O documento discute os impactos da pandemia de Covid-19 nos preços do trigo no mercado global e brasileiro. Em três frases: O dólar em alta e a queda na oferta argentina encareceram as importações de trigo para o Brasil, fazendo os preços internos subirem até 30%. A indústria de derivados planeja reajustes nos preços para repassar os custos maiores. A demanda por produtos à base de trigo tem crescido com mais pessoas em casa durante a pandemia.
Bases para uma a Estratégia de Longo Prazo do Brasil para a China
Impactos da Covid-19 no agronegócio e preços do trigo
1. Report Diário: impactos do Covid-19 no
agronegócio brasileiro
Trigo e Derivados: como a pandemia afeta os
preços no mercado global e no Brasil?
Overview 20/04/2020
Consolidado: 19h15
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➢ O dólar à vista fechou a segunda-feira em alta de 1,35%, cotado a R$ 5,3078.
➢ Em um dia de desvalorização de moedas emergentes e ligadas ao petróleo, que
teve um dia queda forte, a moeda spot chegou a ser vendida por R$ 5,32.
➢ O comportamento da moeda teve alguns drivers importantes e um deles veio do
próprio Banco Central: as palestras online fechadas à imprensa do presidente do
BC, Roberto Campos, e também do diretor de Política Monetária da autoridade
monetária, Fabio Kanckzuk, foram consideradas “dovish”.
➢ A postura reduziria ainda mais o diferencial de juros do Brasil com o mundo, o que
provocaria um fluxo cambial ainda mais desfavorável para o Real.
➢ O BC sinaliza que há espaços para novos cortes na taxa básica de juros.
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OVERVIEW 20/04/2020: INDICADORES
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➢ Ibovespa fechou praticamente estável (-0,02%), em 78.990 pontos.
➢ O Ibovespa mostrou resiliência em sessão de vencimento de opções sobre ações.
➢ Em abril, o índice acumula ganho de 8,15%, mas ainda cede 31,71% no ano.
➢ Apesar de todo estresse na esfera política e a derrocada do petróleo, o Ibovespa
recuou muito menos do que o mercado internacional, em vista da forte queda dos
juros futuros, movimento que favoreceu em especial o setor de consumo e varejo.
➢ O mercado ficou atento ao “tom muito dovish” do presidente do Banco Central,
Roberto Campos Neto, em teleconferência pela manhã, na qual reforçou o
compromisso da autoridade monetária em oferecer fluxo de crédito, que é a
principal preocupação do mercado neste momento.
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OVERVIEW 20/04/2020: INDICADORES
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➢ Petróleo Brent teve forte baixa de 8,94%, para US$ 25,57 o barril.
➢ Os mercados internacionais têm operado em meio a um descompasso entre oferta
e demanda de petróleo, já que os cortes de produção anunciados pela Organização
dos Países Exportadores de Petróleo e aliados (Opep+), cada vez mais, parecem
insuficientes para compensar a queda na demanda, decorrência direta da retração
da atividade global por conta do novo coronavírus.
➢ As pressões do descompasso entre oferta e demanda sobre os contratos, diante da
retração da atividade global em meio à pandemia da Covid-19, foram acentuadas
em razão do vencimento, em 21/04, do contrato do petróleo WTI para maio,
negociado abaixo de US$ 0 pela 1ª vez na história.
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PETRÓLEO: COTAÇÃO ABAIXO DE ZERO
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➢ O contrato futuro do petróleo WTI foi negociado abaixo de US$ 0 pela 1ª vez na
história, com o vencimento do contrato maio, que acontece na terça-feira (21/04).
➢ A liquidação em massa ocorre para evitar entrega física do barril da commodity, em
um contexto em que não há espaço para armazenamento.
➢ Isso significa que os fornecedores estão sendo pagos para ficar com o produto.
➢ Dessa forma, o petróleo está agora em “contango”, ou seja, os contratos de
petróleo para entrega futura são mais caros do que os preços à vista.
➢ A negociação no campo negativo, contudo, é restrita ao contrato maio, e, ainda que
colabore para perdas em outros contratos, não se reflete em cotações abaixo de
US$ 0 nos contratos mais líquidos.
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PETRÓLEO: COTAÇÃO ABAIXO DE ZERO
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TRIGO: EFEITOS DA COVID-19 SOBRE PREÇOS EXTERNOS E INTERNOS
TRIGO: CENÁRIO POSITIVO
➔ O trigo, 2º cereal mais consumido globalmente, também registra desempenho similar ao
do arroz, por fazer parte da cesta básica de diversos países, especialmente na Europa,
que tem o maior consumo per capita do mundo.
➔ O Brasil tem histórica dependência de 50% do consumo interno oriundo de importações,
principalmente da Argentina, levando à disparada de preços com a combinação da
entressafra doméstica e da alta das cotações internacionais.
➔ Importações encarecidas pelo dólar em alta manterão preços em patamares elevados.
➔ Área deverá crescer na safra 2020 com os preços elevados ao longo de 2019 e 2020.
➔ Alternativa para regiões que decidiram não cultivar milho 2ª safra com risco climático.
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TRIGO: EFEITOS DA COVID-19 SOBRE PREÇOS EXTERNOS E INTERNOS
TRIGO: CENÁRIO POSITIVO
➔ A tendência é de sustentação do preço em patamares elevados, com a forte alta do dólar
e o aumento das cotações internacionais elevando os custos de importação em período
de entressafra no Brasil.
➔ No acumulado de 2020, os preços do trigo em grãos registram forte alta de 32,6% no
mercado interno, enquanto a alta das cotações globais foi de 22,4% no mesmo período.
➔ No mercado de derivados, as cotações das farinhas seguem em tendência de alta, com
aumento do custo da matéria prima (trigo em grãos) decorrente da alta do dólar, mesmo
com a demanda interna mais aquecida.
➔ A comercialização de trigo no mercado interno segue aquecida.
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MILHO; 1.135,5;
33%
TRIGO; 754,9;
22%
ARROZ; 499,3;
14%
SOJA; 350,1;
10%
CEVADA; 152,6;
4%
GIRASSOL; 68,1;
2%
SORGO;
58,7; 2%
DEMAIS; 444,8;
13%
GRÃOS: DISTRIBUIÇÃO DA DEMANDA GLOBAL EM 2019/2020 EM MILHÕES
DE TONELADAS E EM %
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TRIGO: EFEITOS DA COVID-19 SOBRE PREÇOS EXTERNOS E INTERNOS
TRIGO: CENÁRIO POSITIVO
➔ Com redução da oferta de grão argentino, os moinhos buscam outras fontes de
importação alternativas de matéria-prima a custos menores, a fim de sustentar a
demanda aquecida por farinhas e derivados.
➔ Os moinhos continuam ativos na busca por novos lotes para aquisição, enquanto os
produtores aproveitam para negociar a preços atraentes o baixo volume disponível da
última safra (2019).
➔ Os preços mais elevados ao longo de 2019 e também neste ano de 2020 deverão levar ao
aumento da área plantada no Brasil na próxima safra de inverno de 2020, o que poderá
estabilizar os preços no 2º semestre do ano.
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2,15 2,17 1,90
2,21
2,76
2,45
2,12 1,92 2,04 2,04 2,13
5,88
5,79
4,38
5,53
5,97
5,53
6,73
4,26
5,43 5,15
6,55
09/10
10/11
11/12
12/13
13/14
14/15
15/16
16/17
17/18
18/19
19/20
TRIGO: ÁREA E PRODUÇÃO NO BRASIL
ÁREA - MILHÕES HA PRODUÇÃO - MILHÕES T
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TRIGO: EFEITOS DA COVID-19 SOBRE PREÇOS EXTERNOS E INTERNOS
TRIGO: CENÁRIO POSITIVO
➔ Preços atingiram patamares recordes nominais nas regiões produtoras.
➔ No Paraná, lotes são negociados entre R$ 1.150/tonelada e R$ 1.170/tonelada FOB.
➔ No Rio Grande do Sul, na região da Serra Gaúcha, as cotações subiram de R$
1.000/tonelada FOB para R$ 1.100,00 por tonelada FOB.
➔ A demanda pelo cereal é impulsionada pelo aumento do consumo doméstico das
famílias, observado desde a adoção das medidas de isolamento social.
➔ Os moinhos relatam que os clientes estão absorvendo toda a produção.
➔ Eles buscam repassar parte do aumento dos custos, mas ainda negociam.
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TRIGO: EFEITOS DA COVID-19 SOBRE PREÇOS EXTERNOS E INTERNOS
TRIGO: CENÁRIO POSITIVO
➔ A tendência é de alta para o grão e derivados, com moinhos se antecipando ao consumo
em meio à pandemia e pelo maior consumo de produtos alimentícios à base de trigo.
➔ A indústria de pães, massas e biscoitos do Brasil prepara reajustes de 12% a 30% em seu
portfólio ao longo deste semestre, para repassar o aumento de custos com o trigo, ao
mesmo tempo em que vê o consumo de seus produtos crescendo com a Covid-19.
➔ A alta de preços poderá até gerar desaceleração na demanda, em um primeiro momento.
➔ O setor está sendo beneficiado pelo isolamento domiciliar, pois vende produtos que
oferecem facilidades aos consumidores, com a praticidade muitas vezes prevalecendo
sobre os custos na hora da decisão de compra.
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TRIGO: EFEITOS DA COVID-19 SOBRE PREÇOS EXTERNOS E INTERNOS
TRIGO: CENÁRIO POSITIVO
➔ Em março, a indústria de pães, massas e bolos industrializados registrou alta de 15% a
20% no volume comercializado em relação ao igual período do ano anterior, no momento
que parte da população temeu pela eventual escassez de produtos.
➔ Macarrão é um produto relativamente barato e que sai ganhando quando a população
passa a se alimentar dentro de casa.
➔ O pão de forma também tem a demanda mantida porque as pessoas reduzem o
deslocamento a padarias e não deve haver recuo de volume de vendas neste ano.
➔ Não há problemas no abastecimento destes produtos para o comércio varejista.
➔ A projeção para o segmento de pães é de aumento de 3% a 5% nas vendas em 2020.
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TRIGO: EFEITOS DA COVID-19 SOBRE PREÇOS EXTERNOS E INTERNOS
TRIGO: CENÁRIO POSITIVO
➔ No ano passado, estes segmentos, juntos, movimentaram R$ 36,7 bilhões, 3,5% acima
do valor alcançado no ano anterior, e 3,3 milhões de toneladas em volume de vendas,
mesmo resultado obtido em 2018, com base em dados da consultoria Nielsen.
➔ O aumento nas despesas com o trigo, matéria-prima da farinha usada nesses produtos
industrializados, ocorrerá na esteira da valorização do câmbio ante o Real, considerando
que o Brasil precisa importar o cereal para complementar a oferta local.
➔ Os reajustes de preços dos produtos do portfólio ocorrem todos os anos, durante a
entressafra do trigo, mas em 2020 serão mais intensos por causa do patamar histórico
do dólar, que registra ganhos de mais de 30% em 2020.
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TRIGO: EFEITOS DA COVID-19 SOBRE PREÇOS EXTERNOS E INTERNOS
TRIGO: CENÁRIO POSITIVO
➔ O repasse de custos para os derivados deve ser iniciado a partir deste mês de abril.
➔ Este aumento tende a ser gradual, pois não há espaço para elevar os preços de uma só
vez para o consumidor final.
➔ As indústrias estão com estoques de trigo e produto acabado para dois a três meses de
consumo, a depender do fabricante.
➔ Isso significa que os fabricantes precisarão do cereal importado até meados de
setembro, quando começa a colheita da safra nacional.
➔ Das 12 milhões de toneladas de trigo consumidas por ano no Brasil, metade vêm
principalmente da Argentina, este ano com 30% de aumento de preço, em média.
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TRIGO: EFEITOS DA COVID-19 SOBRE PREÇOS EXTERNOS E INTERNOS
TRIGO: CENÁRIO POSITIVO
➔ A farinha de trigo representa 70% do custo das massas, 60% nos pães e bolos e 30% nos
biscoitos: qualquer variação no preço do trigo tem impacto direto para os fabricantes.
➔ A indústria de biscoitos, que responde pela maior participação no faturamento do setor,
fechou o ano passado com receita de R$ 18,7 bilhões, aumento de 1,7% ante 2018, e
vendas de 1,47 milhão de toneladas, retração de 1,1% em volume.
➔ Em 2019, as indústrias de pães movimentaram R$ 7 bilhões, com aumento de 4,5% na
receita, resultante da venda de 537 mil toneladas de produtos, com alta de 3,4%.
➔ Já o mercado de bolos industrializados atingiu R$ 1,1 bilhão em faturamento, 1,5% a
mais se comparado com 2018.
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Fontes de Consultas
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Agências: Broadcast Agro, Reuters, Agência Brasil, Valor Econômico e Bloomberg
Cepea – Centro de Pesquisas Econômicas da Esalq/USP
MAPA – Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
CNA – Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária
ANEC – Associação Nacional dos Exportadores de Cereais
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
USDA – Departamento de Agricultura dos Estados Unidos
OMS – Organização Mundial da Saúde
ANP – Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
Elaboração: COGO INTELIGÊNCIA EM AGRONEGÓCIO