1. Disciplina: Cinesiologia Aplicada à Educação Física
Profa. Ms. Luciana S. Ota Takahashi
3o
termo: Educação Física
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O JOELHO
Primariamente, o joelho é uma articulação com só um grau de liberdade:
- a flexo-extensão, no eixo transversal (XX’) e plano sagital.
De forma acessória, possui um 2o
grau de liberdade:
- a rotação interna-rotação externa, no eixo longitudinal (YY’) e plano
transversal – que só ocorre quando o joelho está flexionado.
Figs. 1 e 2
Genu valgo X Genu varo
O eixo da diáfise do fêmur forma um ângulo de 170o
–175o
com o eixo da perna, o
que chamamos de valgo fisiológico do joelho. Fig. 3
Contudo, os centros articulares do quadril, do joelho e do tornozelo estão
alinhados numa mesma reta, o que representa o eixo mecânico do membro inferior.
Quando o centro do joelho se desloca para fora do eixo mecânico, se trata de um
genu varo. Neste caso, o ângulo entre fêmur e tíbia é maior que 170o
. Figs. 5 e 6
Pelo contrário, quando o centro do joelho se desloca internamente ao eixo
mecânico do membro inferior, chamamo-lo de genu valgo; e o ângulo se fecha, ou seja, é
menor que 170o
. Figs. 7 e 8
Os movimentos de flexão-extensão do joelho
Na posição de referência (anatômica), o joelho está em sua máxima extensão.
A amplitude de flexão do joelho depende da posição do quadril:
- Flexão ativa: - com o quadril flexionado: 140o
- com o quadril estendido: 120o
Esta diferença se deve à diminuição da eficácia dos isquiotibiais
quando o quadril está estendido.
- Flexão passiva: 160o
, permitindo que o calcanhar entre em contato com a
nádega. Assim, este movimento é limitado pelo contato das massas musculares da
perna e da coxa. A flexão passiva pode ser limitada também pelo encurtamento do
m.quadríceps.
A rotação axial do joelho
Com o joelho flexionado a 90o
, a rotação interna (RI) ativa ocorre quando
levamos a ponta do pé para dentro e sua amplitude é de 30o
. Fig. 16
A rotação externa (RE) ocorre quando levamos a ponta do pé para fora e sua
amplitude é de 40o
. Fig. 17
Quando a rotação axial é realizada de forma passiva, a RE passa a ser de 45o
-50o
-
Fig. 18 - e a RI, 30o
-35o
- Fig. 19.
Também existe uma rotação axial denominada “automática”. Ocorre nos últimos
graus de extensão (no caso, RE) - Fig. 20 - e no início da flexão (no caso, RI) - Fig. 21.
Os meniscos interarticulares
A não-concordância das superfícies articulares se compensa pela interposição dos
meniscos.
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Os cornos do menisco lateral (externo) estão mais próximos entre si que os do
menisco medial (interno) – o menisco lateral forma um anel quase completo (forma de O) e
o menisco medial parece-se com uma meia-lua (forma de C).
Nos movimentos do joelho, os meniscos de deslocam, sendo que seus cornos
permanecem fixos.
- Durante a extensão, se deslocam para diante.
- Durante a flexão, se deslocam para trás.
- Durante a RE, o menisco lateral avança e o menisco medial recua.
- Durante a RI, o menisco lateral recua e o menisco medial avança.
Quando os meniscos não seguem os deslocamentos dos côndilos, ocorrem as
lesões meniscais
Os ligamentos do joelho
- Ligamento colateral tibial (LLI)
- Ligamento colateral fibular (LLE)
- Ligamento cruzado anterior (LCA)
- Ligamento cruzado posterior (LCP)
A estabilidade da articulação do joelho depende dos ligamentos cruzados e
colaterais.
A estabilidade transversal do joelho Figs. 136 a 140
Os ligamentos colaterais reforçam a cápsula articular pelo lado interno e externo.
Eles asseguram a estabilidade lateral do joelho em extensão e se distendem na flexão.
Durante a marcha e as práticas esportivas, o joelho está continuamente submetido
a forças laterais. Se a força é no sentido de aumentar o valgo fisiológico, pode provocar
uma entorse do LLI. Se o choque ocorre com tendência a endireitar o valgo fisiológico, é o
LLE que pode sofrer a entorse. A entorse grave compromete a estabilidade da articulação.
Os ligamentos colaterais são reforçados por músculos:
- O LLE é reforçado pela banda (BM) que é contraída pelo m. tensor da fáscia
lata.
- O LLI é reforçado pelos músculos da pata de ganso: sartório (Sa),
semitendíneo (St) e grácil (Ri).
Portanto, os ligamentos colaterais estão protegidos por tendões consistentes.
Os ligamentos cruzados do joelho Fig. 161
O LCA insere-se anteriormente à eminência intercondiliana da tíbia, faz um
trajeto oblíquo para cima, para trás e para fora, e insere-se no côndilo lateral do fêmur.
O LCP tem sua inserção tibial na parte posterior da eminência intercondiliana da
tíbia, possui um trajeto oblíquo para cima, para frente e para dentro, e insere-se no fundo da
fossa intercondiliana do fêmur.
- O LCA tensiona-se em extensão e é um dos freios da hiperflexão.
- O LCP tensiona-se em flexão.
A estabilidade rotatória do joelho em extensão
Na posição de extensão máxima, o movimento de rotação axial é impedido pela
tensão dos ligamentos cruzados e colaterais.
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- Ligamentos cruzados
Durante a RI, a direção do LCA e do LCP torna-se mais cruzada e impede o
movimento de RI do joelho estendido. Figs. 186 e 189
Durante a RE, os ligamentos têm a tendência de tornar-se paralelos. Assim, a RE
não está limitada pela tensão dos ligamentos cruzados. Figs. 190 e 193
- Ligamentos colaterais
Em posição de rotação neutra, o LLI é oblíquo para baixo e para diante, e o LLE,
para baixo e para trás.
A RI diminui a obliqüidade desses ligamentos e, portanto, não é limitada por eles.
Fig. 196
Ao contrário, a RE aumenta o “enrolamento” dos ligamentos, o que limita o
movimento. Fig. 199
Conclusão: Os ligamentos colaterais limitam a RE e os cruzados, a RI.
Os músculos extensores do joelho Fig. 215
O quadríceps femoral é o músculo extensor do joelho. É constituído por 4
músculos:
- 3 são monoarticulares: vasto medial (VI), vasto lateral (VE) e vasto
intermédio (Cr);
- 1 é biarticular: reto da coxa/femoral (RA).
Os 3 músculos monoarticulares são somente extensores do joelho e têm uma
importante função na estabilização da posição da patela.
O RA é tanto flexor do quadril quanto extensor do joelho, portanto sua eficácia
como extensor do joelho depende da posição do quadril, assim como a sua ação como
flexor do quadril está relacionada com a posição do joelho.
Os músculos flexores do joelho Fig. 224
Os flexores do joelho são aqueles músculos localizados na face posterior da coxa.
São os músculos isquiotibiais: semimembranáceo (SM), semitendíneo (ST) e bíceps
femoral (B); os músculos da pata de ganso: sartório (Sa), semitendíneo (ST) e grácil (Ri); o
poplíteo e os gastrocnêmios (Ge).
Os gastrocnêmios não são exatamente flexores do joelho (e sim extensores do
tornozelo), mas desempenham um papel importante na estabilização do joelho. Os
músculos grácil e poplíteo atuam como sinergistas.
Todos esses músculos são biarticulares, exceto a cabeça curta do B e o poplíteo.
Os flexores biarticulares possuem uma ação simultânea de extensão do quadril e sua ação
sobre o joelho depende da posição do quadril.
→ A potência global dos flexores do joelho correspondem a ±1/3 da do
quadríceps.
Os músculos rotadores do joelho Fig. 231
Os flexores do joelho são, ao mesmo tempo, seus rotadores. Dividem-se em 2
grupos:
- Motores da RE: B e tensor da fáscia lata (TFL) – ( inserem-se fora do eixo de
rotação do joelho);
- Motores da RI: Sa, ST, SM e Ri (inserem-se dentro do eixo de rotação do
joelho) + poplíteo.