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MANUAL DO
PROFESSOR
em
Ciências
Humanas
Área de Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas
ENSINO MÉDIO
Cláudio Vicentino
Eduardo Campos
Eustáquio de Sene
MANUAL DO
PROFESSOR
em
Ciências
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MANUAL DO
PROFESSOR
Área de Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas
ENSINO MÉDIO
Cláudio Vicentino
Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP)
Professor de História no Ensino Médio e em cursos pré-vestibulares. Autor
de obras didáticas e paradidáticas para Ensino Fundamental e Ensino Médio
Eduardo Campos
Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP)
Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP)
CoordenadoreducacionalepedagógicodoEnsinoFundamental(anosfinais)
e do Ensino Médio. Professor na Educação Básica e no Ensino Superior
Eustáquio de Sene
Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP)
Mestre e doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP)
Professor de Geografia do Ensino Médio na rede pública e em escolas parti-
culares. Professor de Metodologia do Ensino de Geografia na Faculdade de
Educação da Universidade de São Paulo por 5 anos
1a
edição, São Paulo, 2020
em
Ci•ncias
Humanas
2
Presidência: Paulo Serino
Direção editorial: Lauri Cericato
Gestão de projeto editorial: Heloisa Pimentel
Gestão de área: Brunna Paulussi
Coordenação de área: Carlos Eduardo de Almeida Ogawa
Edição: Izabel Perez, Tami Buzaite e Wellington Santos
Planejamento e controle de produção: Vilma Rossi e Camila Cunha
Revisão: Rosângela Muricy (coord.), Alexandra Costa da Fonseca,
Ana Paula C. Malfa, Ana Maria Herrera, Carlos Eduardo Sigrist,
Flavia S. Vênezio, Heloísa Schiavo, Hires Heglan, Kátia S. Lopes Godoi,
Luciana B. Azevedo, Luís M. Boa Nova, Luiz Gustavo Bazana,
Patricia Cordeiro, Patrícia Travanca, Paula T. de Jesus,
Sandra Fernandez e Sueli Bossi
Arte: Claudio Faustino (ger.), Erika Tiemi Yamauchi (coord.),
Keila Grandis (edição de arte), Arte Ação (diagramação)
Iconografia e tratamento de imagens: Roberto Silva (coord.),
campos de iconografia (pesquisa iconográfica), Cesar Wolf (tratamento de imagens)
Licenciamento de conteúdos de terceiros: Fernanda Carvalho (coord.),
Erika Ramires e Márcio Henrique (analistas adm.)
Ilustrações: Fórmula Produções, Douglas Galindo e Rodval Matias
Cartografia: Mouses Sagiorato e Ericson Guilherme Luciano
Design: Luis Vassallo (proj. gráfico, capa e Manual do Professor)
Foto de capa: Sigrid Olsson/PhotoAlto/Getty Images
Todos os direitos reservados por Editora Ática S.A.
Avenida Paulista, 901, 4o
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Jardins – São Paulo – SP – CEP 01310-200
Tel.: 4003-3061
www.edocente.com.br
atendimento@aticascipione.com.br
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Angélica Ilacqua - CRB-8/7057
2020
Código da obra CL 720006
CAE 729787 (AL) / 729788 (PR)
1a
edição
1a
impressão
De acordo com a BNCC.
Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens
presentes nesta obra didática. Colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões
de créditos e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que,
eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão,
são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo.
Impressão e acabamento
3
Apresentação
Caro(a) estudante,
Neste volume, o conceito central abordado é o trabalho, uma das ati-
vidades que singulariza o ser humano por seus diferentes significados e
características que assume ao longo da história, distinguindo grupos so-
ciais e sendo umas das principais forças na produção e organização do
espaço geográfico.
Sem dúvida esse é um tema essencial para você interpretar o Brasil
e o mundo e avaliar a comunidade em que vive e sua família, assim como
vislumbrar os possíveis cenários futuros – considerando os impactos dos
acelerados avanços tecnológicos e as transformações decorrentes deles
– e avaliar suas possibilidades de formação, emprego e eventualmente
carreira, identificando as competências e habilidades que já tem e aquelas
que precisa desenvolver para poder atuar no seu campo de interesse.
Essa abordagem de temas e reflexões que dizem respeito à sua rea-
lidade oferece bases para tomada de decisões e contribui para que você
construa seu projeto de vida.
Ao longo deste volume, você vai avaliar diferentes indicadores que
possibilitam perceber e verificar desigualdades e, assim, terá base para
mobilizar a comunidade em que vive, promovendo as transformações ne-
cessárias para a construção de uma sociedade mais justa.
Bom estudo!
Os autores.
4
Conheça
seu livro
Produção e
trabalho nos
dias atuais
2
UNIDA
D
E
Contexto
É comum atribuir o rápido desenvolvimento econômico chinês à enorme oferta de mão de obra barata. No
entanto, é preciso levar em conta que essa mão de obra é consideravelmente qualificada, com bons índices
de escolaridade. O economista Welinton dos Santos, em um artigo sobre o BRICS (acrônimo composto das
iniciais dos países emergentes, a saber: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) publicado em 2012 no
jornal russo Pravda, afirmou: “A arma secreta do desenvolvimento da China é a educação”.
Leia os textos a seguir e reflita sobre a importância da educação na qualificação dos trabalhadores.
Texto 1
Por mais turbulentos que tenham sido os
primeiros trinta anos da Revolução Comunista
na China, os reformistas do começo dos anos
1980 herdaram do período sob Mao Tsé-tung
um país com uma oferta abundante de
mão de obra de qualidade do ponto de vista
educacional e de saúde pública, ao menos
na comparação com outros países em
desenvolvimento, o que serviu de base para
a rápida decolagem da economia chinesa.
[...] Mesmo com toda a desvalorização do
ensino durante a Revolução Cultural, a taxa
de escolarização das crianças chinesas chegou
a 96% em 1976, ano da morte de Mao. A taxa
de alfabetização entre adultos chineses havia
chegado a 66% em 1977, quase o dobro dos 36%
da Índia no mesmo ano.
LYRIO, Mauricio Carvalho. A ascensão da China como
potência: fundamentos políticos internos. Brasília:
Funag, 2010. p. 38-39.
Texto 2
Em alguns setores da indústria, o Brasil já
vive “um apagão de mão de obra”, com falta de
profissionais qualificados capazes de executar
tarefas essenciais ao crescimento do país.
Segundo o mais recente levantamento feito
pela consultoria Manpower com 41 países ao
redor do mundo, o Brasil ocupa a 2a
posição
entre as nações com maior dificuldade em
encontrar profissionais qualificados, atrás
apenas do Japão.
Entre os empresários brasileiros
entrevistados para a pesquisa, 71% afirmaram
não ter conseguido achar no mercado pessoas
adequadas para o trabalho. Para efeitos de
comparação, na Argentina o índice é de 45%, no
México, de 43% e na China, de apenas 23%.
BARRUCHO, Luís Guilherme. Conheça os cinco
vilões do crescimento do Brasil. BBC Brasil, 22 ago.
2012. Disponível em: www.bbc.com/portuguese/
noticias/2012/08/120821_viloes_crescimento_brasil_
lgb.shtml. Acesso em: 7 maio 2020.
Texto 3
Não sou especialista em Brasil, mas uma
coisa estou habilitado a dizer: não creiam que
mão de obra barata ainda seja uma vantagem.
Peter Drucker (1909-2005), escritor, professor e
administrador austríaco, cujo pensamento é influente
no meio acadêmico e empresarial, em palestra
proferida em 2005 na ONU.
NÃO ESCREVA NO LIVRO
86
As ações humanas sobre a natureza redefiniram
as condições necessárias à vida: a princípio, apenas
alimentação e abrigo, mas, com o desenvolvimento da
vida em sociedade, novas necessidades e soluções
surgiram ou foram criadas. É usual denominar trabalho
como as atividades humanas que visam à obtenção de
algumobjetivo,ouseja,quetêmumafinalidade.Taisati-
vidades partilhadas entre homens e mulheres pela so-
brevivência do grupo foram se transformando ao longo
de milhares de anos. A plantação já foi tarefa quase ex-
clusiva das mulheres no alvorecer do Período Neolítico
e do surgimento da agricultura, entre 12 e 10 mil anos
atrás, para os povos que associavam o cultivo à fecun-
didade da mulher. Uma peça de roupa que hoje é resul-
tado da aplicação do trabalho de diferentes pessoas em
diferentes indústrias (uma produz o fio de algodão, ou-
traaplicaatinturaria,outracortaecostura,outravende,
outras gerenciam todas essas etapas e outras lucram)
já foi tarefa de um único trabalhador artesão nas socie-
dades pré-capitalistas.
Diante desse longo cenário da história das civiliza-
ções, vamos refletir neste capítulo sobre as concep-
ções de trabalho para, em seguida, avançarmos em
períodos mais recentes do nosso tempo. Examinam-
-se as mais diversas noções de trabalho que variaram
no tempo e ao longo das diferentes sociedades: como
punição, como tarefa de homens não livres, como
escravidão, como trabalho servil numa sociedade de
dependências, como trabalho industrial assalariado,
como trabalho alienado, como braçal ou intelectual,
Contexto
Concepções
de trabalho
1
OBJETIVOS
• Construir diferentes visões sobre o conceito de
trabalho, diferenciando os contextos históricos em que
foram desenvolvidos.
• Diferenciar as manifestações sociais do trabalho,
como escravidão, servidão, trabalho livre e trabalho
assalariado.
• Aplicar os conceitos de grupos sociais, como castas,
estamentos e classe social, para compreensão da
realidade.
• Diferenciar o significado do trabalho na Antiguidade e
na Idade Média europeia.
• Compreender a escravidão doméstica africana e a
escravidão capitalista dos tempos modernos.
• Conhecer discussões sobre trabalho assalariado,
cooperativas e trabalho criativo.
JUSTIFICATIVA
Otrabalhoéaformacomoossereshumanosagemsobre
anaturezademodoatransformá-laparaproduzircoisas
úteisàsuasobrevivência.Oconceitodetrabalhomudou
aolongodahistóriaeorganizoudiferentesestruturas
sociais.Assim,otrabalholivreassalariadonãoéaforma
quepredominounamaiorpartedahistóriadascivilizações
ocidentais.Estecapítulobuscaanalisarastransformações
doconceitodetrabalhoepropõeumencaminhamentopara
desenvolverahabilidadecríticadoestudanteparaanalisar
asrelaçõesdeproduçõesetambémsuaatualoufutura
participaçãonomercadodetrabalho.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC
• Competências gerais da Educação Básica: CG1, CG2,
CG4, CG5, CG7 e CG9.
• Competências e habilidades específicas de Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas: Competência 1:
EM13CHS103; Competência 2: EM13CHS201;
EM13CHS202; Competência 4: EM13CHS401;
EM13CHS403; EM13CHS404; Competência 5:
EM13CHS504.
TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS
Economia
• Trabalho
Cidadania e Civismo
• Vida familiar e social
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NÃO ESCREVA NO LIVRO
CONEXÕES
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
O trabalho impacta diferentes dimensões da vida humana, incluindo as
manifestações artísticas, e é tema constante em livros, músicas, filmes e
nas artes plásticas.
No início do século XX, em razão das muitas transformações por que as
sociedades passavam, o trabalho e as relações e conflitos sociais que dele
surgiam estiveram presentes em manifestações artísticas vanguardistas.
Um dos artistas que se dedicaram às representações ligadas ao mundo
do trabalho e seus impactos no cotidiano foi o pintor mexicano Diego Rivera
(1886-1957).
Entre as muitas obras que Rivera fez sobre o tema, uma que se destaca é
O homem controlador do universo.
Nela, o artista representa os grupos sociais e as oposições existentes na
relação capitalista.
Recriação do detalhe central do mural "Homem na encruzilhada, olhando com esperança e
visão para um futuro novo e melhor", do muralista mexicano Diego Rivera (1886-1957).
A obra, produzida em 1934, foi feita, originalmente, para o Rockefeller Center, em Nova York
(Estados Unidos). Após divergências entre o artista e John Rockefeller, o mural foi destruído e a
composição repintada no Palácio de Belas Artes da Cidade do México (México), com o novo título
"Homem, controlador do Universo".
1. Com base no que você estudou até agora, identifique os diferentes grupos
representados na obra de Diego Rivera.
2. Considerando suas experiências pessoais, faça uma ilustração, fotografia
ou colagem que represente as relações de trabalho no mundo atual.
Wikipedia/Wikimedia
Commons
75
Torneio de robótica, com estudantes de todo o país, no Festival SESI de Robótica, no pavilhão da
Bienal do Ibirapuera, São Paulo (SP), março de 2020.
• O que significa dizer que “a arma secreta” do desenvolvimento da China é a educação? Você
concorda com isso? E o Brasil, também a utiliza?
• Se a afirmação de Peter Drucker for verdadeira, qual o impacto desse novo cenário para o trabalhador
e para o empregador?
• Em dupla, considerem as respostas que elaboraram nas questões anteriores e produzam um texto
dissertativo-argumentativo estabelecendo uma comparação entre a situação chinesa e a brasileira,
considerando a educação como fator de desenvolvimento.
Delfim
Martins/Pulsar
Imagens
87
como trabalho remunerado ou não, como trabalho doméstico, como distin-
ção social, como centro ou não da vida, enfim, diferentes formas de como o
trabalho é vivido e sentido.
Reflita sobre o papel e a centralidade que o trabalho desempenha em nos-
sa vida com base nas questões abaixo e anote as respostas no caderno. Ao
final do capítulo, retornaremos a elas a fim de discutir e compreender de que
modo o trabalho afeta a vida de todos nós.
NÃO ESCREVA NO LIVRO
1. Para você, o trabalho é uma forma de realização pessoal? Por quê?
Se não o é ainda, você espera que algum dia seja?
2. Pessoas ricas que não necessitam trabalhar dificilmente são vistas
pela sociedade como desocupadas. No entanto, o mesmo não é dito do
traba-lhador que perde seu emprego e fica meses desempregado. Em
que medi-da o trabalho está associado à dignidade pessoal em nossa
sociedade?
3. Além do trabalho livre assalariado, quais outros tipos de trabalho –
remu-nerados ou não – você reconhece na sociedade?
4. A revolução tecnológica pela qual o mundo tem passado nos
últimos anos fez surgir uma série de áreas de atuação e/ou
profissões? Você conhece áreas de atuação que surgiram
recentemente? Elas são vistas como profissões?
Artesão de comunidade indígena confeccionando esteira em palha de junco e usando máscara
durante pandemia do coronavírus, em Garopaba (SC), em 2020.
Eduardo
Zappia/Pulsar
Imagens
19
• Após o estudo do capítulo, retome o gráfico e a tabela que aparecem na atividade do con-
texto de abertura e apresente mais elementos para reafirmar a importância das principais
potências industriais. Feito isso, aponte os fatores que explicam a alta capacidade industrial
desses países, em termos de produção e de produtividade, e explique a situação do Brasil.
Retome o contexto
11% do PIB
brasileiro
Intermediários de Capital
Outras
indústrias
Produção
fordista
18% do PIB
2,1% do VPI
global
China Estados
Unidos
Japão Alemanha
Escala Escopo
Produção
flexível
Potências
industriais
Comércio e
Serviços
Mercado
consumidor
final
Agricultura
produzem
bens
abastecem abastecem
muito concentrada
em poucos países,
sobretudo nas
com
destaque
para
economia de economia de
PRODUÇÃO
INDUSTRIAL
Indústrias
extrativas
Brasil
Construção
civil
pode ser
classificada em
também é
importante no
representando
mas o país
tem apenas
podem ser
classificadas
em
representam Indústrias de
transformação
abastecem
de Consumo
Mapa conceitual organizado pelos autores.
125
VOCÊ PRECISA SABER
NÃO ESCREVA NO LIVRO
125
Seu livro está organizado em duas unidades, divididas em dois capítulos, que
tratam de temas atuais e relevantes para a sua formação durante o Ensino Médio.
Ao longo dos capítulos e unidades, você encontrará diferentes estruturas
que utilizam diversos recursos pensados para auxiliá-lo no processo de
aprendizagem.
As aberturas de unidades apresentam textos e imagens
que sintetizam o tema principal e vão mobilizar os seus
conhecimentos sobre o assunto. Nessas aberturas, a
seção Contexto traz situações concretas cuja análise
exige conteúdos, conceitos e procedimentos de diferentes
disciplinas das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
Essas situações serão retomadas ao longo dos capítulos
e estão relacionadas com a seção Prática, que traz
uma proposta de trabalho para que você aplique os
conhecimentos que são produzidos em sala de aula na
comunidade escolar e em seu entorno.
As aberturas dos capítulos trazem recursos diversos
(fotografias, mapas, gráficos, entrevistas, charges) que
sintetizam o conteúdo que será trabalhado, além de propor
questionamentos, por meio de uma nova ocorrência da
seção Contexto, que vão ajudá-lo a realizar o projeto
proposto na seção Prática. Na abertura de cada capítulo,
você também encontrará um boxe com os objetivos, a
justificativa para o trabalho com os conteúdos propostos
e as competências, habilidades e temas contemporâneos
transversais mobilizados no capítulo.
Em todos os capítulos, você encontrará uma
ocorrência da seção Conexões, que trabalha a
interdisciplinaridade com componentes curriculares
de outras áreas do conhecimento, especialmente
as Ciências da Natureza e suas Tecnologias e as
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, bem como
com disciplinas que não estão presentes no
currículo escolar.
Seção que finaliza o trabalho do capítulo e traz
propostas de retomada das questões apresentadas
na seção Contexto, na abertura do capítulo.
Momento que serve de recurso para resumo
e sistematização de alguns dos conteúdos
trabalhados ao longo dos capítulos. Pode surgir
na forma de mapas conceituais, esquemas,
fluxogramas ou lista de palavras e pode apresentar
atividades que estabeleçam relação dos conteúdos
trabalhados com os seus lugares de vivência e as
suas experiências pessoais.
5
PRÁTICA
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
DA BNCC
• Competências gerais da Educação
Básica: CG1, CG2, CG4, CG5, CG7
e CG9.
• Competências e habilidades
específicas de Ciências Humanas
e Sociais Aplicadas:
Competência 1: EM13CHS103;
Competência 2: EM13CHS201,
EM13CHS202; Competência 4:
EM13CHS401, EM13CHS403,
EM13CHS404; Competência 5:
EM13CHS504.
TEMAS CONTEMPORÂNEOS
TRANSVERSAIS
Economia
• Trabalho
Cidadania e Civismo
• Vida Familiar e Social
Os influenciadores são
as novas estrelas
Para começar
Vimos nesta unidade como o conceito de trabalho tem mudado ao
longodosséculos,deacordocomastransformaçõeseconômicaseso-
ciais pelas quais o mundo passa periodicamente. Ele passou de algo
que dizia respeito apenas a atividades rurais para um elemento valori-
zado, capaz de ditar a estrutura de uma sociedade e incitar revoluções.
Recentemente, o trabalho sofreu mais uma redefinição e ganhou
um aspecto extra, sendo definido como trabalho criativo. Ele seria
fruto de uma atividade intelectualmente rica, diferente do trabalho in-
dustrial,repetitivoesempropósitoclaro.Otrabalho,olazereoestudo
se fundem e criam um mundo de possibilidades e propósitos.
NÃO ESCREVA NO LIVRO
Construção e
uso de amostragem
Gravação de vídeo em estação de metrô, com transmissão direta para a internet.
Shutterstock/Rawpixel.com
80
1. (2019) A partir da segunda metade do século
XVIII, o número de escravos recém-chegados
cresce no Rio e se estabiliza na Bahia. Nenhum
lugar servia tão bem à recepção de escravos
quanto o Rio de Janeiro.
FRANÇA, R. O tamanho real da escravidão. O Globo,
5 abr. 2015 (adaptado).
Na matéria, o jornalista informa uma mudança
na dinâmica do tráfico atlântico que está rela-
cionada à seguinte atividade:
a)Coleta de drogas do sertão.
b)Extração de metais preciosos.
c)Adoção da pecuária extensiva.
d)Retirada de madeira do litoral.
e)Exploração da lavoura de tabaco.
2. (2019) O Ministério do Trabalho e Emprego
(MTE) realizou 248 ações fiscais e resgatou
um total de 1 590 trabalhadores da situação
análoga à de escravo, em 2014, em todo o país.
A análise do enfrentamento do trabalho em
condições análogas às de escravo materiali-
za a efetivação de parcerias inéditas no trato
da questão, podendo ser referenciadas ações
fiscais realizadas com o Ministério da Defesa,
Exército Brasileiro, Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
(Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conser-
vação da Biodiversidade (ICMBio).
Disponível em: http://portal.mte.gov.br.
Acesso em: 4 fev. 2015 (adaptado).
A estratégia defendida no texto para reduzir o
problema social apontado consiste em:
a)Articular os órgãos públicos.
b)Pressionar o Poder Legislativo.
c)Ampliar a emissão das multas.
d)Limitar a autonomia das empresas.
e)Financiar as pesquisas acadêmicas.
3. (2019)
Lei n. 601, de 18 de setembro de 1850
D. Pedro II, por Graça de Deus e Unânime
Aclamação dos Povos, Imperador Constitucio-
nal e Defensor Perpétuo do Brasil: Fazemos sa-
ber, a todos os nossos súditos, que a Assembleia
Geral decretou, e nós queremos a Lei seguinte:
Art. 1º Ficam proibidas as aquisições de ter-
ras devolutas por outro título que não seja o de
compra.
Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em:
8 ago. 2014 (adaptado).
Considerando a conjuntura histórica, o ordena-
mento jurídico abordado resultou na:
a)mercantilização do trabalho livre.
b)retração das fronteiras agrícolas.
c)demarcação dos territórios indígenas.
d)concentração da propriedade fundiária.
e)expropriação das comunidades quilombolas.
4. (2018)
Queremos saber o que vão fazer
Com as novas invenções
Queremos notícia mais séria
Sobre a descoberta da antimatéria
E suas implicações
Na emancipação do homem
Das grandes populações
Homens pobres das cidades
Das estepes, dos sertões
GILBERTO GIL. Queremos saber. O viramundo. São Paulo:
Universal Music, 1976 (fragmento).
• A letra da canção relaciona dois aspectos da
contemporaneidade com reflexos na socie-
dade brasileira:
a)A elevação da escolaridade e o aumento do
desemprego.
b)O investimento em pesquisa e a ascensão
do autoritarismo.
c)O crescimento demográfico e a redução da
produção de alimentos.
d)O avanço da tecnologia e a permanência das
desigualdades sociais.
e)A acumulação de conhecimento e o isola-
mento das comunidades tradicionais.
46
QUESTÕES DO ENEM NÃO ESCREVA NO LIVRO
Após a Guerra de Secessão e a abolição da escravidão, o desenvolvimento
industrial – que impulsionou a construção de ferrovias ligando o país de cos-
ta a costa e promoveu sua fluidez territorial – tornou os Estados Unidos, já
no final do século XIX, a maior potência emergente mundial, possuidores do
maiorparqueindustrialdoplaneta.Aprosperidadetornou-seaindamaisatra-
tiva à imigração, resultando em grande crescimento demográfico: de pouco
mais de 30 milhões de habitantes em 1865, a população passou para mais
de 90 milhões em 1900.
Os grandes centros da di-
namização capitalista com a
RevoluçãoIndustrial,contudo,
não se limitaram somente à
Europa e aos Estados Unidos.
No Japão, os Estados Uni-
dos organizaram, em 1854,
uma investida militar e, sob
a ameaça de seus navios de
guerra, obrigaram os japo-
neses a abrir os portos ao
comércio mundial, fechados
desde o século XVIII. A aber-
tura comercial japonesa deu
início à ocidentalização do país, que passou por profundas transformações
econômicas, militares, técnicas e científicas. A sujeição do Japão ao Ocidente,
ao mesmo tempo, ativou o nacionalismo e a oposição ao xogum, por ter per-
mitido a abertura.
Xogunato
A origem do xogunato remonta ao século VIII,
criado como um título para comandantes
militares. A partir do século XII até o fim da
instituição militar, em 1868, o imperador
passou a delegar ao xogum a autoridade para
governar o país, embora o imperador fosse o seu
governante legítimo. Essa instituição ganhou
enorme prestígio e acabou sob o domínio de uma
única família – Tokugawa –, rival de outros clãs
poderosos no século XIX. Instalado na cidade de
Edo, antigo nome de Tóquio, o xogunato Tokugawa
se sobrepunha mesmo ao poder do imperador –
também chamado de micado –, que ficava na
cidade sagrada de Kyoto.
Conceitos
Com a renúncia ao cargo de xogum, em 1868, Tokugawa
Yoshinobu (1837-1913) pôs fim à instituição e o
imperador Meiji assumiu o papel de governante do país.
Imigrantes procurando
emprego na cidade de Nova
York, Estados Unidos, c. 1910.
Peter
Newark
American
Pictures/Bridgeman
Images/Easypix
Brasil
Pictures
from
History/Felice
Beato/Bridgeman
Images/Easypix
Brasil
57
Assim, o trabalho do arquiteto ou do engenheiro se relaciona com a causa
formal da casa, embora em relação ao projeto sejam eles causas eficientes.
Os demais trabalhadores, pedreiros e outros, estão subordinados às ordens
do arquiteto ou do engenheiro. E estes últimos estão, por sua vez, subordi-
nados a quem responde pela causa final, quem enfim contratou o projeto, o
proprietário da futura casa.
Essa divisão entre causas estabelece uma hierarquia entre elas. Todo o
processo de construção da casa está subordinado, em última medida, à fa-
mília que contratou os serviços dos vários profissionais envolvidos nesse
trabalho. Claro que no modelo de autoconstrução, no qual é o morador quem
edifica sua própria casa, causas final, eficiente e formal estão concentradas
numa mesma pessoa.
Leia o texto abaixo, que trata sobre essa hierarquização entre as causas
aristotélicas:
Um aspecto fundamental dessa teoria da causalidade [de Aristóteles]
consiste no fato de que as quatro causas não possuem o mesmo valor, isto
é, são concebidas como hierarquizadas indo da causa mais inferior à causa
superior. Nessa hierarquia, a causa menos valiosa ou menos importante é a
causa eficiente (a operação de fazer a causa material receber a causa formal,
ou seja, o fabricar natural ou humano) e a causa mais valiosa ou mais impor-
tante é a causa final (o motivo ou finalidade da existência de alguma coisa).
À primeira vista, essa teoria é uma pura concepção metafísica que
serve para explicar de modo coerente e objetivo os fenômenos naturais
(física) e os fenômenos humanos (ética, política e técnica). Nada parece
indicar a menor relação entre a explicação causal do universo e a realida-
de social grega. Sabemos, porém, que a sociedade grega é escravagista e
que a sociedade medieval se baseia na servidão, isto é, são sociedades que
distinguem radicalmente os homens em superiores – os homens livres,
que são cidadãos, na Grécia, e senhores feudais, na Europa medieval – e
inferiores – os escravos, na Grécia, e os servos da gleba, na Idade Média.
CHAUI, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 2017.
NÃO ESCREVA NO LIVRO
• O texto estabelece um paralelo entre a composição social da Grécia antiga e a
da sociedade medieval com duas causas aristotélicas. Identifique o paralelo,
relacionando a causa a que correspondem os homens livres e senhores
feudais e a causa a que correspondem os escravos e servos.
Interpretar
Grécia e Roma. Pedro Paulo Funari. Editora Contexto, 2001.
O livro traz uma rica introdução às civilizações grega e romana
e suas contribuições à formação das sociedades ocidentais,
abordando, entre outros temas, a questão do trabalho na estrutura
dessas sociedades.
Saber
Reprodução/Editora
Contexto
24
DIÁLOGOS NÃO ESCREVA NO LIVRO
1. A imagem e os textos a seguir, que foram redi-
gidos, respectivamente, em 1747, 1934 e 1973,
descrevem diferentes aspectos da vida e do
trabalho do operariado industrial. Com base
nos textos e na imagem, faça uma dissertação
com o tema “O trabalho na era industrial”. Na
sua dissertação, procure abordar as seguintes
questões:
• Qual é o tipo de qualificação necessária para
o trabalhador industrial?
• Na sociedade industrial, qual é a relação que
se estabelece entre o trabalho intelectual e
o trabalho manual?
• Que mudanças e/ou permanências podem
ser identificadas no trabalho industrial entre
a primeira Revolução Industrial, no século
XVIII, e os dias de hoje?
laníferas seria uma bênção e uma vantagem
para a nação e não seria um prejuízo real para
os pobres. Com esse recurso, poderíamos pre-
servar nosso comércio, manter nossas rendas e,
além de tudo, corrigir as pessoas.
SMITH, J. Memoirs of Wool, 1747. ln: GORZ, André. Crítica da
divisão do trabalho. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989. p. 65.
Texto 2 (1934)
As mulheres são metidas num trabalho in-
teiramente maquinal, no qual só se lhes pede
rapidez. Quando digo maquinal, nem imagine
que seja possível sonhar com outra coisa en-
quanto se trabalha, e muito menos refletir. Não.
O trágico dessa situação é que o trabalho é ma-
quinal demais para fornecer assunto ao pen-
samento, e, além disso, impede qualquer outro
pensamento. Pensar é ir menos depressa; ora,
há normas de rapidez estabelecidas por buro-
cratas sem piedade e que é preciso cumprir,
para não ser despedido. [...]
II – O mistério da fabricação é claro, o ope-
rário ignora o uso de cada peça: 1) a maneira
como se ajusta às outras; 2) a sucessão das ope-
rações por que passa; 3) o uso final do conjunto.
Mas tem mais: a relação de causas e efei-
tos no interior do próprio trabalho não é
apreendida.
Não há nada de menos instrutivo que uma
máquina [...].
WEIL, Simone. A condição operária e outros estudos sobre a
opressão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, l979. p. 68 e 96.
Texto 3 (1973)
A crescente qualificação social dos traba-
lhadores não reside, ao contrário do que afir-
ma tese bem difundida, no aumento do seu
conhecimento útil ou inútil (escolar); na esco-
la, eles aprendem bem menos do que antiga-
mente. Se são escolarizados é que, com o pre-
texto da instrução e enquanto ela se processa
(desviada de seu objeto aparente), pretende-
-se socializá-los de uma certa maneira: ensi-
Gravura representando o pagamento a crianças pelo trabalho
em olaria. Autoria desconhecida, 1871.
Texto 1 (1747)
É fato notório [...] que a penúria até certo
grau estimula a indústria; e que o operário que
pode prover às suas necessidades trabalhando
só três dias ficará ocioso e bêbado o resto da
semana [...]. Os pobres, nos condados onde há
manufaturas, jamais trabalharão mais horas do
que é preciso para custear a alimentação e suas
orgias semanais [...] sem temor podemos dizer
que uma redução dos salários das manufaturas
Look
and
Learn/Bernard
Platman
Antiquarian
Collection/Bridgeman
Images/Easypix
Brasil
76
Seção que apresenta atividades em diversos
formatos pensadas para auxiliar no trabalho
com diferentes competências específicas e
habilidades estabelecidas pela BNCC, como
identificar, analisar e comparar fontes e
narrativas, elaborar hipóteses, selecionar
evidências e compor argumentos, que
possibilitem o compartilhamento de pontos de
vistas, o diálogo e a reflexão.
Uma página com atividades de edições
recentes de avaliações oficiais para
que você possa verificar como os temas
trabalhados em sala de aula aparecem
nessas provas, em especial no Enem.
Apresenta uma proposta de projeto
que aborda um tema relacionado
aos capítulos da unidade por meio
das metodologias de pesquisa
(como revisão bibliográfica, análise
documental, construção e uso
de amostragens ou observação
participante). Os projetos propostos
permitem a valorização dos
conhecimentos, da ciência e da
argumentação com base em fatos,
além de articular os conhecimentos
construídos em sala de aula com a
realidade vivida.
Atividades que propõem o aprofundamento
dos recursos que aparecem ao longo
do capítulo, como textos em seus mais
diversos gêneros, fotografias, obras de arte,
mapas, gráficos, explorando suas regras de
composição, significado e sentido.
Recursos de linguagens variados (livros,
filmes, podcasts, músicas, sites, obras de
arte, etc.) para aprofundar temas abordados
no capítulo e complementar seu repertório
cultural e científico.
Apresenta conceitos estruturantes
das Ciências Humanas e de outras
áreas do conhecimento, que devem
ser conhecidos para o trabalho com os
temas propostos.
6
Competências e habilidades da BNCC
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento oficial que define o con-
junto de aprendizagens que os estudantes precisam desenvolver ao longo da Educação
Básica, desde o início da Educação Infantil até o final do Ensino Médio. Dessa forma, a
BNCC é norteadora para a formulação dos currículos escolares no Brasil.
Esse conjunto de aprendizagens essenciais definido na BNCC corresponde a conhe-
cimentos, competências e habilidades.
Algumas dessas competências devem ser desenvolvidas durante todas as etapas
da Educação Básica; outras especificamente em cada uma das etapas. No Ensino Mé-
dio, essas competências e habilidades estão distribuídas por áreas de conhecimento.
Nas aberturas dos capítulos do seu livro, você encontrará indicações de quais com-
petências e habilidades estão sendo preferencialmente mobilizadas.
Nas páginas a seguir, você conhecerá as dez competências gerais da Educação Bá-
sicaetodasascompetênciasehabilidadesespecíficasdasáreasdeCiênciasHumanas
e Sociais Aplicadas e as competências e habilidades de Linguagens e suas Tecnologias,
Matemática e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias que serão
trabalhadas neste livro.
DeacordocomaBNCC,competênciassãoconhecimentos(conceitoseprocedimentos)
mobilizadospararesolverdemandasdavidacotidiana,doexercíciodacidadaniaedomun-
do do trabalho. Já as habilidades são capacidades práticas, cognitivas e socioemocionais.
Aocompreenderoqueéesperadodesenvolvercomosprojetosdestaobra,vocêterá
a chance de se apropriar melhor de seus estudos, reconhecendo um sentido em tudo
aquilo que é proposto e, consequentemente, percebendo a aplicação que isso pode ter
em seu cotidiano.
Dessa forma, o seu protagonismo se manifestará também em relação à sua apren-
dizagem.
Se você tiver interesse, consulte o texto completo da BNCC no site: http://basenacional
comum.mec.gov.br/.Acessoem:27jan.2020.
Composição dos códigos das habilidades
CADERNO
BNCC
O primeiro número indica
a competência da área e
os dois últimos indicam a
habilidade relativa a essa
competência.
EM 13 CHS 101
Indica a etapa de Ensino Médio.
Indica que a habilidade
pode ser desenvolvida
em qualquer série do
Ensino Médio.
Indica a área à qual a
habilidade pertence.
7
Competências gerais da Educação Básica
1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mun-
do físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar
aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática
e inclusiva.
2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, in-
cluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade,
para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas
e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das dife-
rentes áreas.
3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às
mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico-
-cultural.
4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escri-
ta), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens
artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, ex-
periências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que
levem ao entendimento mútuo.
5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de
forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluin-
do as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir
conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pes-
soal e coletiva.
6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conheci-
mentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mun-
do do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto
de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular,
negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e
promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo res-
ponsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação
ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta.
8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreenden-
do-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com
autocrítica e capacidade para lidar com elas.
9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazen-
do-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com
acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus
saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer
natureza.
10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade,
resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos,
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
8
Competências específicas e habilidades de
Ciências Humanas e Sociais Aplicadas
Competência específica 1
Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos
âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da plurali-
dade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a com-
preender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes
pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza
científica.
Habilidades
EM13CHS101 – Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens,
com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econô-
micos, sociais, ambientais e culturais.
EM13CHS102 – Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, so-
ciais, ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperati-
vismo/desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que
contemplem outros agentes e discursos.
EM13CHS103–Elaborarhipóteses,selecionarevidênciasecomporargumentosrelativosaprocessospolíticos,eco-
nômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de
diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geográficos,
gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros).
EM13CHS104 – Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial de modo a identificar conhecimentos,
valores,crençasepráticasquecaracterizamaidentidadeeadiversidadeculturaldediferentessociedadesinseridas
no tempo e no espaço.
EM13CHS105 – Identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades e sedentárias, entre
outras) e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção, material/
virtual etc.), explicitando suas ambiguidades.
EM13CHS106 – Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnologias
digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais,
incluindoasescolares,parasecomunicar,acessaredifundirinformações,produzirconhecimentos,resolverproble-
mas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva.
Competência específica 2
Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços,
mediante a compreensão das relações de poder que determinam as territorialida-
des e o papel geopolítico dos Estados-nações.
Habilidades
EM13CHS201 – Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias e do capital nos diversos con-
tinentes, com destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos, em função de eventos
naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e posicionar-se criticamente
em relação a esses processos e às possíveis relações entre eles.
CADERNO
BNCC
9
EM13CHS202 – Analisar e avaliar os impactos das tecnologias na estruturação e nas dinâmicas de grupos, povos e
sociedades contemporâneos (fluxos populacionais, financeiros, de mercadorias, de informações, de valores éticos
e culturais etc.), bem como suas interferências nas decisões políticas, sociais, ambientais, econômicas e culturais.
EM13CHS203 – Comparar os significados de território, fronteiras e vazio (espacial, temporal e cultural) em diferen-
tes sociedades, contextualizando e relativizando visões dualistas (civilização/barbárie, nomadismo/sedentarismo,
esclarecimento/obscurantismo, cidade/campo, entre outras).
EM13CHS204 – Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de territórios, territorialida-
des e fronteiras, identificando o papel de diferentes agentes (como grupos sociais e culturais, impérios, Estados Na-
cionais e organismos internacionais) e considerando os conflitos populacionais (internos e externos), a diversidade
étnico-cultural e as características socioeconômicas, políticas e tecnológicas.
EM13CHS205 – Analisar a produção de diferentes territorialidades em suas dimensões culturais, econômicas, am-
bientais, políticas e sociais, no Brasil e no mundo contemporâneo, com destaque para as culturas juvenis.
EM13CHS206 – Analisar a ocupação humana e a produção do espaço em diferentes tempos, aplicando os princípios
de localização, distribuição, ordem, extensão, conexão, arranjos, casualidade, entre outros que contribuem para o
raciocínio geográfico.
Competência específica 3
Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e socieda-
des com a natureza (produção, distribuição e consumo) e seus impactos econômi-
cos e socioambientais, com vistas à proposição de alternativas que respeitem e pro-
movam a consciência, a ética socioambiental e o consumo responsável em âmbito
local, regional, nacional e global.
Habilidades
EM13CHS301 – Problematizar hábitos e práticas individuais e coletivos de produção, reaproveitamento e descarte
de resíduos em metrópoles, áreas urbanas e rurais, e comunidades com diferentes características socioeconômi-
cas, e elaborar e/ou selecionar propostas de ação que promovam a sustentabilidade socioambiental, o combate à
poluição sistêmica e o consumo responsável.
EM13CHS302 – Analisar e avaliar criticamente os impactos econômicos e socioambientais de cadeias produtivas
ligadas à exploração de recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escalas de aná-
lise, considerando o modo de vida das populações locais – entre elas as indígenas, quilombolas e demais comunida-
des tradicionais –, suas práticas agroextrativistas e o compromisso com a sustentabilidade.
EM13CHS303 – Debater e avaliar o papel da indústria cultural e das culturas de massa no estímulo ao consumismo,
seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à percepção crítica das necessidades criadas pelo consu-
mo e à adoção de hábitos sustentáveis.
EM13CHS304 – Analisar os impactos socioambientais decorrentes de práticas de instituições governamentais, de
empresasedeindivíduos,discutindoasorigensdessaspráticas,selecionando,incorporandoepromovendoaquelas
que favoreçam a consciência e a ética socioambiental e o consumo responsável.
EM13CHS305 – Analisar e discutir o papel e as competências legais dos organismos nacionais e internacionais de
regulação, controle e fiscalização ambiental e dos acordos internacionais para a promoção e a garantia de práticas
ambientais sustentáveis.
EM13CHS306 – Contextualizar, comparar e avaliar os impactos de diferentes modelos socioeconômicos no uso dos
recursos naturais e na promoção da sustentabilidade econômica e socioambiental do planeta (como a adoção dos
sistemas da agrobiodiversidade e agroflorestal por diferentes comunidades, entre outros).
10
Competência específica 4
Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, con-
textos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e
transformação das sociedades.
Habilidades
EM13CHS401 – Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades com culturas
distintas diante das transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas formas de trabalho ao
longo do tempo, em diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos.
EM13CHS402 – Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e renda em diferentes espaços, escalas e
tempos, associando-os a processos de estratificação e desigualdade socioeconômica.
EM13CHS403 – Caracterizar e analisar os impactos das transformações tecnológicas nas relações sociais e de
trabalho próprias da contemporaneidade, promovendo ações voltadas à superação das desigualdades sociais, da
opressão e da violação dos Direitos Humanos.
EM13CHS404 – Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em diferentes circunstâncias e contextos
históricos e/ou geográficos e seus efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens, levando em consideração, na
atualidade, as transformações técnicas, tecnológicas e informacionais.
Competência específica 5
Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência,
adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os
Direitos Humanos.
Habilidades
EM13CHS501 – Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identificando proces-
sos que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, o
empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade.
EM13CHS502 – Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e pro-
blematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam
os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais.
EM13CHS503 – Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas,
suas causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e ava-
liando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos.
EM13CHS504 – Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações culturais, sociais,
históricas, científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores
de indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas.
CADERNO
BNCC
11
Competência específica 6
Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fa-
zendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liber-
dade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade.
Habilidades
EM13CHS601 – Identificar e analisar as demandas e os protagonismos políticos, sociais e culturais dos povos in-
dígenas e das populações afrodescendentes (incluindo as quilombolas) no Brasil contemporâneo considerando a
história das Américas e o contexto de exclusão e inclusão precária desses grupos na ordem social e econômica
atual, promovendo ações para a redução das desigualdades étnico-raciais no país.
EM13CHS602 – Identificar e caracterizar a presença do paternalismo, do autoritarismo e do populismo na política,
na sociedade e nas culturas brasileira e latino-americana, em períodos ditatoriais e democráticos, relacionando-os
com as formas de organização e de articulação das sociedades em defesa da autonomia, da liberdade, do diálogo e
da promoção da democracia, da cidadania e dos direitos humanos na sociedade atual.
EM13CHS603 – Analisar a formação de diferentes países, povos e nações e de suas experiências políticas e de
exercíciodacidadania,aplicandoconceitospolíticosbásicos(Estado,poder,formas,sistemaseregimesdegoverno,
soberania etc.).
EM13CHS604 – Discutir o papel dos organismos internacionais no contexto mundial, com vistas à elaboração de
uma visão crítica sobre seus limites e suas formas de atuação nos países, considerando os aspectos positivos e
negativos dessa atuação para as populações locais.
EM13CHS605 – Analisar os princípios da declaração dos Direitos Humanos, recorrendo às noções de justiça, igual-
dade e fraternidade, identificar os progressos e entraves à concretização desses direitos nas diversas sociedades
contemporâneas e promover ações concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos em diferentes
espaços de vivência, respeitando a identidade de cada grupo e de cada indivíduo.
EM13CHS606 – Analisar as características socioeconômicas da sociedade brasileira – com base na análise de do-
cumentos (dados, tabelas, mapas etc.) de diferentes fontes – e propor medidas para enfrentar os problemas identi-
ficados e construir uma sociedade mais próspera, justa e inclusiva, que valorize o protagonismo de seus cidadãos e
promova o autoconhecimento, a autoestima, a autoconfiança e a empatia.
12
Competências específicas e habilidades de
Linguagens e suas Tecnologias para o Ensino Médio
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1
Compreender o funcionamento das diferentes
linguagens e práticas (artísticas, corporais e
verbais) e mobilizar esses conhecimentos na
recepção e produção de discursos nos diferen-
tes campos de atuação social e nas diversas
mídias,paraampliarasformasdeparticipação
social, o entendimento e as possibilidades de
explicação e interpretação crítica da realidade
e para continuar aprendendo.
HABILIDADES
EM13LGG101 Compreender e analisar processos de produ-
ção e circulação de discursos, nas diferentes linguagens,
para fazer escolhas fundamentadas em função de interes-
ses pessoais e coletivos.
EM13LGG102 Analisar visões de mundo, conflitos de inte-
resse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos
veiculados nas diferentes mídias, ampliando suas possibi-
lidades de explicação, interpretação e intervenção crítica
da/na realidade.
EM13LGG104 Utilizar as diferentes linguagens, levando em
conta seus funcionamentos, para a compreensão e produ-
ção de textos e discursos em diversos campos de atuação
social.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 2
Compreender os processos identitários, con-
flitos e relações de poder que permeiam as
práticas sociais de linguagem, respeitar as di-
versidades, a pluralidade de ideias e posições
e atuar socialmente com base em princípios e
valores assentados na democracia, na igual-
dade e nos Direitos Humanos, exercitando a
empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e
a cooperação, e combatendo preconceitos de
qualquer natureza.
HABILIDADES
EM13LGG201 Utilizar adequadamente as diversas lingua-
gens (artísticas, corporais e verbais) em diferentes contex-
tos, valorizando-as como fenômeno social, cultural, históri-
co, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso.
EM13LGG202 Analisar interesses, relações de poder e pers-
pectivas de mundo nos discursos das diversas práticas de
linguagem (artísticas, corporais e verbais), para compreen-
der o modo como circulam, constituem-se e (re)produzem
significação e ideologias.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 3
Utilizar diferentes linguagens (artísticas, cor-
porais e verbais) para exercer, com autonomia
e colaboração, protagonismo e autoria na vida
pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa,
ética e solidária, defendendo pontos de vista
que respeitem o outro e promovam os Direitos
Humanos, a consciência socioambiental e o
consumo responsável, em âmbito local, regio-
nal e global.
HABILIDADES
EM13LGG301 Participar de processos de produção individual
e colaborativa em diferentes linguagens (artísticas, corpo-
rais e verbais), levando em conta seus funcionamentos,
para produzir sentidos em diferentes contextos.
EM13LGG302 Posicionar-se criticamente diante de diversas
visões de mundo presentes nos discursos em diferentes
linguagens, levando em conta seus contextos de produção
e de circulação.
EM13LGG303 Debater questões polêmicas de relevância
social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para
formular, negociar e sustentar posições, frente à análise de
perspectivas distintas.
EM13LGG305 Mapear e criar, por meio de práticas de lingua-
gem, possibilidades de atuação social, política, artística e
cultural para enfrentar desafios contemporâneos, discutin-
do princípios e objetivos dessa atuação de maneira crítica,
criativa, solidária e ética.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 5
Compreender os processos de produção e ne-
gociação de sentidos nas práticas corporais,
reconhecendo-as e vivenciando-as como for-
mas de expressão de valores e identidades,
em uma perspectiva democrática e de respeito
à diversidade.
HABILIDADES
EM13LGG502 Analisar criticamente preconceitos, estereóti-
pos e relações de poder subjacentes presentes nas práticas
corporais, adotando posicionamento contrário a qualquer
manifestação de injustiça e desrespeito a direitos humanos
e valores democráticos.
CADERNO
BNCC
13
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 6
Apreciar esteticamente as mais diversas pro-
duções artísticas e culturais, considerando
suas características locais, regionais e glo-
bais, e mobilizar seus conhecimentos sobre
as linguagens artísticas para dar significado e
(re)construir produções autorais individuais e
coletivas, exercendo protagonismo de maneira
crítica e criativa, com respeito à diversidade de
saberes, identidades e culturas.
HABILIDADES
EM13LGG601 Apropriar-se do patrimônio artístico de diferentes
tempos e lugares, compreendendo a sua diversidade, bem como
os processos de legitimação das manifestações artísticas na
sociedade, desenvolvendo visão crítica e histórica.
EM13LGG603 Expressar-se e atuar em processos de criação au-
torais individuais e coletivos nas diferentes linguagens artísticas
(artes visuais, audiovisual, dança, música e teatro) e nas inter-
secçõesentreelas,recorrendoareferênciasestéticaseculturais,
conhecimentos de naturezas diversas (artísticos, históricos, so-
ciais e políticos) e experiências individuais e coletivas.
EM13LGG604 Relacionar as práticas artísticas às diferentes di-
mensões da vida social, cultural, política, histórica e econômica
eidentificaroprocessodeconstruçãohistóricadessaspráticas.
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 7
Mobilizar práticas de linguagem no universo di-
gital, considerando as dimensões técnicas, crí-
ticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir
as formas de produzir sentidos, de engajar-se
empráticasautoraisecoletivas,edeaprendera
aprender nos campos da ciência, cultura, traba-
lho, informação e vida pessoal e coletiva.
HABILIDADES
EM13LGG702Avaliaroimpactodastecnologiasdigitaisdainforma-
ção e comunicação (TDIC) na formação do sujeito e em suas prá-
ticas sociais, para fazer uso crítico dessa mídia em práticas de se-
leção,compreensãoeproduçãodediscursosemambientedigital.
EM13LGG703 Utilizar diferentes linguagens, mídias e ferramen-
tas digitais em processos de produção coletiva, colaborativa e
projetos autorais em ambientes digitais.
Competências específicas e habilidades de
Matemática e suas Tecnologias para o Ensino Médio
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1
Utilizar estratégias, conceitos e procedi-
mentos matemáticos para interpretar situa-
ções em diversos contextos, sejam ativida-
des cotidianas, sejam fatos das Ciências da
Natureza e Humanas, das questões socioe-
conômicas ou tecnológicas, divulgados por
diferentes meios, de modo a contribuir para
uma formação geral.
HABILIDADES
EM13MAT101 Interpretar criticamente situações econômicas,
sociais e fatos relativos às Ciências da Natureza que envolvam
a variação de grandezas, pela análise dos gráficos das funções
representadas e das taxas de variação, com ou sem apoio de tec-
nologias digitais.
EM13MAT102 Analisar tabelas, gráficos e amostras de pesqui-
sas estatísticas apresentadas em relatórios divulgados por dife-
rentes meios de comunicação, identificando, quando for o caso,
inadequações que possam induzir a erros de interpretação,
como escalas e amostras não apropriadas.
CompetênciasespecíficasehabilidadesdeCiências
da Natureza e suas Tecnologias para o Ensino Médio
COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 3
Investigar situações-problema e avaliar apli-
cações do conhecimento científico e tecnoló-
gico e suas implicações no mundo, utilizando
procedimentos e linguagens próprios das
Ciências da Natureza, para propor soluções
que considerem demandas locais, regionais
e/ou globais, e comunicar suas descobertas e
conclusões a públicos variados, em diversos
contextos e por meio de diferentes mídias e
tecnologias digitais de informação e comuni-
cação (TDIC).
HABILIDADES
EM13CNT301 Construir questões, elaborar hipóteses, previsões
e estimativas, empregar instrumentos de medição e representar
e interpretar modelos explicativos, dados e/ou resultados experi-
mentais para construir, avaliar e justificar conclusões no enfren-
tamento de situações-problema sob uma perspectiva científica.
EM13CNT302 Comunicar, para públicos variados, em diversos
contextos, resultados de análises, pesquisas e/ou experimen-
tos, elaborando e/ou interpretando gráficos, tabelas, símbolos,
códigos, sistemas de classificação e equações, por meio de dife-
rentes linguagens, mídias, tecnologias digitais de informação e
comunicação (TDIC), de modo a participar e/ou promover deba-
tes em torno de temas científicos e/ou tecnológicos de relevân-
cia sociocultural e ambiental.
14
SUMÁRIO
Caderno BNCC 6
Capítulo 1
Concepções de trabalho ......................... 18
Sobre o conceito de trabalho .................................................. 20
Trabalho como transformação ............................................................. 23
O trabalho como exploração................................................................. 25
Trabalho em comunidades tradicionais .............................................. 28
Do escravismo antigo à sociedade
medieval do feudalismo........................................................... 30
O feudalismo........................................................................................... 31
A sociedade estamental fundada na dependência e na servidão.... 31
Europa: as Grandes Navegações e a colonização............. 33
África: da “escravidão doméstica”
à escravização colonial ............................................................ 34
O trabalho escravo na América............................................................. 35
Transição para o trabalho livre no Brasil.............................. 38
Trabalho assalariado e outras formas de trabalho............ 40
Trabalho criativo..................................................................................... 43
Capítulo 2
Capitalismo e transformações
no mundo do trabalho............................. 48
A Revolução Industrial .............................................................. 49
As consequências sociais da Revolução Industrial........................... 53
A expansão da Revolução Industrial.................................................... 55
Trabalho: emancipação × alienação...................................... 59
Lutas sociais e sindicatos........................................................ 62
Lutas trabalhistas e as internacionais operárias............................... 65
As lutas trabalhistas no Brasil.............................................................. 66
Leis trabalhistas e direitos humanos................................... 68
Divisão internacional do trabalho.......................................... 71
• Prática
Os influenciadores são as novas estrelas ........................... 80
Trabalho
na
História
1
UNIDA
D
E
16
Buyenlarge/Getty
Images
15
Capítulo 3
Produção industrial e
revolução informacional.......................... 88
Classificação das indústrias ................................................... 90
A importância da indústria....................................................... 92
Distribuição das indústrias...................................................... 93
Os fatores locacionais ........................................................................... 93
Logística.................................................................................................. 96
Fordismo e toyotismo ........................................................................... 97
Exploração do trabalho............................................................. 99
A indústria no Brasil................................................................... 101
Distribuição da produção industrial.................................................... 101
As origens da revolução informacional................................ 105
Tecnologias disruptivas e o mercado de trabalho............. 111
Internet das coisas e 5G........................................................................ 111
Robotização............................................................................................ 113
Inteligência artificial.............................................................................. 116
Indústria 4.0 .......................................................................................... 118
Internetdascoisasesistemasintegradosdaindústria4.0....... 120
Capítulo 4
Trabalho no mundo globalizado .............. 126
Contexto político e econômico do mundo globalizado.... 127
Avanço das técnicas e da tecnologia.................................... 129
Novas configurações do mundo do trabalho...................................... 130
Flexibilização.......................................................................................... 131
Precarização das relações de trabalho ................................ 135
O fenômeno da “uberização” do trabalho............................................ 136
Escravidão contemporânea.................................................................. 138
O mundo do trabalho no futuro............................................... 140
Trajetórias possíveis.............................................................................. 141
Projeto de vida e carreira na juventude............................................... 142
Empreendedorismo............................................................................... 143
Jovens e as perspectivas de emprego................................. 145
O futuro do jovem................................................................................... 146
• Prática
Compreender o trabalho e suas tecnologias
com aplicação de questionários........................................... 152
Produção
e trabalho
nos dias
atuais
2
UNIDA
D
E
86
Delfim
Martins/Pulsar
Imagens
Referências bibliográficas comentadas 158
Trabalho
na História
Contexto
1
UNIDA
D
E
Diariamente fazemos escolhas que impactam a nossa vida. É assim também
durante o Ensino Médio, quando os estudantes começam a fazer escolhas que
vão impactar a vida profissional deles.
Para saber quais decisões tomar, os estudantes precisarão conhecer a si
mesmos, reconhecer as oportunidades que existem, quais suas aptidões e
sonhos e quais caminhos devem ser percorridos para que alcancem os seus
objetivos.
Pensando nisso, o Novo Ensino Médio traz o Projeto de Vida, em que o
professor é um orientador que ajudará os estudantes a reconhecer habilidades,
competências e desejos para que desenvolvam seu potencial.
Pensando em seus projetos de vida, respondam às questões a seguir.
1. Você já pensou sobre o que fará profissionalmente?
2. Sua futura atuação profissional está relacionada a seu projeto de vida? Que
outros aspectos o seu projeto de vida também compreende?
3. O lugar em que você vive oferece oportunidades para desenvolver suas po-
tencialidades ou meios para que você atinja seus objetivos? Explique.
4. A área profissional na qual você pretende atuar se relaciona de alguma forma
com as novas tecnologias? Veja respostas e orientações
no Manual do Professor.
ESSE TEMA SERÁ
RETOMADO NA
SEÇÃO PRÁTICA
16
Mulheres trabalhando na montagem da fuselagem do bombardeiro B-17 durante a Segunda
Guerra Mundial, na Califórnia (Estados Unidos), em 1942.
Buyenlarge/Getty
Images
17
As ações humanas sobre a natureza redefiniram
as condições necessárias à vida: a princípio, apenas
alimentação e abrigo, mas, com o desenvolvimento da
vida em sociedade, novas necessidades e soluções
surgiram ou foram criadas. É usual denominar trabalho
como as atividades humanas que visam à obtenção de
algumobjetivo,ouseja,quetêmumafinalidade.Taisati-
vidades partilhadas entre homens e mulheres pela so-
brevivência do grupo foram se transformando ao longo
de milhares de anos. A plantação já foi tarefa quase ex-
clusiva das mulheres no alvorecer do Período Neolítico
e do surgimento da agricultura, entre 12 e 10 mil anos
atrás, para os povos que associavam o cultivo à fecun-
didade da mulher. Uma peça de roupa que hoje é resul-
tado da aplicação do trabalho de diferentes pessoas em
diferentes indústrias (uma produz o fio de algodão, ou-
traaplicaatinturaria,outracortaecostura,outravende,
outras gerenciam todas essas etapas e outras lucram)
já foi tarefa de um único trabalhador artesão nas socie-
dades pré-capitalistas.
Diante desse longo cenário da história das civiliza-
ções, vamos refletir neste capítulo sobre as concep-
ções de trabalho para, em seguida, avançarmos em
períodos mais recentes do nosso tempo. Examinam-
-se as mais diversas noções de trabalho que variaram
no tempo e ao longo das diferentes sociedades: como
punição, como tarefa de homens não livres, como
escravidão, como trabalho servil numa sociedade de
dependências, como trabalho industrial assalariado,
como trabalho alienado, como braçal ou intelectual,
Contexto
Concepções
de trabalho
1
OBJETIVOS
• Construir diferentes visões sobre o conceito de
trabalho, diferenciando os contextos históricos em que
foram desenvolvidos.
• Diferenciar as manifestações sociais do trabalho,
como escravidão, servidão, trabalho livre e trabalho
assalariado.
• Aplicar os conceitos de grupos sociais, como castas,
estamentos e classe social, para compreensão da
realidade.
• Diferenciar o significado do trabalho na Antiguidade e
na Idade Média europeia.
• Compreender a escravidão doméstica africana e a
escravidão capitalista dos tempos modernos.
• Conhecer discussões sobre trabalho assalariado,
cooperativas e trabalho criativo.
JUSTIFICATIVA
Otrabalhoéaformacomoossereshumanosagemsobre
anaturezademodoatransformá-laparaproduzircoisas
úteisàsuasobrevivência.Oconceitodetrabalhomudou
aolongodahistóriaeorganizoudiferentesestruturas
sociais.Assim,otrabalholivreassalariadonãoéaforma
quepredominounamaiorpartedahistóriadascivilizações
ocidentais.Estecapítulobuscaanalisarastransformações
doconceitodetrabalhoepropõeumencaminhamentopara
desenvolverahabilidadecríticadoestudanteparaanalisar
asrelaçõesdeproduçõesetambémsuaatualoufutura
participaçãonomercadodetrabalho.
COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC
• Competências gerais da Educação Básica: CG1, CG2,
CG3, CG4, CG5, CG6, CG7, CG9 e CG10.
• Competências e habilidades específicas de Ciências
Humanas e Sociais Aplicadas: Competência 1:
EM13CHS103; Competência 2: EM13CHS201;
EM13CHS202; Competência 4: EM13CHS401;
EM13CHS403; EM13CHS404; Competência 5:
EM13CHS504.
TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS
Economia
• Trabalho
Cidadania e Civismo
• Vida familiar e social
C
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P
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como trabalho remunerado ou não, como trabalho doméstico, como distin-
ção social, como centro ou não da vida, enfim, diferentes formas de como o
trabalho é vivido e sentido.
Reflita sobre o papel e a centralidade que o trabalho desempenha em nos-
sa vida com base nas questões abaixo e anote as respostas no caderno. Ao
final do capítulo, retornaremos a elas a fim de discutir e compreender de que
modo o trabalho afeta a vida de todos nós.
NÃO ESCREVA NO LIVRO
1. Para você, o trabalho é uma forma de realização pessoal? Por quê? Se
não o é ainda, você espera que algum dia seja?
2. Pessoas ricas que não necessitam trabalhar dificilmente são vistas pela
sociedade como desocupadas. No entanto, o mesmo não é dito do traba-
lhador que perde seu emprego e fica meses desempregado. Em que medi-
da o trabalho está associado à dignidade pessoal em nossa sociedade?
3. Além do trabalho livre assalariado, quais outros tipos de trabalho – remu-
nerados ou não – você reconhece na sociedade?
4. A revolução tecnológica pela qual o mundo tem passado nos últimos
anos fez surgir uma série de áreas de atuação e/ou profissões? Você
conhece áreas de atuação que surgiram recentemente? Elas são vistas
como profissões? Veja as respostas no Manual do Professor.
Artesão de comunidade indígena confeccionando esteira em palha de junco e usando máscara
durante pandemia do coronavírus, em Garopaba (SC), em 2020.
Eduardo
Zappia/Pulsar
Imagens
19
Sobre o conceito de trabalho
Ao pensarmos na palavra trabalho é provável que a maioria das pessoas a
associe a uma linha de montagem em uma fábrica ou a alguma atividade em
um escritório, com muitos funcionários. E elas não estão erradas em pensar
dessa maneira. Afinal, no mundo contemporâneo a atuação profissional da
maioria das pessoas acontece nos setores da indústria e, principalmente, de
serviçosquesecaracterizam,geralmente,porgrandesfábricaseescritórios.
Operadores de telemarketing, Rio de Janeiro (RJ), 2017.
Linha de produção de telefones celulares em Namanve
(Uganda), em 2019.
Mas não podemos nos limitar a essas duas representações sobre o tra-
balho. Isso porque, em primeiro lugar, as áreas de atuação profissional vão
muito além de fábricas e escritórios e, em segundo lugar, porque trabalho é
um conceito com múltiplos sentidos e que é utilizado por diferentes áreas do
conhecimento e extrapola uma atividade profissional remunerada.
Nas Ciências da Natureza, em especial na Física, trabalho é um conceito
que relaciona uma força ao deslocamento de um corpo. Esse conceito será
útil para iniciar nossa discussão.
Em termos mecânicos, o trabalho é uma quantidade de energia transferida
pelaaplicaçãodeumaforçaaumcorpoqueodeslocaemdeterminadadireção.
Podeparecerestranho,àprimeiravista,recorreràFísicaparaoestudodeum
tema na área de Ciências Humanas. Contudo, tal afirmação evidencia um dos
traçosessenciaisdotrabalho:aaplicaçãodeenergiacomvistasaumobjetivo.
Ou seja, o trabalho, para as Ciências Humanas, é a aplicação da energia de
umindivíduoparaarealizaçãodeumatarefa,paraarealizaçãodeumobjetivo.
Quando um agricultor manuseia uma enxada para plantar sementes que
em pouco tempo vão germinar e se tornar alimentos, o trabalho realizado
pode ser descrito como a energia que o lavrador transfere à enxada que re-
sulta na força empregada no revolvimento do solo.
Assim também poderemos pensar em outros trabalhadores cuja “força
em ação” (este é o sentido da palavra “energia”) é empregada para a reali-
zação de uma determinada finalidade. O trabalho é a causa dessa realização.
© Luke Dray/Getty Images
Lucas
Tavares/Fotoarena/www.fotoarena.com.br
20
O trabalho está presente na vida dos seres humanos desde os tempos
mais remotos, seja por meio da coleta de alimentos, da caça de animais, seja
pela construção dos abrigos mais rudimentares para se proteger e ter as ne-
cessidades básicas minimamente atendidas. Diferentes sociedades criaram
mitos sobre uma época em que os seres humanos não precisavam trabalhar
para viver. Nas sociedades ocidentais e cristãs talvez o mito mais difundido
seja o de Adão e Eva.
Nessa versão, o primeiro homem e a primeira mulher criados por Deus vi-
viam no Paraíso: o jardim do Éden, repleto de árvores com diversos frutos,
bastando colhê-los para se alimentar e viver. Nenhum trabalho ou esforço
eram necessários para a manutenção da vida. Deus disse a Adão e Eva que
eles poderiam colher os frutos que quisessem, a não ser o da árvore do co-
nhecimento. Eva, ludibriada pela serpente, colhe e oferece a Adão o fruto des-
sa árvore, que ambos comem. Por descumprirem a ordem de Deus foram ex-
pulsos do Paraíso. Desde então, eles e todos os demais seres humanos são
obrigadosa“lavraraterradequeforatomado”.“Nosuordoteurostocomerás
o teu pão” (Gênesis 3:19;23).
O pecado original e a expulsão do Paraíso, de Michelangelo Buonarroti (1475-1564), 1509,
uma das obras-primas do artista, é uma das cenas do conjunto de afrescos pintados na Capela
Sistina, Vaticano, sobre passagens da Bíblia, tanto do Antigo Testamento quanto do Novo
Testamento.
NÃO ESCREVA NO LIVRO
Dessa forma o mito da queda relaciona o trabalho à sobrevivência dos se-
res humanos: se não trabalharmos, não nos alimentaremos. O trabalho res-
pondeàsnecessidadesquesãoprópriasdacondiçãohumana,necessidades
essas ligadas à sua vida econômica.
1. Como você avalia o trabalho? Trata-se de uma punição (uma obrigação ou
necessidade) ou ele envolve realização pessoal, uma forma de contribuir para a
construção de um mundo melhor? Qual visão você tem sobre ele? Explique.
2. Você acha que a visão que tem sobre o trabalho é decorrente de aspectos do meio
social do qual você faz parte ou de aspectos culturais mais amplos? Justifique.
Veja as respostas no Manual do Professor.
Conversa
Bridgeman
Images/Easypix
Brasil/Museus
do
Vaticano,
Cidade
do
Vaticano.
21
NÃO ESCREVA NO LIVRO
22
CONEXÕES
LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS
Público, privado, liberdade e
punição
Conhecer a etimologia dos termos ligados ao universo do trabalho nos
permite compreender um pouco da história sobre o trabalho em si e as ques-
tões que a ele estão relacionadas.
A palavra “trabalho” vem da palavra latina tripalium, que significa, lite-
ralmente, “três (tri) paus (palium)”. Inicialmente utilizado na lavoura como
uma ferramenta para separar os grãos do trigo, o tripalium passou a ser usa-
do como instrumento de tortura.
E, curiosamente, da mesma forma que na narrativa da tradição judaico-
-cristã, o trabalho passou a ser associado a uma forma de punição.
Mas, mesmo antes dos romanos, o trabalho ficou identificado com a pri-
vação da liberdade.
Na Grécia antiga, tratar dos assuntos públicos, das coisas da cidade (pólis
em grego), era um privilégio para aqueles que não precisavam se dedicar
aos assuntos da casa (oikos em grego).
Tudo o que é relativo ao que conhecemos hoje por “esfera privada”: a famí-
lia, os bens materiais, a propriedade e, por extensão, toda a produção ma-
terial para a subsistência, pertence à ideia de oikos. Assim, a esfera privada
inclui também o mundo dos negócios.
Como termo, “negócio” nada mais é do que a “negação do ócio”. Ócio signi-
fica repouso, descanso, tempo livre, ou seja, o não trabalho. Portanto, negócio
é ocupação, trabalho e privação de liberdade para discutir os temas da cidade.
Da mesma forma a “economia” estava subordinada ao universo domés-
tico, uma vez que a palavra “economia” deriva do grego, oikonomía: as “leis”
(nómos) que presidem a “casa” (oikos).
Em oposição à oikos – esfera privada – temos a pólis, isto é, a “cidade”,
que corresponde a tudo o que hoje entendemos por “esfera pública”.
Se a esfera privada é regida pela necessidade, a esfera pública, a política,
tal como os gregos antigos a praticaram, era regida pela liberdade: apenas os
cidadãos livres participavam da política.
Em grupos:
1. Tomando o texto, de início, discutam cada um dos itens:
a)Tripalium e trabalho;
b)Trabalho e liberdade;
c)Assuntos públicos e a pólis grega;
d)Assuntos privados, negócios, economia e o
oikos.
2. Passo seguinte – Presente/passado: Quais relações podem (ou não podem) ser feitas a partir das
discussões com o trabalho nos dias atuais na sua cidade?
3. Quais seriam os exemplos?
Veja as respostas no Manual do Professor.
ManuRoquette/Wikipedia/Wikimedia
Commons
Reprodução/RTM
Educacional
Acima, uma representação
de um tripalium. Abaixo,
capa do livro Entre o
tripalium e a revolução 4.0,
organizado por Ana Maria
Aparecida de Freitas, Fábio
André de Farias e Laura
Pedrosa Caldas.
Na Antiguidade, especialmente entre os gregos, o trabalho era majoritaria-
mente realizado pelos escravos, sobretudo aqueles que, à época, contavam
para a economia, como produção e fabricação de bens. Para podermos me-
lhor compreender o trabalho como toda atividade humana que transforma ou
dá uma nova forma a uma matéria com vistas a um fim ou objetivo, vale nos
debruçar sobre a teoria da causalidade de Aristóteles, resumida abaixo pela
filósofa Marilena Chaui (1941-):
A teoria aristotélica das quatro causas, tal como foi recolhida e con-
servada pelos pensadores medievais, é uma das explicações encontradas
pelo filósofo para dar conta do problema do movimento. Haveria, então,
uma causa material (a matéria de que um corpo é constituído, como, por
exemplo, a madeira, que seria a causa material da mesa), a causa for-
mal (a forma que a matéria possui para constituir um corpo determinado,
como, por exemplo, a forma da mesa que seria a causa formal da madei-
ra), a causa motriz ou eficiente (a ação ou operação que faz com que uma
matéria passe a ter uma determinada forma, como, por exemplo, quando
o marceneiro fabrica a mesa) e, por último, a causa final (o motivo ou a
razão pela qual uma determinada matéria passou a ter uma determinada
forma, como, por exemplo, a mesa feita para servir como altar em um
templo). Assim, as diferentes relações entre as quatro causas explicam
tudo que existe, o modo como existe e se altera, e o fim ou motivo para o
qual existe.
CHAUI, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 2017.
Foi preciso esperar até a modernidade, com a ascensão da burguesia ao
poder nas sociedades ocidentais, para que o trabalho fosse redefinido como
trabalho assalariado, “trabalho pelo qual se paga”, trabalho livre. Desde en-
tão, o trabalho até se revestiu de dignidade, emergindo a visão de que aquele
que não trabalha é indigno, um desocupado, por vadiagem, preguiça ou aco-
modação.
Trabalho como transformação
Tomando as causalidades de Aristóteles, se identificamos o trabalho com
a causa motora ou eficiente, é porque tínhamos em mente o trabalho manual.
Mas se considerarmos, por exemplo, a construção
de uma casa, teremos as seguintes causas:
• Causa final: moradia para uma família.
• Causa material: tijolos e cimento, definidos em
função do conforto térmico, acústico e outras
propriedades.
• Causa eficiente: são os trabalhadores (mes-
tres de obras, pedreiros, encanadores, eletri-
cistas, entre outros).
• Causa formal: é o projeto da casa, realizado
pelo arquiteto ou engenheiro.
1. A qual das
quatro causas
apresentadas
no texto
corresponderia o
trabalho?
2. Escolha um
objeto comum
do cotidiano e o
descreva segundo
as quatro causas
que contribuíram
para produzir esse
objeto.
Veja as respostas no
Manual do Professor.
Interpretar
NÃO ESCREVA NO LIVRO
Pedreiros trabalhando na construção de uma casa em Ouro
Fino (MG), em 2016.
João
Prudente/Pulsar
Imagens
23
Assim, o trabalho do arquiteto ou do engenheiro se relaciona com a causa
formal da casa, embora em relação ao projeto sejam eles causas eficientes.
Os demais trabalhadores, pedreiros e outros, estão subordinados às ordens
do arquiteto ou do engenheiro. E estes últimos estão, por sua vez, subordi-
nados a quem responde pela causa final, quem enfim contratou o projeto, o
proprietário da futura casa.
Essa divisão entre causas estabelece uma hierarquia entre elas. Todo o
processo de construção da casa está subordinado, em última medida, à fa-
mília que contratou os serviços dos vários profissionais envolvidos nesse
trabalho. Claro que no modelo de autoconstrução, no qual é o morador quem
edifica sua própria casa, causas final, eficiente e formal estão concentradas
numa mesma pessoa.
Leia o texto abaixo, que trata sobre essa hierarquização entre as causas
aristotélicas:
Um aspecto fundamental dessa teoria da causalidade [de Aristóteles]
consiste no fato de que as quatro causas não possuem o mesmo valor, isto
é, são concebidas como hierarquizadas indo da causa mais inferior à causa
superior. Nessa hierarquia, a causa menos valiosa ou menos importante é a
causa eficiente (a operação de fazer a causa material receber a causa formal,
ou seja, o fabricar natural ou humano) e a causa mais valiosa ou mais impor-
tante é a causa final (o motivo ou finalidade da existência de alguma coisa).
À primeira vista, essa teoria é uma pura concepção metafísica que
serve para explicar de modo coerente e objetivo os fenômenos naturais
(física) e os fenômenos humanos (ética, política e técnica). Nada parece
indicar a menor relação entre a explicação causal do universo e a realida-
de social grega. Sabemos, porém, que a sociedade grega é escravagista e
que a sociedade medieval se baseia na servidão, isto é, são sociedades que
distinguem radicalmente os homens em superiores – os homens livres,
que são cidadãos, na Grécia, e senhores feudais, na Europa medieval – e
inferiores – os escravos, na Grécia, e os servos da gleba, na Idade Média.
CHAUI, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 2017.
NÃO ESCREVA NO LIVRO
• O texto estabelece um paralelo entre a composição social da Grécia antiga e a
da sociedade medieval com duas causas aristotélicas. Identifique o paralelo,
relacionando a causa a que correspondem os homens livres e senhores
feudais e a causa a que correspondem os escravos e servos.
Veja as respostas no Manual do Professor.
Interpretar
Grécia e Roma. Pedro Paulo Funari. Editora Contexto, 2001.
O livro traz uma rica introdução às civilizações grega e romana
e suas contribuições à formação das sociedades ocidentais,
abordando, entre outros temas, a questão do trabalho na estrutura
dessas sociedades.
Saber
Reprodução/Editora
Contexto
24
O trabalho como exploração
Qualquer que seja a visão que tenhamos sobre o trabalho (se manual ou
intelectual,sedignificanteoupunitivo),todaselaspartemdeummesmopon-
to: o trabalho envolve algum grau ou etapa de transformação da natureza ou
damatériacomvistasàproduçãodealgoquetenhaalgumaimportânciapara
alguém, ou que seja visto como válido pela sociedade em que está inserido.
Na sociedade capitalista moderna, o trabalho parece algo individual, de-
pendente apenas do indivíduo. Ele é, contudo, essencialmente social. Nenhu-
ma empresa, nenhum empreendedor produz todos os materiais e componen-
tes necessários para a confecção do produto que fabrica. Tomemos como
exemplo uma empresa que produz celulares. Ela não produz o chip, a tela, o
plástico, os circuitos: reúne todas essas peças produzidas por outras empre-
sas a fim de fabricar o celular. Muitas vezes, nem mesmo fabrica, apenas pro-
jetaedesenvolveoprodutoeterceirizaafabricaçãoparaoutraempresa.Esse
fato nos revela que o trabalho é configurado a partir de uma divisão social.
Nointeriordeumamesmaempresa,otrabalhotambémédivididoemfun-
ções, que podemos separar em dois grandes grupos: os gestores e os subor-
dinados. Esses dois grupos também estão sujeitos a novas divisões: direto-
res e gerentes coordenam o trabalho de mecânicos, engenheiros e pintores
emumamontadoraautomobilística,porexemplo.Enquantoostrabalhadores
produzem o produto que será vendido no mercado, gestores acompanham e
coordenam o trabalho dos demais.
Essa divisão entre grupos de acordo com diferentes funções no processo
produtivo também ocorria em outras sociedades em que o trabalho estava
estruturado de diferentes formas: escravos e homens livres; servos e senho-
res feudais, etc. São hierarquizações formadas por estratos sociais (vem
do latim stratum, “camada”) segundo as diferentes funções que grupos
desempenham no processo produtivo.
A sociologia busca a compreensão dessa constituição das hierar-
quizações e suas desigualdades, designada estratificação social,
por meio da qual “vantagens e recursos tais como riqueza, poder
e prestígio são distribuídos sistemática e desigualmente nas ou
entre sociedades”.
Uma das representações mais comuns da estratificação
social é o gráfico na forma de um triângulo, no qual as ca-
madas menos favorecidas se encontram na base e as ca-
madas de maior nível socioeconômico se encontram no
topo. Mas a estratificação social não é exatamente a
mesma em toda época ou em todo lugar. Os modos de
organização social mudam muito de uma sociedade
paraoutra,mas,deformageral,podemosdestacar
três grandes sistemas de estratificação social:
as castas, os estamentos e as classes sociais.
Pirâmide representando o sistema de castas. Apesar de
banidas por lei, as castas ainda sobrevivem na Índia rural.
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Brâmanes
Xátrias
Vaixás
Sudras
Párias: os "sem castas".
25
O sistema de castas é uma forma de estratificação social que
leva em consideração fatores como linhagem familiar, ofícios,
tradições, religiosidade e uma noção cultural de pureza ou im-
pureza de indivíduos pertencentes a determinadas famílias.
Não há mobilidade social. A Índia, por exemplo, é um país
de religião hinduísta marcado pela existência de castas,
sendo a mais elevada os brâmanes (atividades religio-
sas e intelectuais) e a mais baixa os sudras (ativida-
des serviçais); há também os párias (sem castas).
Embora as castas tenham sido banidas por lei, per-
manecem nas relações sociais, principalmente
na zona rural.
O sistema de estamentos é aquele nos
quais as camadas se definem a partir das
atividades desempenhadas e do status so-
cial, mas sem os aspectos religiosos nem
as noções de pureza características das
castas. As sociedades estamentais se
distinguem ainda por seu baixo nível
de mobilidade social. Diferentemente
das castas, nas quais um indivíduo ja-
mais muda sua posição na sociedade,
a mudança de um estamento a outro
pode acontecer, embora muito difícil. O
exemplo mais tradicional de um sistema estamental é a Europa na época
da Idade Média feudal.
O sistema de classes é aquele em que as camadas sociais se definem
principalmente a partir das diferenciações de ordem econômica e no qual é
possível a mobilidade social. Em um sistema de classes a desigualdade eco-
nômica está geralmente associada a uma desigualdade de capital cultural e
de poder político. Desigualdade de capital cultural porque são geralmente as
camadas mais ricas que têm mais acesso a bens culturais, como escolariza-
ção e outros meios de acesso à informação e ao conhecimento. Desigualda-
de de poder político porque geralmente também são as camadas mais altas
aquelas que detêm maior capacidade de atuação nas instituições políticas.
Na prática, em uma sociedade de classes, é raro, mas não proibido ou im-
possível, que apenas pela via do mercado uma pessoa que tenha nascido em
uma família pobre suba na escala social e se torne um milionário, ou vice-
-versa. Mas há situações em que a mobilidade social pode ser significativa,
como no caso da implementação de programas sociais que retirem milhões
de famílias da miséria, ou de uma crise econômica que leve a um “achata-
mento” das classes sociais. De qualquer modo, o conceito de classe se apli-
ca às sociedades nas quais a desigualdade social não é vista como tendo
origem na natureza ou como fruto de um desígnio divino, mas como resulta-
do das ações humanas.
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a
Na ordenação estamental, a camada superior e dominante era formada pelo
clero (especialmente o alto clero, composto de bispos, arcebispos e o papa)
e pelos nobres. Abaixo dos senhores feudais ficavam alguns trabalhadores
rurais submetidos ao senhor e instalados nas terras deste, os chamados
vilões. O estamento inferior era constituído pelos servos, a maioria da
população, geralmente descendentes dos antigos colonos romanos. Os
servos eram obrigados a pagar diversos tributos aos senhores.
26
Em várias referências e nas pesquisas de mercado, como vemos nas pu-
blicações todos os dias, é comum usar classe no sentido de estrato ou “ca-
mada”. Isso aparece como sendo dados ou opiniões obtidas, por exemplo, de
indivíduos da classe A (de altas rendas), da classe B (de renda média) e da
classe C (de baixa renda). São descrições da sociedade, fundadas em renda,
sem uma visão histórica dos conflitos e tensões que permeiam o conjunto
social. Em contraposição, vejamos o conceito de classe social advindo dos
trabalhos do filósofo e economista alemão Karl Marx (1818-1883) e, em se-
guida, algumas indicações do sociólogo e economista também alemão Max
Weber (1864-1920).
Segundo a teoria marxista, a relação entre classes é sempre de contra-
posição, uma explora o trabalho da outra. Daí a frase de Karl Marx de que a
história da humanidade é “a história da luta de classes”. Na sociedade capi-
talista, na qual o trabalho assume a forma assalariada, as classes que com-
põem o processo produtivo são os capitalistas (ou a burguesia), que detêm
os meios de produção, e os trabalhadores (ou o proletariado ou operariado),
que, por não possuírem nada além de seu corpo e sua energia, vendem sua
força de trabalho em troca de um salário.
Meios de produção
Meios de produção são as máquinas, os instrumentos, as instalações e as terras
necessárias para a atividade produtiva realizada pelo trabalhador.
Conceitos
Esse processo pelo qual o trabalhador, despossuído de meios, vende sua
força de trabalho resulta na alienação. A palavra alienação vem do latim alie-
nare, “que não pertence a si”. Por vender sua força de trabalho, nem a ativi-
dade realizada nem o produto que é produzido pelo trabalhador pertencem a
ele. O trabalhador não escolhe como vai trabalhar nem em que ritmo e, mui-
tas vezes, nem sequer escolhe o que vai produzir.
Leiaotextoabaixo,emqueaquestãodaalienaçãonotrabalhoéretratada.
O trabalhador só se sente junto a si quando fora do trabalho e fora de
si quando no trabalho. Está em casa quando não trabalha e, quando tra-
balha, não está em casa. O seu trabalho não é, portanto, voluntário, mas
forçado, trabalho obrigatório. O trabalho não é, por isso, a satisfação de
uma carência, mas somente um meio para satisfazer necessidades fora
dele [...] Finalmente, a externalidade do trabalho aparece para o traba-
lhador como se o trabalho não fosse seu próprio, mas de um outro, como
se o trabalho não lhe pertencesse, como se ele
no trabalho não pertencesse a si mesmo, mas a
um outro. Assim a atividade do trabalhador não
é a sua autoatividade. Ela pertence a outro, é a
perda de si mesmo.
MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos.
São Paulo: Boitempo, 2010, p. 83.
1. É necessário que o trabalho seja obrigatório,
forçado e alienado a outro? Por quê?
2. Haveria outras formas de trabalho escapando da
alienação? Veja as respostas no
Manual do Professor.
Interpretar NÃO ESCREVA NO LIVRO
27
Entre a burguesia e o operariado, eixos da sociedade capitalista, existem
outros grupos sociais (pequenos negócios, pequenas e médias proprieda-
des, funcionários públicos, profissionais liberais, etc.) denominados classe
média, um grupo não homogêneo e oscilante na atuação social e política,
segundo a visão marxista.
Para Marx, classe social é uma categoria histórica, como burguesia e pro-
letariado, ligada ao desenvolvimento das sociedades, fundamental para a
concepção das relações sociais com seus antagonismos.
Para o sociólogo Max Weber, diferentemente de Marx, para quem o eixo
analítico está na produção social e na exploração do trabalho, é o indivíduo o
elemento central da explicação da realidade social. Weber toma como chave
de sua análise a ação social, realizada pelo agente ou agentes.
Assim, Weber utiliza o termo classe referindo-se às oportunidades da
vida, às conquistas do que se deseja e se consegue do mercado, juntando
com outras duas dimensões de desigualdade, o poder e o prestígio. “O enfo-
que multidimensional de Weber amplia a análise da classe, como ajuda a ex-
plicar as complexidades da posição e relações de classes, em especial se as
relações são consideradas no contexto das três dimensões de desigualdade
e dos fatos que a afetam.”
Trabalho em comunidades tradicionais
No Brasil, de acordo com o Decreto n. 6 040/2007 em seu artigo 3o
inciso I,
Povos e Comunidades Tradicionais são “grupos culturalmente diferenciados e
que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização
social,queocupameusamterritórioserecursosnaturaiscomocondiçãopara
sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando
conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição”.
As comunidades tradicionais podem ser formadas por caboclos, indígenas,
posseiros negros e até colonos de ascendência europeia. São homens e mu-
lheres cuja identidade está ligada à terra e ao trabalho comunitário.
Para as comunidades tradicionais, sobretudo aquelas remanescentes de
quilombos, a grande questão que se coloca ainda nos dias de hoje é a obten-
ção oficial da propriedade da terra. Sempre houve um esforço para consoli-
dação dos espaços ocupados por essas comunidades, haja vista que, desde
1850, com a promulgação da Lei de Terras, o governo brasileiro impediu a
entrega gratuita de terras pelo Estado, forçando a compra dos lotes, refor-
çando o poder das elites proprietárias e praticamente impedindo o acesso à
terra aos escravizados que seriam libertos décadas depois. Essa luta secular
resultou na aprovação do artigo 68 no Ato das Disposições Transitórias, pela
Constituição de 1988:
Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que este-
jam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, deven-
do o Estado emitir-lhes os títulos respectivos.
BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Constituição da
República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/
constituicao.htm#adct. Acesso em: 31 jul. 2020.
JOHNSON, Allan G.
Dicionário de sociologia:
guia prático da linguagem.
Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor, 1997. p. 38.
28
Um traço marcante das comunidades tradicionais é o esforço para a ma-
nutenção de suas memórias e de seus elementos simbólicos que compõem
a identidade dos grupos. Um dos elementos de manutenção das culturas tra-
dicionais é a forma como o trabalho é desempenhado. Nele é comum o uso de
recursos naturais de modo equilibrado porque há a preocupação em manter
a estrutura construída para as gerações posteriores, que são, geralmente,
comunidades marcadas pela economia de subsistência. Diferentemente de
outras, as comunidades tradicionais consideram o território como elemen-
to simbólico e mítico, um lugar no qual seus valores são constantemente
reconstruídos em conexão com seu passado e conhecimentos ancestrais,
produzindo um modo de vida associativo e/ou coletivo. Ou seja, o ritmo de
reprodução do modo de vida social se dá em compasso com o ritmo natural.
Dessa forma o trabalho mantém uma profunda interdependência com a
natureza, o desejo de viver em comum, as redes de solidariedade, a partilha
igualitária dos valores de uso e dos valores monetários, a posse comunitária
da terra e de outras riquezas inscritas nas comunidades e a não exploração
de outro indivíduo como eixo estruturante da organização social. Segundo os
pesquisadores Ângela Souza e Carlos Brandão, as comunidades tradicionais
apresentam relações sociais que:
[...] dão características de vínculos e afeição com o lugar de existência.
Os viventes deste lugar constroem laços interativos de afetividade, consi-
derando o território como uso, apropriação, afeições e símbolos caracte-
rísticos de um espaço heterogêneo
BRANDÃO, Carlos R.; SOUZA, Angela F. G. de. Ser e viver enquanto comunidades tradicionais.
Mercator, Fortaleza, v. 11, n. 26, set./dez. 2012, p 111. Disponível em: www.mercator.ufc.br.
Acesso em: 20 jun. 2020.
Muitas vezes o termo “tradicional” pode ser mal compreendido, carregado
de significado pejorativo que faz referência a algo ultrapassado, “atrasado”,
que se opõe ao que é novo e moderno. São tradições que carregam uma pers-
pectiva de vida e visão de mundo que podem não ser compreendidas de acor-
do com os paradigmas da sociedade moderna, causando uma certa estranhe-
za com relação à produção material e imaterial da vida cotidiana. No entanto,
é importante salientar que as comunidades tradicionais preconizam outro
modo de vida, que pode conviver em harmonia com as conquistas da moder-
nidade e até mesmo incorporá-las para o melhoramento do seu bem-estar.
NÃO ESCREVA NO LIVRO
• Existem povos
e comunidades
tradicionais no
município ou no
estado em que você
vive? Pesquise e
elabore um texto
para descrever
as principais
características
culturais dessa
comunidade e
indicar os principais
desafios que encontra
atualmente para
manter seu modo de
vida. Busque saber
sobre a questão
fundiária do local onde
vivem e inclua essa
informação.
Veja resposta no
Manual do Professor.
Conversa
Maloca da comunidade
Ingarikó do Manalaiula usada
para aulas na Terra Indígena
Raposa Serra do Sol, em
Uiramutã (RR), em 2018.
Marcos
Amend/Pulsar
Imagens
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  • 1. MANUAL DO PROFESSOR em Ciências Humanas Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas ENSINO MÉDIO Cláudio Vicentino Eduardo Campos Eustáquio de Sene MANUAL DO PROFESSOR em Ciências M A T E R I A L D E D I V U L G A Ç Ã O − V E R S Ã O S U B M E T I D A À A V A L I A Ç Ã O C Ó D I G O D A C O L E Ç Ã O : 0 1 5 2 P 2 1 2 0 4 C Ó D I G O D A O B R A : 0 1 5 2 P 2 1 2 0 4 1 3 6
  • 2.
  • 3. MANUAL DO PROFESSOR Área de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas ENSINO MÉDIO Cláudio Vicentino Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade de São Paulo (USP) Professor de História no Ensino Médio e em cursos pré-vestibulares. Autor de obras didáticas e paradidáticas para Ensino Fundamental e Ensino Médio Eduardo Campos Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP) Mestre em Educação pela Universidade de São Paulo (USP) CoordenadoreducacionalepedagógicodoEnsinoFundamental(anosfinais) e do Ensino Médio. Professor na Educação Básica e no Ensino Superior Eustáquio de Sene Bacharel e licenciado em Geografia pela Universidade de São Paulo (USP) Mestre e doutor em Geografia Humana pela Universidade de São Paulo (USP) Professor de Geografia do Ensino Médio na rede pública e em escolas parti- culares. Professor de Metodologia do Ensino de Geografia na Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo por 5 anos 1a edição, São Paulo, 2020 em Ci•ncias Humanas
  • 4. 2 Presidência: Paulo Serino Direção editorial: Lauri Cericato Gestão de projeto editorial: Heloisa Pimentel Gestão de área: Brunna Paulussi Coordenação de área: Carlos Eduardo de Almeida Ogawa Edição: Izabel Perez, Tami Buzaite e Wellington Santos Planejamento e controle de produção: Vilma Rossi e Camila Cunha Revisão: Rosângela Muricy (coord.), Alexandra Costa da Fonseca, Ana Paula C. Malfa, Ana Maria Herrera, Carlos Eduardo Sigrist, Flavia S. Vênezio, Heloísa Schiavo, Hires Heglan, Kátia S. Lopes Godoi, Luciana B. Azevedo, Luís M. Boa Nova, Luiz Gustavo Bazana, Patricia Cordeiro, Patrícia Travanca, Paula T. de Jesus, Sandra Fernandez e Sueli Bossi Arte: Claudio Faustino (ger.), Erika Tiemi Yamauchi (coord.), Keila Grandis (edição de arte), Arte Ação (diagramação) Iconografia e tratamento de imagens: Roberto Silva (coord.), campos de iconografia (pesquisa iconográfica), Cesar Wolf (tratamento de imagens) Licenciamento de conteúdos de terceiros: Fernanda Carvalho (coord.), Erika Ramires e Márcio Henrique (analistas adm.) Ilustrações: Fórmula Produções, Douglas Galindo e Rodval Matias Cartografia: Mouses Sagiorato e Ericson Guilherme Luciano Design: Luis Vassallo (proj. gráfico, capa e Manual do Professor) Foto de capa: Sigrid Olsson/PhotoAlto/Getty Images Todos os direitos reservados por Editora Ática S.A. Avenida Paulista, 901, 4o andar Jardins – São Paulo – SP – CEP 01310-200 Tel.: 4003-3061 www.edocente.com.br atendimento@aticascipione.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Angélica Ilacqua - CRB-8/7057 2020 Código da obra CL 720006 CAE 729787 (AL) / 729788 (PR) 1a edição 1a impressão De acordo com a BNCC. Envidamos nossos melhores esforços para localizar e indicar adequadamente os créditos dos textos e imagens presentes nesta obra didática. Colocamo-nos à disposição para avaliação de eventuais irregularidades ou omissões de créditos e consequente correção nas próximas edições. As imagens e os textos constantes nesta obra que, eventualmente, reproduzam algum tipo de material de publicidade ou propaganda, ou a ele façam alusão, são aplicados para fins didáticos e não representam recomendação ou incentivo ao consumo. Impressão e acabamento
  • 5. 3 Apresentação Caro(a) estudante, Neste volume, o conceito central abordado é o trabalho, uma das ati- vidades que singulariza o ser humano por seus diferentes significados e características que assume ao longo da história, distinguindo grupos so- ciais e sendo umas das principais forças na produção e organização do espaço geográfico. Sem dúvida esse é um tema essencial para você interpretar o Brasil e o mundo e avaliar a comunidade em que vive e sua família, assim como vislumbrar os possíveis cenários futuros – considerando os impactos dos acelerados avanços tecnológicos e as transformações decorrentes deles – e avaliar suas possibilidades de formação, emprego e eventualmente carreira, identificando as competências e habilidades que já tem e aquelas que precisa desenvolver para poder atuar no seu campo de interesse. Essa abordagem de temas e reflexões que dizem respeito à sua rea- lidade oferece bases para tomada de decisões e contribui para que você construa seu projeto de vida. Ao longo deste volume, você vai avaliar diferentes indicadores que possibilitam perceber e verificar desigualdades e, assim, terá base para mobilizar a comunidade em que vive, promovendo as transformações ne- cessárias para a construção de uma sociedade mais justa. Bom estudo! Os autores.
  • 6. 4 Conheça seu livro Produção e trabalho nos dias atuais 2 UNIDA D E Contexto É comum atribuir o rápido desenvolvimento econômico chinês à enorme oferta de mão de obra barata. No entanto, é preciso levar em conta que essa mão de obra é consideravelmente qualificada, com bons índices de escolaridade. O economista Welinton dos Santos, em um artigo sobre o BRICS (acrônimo composto das iniciais dos países emergentes, a saber: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) publicado em 2012 no jornal russo Pravda, afirmou: “A arma secreta do desenvolvimento da China é a educação”. Leia os textos a seguir e reflita sobre a importância da educação na qualificação dos trabalhadores. Texto 1 Por mais turbulentos que tenham sido os primeiros trinta anos da Revolução Comunista na China, os reformistas do começo dos anos 1980 herdaram do período sob Mao Tsé-tung um país com uma oferta abundante de mão de obra de qualidade do ponto de vista educacional e de saúde pública, ao menos na comparação com outros países em desenvolvimento, o que serviu de base para a rápida decolagem da economia chinesa. [...] Mesmo com toda a desvalorização do ensino durante a Revolução Cultural, a taxa de escolarização das crianças chinesas chegou a 96% em 1976, ano da morte de Mao. A taxa de alfabetização entre adultos chineses havia chegado a 66% em 1977, quase o dobro dos 36% da Índia no mesmo ano. LYRIO, Mauricio Carvalho. A ascensão da China como potência: fundamentos políticos internos. Brasília: Funag, 2010. p. 38-39. Texto 2 Em alguns setores da indústria, o Brasil já vive “um apagão de mão de obra”, com falta de profissionais qualificados capazes de executar tarefas essenciais ao crescimento do país. Segundo o mais recente levantamento feito pela consultoria Manpower com 41 países ao redor do mundo, o Brasil ocupa a 2a posição entre as nações com maior dificuldade em encontrar profissionais qualificados, atrás apenas do Japão. Entre os empresários brasileiros entrevistados para a pesquisa, 71% afirmaram não ter conseguido achar no mercado pessoas adequadas para o trabalho. Para efeitos de comparação, na Argentina o índice é de 45%, no México, de 43% e na China, de apenas 23%. BARRUCHO, Luís Guilherme. Conheça os cinco vilões do crescimento do Brasil. BBC Brasil, 22 ago. 2012. Disponível em: www.bbc.com/portuguese/ noticias/2012/08/120821_viloes_crescimento_brasil_ lgb.shtml. Acesso em: 7 maio 2020. Texto 3 Não sou especialista em Brasil, mas uma coisa estou habilitado a dizer: não creiam que mão de obra barata ainda seja uma vantagem. Peter Drucker (1909-2005), escritor, professor e administrador austríaco, cujo pensamento é influente no meio acadêmico e empresarial, em palestra proferida em 2005 na ONU. NÃO ESCREVA NO LIVRO 86 As ações humanas sobre a natureza redefiniram as condições necessárias à vida: a princípio, apenas alimentação e abrigo, mas, com o desenvolvimento da vida em sociedade, novas necessidades e soluções surgiram ou foram criadas. É usual denominar trabalho como as atividades humanas que visam à obtenção de algumobjetivo,ouseja,quetêmumafinalidade.Taisati- vidades partilhadas entre homens e mulheres pela so- brevivência do grupo foram se transformando ao longo de milhares de anos. A plantação já foi tarefa quase ex- clusiva das mulheres no alvorecer do Período Neolítico e do surgimento da agricultura, entre 12 e 10 mil anos atrás, para os povos que associavam o cultivo à fecun- didade da mulher. Uma peça de roupa que hoje é resul- tado da aplicação do trabalho de diferentes pessoas em diferentes indústrias (uma produz o fio de algodão, ou- traaplicaatinturaria,outracortaecostura,outravende, outras gerenciam todas essas etapas e outras lucram) já foi tarefa de um único trabalhador artesão nas socie- dades pré-capitalistas. Diante desse longo cenário da história das civiliza- ções, vamos refletir neste capítulo sobre as concep- ções de trabalho para, em seguida, avançarmos em períodos mais recentes do nosso tempo. Examinam- -se as mais diversas noções de trabalho que variaram no tempo e ao longo das diferentes sociedades: como punição, como tarefa de homens não livres, como escravidão, como trabalho servil numa sociedade de dependências, como trabalho industrial assalariado, como trabalho alienado, como braçal ou intelectual, Contexto Concepções de trabalho 1 OBJETIVOS • Construir diferentes visões sobre o conceito de trabalho, diferenciando os contextos históricos em que foram desenvolvidos. • Diferenciar as manifestações sociais do trabalho, como escravidão, servidão, trabalho livre e trabalho assalariado. • Aplicar os conceitos de grupos sociais, como castas, estamentos e classe social, para compreensão da realidade. • Diferenciar o significado do trabalho na Antiguidade e na Idade Média europeia. • Compreender a escravidão doméstica africana e a escravidão capitalista dos tempos modernos. • Conhecer discussões sobre trabalho assalariado, cooperativas e trabalho criativo. JUSTIFICATIVA Otrabalhoéaformacomoossereshumanosagemsobre anaturezademodoatransformá-laparaproduzircoisas úteisàsuasobrevivência.Oconceitodetrabalhomudou aolongodahistóriaeorganizoudiferentesestruturas sociais.Assim,otrabalholivreassalariadonãoéaforma quepredominounamaiorpartedahistóriadascivilizações ocidentais.Estecapítulobuscaanalisarastransformações doconceitodetrabalhoepropõeumencaminhamentopara desenvolverahabilidadecríticadoestudanteparaanalisar asrelaçõesdeproduçõesetambémsuaatualoufutura participaçãonomercadodetrabalho. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC • Competências gerais da Educação Básica: CG1, CG2, CG4, CG5, CG7 e CG9. • Competências e habilidades específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: Competência 1: EM13CHS103; Competência 2: EM13CHS201; EM13CHS202; Competência 4: EM13CHS401; EM13CHS403; EM13CHS404; Competência 5: EM13CHS504. TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS Economia • Trabalho Cidadania e Civismo • Vida familiar e social C A P Í T U L O C A P Í T U L O 18 NÃO ESCREVA NO LIVRO CONEXÕES LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS O trabalho impacta diferentes dimensões da vida humana, incluindo as manifestações artísticas, e é tema constante em livros, músicas, filmes e nas artes plásticas. No início do século XX, em razão das muitas transformações por que as sociedades passavam, o trabalho e as relações e conflitos sociais que dele surgiam estiveram presentes em manifestações artísticas vanguardistas. Um dos artistas que se dedicaram às representações ligadas ao mundo do trabalho e seus impactos no cotidiano foi o pintor mexicano Diego Rivera (1886-1957). Entre as muitas obras que Rivera fez sobre o tema, uma que se destaca é O homem controlador do universo. Nela, o artista representa os grupos sociais e as oposições existentes na relação capitalista. Recriação do detalhe central do mural "Homem na encruzilhada, olhando com esperança e visão para um futuro novo e melhor", do muralista mexicano Diego Rivera (1886-1957). A obra, produzida em 1934, foi feita, originalmente, para o Rockefeller Center, em Nova York (Estados Unidos). Após divergências entre o artista e John Rockefeller, o mural foi destruído e a composição repintada no Palácio de Belas Artes da Cidade do México (México), com o novo título "Homem, controlador do Universo". 1. Com base no que você estudou até agora, identifique os diferentes grupos representados na obra de Diego Rivera. 2. Considerando suas experiências pessoais, faça uma ilustração, fotografia ou colagem que represente as relações de trabalho no mundo atual. Wikipedia/Wikimedia Commons 75 Torneio de robótica, com estudantes de todo o país, no Festival SESI de Robótica, no pavilhão da Bienal do Ibirapuera, São Paulo (SP), março de 2020. • O que significa dizer que “a arma secreta” do desenvolvimento da China é a educação? Você concorda com isso? E o Brasil, também a utiliza? • Se a afirmação de Peter Drucker for verdadeira, qual o impacto desse novo cenário para o trabalhador e para o empregador? • Em dupla, considerem as respostas que elaboraram nas questões anteriores e produzam um texto dissertativo-argumentativo estabelecendo uma comparação entre a situação chinesa e a brasileira, considerando a educação como fator de desenvolvimento. Delfim Martins/Pulsar Imagens 87 como trabalho remunerado ou não, como trabalho doméstico, como distin- ção social, como centro ou não da vida, enfim, diferentes formas de como o trabalho é vivido e sentido. Reflita sobre o papel e a centralidade que o trabalho desempenha em nos- sa vida com base nas questões abaixo e anote as respostas no caderno. Ao final do capítulo, retornaremos a elas a fim de discutir e compreender de que modo o trabalho afeta a vida de todos nós. NÃO ESCREVA NO LIVRO 1. Para você, o trabalho é uma forma de realização pessoal? Por quê? Se não o é ainda, você espera que algum dia seja? 2. Pessoas ricas que não necessitam trabalhar dificilmente são vistas pela sociedade como desocupadas. No entanto, o mesmo não é dito do traba-lhador que perde seu emprego e fica meses desempregado. Em que medi-da o trabalho está associado à dignidade pessoal em nossa sociedade? 3. Além do trabalho livre assalariado, quais outros tipos de trabalho – remu-nerados ou não – você reconhece na sociedade? 4. A revolução tecnológica pela qual o mundo tem passado nos últimos anos fez surgir uma série de áreas de atuação e/ou profissões? Você conhece áreas de atuação que surgiram recentemente? Elas são vistas como profissões? Artesão de comunidade indígena confeccionando esteira em palha de junco e usando máscara durante pandemia do coronavírus, em Garopaba (SC), em 2020. Eduardo Zappia/Pulsar Imagens 19 • Após o estudo do capítulo, retome o gráfico e a tabela que aparecem na atividade do con- texto de abertura e apresente mais elementos para reafirmar a importância das principais potências industriais. Feito isso, aponte os fatores que explicam a alta capacidade industrial desses países, em termos de produção e de produtividade, e explique a situação do Brasil. Retome o contexto 11% do PIB brasileiro Intermediários de Capital Outras indústrias Produção fordista 18% do PIB 2,1% do VPI global China Estados Unidos Japão Alemanha Escala Escopo Produção flexível Potências industriais Comércio e Serviços Mercado consumidor final Agricultura produzem bens abastecem abastecem muito concentrada em poucos países, sobretudo nas com destaque para economia de economia de PRODUÇÃO INDUSTRIAL Indústrias extrativas Brasil Construção civil pode ser classificada em também é importante no representando mas o país tem apenas podem ser classificadas em representam Indústrias de transformação abastecem de Consumo Mapa conceitual organizado pelos autores. 125 VOCÊ PRECISA SABER NÃO ESCREVA NO LIVRO 125 Seu livro está organizado em duas unidades, divididas em dois capítulos, que tratam de temas atuais e relevantes para a sua formação durante o Ensino Médio. Ao longo dos capítulos e unidades, você encontrará diferentes estruturas que utilizam diversos recursos pensados para auxiliá-lo no processo de aprendizagem. As aberturas de unidades apresentam textos e imagens que sintetizam o tema principal e vão mobilizar os seus conhecimentos sobre o assunto. Nessas aberturas, a seção Contexto traz situações concretas cuja análise exige conteúdos, conceitos e procedimentos de diferentes disciplinas das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas. Essas situações serão retomadas ao longo dos capítulos e estão relacionadas com a seção Prática, que traz uma proposta de trabalho para que você aplique os conhecimentos que são produzidos em sala de aula na comunidade escolar e em seu entorno. As aberturas dos capítulos trazem recursos diversos (fotografias, mapas, gráficos, entrevistas, charges) que sintetizam o conteúdo que será trabalhado, além de propor questionamentos, por meio de uma nova ocorrência da seção Contexto, que vão ajudá-lo a realizar o projeto proposto na seção Prática. Na abertura de cada capítulo, você também encontrará um boxe com os objetivos, a justificativa para o trabalho com os conteúdos propostos e as competências, habilidades e temas contemporâneos transversais mobilizados no capítulo. Em todos os capítulos, você encontrará uma ocorrência da seção Conexões, que trabalha a interdisciplinaridade com componentes curriculares de outras áreas do conhecimento, especialmente as Ciências da Natureza e suas Tecnologias e as Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, bem como com disciplinas que não estão presentes no currículo escolar. Seção que finaliza o trabalho do capítulo e traz propostas de retomada das questões apresentadas na seção Contexto, na abertura do capítulo. Momento que serve de recurso para resumo e sistematização de alguns dos conteúdos trabalhados ao longo dos capítulos. Pode surgir na forma de mapas conceituais, esquemas, fluxogramas ou lista de palavras e pode apresentar atividades que estabeleçam relação dos conteúdos trabalhados com os seus lugares de vivência e as suas experiências pessoais.
  • 7. 5 PRÁTICA COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC • Competências gerais da Educação Básica: CG1, CG2, CG4, CG5, CG7 e CG9. • Competências e habilidades específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: Competência 1: EM13CHS103; Competência 2: EM13CHS201, EM13CHS202; Competência 4: EM13CHS401, EM13CHS403, EM13CHS404; Competência 5: EM13CHS504. TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS Economia • Trabalho Cidadania e Civismo • Vida Familiar e Social Os influenciadores são as novas estrelas Para começar Vimos nesta unidade como o conceito de trabalho tem mudado ao longodosséculos,deacordocomastransformaçõeseconômicaseso- ciais pelas quais o mundo passa periodicamente. Ele passou de algo que dizia respeito apenas a atividades rurais para um elemento valori- zado, capaz de ditar a estrutura de uma sociedade e incitar revoluções. Recentemente, o trabalho sofreu mais uma redefinição e ganhou um aspecto extra, sendo definido como trabalho criativo. Ele seria fruto de uma atividade intelectualmente rica, diferente do trabalho in- dustrial,repetitivoesempropósitoclaro.Otrabalho,olazereoestudo se fundem e criam um mundo de possibilidades e propósitos. NÃO ESCREVA NO LIVRO Construção e uso de amostragem Gravação de vídeo em estação de metrô, com transmissão direta para a internet. Shutterstock/Rawpixel.com 80 1. (2019) A partir da segunda metade do século XVIII, o número de escravos recém-chegados cresce no Rio e se estabiliza na Bahia. Nenhum lugar servia tão bem à recepção de escravos quanto o Rio de Janeiro. FRANÇA, R. O tamanho real da escravidão. O Globo, 5 abr. 2015 (adaptado). Na matéria, o jornalista informa uma mudança na dinâmica do tráfico atlântico que está rela- cionada à seguinte atividade: a)Coleta de drogas do sertão. b)Extração de metais preciosos. c)Adoção da pecuária extensiva. d)Retirada de madeira do litoral. e)Exploração da lavoura de tabaco. 2. (2019) O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) realizou 248 ações fiscais e resgatou um total de 1 590 trabalhadores da situação análoga à de escravo, em 2014, em todo o país. A análise do enfrentamento do trabalho em condições análogas às de escravo materiali- za a efetivação de parcerias inéditas no trato da questão, podendo ser referenciadas ações fiscais realizadas com o Ministério da Defesa, Exército Brasileiro, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e Instituto Chico Mendes de Conser- vação da Biodiversidade (ICMBio). Disponível em: http://portal.mte.gov.br. Acesso em: 4 fev. 2015 (adaptado). A estratégia defendida no texto para reduzir o problema social apontado consiste em: a)Articular os órgãos públicos. b)Pressionar o Poder Legislativo. c)Ampliar a emissão das multas. d)Limitar a autonomia das empresas. e)Financiar as pesquisas acadêmicas. 3. (2019) Lei n. 601, de 18 de setembro de 1850 D. Pedro II, por Graça de Deus e Unânime Aclamação dos Povos, Imperador Constitucio- nal e Defensor Perpétuo do Brasil: Fazemos sa- ber, a todos os nossos súditos, que a Assembleia Geral decretou, e nós queremos a Lei seguinte: Art. 1º Ficam proibidas as aquisições de ter- ras devolutas por outro título que não seja o de compra. Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 8 ago. 2014 (adaptado). Considerando a conjuntura histórica, o ordena- mento jurídico abordado resultou na: a)mercantilização do trabalho livre. b)retração das fronteiras agrícolas. c)demarcação dos territórios indígenas. d)concentração da propriedade fundiária. e)expropriação das comunidades quilombolas. 4. (2018) Queremos saber o que vão fazer Com as novas invenções Queremos notícia mais séria Sobre a descoberta da antimatéria E suas implicações Na emancipação do homem Das grandes populações Homens pobres das cidades Das estepes, dos sertões GILBERTO GIL. Queremos saber. O viramundo. São Paulo: Universal Music, 1976 (fragmento). • A letra da canção relaciona dois aspectos da contemporaneidade com reflexos na socie- dade brasileira: a)A elevação da escolaridade e o aumento do desemprego. b)O investimento em pesquisa e a ascensão do autoritarismo. c)O crescimento demográfico e a redução da produção de alimentos. d)O avanço da tecnologia e a permanência das desigualdades sociais. e)A acumulação de conhecimento e o isola- mento das comunidades tradicionais. 46 QUESTÕES DO ENEM NÃO ESCREVA NO LIVRO Após a Guerra de Secessão e a abolição da escravidão, o desenvolvimento industrial – que impulsionou a construção de ferrovias ligando o país de cos- ta a costa e promoveu sua fluidez territorial – tornou os Estados Unidos, já no final do século XIX, a maior potência emergente mundial, possuidores do maiorparqueindustrialdoplaneta.Aprosperidadetornou-seaindamaisatra- tiva à imigração, resultando em grande crescimento demográfico: de pouco mais de 30 milhões de habitantes em 1865, a população passou para mais de 90 milhões em 1900. Os grandes centros da di- namização capitalista com a RevoluçãoIndustrial,contudo, não se limitaram somente à Europa e aos Estados Unidos. No Japão, os Estados Uni- dos organizaram, em 1854, uma investida militar e, sob a ameaça de seus navios de guerra, obrigaram os japo- neses a abrir os portos ao comércio mundial, fechados desde o século XVIII. A aber- tura comercial japonesa deu início à ocidentalização do país, que passou por profundas transformações econômicas, militares, técnicas e científicas. A sujeição do Japão ao Ocidente, ao mesmo tempo, ativou o nacionalismo e a oposição ao xogum, por ter per- mitido a abertura. Xogunato A origem do xogunato remonta ao século VIII, criado como um título para comandantes militares. A partir do século XII até o fim da instituição militar, em 1868, o imperador passou a delegar ao xogum a autoridade para governar o país, embora o imperador fosse o seu governante legítimo. Essa instituição ganhou enorme prestígio e acabou sob o domínio de uma única família – Tokugawa –, rival de outros clãs poderosos no século XIX. Instalado na cidade de Edo, antigo nome de Tóquio, o xogunato Tokugawa se sobrepunha mesmo ao poder do imperador – também chamado de micado –, que ficava na cidade sagrada de Kyoto. Conceitos Com a renúncia ao cargo de xogum, em 1868, Tokugawa Yoshinobu (1837-1913) pôs fim à instituição e o imperador Meiji assumiu o papel de governante do país. Imigrantes procurando emprego na cidade de Nova York, Estados Unidos, c. 1910. Peter Newark American Pictures/Bridgeman Images/Easypix Brasil Pictures from History/Felice Beato/Bridgeman Images/Easypix Brasil 57 Assim, o trabalho do arquiteto ou do engenheiro se relaciona com a causa formal da casa, embora em relação ao projeto sejam eles causas eficientes. Os demais trabalhadores, pedreiros e outros, estão subordinados às ordens do arquiteto ou do engenheiro. E estes últimos estão, por sua vez, subordi- nados a quem responde pela causa final, quem enfim contratou o projeto, o proprietário da futura casa. Essa divisão entre causas estabelece uma hierarquia entre elas. Todo o processo de construção da casa está subordinado, em última medida, à fa- mília que contratou os serviços dos vários profissionais envolvidos nesse trabalho. Claro que no modelo de autoconstrução, no qual é o morador quem edifica sua própria casa, causas final, eficiente e formal estão concentradas numa mesma pessoa. Leia o texto abaixo, que trata sobre essa hierarquização entre as causas aristotélicas: Um aspecto fundamental dessa teoria da causalidade [de Aristóteles] consiste no fato de que as quatro causas não possuem o mesmo valor, isto é, são concebidas como hierarquizadas indo da causa mais inferior à causa superior. Nessa hierarquia, a causa menos valiosa ou menos importante é a causa eficiente (a operação de fazer a causa material receber a causa formal, ou seja, o fabricar natural ou humano) e a causa mais valiosa ou mais impor- tante é a causa final (o motivo ou finalidade da existência de alguma coisa). À primeira vista, essa teoria é uma pura concepção metafísica que serve para explicar de modo coerente e objetivo os fenômenos naturais (física) e os fenômenos humanos (ética, política e técnica). Nada parece indicar a menor relação entre a explicação causal do universo e a realida- de social grega. Sabemos, porém, que a sociedade grega é escravagista e que a sociedade medieval se baseia na servidão, isto é, são sociedades que distinguem radicalmente os homens em superiores – os homens livres, que são cidadãos, na Grécia, e senhores feudais, na Europa medieval – e inferiores – os escravos, na Grécia, e os servos da gleba, na Idade Média. CHAUI, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 2017. NÃO ESCREVA NO LIVRO • O texto estabelece um paralelo entre a composição social da Grécia antiga e a da sociedade medieval com duas causas aristotélicas. Identifique o paralelo, relacionando a causa a que correspondem os homens livres e senhores feudais e a causa a que correspondem os escravos e servos. Interpretar Grécia e Roma. Pedro Paulo Funari. Editora Contexto, 2001. O livro traz uma rica introdução às civilizações grega e romana e suas contribuições à formação das sociedades ocidentais, abordando, entre outros temas, a questão do trabalho na estrutura dessas sociedades. Saber Reprodução/Editora Contexto 24 DIÁLOGOS NÃO ESCREVA NO LIVRO 1. A imagem e os textos a seguir, que foram redi- gidos, respectivamente, em 1747, 1934 e 1973, descrevem diferentes aspectos da vida e do trabalho do operariado industrial. Com base nos textos e na imagem, faça uma dissertação com o tema “O trabalho na era industrial”. Na sua dissertação, procure abordar as seguintes questões: • Qual é o tipo de qualificação necessária para o trabalhador industrial? • Na sociedade industrial, qual é a relação que se estabelece entre o trabalho intelectual e o trabalho manual? • Que mudanças e/ou permanências podem ser identificadas no trabalho industrial entre a primeira Revolução Industrial, no século XVIII, e os dias de hoje? laníferas seria uma bênção e uma vantagem para a nação e não seria um prejuízo real para os pobres. Com esse recurso, poderíamos pre- servar nosso comércio, manter nossas rendas e, além de tudo, corrigir as pessoas. SMITH, J. Memoirs of Wool, 1747. ln: GORZ, André. Crítica da divisão do trabalho. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1989. p. 65. Texto 2 (1934) As mulheres são metidas num trabalho in- teiramente maquinal, no qual só se lhes pede rapidez. Quando digo maquinal, nem imagine que seja possível sonhar com outra coisa en- quanto se trabalha, e muito menos refletir. Não. O trágico dessa situação é que o trabalho é ma- quinal demais para fornecer assunto ao pen- samento, e, além disso, impede qualquer outro pensamento. Pensar é ir menos depressa; ora, há normas de rapidez estabelecidas por buro- cratas sem piedade e que é preciso cumprir, para não ser despedido. [...] II – O mistério da fabricação é claro, o ope- rário ignora o uso de cada peça: 1) a maneira como se ajusta às outras; 2) a sucessão das ope- rações por que passa; 3) o uso final do conjunto. Mas tem mais: a relação de causas e efei- tos no interior do próprio trabalho não é apreendida. Não há nada de menos instrutivo que uma máquina [...]. WEIL, Simone. A condição operária e outros estudos sobre a opressão. Rio de Janeiro: Paz e Terra, l979. p. 68 e 96. Texto 3 (1973) A crescente qualificação social dos traba- lhadores não reside, ao contrário do que afir- ma tese bem difundida, no aumento do seu conhecimento útil ou inútil (escolar); na esco- la, eles aprendem bem menos do que antiga- mente. Se são escolarizados é que, com o pre- texto da instrução e enquanto ela se processa (desviada de seu objeto aparente), pretende- -se socializá-los de uma certa maneira: ensi- Gravura representando o pagamento a crianças pelo trabalho em olaria. Autoria desconhecida, 1871. Texto 1 (1747) É fato notório [...] que a penúria até certo grau estimula a indústria; e que o operário que pode prover às suas necessidades trabalhando só três dias ficará ocioso e bêbado o resto da semana [...]. Os pobres, nos condados onde há manufaturas, jamais trabalharão mais horas do que é preciso para custear a alimentação e suas orgias semanais [...] sem temor podemos dizer que uma redução dos salários das manufaturas Look and Learn/Bernard Platman Antiquarian Collection/Bridgeman Images/Easypix Brasil 76 Seção que apresenta atividades em diversos formatos pensadas para auxiliar no trabalho com diferentes competências específicas e habilidades estabelecidas pela BNCC, como identificar, analisar e comparar fontes e narrativas, elaborar hipóteses, selecionar evidências e compor argumentos, que possibilitem o compartilhamento de pontos de vistas, o diálogo e a reflexão. Uma página com atividades de edições recentes de avaliações oficiais para que você possa verificar como os temas trabalhados em sala de aula aparecem nessas provas, em especial no Enem. Apresenta uma proposta de projeto que aborda um tema relacionado aos capítulos da unidade por meio das metodologias de pesquisa (como revisão bibliográfica, análise documental, construção e uso de amostragens ou observação participante). Os projetos propostos permitem a valorização dos conhecimentos, da ciência e da argumentação com base em fatos, além de articular os conhecimentos construídos em sala de aula com a realidade vivida. Atividades que propõem o aprofundamento dos recursos que aparecem ao longo do capítulo, como textos em seus mais diversos gêneros, fotografias, obras de arte, mapas, gráficos, explorando suas regras de composição, significado e sentido. Recursos de linguagens variados (livros, filmes, podcasts, músicas, sites, obras de arte, etc.) para aprofundar temas abordados no capítulo e complementar seu repertório cultural e científico. Apresenta conceitos estruturantes das Ciências Humanas e de outras áreas do conhecimento, que devem ser conhecidos para o trabalho com os temas propostos.
  • 8. 6 Competências e habilidades da BNCC A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento oficial que define o con- junto de aprendizagens que os estudantes precisam desenvolver ao longo da Educação Básica, desde o início da Educação Infantil até o final do Ensino Médio. Dessa forma, a BNCC é norteadora para a formulação dos currículos escolares no Brasil. Esse conjunto de aprendizagens essenciais definido na BNCC corresponde a conhe- cimentos, competências e habilidades. Algumas dessas competências devem ser desenvolvidas durante todas as etapas da Educação Básica; outras especificamente em cada uma das etapas. No Ensino Mé- dio, essas competências e habilidades estão distribuídas por áreas de conhecimento. Nas aberturas dos capítulos do seu livro, você encontrará indicações de quais com- petências e habilidades estão sendo preferencialmente mobilizadas. Nas páginas a seguir, você conhecerá as dez competências gerais da Educação Bá- sicaetodasascompetênciasehabilidadesespecíficasdasáreasdeCiênciasHumanas e Sociais Aplicadas e as competências e habilidades de Linguagens e suas Tecnologias, Matemática e suas Tecnologias e Ciências da Natureza e suas Tecnologias que serão trabalhadas neste livro. DeacordocomaBNCC,competênciassãoconhecimentos(conceitoseprocedimentos) mobilizadospararesolverdemandasdavidacotidiana,doexercíciodacidadaniaedomun- do do trabalho. Já as habilidades são capacidades práticas, cognitivas e socioemocionais. Aocompreenderoqueéesperadodesenvolvercomosprojetosdestaobra,vocêterá a chance de se apropriar melhor de seus estudos, reconhecendo um sentido em tudo aquilo que é proposto e, consequentemente, percebendo a aplicação que isso pode ter em seu cotidiano. Dessa forma, o seu protagonismo se manifestará também em relação à sua apren- dizagem. Se você tiver interesse, consulte o texto completo da BNCC no site: http://basenacional comum.mec.gov.br/.Acessoem:27jan.2020. Composição dos códigos das habilidades CADERNO BNCC O primeiro número indica a competência da área e os dois últimos indicam a habilidade relativa a essa competência. EM 13 CHS 101 Indica a etapa de Ensino Médio. Indica que a habilidade pode ser desenvolvida em qualquer série do Ensino Médio. Indica a área à qual a habilidade pertence.
  • 9. 7 Competências gerais da Educação Básica 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos sobre o mun- do físico, social, cultural e digital para entender e explicar a realidade, continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva. 2. Exercitar a curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das ciências, in- cluindo a investigação, a reflexão, a análise crítica, a imaginação e a criatividade, para investigar causas, elaborar e testar hipóteses, formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive tecnológicas) com base nos conhecimentos das dife- rentes áreas. 3. Valorizar e fruir as diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às mundiais, e também participar de práticas diversificadas da produção artístico- -cultural. 4. Utilizar diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como Libras, e escri- ta), corporal, visual, sonora e digital –, bem como conhecimentos das linguagens artística, matemática e científica, para se expressar e partilhar informações, ex- periências, ideias e sentimentos em diferentes contextos e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. 5. Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais (incluin- do as escolares) para se comunicar, acessar e disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver problemas e exercer protagonismo e autoria na vida pes- soal e coletiva. 6. Valorizar a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-se de conheci- mentos e experiências que lhe possibilitem entender as relações próprias do mun- do do trabalho e fazer escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis, para formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e decisões comuns que respeitem e promovam os direitos humanos, a consciência socioambiental e o consumo res- ponsável em âmbito local, regional e global, com posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo, dos outros e do planeta. 8. Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua saúde física e emocional, compreenden- do-se na diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com elas. 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazen- do-se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos direitos humanos, com acolhimento e valorização da diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem preconceitos de qualquer natureza. 10. Agir pessoal e coletivamente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, tomando decisões com base em princípios éticos, democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários.
  • 10. 8 Competências específicas e habilidades de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Competência específica 1 Analisar processos políticos, econômicos, sociais, ambientais e culturais nos âmbitos local, regional, nacional e mundial em diferentes tempos, a partir da plurali- dade de procedimentos epistemológicos, científicos e tecnológicos, de modo a com- preender e posicionar-se criticamente em relação a eles, considerando diferentes pontos de vista e tomando decisões baseadas em argumentos e fontes de natureza científica. Habilidades EM13CHS101 – Identificar, analisar e comparar diferentes fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão de ideias filosóficas e de processos e eventos históricos, geográficos, políticos, econô- micos, sociais, ambientais e culturais. EM13CHS102 – Identificar, analisar e discutir as circunstâncias históricas, geográficas, políticas, econômicas, so- ciais, ambientais e culturais de matrizes conceituais (etnocentrismo, racismo, evolução, modernidade, cooperati- vismo/desenvolvimento etc.), avaliando criticamente seu significado histórico e comparando-as a narrativas que contemplem outros agentes e discursos. EM13CHS103–Elaborarhipóteses,selecionarevidênciasecomporargumentosrelativosaprocessospolíticos,eco- nômicos, sociais, ambientais, culturais e epistemológicos, com base na sistematização de dados e informações de diversas naturezas (expressões artísticas, textos filosóficos e sociológicos, documentos históricos e geográficos, gráficos, mapas, tabelas, tradições orais, entre outros). EM13CHS104 – Analisar objetos e vestígios da cultura material e imaterial de modo a identificar conhecimentos, valores,crençasepráticasquecaracterizamaidentidadeeadiversidadeculturaldediferentessociedadesinseridas no tempo e no espaço. EM13CHS105 – Identificar, contextualizar e criticar tipologias evolutivas (populações nômades e sedentárias, entre outras) e oposições dicotômicas (cidade/campo, cultura/natureza, civilizados/bárbaros, razão/emoção, material/ virtual etc.), explicitando suas ambiguidades. EM13CHS106 – Utilizar as linguagens cartográfica, gráfica e iconográfica, diferentes gêneros textuais e tecnologias digitais de informação e comunicação de forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais, incluindoasescolares,parasecomunicar,acessaredifundirinformações,produzirconhecimentos,resolverproble- mas e exercer protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva. Competência específica 2 Analisar a formação de territórios e fronteiras em diferentes tempos e espaços, mediante a compreensão das relações de poder que determinam as territorialida- des e o papel geopolítico dos Estados-nações. Habilidades EM13CHS201 – Analisar e caracterizar as dinâmicas das populações, das mercadorias e do capital nos diversos con- tinentes, com destaque para a mobilidade e a fixação de pessoas, grupos humanos e povos, em função de eventos naturais, políticos, econômicos, sociais, religiosos e culturais, de modo a compreender e posicionar-se criticamente em relação a esses processos e às possíveis relações entre eles. CADERNO BNCC
  • 11. 9 EM13CHS202 – Analisar e avaliar os impactos das tecnologias na estruturação e nas dinâmicas de grupos, povos e sociedades contemporâneos (fluxos populacionais, financeiros, de mercadorias, de informações, de valores éticos e culturais etc.), bem como suas interferências nas decisões políticas, sociais, ambientais, econômicas e culturais. EM13CHS203 – Comparar os significados de território, fronteiras e vazio (espacial, temporal e cultural) em diferen- tes sociedades, contextualizando e relativizando visões dualistas (civilização/barbárie, nomadismo/sedentarismo, esclarecimento/obscurantismo, cidade/campo, entre outras). EM13CHS204 – Comparar e avaliar os processos de ocupação do espaço e a formação de territórios, territorialida- des e fronteiras, identificando o papel de diferentes agentes (como grupos sociais e culturais, impérios, Estados Na- cionais e organismos internacionais) e considerando os conflitos populacionais (internos e externos), a diversidade étnico-cultural e as características socioeconômicas, políticas e tecnológicas. EM13CHS205 – Analisar a produção de diferentes territorialidades em suas dimensões culturais, econômicas, am- bientais, políticas e sociais, no Brasil e no mundo contemporâneo, com destaque para as culturas juvenis. EM13CHS206 – Analisar a ocupação humana e a produção do espaço em diferentes tempos, aplicando os princípios de localização, distribuição, ordem, extensão, conexão, arranjos, casualidade, entre outros que contribuem para o raciocínio geográfico. Competência específica 3 Analisar e avaliar criticamente as relações de diferentes grupos, povos e socieda- des com a natureza (produção, distribuição e consumo) e seus impactos econômi- cos e socioambientais, com vistas à proposição de alternativas que respeitem e pro- movam a consciência, a ética socioambiental e o consumo responsável em âmbito local, regional, nacional e global. Habilidades EM13CHS301 – Problematizar hábitos e práticas individuais e coletivos de produção, reaproveitamento e descarte de resíduos em metrópoles, áreas urbanas e rurais, e comunidades com diferentes características socioeconômi- cas, e elaborar e/ou selecionar propostas de ação que promovam a sustentabilidade socioambiental, o combate à poluição sistêmica e o consumo responsável. EM13CHS302 – Analisar e avaliar criticamente os impactos econômicos e socioambientais de cadeias produtivas ligadas à exploração de recursos naturais e às atividades agropecuárias em diferentes ambientes e escalas de aná- lise, considerando o modo de vida das populações locais – entre elas as indígenas, quilombolas e demais comunida- des tradicionais –, suas práticas agroextrativistas e o compromisso com a sustentabilidade. EM13CHS303 – Debater e avaliar o papel da indústria cultural e das culturas de massa no estímulo ao consumismo, seus impactos econômicos e socioambientais, com vistas à percepção crítica das necessidades criadas pelo consu- mo e à adoção de hábitos sustentáveis. EM13CHS304 – Analisar os impactos socioambientais decorrentes de práticas de instituições governamentais, de empresasedeindivíduos,discutindoasorigensdessaspráticas,selecionando,incorporandoepromovendoaquelas que favoreçam a consciência e a ética socioambiental e o consumo responsável. EM13CHS305 – Analisar e discutir o papel e as competências legais dos organismos nacionais e internacionais de regulação, controle e fiscalização ambiental e dos acordos internacionais para a promoção e a garantia de práticas ambientais sustentáveis. EM13CHS306 – Contextualizar, comparar e avaliar os impactos de diferentes modelos socioeconômicos no uso dos recursos naturais e na promoção da sustentabilidade econômica e socioambiental do planeta (como a adoção dos sistemas da agrobiodiversidade e agroflorestal por diferentes comunidades, entre outros).
  • 12. 10 Competência específica 4 Analisar as relações de produção, capital e trabalho em diferentes territórios, con- textos e culturas, discutindo o papel dessas relações na construção, consolidação e transformação das sociedades. Habilidades EM13CHS401 – Identificar e analisar as relações entre sujeitos, grupos, classes sociais e sociedades com culturas distintas diante das transformações técnicas, tecnológicas e informacionais e das novas formas de trabalho ao longo do tempo, em diferentes espaços (urbanos e rurais) e contextos. EM13CHS402 – Analisar e comparar indicadores de emprego, trabalho e renda em diferentes espaços, escalas e tempos, associando-os a processos de estratificação e desigualdade socioeconômica. EM13CHS403 – Caracterizar e analisar os impactos das transformações tecnológicas nas relações sociais e de trabalho próprias da contemporaneidade, promovendo ações voltadas à superação das desigualdades sociais, da opressão e da violação dos Direitos Humanos. EM13CHS404 – Identificar e discutir os múltiplos aspectos do trabalho em diferentes circunstâncias e contextos históricos e/ou geográficos e seus efeitos sobre as gerações, em especial, os jovens, levando em consideração, na atualidade, as transformações técnicas, tecnológicas e informacionais. Competência específica 5 Identificar e combater as diversas formas de injustiça, preconceito e violência, adotando princípios éticos, democráticos, inclusivos e solidários, e respeitando os Direitos Humanos. Habilidades EM13CHS501 – Analisar os fundamentos da ética em diferentes culturas, tempos e espaços, identificando proces- sos que contribuem para a formação de sujeitos éticos que valorizem a liberdade, a cooperação, a autonomia, o empreendedorismo, a convivência democrática e a solidariedade. EM13CHS502 – Analisar situações da vida cotidiana, estilos de vida, valores, condutas etc., desnaturalizando e pro- blematizando formas de desigualdade, preconceito, intolerância e discriminação, e identificar ações que promovam os Direitos Humanos, a solidariedade e o respeito às diferenças e às liberdades individuais. EM13CHS503 – Identificar diversas formas de violência (física, simbólica, psicológica etc.), suas principais vítimas, suas causas sociais, psicológicas e afetivas, seus significados e usos políticos, sociais e culturais, discutindo e ava- liando mecanismos para combatê-las, com base em argumentos éticos. EM13CHS504 – Analisar e avaliar os impasses ético-políticos decorrentes das transformações culturais, sociais, históricas, científicas e tecnológicas no mundo contemporâneo e seus desdobramentos nas atitudes e nos valores de indivíduos, grupos sociais, sociedades e culturas. CADERNO BNCC
  • 13. 11 Competência específica 6 Participar do debate público de forma crítica, respeitando diferentes posições e fa- zendo escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu projeto de vida, com liber- dade, autonomia, consciência crítica e responsabilidade. Habilidades EM13CHS601 – Identificar e analisar as demandas e os protagonismos políticos, sociais e culturais dos povos in- dígenas e das populações afrodescendentes (incluindo as quilombolas) no Brasil contemporâneo considerando a história das Américas e o contexto de exclusão e inclusão precária desses grupos na ordem social e econômica atual, promovendo ações para a redução das desigualdades étnico-raciais no país. EM13CHS602 – Identificar e caracterizar a presença do paternalismo, do autoritarismo e do populismo na política, na sociedade e nas culturas brasileira e latino-americana, em períodos ditatoriais e democráticos, relacionando-os com as formas de organização e de articulação das sociedades em defesa da autonomia, da liberdade, do diálogo e da promoção da democracia, da cidadania e dos direitos humanos na sociedade atual. EM13CHS603 – Analisar a formação de diferentes países, povos e nações e de suas experiências políticas e de exercíciodacidadania,aplicandoconceitospolíticosbásicos(Estado,poder,formas,sistemaseregimesdegoverno, soberania etc.). EM13CHS604 – Discutir o papel dos organismos internacionais no contexto mundial, com vistas à elaboração de uma visão crítica sobre seus limites e suas formas de atuação nos países, considerando os aspectos positivos e negativos dessa atuação para as populações locais. EM13CHS605 – Analisar os princípios da declaração dos Direitos Humanos, recorrendo às noções de justiça, igual- dade e fraternidade, identificar os progressos e entraves à concretização desses direitos nas diversas sociedades contemporâneas e promover ações concretas diante da desigualdade e das violações desses direitos em diferentes espaços de vivência, respeitando a identidade de cada grupo e de cada indivíduo. EM13CHS606 – Analisar as características socioeconômicas da sociedade brasileira – com base na análise de do- cumentos (dados, tabelas, mapas etc.) de diferentes fontes – e propor medidas para enfrentar os problemas identi- ficados e construir uma sociedade mais próspera, justa e inclusiva, que valorize o protagonismo de seus cidadãos e promova o autoconhecimento, a autoestima, a autoconfiança e a empatia.
  • 14. 12 Competências específicas e habilidades de Linguagens e suas Tecnologias para o Ensino Médio COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1 Compreender o funcionamento das diferentes linguagens e práticas (artísticas, corporais e verbais) e mobilizar esses conhecimentos na recepção e produção de discursos nos diferen- tes campos de atuação social e nas diversas mídias,paraampliarasformasdeparticipação social, o entendimento e as possibilidades de explicação e interpretação crítica da realidade e para continuar aprendendo. HABILIDADES EM13LGG101 Compreender e analisar processos de produ- ção e circulação de discursos, nas diferentes linguagens, para fazer escolhas fundamentadas em função de interes- ses pessoais e coletivos. EM13LGG102 Analisar visões de mundo, conflitos de inte- resse, preconceitos e ideologias presentes nos discursos veiculados nas diferentes mídias, ampliando suas possibi- lidades de explicação, interpretação e intervenção crítica da/na realidade. EM13LGG104 Utilizar as diferentes linguagens, levando em conta seus funcionamentos, para a compreensão e produ- ção de textos e discursos em diversos campos de atuação social. COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 2 Compreender os processos identitários, con- flitos e relações de poder que permeiam as práticas sociais de linguagem, respeitar as di- versidades, a pluralidade de ideias e posições e atuar socialmente com base em princípios e valores assentados na democracia, na igual- dade e nos Direitos Humanos, exercitando a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, e combatendo preconceitos de qualquer natureza. HABILIDADES EM13LGG201 Utilizar adequadamente as diversas lingua- gens (artísticas, corporais e verbais) em diferentes contex- tos, valorizando-as como fenômeno social, cultural, históri- co, variável, heterogêneo e sensível aos contextos de uso. EM13LGG202 Analisar interesses, relações de poder e pers- pectivas de mundo nos discursos das diversas práticas de linguagem (artísticas, corporais e verbais), para compreen- der o modo como circulam, constituem-se e (re)produzem significação e ideologias. COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 3 Utilizar diferentes linguagens (artísticas, cor- porais e verbais) para exercer, com autonomia e colaboração, protagonismo e autoria na vida pessoal e coletiva, de forma crítica, criativa, ética e solidária, defendendo pontos de vista que respeitem o outro e promovam os Direitos Humanos, a consciência socioambiental e o consumo responsável, em âmbito local, regio- nal e global. HABILIDADES EM13LGG301 Participar de processos de produção individual e colaborativa em diferentes linguagens (artísticas, corpo- rais e verbais), levando em conta seus funcionamentos, para produzir sentidos em diferentes contextos. EM13LGG302 Posicionar-se criticamente diante de diversas visões de mundo presentes nos discursos em diferentes linguagens, levando em conta seus contextos de produção e de circulação. EM13LGG303 Debater questões polêmicas de relevância social, analisando diferentes argumentos e opiniões, para formular, negociar e sustentar posições, frente à análise de perspectivas distintas. EM13LGG305 Mapear e criar, por meio de práticas de lingua- gem, possibilidades de atuação social, política, artística e cultural para enfrentar desafios contemporâneos, discutin- do princípios e objetivos dessa atuação de maneira crítica, criativa, solidária e ética. COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 5 Compreender os processos de produção e ne- gociação de sentidos nas práticas corporais, reconhecendo-as e vivenciando-as como for- mas de expressão de valores e identidades, em uma perspectiva democrática e de respeito à diversidade. HABILIDADES EM13LGG502 Analisar criticamente preconceitos, estereóti- pos e relações de poder subjacentes presentes nas práticas corporais, adotando posicionamento contrário a qualquer manifestação de injustiça e desrespeito a direitos humanos e valores democráticos. CADERNO BNCC
  • 15. 13 COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 6 Apreciar esteticamente as mais diversas pro- duções artísticas e culturais, considerando suas características locais, regionais e glo- bais, e mobilizar seus conhecimentos sobre as linguagens artísticas para dar significado e (re)construir produções autorais individuais e coletivas, exercendo protagonismo de maneira crítica e criativa, com respeito à diversidade de saberes, identidades e culturas. HABILIDADES EM13LGG601 Apropriar-se do patrimônio artístico de diferentes tempos e lugares, compreendendo a sua diversidade, bem como os processos de legitimação das manifestações artísticas na sociedade, desenvolvendo visão crítica e histórica. EM13LGG603 Expressar-se e atuar em processos de criação au- torais individuais e coletivos nas diferentes linguagens artísticas (artes visuais, audiovisual, dança, música e teatro) e nas inter- secçõesentreelas,recorrendoareferênciasestéticaseculturais, conhecimentos de naturezas diversas (artísticos, históricos, so- ciais e políticos) e experiências individuais e coletivas. EM13LGG604 Relacionar as práticas artísticas às diferentes di- mensões da vida social, cultural, política, histórica e econômica eidentificaroprocessodeconstruçãohistóricadessaspráticas. COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 7 Mobilizar práticas de linguagem no universo di- gital, considerando as dimensões técnicas, crí- ticas, criativas, éticas e estéticas, para expandir as formas de produzir sentidos, de engajar-se empráticasautoraisecoletivas,edeaprendera aprender nos campos da ciência, cultura, traba- lho, informação e vida pessoal e coletiva. HABILIDADES EM13LGG702Avaliaroimpactodastecnologiasdigitaisdainforma- ção e comunicação (TDIC) na formação do sujeito e em suas prá- ticas sociais, para fazer uso crítico dessa mídia em práticas de se- leção,compreensãoeproduçãodediscursosemambientedigital. EM13LGG703 Utilizar diferentes linguagens, mídias e ferramen- tas digitais em processos de produção coletiva, colaborativa e projetos autorais em ambientes digitais. Competências específicas e habilidades de Matemática e suas Tecnologias para o Ensino Médio COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 1 Utilizar estratégias, conceitos e procedi- mentos matemáticos para interpretar situa- ções em diversos contextos, sejam ativida- des cotidianas, sejam fatos das Ciências da Natureza e Humanas, das questões socioe- conômicas ou tecnológicas, divulgados por diferentes meios, de modo a contribuir para uma formação geral. HABILIDADES EM13MAT101 Interpretar criticamente situações econômicas, sociais e fatos relativos às Ciências da Natureza que envolvam a variação de grandezas, pela análise dos gráficos das funções representadas e das taxas de variação, com ou sem apoio de tec- nologias digitais. EM13MAT102 Analisar tabelas, gráficos e amostras de pesqui- sas estatísticas apresentadas em relatórios divulgados por dife- rentes meios de comunicação, identificando, quando for o caso, inadequações que possam induzir a erros de interpretação, como escalas e amostras não apropriadas. CompetênciasespecíficasehabilidadesdeCiências da Natureza e suas Tecnologias para o Ensino Médio COMPETÊNCIA ESPECÍFICA 3 Investigar situações-problema e avaliar apli- cações do conhecimento científico e tecnoló- gico e suas implicações no mundo, utilizando procedimentos e linguagens próprios das Ciências da Natureza, para propor soluções que considerem demandas locais, regionais e/ou globais, e comunicar suas descobertas e conclusões a públicos variados, em diversos contextos e por meio de diferentes mídias e tecnologias digitais de informação e comuni- cação (TDIC). HABILIDADES EM13CNT301 Construir questões, elaborar hipóteses, previsões e estimativas, empregar instrumentos de medição e representar e interpretar modelos explicativos, dados e/ou resultados experi- mentais para construir, avaliar e justificar conclusões no enfren- tamento de situações-problema sob uma perspectiva científica. EM13CNT302 Comunicar, para públicos variados, em diversos contextos, resultados de análises, pesquisas e/ou experimen- tos, elaborando e/ou interpretando gráficos, tabelas, símbolos, códigos, sistemas de classificação e equações, por meio de dife- rentes linguagens, mídias, tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC), de modo a participar e/ou promover deba- tes em torno de temas científicos e/ou tecnológicos de relevân- cia sociocultural e ambiental.
  • 16. 14 SUMÁRIO Caderno BNCC 6 Capítulo 1 Concepções de trabalho ......................... 18 Sobre o conceito de trabalho .................................................. 20 Trabalho como transformação ............................................................. 23 O trabalho como exploração................................................................. 25 Trabalho em comunidades tradicionais .............................................. 28 Do escravismo antigo à sociedade medieval do feudalismo........................................................... 30 O feudalismo........................................................................................... 31 A sociedade estamental fundada na dependência e na servidão.... 31 Europa: as Grandes Navegações e a colonização............. 33 África: da “escravidão doméstica” à escravização colonial ............................................................ 34 O trabalho escravo na América............................................................. 35 Transição para o trabalho livre no Brasil.............................. 38 Trabalho assalariado e outras formas de trabalho............ 40 Trabalho criativo..................................................................................... 43 Capítulo 2 Capitalismo e transformações no mundo do trabalho............................. 48 A Revolução Industrial .............................................................. 49 As consequências sociais da Revolução Industrial........................... 53 A expansão da Revolução Industrial.................................................... 55 Trabalho: emancipação × alienação...................................... 59 Lutas sociais e sindicatos........................................................ 62 Lutas trabalhistas e as internacionais operárias............................... 65 As lutas trabalhistas no Brasil.............................................................. 66 Leis trabalhistas e direitos humanos................................... 68 Divisão internacional do trabalho.......................................... 71 • Prática Os influenciadores são as novas estrelas ........................... 80 Trabalho na História 1 UNIDA D E 16 Buyenlarge/Getty Images
  • 17. 15 Capítulo 3 Produção industrial e revolução informacional.......................... 88 Classificação das indústrias ................................................... 90 A importância da indústria....................................................... 92 Distribuição das indústrias...................................................... 93 Os fatores locacionais ........................................................................... 93 Logística.................................................................................................. 96 Fordismo e toyotismo ........................................................................... 97 Exploração do trabalho............................................................. 99 A indústria no Brasil................................................................... 101 Distribuição da produção industrial.................................................... 101 As origens da revolução informacional................................ 105 Tecnologias disruptivas e o mercado de trabalho............. 111 Internet das coisas e 5G........................................................................ 111 Robotização............................................................................................ 113 Inteligência artificial.............................................................................. 116 Indústria 4.0 .......................................................................................... 118 Internetdascoisasesistemasintegradosdaindústria4.0....... 120 Capítulo 4 Trabalho no mundo globalizado .............. 126 Contexto político e econômico do mundo globalizado.... 127 Avanço das técnicas e da tecnologia.................................... 129 Novas configurações do mundo do trabalho...................................... 130 Flexibilização.......................................................................................... 131 Precarização das relações de trabalho ................................ 135 O fenômeno da “uberização” do trabalho............................................ 136 Escravidão contemporânea.................................................................. 138 O mundo do trabalho no futuro............................................... 140 Trajetórias possíveis.............................................................................. 141 Projeto de vida e carreira na juventude............................................... 142 Empreendedorismo............................................................................... 143 Jovens e as perspectivas de emprego................................. 145 O futuro do jovem................................................................................... 146 • Prática Compreender o trabalho e suas tecnologias com aplicação de questionários........................................... 152 Produção e trabalho nos dias atuais 2 UNIDA D E 86 Delfim Martins/Pulsar Imagens Referências bibliográficas comentadas 158
  • 18. Trabalho na História Contexto 1 UNIDA D E Diariamente fazemos escolhas que impactam a nossa vida. É assim também durante o Ensino Médio, quando os estudantes começam a fazer escolhas que vão impactar a vida profissional deles. Para saber quais decisões tomar, os estudantes precisarão conhecer a si mesmos, reconhecer as oportunidades que existem, quais suas aptidões e sonhos e quais caminhos devem ser percorridos para que alcancem os seus objetivos. Pensando nisso, o Novo Ensino Médio traz o Projeto de Vida, em que o professor é um orientador que ajudará os estudantes a reconhecer habilidades, competências e desejos para que desenvolvam seu potencial. Pensando em seus projetos de vida, respondam às questões a seguir. 1. Você já pensou sobre o que fará profissionalmente? 2. Sua futura atuação profissional está relacionada a seu projeto de vida? Que outros aspectos o seu projeto de vida também compreende? 3. O lugar em que você vive oferece oportunidades para desenvolver suas po- tencialidades ou meios para que você atinja seus objetivos? Explique. 4. A área profissional na qual você pretende atuar se relaciona de alguma forma com as novas tecnologias? Veja respostas e orientações no Manual do Professor. ESSE TEMA SERÁ RETOMADO NA SEÇÃO PRÁTICA 16
  • 19. Mulheres trabalhando na montagem da fuselagem do bombardeiro B-17 durante a Segunda Guerra Mundial, na Califórnia (Estados Unidos), em 1942. Buyenlarge/Getty Images 17
  • 20. As ações humanas sobre a natureza redefiniram as condições necessárias à vida: a princípio, apenas alimentação e abrigo, mas, com o desenvolvimento da vida em sociedade, novas necessidades e soluções surgiram ou foram criadas. É usual denominar trabalho como as atividades humanas que visam à obtenção de algumobjetivo,ouseja,quetêmumafinalidade.Taisati- vidades partilhadas entre homens e mulheres pela so- brevivência do grupo foram se transformando ao longo de milhares de anos. A plantação já foi tarefa quase ex- clusiva das mulheres no alvorecer do Período Neolítico e do surgimento da agricultura, entre 12 e 10 mil anos atrás, para os povos que associavam o cultivo à fecun- didade da mulher. Uma peça de roupa que hoje é resul- tado da aplicação do trabalho de diferentes pessoas em diferentes indústrias (uma produz o fio de algodão, ou- traaplicaatinturaria,outracortaecostura,outravende, outras gerenciam todas essas etapas e outras lucram) já foi tarefa de um único trabalhador artesão nas socie- dades pré-capitalistas. Diante desse longo cenário da história das civiliza- ções, vamos refletir neste capítulo sobre as concep- ções de trabalho para, em seguida, avançarmos em períodos mais recentes do nosso tempo. Examinam- -se as mais diversas noções de trabalho que variaram no tempo e ao longo das diferentes sociedades: como punição, como tarefa de homens não livres, como escravidão, como trabalho servil numa sociedade de dependências, como trabalho industrial assalariado, como trabalho alienado, como braçal ou intelectual, Contexto Concepções de trabalho 1 OBJETIVOS • Construir diferentes visões sobre o conceito de trabalho, diferenciando os contextos históricos em que foram desenvolvidos. • Diferenciar as manifestações sociais do trabalho, como escravidão, servidão, trabalho livre e trabalho assalariado. • Aplicar os conceitos de grupos sociais, como castas, estamentos e classe social, para compreensão da realidade. • Diferenciar o significado do trabalho na Antiguidade e na Idade Média europeia. • Compreender a escravidão doméstica africana e a escravidão capitalista dos tempos modernos. • Conhecer discussões sobre trabalho assalariado, cooperativas e trabalho criativo. JUSTIFICATIVA Otrabalhoéaformacomoossereshumanosagemsobre anaturezademodoatransformá-laparaproduzircoisas úteisàsuasobrevivência.Oconceitodetrabalhomudou aolongodahistóriaeorganizoudiferentesestruturas sociais.Assim,otrabalholivreassalariadonãoéaforma quepredominounamaiorpartedahistóriadascivilizações ocidentais.Estecapítulobuscaanalisarastransformações doconceitodetrabalhoepropõeumencaminhamentopara desenvolverahabilidadecríticadoestudanteparaanalisar asrelaçõesdeproduçõesetambémsuaatualoufutura participaçãonomercadodetrabalho. COMPETÊNCIAS E HABILIDADES DA BNCC • Competências gerais da Educação Básica: CG1, CG2, CG3, CG4, CG5, CG6, CG7, CG9 e CG10. • Competências e habilidades específicas de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas: Competência 1: EM13CHS103; Competência 2: EM13CHS201; EM13CHS202; Competência 4: EM13CHS401; EM13CHS403; EM13CHS404; Competência 5: EM13CHS504. TEMAS CONTEMPORÂNEOS TRANSVERSAIS Economia • Trabalho Cidadania e Civismo • Vida familiar e social C A P Í T U L O C A P Í T U L O 18
  • 21. como trabalho remunerado ou não, como trabalho doméstico, como distin- ção social, como centro ou não da vida, enfim, diferentes formas de como o trabalho é vivido e sentido. Reflita sobre o papel e a centralidade que o trabalho desempenha em nos- sa vida com base nas questões abaixo e anote as respostas no caderno. Ao final do capítulo, retornaremos a elas a fim de discutir e compreender de que modo o trabalho afeta a vida de todos nós. NÃO ESCREVA NO LIVRO 1. Para você, o trabalho é uma forma de realização pessoal? Por quê? Se não o é ainda, você espera que algum dia seja? 2. Pessoas ricas que não necessitam trabalhar dificilmente são vistas pela sociedade como desocupadas. No entanto, o mesmo não é dito do traba- lhador que perde seu emprego e fica meses desempregado. Em que medi- da o trabalho está associado à dignidade pessoal em nossa sociedade? 3. Além do trabalho livre assalariado, quais outros tipos de trabalho – remu- nerados ou não – você reconhece na sociedade? 4. A revolução tecnológica pela qual o mundo tem passado nos últimos anos fez surgir uma série de áreas de atuação e/ou profissões? Você conhece áreas de atuação que surgiram recentemente? Elas são vistas como profissões? Veja as respostas no Manual do Professor. Artesão de comunidade indígena confeccionando esteira em palha de junco e usando máscara durante pandemia do coronavírus, em Garopaba (SC), em 2020. Eduardo Zappia/Pulsar Imagens 19
  • 22. Sobre o conceito de trabalho Ao pensarmos na palavra trabalho é provável que a maioria das pessoas a associe a uma linha de montagem em uma fábrica ou a alguma atividade em um escritório, com muitos funcionários. E elas não estão erradas em pensar dessa maneira. Afinal, no mundo contemporâneo a atuação profissional da maioria das pessoas acontece nos setores da indústria e, principalmente, de serviçosquesecaracterizam,geralmente,porgrandesfábricaseescritórios. Operadores de telemarketing, Rio de Janeiro (RJ), 2017. Linha de produção de telefones celulares em Namanve (Uganda), em 2019. Mas não podemos nos limitar a essas duas representações sobre o tra- balho. Isso porque, em primeiro lugar, as áreas de atuação profissional vão muito além de fábricas e escritórios e, em segundo lugar, porque trabalho é um conceito com múltiplos sentidos e que é utilizado por diferentes áreas do conhecimento e extrapola uma atividade profissional remunerada. Nas Ciências da Natureza, em especial na Física, trabalho é um conceito que relaciona uma força ao deslocamento de um corpo. Esse conceito será útil para iniciar nossa discussão. Em termos mecânicos, o trabalho é uma quantidade de energia transferida pelaaplicaçãodeumaforçaaumcorpoqueodeslocaemdeterminadadireção. Podeparecerestranho,àprimeiravista,recorreràFísicaparaoestudodeum tema na área de Ciências Humanas. Contudo, tal afirmação evidencia um dos traçosessenciaisdotrabalho:aaplicaçãodeenergiacomvistasaumobjetivo. Ou seja, o trabalho, para as Ciências Humanas, é a aplicação da energia de umindivíduoparaarealizaçãodeumatarefa,paraarealizaçãodeumobjetivo. Quando um agricultor manuseia uma enxada para plantar sementes que em pouco tempo vão germinar e se tornar alimentos, o trabalho realizado pode ser descrito como a energia que o lavrador transfere à enxada que re- sulta na força empregada no revolvimento do solo. Assim também poderemos pensar em outros trabalhadores cuja “força em ação” (este é o sentido da palavra “energia”) é empregada para a reali- zação de uma determinada finalidade. O trabalho é a causa dessa realização. © Luke Dray/Getty Images Lucas Tavares/Fotoarena/www.fotoarena.com.br 20
  • 23. O trabalho está presente na vida dos seres humanos desde os tempos mais remotos, seja por meio da coleta de alimentos, da caça de animais, seja pela construção dos abrigos mais rudimentares para se proteger e ter as ne- cessidades básicas minimamente atendidas. Diferentes sociedades criaram mitos sobre uma época em que os seres humanos não precisavam trabalhar para viver. Nas sociedades ocidentais e cristãs talvez o mito mais difundido seja o de Adão e Eva. Nessa versão, o primeiro homem e a primeira mulher criados por Deus vi- viam no Paraíso: o jardim do Éden, repleto de árvores com diversos frutos, bastando colhê-los para se alimentar e viver. Nenhum trabalho ou esforço eram necessários para a manutenção da vida. Deus disse a Adão e Eva que eles poderiam colher os frutos que quisessem, a não ser o da árvore do co- nhecimento. Eva, ludibriada pela serpente, colhe e oferece a Adão o fruto des- sa árvore, que ambos comem. Por descumprirem a ordem de Deus foram ex- pulsos do Paraíso. Desde então, eles e todos os demais seres humanos são obrigadosa“lavraraterradequeforatomado”.“Nosuordoteurostocomerás o teu pão” (Gênesis 3:19;23). O pecado original e a expulsão do Paraíso, de Michelangelo Buonarroti (1475-1564), 1509, uma das obras-primas do artista, é uma das cenas do conjunto de afrescos pintados na Capela Sistina, Vaticano, sobre passagens da Bíblia, tanto do Antigo Testamento quanto do Novo Testamento. NÃO ESCREVA NO LIVRO Dessa forma o mito da queda relaciona o trabalho à sobrevivência dos se- res humanos: se não trabalharmos, não nos alimentaremos. O trabalho res- pondeàsnecessidadesquesãoprópriasdacondiçãohumana,necessidades essas ligadas à sua vida econômica. 1. Como você avalia o trabalho? Trata-se de uma punição (uma obrigação ou necessidade) ou ele envolve realização pessoal, uma forma de contribuir para a construção de um mundo melhor? Qual visão você tem sobre ele? Explique. 2. Você acha que a visão que tem sobre o trabalho é decorrente de aspectos do meio social do qual você faz parte ou de aspectos culturais mais amplos? Justifique. Veja as respostas no Manual do Professor. Conversa Bridgeman Images/Easypix Brasil/Museus do Vaticano, Cidade do Vaticano. 21
  • 24. NÃO ESCREVA NO LIVRO 22 CONEXÕES LINGUAGENS E SUAS TECNOLOGIAS Público, privado, liberdade e punição Conhecer a etimologia dos termos ligados ao universo do trabalho nos permite compreender um pouco da história sobre o trabalho em si e as ques- tões que a ele estão relacionadas. A palavra “trabalho” vem da palavra latina tripalium, que significa, lite- ralmente, “três (tri) paus (palium)”. Inicialmente utilizado na lavoura como uma ferramenta para separar os grãos do trigo, o tripalium passou a ser usa- do como instrumento de tortura. E, curiosamente, da mesma forma que na narrativa da tradição judaico- -cristã, o trabalho passou a ser associado a uma forma de punição. Mas, mesmo antes dos romanos, o trabalho ficou identificado com a pri- vação da liberdade. Na Grécia antiga, tratar dos assuntos públicos, das coisas da cidade (pólis em grego), era um privilégio para aqueles que não precisavam se dedicar aos assuntos da casa (oikos em grego). Tudo o que é relativo ao que conhecemos hoje por “esfera privada”: a famí- lia, os bens materiais, a propriedade e, por extensão, toda a produção ma- terial para a subsistência, pertence à ideia de oikos. Assim, a esfera privada inclui também o mundo dos negócios. Como termo, “negócio” nada mais é do que a “negação do ócio”. Ócio signi- fica repouso, descanso, tempo livre, ou seja, o não trabalho. Portanto, negócio é ocupação, trabalho e privação de liberdade para discutir os temas da cidade. Da mesma forma a “economia” estava subordinada ao universo domés- tico, uma vez que a palavra “economia” deriva do grego, oikonomía: as “leis” (nómos) que presidem a “casa” (oikos). Em oposição à oikos – esfera privada – temos a pólis, isto é, a “cidade”, que corresponde a tudo o que hoje entendemos por “esfera pública”. Se a esfera privada é regida pela necessidade, a esfera pública, a política, tal como os gregos antigos a praticaram, era regida pela liberdade: apenas os cidadãos livres participavam da política. Em grupos: 1. Tomando o texto, de início, discutam cada um dos itens: a)Tripalium e trabalho; b)Trabalho e liberdade; c)Assuntos públicos e a pólis grega; d)Assuntos privados, negócios, economia e o oikos. 2. Passo seguinte – Presente/passado: Quais relações podem (ou não podem) ser feitas a partir das discussões com o trabalho nos dias atuais na sua cidade? 3. Quais seriam os exemplos? Veja as respostas no Manual do Professor. ManuRoquette/Wikipedia/Wikimedia Commons Reprodução/RTM Educacional Acima, uma representação de um tripalium. Abaixo, capa do livro Entre o tripalium e a revolução 4.0, organizado por Ana Maria Aparecida de Freitas, Fábio André de Farias e Laura Pedrosa Caldas.
  • 25. Na Antiguidade, especialmente entre os gregos, o trabalho era majoritaria- mente realizado pelos escravos, sobretudo aqueles que, à época, contavam para a economia, como produção e fabricação de bens. Para podermos me- lhor compreender o trabalho como toda atividade humana que transforma ou dá uma nova forma a uma matéria com vistas a um fim ou objetivo, vale nos debruçar sobre a teoria da causalidade de Aristóteles, resumida abaixo pela filósofa Marilena Chaui (1941-): A teoria aristotélica das quatro causas, tal como foi recolhida e con- servada pelos pensadores medievais, é uma das explicações encontradas pelo filósofo para dar conta do problema do movimento. Haveria, então, uma causa material (a matéria de que um corpo é constituído, como, por exemplo, a madeira, que seria a causa material da mesa), a causa for- mal (a forma que a matéria possui para constituir um corpo determinado, como, por exemplo, a forma da mesa que seria a causa formal da madei- ra), a causa motriz ou eficiente (a ação ou operação que faz com que uma matéria passe a ter uma determinada forma, como, por exemplo, quando o marceneiro fabrica a mesa) e, por último, a causa final (o motivo ou a razão pela qual uma determinada matéria passou a ter uma determinada forma, como, por exemplo, a mesa feita para servir como altar em um templo). Assim, as diferentes relações entre as quatro causas explicam tudo que existe, o modo como existe e se altera, e o fim ou motivo para o qual existe. CHAUI, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 2017. Foi preciso esperar até a modernidade, com a ascensão da burguesia ao poder nas sociedades ocidentais, para que o trabalho fosse redefinido como trabalho assalariado, “trabalho pelo qual se paga”, trabalho livre. Desde en- tão, o trabalho até se revestiu de dignidade, emergindo a visão de que aquele que não trabalha é indigno, um desocupado, por vadiagem, preguiça ou aco- modação. Trabalho como transformação Tomando as causalidades de Aristóteles, se identificamos o trabalho com a causa motora ou eficiente, é porque tínhamos em mente o trabalho manual. Mas se considerarmos, por exemplo, a construção de uma casa, teremos as seguintes causas: • Causa final: moradia para uma família. • Causa material: tijolos e cimento, definidos em função do conforto térmico, acústico e outras propriedades. • Causa eficiente: são os trabalhadores (mes- tres de obras, pedreiros, encanadores, eletri- cistas, entre outros). • Causa formal: é o projeto da casa, realizado pelo arquiteto ou engenheiro. 1. A qual das quatro causas apresentadas no texto corresponderia o trabalho? 2. Escolha um objeto comum do cotidiano e o descreva segundo as quatro causas que contribuíram para produzir esse objeto. Veja as respostas no Manual do Professor. Interpretar NÃO ESCREVA NO LIVRO Pedreiros trabalhando na construção de uma casa em Ouro Fino (MG), em 2016. João Prudente/Pulsar Imagens 23
  • 26. Assim, o trabalho do arquiteto ou do engenheiro se relaciona com a causa formal da casa, embora em relação ao projeto sejam eles causas eficientes. Os demais trabalhadores, pedreiros e outros, estão subordinados às ordens do arquiteto ou do engenheiro. E estes últimos estão, por sua vez, subordi- nados a quem responde pela causa final, quem enfim contratou o projeto, o proprietário da futura casa. Essa divisão entre causas estabelece uma hierarquia entre elas. Todo o processo de construção da casa está subordinado, em última medida, à fa- mília que contratou os serviços dos vários profissionais envolvidos nesse trabalho. Claro que no modelo de autoconstrução, no qual é o morador quem edifica sua própria casa, causas final, eficiente e formal estão concentradas numa mesma pessoa. Leia o texto abaixo, que trata sobre essa hierarquização entre as causas aristotélicas: Um aspecto fundamental dessa teoria da causalidade [de Aristóteles] consiste no fato de que as quatro causas não possuem o mesmo valor, isto é, são concebidas como hierarquizadas indo da causa mais inferior à causa superior. Nessa hierarquia, a causa menos valiosa ou menos importante é a causa eficiente (a operação de fazer a causa material receber a causa formal, ou seja, o fabricar natural ou humano) e a causa mais valiosa ou mais impor- tante é a causa final (o motivo ou finalidade da existência de alguma coisa). À primeira vista, essa teoria é uma pura concepção metafísica que serve para explicar de modo coerente e objetivo os fenômenos naturais (física) e os fenômenos humanos (ética, política e técnica). Nada parece indicar a menor relação entre a explicação causal do universo e a realida- de social grega. Sabemos, porém, que a sociedade grega é escravagista e que a sociedade medieval se baseia na servidão, isto é, são sociedades que distinguem radicalmente os homens em superiores – os homens livres, que são cidadãos, na Grécia, e senhores feudais, na Europa medieval – e inferiores – os escravos, na Grécia, e os servos da gleba, na Idade Média. CHAUI, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 2017. NÃO ESCREVA NO LIVRO • O texto estabelece um paralelo entre a composição social da Grécia antiga e a da sociedade medieval com duas causas aristotélicas. Identifique o paralelo, relacionando a causa a que correspondem os homens livres e senhores feudais e a causa a que correspondem os escravos e servos. Veja as respostas no Manual do Professor. Interpretar Grécia e Roma. Pedro Paulo Funari. Editora Contexto, 2001. O livro traz uma rica introdução às civilizações grega e romana e suas contribuições à formação das sociedades ocidentais, abordando, entre outros temas, a questão do trabalho na estrutura dessas sociedades. Saber Reprodução/Editora Contexto 24
  • 27. O trabalho como exploração Qualquer que seja a visão que tenhamos sobre o trabalho (se manual ou intelectual,sedignificanteoupunitivo),todaselaspartemdeummesmopon- to: o trabalho envolve algum grau ou etapa de transformação da natureza ou damatériacomvistasàproduçãodealgoquetenhaalgumaimportânciapara alguém, ou que seja visto como válido pela sociedade em que está inserido. Na sociedade capitalista moderna, o trabalho parece algo individual, de- pendente apenas do indivíduo. Ele é, contudo, essencialmente social. Nenhu- ma empresa, nenhum empreendedor produz todos os materiais e componen- tes necessários para a confecção do produto que fabrica. Tomemos como exemplo uma empresa que produz celulares. Ela não produz o chip, a tela, o plástico, os circuitos: reúne todas essas peças produzidas por outras empre- sas a fim de fabricar o celular. Muitas vezes, nem mesmo fabrica, apenas pro- jetaedesenvolveoprodutoeterceirizaafabricaçãoparaoutraempresa.Esse fato nos revela que o trabalho é configurado a partir de uma divisão social. Nointeriordeumamesmaempresa,otrabalhotambémédivididoemfun- ções, que podemos separar em dois grandes grupos: os gestores e os subor- dinados. Esses dois grupos também estão sujeitos a novas divisões: direto- res e gerentes coordenam o trabalho de mecânicos, engenheiros e pintores emumamontadoraautomobilística,porexemplo.Enquantoostrabalhadores produzem o produto que será vendido no mercado, gestores acompanham e coordenam o trabalho dos demais. Essa divisão entre grupos de acordo com diferentes funções no processo produtivo também ocorria em outras sociedades em que o trabalho estava estruturado de diferentes formas: escravos e homens livres; servos e senho- res feudais, etc. São hierarquizações formadas por estratos sociais (vem do latim stratum, “camada”) segundo as diferentes funções que grupos desempenham no processo produtivo. A sociologia busca a compreensão dessa constituição das hierar- quizações e suas desigualdades, designada estratificação social, por meio da qual “vantagens e recursos tais como riqueza, poder e prestígio são distribuídos sistemática e desigualmente nas ou entre sociedades”. Uma das representações mais comuns da estratificação social é o gráfico na forma de um triângulo, no qual as ca- madas menos favorecidas se encontram na base e as ca- madas de maior nível socioeconômico se encontram no topo. Mas a estratificação social não é exatamente a mesma em toda época ou em todo lugar. Os modos de organização social mudam muito de uma sociedade paraoutra,mas,deformageral,podemosdestacar três grandes sistemas de estratificação social: as castas, os estamentos e as classes sociais. Pirâmide representando o sistema de castas. Apesar de banidas por lei, as castas ainda sobrevivem na Índia rural. R o d v a l M a t ia s / A r q u iv o d a e d it o r a Brâmanes Xátrias Vaixás Sudras Párias: os "sem castas". 25
  • 28. O sistema de castas é uma forma de estratificação social que leva em consideração fatores como linhagem familiar, ofícios, tradições, religiosidade e uma noção cultural de pureza ou im- pureza de indivíduos pertencentes a determinadas famílias. Não há mobilidade social. A Índia, por exemplo, é um país de religião hinduísta marcado pela existência de castas, sendo a mais elevada os brâmanes (atividades religio- sas e intelectuais) e a mais baixa os sudras (ativida- des serviçais); há também os párias (sem castas). Embora as castas tenham sido banidas por lei, per- manecem nas relações sociais, principalmente na zona rural. O sistema de estamentos é aquele nos quais as camadas se definem a partir das atividades desempenhadas e do status so- cial, mas sem os aspectos religiosos nem as noções de pureza características das castas. As sociedades estamentais se distinguem ainda por seu baixo nível de mobilidade social. Diferentemente das castas, nas quais um indivíduo ja- mais muda sua posição na sociedade, a mudança de um estamento a outro pode acontecer, embora muito difícil. O exemplo mais tradicional de um sistema estamental é a Europa na época da Idade Média feudal. O sistema de classes é aquele em que as camadas sociais se definem principalmente a partir das diferenciações de ordem econômica e no qual é possível a mobilidade social. Em um sistema de classes a desigualdade eco- nômica está geralmente associada a uma desigualdade de capital cultural e de poder político. Desigualdade de capital cultural porque são geralmente as camadas mais ricas que têm mais acesso a bens culturais, como escolariza- ção e outros meios de acesso à informação e ao conhecimento. Desigualda- de de poder político porque geralmente também são as camadas mais altas aquelas que detêm maior capacidade de atuação nas instituições políticas. Na prática, em uma sociedade de classes, é raro, mas não proibido ou im- possível, que apenas pela via do mercado uma pessoa que tenha nascido em uma família pobre suba na escala social e se torne um milionário, ou vice- -versa. Mas há situações em que a mobilidade social pode ser significativa, como no caso da implementação de programas sociais que retirem milhões de famílias da miséria, ou de uma crise econômica que leve a um “achata- mento” das classes sociais. De qualquer modo, o conceito de classe se apli- ca às sociedades nas quais a desigualdade social não é vista como tendo origem na natureza ou como fruto de um desígnio divino, mas como resulta- do das ações humanas. R o d v a l M a t i a s / A r q u i v o d a e d i t o r a Na ordenação estamental, a camada superior e dominante era formada pelo clero (especialmente o alto clero, composto de bispos, arcebispos e o papa) e pelos nobres. Abaixo dos senhores feudais ficavam alguns trabalhadores rurais submetidos ao senhor e instalados nas terras deste, os chamados vilões. O estamento inferior era constituído pelos servos, a maioria da população, geralmente descendentes dos antigos colonos romanos. Os servos eram obrigados a pagar diversos tributos aos senhores. 26
  • 29. Em várias referências e nas pesquisas de mercado, como vemos nas pu- blicações todos os dias, é comum usar classe no sentido de estrato ou “ca- mada”. Isso aparece como sendo dados ou opiniões obtidas, por exemplo, de indivíduos da classe A (de altas rendas), da classe B (de renda média) e da classe C (de baixa renda). São descrições da sociedade, fundadas em renda, sem uma visão histórica dos conflitos e tensões que permeiam o conjunto social. Em contraposição, vejamos o conceito de classe social advindo dos trabalhos do filósofo e economista alemão Karl Marx (1818-1883) e, em se- guida, algumas indicações do sociólogo e economista também alemão Max Weber (1864-1920). Segundo a teoria marxista, a relação entre classes é sempre de contra- posição, uma explora o trabalho da outra. Daí a frase de Karl Marx de que a história da humanidade é “a história da luta de classes”. Na sociedade capi- talista, na qual o trabalho assume a forma assalariada, as classes que com- põem o processo produtivo são os capitalistas (ou a burguesia), que detêm os meios de produção, e os trabalhadores (ou o proletariado ou operariado), que, por não possuírem nada além de seu corpo e sua energia, vendem sua força de trabalho em troca de um salário. Meios de produção Meios de produção são as máquinas, os instrumentos, as instalações e as terras necessárias para a atividade produtiva realizada pelo trabalhador. Conceitos Esse processo pelo qual o trabalhador, despossuído de meios, vende sua força de trabalho resulta na alienação. A palavra alienação vem do latim alie- nare, “que não pertence a si”. Por vender sua força de trabalho, nem a ativi- dade realizada nem o produto que é produzido pelo trabalhador pertencem a ele. O trabalhador não escolhe como vai trabalhar nem em que ritmo e, mui- tas vezes, nem sequer escolhe o que vai produzir. Leiaotextoabaixo,emqueaquestãodaalienaçãonotrabalhoéretratada. O trabalhador só se sente junto a si quando fora do trabalho e fora de si quando no trabalho. Está em casa quando não trabalha e, quando tra- balha, não está em casa. O seu trabalho não é, portanto, voluntário, mas forçado, trabalho obrigatório. O trabalho não é, por isso, a satisfação de uma carência, mas somente um meio para satisfazer necessidades fora dele [...] Finalmente, a externalidade do trabalho aparece para o traba- lhador como se o trabalho não fosse seu próprio, mas de um outro, como se o trabalho não lhe pertencesse, como se ele no trabalho não pertencesse a si mesmo, mas a um outro. Assim a atividade do trabalhador não é a sua autoatividade. Ela pertence a outro, é a perda de si mesmo. MARX, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. São Paulo: Boitempo, 2010, p. 83. 1. É necessário que o trabalho seja obrigatório, forçado e alienado a outro? Por quê? 2. Haveria outras formas de trabalho escapando da alienação? Veja as respostas no Manual do Professor. Interpretar NÃO ESCREVA NO LIVRO 27
  • 30. Entre a burguesia e o operariado, eixos da sociedade capitalista, existem outros grupos sociais (pequenos negócios, pequenas e médias proprieda- des, funcionários públicos, profissionais liberais, etc.) denominados classe média, um grupo não homogêneo e oscilante na atuação social e política, segundo a visão marxista. Para Marx, classe social é uma categoria histórica, como burguesia e pro- letariado, ligada ao desenvolvimento das sociedades, fundamental para a concepção das relações sociais com seus antagonismos. Para o sociólogo Max Weber, diferentemente de Marx, para quem o eixo analítico está na produção social e na exploração do trabalho, é o indivíduo o elemento central da explicação da realidade social. Weber toma como chave de sua análise a ação social, realizada pelo agente ou agentes. Assim, Weber utiliza o termo classe referindo-se às oportunidades da vida, às conquistas do que se deseja e se consegue do mercado, juntando com outras duas dimensões de desigualdade, o poder e o prestígio. “O enfo- que multidimensional de Weber amplia a análise da classe, como ajuda a ex- plicar as complexidades da posição e relações de classes, em especial se as relações são consideradas no contexto das três dimensões de desigualdade e dos fatos que a afetam.” Trabalho em comunidades tradicionais No Brasil, de acordo com o Decreto n. 6 040/2007 em seu artigo 3o inciso I, Povos e Comunidades Tradicionais são “grupos culturalmente diferenciados e que se reconhecem como tais, que possuem formas próprias de organização social,queocupameusamterritórioserecursosnaturaiscomocondiçãopara sua reprodução cultural, social, religiosa, ancestral e econômica, utilizando conhecimentos, inovações e práticas gerados e transmitidos pela tradição”. As comunidades tradicionais podem ser formadas por caboclos, indígenas, posseiros negros e até colonos de ascendência europeia. São homens e mu- lheres cuja identidade está ligada à terra e ao trabalho comunitário. Para as comunidades tradicionais, sobretudo aquelas remanescentes de quilombos, a grande questão que se coloca ainda nos dias de hoje é a obten- ção oficial da propriedade da terra. Sempre houve um esforço para consoli- dação dos espaços ocupados por essas comunidades, haja vista que, desde 1850, com a promulgação da Lei de Terras, o governo brasileiro impediu a entrega gratuita de terras pelo Estado, forçando a compra dos lotes, refor- çando o poder das elites proprietárias e praticamente impedindo o acesso à terra aos escravizados que seriam libertos décadas depois. Essa luta secular resultou na aprovação do artigo 68 no Ato das Disposições Transitórias, pela Constituição de 1988: Art. 68. Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que este- jam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, deven- do o Estado emitir-lhes os títulos respectivos. BRASIL. Presidência da República. Casa Civil. Subchefia para Assuntos Jurídicos. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ constituicao.htm#adct. Acesso em: 31 jul. 2020. JOHNSON, Allan G. Dicionário de sociologia: guia prático da linguagem. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997. p. 38. 28
  • 31. Um traço marcante das comunidades tradicionais é o esforço para a ma- nutenção de suas memórias e de seus elementos simbólicos que compõem a identidade dos grupos. Um dos elementos de manutenção das culturas tra- dicionais é a forma como o trabalho é desempenhado. Nele é comum o uso de recursos naturais de modo equilibrado porque há a preocupação em manter a estrutura construída para as gerações posteriores, que são, geralmente, comunidades marcadas pela economia de subsistência. Diferentemente de outras, as comunidades tradicionais consideram o território como elemen- to simbólico e mítico, um lugar no qual seus valores são constantemente reconstruídos em conexão com seu passado e conhecimentos ancestrais, produzindo um modo de vida associativo e/ou coletivo. Ou seja, o ritmo de reprodução do modo de vida social se dá em compasso com o ritmo natural. Dessa forma o trabalho mantém uma profunda interdependência com a natureza, o desejo de viver em comum, as redes de solidariedade, a partilha igualitária dos valores de uso e dos valores monetários, a posse comunitária da terra e de outras riquezas inscritas nas comunidades e a não exploração de outro indivíduo como eixo estruturante da organização social. Segundo os pesquisadores Ângela Souza e Carlos Brandão, as comunidades tradicionais apresentam relações sociais que: [...] dão características de vínculos e afeição com o lugar de existência. Os viventes deste lugar constroem laços interativos de afetividade, consi- derando o território como uso, apropriação, afeições e símbolos caracte- rísticos de um espaço heterogêneo BRANDÃO, Carlos R.; SOUZA, Angela F. G. de. Ser e viver enquanto comunidades tradicionais. Mercator, Fortaleza, v. 11, n. 26, set./dez. 2012, p 111. Disponível em: www.mercator.ufc.br. Acesso em: 20 jun. 2020. Muitas vezes o termo “tradicional” pode ser mal compreendido, carregado de significado pejorativo que faz referência a algo ultrapassado, “atrasado”, que se opõe ao que é novo e moderno. São tradições que carregam uma pers- pectiva de vida e visão de mundo que podem não ser compreendidas de acor- do com os paradigmas da sociedade moderna, causando uma certa estranhe- za com relação à produção material e imaterial da vida cotidiana. No entanto, é importante salientar que as comunidades tradicionais preconizam outro modo de vida, que pode conviver em harmonia com as conquistas da moder- nidade e até mesmo incorporá-las para o melhoramento do seu bem-estar. NÃO ESCREVA NO LIVRO • Existem povos e comunidades tradicionais no município ou no estado em que você vive? Pesquise e elabore um texto para descrever as principais características culturais dessa comunidade e indicar os principais desafios que encontra atualmente para manter seu modo de vida. Busque saber sobre a questão fundiária do local onde vivem e inclua essa informação. Veja resposta no Manual do Professor. Conversa Maloca da comunidade Ingarikó do Manalaiula usada para aulas na Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Uiramutã (RR), em 2018. Marcos Amend/Pulsar Imagens 29