[1] A comunidade perifítica é um importante produtor primário em ecossistemas aquáticos continentais tropicais, porém recebe pouca atenção em pesquisas no Brasil devido à sua complexidade e dificuldades metodológicas. [2] Os principais componentes da comunidade perifítica são algas de todas as classes, aderidas ou associadas a substratos naturais ou artificiais submersos. [3] Estudos experimentais com comunidades perifíticas em mesocosmos permitem avaliar os efeitos de enriquecimento por
1. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E
TECNOLOGIA DO MARANHÃO CAMPUS CAXIAS
LICENCIATURA EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS
DISCIPLINA: OCEANOGRAFIA E LIMNOLOGIA
Comunidade Perifítica
3. Raras pesquisas;
Negligenciada;
Mera curiosidade
Desconhecimento do seu funcionamento e importância;
Complexidade e dificuldades metodológicas;
CONSIDERAÇÕES GERAIS
4. TERMINOLOGIA: HISTÓRICO E CONCEITO
Heterogeneidade;
Diferentes denominações;
Variedade de algas da comunidade perifítica na represa de
Rosano/Paraná
6. Seligo (1905): termo alemão Aufwuchs;
Willer (1920): adoção do termo anterior e criação do termo
Behwuchs;
Behning(1928): Peryphyton;
Meuche: adoção do termo anterior e criação de dois novos
termos:
9. Presença de outros termo na literatura internacional;
1° Workshop internacional sobre comunidades Aderidas aos
substratos em Ecossistemas Aquáticos:
Perífiton: comunidade complexa de organismos e detritos orgânicos
aderidos ou associados a um substrato qualquer, vivo ou morto.
10. Epifíton: sobre plantas aquáticas
Epilíton: sobre pedras e rochas
Epipélon: sobre os grãos de sedimento;
Epizoon: sobre animais
11. Habitat e componentes da comunidade perifítica
O perifíton é considerado um biofilme ou bioderme que varia em
espessura e se desenvolve na superfície de rochas, em vegetação
ou em qualquer outro substrato submerso em rios, lagos, riachos,
córregos, brejos e entre outros.
12. São componentes da comunidade perifítica, algas de todas as Classes
(algas coloniais), as quais podem corresponder a cerca de 95 a 99% de
toda a comunidade (WETZEL, 1990).
Algas coloniais
13. A importância da comunidade perifítica nos ecossistemas
aquáticos continentais
A comunidade perifítica é considerada um dos principais
produtores primários nos ecossistemas aquáticos continentais
tropicais.
Micrasterias truncata (A), Eunotia sp. (B).
14. (Campeau, Murkin e Titman, 1994) demonstram que
as algas perifíticas podem constituir a maior fonte de
alimentos para cladóceros, copépodos, larvas de
quironomídeos e oligoquetas.
15. Diversos estudos têm apontado para a relevância do perifíton
como bionindicador da qualidade da água e de seu estado
trófico (SLADECEK & SLÁDECKOVÁ, 1963). Os resultados
evidencia que o perifíton é capaz de acumular grandes
quantidades de substâncias poluentes.
17. Apesar de toda sua
importância, ainda há
poucos estudos na
área.
Distribuição de das
microalgas nos
variados habitats
litorâneos
Comunidade com
diversidade de
organismos
18. Considerações metodológicas
Tipos de substratos: naturais e
artificias
Naturais: macrófitas aquáticas, mas
não é raro a pesquisa com rochas.
Artificias: lista extensa, os mais
citados são lamina de vidro,
acetato de celulose, cortiça, couro,
acrílico, isopor, fios de nylon,
madeira, cerâmica e pedaço de
plástico(Fernandes 2005)
19. A seleção do substrato vai depender
Do objeto de pesquisa: para estudos de
curta duração pode-se utilizar macrófitas
aquáticas.
Para estudos de longa duração propõe-se
uso de rochas ou substratos artificiais.
Vantagens e desvantagens dos
substratos naturais:
Vantagens: refletem a real condição do
ambiente; e permite avaliar possíveis
relação perifíton substrato
Desvantagens: são as dificuldades
metodológicas
20. Vantagens e desvantagens do substratos
artificiais:
Vantagens e desvantagens do substratos
artificiais:
Vantagens: facilidade de remoção dos
organismos; determinação da área; e são
excelentes para estudos sucessionais.
Desvantagens: é o fato de não simularem as
condições naturais, resultados com experimentos
utilizando substratos artificiais não poderão ser
comparados com o natural.
21. Para a escolha do substrato
O que não pode ser desconsiderado na escolher o
substrato segundo ( WETZEL 1983)
Grau de rugosidade da superfície
Facilidade de remoção dos organismo
Homogeneidade do substrato
A posição do substrato na coluna d” água
A localização do ambiente
Tempo de exposição
Determinação da área ou biomassa
22. Estudos qualitativos e quantitativos da
comunidade
Existem varias dificuldades metodológicas para
as analises qualitativas e quantitativas.
Para as analises quantitativas temos:
As escassez de informações de espécies.
A heterogeneidade de organismos (grandes
biodiversidades de componentes algais)
Raridade de especialista
Dificuldade de observação de material vivo
23. Estudos qualitativos e quantitativos da
comunidade
A analise qualitativa as principais dificuldades são:
A escolha do procedimento de contagem
O perifíton tem distribuição agregadas, dificultando a
visualização;
24. Estrutura da comunidade
A estrutura da comunidade perifítica é
representada pela composição de organismos e
pela arquitetura.
Em geral, a maior parte dos componentes do
perifíton são as algas, as quais representam a base
produtiva desta comunidade;
A arquitetura está relacionada ao arranjo espacial
destes componentes nesta camada (Wetzel, 1983c)
Os principais atributos da estrutura da comunidade
são :
Riquezas especificas, composição, frequência de
ocorrência, densidade total e /ou relativa das
classes, dominância, abundância.
25. Estrutura da
comunidade
A composição das espécies e a dinâmica da comunidade depende
de condições hidrológicas , do estado trófico da agua, da
turbulência, velocidade da corrente, sazonalidade, intensidade e
qualidade da luz, natureza e qualidade do substrato;
É importante frisar que a composição florística do perifíton é
determinada pela sazonalidade e pelo tempo de colonização.
26. DINÂMICA DA COMUNIDADE
O perifíton é funcionalmente um microcosmo, que inclui
processos internos autotróficos e heterotróficos ,
simultaneamente em sua bioderme.
A ) Variabilidade
Sucessional
Um dos processos mais estudados
pelos pesquisadores.
Características estruturais da comunidade dependem das
condições do meio, das estações do ano e das adaptações
das espécies colonizadoras.
27. Padrão da variabilidade sucessional.
1 e 2 : fase inicial - poucos dias – com colonização de
organismos de pequeno tamanho e elevada taxa de crescimento,
com algas unicelulares e bactérias;
3 e 4 : fase exponencial, representada pela colonização de algas
unicelulares de maior tamanho, algas coloniais e filamentosas,
com morfologia mais complexa;
5: fase “madura” ou estacionária, com maior complexidade de
formas, maior número de organismos e ocorrência de perifíton
secundário.
28. O tempo de exposição do substrato para que se alcance uma
comunidade madura é muito variado, dependendo das condições
do meio e da sazonalidade.
Ho (1979) verificou que em 30 dias de exposição dos substratos
( naturais) em um lago temperado, a comunidade já estava
estabilizada; na represa do monjolinho (SP);
Godinho – Orlandi e Barbiere (1983) registraram máxima
densidade de algas em 14 dias:
29. Panitz (1980), ao avaliar a colonização de perifíton em
diversos substratos artificiais considerou o tempo de 4
semanas como suficiente para a comunidade se estabilizar na
represa de Broa (SP);
Chamixaes (1991) discutiu que a comunidade de algas
perifíticas em substrato artificial em rios de SP, começou a se
estabilizar após a 3º semana de exposição do substrato no
verão e no inverno, após a 4º semana.
30. b) Produtividade Primária
Escasso no Brasil;
Schwarzbold (1992) avaliou a produtividade primária bruta de
diferentes estágios foliares de Eicchornia azureia na lagoa do
Infernão (SP) durante 13 meses e observou ausência de
sazonalidade dos valores, mas na maioria dos períodos de incubação
houve aumento crescente dos valores de estágios foliares jovens
(recém colonizados) para os estágios de colonização mas
avançados.
Moschini – Carlos (1997) que avaliou a produção primaria em
substrato natural e artificial na represa Jurumirim (SP) comentou
que os resultados obtidos mostraram valores mais altos para o
substrato artificial e que a produtividade primária foi elevada;
31. Felisberto (2007) realizou experimentos com substrato natural e
artificial e no rio Corvo (PR) e obteve valores significativamente
diferentes se comparados os tipos de substratos, também sendo
mais elevados no substrato artificial e constatou que durante os
21 dias de experimentos, maiores valores de produção primaria
bruta e produção primaria liquida foram registrados em torno do
15º dias de colonização.
32. Perifíton e estado trófico do sistema
Odum (1971), afirma que comunidades em ambientes
desfavoráveis ou poluídos apresentam redução na
diversidade; entretanto dados para comunidades aquáticas
de agua doce são controversos, havendo casos em que há o
aumento da diversidade em condições de enriquecimento e
diminuição deste mesmo atributo em função do aumento do
suprimento de nutrientes na coluna d’água.
33. Os principais objetivos destes experimentos são:
Avaliação dos efeitos do enriquecimento sobre a diversidade
de espécies;
Determinação da taxa de crescimento de algal e da
composição taxonômica em relação á razão N:P;
Determinação do papel do perifíton na regulação e ciclagem
de nutrientes no sistema aquático;
34. Experimentos realizados em mesocosmos possibilitam
o aporte de nutrientes sobre o crescimento algal.
Determinação e predicação dos efeitos do aporte
de nutrientes sobre o crescimento algal;
Avaliar se a eliminação da
sobrecarga de nitrogênio ou
fosforo pode reverter o
processo da eutrofização;
Nymphaea sp, Jardim Botânico, SP.
35. Materiais usados na confecção de mesocosmos são:
Polietileno; Tanques artificiais
Vasos de argila;
Cilindros transparentes
(FERRAGUT, 1999)
Fibra de vidro;
Copos plásticos
36. Avaliação das mudanças da estrutura da comunidade de
algas perifíticas
Processo em condições experimentais de enriquecimento
artificial, realizado no Lago do IAG, SP
37. Avaliação da adição de nitrogênio e fósforo na comunidade perifítica
Realizado no lago das Ninfeias, SP
38. CERRAO, G. C., CARLOS, V. M., SANTOS, M. J., RIGOLIN, O. Efeitos do
enriquecimento artificial sobre a biomassa de perifíton em tanques artificiais na represa
do Lobo (Broa). Revista Bras. Biol., v. 51, n. 1, p. 71-78, 1991.
CHAMIXAES, C. B. C. B. Variação temporal da biomassa, composição de espécies
e produtividade das algas perifíticas relacionados com as condições ambientais de
pequenos rios da bacia hidrográfica do Ribeirão do Lobo (Itirapina - SP). São
Carlos, USP - EESC, Depto de Hidráulica e Saneamento, 1991. 333 p. (Tese).
GODINHO-ORLANDI, M. J. L., BARBIERI, S. M. Observação de microrganismos
perifíticos (bactérias, protozoários e algas) na região marginal de um ecossistema
aquático. Anal. Sem. Reg. Ecol., v. 3, p. 135-155, 1983.
Referências
39. Hora de exercitar!
1. Qual a importância dos estudos sobre comunidade perifitica?
2. Quem são os perifitons? Descreva sobre o habitat e os
componentes de uma comunidade perifitica.
3. Quais são os tipos de substratos da comunidade perifitica?
Descreva com suas palavras sobre as vantagens e desvantagens
desses substratos.
4. Por que atualmente a comunidade prifitica apresenta poucos
estudos no Brasil?
5. Qual a importância dos experimentos realizados com a comunidade
perifítica?
Organismos microscópicos que viviam aderidos ou não a um substrato natural ou artificial;
Para aqueles sobre substratos inertes;
Para aqueles organismos sobre substratos artificiais
Complexa comunidade de microbiota (bactérias, fungos, algas, protozoários), detritos orgânicos e inorgânicos, que estão aderidos firme ou frouxamente a substratos submersos, orgânicos ou inorgânicos, vivos ou mortos.
No entanto, há muitos componentes heterotróficos na comunidade, como protozoários sésseis e livres, fungos, bactérias e entre outros, que apesar de não estarem incluídos na definição, fazem parte dos processos da comunidade e são considerados nos estudos.
Desempenha importante papel no metabolismo de ambientes aquáticos continentais, apresentando taxas de produção, decomposição e reposição contínuas. Um constituinte básico da cadeia alimentar. Rico em proteínas, vitaminas e minerais, constitui importante alimento para muitos organismos aquáticos.
Afetando seu crescimento, desenvolvimento, sobrevivência e reprodução. Além disso, a biomassa produzida pelo perifíton pode ser alocada em vários níveis energéticos, tais como acumulação algal, decomposição ( cadeia dentritívora), herbivoria (cadeia dos consumidores) ou exportação de matéria orgânica. Assim, o perifíton participa em diferentes processos no fluxo de enrgia e na cadeia alimentar.
Desta forma, a bioderme perfítica também pode ser utilizada no pré-tratamento de água potável e de efluentes industriais. No entanto, seu intenso crescimento pode causar prejuízos como problemas de vedação de filtros em estações de tratamento de água, caixas d’água, corrosão de comportas em hidroelétricas.
Convertendo muitas formas inorgânicas em orgânicas nos ecossistemas aquáticos e como fixador do nitrogênio atmosférico, aumentando a produtividade primária em habitats com baixa concentração de nitrogênio.
Distribuição de das microalgas nos variados habitats litorâneos, os quais por sua vez, são mais suscetíveis às flutuações das variáveis abióticas do que na limnética onde está presente o plâncton. E outro fator não menos importante, é o fato da diversidade dos organismos, tanto autotróficos como heterotróficos, mesmo entre as algas, há representantes usuais de todas as divisões o que torna mais difícil a identificação dos mesmos e a compreensão de suas relações ecológicas.