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Ocupação e saúde
O que é a participação?
A participação é definida como o envolvimento em situações da vida diária, em
ocupações. O ser humano é um ser ocupacional e como tal precisa de participar em
atividades promovendo assim o seu bem-estar e a sua saúde. A participação ocupacional
pode ocorrer em grupos ou ser só um individuo a realizá-la. É de evidenciar que a
participação pode ser influenciada pelos contextos e pelos ambientes podendo estes
constituir uma barreira ou uma vantagem para o individuo. (American O.T.A 2014).
Situação ou problema que ocorra com uma pessoa e que limite a sua
participação
Diariamente nos jornais surgem notícias relacionadas com a imigração dos
refugiados sírios para a Europa devido à guerra que ocorre no seu país. Ao chegarem à
Europa estas pessoas são discriminadas e privadas de se envolverem em ocupações
devido à sua origem. Em muitos dos casos, os contextos culturais das pessoas nada tem
a ver com o que os grupos originários da guerra defendem. Contudo face a preconceitos
e estereótipos estas pessoas ficam limitadas a participarem em qualquer ocupação,
sejam elas AVDs pois não possuem um lugar para as realizar, Trabalho em que não são
aceites pela sociedade europeia, Educação porque as crianças refugiadas passam a não
estar inseridas no ensino escolar, entre outras.
Um outro exemplo passa por negarem a participação ativa na sociedade a
pessoas que possuem o Vírus da Imunodeficiência Humana. Na maior parte dos casos,
apesar destas pessoas, à partida, possuírem todas as competências de realizar qualquer
trabalho no mundo social acontece exatamente o oposto, são colocadas à margem da
sociedade. Esta exclusão resulta do ambiente social em que a população tem baixas
expetativas acerca destas pessoas e tratam-nas com estigma e discriminação. Todos
estes aspetos têm um enorme impacto nos indivíduos portadores de SIDA fazendo com
que estes se considerarem pessoas sem utilidade para a sociedade e como consequência
as suas autoestimas diminuem levando possivelmente a estados de ansiedade e
posteriormente depressivos.
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Justiça ocupacional
Na nossa sociedade são inúmeros os acontecimentos de exclusão social e de
participação restrita baseadas nas diferenças que esses indivíduos apresentam em
relação ao que a sociedade aceita como correto. Ao serem rejeitadas pela sociedade,
estas pessoas deixam de ter as mesmas possibilidades, os mesmos recursos passando a
viver à margem da sociedade na qual deveriam participar ativamente. Fazendo face a
esta injustiça ocupacional surgiu a justiça ocupacional (Townsend E., Marval R.
(2013)). Esta defende a inserção social e a participação ativa nas ocupações individuais
e nas ocupações doutros membros da sociedade tendo em conta quais os fatores do
cliente, os padrões de desempenho e os contextos do mesmo. Os terapeutas
ocupacionais tentarão identificar onde ocorrem questões de injustiça social e através dos
meios que possuem irão reverter e trabalhar essas mesmas situações afim de o cliente
poder participar e realizar atividades da vida diária (American O.T.A 2014).
O objetivo da justiça ocupacional passa por cumprir um dos direitos humanos
estipulados na declaração publicada pela ONU onde refere que “Todo ser humano tem
capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem
distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política
ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra
condição”.
Assim sendo, ao realizar o objetivo do conceito de justiça ocupacional é possível
promover o bem-estar das pessoas.
 Exemplo
Podemos verificar que o conceito de justiça ocupacional já se encontra em vigor
em algumas situações do nosso dia-a-dia, por exemplo em transportes públicos.
Atualmente já é comum encontrar transportes públicos adaptados com equipamentos
que auxiliem pessoas com mobilidade reduzida.
Verifiquemos o exemplo do comboio. O comboio é um meio de transporte
utilizado por milhares de pessoas diariamente. Entre estas existem pessoas com
necessidades especiais como grávidas, idosos, pessoas com mobilidade reduzida,
pessoas que utilizam cadeira de rodas para se deslocar entre outros. No comboio, ou
antes de entrar é possível solicitar ao revisor assistência no embarque, em viagem e no
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desembarque. Ao analisar o ambiente físico do comboio, verificamos que existe oito
lugares específicos reservados para pessoas que tenham necessidades especiais
devidamente identificados. É de salientar também que este meio de transporte possui
uma rampa que é utilizada para auxiliar a entrada e saída da pessoa com cadeira de
rodas do comboio caso a altura entre o comboio e a plataforma da estacão seja
significativa e de difícil acesso. Para estes mesmos casos o comboio possui um lugar
específico para a pessoa que viaja em cadeira de rodas. Esta zona é constituída por duas
barras metálicas rugosas que estão incorporadas no pavimento do comboio. A cadeira
fica no meio das duas barras evitando assim a possível deslocação involuntária da
cadeira devido a movimentos bruscos que o comboio possa efetuar.
Privação ocupacional
Entende-se por privação ocupacional o impedimento ou restrição da participação
em ocupações da vida diária por parte do individuo. As privações no envolvimento das
ocupações devem-se a fatores físicos, sociais, discriminatórios, profissionais,
institucionais, raciais entre outros.
Os terapeutas ocupacionais veem o ser humano como um ser ocupacional. A
saúde e o bem-estar da pessoa desenvolvem-se através da participação ativa em
ocupações da vida diária. Ao estarem privadas destas atividades, as pessoas são
propícias a desenvolver estados depressivos, doenças a nível físico e consequentemente
baixa produtividade.
A função do terapeuta ocupacional passa por desenvolver a saúde e o bem-estar
das pessoas. Para tal tentará identificar e reverter as situações de injustiça social e os
fatores que poderão ser barreiras para a participação do individuo em atividades da vida
diárias, facilitando e proporcionando o envolvimento ocupacional. Sensibilizar a
sociedade para o conceito de privação ocupacional e demonstrar que ocorre frequente
nos dias de hoje é umas das estratégias para poder reduzir o número de casos de
privação ocupacional e promover a justiça ocupacional (Ocupational Therapy Australia
(2006)).
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 Exemplo
A sociedade hoje em dia, apesar de toda a informação disponível, ainda não
aceita pessoas que fujam ao padrão que esta estabeleceu como “pessoas normais”.
Muitas das vezes, é possível assistir a casos de pessoas portadoras de deficiência, como
por exemplo uma pessoa com Síndrome de Down, que é rejeitada pelo mundo do
trabalho simplesmente porque possui uma alteração genética. A sociedade vê nestas
pessoas, seres humanos com baixas capacidades e por esta razão não têm grandes
expectativas acerca das funções que poderiam desempenhar. Como tal exclui-os e estes
passam vivem à sua margem, tratados como doentes que não tem serventia e utilidade
no mundo.
Todavia, não é por possuir uma síndrome ou qualquer outra necessidade especial
que não consiga participar ativamente em ocupações. É necessário analisar quais as
capacidades da pessoa em questão e empregá-la tendo em conta a sua situação.
Os seres humanos são seres ocupacionais e como tal quando não se encontram
empregados ou a participar ativamente em ocupações tendem a desenvolver estados de
ansiedade e depressão que pode levar ao esgotamento. Ao incentivar pela inserção
social e ao estarem empregadas, o ambiente físico e social que está implícito
desenvolverá nas pessoas capacidades que lhes serão uteis para a sua vida diária futura
como por exemplo expandir as suas responsabilidades no caso das pessoas com esta
síndrome.
Equilíbrio ocupacional
Numa precetiva ocupacional, equilíbrio ocupacional pode definir-se como
harmonia de bem-estar físico, mental e social que é alcançada através da participação
equilibrada em ocupações significativas para o individuo em questão. (Wilcock et al
(1997))
Na sociedade atual, é percetível a azafama nas vidas cotidianas da população.
Ritmos de vida acelerados. Estas situações começam a ser frequentes muito em parte
devido à acumulação de papéis que cada pessoa desempenha na sua vida diária.
Verifiquemos o exemplo de uma típica mãe de família que trabalha. Esta mulher assume
todos os dias vários papéis como o papel de mãe, de filha, de trabalhadora, de esposa, de
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dona de casa, de amiga entre outros. Toda esta sobrecarga de papéis e de ocupações,
maioritariamente relacionadas com o trabalho, AVDs e AVDIs leva a um desequilíbrio
ocupacional(Backman C.(2004)). Todo este desequilíbrio ocupacional devido ao
excesso de ocupações pode, mais tarde, atingir níveis de exaustão elevados e
consequentemente esgotamentos, o que é prejudicial à saúde. No entanto o oposto
também trás desvantagens na medida em que quem participa em poucas atividades
poderá vir a sofrer de tédio (Wilcock et al (1997)).
Assim sendo, os profissionais de terapia ocupacional aconselham participações
equilibradas tendo em conta os seus interesses pessoais, contextos e o ambiente no qual
está inserido podendo haver necessidade de alterar estes ambientes de forma a que o
cliente atinja o equilíbrio (Backman C.(2004);Wilcock et al (1997)).
O equilíbrio ocupacional não pode ser visto como universal, mas sim como
individual e único. Mesmo sendo individual, o equilíbrio ocupacional não é estático.
Este muda consoante o momento da vida de uma pessoa (Wilcock et al (1997))
 Exemplo
Tomemos como exemplo o caso anteriormente citado na definição de equilíbrio
ocupacional. Uma mulher que se encontra no mundo do trabalho, casada e mãe de duas
meninas. Esta mulher assume todos os dias vários papéis como o papel de mãe, de
trabalhadora, de esposa, de dona de casa, de amiga entre outros que leva a uma
sobrecarga de ocupações. Contudo ela tem a noção de quais as ocupações que têm
significado especial e valor na sua vida pessoal tendo em conta os seus valores,
interesses, o ambiente e o contexto nos quais se insere. Assim sendo dá importante
relevância ao papel de mãe e esposa. Tendo todo o seu dia preenchido é capaz de gerir o
seu tempo, alterar os seus hábitos a fim de participar em todas as ocupações
significativas nunca deixando de parte o trabalho, que é a ocupação que lhe exige mais
tempo.
Ao participar equilibradamente em ocupações consegue disfrutar da companhia
do marido e das crianças realizando atividades, envolvendo-se em momentos que
promovam a felicidade e favorecendo assim a sua saúde e o seu bem-estar físico, mental
e social.
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Adaptação ocupacional
Os profissionais de terapia ocupacional utilizam uma abordagem centrada no
cliente recorrendo a ocupações para desenvolver a saúde do mesmo, o bem-estar e a
participação ativa na vida cotidiana. Para podem alcançar estes objetivos, os terapeutas
ocupacionais auxiliam as relações entre o cliente, os ambientes e contextos em que está
inserido assim como as ocupações em que participa. No entanto, numa primeira
instância, estes profissionais de saúde analisam as ocupações nas quais o cliente
participa para compreender quais as estruturas do corpo e as funções do corpo que são
necessárias para a realização da mesma, nunca deixando de ter em conta as
competências de desempenho da pessoa e os seus padrões de desenvolvimento.
Quando o cliente demonstra dificuldades na realização da(s) ocupação(ões) o
terapeuta é capaz de adaptar a forma como essas atividades são realizadas modificando
uma tarefa ou até mesmo mudando o ambiente para que deixem de existir barreiras que
impossibilitem a realização da ocupação (American O.T.A 2014).
 Exemplo
Tomemos como exemplo uma pessoa a quem fora amputada uma perna. É
possível dar-lhe uma oportunidade de voltar a andar fornecendo-lhe uma prótese
adequada à sua condição. Após a colocação da respetiva prótese e depois de um certo
período de tempo (curto ou longo) de reabilitação física e adaptação às novas
circunstâncias, esta pessoa é capaz de restabelecer as suas competências.
Pode-se constatar inúmeros casos de adaptação ocupacional nos jogos
paralímpicos. Estes têm como definição a alta competição direcionada para pessoas com
necessidades especiais. É devido ao conceito de adaptação ocupacional que todos esses
atletas são capazes de realizar grandes feitos, muitos deles medalhados. Na modalidade
de atletismo, por exemplo, é frequente ver atletas com próteses específicas de corrida
em formato de J conferindo-lhes mais dinamismo e competências a fim de realizar a sua
prova.
Assim, a adaptação ocupacional aliada à tecnologia tem conseguido com que
atletas amputados, em cadeira de rodas e pessoas com necessidades possam participar
ativamente nas suas ocupações.
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Alienação ocupacional
O ser humano é um ser ocupacional, e como tal necessita de participar
ativamente em ocupações para conseguir manter a sua saúde e o seu bem-estar físico,
mental e social. Contudo não é deveras fácil atingir tal equilíbrio, pelo contrário.
Existem muitas advertências que impede o ser humano de o atingir e assim obter
harmonia a todos os níveis. Os principais fatores para que tal não aconteça passam pela
privação, injustiça e alienação ocupacionais. Anteriormente já foram explicados todos
os conceitos, à exceção de alienação.
Alienação ocupacional pode ser definida como o desempenho de uma atividade
que não corresponde aos interesses ocupacionais do individuo. O envolvimento em
atividades que o individuo não aprecia resulta em frustração, tédio, infelicidade e
ansiedade podendo levar ao esgotamento (Creek J.& Lougher, L.(2011)).
 Exemplo
Tomemos como exemplo uma situação cada vez mais comum em Portugal.
Devido à crise socioeconómica que se vive nos dias de hoje são muitas as pessoas que
se sujeitam a desempenhar atividades que em nada correspondem aos seus interesses ou
qualificações profissionais. Um psicólogo, um engenheiro, uma enfermeira que não
exercem aquilo para que se habilitaram e trabalham como empregados de mesa,
rececionistas, auxiliares de ação educativa a fim de receber um salario ao final do mês
que lhes possibilite sobreviver irá a longo prazo trazer-lhes sofrimento físico e
psicológico pela frustração que sentem diariamente.
Disrupção ocupacional
O conceito de justiça ocupacional opõe-se a casos existentes de injustiça e tenta
modificá-los positivamente reconhecendo o direito ocupacional do ser humano. Destes
acontecimentos resultam casos de privação, alienação e disrupção ocupacional. Tudo
isto implica que as pessoas não participem ativamente nas suas ocupações. Por esta
razão a sua saúde e o seu bem-estar serão afetados negativamente. Umas das razões para
a incapacidade de participar em atividades advêm da disrupção ocupacional.
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Disrupção ocupacional reporta-se a uma condição em que o individuo é
impossibilitado de participar nas suas ocupações devido a fatores temporários e internos
como doenças ou problemas nas funções e/ou estruturas do corpo (Creek ,J., Lougher L.
(2008).
 Exemplo
Um exemplo de disrupção funcional passa por uma criança fraturar o rádio. Esta
fratura implica que, caso o tempo de cura seja mais extenso, ocorra interrupção do
desenvolvimento de competências associadas a atividades que implicariam utilizar o
braço como por exemplo a comer sozinha, andar bicicleta, sendo a mão dominante a do
braço lesionado. Assim sendo, a criança terá dificuldades a reaprender a realizar todas
estas atividades. Nestes casos o objetivo do terapeuta passa por criar alternativas à
situação apresentada. Pode também acontecer retardamentos do desenvolvimento de
competências. Conclui-se assim que existe uma relação de proporcionalidade direta
entre o tempo de cura e o desenvolvimento. Quanto maior o tempo de cura da fratura,
ou seja de interrupção, mais consequências haverá ao nível do desenvolvimento físico e
mental da criança.
Caso geral
Na nossa sociedade é possível observar regularmente situações de injustiça e
privação ocupacional. Pessoas com mobilidade reduzida que necessitem de utilizar
uma cadeira de rodas para se deslocar não tem acesso ou oportunidade de realizar certas
atividades porque o mundo não está adaptado a essas mesmas pessoas. Vejamos o
exemplo de ir ao multibanco. O multibanco está normalmente colocado a uma altura
proporcional a pessoas que não tenham mobilidade reduzida. Assim sendo, um
individuo que utilize uma cadeira de rodas não consegue realizar a atividade para que o
multibanco foi originado. Ou então, caso a caixa de multibanco esteja a uma altura
capaz de o individuo com mobilidade reduzida ser capaz de efetuar a operação de
levantar dinheiro, por exemplo, muitas das vezes o individuo não consegues abeirar-se
da caixa de multibanco pois para lá chegar existem escadas ou passeios altos e não
rampas que possibilitem a deslocação da sua cadeira.
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A sociedade não se encontra apta e consciencializada para o facto de haver
pessoas que necessitem de ajudas, de adaptações para conseguirem participar
ativamente nas suas ocupações da vida diária. Estas ocupações, ocorrem num contexto e
são influenciadas pelo ambiente físico e social. Neste caso específico é possível
verificar que o ambiente físico constitui uma barreira para estas pessoas poderem
participar nas suas ocupações significativas. Assim sendo é possível reverter esta
situação de injustiça ocupacional, recorrendo ao conceito de adaptação ocupacional.
É possível fornecer a estes indivíduos novas oportunidades que farão com que
se sintam iguais aos de mais e lhes confira independência suficiente para superar todos
os obstáculos e dificuldades. Os terapeutas ocupacionais, ao por em prática todo o
conhecimento que adquiriram ao longo dos anos e baseando-se em adaptação
ocupacional tentarão reverter esta situação e muitas outras. Contudo, neste exemplo
específico, os profissionais desta área da saúde promoverão a redução da altura
necessária das caixas de multibanco para uso de todos os seres humanos. Reivindicarão
ainda a construção de rampas de acesso em todos os locais onde sejam necessárias a fim
de lhes proporcionar uma melhor qualidade de vida e bem-estar tanto físico, como
mental e social. Deste modo identificarão áreas de injustiça ocupacional e trabalharão
para que lei, mentalidades sejam alteradas a fim de dar início e continuidade à mudança
social a favor da justiça ocupacional.
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Referências bibliográficas
American Occupational Therapy Association. (2014). Occupational therapy
practice framework: Domain and process. American Journal of Occupational Therapy,
68 Declaração universal dos direitos humanos de 2009
Backman C.(2004). Occupational balance: Exploring the relationships among
daily occupations and their influence on well-bing. Nº4, v.71.
Creek ,J., Lougher L. (2008) . Occupational Therapy and Mental Health.
Philadelphia, PA: Churchill Livingstone Elsevier.
Creek J.& Lougher, L.(2011). Occupational therapy and mental health: Elsevier
Health Sciences.
Ocupational Therapy Australia (2006), Position paper: Occupational deprivation.
Townsend E., Marval R. (2013). Profissionais podem realmente promover
justiça ocupacional?. Caderno de Terapia Ocupacional , v.21.
Wilcock A.A., Chelin M., Hall M., Morrison B., Scrivener L., Townsend M.,
Treen K. (1997). The relationship between occupational balance and health: A pilot
study, Occupational Therapy International,v4.

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Saúde, participação e exclusão social

  • 1. Escola Superior de Saúde Marta Maia, nº10160416 OT2 17 -11-2016 Ocupação e saúde O que é a participação? A participação é definida como o envolvimento em situações da vida diária, em ocupações. O ser humano é um ser ocupacional e como tal precisa de participar em atividades promovendo assim o seu bem-estar e a sua saúde. A participação ocupacional pode ocorrer em grupos ou ser só um individuo a realizá-la. É de evidenciar que a participação pode ser influenciada pelos contextos e pelos ambientes podendo estes constituir uma barreira ou uma vantagem para o individuo. (American O.T.A 2014). Situação ou problema que ocorra com uma pessoa e que limite a sua participação Diariamente nos jornais surgem notícias relacionadas com a imigração dos refugiados sírios para a Europa devido à guerra que ocorre no seu país. Ao chegarem à Europa estas pessoas são discriminadas e privadas de se envolverem em ocupações devido à sua origem. Em muitos dos casos, os contextos culturais das pessoas nada tem a ver com o que os grupos originários da guerra defendem. Contudo face a preconceitos e estereótipos estas pessoas ficam limitadas a participarem em qualquer ocupação, sejam elas AVDs pois não possuem um lugar para as realizar, Trabalho em que não são aceites pela sociedade europeia, Educação porque as crianças refugiadas passam a não estar inseridas no ensino escolar, entre outras. Um outro exemplo passa por negarem a participação ativa na sociedade a pessoas que possuem o Vírus da Imunodeficiência Humana. Na maior parte dos casos, apesar destas pessoas, à partida, possuírem todas as competências de realizar qualquer trabalho no mundo social acontece exatamente o oposto, são colocadas à margem da sociedade. Esta exclusão resulta do ambiente social em que a população tem baixas expetativas acerca destas pessoas e tratam-nas com estigma e discriminação. Todos estes aspetos têm um enorme impacto nos indivíduos portadores de SIDA fazendo com que estes se considerarem pessoas sem utilidade para a sociedade e como consequência as suas autoestimas diminuem levando possivelmente a estados de ansiedade e posteriormente depressivos.
  • 2. Escola Superior de Saúde Marta Maia, nº10160416 OT2 17 -11-2016 Justiça ocupacional Na nossa sociedade são inúmeros os acontecimentos de exclusão social e de participação restrita baseadas nas diferenças que esses indivíduos apresentam em relação ao que a sociedade aceita como correto. Ao serem rejeitadas pela sociedade, estas pessoas deixam de ter as mesmas possibilidades, os mesmos recursos passando a viver à margem da sociedade na qual deveriam participar ativamente. Fazendo face a esta injustiça ocupacional surgiu a justiça ocupacional (Townsend E., Marval R. (2013)). Esta defende a inserção social e a participação ativa nas ocupações individuais e nas ocupações doutros membros da sociedade tendo em conta quais os fatores do cliente, os padrões de desempenho e os contextos do mesmo. Os terapeutas ocupacionais tentarão identificar onde ocorrem questões de injustiça social e através dos meios que possuem irão reverter e trabalhar essas mesmas situações afim de o cliente poder participar e realizar atividades da vida diária (American O.T.A 2014). O objetivo da justiça ocupacional passa por cumprir um dos direitos humanos estipulados na declaração publicada pela ONU onde refere que “Todo ser humano tem capacidade para gozar os direitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração, sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor, sexo, idioma, religião, opinião política ou de outra natureza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou qualquer outra condição”. Assim sendo, ao realizar o objetivo do conceito de justiça ocupacional é possível promover o bem-estar das pessoas.  Exemplo Podemos verificar que o conceito de justiça ocupacional já se encontra em vigor em algumas situações do nosso dia-a-dia, por exemplo em transportes públicos. Atualmente já é comum encontrar transportes públicos adaptados com equipamentos que auxiliem pessoas com mobilidade reduzida. Verifiquemos o exemplo do comboio. O comboio é um meio de transporte utilizado por milhares de pessoas diariamente. Entre estas existem pessoas com necessidades especiais como grávidas, idosos, pessoas com mobilidade reduzida, pessoas que utilizam cadeira de rodas para se deslocar entre outros. No comboio, ou antes de entrar é possível solicitar ao revisor assistência no embarque, em viagem e no
  • 3. Escola Superior de Saúde Marta Maia, nº10160416 OT2 17 -11-2016 desembarque. Ao analisar o ambiente físico do comboio, verificamos que existe oito lugares específicos reservados para pessoas que tenham necessidades especiais devidamente identificados. É de salientar também que este meio de transporte possui uma rampa que é utilizada para auxiliar a entrada e saída da pessoa com cadeira de rodas do comboio caso a altura entre o comboio e a plataforma da estacão seja significativa e de difícil acesso. Para estes mesmos casos o comboio possui um lugar específico para a pessoa que viaja em cadeira de rodas. Esta zona é constituída por duas barras metálicas rugosas que estão incorporadas no pavimento do comboio. A cadeira fica no meio das duas barras evitando assim a possível deslocação involuntária da cadeira devido a movimentos bruscos que o comboio possa efetuar. Privação ocupacional Entende-se por privação ocupacional o impedimento ou restrição da participação em ocupações da vida diária por parte do individuo. As privações no envolvimento das ocupações devem-se a fatores físicos, sociais, discriminatórios, profissionais, institucionais, raciais entre outros. Os terapeutas ocupacionais veem o ser humano como um ser ocupacional. A saúde e o bem-estar da pessoa desenvolvem-se através da participação ativa em ocupações da vida diária. Ao estarem privadas destas atividades, as pessoas são propícias a desenvolver estados depressivos, doenças a nível físico e consequentemente baixa produtividade. A função do terapeuta ocupacional passa por desenvolver a saúde e o bem-estar das pessoas. Para tal tentará identificar e reverter as situações de injustiça social e os fatores que poderão ser barreiras para a participação do individuo em atividades da vida diárias, facilitando e proporcionando o envolvimento ocupacional. Sensibilizar a sociedade para o conceito de privação ocupacional e demonstrar que ocorre frequente nos dias de hoje é umas das estratégias para poder reduzir o número de casos de privação ocupacional e promover a justiça ocupacional (Ocupational Therapy Australia (2006)).
  • 4. Escola Superior de Saúde Marta Maia, nº10160416 OT2 17 -11-2016  Exemplo A sociedade hoje em dia, apesar de toda a informação disponível, ainda não aceita pessoas que fujam ao padrão que esta estabeleceu como “pessoas normais”. Muitas das vezes, é possível assistir a casos de pessoas portadoras de deficiência, como por exemplo uma pessoa com Síndrome de Down, que é rejeitada pelo mundo do trabalho simplesmente porque possui uma alteração genética. A sociedade vê nestas pessoas, seres humanos com baixas capacidades e por esta razão não têm grandes expectativas acerca das funções que poderiam desempenhar. Como tal exclui-os e estes passam vivem à sua margem, tratados como doentes que não tem serventia e utilidade no mundo. Todavia, não é por possuir uma síndrome ou qualquer outra necessidade especial que não consiga participar ativamente em ocupações. É necessário analisar quais as capacidades da pessoa em questão e empregá-la tendo em conta a sua situação. Os seres humanos são seres ocupacionais e como tal quando não se encontram empregados ou a participar ativamente em ocupações tendem a desenvolver estados de ansiedade e depressão que pode levar ao esgotamento. Ao incentivar pela inserção social e ao estarem empregadas, o ambiente físico e social que está implícito desenvolverá nas pessoas capacidades que lhes serão uteis para a sua vida diária futura como por exemplo expandir as suas responsabilidades no caso das pessoas com esta síndrome. Equilíbrio ocupacional Numa precetiva ocupacional, equilíbrio ocupacional pode definir-se como harmonia de bem-estar físico, mental e social que é alcançada através da participação equilibrada em ocupações significativas para o individuo em questão. (Wilcock et al (1997)) Na sociedade atual, é percetível a azafama nas vidas cotidianas da população. Ritmos de vida acelerados. Estas situações começam a ser frequentes muito em parte devido à acumulação de papéis que cada pessoa desempenha na sua vida diária. Verifiquemos o exemplo de uma típica mãe de família que trabalha. Esta mulher assume todos os dias vários papéis como o papel de mãe, de filha, de trabalhadora, de esposa, de
  • 5. Escola Superior de Saúde Marta Maia, nº10160416 OT2 17 -11-2016 dona de casa, de amiga entre outros. Toda esta sobrecarga de papéis e de ocupações, maioritariamente relacionadas com o trabalho, AVDs e AVDIs leva a um desequilíbrio ocupacional(Backman C.(2004)). Todo este desequilíbrio ocupacional devido ao excesso de ocupações pode, mais tarde, atingir níveis de exaustão elevados e consequentemente esgotamentos, o que é prejudicial à saúde. No entanto o oposto também trás desvantagens na medida em que quem participa em poucas atividades poderá vir a sofrer de tédio (Wilcock et al (1997)). Assim sendo, os profissionais de terapia ocupacional aconselham participações equilibradas tendo em conta os seus interesses pessoais, contextos e o ambiente no qual está inserido podendo haver necessidade de alterar estes ambientes de forma a que o cliente atinja o equilíbrio (Backman C.(2004);Wilcock et al (1997)). O equilíbrio ocupacional não pode ser visto como universal, mas sim como individual e único. Mesmo sendo individual, o equilíbrio ocupacional não é estático. Este muda consoante o momento da vida de uma pessoa (Wilcock et al (1997))  Exemplo Tomemos como exemplo o caso anteriormente citado na definição de equilíbrio ocupacional. Uma mulher que se encontra no mundo do trabalho, casada e mãe de duas meninas. Esta mulher assume todos os dias vários papéis como o papel de mãe, de trabalhadora, de esposa, de dona de casa, de amiga entre outros que leva a uma sobrecarga de ocupações. Contudo ela tem a noção de quais as ocupações que têm significado especial e valor na sua vida pessoal tendo em conta os seus valores, interesses, o ambiente e o contexto nos quais se insere. Assim sendo dá importante relevância ao papel de mãe e esposa. Tendo todo o seu dia preenchido é capaz de gerir o seu tempo, alterar os seus hábitos a fim de participar em todas as ocupações significativas nunca deixando de parte o trabalho, que é a ocupação que lhe exige mais tempo. Ao participar equilibradamente em ocupações consegue disfrutar da companhia do marido e das crianças realizando atividades, envolvendo-se em momentos que promovam a felicidade e favorecendo assim a sua saúde e o seu bem-estar físico, mental e social.
  • 6. Escola Superior de Saúde Marta Maia, nº10160416 OT2 17 -11-2016 Adaptação ocupacional Os profissionais de terapia ocupacional utilizam uma abordagem centrada no cliente recorrendo a ocupações para desenvolver a saúde do mesmo, o bem-estar e a participação ativa na vida cotidiana. Para podem alcançar estes objetivos, os terapeutas ocupacionais auxiliam as relações entre o cliente, os ambientes e contextos em que está inserido assim como as ocupações em que participa. No entanto, numa primeira instância, estes profissionais de saúde analisam as ocupações nas quais o cliente participa para compreender quais as estruturas do corpo e as funções do corpo que são necessárias para a realização da mesma, nunca deixando de ter em conta as competências de desempenho da pessoa e os seus padrões de desenvolvimento. Quando o cliente demonstra dificuldades na realização da(s) ocupação(ões) o terapeuta é capaz de adaptar a forma como essas atividades são realizadas modificando uma tarefa ou até mesmo mudando o ambiente para que deixem de existir barreiras que impossibilitem a realização da ocupação (American O.T.A 2014).  Exemplo Tomemos como exemplo uma pessoa a quem fora amputada uma perna. É possível dar-lhe uma oportunidade de voltar a andar fornecendo-lhe uma prótese adequada à sua condição. Após a colocação da respetiva prótese e depois de um certo período de tempo (curto ou longo) de reabilitação física e adaptação às novas circunstâncias, esta pessoa é capaz de restabelecer as suas competências. Pode-se constatar inúmeros casos de adaptação ocupacional nos jogos paralímpicos. Estes têm como definição a alta competição direcionada para pessoas com necessidades especiais. É devido ao conceito de adaptação ocupacional que todos esses atletas são capazes de realizar grandes feitos, muitos deles medalhados. Na modalidade de atletismo, por exemplo, é frequente ver atletas com próteses específicas de corrida em formato de J conferindo-lhes mais dinamismo e competências a fim de realizar a sua prova. Assim, a adaptação ocupacional aliada à tecnologia tem conseguido com que atletas amputados, em cadeira de rodas e pessoas com necessidades possam participar ativamente nas suas ocupações.
  • 7. Escola Superior de Saúde Marta Maia, nº10160416 OT2 17 -11-2016 Alienação ocupacional O ser humano é um ser ocupacional, e como tal necessita de participar ativamente em ocupações para conseguir manter a sua saúde e o seu bem-estar físico, mental e social. Contudo não é deveras fácil atingir tal equilíbrio, pelo contrário. Existem muitas advertências que impede o ser humano de o atingir e assim obter harmonia a todos os níveis. Os principais fatores para que tal não aconteça passam pela privação, injustiça e alienação ocupacionais. Anteriormente já foram explicados todos os conceitos, à exceção de alienação. Alienação ocupacional pode ser definida como o desempenho de uma atividade que não corresponde aos interesses ocupacionais do individuo. O envolvimento em atividades que o individuo não aprecia resulta em frustração, tédio, infelicidade e ansiedade podendo levar ao esgotamento (Creek J.& Lougher, L.(2011)).  Exemplo Tomemos como exemplo uma situação cada vez mais comum em Portugal. Devido à crise socioeconómica que se vive nos dias de hoje são muitas as pessoas que se sujeitam a desempenhar atividades que em nada correspondem aos seus interesses ou qualificações profissionais. Um psicólogo, um engenheiro, uma enfermeira que não exercem aquilo para que se habilitaram e trabalham como empregados de mesa, rececionistas, auxiliares de ação educativa a fim de receber um salario ao final do mês que lhes possibilite sobreviver irá a longo prazo trazer-lhes sofrimento físico e psicológico pela frustração que sentem diariamente. Disrupção ocupacional O conceito de justiça ocupacional opõe-se a casos existentes de injustiça e tenta modificá-los positivamente reconhecendo o direito ocupacional do ser humano. Destes acontecimentos resultam casos de privação, alienação e disrupção ocupacional. Tudo isto implica que as pessoas não participem ativamente nas suas ocupações. Por esta razão a sua saúde e o seu bem-estar serão afetados negativamente. Umas das razões para a incapacidade de participar em atividades advêm da disrupção ocupacional.
  • 8. Escola Superior de Saúde Marta Maia, nº10160416 OT2 17 -11-2016 Disrupção ocupacional reporta-se a uma condição em que o individuo é impossibilitado de participar nas suas ocupações devido a fatores temporários e internos como doenças ou problemas nas funções e/ou estruturas do corpo (Creek ,J., Lougher L. (2008).  Exemplo Um exemplo de disrupção funcional passa por uma criança fraturar o rádio. Esta fratura implica que, caso o tempo de cura seja mais extenso, ocorra interrupção do desenvolvimento de competências associadas a atividades que implicariam utilizar o braço como por exemplo a comer sozinha, andar bicicleta, sendo a mão dominante a do braço lesionado. Assim sendo, a criança terá dificuldades a reaprender a realizar todas estas atividades. Nestes casos o objetivo do terapeuta passa por criar alternativas à situação apresentada. Pode também acontecer retardamentos do desenvolvimento de competências. Conclui-se assim que existe uma relação de proporcionalidade direta entre o tempo de cura e o desenvolvimento. Quanto maior o tempo de cura da fratura, ou seja de interrupção, mais consequências haverá ao nível do desenvolvimento físico e mental da criança. Caso geral Na nossa sociedade é possível observar regularmente situações de injustiça e privação ocupacional. Pessoas com mobilidade reduzida que necessitem de utilizar uma cadeira de rodas para se deslocar não tem acesso ou oportunidade de realizar certas atividades porque o mundo não está adaptado a essas mesmas pessoas. Vejamos o exemplo de ir ao multibanco. O multibanco está normalmente colocado a uma altura proporcional a pessoas que não tenham mobilidade reduzida. Assim sendo, um individuo que utilize uma cadeira de rodas não consegue realizar a atividade para que o multibanco foi originado. Ou então, caso a caixa de multibanco esteja a uma altura capaz de o individuo com mobilidade reduzida ser capaz de efetuar a operação de levantar dinheiro, por exemplo, muitas das vezes o individuo não consegues abeirar-se da caixa de multibanco pois para lá chegar existem escadas ou passeios altos e não rampas que possibilitem a deslocação da sua cadeira.
  • 9. Escola Superior de Saúde Marta Maia, nº10160416 OT2 17 -11-2016 A sociedade não se encontra apta e consciencializada para o facto de haver pessoas que necessitem de ajudas, de adaptações para conseguirem participar ativamente nas suas ocupações da vida diária. Estas ocupações, ocorrem num contexto e são influenciadas pelo ambiente físico e social. Neste caso específico é possível verificar que o ambiente físico constitui uma barreira para estas pessoas poderem participar nas suas ocupações significativas. Assim sendo é possível reverter esta situação de injustiça ocupacional, recorrendo ao conceito de adaptação ocupacional. É possível fornecer a estes indivíduos novas oportunidades que farão com que se sintam iguais aos de mais e lhes confira independência suficiente para superar todos os obstáculos e dificuldades. Os terapeutas ocupacionais, ao por em prática todo o conhecimento que adquiriram ao longo dos anos e baseando-se em adaptação ocupacional tentarão reverter esta situação e muitas outras. Contudo, neste exemplo específico, os profissionais desta área da saúde promoverão a redução da altura necessária das caixas de multibanco para uso de todos os seres humanos. Reivindicarão ainda a construção de rampas de acesso em todos os locais onde sejam necessárias a fim de lhes proporcionar uma melhor qualidade de vida e bem-estar tanto físico, como mental e social. Deste modo identificarão áreas de injustiça ocupacional e trabalharão para que lei, mentalidades sejam alteradas a fim de dar início e continuidade à mudança social a favor da justiça ocupacional.
  • 10. Escola Superior de Saúde Marta Maia, nº10160416 OT2 17 -11-2016 Referências bibliográficas American Occupational Therapy Association. (2014). Occupational therapy practice framework: Domain and process. American Journal of Occupational Therapy, 68 Declaração universal dos direitos humanos de 2009 Backman C.(2004). Occupational balance: Exploring the relationships among daily occupations and their influence on well-bing. Nº4, v.71. Creek ,J., Lougher L. (2008) . Occupational Therapy and Mental Health. Philadelphia, PA: Churchill Livingstone Elsevier. Creek J.& Lougher, L.(2011). Occupational therapy and mental health: Elsevier Health Sciences. Ocupational Therapy Australia (2006), Position paper: Occupational deprivation. Townsend E., Marval R. (2013). Profissionais podem realmente promover justiça ocupacional?. Caderno de Terapia Ocupacional , v.21. Wilcock A.A., Chelin M., Hall M., Morrison B., Scrivener L., Townsend M., Treen K. (1997). The relationship between occupational balance and health: A pilot study, Occupational Therapy International,v4.