Bases para uma a Estratégia de Longo Prazo do Brasil para a China
Impactos da pandemia no agronegócio brasileiro: sucroalcooleiro
1. Report Diário: impactos do Covid-19 no
agronegócio brasileiro
Sucroalcooleiro: como a pandemia afeta os
mercados de etanol e açúcar?
Overview 23/04/2020
Consolidado: 18h45
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➢ O dólar à vista fechou a segunda-feira em alta de 2,22%, cotado a R$ 5,5287.
➢ O câmbio teve uma quinta-feira movimentada, com o dólar renovando sucessivas
máximas, levando o Banco Central a fazer duas intervenções não previstas,
ofertando ao todo US$ 1 bilhão em swap, tendo atingido R$ 5,56 na máxima do dia.
➢ Mesmo assim, o dólar fechou em novo nível recorde, influenciado por fatores
externos, por conta do dia de fortalecimento generalizado da moeda americana no
exterior, e também locais, principalmente o temor de piora fiscal do Brasil e os
rumores de saída do ministro da Justiça, Sergio Moro.
➢ O dólar acumula valorização de 38% em 2020 e o Real foi uma das moedas que
mais se depreciou ante a divisa, considerando uma cesta de 34 moedas.
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OVERVIEW 23/04/2020: INDICADORES
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➢ Ibovespa fechou em baixa de 1,26%, alcançando 79.673 pontos.
➢ O Ibovespa perdia fôlego desde o começo da tarde, em linha com Nova York e em
meio à escalada do dólar à vista, mas o movimento nas ações se acentuou
notavelmente à tarde, com a notícia de que o presidente Bolsonaro comunicou ao
ministro da Justiça, Sergio Moro, a decisão de substituir o diretor-geral da Polícia
Federal, Maurício Valeixo, homem de confiança do ministro e com o qual atuou
durante a Operação Lava-Jato: ao ser comunicado, Moro teria dito não estar de
acordo com a decisão e que reavaliaria sua permanência no governo.
➢ A eventual saída do Moro significaria isolamento maior do Bolsonaro, a perda de
uma figura muito popular.
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OVERVIEW 23/04/2020: INDICADORES
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➢ Petróleo Brent teve alta de 4,71%, para US$ 21,33 o barril.
➢ Os contratos futuros de petróleo registraram ganhos consideráveis, em uma
semana de movimentos acentuados para eles.
➢ Continuou a haver recuperação da commodity, após fortes quedas recentes, e o
risco geopolítico também esteve no radar.
➢ Após quedas históricas no início da semana, o petróleo subiu nas duas últimas
sessões, incluindo a desta quinta-feira (23/04).
➢ Ajudou na alta dos preços a notícia de que o líder da Guarda Revolucionária do Irã,
Hossein Salami, havia autorizado um eventual ataque a navios americanos, em
resposta a declarações do presidente Trump, que havia ameaçado Teerã.
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OVERVIEW 23/04/2020: INDICADORES
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➢ Durante o pregão, o contrato do WTI chegou a avançar quase 30%, com as tensões
bilaterais EUA-Irã.
➢ Além disso, diante do relaxamento esperado nas medidas de quarentena e
distanciamento físico, a demanda deve se recuperar, o que torna improvável que o
contrato WTI de junho fique negativo quando estiver perto de vencer, como ocorreu
no início da semana com o de maio.
➢ A tensão geopolítica de fato apoiou os contratos nos últimos dois dias, mas o
elemento que neste momento está orientando os preços é a demanda, ou a falta
dela, diante da pandemia de coronavírus.
➢ Não se deve esperar grande impulso dos preços em um futuro próximo.
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OVERVIEW 23/04/2020: INDICADORES
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CANA: CENÁRIO NEGATIVO
➔ Queda dos preços do petróleo afeta negativamente segmentos de etanol e açúcar.
➔ O açúcar é afetado pela queda do petróleo, pois reduz a competitividade do etanol de
cana no Brasil e as usinas tendem a alterar o mix de produção a favor do açúcar, o que
eleva a oferta global do produto e pressiona as cotações globais.
➔ Aumento da oferta de açúcar tem forte efeito baixista sobre os preços internacionais.
➔ No acumulado do 1º trimestre de 2020, o volume de açúcar exportado pelo Brasil atinge
4,364 milhões de toneladas, alta de 32% ante o período de janeiro a março de 2019.
➔ O Índice de Preços da FAO para o açúcar registrou a maior queda em março (-19,1%).
➔ RenovaBio: meta nacional de emissão dos Créditos de Descarbonização (CBios) do
programa vai ser ajustada para baixo em razão da crise provocada pela pandemia.
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CANA: CENÁRIO NEGATIVO
➔ A gasolina no mercado internacional está no menor valor da história.
➔ O biocombustível sofre forte pressão baixista com a série de cortes de preços feitas pela
Petrobras nas refinarias, somando 48,1%.
➔ Apesar de preços mais baixos, as vendas estão em forte queda, com a fraca demanda.
➔ Além disso, a ANP autorizou as distribuidoras de combustíveis a reduzirem aquisições
de anidro, sem risco de punição, diante da queda de demanda por gasolina no Brasil.
➔ Nos últimos 30 dias, o preço do etanol hidratado FOB usina em São Paulo acumula uma
forte baixa de 31,9%, cotado a R$ 1,45/litro, enquanto o anidro, na mesma base de
comparação, acumula uma retração de 28,3%, cotado a R$ 1,63/litro.
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CANA: CENÁRIO NEGATIVO
➔ A pandemia e a forte queda dos preços do petróleo nas bolsas internacionais,
configuram o pior cenário possível para o início da safra de cana-de-açúcar 2020/2021.
➔ A perspectiva é de maior oferta de cana, já que as condições climáticas até o momento
foram favoráveis à safra 2020/2021.
➔ As maiores preocupações do setor no momento são quanto à redução nas vendas e à
queda dos preços do etanol, que estão abaixo dos custos de produção.
➔ Embora algumas usinas consigam maximizar a produção de açúcar voltada para o
mercado externo em detrimento do etanol, 20% da oferta de etanol é produzida por
usinas que não comercializam açúcar e que possuem dificuldades logísticas para
exportação, caso de Estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás.
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CANA: CENÁRIO NEGATIVO
➔ A reversão do mix sucroalcooleiro pelas usinas que têm capacidade de migrar a
produção é limitada: na safra passada, 35% da cana foi destinada à produção de açúcar,
enquanto 65% foi para o etanol, mas, neste ano safra, haverá uma mudança.
➔ A perspectiva para a safra atual é de 40% para açúcar e 60% para etanol, com o mix
podendo chegar, no máximo, a 45% de açúcar e 55% de etanol no mix.
➔ O setor sucroenergético pleiteia junto ao governo formas de financiamento que possam
garantir o funcionamento das usinas: uma das opções abrange a questão tributária, com
desoneração do Pis/Cofins sobre o etanol hidratado e elevação da carga tributária da
gasolina (CIDE), para aumentar a competitividade do biocombustível, o que, no primeiro
momento, não mudaria os preços para o consumidor.
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CANA: SITUAÇÃO DAS USINAS
➔ A forte baixa do açúcar no mercado futuro, puxada pela queda do petróleo, aliada à
valorização do dólar em relação ao Real é preocupante, sobretudo para as usinas que
têm dívidas em dólar.
➔ As empresas terão de entregar mais açúcar para pagar seus débitos e a estimativa é de
que 30% das dívidas das usinas são em dólares atualmente.
➔ Entretanto, para as usinas que não têm dívidas em dólar, a rentabilidade deverá ser
positiva, já que o custo de produção atual do açúcar está estimado em R$
1.200/tonelada e, considerando a cotação atual do dólar, a usina receberia R$
1.350/tonelada de açúcar.
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CANA: SITUAÇÃO DAS USINAS
➔ A queda do petróleo também vai derrubar os preços do etanol e essa situação é mais
grave para as usinas: o recuo da gasolina nos postos gerará pressão sobre a paridade do
etanol em relação ao combustível fóssil.
➔ As fortes quedas nos preços globais do petróleo afetarão negativamente as margens e
fluxos de caixa das usinas no Brasil, pois a competitividade do etanol diminuirá, fazendo
com que o setor sucroalcooleiro altere o mix de produção em favor do adoçante.
➔ Isso pode levar a excesso de oferta, reduzindo os preços internacionais do açúcar e,
como maior exportador do mundo, o Brasil tem a capacidade de elevar a oferta global
rapidamente, deprimindo os preços mundiais.
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CANA: SITUAÇÃO DAS USINAS
➔ As usinas de açúcar e etanol estão reduzindo as operações de colheita e buscando
linhas de crédito para resistir à queda na demanda de combustível.
➔ No Brasil, onde a maioria dos carros pode rodar com gasolina ou etanol, o setor foi
atingido fortemente pela queda na demanda de combustíveis, especialmente de etanol.
➔ O País é o 2º produtor mundial de etanol atrás dos Estados Unidos.
➔ As vendas de etanol na Região Centro-Sul do Brasil caíram 20% em março.
➔ Algumas empresas decidiram atrasar as operações de colheita e outras estão correndo
para expandir a capacidade de armazenamento de etanol, à medida que buscam linhas
de crédito adicionais e mais caras e reduzem alguns cuidados com o canavial, o que
pode prejudicar a produção de cana-de-açúcar do próximo ano.
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CANA: SITUAÇÃO DAS USINAS
➔ As usinas do Brasil fixaram, até 31 de março, preços para vendas de 17 milhões de
toneladas de açúcar com base em contratos futuros negociados na ICE em Nova York,
um grande avanço em relação a igual período do ano passado.
➔ No mesmo período de 2019, as usinas brasileiras haviam feito hedge para vendas de
apenas 11 milhões de toneladas de açúcar.
➔ Grande parte dessa fixação de preços foi realizada no início deste ano, quando as
cotações do açúcar figuravam acima de 15 centavos de dólar por libra-peso, diante de
expectativas de um déficit global.
➔ Recentemente, os preços do açúcar acompanharam outros mercados e caíram para o
patamar próximo dos 10 centavos de libra-peso, pressionado pela pandemia de Covid-19.
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CANA: SITUAÇÃO DAS USINAS
➔ A estimativa é de que até 30% das empresas brasileiras de açúcar e etanol estão com
dificuldades financeiras e podem ter que parar as operações.
➔ Todos os anos, essas usinas com condições de capital mais difíceis produzem mais
etanol no início da colheita, para vender o combustível e levantar dinheiro para pagar os
custos da colheita: a queda na demanda por etanol dificultaria esse modelo de negócio.
➔ A fraca demanda por combustíveis e os baixos preços de etanol no Brasil devem ter
impacto administrável sobre as maiores companhias brasileiras do setor.
➔ Esse impacto será atenuado pela flexibilidade financeira acima da média das empresas e
pelos modelos de negócios mais fortes em algumas companhias do setor.
➔ Para empresas mais focadas em etanol, a queima de caixa será alta.
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CANA: SITUAÇÃO DAS USINAS
➔ As empresas cobertas estão particularmente bem posicionados para enfrentar as
pressões de curto prazo decorrentes da fraca demanda e dos baixos preços do etanol.
➔ Companhias como Usina Santo Angelo e Jalles Machado têm fortes modelos de
negócios caracterizados por indicadores operacionais robustos, maior flexibilidade de
produto e fizeram hedge da produção de açúcar esperada para a safra que termina em
março de 2021 em níveis atraentes.
➔ Players maiores, como Raizen e Biosev, também se beneficiam da flexibilidade para
maximizar a produção de açúcar e de estratégias muito eficientes de hedge de preço.
➔ Mesmo que haja retomada nos preços e na demanda por etanol, é muito pouco provável
que esse mix seja alterado novamente para favorecer a produção do biocombustível.
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CANA: RENOVABIO
➔ O RenovaBio, programa do governo de incentivo à produção de biocombustíveis, seria
uma oportunidade para equalizar os preços de combustíveis renováveis e, também, de
óleo e gás, especialmente nesse momento de crise, segundo o Departamento de
Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia.
➔ Está sendo montada uma estrutura contábil que viabilize a compensação de preços, o
que pode favorecer o equilíbrio do mercado no futuro.
➔ A ideia é que, se o preço do petróleo cair muito, por exemplo, o preço do CBio seja mais
alto e o movimento contrário também.
➔ O modelo de comercialização dos créditos de descarbonização (CBios) deverá funcionar
bem para o setor de energia, pois configura um mercado de venda de externalidades.
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CANA: RENOVABIO
➔ A crise sanitária ocasionada pela Covid-19 chama atenção para a necessidade de
aumentar o uso de energia renovável, o que pode possibilitar uma maior procura pelos
CBios no momento pós-crise.
➔ No curto prazo, os efeitos da pandemia sobre o programa foram apenas a revisão na
meta de emissão total dos créditos em 2020, que ainda não foi redefinida.
➔ Por causa do choque de demanda, não há venda de combustível suficiente para atender
o objetivo inicial do RenovaBio: por isso, a disponibilidade de CBios não vai ser a mesma
neste ano e a meta será adequada.
➔ Em relação à tributação, o governo está elaborando um plano para reduzir as taxas sobre
as transações.
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CANA: RENOVABIO
➔ O presidente Bolsonaro vetou, dia 07/04, o artigo da MP do Agro que definia uma
alíquota fixa de 15% de imposto de renda sobre a receita dos CBios.
➔ Com o veto, o que entra em vigor é uma taxa que inclui a Contribuição Social sobre o
Lucro Líquido (CSLL), chegando a 34%.
➔ O veto tem uma justificativa de risco fiscal, mas é preciso encontrar uma forma de
diminuir os custos sobre a comercialização.
➔ Até o momento, mais de 1,3 bilhão de CBios já foram emitidos.
➔ Em processo de certificação há 240 empresas, das quais 130 já foram certificadas pela
Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
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CANA: RENOVABIO
➔ A comercialização dos créditos (Cbios), que será feita pela B3, vai se iniciar na próxima
segunda-feira (27/04).
➔ As usinas de etanol podem emitir um CBio a cada tonelada de carbono evitada com a
produção de biocombustível: na outra ponta, as distribuidoras de combustível fóssil
compram os CBios como forma de compensar a quantidade de carbono emitida no ano.
➔ A meta nacional de emissão dos Créditos de Descarbonização (CBios) vai ser ajustada
para baixo em razão da crise no setor provocada pela pandemia de coronavírus.
➔ O percentual de queda para a nova meta, porém, ainda está sendo calculado.
➔ A meta atual, de 28,7 milhões de CBios, seria facilmente atingida neste ano em
condições normais de mercado.
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Fontes de Consultas
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Agências: Broadcast Agro, Reuters, Agência Brasil, Valor Econômico e Bloomberg
Cepea – Centro de Pesquisas Econômicas da Esalq/USP
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
CNA – Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária
ANEC – Associação Nacional dos Exportadores de Cereais
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
USDA – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
OMS – Organização Mundial da Saúde
ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
Elaboração: COGO INTELIGÊNCIA EM AGRONEGÓCIO