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JOUVE, Vincent. Por que estudar literatura?
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O que se ensina quando se ensina literatura? O que ler? O que pode a
literatura hoje diante da disseminação em ritmo cada vez mais vertiginoso dos
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ponto de exigir reflexão metodológica quando da sua constituição como objeto
didático? Os bestsellers são literatura e suas adaptações para o cinema uma porta
de acesso à formação do gosto pela leitura junto ao público infanto-juvenil?
A propósito do binômio literatura e escola não são poucas as questões
que se colocam para o público composto por professores e pesquisadores. Seja,
por um lado, por estes se verem diante de relativo esgotamento dos modelos de
ensino vigentes (cuja abordagem ainda parece bastante pautada pelo ensino de
uma história literária); seja, por outro, por se verem diante dos jovens leitores
mobilizados por narrativas de bruxos voadores, vampiros apaixonados e lobiso-
mens obcecados, o que implica a dificuldade dos professores para: a) selecionar
outras obras literárias a serem lidas e estudadas em contexto escolar e; b) trazer
essas obras literárias de maneira a também interessar esses jovens leitores.
Ambas as questões (a seleção de obras e o modo de trabalhá-las) parecem
passar pela própria justificativa da constituição do objeto, ou seja, a literatura
como algo passível de ser ensinado e aprendido: mas enfim por que estudar
literatura? Se pensarmos no procedimento borgeano descrito por Umberto Eco2
(1992) segundo o qual um leitor é artifício desenvolvido pelos livros para que
estes possam conversar entre si, poderíamos estabelecer um diálogo entre textos
publicados por Perrone-Moisés, no Brasil, e Jouve, na França. Para a autora:
curiosamente, enquanto a literatura perdia seu prestígio no ensino [...] ela
se adaptou aos novos tempos. A edição e a circulação de obras literárias
1	 Universidade Federal de São Paulo. Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas.
Guarulhos, São Paulo, Brasil. Av. Monteiro Lobato, 679. CEP 07112-000.
2	 ECO, Umberto. De superman au surhomme. Paris: Grasset, 1992. p.  172.
Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 52, p. 321-323, abr./jun. 2014. Editora UFPR 321
ganhou um grande impulso com a informatização [...] os escritores pre-
miados saíram de seus gabinetes para se tornar “celebridades” midiáticas
[...] E tudo isso continua ocorrendo como se o conceito de literatura
não tivesse sofrido nenhum abalo teórico, como se todos soubessem
tacitamente o que é literatura.3
Com efeito, nos últimos dez anos, assistimos à publicação de uma série de
obras cuja temática converge para o questionamento desse binômio, abordado
de diferentes formas. Assim, títulos sugestivos apontam para isso, como A
literatura em perigo, de Tzvetan Todorov (São Paulo: Difel, 2009), Literatura
para quê? de Antoine Compagnon (Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2009)
e Como falar dos livros que não lemos? de Pierre Bayard (Rio de Janeiro:
Objetiva, 2009), todos publicados na França e, no Brasil, não podemos deixar
de mencionar o também sugestivo título de Joel Rufino dos Santos para seus
“ensaios indisciplinados”: Quem ama literatura não estuda literatura (Rio de
Janeiro: Rocco, 2008).
Vincent Jouve parece sensível a essa percepção das implicações de um
saber tacitamente compartilhado sobre o tema e responde, enfrentando a questão
que intitula sua obra, por meio da delimitação do objeto. Nela trata de responder
à espinhosa tarefa de circunscrever o domínio do literário, pois, para o autor, se
há uma crise dos estudos literários que implicaria suspeitas sobre a pertinência
de se ensinar literatura, nas altas instâncias institucionais, que decidem sobre
o financiamento das políticas culturais, editoriais e dos currículos escolares,
entretanto, as escolhas continuam a ser feitas apesar dessa crise e, no outro
extremo desse circuito – em uma de suas terminalidades –, a sala de aula, local
especular das políticas culturais, editoriais e curriculares, o professor deve poder
dispor de repertório para responder a essa pergunta – por que estudar literatura?
Jouve, pois, afirma:
se a arte não existe mais para os teóricos, ela ainda existe para a maioria
dos indivíduos e, sobretudo, para uma série de instituições (ensino, im-
prensa, mídias) que pesam fortemente sobre nossa existência cotidiana.
Assim, talvez não seja inútil se interrogar sobre uma “realidade” que,
mesmo mal definida, “informa” – através de uma série de engrenagens
– o mundo em que vivemos e nossa existência no interior desse mundo
(JOUVE, 2012, p. 10-11).
3	 PERRONE-MOISÉS, L. O ensino da literatura. In: NITRINI, S. Literatura, artes e saberes.
São Paulo: Abralic/Hucitec, 2008. p. 15.
JOVER-FALEIROS, R. Por que estudar literatura?
Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 52, p. 321-323, abr./jun. 2014. Editora UFPR322
O enriquecimento da existência, o desenvolvimento do espírito crítico ao
reforçar as capacidades de análise e reflexão do leitor, implicando uma liberda-
de de juízo e ampliação da experiência humana que a literatura veicula são as
razões que justificam para Jouve o estudo da literatura. Assim, para responder
à pergunta, mobiliza discussões teóricas a propósito da arte em suas dimensões
estética, histórica e cultural por meio das duas grandes perguntas que organizam
a primeira parte da obra: “a arte existe?”, “a literatura existe?”, promovendo
“interlúdios” à guisa de ilustração do debate por meio da análise de trechos de
textos literários, recurso eminentemente pedagógico que já aponta, ao delimitar
o objeto, para o modo como explorá-lo em contexto didático.
Na tradução, Marcos Bagno e Marcos Marciolino optaram por naturalizar
alguns exemplos de obras ou eventos históricos, aproximando alguns debates
ao público brasileiro, mas mantiveram as obras analisadas que compõem os
interlúdios.
Trata-se, sem dúvida, de obra de referência para a área de metodologia
do ensino da literatura; sobretudo pelo esforço empreendido pelo autor de
coligir os debates teóricos nos estudos literários como forma de responder a
uma pergunta – por que estudar literatura? – que não está na origem desses
debates e franqueando, dessa forma, um acesso a eles para um público em fase
de formação inicial. Neste caso, vale destacar também que se Jouve se lança à
empreitada de síntese teórica como forma de divulgação – assim como fizera
em A leitura (São Paulo: Editora da Unesp) em 2002; seu olhar está voltado
para o passado, principalmente nas propostas de leitura que oferece, todas per-
tencentes a um cânone literário francês (Nerval, Flaubert, Graac, entre outros).
Ainda que reitere a necessidade de perguntar à obra literária – na tradição dos
trabalhos de Robert Jauss – quais diferentes respostas ela oferece ao público
leitor ao longo da história de sua recepção, Jouve permanece fiel à perspectiva
do texto literário que promove uma ruptura formal com sua época, como forma
de inovação no campo, paradigma de leitura atrelado a uma tradição teórica e
crítica que merece ser ressignificada, sobretudo para aqueles que refletem sobre
o ensino da literatura.
Texto recebido em 26 de abril de 2014.
Texto aprovado em 03 de maio de 2014.
JOVER-FALEIROS, R. Por que estudar literatura?
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Jouve por que studar literatura resenha

  • 1. JOUVE, Vincent. Por que estudar literatura? Tradução de Marcos Bagno e Marcos Marcio­ lino. São Paulo: Parábola editorial, 2012. Rita Jover-Faleiros1 O que se ensina quando se ensina literatura? O que ler? O que pode a literatura hoje diante da disseminação em ritmo cada vez mais vertiginoso dos recursos audiovisuais da web? O texto literário reserva alguma singularidade a ponto de exigir reflexão metodológica quando da sua constituição como objeto didático? Os bestsellers são literatura e suas adaptações para o cinema uma porta de acesso à formação do gosto pela leitura junto ao público infanto-juvenil? A propósito do binômio literatura e escola não são poucas as questões que se colocam para o público composto por professores e pesquisadores. Seja, por um lado, por estes se verem diante de relativo esgotamento dos modelos de ensino vigentes (cuja abordagem ainda parece bastante pautada pelo ensino de uma história literária); seja, por outro, por se verem diante dos jovens leitores mobilizados por narrativas de bruxos voadores, vampiros apaixonados e lobiso- mens obcecados, o que implica a dificuldade dos professores para: a) selecionar outras obras literárias a serem lidas e estudadas em contexto escolar e; b) trazer essas obras literárias de maneira a também interessar esses jovens leitores. Ambas as questões (a seleção de obras e o modo de trabalhá-las) parecem passar pela própria justificativa da constituição do objeto, ou seja, a literatura como algo passível de ser ensinado e aprendido: mas enfim por que estudar literatura? Se pensarmos no procedimento borgeano descrito por Umberto Eco2 (1992) segundo o qual um leitor é artifício desenvolvido pelos livros para que estes possam conversar entre si, poderíamos estabelecer um diálogo entre textos publicados por Perrone-Moisés, no Brasil, e Jouve, na França. Para a autora: curiosamente, enquanto a literatura perdia seu prestígio no ensino [...] ela se adaptou aos novos tempos. A edição e a circulação de obras literárias 1 Universidade Federal de São Paulo. Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas. Guarulhos, São Paulo, Brasil. Av. Monteiro Lobato, 679. CEP 07112-000. 2 ECO, Umberto. De superman au surhomme. Paris: Grasset, 1992. p.  172. Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 52, p. 321-323, abr./jun. 2014. Editora UFPR 321
  • 2. ganhou um grande impulso com a informatização [...] os escritores pre- miados saíram de seus gabinetes para se tornar “celebridades” midiáticas [...] E tudo isso continua ocorrendo como se o conceito de literatura não tivesse sofrido nenhum abalo teórico, como se todos soubessem tacitamente o que é literatura.3 Com efeito, nos últimos dez anos, assistimos à publicação de uma série de obras cuja temática converge para o questionamento desse binômio, abordado de diferentes formas. Assim, títulos sugestivos apontam para isso, como A literatura em perigo, de Tzvetan Todorov (São Paulo: Difel, 2009), Literatura para quê? de Antoine Compagnon (Belo Horizonte: Editora da UFMG, 2009) e Como falar dos livros que não lemos? de Pierre Bayard (Rio de Janeiro: Objetiva, 2009), todos publicados na França e, no Brasil, não podemos deixar de mencionar o também sugestivo título de Joel Rufino dos Santos para seus “ensaios indisciplinados”: Quem ama literatura não estuda literatura (Rio de Janeiro: Rocco, 2008). Vincent Jouve parece sensível a essa percepção das implicações de um saber tacitamente compartilhado sobre o tema e responde, enfrentando a questão que intitula sua obra, por meio da delimitação do objeto. Nela trata de responder à espinhosa tarefa de circunscrever o domínio do literário, pois, para o autor, se há uma crise dos estudos literários que implicaria suspeitas sobre a pertinência de se ensinar literatura, nas altas instâncias institucionais, que decidem sobre o financiamento das políticas culturais, editoriais e dos currículos escolares, entretanto, as escolhas continuam a ser feitas apesar dessa crise e, no outro extremo desse circuito – em uma de suas terminalidades –, a sala de aula, local especular das políticas culturais, editoriais e curriculares, o professor deve poder dispor de repertório para responder a essa pergunta – por que estudar literatura? Jouve, pois, afirma: se a arte não existe mais para os teóricos, ela ainda existe para a maioria dos indivíduos e, sobretudo, para uma série de instituições (ensino, im- prensa, mídias) que pesam fortemente sobre nossa existência cotidiana. Assim, talvez não seja inútil se interrogar sobre uma “realidade” que, mesmo mal definida, “informa” – através de uma série de engrenagens – o mundo em que vivemos e nossa existência no interior desse mundo (JOUVE, 2012, p. 10-11). 3 PERRONE-MOISÉS, L. O ensino da literatura. In: NITRINI, S. Literatura, artes e saberes. São Paulo: Abralic/Hucitec, 2008. p. 15. JOVER-FALEIROS, R. Por que estudar literatura? Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 52, p. 321-323, abr./jun. 2014. Editora UFPR322
  • 3. O enriquecimento da existência, o desenvolvimento do espírito crítico ao reforçar as capacidades de análise e reflexão do leitor, implicando uma liberda- de de juízo e ampliação da experiência humana que a literatura veicula são as razões que justificam para Jouve o estudo da literatura. Assim, para responder à pergunta, mobiliza discussões teóricas a propósito da arte em suas dimensões estética, histórica e cultural por meio das duas grandes perguntas que organizam a primeira parte da obra: “a arte existe?”, “a literatura existe?”, promovendo “interlúdios” à guisa de ilustração do debate por meio da análise de trechos de textos literários, recurso eminentemente pedagógico que já aponta, ao delimitar o objeto, para o modo como explorá-lo em contexto didático. Na tradução, Marcos Bagno e Marcos Marciolino optaram por naturalizar alguns exemplos de obras ou eventos históricos, aproximando alguns debates ao público brasileiro, mas mantiveram as obras analisadas que compõem os interlúdios. Trata-se, sem dúvida, de obra de referência para a área de metodologia do ensino da literatura; sobretudo pelo esforço empreendido pelo autor de coligir os debates teóricos nos estudos literários como forma de responder a uma pergunta – por que estudar literatura? – que não está na origem desses debates e franqueando, dessa forma, um acesso a eles para um público em fase de formação inicial. Neste caso, vale destacar também que se Jouve se lança à empreitada de síntese teórica como forma de divulgação – assim como fizera em A leitura (São Paulo: Editora da Unesp) em 2002; seu olhar está voltado para o passado, principalmente nas propostas de leitura que oferece, todas per- tencentes a um cânone literário francês (Nerval, Flaubert, Graac, entre outros). Ainda que reitere a necessidade de perguntar à obra literária – na tradição dos trabalhos de Robert Jauss – quais diferentes respostas ela oferece ao público leitor ao longo da história de sua recepção, Jouve permanece fiel à perspectiva do texto literário que promove uma ruptura formal com sua época, como forma de inovação no campo, paradigma de leitura atrelado a uma tradição teórica e crítica que merece ser ressignificada, sobretudo para aqueles que refletem sobre o ensino da literatura. Texto recebido em 26 de abril de 2014. Texto aprovado em 03 de maio de 2014. JOVER-FALEIROS, R. Por que estudar literatura? Educar em Revista, Curitiba, Brasil, n. 52, p. 321-323, abr./jun. 2014. Editora UFPR 323