamente desprezar tais premissas como estranhas àsua disciplina. Ao contrário, do ponto de vista de Weber. o cientista social deve focalizar esses valores, embora apenas para mostrar as conseqüências praticas que acarretam, ncientista social, como tal não deveria emitir julgamentos de valor, imm_w» q"» va!™efi *** subjetivos^- ou têm ~~ãjicêrces demoníacos. A posição de Weber não deixa de ser contraditória. Se os valores são simplesmente demoníacos e não têm fundamentos objetivos, então a análise das conseqüências de sua adoção pelos indivíduos não é mais do que um fútil exercício de abstração. Tal análise só teria sentido se fosse empreendida na esperança de que oindivíduo pudesse ser persuadido a fazer um julgamento de valor objetivo, racional. Essa contradição na posição de Webeí_Kflejeje_ejnsuaobrae em sua vida. Pretendeu ele ter estudado,[sinejra^acjtud^i^^ome^ds racionalidade formal, mas apesar disso manitesfóúseu pesar ante a culminação de tal síndrome - um mundo de "especialistas sem espí rito, desensualistas sem coração" (Weber, 1958, p. 182). Max Weber viveu num contexto histórico em que aracionalida de formal, ou funcional, substituía amplamente a racionalidade subs tantiva, como o principal critério para aordenação dos negócios polí ticos e sociais. Tomou como certa essa substituição e recusou-se a erigir aciência social sobre anoção da racionalidade substantiva. Hoje, porém, é mais difícil do que nos tempos de Hobbes ede Weber pôr de lado a viabilidade de uma teoria substantiva da associação humana, porque agora éevidente que orelativismo no tocante avalores condu ziu a vida associada a um becosem saída, intelectual e espiritual. Em conseqüência, aquestão de que tratará este capítulo consiste em saberJt se a razão substantivadeveria seracategoria essencial para acogitação dos assuntos políticos esociais e,sendoesse ocaso, que tipo de teoria iria corresponder aessa ordem de pensamento. Constituirá propósito dos capítulos subseqüentes adiscussão das estruturas sociais emergen tes e das implicações de política que daí resultam. Há três qualificações gerais, que realçam as distinções entre a teoriasubstantivae a teoria formal davidahumanaassociada. Primeiro, uma teoria da vida humana associada é substantiva quando a razão, no sentido substantivo, ésua principal categoria de análise. Tal teoria é formal quando arazão, no sentido funcional, é sua 1 Eric Voegelin e Leo Strauss também frisaram as contradições danoção de neutralidade de valor na ciência social, de Weber. Veja obras de Voegelin,E. (1952, p. 13-22)e Strauss, L. (19S3.P- 35-80). 26 pP^^W^SST^^ 'TM-l.-itt* !•"-.<-- ' !. JO principal categoria de análise. Na medida em que arazão substantiva é entendida como uma categoria ordenativa, ateoria substantiva passa a ser uma teoria normativa de tipo específico. Na medida em que a razão funcional é apenas uma definição, ouuma elaboração lógica, a teoria formal é umateoria nominalista de tipoespecífico. Os concei tos da teoria substantiva sãoconhecimentos derivadosdoe no proces so de realidade, enquanto os conceitos da teoria formal são apenas instrumentos convencionais délinguagem, quedescrevem procedimen- , tos operacionais. A pergunta: Que é aracionalidade? que requer aten ção direta no domínio da teoria substantiva, não tem papel a desem penhar nodomínio da teoria formal. Aqui a pergunta é,de preferên cia: Que équechamaremos deracionalidade? A pergunta seria respon dida, no último caso, por uma afirmação emqueuma combinação de palavras1 constitui, essencialmente, a referência para os objetivos da análise. I Segundo, uma teoria substantiva da vida humana associada é 'algo que existe há muito tempo e seus elementos sistemáticos podem ' ser encontrados nos trabalhos dos pensadores de todos ostempos, pas sados e presentes, harmonizados ao significado que o senso comum atribui á razãOj^rrn^qranenhum deles tenha jamais empregado a expressão razão substantivada* verdade, é graças às peculiaridades da época moderna, através das quais oconceito de razão foi escamoteado pelos funcionalistas de várias convicções, que temos presentemente que qualificar o conceito como substantivo. Uma descoberta funda mental, resultante da herança de ensinamentos dos pensadores clássi cos, é ade que éo debate racional, nosentido substantivo, que consti tuiaessência da forma política de vida, e também o requisito essencial para o suporte de qualquer bem regulada vida humana associada, em seu conjunto. A propósito, aquilo que o campo da economia e,mais especifi camente, o campo da antropologia econômica referem presentemente como sendo teoria substantiva,3 é apenas subsidiário aestaanálise. O atual debate entre economistas que professam de um lado a teoria formal, de outro ateoria substantiva, diz respeito ànatureza do Jenç^ menrxeconõmico, ao mercado e a suas implicações teóricas.(jíarl_ /^olairíí) fundador da teoria^egonôniica substantiva, assinala que oT Sõiiíêilos formais, extrãíHÕTda dinâmica específica do mercado, na melhor das hipóteses são válidos como instrumentos gerais de análise e formulação dos sistemas sociais apenas numa sociedade capitalista, durante um período em que o mercado esteja relativamente livre da 2 Sobreo caráteressencialisia e nominalista dos conceitos, veja Popper(1971, p. 32; 1965, p. 13-4). 1 Sobre a complexa controvérsia em tomo da teoria econômica substantiva versasa teoria econômica formal, veja Kaplan (1968) e Cook (1966). 27
  • 22. Quadro 1 Teoria da vida humana associada II. Formal Os critérios para ordenação das assodacões humanas são dados socialmente Uma condição fundamental da ordem sodal é que a econo mia se transforme num sistema auto-regulado III. O estudo científico das assodaçôes humanas c" livre do conceito de valor: há uma dicolomia entre valores c fatos IV. O sentido da história pode ser captado pelo conhedmento, que se revela através de uma série de determinados estados empírico-temporais V. A dênda natural fornece o paradigma teórico para a correta focalizacão de todos os assuntos e questões susdlados pela realidade Substantiva I. Os critérios para a ordenação das assodaçôes humanas são racionais, isto í, evidentes por si mesmos ao senso comum individual, independentemente de qualquer processo parti cular de socialização II. Uma condição fundamental da ordem sodal é a regulação política da economia III. O estudo científico das assodaçôes humanas ê normativo: a dicolomia entre valores c fatos tf falsa, na prática, c, em teoria, tende a produzir uma análise defectiva IV. A história torna-se significante para o homem através do rmítodo paradigmático dç auto-fntcrpretaçao da comuni dade organizada. Seu sentido não pode ser captado por categorias scrialistns de pensamento V. O estudo científico adequado das associações humanas é* um tipo de investigação cm si mesmo, distinto da dênda dos fenômenos naturais, c mais abrangente que esta
  • 23. • II ( i I [i r : ( ( ' í 3 homem como um "animal político" (zoon politikon) só écompreen sível à luz desse entendimento. Aristóteles e os pensadores clássicos, em geral, concebiam a socialídade como uma qualidade do bando, indigna do homem polí tico No domínio político, o homem édestinado aagir por simesmo, como um portador da razão no sentido substantivo. No domínio social, ao contrário, apreocupação "apenas com avida" prevalece, e ele age como uma criatura "que calcula", isto é,como um agente eco nômico. A razão, no sentido de uma habilidade "calculadora", também é inferida por Aristóteles na Política e na Ética aNicômaco. Éexigida para aadministração do lar (oikos), onde obem-estar econô mico do grupo determina qual o curso de ações que devem ounão devem ser tomados. Esse tipode conduta social é limitado a seu pró prio enclave. Não faz parte do domínio político, em que oindivíduo possa manifestar seu interesse pela expansão do bom caráter do conjunto, enão simplesmente pela sobrevivência. É claro que Aristóteles tinha a percepção de que o modelo da melhor forma política de vida, aberto ao comando integral da razão substantiva, só poderia ser conseguido historicamente, por acaso. Sabia que nenhuma comunidade política está, eternamente, a salvo da influência solapadora dos interesses sociais. Mas, onde querjque, esses interesses práticos constituam o único critério para as ações humanas, nãoexiste nenhumavida política. Para muitos, a ciência social é, no moderno período histórico, resultado de crescente sofisticação daracionalidade e de suaaplicação a fenômenos cada vez mais diversos. O preconceito histórico desse modo de ver será examinado mais extensamente no item 2.4 deste capítulo. Por ora, é suficiente assinalar que a própria idéia de uma ciência social afirmada com basena presunção de que o indivídup_é— fundamentalmente um sersocial, e quesuas virtudes devem seravalia das segundò~c7íteriõs socialmente estabelecidos, era inconcebiyêTggra Aristóteles_e panfõsTeóricos clássicos em geral. Aciência social mo derna pressupõe que a sociedade, aodesdobrar-se como uma associa ção puramente natural, gera os padrões da existência humana emseu conjunto. Essa_tia^nsa^iação_JÍO-^açÍalt__de que a modema_cjéncia- social é resultado, ocorreu nos três últimos séculos da história do õadentiT É Hobbes quem, sistematicamente, prepara o caminho para essa transavaliação, ao atacar o conceito de razão emtermos de senso comum e ao propor alternativas para esse conceito. No momento em que o ser humano é reduzido^a-uma criatura que calcula, é para ele impossível distinguir entre (WçioJe virtude,) A sociedade toma-se, então, o seu único mentor e, não surpreendentemente, padecimento é equiparado ao mal, e o prazer ao benu_ Uma das mais notáveis documentações da confusão do homem ocidental, no momento culminante da transavaliação do social,é The 30 %A Fable ofthe bees, de Bernard MandevÜle (1714), publicada primeiro sob a denominação de The Grumbling hive (1705). Em 1723, ele publicou ASearch into the nature ofsociety, um ensaio que éuma justificação teórica de sua fábula. J^andeyüjTc^mparou asociedade - em particular asociedade britânica de seu tempo - com uma colmeia. Pode-se resumir o argumento básico de seu trabalho da maneira -ifçuintf• • o BgS&JB fr!fflsfnrma nn critério que abrange tudo_ja- ordenação_dAAXistênciaJiumana, então os vícios, o orgulho, oegoiV fflõ, a çornípcão, afraude, aganância, ahipocrisia eainjustiça passam a ser virtudes. Embora sugira que a virtude está além da capacidade humana, Mandeville pode ser considerado um moralista malgré lui, se sua fábula for interpretada como retratando as conseqüências, para a existência humana em seu conjunto, da isenção dasociedade daregu lação política. Aambigüidade do pensamento de Mandeville em gran de parte explica por que, por vias sutis econtraditórias, exerceu ele influência sobreeminentes escritores e filósofos de seutempo,incluin do Adam Smith, que, porém, repudiou ainfluência de Mandeville.7 Não é por acaso que a idéia de uma ciência social obcecou os filósofos escoceses na Inglaterra, durante o século XVIII. Anoção de ciência social permeia as especulações sobre a natureza humana e o fenômeno institucional, empreendidas por Adam Ferguson, David Hume, Francis Hutcheson, Lorde Kames (Henry Home), Lorde Monboddo (James Burnet), Adam Smith eDugald Stewart.8 Por mais que esses homens fossem diferentes em idéias e talento, apesar disso eram. leais a uma certa comunhão de premissas e uma delas era a de que a ciência social poderia ser r^ojsíyeiiamio_o_estiido^a razão da__ sociedVde7ParrrrnãioTpãrtê~déles, a razão era urna çaiaçteristiçajia_ "sõclêdãdé^mais do que dojiidividuo. Consumaram asublimação da razão, no sentido de que esta já não mais precisava ser concebida através da mediação do indivíduo, mas como algo cognato àsociedade e à natureza. Todos eles concebiam leis racionais governando a socie dade e anatureza, apesar dofato deconcordarem emque as paixões, e não a razão, é que conduziam o ser humano à ação. Atribui-se, geral mente, a idéia da mão invisível a Adam Smith, mas na verdade foi ela sugerida nõslrabalhos desses homens. Aatividade dessa "mão" mani festa-se na sociedade e na natureza e o papel da ciência é descobrir e ordenar a maneira como isso acontece. Por exemplo, Hutcheson, amigo e professor de Adam Smith, escreveu em 1728 sobre uma "mão superior", como uma força providencial, que afeta tanto os seres humanos quanto osanimais, através deseus instintos. 7 Sobre a influênda de Mandeville sobre Adam Smith, veja Marx (1974, p. 355), CoUetti (1972) e Macfie(1967). " VejaBryson (1945)e Stephen (1927). 9 Veja Bryson (1945, p. 118). 31 >3<WP I 1
  • 24. • ( ( ( ( i ( o o o o o o o o o o o o o o i V. ParacréditodeMandeville,nãoháambigüidadeemDavdHume AH^Smilhquandoambosjustificamaabrangênciaintegralda CZePa7aHumeeSmith,asocialidadesubstituiarazão,ao f?t'rcomoÍSviverohomem.Humeconsideravaoserhuma- «rnZumaTriati^completamenteincluídanasociedade.0"méri- ZTíTlte"nlodecorre...deumaconformidadeàrazão,nem 1cíbadoSodecontrariá-la"(Hume,1973p.458).Éo*nti- mentoqueohomemJejnjL^e^er^sociedad^juec^SgCo-- LdamemonIé~suT^^^ TmiryTdWTmTrêl^^àcensuradosoutros-desempe nhaumpapelfundamentalnodesenvolvimentodeseusensomoral. Padrõesdeordenaçãodavidahumanasão,elespróprios,^sociaise,em últimaanálise,compõem-sede"interessesdasociedade,queHume afirmaseremasreferênciasprincipaisparadistinguirentreavirtudee ovício(Hume,1973,p.579).ParaHume.aordemnavidahumana associadaéumresultadodeprocessosanônimos,envolvendoforçase atividadesindependentesdasdeliberaçõesracionaisdoindivíduo,no sentidosubstantivo.Maispropriamente,aquüoqueésocialé,forçosa mentemoral.Comoocorrecomoutrosfilósofosescoceses,Hume pretendeelaboraroalicercefilosóficodaciênciasocialformaldo Ocidente. Ascorrentesdepensamentoquehojeprevalecememmatériade ciênciasocialformal,sejaemseustermosestabelecidosusuais,sejasob osdisfarcesmarxistaseneomarxistas,apóiam-senumavisãosociomor- ficadohomem,visãoquereduzoserjiumanoanadamaisque_umser socialDaíqueálIeTiaTtQ-áliraçâo^olHdivíduosejaentendidacomoa ^sualítalsocialização,quersobascondiçõespresentementeoferecidas, quernumfuturoestágiosocialesclarecido.Poj^xjm^h^ajnojrv^çao, econômicaéconsjdjrada^_t^^ teona^co^jcT^rjaLafirmaqueomarcadoéa^OTtrfimdaT mental,paraT^pajaclo^i^^"nsSistemas sociais.Assunçãoéporacidentequeoscientistassociaisestabeleci- d~o7-nScomendamaospaísesdoTerceiroMundoapraticamaciçade certotipodeesclarecimentoorganizado,quesedestinaaensinara motivaçãodosucesso",buseuequivalente,aospovosqueyrvemnessa áreaEssaperspectivaconceptualsugerequeospaísesdoTerceno Mundosópoderãoresolverseusproblemassesetransformaremem sociedadescentradasnomercado.Osteoristasmarxistaseneomarxis taspercebemaingenuidadedessepontodevistaparticular.Salientam, emvezdisso,oimperativodamudançadanaturezahumanadeacordov8 emvezaisso,ounpciaiiruua!••—-.»-~nV,-. comomodelodasociedadesocialista,coisaque,aliás,nuncaconcei-^.^ tuamanãoseriemteTmo^vagos.Xonseq^ejiteme^ ciaisdeseuprojfctnuniversaliãoasociaüzacãodosmeiosdxpraduçao--->^ edoexcedente^gnomico,planejamentosocialistadaestiujura_jte. 32 •••„..«,..t.;Vru?My.i;»Trr.•*•;?"";',^'•,ly!.l.•.-••?:J"-,r-,'.^T:"'»i%^,V-./-V";''*;'" ^ução_e_wnaimo^^ organliãdolíe^scTarêçüne^cnmaotn.natu. Umavez^queTTaraambasascorrentesdepensamentoanatu rezahumananãotempadrõesadequadosasiprópna,o.^mento demedidaparaavaliaçãoedesenhodossistemassociaisnofunde contas,éelemesmosocial.Emconseqüência,aciênciaocaiformal nuncapoderáserumateoriacrítica,talcomohojealeganalgun escritores,amenosqueoteóricocriticoacredite,discretamente,que sTeleécapazdeseesquivaraoprocessodesocializaçãoeenunciar julgamentossobreoestágioatualdanaturezahumana.Adecepção JpeL>aldoteóricocríticocomoestadodecoisasqueoraP^ece^ £deinduzi-loaentregar-seaumtipodeaçãooracuaredemiunp^ Afinalnãohapontosimportantesdedisputaentreoscientistas sodaTs'ocidentaisestabelecidoseosteóricoscríticosmarxistaseneo- Sstasporqueambososgruposexemplificamamodernatransava- SS,dosociale,nessaconformidade,estãodeacordoemqueum discursoteóricoestáinerejriemenjejnçç^^dasociedade. SatualdW^adefao^alitefe^^0».àPrax!S**? teCinx^^é^yzíqueéinútil^^^Z^S^ tivaVsu^Ta?Tlusõ'esideológicasdaciênciasocialdoOcidentee, aomesmotempo,preservarseucaráterformal. 2.2Ordenamentopolíticoesociedade Oparadigmacompletamentedesenvolvidodavisãoescocesade ciênciasocialsurgiu,primeiro,«mio^^^gg^nos^hos deAdamSmith.Propostacomoumaciênciasocialverdadeiramente gei,á^conomiapolíticaconcebeaordemnavidahumanaassociada comoumresultadodalivreinteraçãodosinteressesdeseusmembros^ D^emodo,oenclavedelimitadoqueAristótelesdescrevecomoa oVdemdosnegóciosdomésticostoma-seexpücitamenteequiparadoa ?dahumanaiodadaemseuconjunto,graças^sJundadoresbrUâm- cosdaciênciasocial.Aeconomiapolíticaeaciênciasocialformal legitimam,conceptualmente,aisençãodaeconomiadomésticade eXãoPolítica,0Poiessarazão,o^^^f^3^^-^- sociedadeeana^tã^^J^^í^^^td^^- ficacgermjeTim^riõmemtemcomojojn^rriante^ -Carnalmente,porém,hTTimlra^oWmentreosteóncos substantivoseosteóricos"formaisdoOcidente:ambosinterem^que reduziroindivíduoaumserpuramentesocaieqüivaleaafirmarque .oSobreesteponto,vejaMyrdal(1954).Declarac.e^*£%*»£Z miacomoumtiposodaldeadministraçãodomcst.cainspiranaoapenasateo riadoívre^om^cio.masUmbémtodasasoutrasdoutrinasdeeconomiapo lítica"(Myrdal,1954,p.140). 33 V ' >