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[Olíbano 001]
Óleo essencial: Boswellia carteri e Boswellia occulta.
Composto: α-Pineno, Limoneno, α-Thujeno, Sabineno, Mirceno, p-Cimeno, 1-
Metoxidecano, Serratol
Título: Organic Certification is Not Enough: The Case of the Methoxydecane
Frankincense
“Certificação orgânica não é suficiente: o caso do olíbano de metoxidecano”
Autor: Stephen Johnson, Anjanette DeCarlo, Prabodh Satyal, Noura S. Dosoky, Aaron
Sorensen e William N. Setzer
Journal: Plants
Vol/Issue: 8 (4)
Ano: 2019
DOI: 10.3390/plants8040088
TAGs: Olíbano; Boswellia carteri; Boswellia occulta; α-pineno; limoneno; sabineno;
mirceno; 1-metoxidecano; certificação orgânica; Resina; rastreabilidade; colheita
sustentável; pureza; certificação orgânica; metoxidecano; manejo sustentável; in vitro;
componentes químicos; espécies silvestres de Olíbano; certificação; orgânico;
Boswellia frereana; metoxidecano; químiotipo; pureza;
Sobre o artigo:
A resina das árvores da Boswellia tem sido um importante elemento religioso e
medicinal há milhares de anos e hoje é amplamente utilizado para a produção de óleos
essenciais. Uma das espécies mais populares e que são utilizadas é a Boswellia
sacra, da Somália.
Recentes aumentos na demanda deste ingrediente natural levaram muitas áreas a
serem exploradas excessivamente, enfatizando a necessidade de incentivos e
monitoramento para a colheita sustentável, assim como esquemas de selos e
certificações.
Além dos esquemas de certificação, a presença de um marcador químico de sobre a
colheita ou estresse nas árvores seria uma ferramenta poderosa para monitorar as
práticas de colheitas.
Simultaneamente ao aumento da colheita, um novo químiotipo incomum, dominado
metoxidecano e metoxocitano, foram identificados a partir de árvores de Olíbano
proveniente da “Somalilândia”.
As razões para o quimiotipo incomum e apenas o aparecimento recente não foram
estabelecidas, mas uma hipótese é que seja uma resposta química à colheita
excessiva prolongada, representando um marcador químico de árvores colhidas em
excesso. Outras explicações incluem que o aumento da demanda e os preços locais da
resina têm motivado a exploração de áreas anteriormente não perturbadas.
Uma implicação chave de todas essas hipóteses é que as árvores de olíbano na
Somalilândia estão passando por estresse elevado, seja pela intensificação e/ou
expansão da colheita de resina ou por estresse ambiental significativo.
A certificação das árvores colhidas e os marcadores de estresse químico podem,
portanto, ser ferramentas importantes para incentivar a colheita sustentável e a
proteção das árvores colhidas.
Portanto, os pesquisadores buscaram identificar o real motivo do surgimento de um
novo componente químico, o metoxidecano, nos óleos essenciais de Boswellia carteri
provenientes da Somalilândia.
E, além disso, a identificação da origem das árvores a fim de entender melhor sua
causa e as implicações de sua emergência no manejo florestal sustentável.
As resinas e os óleos essenciais comerciais foram analisados por cromatografia
gasosa e espectrometria de massa. E, as 13 amostras de óleos de 12 marcas comuns
de óleo essencial, todas as quais afirmam ser óleo essencial puro de Boswellia carteri,
foram adquiridas e rastreadas quanto à presença de metoxidecano, a fim de identificar
a extensão de sua presença no mercado.
Resultados:
A árvore metoxidecana foi identificada como uma nova espécie de Boswellia,
denominada Boswellia occulta Thulin, DeCarlo & SP Johnson, já descrita por outros
pesquisadores. Eles mostram uma morfologia altamente distinta de Boswellia carteri,
pois, a espécie B. occulta tem folhas glabras, compostas e casca cinza lisa, em
contraste com as folhas púberes, compostas e casca esfoliante de B. carteri.
Todas as amostras do óleo essencial de Olíbano metoxidecano foram obtidas por
hidrodestilação e apresentaram como componentes químicos o decil metil éter (26 a
48%), com menores quantidades de octil metil éter (3 a 9%); o serratol, que também foi
proeminente na maioria das amostras (2 a 31%). E, outros componentes incluindo
sabineno, incensole, germacreno D, verticila-4, 7,11-trieno e um álcool de
sesquiterpeno não identificado.
Os resultados mostram que a presença de metoxidecano não se deve ao estresse
climático ou antropogênico, como previamente hipotetizado, mas sim à mistura de
resina de duas espécies diferentes, Boswellia carteri e Boswellia occulta.
Embora seja possível que ambas as espécies produzam este quimiotipo, é improvável,
dado que os metoxialcanos são extremamente raros como produtos naturais, sendo
relatados apenas em artrópodes, possivelmente micróbios, e nunca, até onde se sabe,
em plantas.
Além disso, metoxialcanos nunca apareceram em amostras de resina de árvores
confirmadas de B. carteri. Portanto, os pesquisadores concluem que os metoxialcanos,
e especialmente metoxidecano, são a marca registrada de B. occulta, em vez da
hipótese de árvores colhidas em excesso.
Apesar das diferenças morfológicas óbvias, os colhedores somalis consideram
Boswellia carteri e Boswellia occulta como a mesma espécie, referindo-se a ambas
como "Mohor", enquanto fazem uma distinção entre essas duas espécies e outro
olíbano comumente colhido, Boswellia frereana ("Yegcar").
Os colhedores distinguem vários tipos de B. carteri, com base na forma de
crescimento, características da resina e substrato (Mohor cad, Mohor lab, Mohor
dadbeed; a B. occulta é chamada de Mohor madow), mas eles se referem à resina de
ambas B. carteri e B. occulta como "beeyo", enquanto a resina de B. frereana é
chamada de "maydi”.
Embora localmente comum, a Boswellia occulta parece habitar uma área
geograficamente limitada na região de Sanaag da Somalilândia, principalmente em
torno das cidades de Ceel Dibir e Bildhalaay em Western Sanaag.
Isso pode ajudar a explicar por que não foi identificado anteriormente; ainda assim, seu
anonimato até agora, apesar de sua prevalência em óleos essenciais de olíbano, indica
que as empresas que vendem a resina ou óleo essencial provavelmente têm
conhecimento limitado das árvores de origem dessas resinas.
Embora o metoxidecano só tenha aparecido em óleos essenciais em quantidades
significativas nos últimos anos, os coletores afirmam que há uma longa história de uso
da resina, principalmente como incenso vendido no mercado árabe.
Seu aparecimento repentino em óleos essenciais, portanto, pode ser devido à
crescente demanda por resina de empresas de óleo essencial; assim como a guerra no
Iêmen, fechando uma importante rota comercial tradicional de incenso para a Arábia
também pode ser um fator contribuinte.
A certificação de produtos florestais não madeireiros tem sido sugerida como uma
forma de aumentar o valor do produto, melhorar a sustentabilidade da colheita, fornecer
maiores benefícios sociais e melhorar o acesso ao mercado. No entanto, os esquemas
de certificação de produtos silvestres são frequentemente prejudicados pelo
conhecimento ecológico limitado das espécies-alvo e sua colheita.
Isso é particularmente verdadeiro em lugares como a Somalilândia e a Somália, onde o
acesso às áreas de colheita e os esforços de pesquisa foram limitados. Ainda assim,
pelo menos quatro empresas estão certificadas para produzir resinas orgânicas de
olíbano na Somalilândia e na Somália de acordo com os padrões de certificações
locais.
A certificação é financeiramente vantajosa para as empresas, visto que os óleos
essenciais de Boswellia carteri certificados como orgânicos tendem a ser vendidos por
preços mais altos do que os óleos essenciais não certificados, embora produtos
químicos artificiais não sejam aplicados a árvores de olíbano em qualquer lugar da
Somalilândia ou Somália.
Neste estudo, quatro entre cinco dos óleos essenciais que afirmam ser orgânicos
certificados como Boswellia carteri testaram positivos para a presença de
metoxidecano, contendo em média ainda mais metoxidecano do que os óleos
convencionais.
Isso indica que a certificação orgânica, embora útil na prevenção da contaminação
química artificial, não é suficiente para garantir a pureza dos produtos colhidos em meio
selvagem.
Existem vários motivos pelos quais essa contaminação é possível mesmo em resinas
certificadas. Os certificadores podem não ter conhecimento suficiente para identificar
com precisão as espécies que devem certificar, ou podem visitar apenas um pequeno
subconjunto da área total que certificam. Alternativamente, resinas provenientes de
áreas não certificadas podem ser passadas como material certificado.
Independentemente das razões, a difusão do metoxidecano em óleos essenciais
comerciais sendo vendidos como óleo essencial de B. carteri puro demonstra a
ineficácia da certificação orgânica por si só na prevenção da contaminação biológica.
Como corolário, isso também indica que a certificação orgânica provavelmente não
garantirá práticas de colheita sustentáveis, uma vez que a certificação aparentemente
não é capaz de identificar com precisão as árvores-fonte.
Portanto, os esforços de sustentabilidade devem se concentrar em estruturas robustas
de rastreabilidade e verificação e incentivos para a colheita sustentável, ao invés de
apenas certificação orgânica.
Na prática:
O presente estudo enfatiza a importância da rastreabilidade na cadeia de suprimentos
e da certificação orgânica para garantir a pureza e a colheita sustentável em espécies
silvestres de Olíbano.
Pois, os pesquisadores deste estudo identificaram a presença de componentes
químicos da Boswellia occulta no óleo essencial vendido como B. carteri puro, o que é
muito estranho, não acha?
Portanto, é sempre bom estar atento ao consumo de óleos essenciais mesmo que haja
certificação orgânica, pois, as espécies podem variar conforme colheita, condição de
crescimento e identificação das mesmas.

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  • 1. [Olíbano 001] Óleo essencial: Boswellia carteri e Boswellia occulta. Composto: α-Pineno, Limoneno, α-Thujeno, Sabineno, Mirceno, p-Cimeno, 1- Metoxidecano, Serratol Título: Organic Certification is Not Enough: The Case of the Methoxydecane Frankincense “Certificação orgânica não é suficiente: o caso do olíbano de metoxidecano” Autor: Stephen Johnson, Anjanette DeCarlo, Prabodh Satyal, Noura S. Dosoky, Aaron Sorensen e William N. Setzer Journal: Plants Vol/Issue: 8 (4) Ano: 2019 DOI: 10.3390/plants8040088 TAGs: Olíbano; Boswellia carteri; Boswellia occulta; α-pineno; limoneno; sabineno; mirceno; 1-metoxidecano; certificação orgânica; Resina; rastreabilidade; colheita sustentável; pureza; certificação orgânica; metoxidecano; manejo sustentável; in vitro; componentes químicos; espécies silvestres de Olíbano; certificação; orgânico; Boswellia frereana; metoxidecano; químiotipo; pureza; Sobre o artigo:
  • 2. A resina das árvores da Boswellia tem sido um importante elemento religioso e medicinal há milhares de anos e hoje é amplamente utilizado para a produção de óleos essenciais. Uma das espécies mais populares e que são utilizadas é a Boswellia sacra, da Somália. Recentes aumentos na demanda deste ingrediente natural levaram muitas áreas a serem exploradas excessivamente, enfatizando a necessidade de incentivos e monitoramento para a colheita sustentável, assim como esquemas de selos e certificações. Além dos esquemas de certificação, a presença de um marcador químico de sobre a colheita ou estresse nas árvores seria uma ferramenta poderosa para monitorar as práticas de colheitas. Simultaneamente ao aumento da colheita, um novo químiotipo incomum, dominado metoxidecano e metoxocitano, foram identificados a partir de árvores de Olíbano proveniente da “Somalilândia”. As razões para o quimiotipo incomum e apenas o aparecimento recente não foram estabelecidas, mas uma hipótese é que seja uma resposta química à colheita excessiva prolongada, representando um marcador químico de árvores colhidas em excesso. Outras explicações incluem que o aumento da demanda e os preços locais da resina têm motivado a exploração de áreas anteriormente não perturbadas. Uma implicação chave de todas essas hipóteses é que as árvores de olíbano na Somalilândia estão passando por estresse elevado, seja pela intensificação e/ou expansão da colheita de resina ou por estresse ambiental significativo. A certificação das árvores colhidas e os marcadores de estresse químico podem, portanto, ser ferramentas importantes para incentivar a colheita sustentável e a proteção das árvores colhidas.
  • 3. Portanto, os pesquisadores buscaram identificar o real motivo do surgimento de um novo componente químico, o metoxidecano, nos óleos essenciais de Boswellia carteri provenientes da Somalilândia. E, além disso, a identificação da origem das árvores a fim de entender melhor sua causa e as implicações de sua emergência no manejo florestal sustentável. As resinas e os óleos essenciais comerciais foram analisados por cromatografia gasosa e espectrometria de massa. E, as 13 amostras de óleos de 12 marcas comuns de óleo essencial, todas as quais afirmam ser óleo essencial puro de Boswellia carteri, foram adquiridas e rastreadas quanto à presença de metoxidecano, a fim de identificar a extensão de sua presença no mercado. Resultados: A árvore metoxidecana foi identificada como uma nova espécie de Boswellia, denominada Boswellia occulta Thulin, DeCarlo & SP Johnson, já descrita por outros pesquisadores. Eles mostram uma morfologia altamente distinta de Boswellia carteri, pois, a espécie B. occulta tem folhas glabras, compostas e casca cinza lisa, em contraste com as folhas púberes, compostas e casca esfoliante de B. carteri. Todas as amostras do óleo essencial de Olíbano metoxidecano foram obtidas por hidrodestilação e apresentaram como componentes químicos o decil metil éter (26 a 48%), com menores quantidades de octil metil éter (3 a 9%); o serratol, que também foi proeminente na maioria das amostras (2 a 31%). E, outros componentes incluindo sabineno, incensole, germacreno D, verticila-4, 7,11-trieno e um álcool de sesquiterpeno não identificado. Os resultados mostram que a presença de metoxidecano não se deve ao estresse climático ou antropogênico, como previamente hipotetizado, mas sim à mistura de resina de duas espécies diferentes, Boswellia carteri e Boswellia occulta.
  • 4. Embora seja possível que ambas as espécies produzam este quimiotipo, é improvável, dado que os metoxialcanos são extremamente raros como produtos naturais, sendo relatados apenas em artrópodes, possivelmente micróbios, e nunca, até onde se sabe, em plantas. Além disso, metoxialcanos nunca apareceram em amostras de resina de árvores confirmadas de B. carteri. Portanto, os pesquisadores concluem que os metoxialcanos, e especialmente metoxidecano, são a marca registrada de B. occulta, em vez da hipótese de árvores colhidas em excesso. Apesar das diferenças morfológicas óbvias, os colhedores somalis consideram Boswellia carteri e Boswellia occulta como a mesma espécie, referindo-se a ambas como "Mohor", enquanto fazem uma distinção entre essas duas espécies e outro olíbano comumente colhido, Boswellia frereana ("Yegcar"). Os colhedores distinguem vários tipos de B. carteri, com base na forma de crescimento, características da resina e substrato (Mohor cad, Mohor lab, Mohor dadbeed; a B. occulta é chamada de Mohor madow), mas eles se referem à resina de ambas B. carteri e B. occulta como "beeyo", enquanto a resina de B. frereana é chamada de "maydi”. Embora localmente comum, a Boswellia occulta parece habitar uma área geograficamente limitada na região de Sanaag da Somalilândia, principalmente em torno das cidades de Ceel Dibir e Bildhalaay em Western Sanaag. Isso pode ajudar a explicar por que não foi identificado anteriormente; ainda assim, seu anonimato até agora, apesar de sua prevalência em óleos essenciais de olíbano, indica que as empresas que vendem a resina ou óleo essencial provavelmente têm conhecimento limitado das árvores de origem dessas resinas.
  • 5. Embora o metoxidecano só tenha aparecido em óleos essenciais em quantidades significativas nos últimos anos, os coletores afirmam que há uma longa história de uso da resina, principalmente como incenso vendido no mercado árabe. Seu aparecimento repentino em óleos essenciais, portanto, pode ser devido à crescente demanda por resina de empresas de óleo essencial; assim como a guerra no Iêmen, fechando uma importante rota comercial tradicional de incenso para a Arábia também pode ser um fator contribuinte. A certificação de produtos florestais não madeireiros tem sido sugerida como uma forma de aumentar o valor do produto, melhorar a sustentabilidade da colheita, fornecer maiores benefícios sociais e melhorar o acesso ao mercado. No entanto, os esquemas de certificação de produtos silvestres são frequentemente prejudicados pelo conhecimento ecológico limitado das espécies-alvo e sua colheita. Isso é particularmente verdadeiro em lugares como a Somalilândia e a Somália, onde o acesso às áreas de colheita e os esforços de pesquisa foram limitados. Ainda assim, pelo menos quatro empresas estão certificadas para produzir resinas orgânicas de olíbano na Somalilândia e na Somália de acordo com os padrões de certificações locais. A certificação é financeiramente vantajosa para as empresas, visto que os óleos essenciais de Boswellia carteri certificados como orgânicos tendem a ser vendidos por preços mais altos do que os óleos essenciais não certificados, embora produtos químicos artificiais não sejam aplicados a árvores de olíbano em qualquer lugar da Somalilândia ou Somália. Neste estudo, quatro entre cinco dos óleos essenciais que afirmam ser orgânicos certificados como Boswellia carteri testaram positivos para a presença de metoxidecano, contendo em média ainda mais metoxidecano do que os óleos convencionais.
  • 6. Isso indica que a certificação orgânica, embora útil na prevenção da contaminação química artificial, não é suficiente para garantir a pureza dos produtos colhidos em meio selvagem. Existem vários motivos pelos quais essa contaminação é possível mesmo em resinas certificadas. Os certificadores podem não ter conhecimento suficiente para identificar com precisão as espécies que devem certificar, ou podem visitar apenas um pequeno subconjunto da área total que certificam. Alternativamente, resinas provenientes de áreas não certificadas podem ser passadas como material certificado. Independentemente das razões, a difusão do metoxidecano em óleos essenciais comerciais sendo vendidos como óleo essencial de B. carteri puro demonstra a ineficácia da certificação orgânica por si só na prevenção da contaminação biológica. Como corolário, isso também indica que a certificação orgânica provavelmente não garantirá práticas de colheita sustentáveis, uma vez que a certificação aparentemente não é capaz de identificar com precisão as árvores-fonte. Portanto, os esforços de sustentabilidade devem se concentrar em estruturas robustas de rastreabilidade e verificação e incentivos para a colheita sustentável, ao invés de apenas certificação orgânica. Na prática: O presente estudo enfatiza a importância da rastreabilidade na cadeia de suprimentos e da certificação orgânica para garantir a pureza e a colheita sustentável em espécies silvestres de Olíbano.
  • 7. Pois, os pesquisadores deste estudo identificaram a presença de componentes químicos da Boswellia occulta no óleo essencial vendido como B. carteri puro, o que é muito estranho, não acha? Portanto, é sempre bom estar atento ao consumo de óleos essenciais mesmo que haja certificação orgânica, pois, as espécies podem variar conforme colheita, condição de crescimento e identificação das mesmas.