Este documento descreve um estudo sobre as variações espaço-temporais no estoque de sementes do solo na floresta amazônica. Foram encontradas maiores densidades de sementes no solo na estação chuvosa em comparação com a estação seca. As sementes pertenciam principalmente a espécies pioneiras. Houve homogeneidade na composição das sementes no tempo e espaço estudados.
1. Variações espaço-temporais no estoque de
sementes do solo na floresta amazônica
Autor: Niwton LEAL FILHO
Biomas Brasileiros (BC 1001)
Profa. Dra. Mercia R. Domingues Moretto
Profa. Dra. Roseli Frederigi Benassi
Clodoaldo leonardo dos Santos
Juliana Matsuzaki
Isabella Aragão Araújo
Mariana Cristina Ramos Faceto
Wellington da Silva Benevides
2. Apresentação desenvolvida para a disciplina de “Biomas Brasileiros
(BC1001)” da Universidade Federal do ABC.
Disciplina ministrada por Profa. Dra. Mercia R. Domingues Moretto e
Profa. Dra. Roseli Frederigi Benassi.
Santo André
Dezembro/2015
3. Introdução
O banco de sementes é um sistema dinâmico onde a entrada e saída de
sementes determina o estoque, ele pode ser dividido em um banco transitório
formado por espécies climáxicas, e um banco permanente formado por
espécies pioneiras.
Neste artigo foi trabalhado a caracterização do banco de sementes e a
identificação de variações especíes, visando entender a dinâmica de
regeneração da Floresta Tropical Úmida, no caso foi escolhida a região da
Amazônia Central, já que os dados sobre ela eram inexistentes.
4. Material e Métodos
● Reserva Florestal Adolpho Ducke (RFAD)
○ Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)
○ 10.000 ha de Floresta Tropical Úmida, localizada no Km 26 da AM-010 (Manaus – Amazonas) ¹
○ Floresta de terra firme com diferentes habits e vegetação secundária das bordas e
arredores
○ Relevo: ondulado com variação de 80m [¹ ²]
○ Clima: Am quente e úmido durante todo o ano (média: 27,6ºC, com baixa variação durante
o dia e estações)
○ Precipitação: 2.478 mm (menor precipitação: junho a outubro, chuvosa: novembro a
maio)³
○ INPA tem transectos identificados -> relação entre as espécies da área com as sementes
germinadas
5. Material e Métodos
● Seis transectos localizados sobre platôs livres de inundações periódicas e com vegetação típicas da Floresta
○ 40 amostras circulares de solo superficial totalizando 240 (2 cm de profundidade e 10 cm de diâmetro)
com apenas liteira mais fina, já que a mais grossa foi descartada.
○ espalhamento das amostras em bandejas com areia lavada e pó de serragem
○ Ao emergir as plântulas foram identificadas: morfotipo, espécie e hábito de vida
○ acompanhamento por 4 meses em ambiente adequado (telhas pláticas e cercadas com sombrites)
● Densidades Médias: teste não paramétrico de Kruskal-Wallis
○ quando significativo foi utilizado o teste de comparações múltiplas das médias obtidas nas distintas
épocas e áreas
● Análises: Statistica versão 8.0
● Discussão com base nos resultados experimentais seguindo definição de Ribeiro et al. (1999) para a
distribuição de espécies por hábito de vida
● Comparação das similaridade da composição florística do banco de sementes no espaço e no tempo utilizando o
coeficiente de similaridade de Sørensen
6.
7. Resultados
Diferença significativa entre as médias observadas em fevereiro(estação
chuvosa) e junho ( estação seca).
A média observada em fevereiro foi de 534 sementes.m- ², e em junho, foi de
388 sementes.m-²
99,65% das sementes germinadas pertenciam ao grupo de espécies pioneiras.
Foram identificados um total de 36 famílias e 77 morfotipos ou espécies.
8. Resultados
Densidade média e desvio padrão do número de sementes m-² germinadas no banco de sementes de
áreas de platô da Reserva Florestal Adolpho Ducke, Manaus, AM, em diferentes épocas do ano.
9. Resultados
Áreas altura(m)
A2 77(sedimentos)
A5 120
A4 106
A6 91
A1 96
A3 112
Densidade média (sementes/ m-²) de sementes no banco de sementes, de áreas de platô da Reserva
Florestal Adolpho Ducke, Manaus, AM, coletadas em diferentes épocas do ano.
12. Resultados
Verificou-se que, independentemente da época e da área, Melastomataceae (Bellucia
spp), Urticaceae (Cecropia spp.) e Clusiaceae (Vismia spp) foram as principais famílias no
banco de sementes.
O hábito de vida predominante no banco de sementes do solo, na RFAD, foi arbustiva
(55,46%), representada principalmente por indivíduos da família Melastomataceae. Esta
família também apresenta espécies pioneiras arbóreas bastante comuns nesta região,
como por exemplo, a goiaba de anta (Bellucia spp.) e a tinteira (Miconia cf. regelii).
Outras formas de vida encontradas no banco de sementes em menor número foram:
ervas (3,02%), epífitas (1,83%), hemiepífitas (3,46%), lianas (1,75%), arbóreas clímax
(0,35%) e alguns não puderam ser identificados (1,40%).
13. Resultados
Os resultados para os índices
de similaridade de Sørensen
entre meses e áreas indicam
que há uma homogeneidade no
tempo e no espaço em relação à
composição florística presente
no banco de sementes com
índices nunca inferiores a 0,75.
14. Discussão e Conclusão
Outros trabalhos feitos em distintos ecossistemas com resultados similares
indicam que há influência da sazonalidade na dinâmica do banco de sementes.
(4). Por exemplo:
● Na Floresta Estacional Semidecidual em Campinas, SP, observou-se maior
densidade de sementes no solo durante o período das chuvas (Grombone-
Guaratini e Rodrigues 2002). (5)
● A maior densidade de sementes emergidas em fevereiro foi influenciada
principalmente, pela grande quantidade de sementes da família
Melastomataceae encontradas no solo neste período
15. Discussão e Conclusão
● Estudo indicou que diferenças nas características de dispersão e de
dormência das sementes influenciam a variação espacial e temporal na
composição do banco de sementes.
● As diferenças entre épocas do ano, podem resultar da produção de
sementes de espécies pioneiras e clímáxicas, que em Manaus concentra-se
na estação úmida do ano.
● Isto sugere a possibilidade de diferentes caminhos sucessionais, já que o
banco de sementes é o principal mecanismo de regeneração na fase inicial
de estabelecimento de pioneiras nestas áreas.
16. Discussão e Conclusão
● A variação existente na densidade de sementes encontrada entre as
diferentes áreas pode ser explicada pelo histórico de distúrbios naturais
ocorridos anteriormente aos estudos desenvolvidos nestas áreas*
*Como alagamentos temporários, deslizamentos de solo e a presença de grandes clareiras naturais
no passado, afetando a composição florística da área.
17. Discussão e Conclusão
Conclui-se que a densidade média de sementes germinadas nas áreas
estudadas está dentro da amplitude encontrada para as Florestas Tropicais
úmidas maduras localizadas nos Neotrópicos.
A presença de um banco de sementes abundante e rico em espécies durante o
ano estudado indica que esta floresta apresenta um grau de resiliência
elevada no que se refere ao potencial seminal do solo.
18. Referências
¹Ribeiro, J.E.L.S.; Hopkins, M.J.G.; Vicentini, A.; Sothers, C.A.; Costa, M.A.D.; Martins, L.H.P.; Lohmann, L.G.; Assunção,
P.A.C.L.; Pereira, E.C.; Silva, C.F.; Mesquita, M.R.; Procópio, L.C. 1999. Flora da Reserva Ducke: guia de identificação das
plantas vasculares de uma floresta de terra firme na Amazônia Central. INPA/DFID, Manaus. 816 p.
² Chauvel, A. 1982. Os latossolos amarelos álicos argilosos dentro dos ecossistemas das bacias experimentais do INPA e
da região vizinha. Acta Amazonica 12: 47-60.
³ Ranzani, G. 1980. Identificação e caracterização de alguns solos da Estação de Silvicultura Tropical. Acta Amazonica 10:
7-41.
4 Brancalion, P. H. S. 2010. Temperatura ótima de germinação de sementes de espécies arbóreas brasileiras. Revista
Brasileira de Sementes, vol. 32, nº 4 p. 015 - 021.
5 Grombone-Guaratini, M.T; Rodrigues, R.R. 2002. Seed bank and seed rain in a seasonal semi-deciduous Forest in south-
eastern Brazil. Journal of Tropical Ecology 18: 759-774.