SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 33
Baixar para ler offline
Hemorragias
Digestivas Altas
Emanuela Bezerra - S5
10/02/2014
Definição
É um sangramento decorrente de lesões proximais
ao ligamento de Treitz (estrutura fibrosa que fixa a
junção duodenojejunal à parede posterior do
abdome).
Principais Etiologias
HDA varicosa
• A ruptura de varizes esôfago-gástricas é a principal
complicação da hipertensão portal
• Habitualmente causa séria instabilidade
hemodinâmica e cursa com expressiva mortalidade
• Cessa espontaneamente em 40-50% dos casos
• Uma vez controlada a hemorragia, o tratamento
farmacológico tem resultado semelhante ao
tratamento endoscópico e menores taxas de
complicações
HDA varicosa
• fatores de risco de ressangramento:
1. infecção bacteriana
2. prognóstico da doença hepática
3. níveis de aspartato aminotransferase
4. trombose de veia porta
5. insuficiência renal
6. carcinoma hepatocelular
7. pressão na veia hepática >20mmHg
HDA varicosa
Varizes esofágicas Varizes gástricas
HDA não varicosa
ÚLCERA PÉPTICA GASTRODUODENAL:
• é principal causa de HDA
• as características endoscópicas das úlceras são
importantes para o prognóstico
• para evitar ressangramento, é importante tratar H.
pylori, suspender uso de AINEs e controlar acidez.
HDA não varicosa
LACERAÇÃO DE MALLORY-WEISS:
• história clínica clássica: alcoolismo + vômitos
violentos repetitivos + hematêmese
• a lesão é longitudinal e geralmente acomete a parte
gástrica da junção gastroesofágica
• 80-90% dos sangramentos cessam espontaneamente
HDA não varicosa
CAUSAS TUMORAIS:
• pólipos
• CA gástrico
• CA esofágico
MÁ FORMAÇÕES VASCULARES:
• angiodisplasia
Avaliação geral
Avaliação Geral
SINAIS DE ALERTA NA HISTÓRIA CLÍNICA:
• uso corriqueiro:
• cirurgias prévias do TGI
• história familiar de discrasia sanguínea
• procedência de área endêmica de esquistossomose
• histórico de dispepsia
• vômitos claros, espontâneos e repetitivos
• quadro consumptivo
• histórico de hematêmese, melena, hematoquezia
A INES
A AS
Á LCOOL
Avaliação Geral
ACHADOS NO EXAME FÍSICO:
• Sinais de hipertensão porta: hepatoesplenomegalia,
icterícia, ascite, circulação colateral, aranhas
vasculares
• Discrasias sanguíneas: petéquias, púrpuras, equimoses
• Neoplasias: massa abdominal, linfonodo
supraclavicular
• Sinais de perda sanguínea: palidez, síncope, angina,
dispneia, taquicardia
Avaliação Geral
AVALIAÇÃO DO RISCO CLÍNICO:
Manifestações
HEMATÊMESE:
• vômito sanguinolento
• a cor varia de vermelho vivo a uma tonalidade escura
(borra de café)
• hematêmese maciça é geralmente acompanhada
de melena
HEMATINA
ÁCIDA
SANGUE
VIVO
HCl
(estômago)
Manifestações
MELENA:
• fezes enegrecidas (borra de café) e de odor fétido
• decorre da digestão da hemoglobina pelas bactérias
intestinais
• demanda um sangramento de superior a 400 mL e um
trânsito gastrointestinal em um período mínimo de 8h
Manifestações
HEMATOQUEZIA:
• eliminação de sangue vivo ou enegrecido pelo anûs
• é indício de sangramento maciço (>1000mL) em
trânsito gastrointestinal acelerado (período < 4h)
• também ocorre em hemorragias digestivas baixas
(distal ao ligamento de Treitz)
Manifestações
SANGRAMENTO OCULTO:
• detecção por exames laboratoriais
• pode ser acompanhado por anemia
• não causa repercussões hemodinâmicas agudas
Diagnóstico
EXAME ENDOSCÓPICO:
• padrão-ouro: é o método diagnóstico mais sensível e
mais específico
• deve ser realizado preferencialmente nas primeiras 24h
de internação
• objetivos: reconhecer ponto de sangramento,
proceder a hemostasia e identificar estigmas de
ressangramento iminente
Diagnóstico
EXAME ENDOSCÓPICO: CLASSIFICAÇÃO DE FORREST
Diagnóstico
ENDOSCÓPIA DE EMERGÊNCIA (primeiras 24 horas):
• hematêmese ou melena graves
• instabilidade hemodinâmica
• Hb < 8 g/L
• leucocitose
• hipotensão postural ou arterial
• ressangramento
• hepatopatias associadas à hipertensão portal
• pacientes idosos ou com comorbidades graves
• tipo sanguineo raro / limitações à transfusão sanguínea
Diagnóstico
CINTILOGRAFIA:
• localização do sítio de sangramento através do
mapeamento de hemácias marcadas com Tecnécio
(radioisótopo)
• possibilita avaliação seriada em períodos prolongados,
sendo útil para o diagnóstico de sangramentos
intermitentes
• tem um número elevado de resultados falso-negativos
(aprox. 55%) e sua principal utilidade clínica é a triagem
para realização da arteriografia (exame mais invasivo)
• pouco invasivo, não apresenta possibilidade terapêutica e
não tem boa acessibilidade
Diagnóstico
ARTERIOGRAFIA:
• é indicada quando o exame endoscópico não foi
elucidativo ou quando o sangramento é tão ativo que
dificulta a endoscopia
• detecta lesões vasculares com precisão e tem
potencial terapêutico
• é um metódo invasivo, oneroso, de baixa
acessibilidade e que demanda uso de contraste
Diagnóstico
EXAMES RADIOLÓGICOS CONTRASTADOS:
• baixa sensibilidade e especificidade
• fornece informações morfológicas, sendo sua
indicação restrita à avaliação da mucosa cicatricial
pós doença ulcerosa péptica com sintomas
obstrutivos
• não identifica o sangramento, mas somente a
provável lesão fonte do sangramento
• não tem potencial terapêutico
Diagnóstico
EXAMES LABORATORIAIS DE EMERGÊNCIA:
• hemograma completo: a amplitude do sangramento
só se reflete após 6-36h de inicio do sangramento
• provas de função renal: dosagem de uréia e
creatinina plasmática
• provas de função hepática: dosagem de bilirrubina,
dosagem de transaminases, dosagem de fosfatase
alcalina, tempo de protombina
• tipagem sanguínea, glicose, uréia, creatinina,
eletrólitos
Tratamento
MEDIDAS DE SUPORTE INICIAL:
• internação
• dieta zero
• monitorização dos sinais vitais
• manutenção das vias aéreas pérvias
• canulação de veia calibrosa
• reposição volêmica criteriosa (em casos de hipertensão
portal, limitar reposição com cristaloides)
• níveis de Hb de 8 g/dL e de pressão sistólica de 90 mmHg já
são suficientes para manter a perfusão tecidual adequada
• tranfusão sanguínea (quando Hb < 7 mg/L)
Tratamento
MEDIDAS ESPECÍFICAS:
• suspender antiplaquetários, AINES e anticoagulantes
• suspeita de úlcera péptica: iniciar inibidor da bomba
de protons IV
• sangramento ativo: iniciar octreotide IV
Tratamento
TERAPIA VASOATIVA:
• promovem vasoconstrição esplâncnica
• inibem secreção ácida
• provavelmente tem ação citoprotetora gástrica
• drogas : somatostatina, terlipressina, octreotídeo
• é mandatório em HDA varicosa; em HDA não varicosa
só é usada quando as demais terapêuticas falham
Tratamento
PROFILAXIA COM BETA BLOQUEADORES NÃO-SELETIVOS:
• drogas: propanolol e naldolol
• previne sangramentos e ressangramentos em caso de
HDA varicosa
TERAPIA ANTISSECRETÓRIA:
• indicada em casos de disfunção péptica
• drogas: inibidor da bomba de prótons (endovenosa
ou dose oral dobrada)
Tratamento
PROFILAXIA ANTIBIÓTICA:
• mandatório em casos de HDA varicosa em pacientes
cirróticos
• drogas : norfloxacina (oral), ciprofloxacina
(endovenosa)
Tratamento
HEMOSTASIA ENDOSCÓPICA:
• deve ser realizada nas primeiras 12h de internação,
após estabilização hemodinâmica
• a terapêutica endoscópica depende do tipo de lesão
• técnicas: 1. ligadura
2. eletrocoagulação
3. escleroterapia
4. balão de Sengstaken-Blakemore
Tratamento
TERAPÊUTICA INVASIVA DE RESGATE:
• são opção após 2 tentativas de terapia enoscópica
frustradas
1. implante por hemodinâmica de TIPS (derivação
portossistêmica intra-hepática transjugular)
2. angiografia terapêutica (injeção de vasoconstritores
ou embolização)
3. tratamento cirúrgico de emergência
Obrigada!
Referências Bibliográficas
1. FERREIRA, R.P.B; EISIG, J.N.Hemorragias Digestivas. In: Projeto Diretrizes. Federação
Brasileira de Gastroenterologia, 2008.
2. COELHO L.G.V; VIEIRA, W.L.S. Hemorragias Digestivas. In: LÓPEZ, Mario; LAURENTYS-
MEDEIROS, José de.Semiologia médica: as bases do diagnóstico clínico. 4.ed.
3. GOLDMAN L.; Ausiello DC. Cecil Tratado de medicina interna. 23. ed. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2008.
4. LAINE, Loren. Gastrointestinal Bleeding. In: Harrison’s Gastroenterology and Hepatology
5. Major causes of upper gastrointestinal bleeding in adults
6. Gastrolab Image Dictionary; disponível em: http://www.gastrolab.fi/imdict/v0.htm
7. http://www.endoskopischer-atlas.de/m22e.htm

Mais conteúdo relacionado

Semelhante a Hemorragias Digestivas Altas

Boca, hemorragia digestiva
Boca, hemorragia digestivaBoca, hemorragia digestiva
Boca, hemorragia digestivaAdalbertoBoca
 
Hemorragia Digestiva baixa.ppt
Hemorragia Digestiva baixa.pptHemorragia Digestiva baixa.ppt
Hemorragia Digestiva baixa.pptBasilio4
 
Hemorragias Digestiva Baixa.pptx
Hemorragias Digestiva Baixa.pptxHemorragias Digestiva Baixa.pptx
Hemorragias Digestiva Baixa.pptxBernabManuelTepa
 
Aula lesoes vasculares hepáticas 2016_pdf- LILIANA MENDES
Aula lesoes vasculares hepáticas 2016_pdf- LILIANA MENDESAula lesoes vasculares hepáticas 2016_pdf- LILIANA MENDES
Aula lesoes vasculares hepáticas 2016_pdf- LILIANA MENDESLiliana Mendes
 
cepeti-cap-55---acute-kidney-injury-27a2e980.pptx
cepeti-cap-55---acute-kidney-injury-27a2e980.pptxcepeti-cap-55---acute-kidney-injury-27a2e980.pptx
cepeti-cap-55---acute-kidney-injury-27a2e980.pptxnatansilva624689
 
Procedimientos médicos quirúrgicos básicos venopunción -soluciones y sueros
Procedimientos  médicos quirúrgicos básicos   venopunción -soluciones y suerosProcedimientos  médicos quirúrgicos básicos   venopunción -soluciones y sueros
Procedimientos médicos quirúrgicos básicos venopunción -soluciones y suerosyair flores
 
Propedeutica das hemorragias digestivas
Propedeutica das hemorragias digestivasPropedeutica das hemorragias digestivas
Propedeutica das hemorragias digestivasPaulo Alambert
 
Propedeutica das hemorragias digestivas
Propedeutica das hemorragias digestivasPropedeutica das hemorragias digestivas
Propedeutica das hemorragias digestivaspauloalambert
 
PACIENTES COM COAGULOPATIAS HEREDITÁRIAS
PACIENTES COM COAGULOPATIAS HEREDITÁRIASPACIENTES COM COAGULOPATIAS HEREDITÁRIAS
PACIENTES COM COAGULOPATIAS HEREDITÁRIASNadia Morais Tonussi
 
Ultrassonografia Doppler hepático em pequenos animais
Ultrassonografia Doppler hepático em pequenos animaisUltrassonografia Doppler hepático em pequenos animais
Ultrassonografia Doppler hepático em pequenos animaisCibele Carvalho
 

Semelhante a Hemorragias Digestivas Altas (20)

vitor
vitorvitor
vitor
 
Boca, hemorragia digestiva
Boca, hemorragia digestivaBoca, hemorragia digestiva
Boca, hemorragia digestiva
 
Hemorragia Digestiva baixa.ppt
Hemorragia Digestiva baixa.pptHemorragia Digestiva baixa.ppt
Hemorragia Digestiva baixa.ppt
 
Hda aulas de semiologia
Hda aulas de semiologiaHda aulas de semiologia
Hda aulas de semiologia
 
HAS
HASHAS
HAS
 
Hemorragias Digestiva Baixa.pptx
Hemorragias Digestiva Baixa.pptxHemorragias Digestiva Baixa.pptx
Hemorragias Digestiva Baixa.pptx
 
null.ppt
null.ppt null.ppt
null.ppt
 
Aula lesoes vasculares hepáticas 2016_pdf- LILIANA MENDES
Aula lesoes vasculares hepáticas 2016_pdf- LILIANA MENDESAula lesoes vasculares hepáticas 2016_pdf- LILIANA MENDES
Aula lesoes vasculares hepáticas 2016_pdf- LILIANA MENDES
 
IRC e Diálise
IRC e DiáliseIRC e Diálise
IRC e Diálise
 
cepeti-cap-55---acute-kidney-injury-27a2e980.pptx
cepeti-cap-55---acute-kidney-injury-27a2e980.pptxcepeti-cap-55---acute-kidney-injury-27a2e980.pptx
cepeti-cap-55---acute-kidney-injury-27a2e980.pptx
 
Procedimientos médicos quirúrgicos básicos venopunción -soluciones y sueros
Procedimientos  médicos quirúrgicos básicos   venopunción -soluciones y suerosProcedimientos  médicos quirúrgicos básicos   venopunción -soluciones y sueros
Procedimientos médicos quirúrgicos básicos venopunción -soluciones y sueros
 
Propedeutica das hemorragias digestivas
Propedeutica das hemorragias digestivasPropedeutica das hemorragias digestivas
Propedeutica das hemorragias digestivas
 
Propedeutica das hemorragias digestivas
Propedeutica das hemorragias digestivasPropedeutica das hemorragias digestivas
Propedeutica das hemorragias digestivas
 
Priapismo
PriapismoPriapismo
Priapismo
 
Artigo hepatologia 2
Artigo hepatologia 2Artigo hepatologia 2
Artigo hepatologia 2
 
Apresentação.ppt
 Apresentação.ppt  Apresentação.ppt
Apresentação.ppt
 
Hipertensão portal
Hipertensão portal Hipertensão portal
Hipertensão portal
 
PACIENTES COM COAGULOPATIAS HEREDITÁRIAS
PACIENTES COM COAGULOPATIAS HEREDITÁRIASPACIENTES COM COAGULOPATIAS HEREDITÁRIAS
PACIENTES COM COAGULOPATIAS HEREDITÁRIAS
 
Lucas
LucasLucas
Lucas
 
Ultrassonografia Doppler hepático em pequenos animais
Ultrassonografia Doppler hepático em pequenos animaisUltrassonografia Doppler hepático em pequenos animais
Ultrassonografia Doppler hepático em pequenos animais
 

Último

Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfRevista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfMárcio Azevedo
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.silves15
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?AnabelaGuerreiro7
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelGilber Rubim Rangel
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxBeatrizLittig1
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFtimaMoreira35
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Ilda Bicacro
 
análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - DissertaçãoMaiteFerreira4
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...Rosalina Simão Nunes
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumAugusto Costa
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...azulassessoria9
 
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS MemoriaLibras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memorialgrecchi
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfFernandaMota99
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.Mary Alvarenga
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamentalAntônia marta Silvestre da Silva
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....LuizHenriquedeAlmeid6
 
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreElianeElika
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -Aline Santana
 

Último (20)

Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdfRevista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
Revista-Palavra-Viva-Profetas-Menores (1).pdf
 
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
A horta do Senhor Lobo que protege a sua horta.
 
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
Urso Castanho, Urso Castanho, o que vês aqui?
 
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim RangelDicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
Dicionário de Genealogia, autor Gilber Rubim Rangel
 
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docxMapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
Mapa mental - Classificação dos seres vivos .docx
 
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdfFicha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
Ficha de trabalho com palavras- simples e complexas.pdf
 
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
Nós Propomos! " Pinhais limpos, mundo saudável"
 
análise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertaçãoanálise de redação completa - Dissertação
análise de redação completa - Dissertação
 
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULACINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
CINEMATICA DE LOS MATERIALES Y PARTICULA
 
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de..."É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
"É melhor praticar para a nota" - Como avaliar comportamentos em contextos de...
 
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - CartumGÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
GÊNERO TEXTUAL - TIRINHAS - Charges - Cartum
 
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...Considere a seguinte situação fictícia:  Durante uma reunião de equipe em uma...
Considere a seguinte situação fictícia: Durante uma reunião de equipe em uma...
 
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS MemoriaLibras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
Libras Jogo da memória em LIBRAS Memoria
 
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdfAula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
Aula de História Ensino Médio Mesopotâmia.pdf
 
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.Atividade -  Letra da música Esperando na Janela.
Atividade - Letra da música Esperando na Janela.
 
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
2° ano_PLANO_DE_CURSO em PDF referente ao 2° ano do Ensino fundamental
 
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
Slides Lição 5, Betel, Ordenança para uma vida de vigilância e oração, 2Tr24....
 
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestreCIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
CIÊNCIAS HUMANAS - ENSINO MÉDIO. 2024 2 bimestre
 
Bullying, sai pra lá
Bullying,  sai pra láBullying,  sai pra lá
Bullying, sai pra lá
 
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
DESAFIO LITERÁRIO - 2024 - EASB/ÁRVORE -
 

Hemorragias Digestivas Altas

  • 2. Definição É um sangramento decorrente de lesões proximais ao ligamento de Treitz (estrutura fibrosa que fixa a junção duodenojejunal à parede posterior do abdome).
  • 4. HDA varicosa • A ruptura de varizes esôfago-gástricas é a principal complicação da hipertensão portal • Habitualmente causa séria instabilidade hemodinâmica e cursa com expressiva mortalidade • Cessa espontaneamente em 40-50% dos casos • Uma vez controlada a hemorragia, o tratamento farmacológico tem resultado semelhante ao tratamento endoscópico e menores taxas de complicações
  • 5. HDA varicosa • fatores de risco de ressangramento: 1. infecção bacteriana 2. prognóstico da doença hepática 3. níveis de aspartato aminotransferase 4. trombose de veia porta 5. insuficiência renal 6. carcinoma hepatocelular 7. pressão na veia hepática >20mmHg
  • 6. HDA varicosa Varizes esofágicas Varizes gástricas
  • 7. HDA não varicosa ÚLCERA PÉPTICA GASTRODUODENAL: • é principal causa de HDA • as características endoscópicas das úlceras são importantes para o prognóstico • para evitar ressangramento, é importante tratar H. pylori, suspender uso de AINEs e controlar acidez.
  • 8. HDA não varicosa LACERAÇÃO DE MALLORY-WEISS: • história clínica clássica: alcoolismo + vômitos violentos repetitivos + hematêmese • a lesão é longitudinal e geralmente acomete a parte gástrica da junção gastroesofágica • 80-90% dos sangramentos cessam espontaneamente
  • 9. HDA não varicosa CAUSAS TUMORAIS: • pólipos • CA gástrico • CA esofágico MÁ FORMAÇÕES VASCULARES: • angiodisplasia
  • 11. Avaliação Geral SINAIS DE ALERTA NA HISTÓRIA CLÍNICA: • uso corriqueiro: • cirurgias prévias do TGI • história familiar de discrasia sanguínea • procedência de área endêmica de esquistossomose • histórico de dispepsia • vômitos claros, espontâneos e repetitivos • quadro consumptivo • histórico de hematêmese, melena, hematoquezia A INES A AS Á LCOOL
  • 12. Avaliação Geral ACHADOS NO EXAME FÍSICO: • Sinais de hipertensão porta: hepatoesplenomegalia, icterícia, ascite, circulação colateral, aranhas vasculares • Discrasias sanguíneas: petéquias, púrpuras, equimoses • Neoplasias: massa abdominal, linfonodo supraclavicular • Sinais de perda sanguínea: palidez, síncope, angina, dispneia, taquicardia
  • 14. Manifestações HEMATÊMESE: • vômito sanguinolento • a cor varia de vermelho vivo a uma tonalidade escura (borra de café) • hematêmese maciça é geralmente acompanhada de melena HEMATINA ÁCIDA SANGUE VIVO HCl (estômago)
  • 15. Manifestações MELENA: • fezes enegrecidas (borra de café) e de odor fétido • decorre da digestão da hemoglobina pelas bactérias intestinais • demanda um sangramento de superior a 400 mL e um trânsito gastrointestinal em um período mínimo de 8h
  • 16. Manifestações HEMATOQUEZIA: • eliminação de sangue vivo ou enegrecido pelo anûs • é indício de sangramento maciço (>1000mL) em trânsito gastrointestinal acelerado (período < 4h) • também ocorre em hemorragias digestivas baixas (distal ao ligamento de Treitz)
  • 17. Manifestações SANGRAMENTO OCULTO: • detecção por exames laboratoriais • pode ser acompanhado por anemia • não causa repercussões hemodinâmicas agudas
  • 18. Diagnóstico EXAME ENDOSCÓPICO: • padrão-ouro: é o método diagnóstico mais sensível e mais específico • deve ser realizado preferencialmente nas primeiras 24h de internação • objetivos: reconhecer ponto de sangramento, proceder a hemostasia e identificar estigmas de ressangramento iminente
  • 20. Diagnóstico ENDOSCÓPIA DE EMERGÊNCIA (primeiras 24 horas): • hematêmese ou melena graves • instabilidade hemodinâmica • Hb < 8 g/L • leucocitose • hipotensão postural ou arterial • ressangramento • hepatopatias associadas à hipertensão portal • pacientes idosos ou com comorbidades graves • tipo sanguineo raro / limitações à transfusão sanguínea
  • 21. Diagnóstico CINTILOGRAFIA: • localização do sítio de sangramento através do mapeamento de hemácias marcadas com Tecnécio (radioisótopo) • possibilita avaliação seriada em períodos prolongados, sendo útil para o diagnóstico de sangramentos intermitentes • tem um número elevado de resultados falso-negativos (aprox. 55%) e sua principal utilidade clínica é a triagem para realização da arteriografia (exame mais invasivo) • pouco invasivo, não apresenta possibilidade terapêutica e não tem boa acessibilidade
  • 22. Diagnóstico ARTERIOGRAFIA: • é indicada quando o exame endoscópico não foi elucidativo ou quando o sangramento é tão ativo que dificulta a endoscopia • detecta lesões vasculares com precisão e tem potencial terapêutico • é um metódo invasivo, oneroso, de baixa acessibilidade e que demanda uso de contraste
  • 23. Diagnóstico EXAMES RADIOLÓGICOS CONTRASTADOS: • baixa sensibilidade e especificidade • fornece informações morfológicas, sendo sua indicação restrita à avaliação da mucosa cicatricial pós doença ulcerosa péptica com sintomas obstrutivos • não identifica o sangramento, mas somente a provável lesão fonte do sangramento • não tem potencial terapêutico
  • 24. Diagnóstico EXAMES LABORATORIAIS DE EMERGÊNCIA: • hemograma completo: a amplitude do sangramento só se reflete após 6-36h de inicio do sangramento • provas de função renal: dosagem de uréia e creatinina plasmática • provas de função hepática: dosagem de bilirrubina, dosagem de transaminases, dosagem de fosfatase alcalina, tempo de protombina • tipagem sanguínea, glicose, uréia, creatinina, eletrólitos
  • 25. Tratamento MEDIDAS DE SUPORTE INICIAL: • internação • dieta zero • monitorização dos sinais vitais • manutenção das vias aéreas pérvias • canulação de veia calibrosa • reposição volêmica criteriosa (em casos de hipertensão portal, limitar reposição com cristaloides) • níveis de Hb de 8 g/dL e de pressão sistólica de 90 mmHg já são suficientes para manter a perfusão tecidual adequada • tranfusão sanguínea (quando Hb < 7 mg/L)
  • 26. Tratamento MEDIDAS ESPECÍFICAS: • suspender antiplaquetários, AINES e anticoagulantes • suspeita de úlcera péptica: iniciar inibidor da bomba de protons IV • sangramento ativo: iniciar octreotide IV
  • 27. Tratamento TERAPIA VASOATIVA: • promovem vasoconstrição esplâncnica • inibem secreção ácida • provavelmente tem ação citoprotetora gástrica • drogas : somatostatina, terlipressina, octreotídeo • é mandatório em HDA varicosa; em HDA não varicosa só é usada quando as demais terapêuticas falham
  • 28. Tratamento PROFILAXIA COM BETA BLOQUEADORES NÃO-SELETIVOS: • drogas: propanolol e naldolol • previne sangramentos e ressangramentos em caso de HDA varicosa TERAPIA ANTISSECRETÓRIA: • indicada em casos de disfunção péptica • drogas: inibidor da bomba de prótons (endovenosa ou dose oral dobrada)
  • 29. Tratamento PROFILAXIA ANTIBIÓTICA: • mandatório em casos de HDA varicosa em pacientes cirróticos • drogas : norfloxacina (oral), ciprofloxacina (endovenosa)
  • 30. Tratamento HEMOSTASIA ENDOSCÓPICA: • deve ser realizada nas primeiras 12h de internação, após estabilização hemodinâmica • a terapêutica endoscópica depende do tipo de lesão • técnicas: 1. ligadura 2. eletrocoagulação 3. escleroterapia 4. balão de Sengstaken-Blakemore
  • 31. Tratamento TERAPÊUTICA INVASIVA DE RESGATE: • são opção após 2 tentativas de terapia enoscópica frustradas 1. implante por hemodinâmica de TIPS (derivação portossistêmica intra-hepática transjugular) 2. angiografia terapêutica (injeção de vasoconstritores ou embolização) 3. tratamento cirúrgico de emergência
  • 33. Referências Bibliográficas 1. FERREIRA, R.P.B; EISIG, J.N.Hemorragias Digestivas. In: Projeto Diretrizes. Federação Brasileira de Gastroenterologia, 2008. 2. COELHO L.G.V; VIEIRA, W.L.S. Hemorragias Digestivas. In: LÓPEZ, Mario; LAURENTYS- MEDEIROS, José de.Semiologia médica: as bases do diagnóstico clínico. 4.ed. 3. GOLDMAN L.; Ausiello DC. Cecil Tratado de medicina interna. 23. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 4. LAINE, Loren. Gastrointestinal Bleeding. In: Harrison’s Gastroenterology and Hepatology 5. Major causes of upper gastrointestinal bleeding in adults 6. Gastrolab Image Dictionary; disponível em: http://www.gastrolab.fi/imdict/v0.htm 7. http://www.endoskopischer-atlas.de/m22e.htm