O documento discute os impactos da pandemia de Covid-19 no mercado de algodão no Brasil e no exterior. A queda nos preços do petróleo reduziu o custo das fibras sintéticas, pressionando os preços do algodão para o menor nível em 10 anos. A desaceleração econômica global reduziu a demanda por têxteis. No Brasil, a maioria das indústrias têxteis parou e os preços do algodão caíram, desincentivando possíveis plantios futuros.
Impactos da Covid-19 no mercado de algodão brasileiro
1. Report Diário: impactos do Covid-19 no
agronegócio brasileiro
Algodão: como a pandemia afeta os mercados no
Brasil e no exterior?
Overview 28/04/2020
Consolidado: 19h15
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➢ O dólar à vista fechou em baixa de 2,55%, cotado a R$ 5,5151.
➢ Em 2020, o Real cai 37% ante o dólar, o que deixa a moeda brasileira com a maior
perda entre uma lista de 34 rivais do dólar.
➢ O desmonte de posições em dólar pode estar relacionado à percepção de que, com
a saída de Sergio Moro do governo, o presidente Jair Bolsonaro poderia se sentir
mais dependente do ministro da Economia, Paulo Guedes.
➢ Os dois formavam a dupla de “superministros”, vistos como importantes suportes
ao presidente junto à opinião pública e ao mercado financeiro.
➢ No entanto, a volatilidade no câmbio deverá persistir e não estão descartados
níveis mais elevados para o dólar nas próximas semanas.
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OVERVIEW 28/04/2020: INDICADORES
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➢ Ibovespa fechou em alta de 3,93%, para 81.312 pontos, com a segunda sessão de
retomada consecutiva nesta semana final do mês.
➢ Assim, faltando duas sessões para o fechamento de abril, o Ibovespa acumula
agora ganho de 11,36% no mês, dos quais 7,94% colhidos nesta semana.
➢ Uma combinação de fatores positivos contribuiu para que a melhora do humor
observada no dia anterior, com a permanência do ministro Paulo Guedes, se
estendesse à sessão desta terça-feira: a assimilação tranquila das indicações do
presidente Jair Bolsonaro para o Ministério da Justiça e a Polícia Federal, o que se
refletiu também em desinclinação da curva de juros em relação à sexta-feira
passada, quando foi consumada a saída de Sergio Moro do governo.
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OVERVIEW 28/04/2020: INDICADORES
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➢ Petróleo Brent para julho caiu 1,43%, para US$ 22,74 o barril.
➢ A queda muito forte na demanda continua a pressionar os contratos, com as
projeções de contração para a economia dos países do G-20.
➢ Voltou a predominar a avaliação de que a demanda pela commodity é muito
diminuta atualmente, diante da pandemia de coronavírus e das consequentes
restrições à atividade, e também de que os estoques podem ficar repletos,
sobretudo nos Estados Unidos, o que pioraria o quadro.
➢ O pacto de corte na produção do Organização dos Países Exportadores de Petróleo
e aliados (Opep+) ajudará o quadro, embora não deva haver alta significativa no
futuro próximo, justamente pela questão dos estoques.
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OVERVIEW 28/04/2020: INDICADORES
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➔ A forte queda dos preços do petróleo derrubou as cotações externas do algodão para o
menor nível dos últimos 10 anos.
➔ A baixa do petróleo barateia o custo das fibras sintéticas que concorrem com o algodão.
➔ A safra atual está com a comercialização bastante avançada, o que impede que ocorra
uma queda da renda do cotonicultor em 2020.
➔ As exportações brasileiras atingiram 140,7 mil toneladas em março/2020, aumento de
35,1% em relação às 104,3 mil toneladas embarcadas no mesmo mês de 2019.
➔ Os números refletem uma safra maior de algodão do Brasil, que permitiu um crescimento
das vendas externas, e a disputa comercial entre Estados Unidos e China, que direcionou
o interesse chinês para a fibra brasileira.
ALGODÃO: IMPACTOS DA COVID-19 NO BRASIL E EXTERIOR
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➔ Em anos recentes, o consumo de fibras em nível mundial implicou em redução da
participação (market share) do algodão e em aumento da participação de fibras
artificiais e sintéticas (químicas), com destaque para o poliéster.
➔ Enquanto em 2011, 33% das fibras utilizadas no mundo eram de algodão, em 2019, esse
volume caiu para 25%.
➔ Segundo dados da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento
Econômico), em 2011, o consumo per capita de algodão era de 3,38 Kg e o de outras
fibras, de 7,40 Kg.
➔ Em 2018, o consumo mundial de algodão por habitante era de 3,41 Kg, enquanto o de
outras fibras cresceu para 9,25 Kg.
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➔ As fibras de poliéster têm como base o petróleo: assim, quanto mais baixo o preço do
petróleo, menor o custo dessas fibras, que se tornam mais competitivas no setor têxtil.
➔ Considerando-se as cotações do petróleo tipo Brent negociado na ICE Futures Europe
(Londres), o ano se iniciou com valores na casa de US$ 66,00/barril, caindo para abaixo
de US$ 23,00/barril no final de março.
➔ Na China, a fibra de poliéster passou a valer menos de 40 centavos de dólar por libra-
peso, contra 60 centavos de dólar por libra-peso há um ano.
➔ As cotações do algodão seguiram essa tendência, com o índice Cotlook A caindo para 60
centavos de dólar por libra-peso, contra 87 centavos de dólar em abril/2019.
➔ As perdas em ambos casos ficaram em torno de 25% nos últimos 12 meses e os preços
do algodão voltaram para os menores patamares desde o segundo trimestre de 2009.
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➔ Nos últimos 30 dias, o Indicador do algodão em pluma CEPEA/ESALQ, com pagamento
em 8 dias, acumula uma baixa de 7,2%, cotado a R$ 2,73 por libra-peso, com a alta do
dólar sendo insuficiente para compensar a forte baixa das cotações internacionais.
➔ A pandemia de Covid-19 provocou forte queda dos preços do petróleo – o que barateia o
custo das fibras sintéticas –, o que acabou derrubando as cotações globais do algodão
para o menor nível em 10 anos.
➔ Os preços do algodão deverão seguir pressionados pela demanda global de têxteis
enfraquecida e pelo patamar mais baixo dos preços do petróleo.
➔ No acumulado de 2020, entre janeiro e abril, o Índice Cotlook A, referente à pluma posta
no Extremo Oriente, acumula forte baixa de 16,9%, recuando 25,8% nos últimos 12 meses.
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➔ O mercado de algodão em pluma segue com baixa liquidez no Brasil, com vendedores
mais ativos e flexíveis nos preços pedidos no spot, especialmente para a pluma de baixa
qualidade, já os que ainda detêm pluma de qualidade superior continuam firmes.
➔ A demanda, por sua vez, está bastante restrita, pois apenas uma parcela das indústrias
está ativa, sendo que muitas utilizam apenas parte da capacidade de produção e dão
preferência para a matéria-prima em estoque.
➔ As indústrias que produzem itens hospitalares representam uma pequena porção de
toda a cadeia têxtil.
➔ Alguns carregamentos de contratos a termo foram liberados, mas ainda envolvendo
pequenos volumes.
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➔ Quanto às próximas temporadas, negócios já foram realizados anteriormente a preços
superiores aos praticados atualmente e os vendedores esperam que os compradores
honrem esses contratos.
➔ Há grande incerteza quanto aos impactos mundiais da pandemia sobre o setor têxtil.
➔ Mesmo com os preços internacionais enfraquecidos, o alto patamar do dólar frente ao
Real e a necessidade de escoar parte da produção nacional fizeram com que novos
fechamentos para exportação voltassem a ocorrer nos últimos dias.
➔ Para as duas próximas safras (2019/2020 e 2020/2021), a maioria dos contratos está
sendo fechada com base nos contratos da Bolsa de Nova York, a serem fixados
posteriormente, na expectativa de recuperação dos valores.
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➔ Outros agentes realizam fechamentos a preços fixos, em moeda nacional ou em dólar.
➔ A paridade de exportação FAS Porto de Paranaguá (PR) é de R$ 2,88 por libra-peso, com
base no Índice Cotlook A, referente à pluma posta no Extremo Oriente.
➔ Boa parte das indústrias deu férias coletivas ou licenças e as que estão em operação
evitam comprar mais algodão, porque não dão vazão aos estoques de fios e tecidos.
➔ O fechamento do comércio continua afetando toda a cadeia de têxteis.
➔ As fábricas de São Paulo e Paraná estão paradas e começa a haver algum movimento de
reabertura em Santa Catarina.
➔ Em São Paulo, isso só deve ocorrer depois do dia 10 de maio.
➔ Até lá, está difícil fixar preços, porque quase não há demanda pela fibra.
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➔ As negociações de algodão estão lentas há 40 dias, com o fechamento de fábricas.
➔ O fechamento do comércio levou a uma elevação dos estoques ao longo da cadeia.
➔ No caso das fábricas de fios e tecidos, não é possível desovar as mercadorias
produzidas a partir do algodão e outras fibras.
➔ Faz mais de 30 dias que não se tem nem consulta de produtores.
➔ As fábricas informam que têm produto estocado e não conseguem vender, porque os
compradores estão afastados do mercado.
➔ Com as indústrias com altos estoques, não faz sentido adquirir novos lotes de algodão.
➔ As fiações estão conseguindo entregar pouco do fio.
➔ As lojas não estão trabalhando e as tinturarias também estão paradas.
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➔ Menos de 30% das indústrias estão vendendo neste momento e a expectativa agora é
pela retomada das atividades fabris.
➔ O problema é que, quando ocorre uma parada deste tipo, não há recuperação do que não
foi consumido e, além disso, as negociações devem retomar em ritmo lento.
➔ Apenas uma parcela das indústrias está ativa, sendo que muitas utilizam apenas parte
da capacidade de produção e dão preferência para a matéria-prima em estoque.
➔ Além da incerteza sobre a economia doméstica e mundial e o consumo de algodão, o
recuo acentuado dos futuros e a forte alta do dólar reforçam o cenário de cautela.
➔ A safra que está no campo tem boas condições e a colheita começa na segunda
quinzena de junho, com a produção entrando no mercado a partir do início de julho.
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➔ Diante das medidas adotadas para conter o avanço da pandemia de coronavírus no
Brasil, dentre elas o fechamento de centros comerciais, lojas e shoppings, não há
liquidez no mercado de fios neste mês de abril.
➔ Boa parte dos pedidos realizados anteriormente, com entregas programadas para este
mês, foi adiada e/ou cancelada.
➔ 76% da safra brasileira 2019/2020 já foi comercializada até o dia 24 de abril.
➔ Deste total, 24,9% foram direcionados ao mercado interno, 59,0%, ao mercado externo e
16,1%, para contratos flex (exportação com opção para mercado interno).
➔ A persistência da baixa de preços no mercado interno deverá desincentivar o plantio da
pluma na próxima temporada 2020/2021.
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ÍNDICE
ABRIL 2020
ÍNDIA;
6,423; 24%
CHINA;
5,933; 22%
EUA;
4,311; 16%
BRASIL;
2,836; 11%
PAQUISTÃO;
1,437; 6%
UZBEQUISTÃO;
0,762; 3%
TURQUIA;
0,740; 3%
DEMAIS;
4,057; 15%
ALGODÃO EM PLUMA: DISTRIBUIÇÃO DA PRODUÇÃO POR PAÍSES NA SAFRA
2019/2020 - MILHÕES DE TONELADAS E %
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ÍNDICE
ABRIL 2020
EUA;
3,592; 38%
BRASIL;
2,200; 23%
ÍNDIA;
0,784; 8%
GRÉCIA;
0,327; 4%
BENIN;
0,305; 3%
AUSTRÁLIA;
0,283; 3%
MALI;
0,283; 3%
DEMAIS;
1,719; 18%
ALGODÃO EM PLUMA: DISTRIBUIÇÃO DAS EXPORTAÇÕES MUNDIAIS POR
PAÍSES NA SAFRA 2019/2020 (%)
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Fontes de Consultas
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Agências: Broadcast Agro, Reuters, Agência Brasil, Valor Econômico e Bloomberg
Cepea – Centro de Pesquisas Econômicas da Esalq/USP
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
CNA – Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária
ANEC – Associação Nacional dos Exportadores de Cereais
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
USDA – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
OMS – Organização Mundial da Saúde
ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
Elaboração: COGO INTELIGÊNCIA EM AGRONEGÓCIO