O documento descreve as patologias encontradas em um edifício do século XIX localizado na Rua Dom Dinis em Lisboa, incluindo fissuras nas paredes devido a deslocamentos estruturais, manchas e pintura descascada causadas por umidade, e vegetação parasitária nas molduras de pedra da fachada. Recomenda-se tratamento das fissuras, impermeabilização das paredes, e limpeza e aplicação de fungicida nas áreas afetadas.
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Patologias de paramentos de um edificio da alta de lisboa ramos, marco-2017
1. PUBLICAÇÃO II
Artigo de Opinião – Revista Anteprojectos – abr-17
PATOLOGIAS DE PARAMENTOS DUM EDIFÍCIO DA ALTA DE LISBOA
RUA DOM DINIS, Nº14 (PERTO DO LARGO DO RATO) – LISBOA
Base de investigação:
Levantamento efetuado do edifício na Rua Dom Dinis, nº 14 (perto do Largo do Rato) na
Alta de Lisboa.
Marco Roquete Ramos,
Arqtº, M.Sc.
Lisboa, abr-17
2. PUBLICAÇÃO II
Artigo de Opinião – Revista Anteprojectos – abr-17
Marco Roquete Ramos abr-17
Patologias de paramentos de um edificio da Alta de Lisboa-Ramos, Marco-2017 – 1 –
Os projectos de arquitetura de recuperação ou reabilitação de edifícios antigos suscitam
sempre dúvidas sobre os procedimentos a efetuar na intervenção, até porque significam intervir em
peças estruturais de madeira e carpintarias em estruturas planas e coberturas, bem como no aço
em estruturas metálicas. Aqui, abordam-se sucintamente algumas das patologias dos paramentos.
O nº 14 da R. D. Dinis, perto do Largo do Rato, um edifício do séc.XIX, foi alvo de beneficiação.
Após levantamento, sugeriram-se propostas de recuperação das suas patologias, recorrentes neste
tipo de edifícios, assim como medidas preventivas das mesmas.
Orientado NO – SE, foi construído em alvenaria de pedra partida argamassada nas suas
paredes exteriores de 0,50 m de espessura e paredes estruturais interiores e revestida a reboco
de argamassa de cimento e cal. As paredes divisórias são em tabique e a estrutura dos pisos e
cobertura é em vigamento de madeira.
A fachada de rua apresenta 8 janelas de peito semelhantes, em métrica e linguagem, que
remete ao estilo “pombalino” final com ombreiras de pedra bujardada a guarnecer todo o seu
perímetro de retângulos áureos, despojadas de motivos decorativos. Pintada em tinta-de-água na
cor ocre-açafrão, encimada por platibanda com friso saliente. As janelas em madeira tal como a
porta, encimada por bandeira, também com guarnição da ombreira em arco abatido de pedra.
Observam-se fissuras, devidas aos deslocamentos horizontais. No arco da porta de entrada
por provável deslocamento do pilar e numa parede divisória do escritório do piso 1 com fissura
vertical na parede e quebra de ladrilho com eflorescências e alteração cor da tinta do estuque, por
ação de humidades entranhadas no reboco interior da empena e presença de fungos. Tal como
ocorrem na empena confinante com a edificação vizinha, fissuras horizontais e verticais são
acompanhadas por eflorescências várias.
O tratamento deste tipo de fissuras pode ser feito com resina epóxi, aplicada por injeção, após
conveniente raspagem e escovagem e posterior eliminação das deficiências de estanquicidade das
paredes através da aplicação de novos revestimentos de paredes sendo aconselhável a adição dum
hidrófugo nas paredes exteriores.
Na parede do paramento exterior manchas e a pintura descascada resultam da perda de
aderência. As manchas devem-se a humidades provenientes, provavelmente, de escorrências
frequentes de água na fachada com a orientação da parede a NO a ser relevante pela sujeição a
condições atmosféricas de precipitação e humidade relativa elevadas, onde a pouca insolação não
permite a suficiente troca de humidade que a parede grossa normalmente possibilita, pois permite
que, segundo as estações do ano, hajam períodos de humedecimento e secagem. Podem também
provir da proximidade do embasamento e, portanto, das fundações do edifício e surgir na parede
por higroscopicidade e capilaridade.
As humidades podem ser de proveniências variadas e muitas vezes simultâneas de diversos
tipos: de precipitação, ascensionais por higroscopia, de condensação, humidades veículo ou até
catalisadoras pela deterioração dos materiais ou colonização biológica.
3. PUBLICAÇÃO II
Artigo de Opinião – Revista Anteprojectos – abr-17
Marco Roquete Ramos abr-17
Patologias de paramentos de um edificio da Alta de Lisboa-Ramos, Marco-2017 – 2 –
A pintura descascada ocorre pela perda de aderência devido a essa presença destas humidade
e estas, por sua vez, manifestam-se no interior sobretudo através de bolores, fungos e a conhecida
“salitre”. Estas perdas de aderência podem também deverem-se a dilatações e contrações térmicas,
movimentos do suporte da tinta ou elevada impermeabilidade à água do mesmo, erros de execução
do revestimento ou a sua insuficiente permeabilidade ao vapor de água.
Após a reparação dos paramentos com fissuras, podem-se reduzir as condensações
superficiais, interiores e internas por via do melhoramento da ventilação. Aquando da renovação
dos revestimentos de paredes, convém aplicar de um hidrófugo nas paredes exteriores e em caso
de colonização biológica, aplicar também solução fungicida.
Para os pisos térreos e abaixo no nível do solo existe um processo chamado de sistema por
electro – osmose, que consiste em inserir elétrodos na alvenaria, conseguindo inverter a polaridade
solo/parede. Seguida da aplicação de uma argamassa microporosa que vai acelerar o processo de
secagem, a parede permanece seca e sem rasto de humidade, não sendo necessária qualquer
manutenção.
Nas eflorescências devidas a humidades entranhadas no reboco interior da empena e
acentuada pela ação de fungos, recomenda-se a raspagem das eflorescências, após limpeza
cuidada e tratamento com fungicida de eliminação e prevenção. Aplicação de primário e filme de
impermeabilização elástico.
Após o tratamento da humidade existente na parede, raspar a região, lixar para nivelar a mesma
e seguidamente limpar. Aplicar a tinta conveniente.
No alçado principal, a exposição à humidade exterior favorece o aparecimento de manchas nas
molduras de pedra das janelas, sobretudo nas vergas e ombreiras. As guarnições das portas
apresentam, além das manchas, vegetação parasitária por ação de organismos vegetais, que se
alojam nas mesmas e nas suas juntas, à medida que se vão deteriorando, por ação da humidade
ascendente capilar, higroscópica e pluviométrica, mas também pela humidade atmosférica, com a
acidez própria de ambientes citadinos poluídos. Os calcários na presença do CO2 (Dióxido de
Carbono) e SO2 (Dióxido de Enxofre) da humidade atmosférica que, catalisados pelo CO (Monóxido
de Carbono) e NO (Monóxido de Nitrogénio), acidificam essas mesmas humidades e chuvas.
É necessária a limpeza do local e reparação dos danos, com escova sobre as zonas mais
escurecidas de uma solução de água e lixívia a 10%, atuando por 30 minutos. Enxaguamento
abundantemente, posterior aplicação com broxa de primário fungicida e limpeza final com jato de
água à pressão, até eliminar os fungos, as algas e o bolor da superfície suporte, começando pelas
zonas mais altas, aplicando o tratamento em faixas horizontais completas. Posterior aplicação
preventiva de uma impregnação hidrofóbica.