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OCORRÊNCIA DE Escherichia coli EM CULTURAS DE URINA NO SETOR DE
MICROBIOLOGIA DO PAM ANTÔNIO RIBEIRO NETTO
Sheila Spindola
Ambulatório do Pam Antônio Ribeiro Netto - Centro do Rio de Janeiro; dezembro, 2006.
RESUMO
A infecção do trato urinário (ITU) é uma das mais comuns na clínica
médica. Estas infecções podem ser identificadas no exame do sedimento urinário, pela
microscopia direta, pelo método de Gram e pela urocultura, sendo esta a melhor forma de
diagnóstico, que não só permite a quantificação dos germes existentes na urina, como
define o agente etiológico da infecção. Este estudo teve como objetivo mostrar através da
identificação, a ocorrência de isolamento de Escherichia coli em uroculturas. Foram
analisadas amostras de urina dos pacientes de ambulatório do setor de Microbiologia do
PAM Antônio Ribeiro Netto, no centro do Rio de Janeiro, no período de Janeiro de 2005 a
Julho de 2006. Do total de 2.125 pacientes, foram 239 culturas positivas, sendo a maioria
do sexo feminino (87%), 1.853 culturas negativas e 64 culturas contaminadas, sendo a
maioria do sexo feminino (83%) e, entre as bactérias, houve a ocorrência de Escherichia
coli com 56% das uroculturas positivas. A E. coli está entre os patógenos bacterianos de
seres humanos mais freqüente e mais importante, provocando mais de 90% de todas as
infecções do trato urinário. Após caracterizar a epidemiologia, a patogenia e as
manifestações clínicas deste microorganismo e cultivá-los, conclui-se que a Escherichia
coli é o germe que ocorre com maior freqüência na infecção do trato urinário.
Palavra chave: Infecção urinária - Bactéria - Escherichia coli - Culturas de urina.
ABSTRACT
The urinary tract infection (ITU) is one most common problems that occurs
in the practice of medical clinic. These kinds of infections can be identified through the
urinary sediment exam, the direct microscopy, the Gram method and the urine cultures.
This last method is the best way to diagnose, because it not only permits the quantification
of germs existing in the urine but also defines the etiological agent which causes the
infection . this study had as purpose to show, through the identification, the incident of the
isolation of Escherichia coli in urine cultures. In the microbiology department of Antônio
Ribeiro Netto PAM, wich is located downtown, durigthe period of January, 2005 up to
July, 2006, urine samples of ambulatory patients were analysed. A The of 2,125 patients,
239 positive cultures and 64 cultures were contaminated and most of them from women
(83%) among all bacteria there was a incident of the Escherichia coli whit 56% of the
positive urine cultures. The E. coli is, among the patholgnically bacterial agent, the one
that affects the human beings more frequently; besides being the most important one, it
cause more 90% of all urinary tract infection. After characterizing, the epidemiology, the
pathogenicity and in additionto that, after cultivating this, it is concluded that the
Escherichia coli is the most frequent germe that cause urinary tract infection.
Keywords: Urinary infection - Bacterias - Escherichia coli - Urine cultures
2
INTRODUÇÃO
O exame de urina é uma das mais antigas formas de diagnóstico. Data de
1550 a.C. um livro que descrevia o uso da urina para o diagnóstico da enfermidade e desde
então muitos avanços aconteceram nessa área, principalmente pela facilidade de coleta e
pelas informações que podem ser obtidas sobre diversas funções metabólicas do organismo
(STRASINGER, 2000).
A infecção urinária pode apresentar-se de várias formas clínicas. Pode ser
assintomática e só ser diagnosticada mediante a realização de exames laboratoriais,
apresentando bacteriúria. Esta forma de infecção representa uma “colonização” das vias
urinárias baixas. Por outro lado, as bactérias podem penetrar nas camadas mais profundas
da bexiga, levando à febre baixa, micção freqüente e dor na micção, isto é, disúria. Estas
são as manifestações clínicas da cistite (KUNIN,1997).
Em alguns pacientes, as bactérias da bexiga podem atingir as vias urinárias
altas produzindo a pielonefrite aguda, apresentando calafrios, febre de até 40°C e dor
intensa em um ou ambos os flancos (ROCHA, 2003).
A infecção do trato urinário (ITU) é uma patologia freqüente que ocorre em
todas as idades, do neonato ao idoso, mas durante o primeiro ano de vida, devido a um
maior número de malformações congênitas, especialmente válvulas de uretra posterior;
acomete preferencialmente o sexo masculino. A partir deste período, durante toda a
infância e principalmente na fase pré-escolar, as meninas são acometidas por ITU 10 a 20
vezes mais do que os meninos (ZAMAN, 1998).
Na vida adulta, a incidência de ITU se eleva e o predomínio no sexo
feminino se mantém, com picos de maior acometimento no início ou relacionado à
atividade sexual, durante a gestação ou na menopausa (MARANGONI, 1994).
Na mulher, a susceptibilidade à ITU se deve à uretra mais curta e à maior
proximidade do ânus com a vagina e uretra, à higiene deficiente, à gestação, entre outras.
No homem, o maior comprimento uretral, o maior fluxo urinário e o fator antibacteriano
prostático são protetores. O papel da circuncisão é controverso, mas a menor ligação de
enterobactéria à mucosa do prepúcio pode exercer proteção contra ITU. A partir da 5ª e 6ª
década, a presença do prostatismo torna o homem mais suscetível à ITU (HEILBERG,
1995).
3
A ITU é classificada como não complicada quando ocorre em pacientes
com estrutura e função do trato urinário normais e é adquirida fora de ambiente hospitalar.
As condições que se associam à ITU complicada incluem as de causa obstrutiva, anátomo-
funcionais, metabólicas, uso de cateter de demora ou qualquer tipo de instrumentação e
derivações ileais (SANTOS, 1999).
As infecções complicadas ocorrem em indivíduos que já possuem alguma
anormalidade estrutural ou funcional, presença de cálculos renais, doenças com
predisposição à infecção renal ou na vigência de cateterismo vesical, procedimentos
cirúrgicos do trato urinário. Pelo maior risco, as ITUs em crianças, gestantes, homens e as
infecções do trato urinário alto são consideradas infecções complicadas (OPLUSTIL,
1999).
O exame microbiológico da urina é um dos mais freqüentes e mais difíceis
de ser corretamente executado, pois vários interferentes relacionados a coleta, transporte e
manipulação do material refletem na elaboração do laudo (MOURA, 1997).
Normalmente, a urina não apresenta nenhum microorganismo. A presença
de qualquer microorganismo pode levar ao desenvolvimento da infecção urinária. Algumas
pessoas, em especial as mulheres, podem apresentar bactérias na urina e não
desenvolverem ITU propriamente dita, sendo assim completamente assintomática. Esses
casos são chamados de “bacteriúria assintomática” e adquirem especial importância nas
grávidas, pois além da diminuição das defesas durante a gestação, há um aumento da
progesterona o que causa o relaxamento da bexiga e favorece a estase urinária, a qual
acontece quando há uma dificuldade de esvaziamento total da bexiga, e a urina fica
acumulada por muito tempo, favorecendo a proliferação de bactérias na urina levando a
infecção (MURRAY, 1999).
Há três possibilidades de um microorganismo alcançar o trato urinário e
causar infecções. Pela via ascendente, o microorganismo poderá atingir a uretra, a bexiga,
ureter e o rim. Esta é a via mais freqüente, principalmente em mulheres (pela menor
extensão da uretra) e em pacientes submetidos à instrumentação do trato urinário. Pela via
hematogênica, ocorre devido a intensa vascularização do rim podendo o mesmo ser
comprometido em qualquer infecção sistêmica sendo a mais comum nos neonatos. Pela via
linfática é rara, embora haja possibilidade de microorganismos alcançarem o rim pelas
4
conexões linfáticas entre o intestino e o rim e/ou entre o trato urinário inferior e superior
(RUBIN, 2006).
O trato urinário pode ser invadido por uma grande diversidade de
microorganismos, como bactérias, vírus e fungos. A natureza do microorganismo invasor
depende, na maior parte dos casos da história da infecção, dos fatores subjacentes do
hospedeiros, do uso de agentes antimicrobianos e da instrumentação do trato urinário
(SATO, 2005).
Infecções urinárias podem ser identificadas no exame do sedimento
urinário, pela microscopia direta, pela coloração através do método de Gram, e pela
urocultura, sendo esta a melhor forma de diagnóstico que não só permite a quantificação
dos germes existentes na urina, como define o agente etiológico da infecção. As bactérias
mais freqüentes são as aeróbicas Gram negativas em forma de bastonetes, como é o caso
da Escherichia coli, Klebsiella sp. e várias espécies de Proteus sp. (CORRÊA, 2003). Em
seguida, por ordem de importância com relação à freqüência, encontram-se os cocos Gram-
positivos, como as bactérias do gênero Staphylococcus sp., Streptococcus sp. e
Enterococcus.
De um modo geral, nas primoinfecções encontramos apenas um germe
patogênico, como é o caso das infecções agudas. Já nas infecções crônicas podemos
encontrar dois ou mais microorganismos, estas últimas incidem em pacientes com
disfunção vesical grave de origem neurogênica, que permanecem muito tempo
cateterizados (GRAHAM, 2001).
A maioria das infecções urinárias é causada por bactérias Gram negativas. O
microorganismo invasor mais comum de acordo com MURRAY (1999) é a Escherichia
coli, que ocorre em cerca de 80% a 90% das infecções bacterianas agudas não-complicadas
das vias urinárias.
A E.coli possui fímbrias ou pili (pêlos), são apêndices filamentosos menores
e mais curtos que os flagelos e se fixa na parede do trato urinário para não ser arrastada
pelo fluxo urinário, a E.coli na flora intestinal não causa dano algum, pois faz parte da
microbiota intestinal, mas, se alcançar as vias urinárias, causa infecção por ser um
patógeno agressivo no trato urinário. As enterobactérias são diferenciadas por seu
comportamento bioquímico. No caso da E. coli Indol (+), Lisina (+), Glucose (+) e Citrato
5
(-). Baseados nesses fatos, o presente estudo teve como objetivo levantar a ocorrência de E.
coli em urocultura isolada em pacientes do ambulatório do PAM Antônio Ribeiro Netto.
MATERIAL E MÉTODOS
Para realização deste estudo, foi adotada a metodologia usual de pesquisa
bibliográfica com dados coletados nas bibliotecas Manoel Bandeira (UCB), FIOCRUZ,
FACULDADES SIMONSEN e UNIRIO.
Foi realizado um estudo retrospectivo do prontuário de microbiologia no
laboratório do Posto de Atendimento Médico Antônio Ribeiro Netto, localizado no Centro
do Rio de Janeiro, no período de janeiro de 2005 à julho de 2006.
Feita a assepsia local, as amostras foram obtidas através de coleta da
primeira urina, em recipientes estéreis, utilizando-se a técnica do jato médio de micção
espontânea, que foi registrado e semeado em placas contendo meio cistina lactose
eletrólitos deficientes (CLED) utilizando-se alça calibrada de 1μL , e incubado a 36°C por
24 / 48 horas.
Todo material biológico foi tratado como potencialmente infectante e
considerado de risco, sendo manipulado com cuidado, obedecendo às normas de
biossegurança e boas práticas de laboratório. Descreveremos a seguir o procedimento para
realização da urocultura.
A contagem de colônias foi realizada multiplicando-se o número de colônias
crescidas em placa por 1.000. Foi realizada a coloração do crescimento bacteriano pelo
método de Gram e em seguida encaminhadas para identificação.
Os microorganismos foram identificados pelo kit API20E (BIO MERIEUX)
para bacilos Gram negativos e através de provas como catalase, coagulase, sensibilidade a
novobiocina, crescimento em cloretado, caldo cloretado, bile esculina, e teste de CAMP
para cocos Gram positivos.
No Kit é observado o metabolismo das provas bioquímicas pela sua
coloração onde a ocorrência de E.coli será determinada pelas provas de Indol (positivo -
rosa), Lisina (positivo-vermelho/alaranjado), Glucose (positivo amarelo/amarelo
acinzentado) e Citrato (negativo – azul esverdeado), com o código obtido de todas as
provas teremos a identificação da bactéria.
6
API20E: É um sistema padronizado que permite a identificação das
enterobactérias e outros bacilos Gram negativos não exigentes, incluindo 20 testes
bioquímicos, como uma base de dados para classificação dos mesmos.
QUADRO 1: Provas Bioquímicas (da esquerda para direita)
Teste Nome Resultado Resultado
Negativo Positivo
ONPG 2-nitrofenil-βD
galactopiranosida
Incolor Amarelo
ADH L-arginina Amarelo Vermelho/alaranjado
LDC L-lisina Amarelo Vermelho/alaranjado
ODC L-ornitina Amarelo Vermelho/alaranjado
CIT Citrato de sódio Verde pálido/amarelo Azul-esverdeado/azul
H2S Tiosulfato de sódio Incolor/acinzentado Depósito negro
URE Uréia Amarelo Vermelho/alaranjado
TDA L-triptofano
(fenilalanina
desaminase)
Amarelo Castanho avermelhado
IND L-triptofano (indol) Incolor/verde pálido/amarelo rosa
VP Voges Proskauer –
Piruvato de sódio
Incolor Rosa/vermelho
GEL Gelatina Sem difusão Difusão do pigmento negro
GLU D-glucose Azul/azul esverdeado Amarelo/amarelo acinzentado
MAN D-manitol Azul/azul esverdeado Amarelo
SOR D-sorbitol Azul/azul esverdeado Amarelo
RHA L-ramnose Azul/azul esverdeado Amarelo
SAC D-sacarose Azul/azul esverdeado Amarelo
MEL D-melibiose Azul/azul esverdeado Amarelo
AMY Amigdalina Azul/azul esverdeado Amarelo
ARA L-arabinose Azul/azul esverdeado Amarelo
Fonte: Pam Antônio Ribeiro Netto.
O Teste de CAMP é para a maioria dos Streptococcus agalactiae (beta
hemolítico do grupo B), produz uma enzima extracelular (fator CAMP) que atua
sinergicamente com a beta lisina produzida pelo Staphylococcus, causando lise dos
eritrócitos. Em uma placa de agar sangue de carneiro inocular, uma linha de
Staphylococcus produtor de beta lisina (hemólise) perpendicular a esta linha, com uma
distância de 3 a 4 mm, inocular uma linha do Streptococcus e incubar em estufa a 35ºC. O
teste positivo mostra uma área de hemólise total em forma de uma seta.
7
87%
13%
Feminino Masculino
RESULTADOS
Foram analisadas um total de 2.125 amostras, dentro das quais 12% das
amostras foram positivas para infecção e 88% foram negativas (Figura. 1).
12%
88%
Amostras positivas Amostras negativas
FIGURA 1: PERCENTUAL DE AMOSTRAS POSITIVAS E NEGATIVAS.
Do total de 2.125 uroculturas analisadas, 87% eram do sexo feminino e 13%
eram do sexo masculino (Figura. 2).
FIGURA 2: PERCENTUAL DE UROCULTURAS POR SEXO.
8
Do total de 2.125 uroculturas analisadas, foram contaminadas 64 amostras, sendo
83% do sexo feminino e 17% masculino (Figura. 3).
FIGURA 3: PERCENTUAL DE CONTAMINAÇÃO POR ERRO DE COLETA DOS
SEXOS FEMININO E MACULINO.
Do total das 239 uroculturas positivas, tivemos 56% de isolamento de
Escherichia coli, 12% Klebsiella sp., 9% Staphylococcus sp., 5% Streptococcus sp.,
Enterobacter sp., 2% Citrobacter sp., 1% Proteus sp. e 10% outras (Figura. 4).
FIGURA 4: OCORRÊNCIA DA Escherichia coli EM RELAÇÃO AS OUTRAS BACTÉRIAS.
DISCUSSÃO
Durante o período do estudo, foram analisadas 2.125 uroculturas, dentre
estas 1.822 amostras apresentaram resultados negativos; 239 das amostras apresentaram
17%
83%
Contaminados do sexo feminino Contaminados do sexo masculino
0%
20%
40%
60%
Escherichia coli Staphylococcus sp. Streptococcus sp.
Klebsiella Enterobacter sp. Proteus sp.
Citrobacter Outros
9
crescimento bacteriano indicativo de infecção do trato urinário e 64 das amostras
apresentaram crescimento polimicrobiano com 3 ou mais tipos de colônias diferentes,
caracterizando contaminação de coleta.
Neste estudo, das 2.125 uroculturas analisadas, 239 (12%) foram positivas,
Os pacientes normalmente procuram o serviço médico com queixa de disúria, freqüência
urinária, dor abdominal baixa e/ou febre.
Segundo Nicolle (2001), o exame de cultura é solicitado pelo clínico devido
a tais sintomas serem sugestivos de infecção do trato urinário. Entretanto, sintomatologia
que sugere infecção urinária pode ocorrer na dependência de inúmeros outros fatores,
principalmente na mulher, como colpites, vaginites, uretrites, dentre outras.
No estudo realizado no Pam Antônio Ribeiro Netto, mostraram maior
número de urocultura pacientes do sexo feminino, em relação ao sexo masculino.
De acordo com Trabulsi (1991), na mulher a susceptibilidade à ITU se deve
à uretra mais curta e a maior proximidade do ânus com a vagina e uretra, à higiene
deficiente, à gestação, entre outras. No homem, o maior comprimento uretral, maior fluxo
urinário e o fator antibacteriano prostático são protetores.
O papel da circuncisão é controverso, mas a menor ligação de
enterobactéria à mucosa do prepúcio pode exercer proteção contra ITU. A partir da 5ª e 6ª
década de vida, a presença do prostatismo torna o homem mais suscetível à ITU
(ARAÚJO, 2003).
Segundo Moura (1997), o exame microbiológico da urina é um dos mais
difíceis, pois a coleta, o transporte e a manipulação do material pode refletir na liberação
do laudo. A coleta exige técnica apropriada para a amostra não ser contaminada, o que
poderia ocasionar um resultado falso. Desta forma, a análise dos resultados dos exames
utilizados no diagnósticos clínicos depende da obtenção e conservação da amostra urinária
examinada, além de aspectos clínicos e microbiológicos.
Há na literatura evidências de que pode ser danoso aguardar o resultado da
urocultura para iniciar o tratamento da ITU. Tratamento empírico está indicado em
pacientes com infecção urinária febril devido à dificuldade de se fazer um diagnóstico
precoce. A urocultura é o único exame capaz de documentar ITU, porém seu resultado
demora 48 horas. Em muitos casos são identificadas mais de duas espécies bacterianas
compatíveis com contaminação de coleta (BROOKS, 2000).
10
Verifica-se quase sempre a ocorrência de E. coli, porém muitas espécies de
outros bastonetes Gram negativos (como Klebsiella sp., Proteus sp. e Enterobacter sp.),
também são comuns e Gram positivas, por exemplo, Staphylococcus sp. e Streptococcus
sp.
De acordo com Camargo (2002), a distribuição relativa das bactérias
isoladas ocorreu mais entre as enterobactérias, principalmente as E. coli e Klebsiella sp.,
que representam cerca de 85% do total. Tal distribuição é semelhante ao verificado em
estudos sobre infecções urinárias comunitárias no Brasil e em outros países. Assemelha-se
também ao constatado cerca de vinte anos antes na mesma comunidade. Em 103.223 casos
norte-americanos de infecção não-complicada, a E.coli ocorre em 72% das mulheres
seguida de Klebsiella sp., Proteus sp. e outros bacilos Gram-negativos.
Segundo Murray (1999), “o microorganismo invasor mais comum é a
Escherichia coli, que ocorre em cerca de 80% a 90% das infecções bacterianas agudas não
complicadas das vias urinárias”.
De acordo com Rubin (2006), a E .coli está entre os patógenos bacterianos
de seres humanos que ocorre com mais freqüência, provocando mais de 90% de todas as
infecções do trato urinário e muitos casos de doenças diarréicas do mundo todo.
Ainda de acordo com RUBIN (2006), as infecções por E. coli produzem
inicialmente um infiltrado inflamatório agudo no local da infecção, em geral a mucosa da
bexiga.
CONCLUSÃO
No estudo realizado, foi observada a ocorrência de isolamento de E. coli como sendo o
principal patôgeno de infecção do trato urinário (56%), seguida de outras (20%) de
Enterobactérias, (9%) Staphylococcus sp. e (5%) Streptococcus sp.
O laboratório clínico estabelece as instruções de coleta visando a
padronização e redução de interferências que possam prejudicar à confiabilidade dos
exames. A padronização começa com o preparo do paciente através das instruções a ele
fornecidas pelo laboratório, no sentido de que o material seja coletado, armazenado e
transportado da forma mais adequada e correta possível, seguida do procedimento, análise,
interpretação e liberação do laudo.
11
Essas infecções são muito comuns, afetando mais de 10% da população
humana, com freqüência repetida.
Após caracterizar a epidemiologia, a patogenia e as manifestações clínicas
deste microorganismo e cultivá-los em laboratório para fins de diagnósticos de tratamento,
conclui-se que a E. coli é uma das bactérias que ocorre com mais frequência na infecção do
trato urinário.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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  • 1. OCORRÊNCIA DE Escherichia coli EM CULTURAS DE URINA NO SETOR DE MICROBIOLOGIA DO PAM ANTÔNIO RIBEIRO NETTO Sheila Spindola Ambulatório do Pam Antônio Ribeiro Netto - Centro do Rio de Janeiro; dezembro, 2006. RESUMO A infecção do trato urinário (ITU) é uma das mais comuns na clínica médica. Estas infecções podem ser identificadas no exame do sedimento urinário, pela microscopia direta, pelo método de Gram e pela urocultura, sendo esta a melhor forma de diagnóstico, que não só permite a quantificação dos germes existentes na urina, como define o agente etiológico da infecção. Este estudo teve como objetivo mostrar através da identificação, a ocorrência de isolamento de Escherichia coli em uroculturas. Foram analisadas amostras de urina dos pacientes de ambulatório do setor de Microbiologia do PAM Antônio Ribeiro Netto, no centro do Rio de Janeiro, no período de Janeiro de 2005 a Julho de 2006. Do total de 2.125 pacientes, foram 239 culturas positivas, sendo a maioria do sexo feminino (87%), 1.853 culturas negativas e 64 culturas contaminadas, sendo a maioria do sexo feminino (83%) e, entre as bactérias, houve a ocorrência de Escherichia coli com 56% das uroculturas positivas. A E. coli está entre os patógenos bacterianos de seres humanos mais freqüente e mais importante, provocando mais de 90% de todas as infecções do trato urinário. Após caracterizar a epidemiologia, a patogenia e as manifestações clínicas deste microorganismo e cultivá-los, conclui-se que a Escherichia coli é o germe que ocorre com maior freqüência na infecção do trato urinário. Palavra chave: Infecção urinária - Bactéria - Escherichia coli - Culturas de urina. ABSTRACT The urinary tract infection (ITU) is one most common problems that occurs in the practice of medical clinic. These kinds of infections can be identified through the urinary sediment exam, the direct microscopy, the Gram method and the urine cultures. This last method is the best way to diagnose, because it not only permits the quantification of germs existing in the urine but also defines the etiological agent which causes the infection . this study had as purpose to show, through the identification, the incident of the isolation of Escherichia coli in urine cultures. In the microbiology department of Antônio Ribeiro Netto PAM, wich is located downtown, durigthe period of January, 2005 up to July, 2006, urine samples of ambulatory patients were analysed. A The of 2,125 patients, 239 positive cultures and 64 cultures were contaminated and most of them from women (83%) among all bacteria there was a incident of the Escherichia coli whit 56% of the positive urine cultures. The E. coli is, among the patholgnically bacterial agent, the one that affects the human beings more frequently; besides being the most important one, it cause more 90% of all urinary tract infection. After characterizing, the epidemiology, the pathogenicity and in additionto that, after cultivating this, it is concluded that the Escherichia coli is the most frequent germe that cause urinary tract infection. Keywords: Urinary infection - Bacterias - Escherichia coli - Urine cultures
  • 2. 2 INTRODUÇÃO O exame de urina é uma das mais antigas formas de diagnóstico. Data de 1550 a.C. um livro que descrevia o uso da urina para o diagnóstico da enfermidade e desde então muitos avanços aconteceram nessa área, principalmente pela facilidade de coleta e pelas informações que podem ser obtidas sobre diversas funções metabólicas do organismo (STRASINGER, 2000). A infecção urinária pode apresentar-se de várias formas clínicas. Pode ser assintomática e só ser diagnosticada mediante a realização de exames laboratoriais, apresentando bacteriúria. Esta forma de infecção representa uma “colonização” das vias urinárias baixas. Por outro lado, as bactérias podem penetrar nas camadas mais profundas da bexiga, levando à febre baixa, micção freqüente e dor na micção, isto é, disúria. Estas são as manifestações clínicas da cistite (KUNIN,1997). Em alguns pacientes, as bactérias da bexiga podem atingir as vias urinárias altas produzindo a pielonefrite aguda, apresentando calafrios, febre de até 40°C e dor intensa em um ou ambos os flancos (ROCHA, 2003). A infecção do trato urinário (ITU) é uma patologia freqüente que ocorre em todas as idades, do neonato ao idoso, mas durante o primeiro ano de vida, devido a um maior número de malformações congênitas, especialmente válvulas de uretra posterior; acomete preferencialmente o sexo masculino. A partir deste período, durante toda a infância e principalmente na fase pré-escolar, as meninas são acometidas por ITU 10 a 20 vezes mais do que os meninos (ZAMAN, 1998). Na vida adulta, a incidência de ITU se eleva e o predomínio no sexo feminino se mantém, com picos de maior acometimento no início ou relacionado à atividade sexual, durante a gestação ou na menopausa (MARANGONI, 1994). Na mulher, a susceptibilidade à ITU se deve à uretra mais curta e à maior proximidade do ânus com a vagina e uretra, à higiene deficiente, à gestação, entre outras. No homem, o maior comprimento uretral, o maior fluxo urinário e o fator antibacteriano prostático são protetores. O papel da circuncisão é controverso, mas a menor ligação de enterobactéria à mucosa do prepúcio pode exercer proteção contra ITU. A partir da 5ª e 6ª década, a presença do prostatismo torna o homem mais suscetível à ITU (HEILBERG, 1995).
  • 3. 3 A ITU é classificada como não complicada quando ocorre em pacientes com estrutura e função do trato urinário normais e é adquirida fora de ambiente hospitalar. As condições que se associam à ITU complicada incluem as de causa obstrutiva, anátomo- funcionais, metabólicas, uso de cateter de demora ou qualquer tipo de instrumentação e derivações ileais (SANTOS, 1999). As infecções complicadas ocorrem em indivíduos que já possuem alguma anormalidade estrutural ou funcional, presença de cálculos renais, doenças com predisposição à infecção renal ou na vigência de cateterismo vesical, procedimentos cirúrgicos do trato urinário. Pelo maior risco, as ITUs em crianças, gestantes, homens e as infecções do trato urinário alto são consideradas infecções complicadas (OPLUSTIL, 1999). O exame microbiológico da urina é um dos mais freqüentes e mais difíceis de ser corretamente executado, pois vários interferentes relacionados a coleta, transporte e manipulação do material refletem na elaboração do laudo (MOURA, 1997). Normalmente, a urina não apresenta nenhum microorganismo. A presença de qualquer microorganismo pode levar ao desenvolvimento da infecção urinária. Algumas pessoas, em especial as mulheres, podem apresentar bactérias na urina e não desenvolverem ITU propriamente dita, sendo assim completamente assintomática. Esses casos são chamados de “bacteriúria assintomática” e adquirem especial importância nas grávidas, pois além da diminuição das defesas durante a gestação, há um aumento da progesterona o que causa o relaxamento da bexiga e favorece a estase urinária, a qual acontece quando há uma dificuldade de esvaziamento total da bexiga, e a urina fica acumulada por muito tempo, favorecendo a proliferação de bactérias na urina levando a infecção (MURRAY, 1999). Há três possibilidades de um microorganismo alcançar o trato urinário e causar infecções. Pela via ascendente, o microorganismo poderá atingir a uretra, a bexiga, ureter e o rim. Esta é a via mais freqüente, principalmente em mulheres (pela menor extensão da uretra) e em pacientes submetidos à instrumentação do trato urinário. Pela via hematogênica, ocorre devido a intensa vascularização do rim podendo o mesmo ser comprometido em qualquer infecção sistêmica sendo a mais comum nos neonatos. Pela via linfática é rara, embora haja possibilidade de microorganismos alcançarem o rim pelas
  • 4. 4 conexões linfáticas entre o intestino e o rim e/ou entre o trato urinário inferior e superior (RUBIN, 2006). O trato urinário pode ser invadido por uma grande diversidade de microorganismos, como bactérias, vírus e fungos. A natureza do microorganismo invasor depende, na maior parte dos casos da história da infecção, dos fatores subjacentes do hospedeiros, do uso de agentes antimicrobianos e da instrumentação do trato urinário (SATO, 2005). Infecções urinárias podem ser identificadas no exame do sedimento urinário, pela microscopia direta, pela coloração através do método de Gram, e pela urocultura, sendo esta a melhor forma de diagnóstico que não só permite a quantificação dos germes existentes na urina, como define o agente etiológico da infecção. As bactérias mais freqüentes são as aeróbicas Gram negativas em forma de bastonetes, como é o caso da Escherichia coli, Klebsiella sp. e várias espécies de Proteus sp. (CORRÊA, 2003). Em seguida, por ordem de importância com relação à freqüência, encontram-se os cocos Gram- positivos, como as bactérias do gênero Staphylococcus sp., Streptococcus sp. e Enterococcus. De um modo geral, nas primoinfecções encontramos apenas um germe patogênico, como é o caso das infecções agudas. Já nas infecções crônicas podemos encontrar dois ou mais microorganismos, estas últimas incidem em pacientes com disfunção vesical grave de origem neurogênica, que permanecem muito tempo cateterizados (GRAHAM, 2001). A maioria das infecções urinárias é causada por bactérias Gram negativas. O microorganismo invasor mais comum de acordo com MURRAY (1999) é a Escherichia coli, que ocorre em cerca de 80% a 90% das infecções bacterianas agudas não-complicadas das vias urinárias. A E.coli possui fímbrias ou pili (pêlos), são apêndices filamentosos menores e mais curtos que os flagelos e se fixa na parede do trato urinário para não ser arrastada pelo fluxo urinário, a E.coli na flora intestinal não causa dano algum, pois faz parte da microbiota intestinal, mas, se alcançar as vias urinárias, causa infecção por ser um patógeno agressivo no trato urinário. As enterobactérias são diferenciadas por seu comportamento bioquímico. No caso da E. coli Indol (+), Lisina (+), Glucose (+) e Citrato
  • 5. 5 (-). Baseados nesses fatos, o presente estudo teve como objetivo levantar a ocorrência de E. coli em urocultura isolada em pacientes do ambulatório do PAM Antônio Ribeiro Netto. MATERIAL E MÉTODOS Para realização deste estudo, foi adotada a metodologia usual de pesquisa bibliográfica com dados coletados nas bibliotecas Manoel Bandeira (UCB), FIOCRUZ, FACULDADES SIMONSEN e UNIRIO. Foi realizado um estudo retrospectivo do prontuário de microbiologia no laboratório do Posto de Atendimento Médico Antônio Ribeiro Netto, localizado no Centro do Rio de Janeiro, no período de janeiro de 2005 à julho de 2006. Feita a assepsia local, as amostras foram obtidas através de coleta da primeira urina, em recipientes estéreis, utilizando-se a técnica do jato médio de micção espontânea, que foi registrado e semeado em placas contendo meio cistina lactose eletrólitos deficientes (CLED) utilizando-se alça calibrada de 1μL , e incubado a 36°C por 24 / 48 horas. Todo material biológico foi tratado como potencialmente infectante e considerado de risco, sendo manipulado com cuidado, obedecendo às normas de biossegurança e boas práticas de laboratório. Descreveremos a seguir o procedimento para realização da urocultura. A contagem de colônias foi realizada multiplicando-se o número de colônias crescidas em placa por 1.000. Foi realizada a coloração do crescimento bacteriano pelo método de Gram e em seguida encaminhadas para identificação. Os microorganismos foram identificados pelo kit API20E (BIO MERIEUX) para bacilos Gram negativos e através de provas como catalase, coagulase, sensibilidade a novobiocina, crescimento em cloretado, caldo cloretado, bile esculina, e teste de CAMP para cocos Gram positivos. No Kit é observado o metabolismo das provas bioquímicas pela sua coloração onde a ocorrência de E.coli será determinada pelas provas de Indol (positivo - rosa), Lisina (positivo-vermelho/alaranjado), Glucose (positivo amarelo/amarelo acinzentado) e Citrato (negativo – azul esverdeado), com o código obtido de todas as provas teremos a identificação da bactéria.
  • 6. 6 API20E: É um sistema padronizado que permite a identificação das enterobactérias e outros bacilos Gram negativos não exigentes, incluindo 20 testes bioquímicos, como uma base de dados para classificação dos mesmos. QUADRO 1: Provas Bioquímicas (da esquerda para direita) Teste Nome Resultado Resultado Negativo Positivo ONPG 2-nitrofenil-βD galactopiranosida Incolor Amarelo ADH L-arginina Amarelo Vermelho/alaranjado LDC L-lisina Amarelo Vermelho/alaranjado ODC L-ornitina Amarelo Vermelho/alaranjado CIT Citrato de sódio Verde pálido/amarelo Azul-esverdeado/azul H2S Tiosulfato de sódio Incolor/acinzentado Depósito negro URE Uréia Amarelo Vermelho/alaranjado TDA L-triptofano (fenilalanina desaminase) Amarelo Castanho avermelhado IND L-triptofano (indol) Incolor/verde pálido/amarelo rosa VP Voges Proskauer – Piruvato de sódio Incolor Rosa/vermelho GEL Gelatina Sem difusão Difusão do pigmento negro GLU D-glucose Azul/azul esverdeado Amarelo/amarelo acinzentado MAN D-manitol Azul/azul esverdeado Amarelo SOR D-sorbitol Azul/azul esverdeado Amarelo RHA L-ramnose Azul/azul esverdeado Amarelo SAC D-sacarose Azul/azul esverdeado Amarelo MEL D-melibiose Azul/azul esverdeado Amarelo AMY Amigdalina Azul/azul esverdeado Amarelo ARA L-arabinose Azul/azul esverdeado Amarelo Fonte: Pam Antônio Ribeiro Netto. O Teste de CAMP é para a maioria dos Streptococcus agalactiae (beta hemolítico do grupo B), produz uma enzima extracelular (fator CAMP) que atua sinergicamente com a beta lisina produzida pelo Staphylococcus, causando lise dos eritrócitos. Em uma placa de agar sangue de carneiro inocular, uma linha de Staphylococcus produtor de beta lisina (hemólise) perpendicular a esta linha, com uma distância de 3 a 4 mm, inocular uma linha do Streptococcus e incubar em estufa a 35ºC. O teste positivo mostra uma área de hemólise total em forma de uma seta.
  • 7. 7 87% 13% Feminino Masculino RESULTADOS Foram analisadas um total de 2.125 amostras, dentro das quais 12% das amostras foram positivas para infecção e 88% foram negativas (Figura. 1). 12% 88% Amostras positivas Amostras negativas FIGURA 1: PERCENTUAL DE AMOSTRAS POSITIVAS E NEGATIVAS. Do total de 2.125 uroculturas analisadas, 87% eram do sexo feminino e 13% eram do sexo masculino (Figura. 2). FIGURA 2: PERCENTUAL DE UROCULTURAS POR SEXO.
  • 8. 8 Do total de 2.125 uroculturas analisadas, foram contaminadas 64 amostras, sendo 83% do sexo feminino e 17% masculino (Figura. 3). FIGURA 3: PERCENTUAL DE CONTAMINAÇÃO POR ERRO DE COLETA DOS SEXOS FEMININO E MACULINO. Do total das 239 uroculturas positivas, tivemos 56% de isolamento de Escherichia coli, 12% Klebsiella sp., 9% Staphylococcus sp., 5% Streptococcus sp., Enterobacter sp., 2% Citrobacter sp., 1% Proteus sp. e 10% outras (Figura. 4). FIGURA 4: OCORRÊNCIA DA Escherichia coli EM RELAÇÃO AS OUTRAS BACTÉRIAS. DISCUSSÃO Durante o período do estudo, foram analisadas 2.125 uroculturas, dentre estas 1.822 amostras apresentaram resultados negativos; 239 das amostras apresentaram 17% 83% Contaminados do sexo feminino Contaminados do sexo masculino 0% 20% 40% 60% Escherichia coli Staphylococcus sp. Streptococcus sp. Klebsiella Enterobacter sp. Proteus sp. Citrobacter Outros
  • 9. 9 crescimento bacteriano indicativo de infecção do trato urinário e 64 das amostras apresentaram crescimento polimicrobiano com 3 ou mais tipos de colônias diferentes, caracterizando contaminação de coleta. Neste estudo, das 2.125 uroculturas analisadas, 239 (12%) foram positivas, Os pacientes normalmente procuram o serviço médico com queixa de disúria, freqüência urinária, dor abdominal baixa e/ou febre. Segundo Nicolle (2001), o exame de cultura é solicitado pelo clínico devido a tais sintomas serem sugestivos de infecção do trato urinário. Entretanto, sintomatologia que sugere infecção urinária pode ocorrer na dependência de inúmeros outros fatores, principalmente na mulher, como colpites, vaginites, uretrites, dentre outras. No estudo realizado no Pam Antônio Ribeiro Netto, mostraram maior número de urocultura pacientes do sexo feminino, em relação ao sexo masculino. De acordo com Trabulsi (1991), na mulher a susceptibilidade à ITU se deve à uretra mais curta e a maior proximidade do ânus com a vagina e uretra, à higiene deficiente, à gestação, entre outras. No homem, o maior comprimento uretral, maior fluxo urinário e o fator antibacteriano prostático são protetores. O papel da circuncisão é controverso, mas a menor ligação de enterobactéria à mucosa do prepúcio pode exercer proteção contra ITU. A partir da 5ª e 6ª década de vida, a presença do prostatismo torna o homem mais suscetível à ITU (ARAÚJO, 2003). Segundo Moura (1997), o exame microbiológico da urina é um dos mais difíceis, pois a coleta, o transporte e a manipulação do material pode refletir na liberação do laudo. A coleta exige técnica apropriada para a amostra não ser contaminada, o que poderia ocasionar um resultado falso. Desta forma, a análise dos resultados dos exames utilizados no diagnósticos clínicos depende da obtenção e conservação da amostra urinária examinada, além de aspectos clínicos e microbiológicos. Há na literatura evidências de que pode ser danoso aguardar o resultado da urocultura para iniciar o tratamento da ITU. Tratamento empírico está indicado em pacientes com infecção urinária febril devido à dificuldade de se fazer um diagnóstico precoce. A urocultura é o único exame capaz de documentar ITU, porém seu resultado demora 48 horas. Em muitos casos são identificadas mais de duas espécies bacterianas compatíveis com contaminação de coleta (BROOKS, 2000).
  • 10. 10 Verifica-se quase sempre a ocorrência de E. coli, porém muitas espécies de outros bastonetes Gram negativos (como Klebsiella sp., Proteus sp. e Enterobacter sp.), também são comuns e Gram positivas, por exemplo, Staphylococcus sp. e Streptococcus sp. De acordo com Camargo (2002), a distribuição relativa das bactérias isoladas ocorreu mais entre as enterobactérias, principalmente as E. coli e Klebsiella sp., que representam cerca de 85% do total. Tal distribuição é semelhante ao verificado em estudos sobre infecções urinárias comunitárias no Brasil e em outros países. Assemelha-se também ao constatado cerca de vinte anos antes na mesma comunidade. Em 103.223 casos norte-americanos de infecção não-complicada, a E.coli ocorre em 72% das mulheres seguida de Klebsiella sp., Proteus sp. e outros bacilos Gram-negativos. Segundo Murray (1999), “o microorganismo invasor mais comum é a Escherichia coli, que ocorre em cerca de 80% a 90% das infecções bacterianas agudas não complicadas das vias urinárias”. De acordo com Rubin (2006), a E .coli está entre os patógenos bacterianos de seres humanos que ocorre com mais freqüência, provocando mais de 90% de todas as infecções do trato urinário e muitos casos de doenças diarréicas do mundo todo. Ainda de acordo com RUBIN (2006), as infecções por E. coli produzem inicialmente um infiltrado inflamatório agudo no local da infecção, em geral a mucosa da bexiga. CONCLUSÃO No estudo realizado, foi observada a ocorrência de isolamento de E. coli como sendo o principal patôgeno de infecção do trato urinário (56%), seguida de outras (20%) de Enterobactérias, (9%) Staphylococcus sp. e (5%) Streptococcus sp. O laboratório clínico estabelece as instruções de coleta visando a padronização e redução de interferências que possam prejudicar à confiabilidade dos exames. A padronização começa com o preparo do paciente através das instruções a ele fornecidas pelo laboratório, no sentido de que o material seja coletado, armazenado e transportado da forma mais adequada e correta possível, seguida do procedimento, análise, interpretação e liberação do laudo.
  • 11. 11 Essas infecções são muito comuns, afetando mais de 10% da população humana, com freqüência repetida. Após caracterizar a epidemiologia, a patogenia e as manifestações clínicas deste microorganismo e cultivá-los em laboratório para fins de diagnósticos de tratamento, conclui-se que a E. coli é uma das bactérias que ocorre com mais frequência na infecção do trato urinário. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ARAÚJO, M.A.T.; ROCHA-FILHO, M.A; IMBROISI, M.A. Infecção do trato urinário em mulheres . Int Braz J Urol, v. 29, p. 25-9, 2003. BROOKS, G.F.; BUTEL, J.S.; MORSE, S.A. Microbiologia médica. 21 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. CAMARGO, C.B.S.; PEDRO, .C.; LOURENÇO, D. S.; GIRONI, R. H. A & MARTINEZ, R. Infecção de vias urinárias na comunidade de Ribeirão Preto- São Paulo: Etiologia, sensibilidade bacteriana a antimicrobianos e implicações terapêuticas. Revista da associação médica brasileira, 35: 173-178, abr /jun.2002 CORRÊA, L.A.; CANALINI, A.F.; MATHEUS, W.E. Etiologia das infecções do trato urinário. Int Braz j Urol, v.29 , p. 7-10, 2003. GRAHAM, J.C.; GALLOWAY, A. The laboratory diagnosis of urinary tract infection. J Clin Pathol, v. 54, p. 911-9, 2001. HEILBERG, I.P.; SCHOR, N. Abordagem diagnóstica e terapêutica na infecção do trato urinário- itu. SP. Revista da associação médica brasileira, 52: 141 -64, 1995. KUNIN, C. M. Urinary tract infection. 5. ed. Baltimore: Williams & Wilkins, 1997. MARANGONI, D.V.; MOREIRA, B.M. Doenças infecciosas: conduta, diagnóstico e terapêutica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1994. MOURA, R.A.; Técnicas de laboratório, 3 ed., São Paulo: Atheneu, 1997. MURRAY, P.R. Manual of clinical microbiology. 7. ed. Washington : ASM Press, 1999. NICOLLE, L.E. Epidemiology of urinary tract infection. Infect Med 18: 153-62, 2001. OPLUSTIL, P.C.; ZOCCOLI, M.C .; TABOUTI, R.N.; SINTO, I.S. Procedimentos básicos em microbiologia clínica. ed. Sarvier , 1999. .
  • 12. 12 ROCHA, L.C.A.; CARVALHAL, G.F.; MONTI, P.R. Exames complementares na infecção do trato urinário. Int Braz J Urol, v. 29, p. 15-20, 2003. RUBIN, EMANOEL. Patologia: bases clínicopatológicas da medicina. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara koogan, 2006. SANTOS, S.R..; AMADO, C.A.B.; ASSEF, S.M.C. Infecções urinárias. Arq Ciênc Saúde Unipar, v. 3, n. 1, p. 43-50, 1999. SATO , A.F.; SVIDZINSKI, A.E.; CONSOLARO, M.E.L.; BOER, C.G. Nitrito urinário e infecção do trato urinário por cocos Gram – positivos. J. Bras. Patol. Med. vol. 41 n.6 Rio de Janeiro, dez 2005. STRASINGER, S.K. Uroanálise e fluidos biológicos. 3. ed. São Paulo: Editorial Premier, 1998. TRABULSI, L.R.; Microbiologia médica. 3. ed. São Paulo. Atheneu, 1991. ZAMAN, A.B. Disappointing dipstick screening for urinary tract infection in hospital inpatients. J Clin Pathol, v. 51, p. 471-2, 1998.