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Nota 1: Aluno graduando do curso de Engenharia de Produção
Nota 2: Professor Dr. Orientador do trabalho
1
ESTUDO DE CASO: APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE
ESTOQUE EM UMA EMPRESA DE FIOS E CABOS ELÉTRICOS
CASE STUDY: IMPLEMENTATION OF INVENTORY PLANNING AND CONTROL
IN A ELECTRICAL WIRE AND CABLE COMPANY
GLAUCO VELOSO DOS SANTOS1
MARCELO SALUME FIOROT1
JOÃO PAULO SOARES DE BARROS2
Resumo
Devido à concorrência existente entre as empresas, a gestão minuciosa e o controle de estoque
tornam-se uma questão cada vez mais importante para o sucesso das organizações. Os estoques
são necessários porque há uma diferença entre as taxas de oferta e demanda por bens. É o papel do
inventário absorver essa diferença de ritmo sem causar impacto significativo no nível de atendimento
ao cliente com relação às datas de entrega. Este estudo concentra-se em aplicar a metodologia de
dimensionamento de estoque em uma empresa de cabos elétricos por meio do modelo de revisão
periódica. Além disso, uma ferramenta em Visual Basic (VBA) foi desenvolvida para suportar os
usuários potenciais da ferramenta aqui proposta.
Palavras-chave: Atendimento, estoque e cliente.
Abstract
Due to the ever existing competition between companies, the careful management and control of
inventories becomes an increasingly important issue for the success of the organizations. Inventories
are necessary because there is a difference between the rates of supply and demand for good. It is
the inventory role to absorb such difference rate without causing significant impact to the aimed
customer service level related to delivery dates. This study is focused on applying a sizing inventory
methodology in an electric cable company resorting to the periodic review model. In addition, an
application in Visual Basic (VBA) was developed to support prospective users of the tool herein
proposed.
Keyword: Delivery, inventory and customer.
1. Introdução
Com a globalização o mercado se tornou mais competitivo, o que exige maior eficiência por parte das
empresas para sobreviverem. Com isso, conquistar e/ou manter uma participação no mercado é de
extrema importância para as organizações.
Devido a alta concorrência no mercado de fios e cabos elétricos que atendem o segmento de
construção civil e fortes demandas em determinados períodos, como por exemplo, as impulsionadas
por eventos inéditos que ocorrerão no Brasil, Copa do Mundo 2014 e Jogos Olímpicos em 2016, as
empresas estão se mobilizando para atender essa demanda e isso muitas vezes só é possível
através da disponibilidade do material em estoque, já que o prazo de entrega muitas das vezes é
fator decisivo na compra.
Com isso, a disponibilidade de produtos passa a ser algo primordial na saúde financeira da empresa
e na determinação do seu sucesso ou fracasso ao longo do tempo. Além disso, as empresas
precisam realizar investimentos em ferramentas de controle que proporcionem uma melhor gestão de
2
seus estoques, já que a falta ou excesso deles podem resultar em altos custos, sejam esses devido
ao não atendimento de clientes ou ao capital empatado.
2. Referencial teórico
Estoques, segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2001), são o acúmulo de recursos materiais que
possuem uma propriedade fundamental que pode ser usada para “o bem” e para “o mal” de uma
organização e são utilizados para regular diferenças entre as taxas de produção e de demanda do
mercado.
Além disso, segundo Slack et al. (2007), os estoques existem pois há uma diferença de ritmo ou de
taxa entre fornecimento e demanda.
Segundo Slack et al. (2007), existem quatro tipos tipos de estoque: 1) Estoque isolador: Também
chamado de estoque de segurança, possui o propósito de compensar as incertezas de fornecimento
e demanda; 2) Estoque de ciclo: Ocorre porque um ou mais estágios na operação não podem
fornecer todos os itens que produzem simultaneamente; 3) Estoque de antecipação: Usado para
compensar diferenças de ritmo de fornecimento e de demanda; e 4) Estoque no canal de distribuição:
Existem porque o material não pode ser transportado instantaneamente entre o ponto de
fornecimento e o ponto de demanda.
Logo, “[...] é preciso que definamos o momento do ressuprimento e a quantidade a ser ressuprida,
para que o estoque possa atender às necessidades da demanda” (CORRÊA, GIANESI e CAON,
2001, p.56).
Sendo assim, devemos obter respostas para as seguintes perguntas: Qual deve ser o tamanho do
pedido de reabastecimento cada vez que o mesmo é colocado? Em que momento o pedido de
reabastecimento deve ser colocado? Todos os itens possuem o mesmo tipo de prioridade? Como as
informações sobre o estoque devem ser armazenadas ou gerenciadas?
2.1 Modelo de ponto de reposição e lote econômico
Por se tratar de um modelo simples e de fácil utilização, é um dos mais utilizados tradicionalmente.
“O modelo de ponto de reposição funciona da seguinte forma. Todas as vezes que
determinada quantidade do item é retirada do estoque, verificam a quantidade restante. Se
esta quantidade restante é menor que uma quantidade predeterminada (chamada „ponto de
reposição`), compramos (ou produzimos internamente, conforme o caso) determinada
quantidade chamada „lote ressuprimento‟. O fornecedor leva determinado tempo (chamado
„tempo de ressuprimento‟ ou lead time) até que possa entregar a quantidade pedida,
ressuprindo o estoque” (CORRÊA, GIANESI e CAON, 2001, p.57).
O funcionamento desse modelo pode ser visualizado conforme figura 1.
Figura 1 – Modelo de “ponto de resposição”
3
Fonte: Adaptado de Corrêa, Gianesi e Caon (2001, p.58)
Assim, é necessário definir o ponto de reposição e o tamanho do lote de ressuprimento através de
uma modelagem matemática. Segundo Slack et al. (2007), é necessário encontrar o melhor equilíbrio
entre as vantagens e as desvantagens de manter estoque.
Esse equilíbrio pode ser encontrado por meio do cálculo dos custos do sistema de gestão de estoque,
que segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2001), é encontrado com o cálculo do custo de armazenagem
(CA) e o custo de pedido (CP).
Custo de armazenagem (CA):
(1)
= custo unitário anual de estocagem – é o custo anual de armazenagem de uma unidade do item.
Inclui todos os custos de manter um item em estoque.
Custo de pedido (CP):
(2)
= custo fixo de fazer o pedido para reposição do estoque
DA = demanda anual
L = tamanho do lote
É possível visualizar o comportamento das curvas e o momento em que se encontra o lote econômico
(menor custo total), através da figura 2. Nesse momento, o custo de armazenagem é igual ao custo
de pedido.
Figura 2 – Custos totais do sistema de gestão de estoque
Fonte: Adaptado de Corrêa, Gianesi e Caon (2001, p.58)
Logo, é possível calcular o LEC (lote econômico) que segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2001) é
encontrado com a aplicação da equação 3:
√ (3)
4
O ponto de ressuprimento (PR) pode ser calculado por meio da equação 4:
seg (4)
D = taxa de demanda por unidade de tempo
LT = tempo de ressuprimento
seg = estoque de segurança
2.2 Estoque de segurança
O fato da demanda na maioria das vezes não ser constante, inviabiliza algumas premissas do lote
econômico de compra, pois esse assume que o consumo é constante e previsível, fazendo com que
o momento da reposição de estoque ocorra no instante em que o estoque zera.
“Para fazer frente a essas situações de variações aleatórias da demanda, em torno de sua média,
muitas empresas resolvem lançar mão de manter alguma quantidade de estoque (chamado estoque
de segurança)” (CORRÊA, GIANESI e CAON 2001, p.57).
Essa quantidade será proporcional ao nível de incerteza de variação da demanda, que segundo
Corrêa, Gianesi e Caon (2001), pode ser calculado com a equação 5:
seg √
PP
(5)
FS = fator de segurança que varia de acordo com o nível de serviço
= desvio-padrão para demanda futura
PP = periodicidade à qual se refere o desvio-padrão
Tabela 1 – Fatores de segurança
Nível
de
serviço
Fator de
serviço
50% 0
60% 0,254
70% 0,525
80% 0,842
85% 1,037
90% 1,282
95% 1,645
98% 2,055
99% 2,325
Fonte: Adaptado de Corrêa, Gianesi e Caon (2001, p.65)
O desvio-padrão, segundo Pereira e Tanaka (1990), pode ser calculado através da equação 6 abaixo:
√
∑
(6)
Onde,
5
̅
= valor i da amostra
̅ = média da demanda no período
2.3 Modelo de revisão periódica
Um outro modelo para gestão de estoques pode ser utilizado que, segundo Corrêa, Gianesi e Caon
(2001), trata-se do modelo de revisão periódica. Este modelo é mais simples de ser operacionalizado
e consiste em verificar o nível de estoque periodicamente. Baseado no nível de estoque encontrado,
determina-se a quantidade a ser ressuprida que, ao recebê-la, seja atingido um nível de estoque
predeterminado.
(7)
Onde,
Q = quantidade a pedir
M = estoque máximo
E = estoque presente
QP = quantidade pendente (já pedida)
Sendo que,
seg (8)
Onde,
D = taxa de demanda
P = período de revisão
LT = lead time
seg = estoque de segurança
O estoque de segurança é calculado de forma similar através da equação 9:
seg √ (9)
2.4 Curvas ABC
Em qualquer estoque que possua mais de um item, há diferentes níveis de importância entre eles, ou
seja, uns serão mais importantes do que os outros.
“A técnica ABC é uma forma de classificarmos todos os itens de estoque de determinado sistema de
operações em três grupos, baseados em seu valor total anual de uso” (CORRÊA, GIANESI e CAON
2001, p.57).
Sendo assim, Slack et al. (2007) definem essas 3 classificações da seguinte forma:
Classe A: 20% de itens que representam 80% do valor total do estoque;
6
Classe B: 30% dos itens que representam 10% do valor total; e
Classe C: 50% do total de itens representando 10% do valor total de itens estocados.
Figura 3 – Curva ABC
Fonte: Adaptada de Slack et al. (2007, p. 299)
2.5 Visual basic for applications - VBA
Controlar estoques sem o auxílio de uma ferramenta computacional é algo quase que impossível a
partir do momento em que o número de itens e informações é muito grande.
“O VBA possibilita que você alcance uma tremenda eficiência no uso diário do Excel” (JELEN E
SYRSTAD, 2012, p. 1).
“A Microsoft acredita que o usuário médio do Office usa apenas 10% das características do Office”
(JELEN E SYRSTAD, 2012, p. 2).
2.5.1 Loops while...wend
Segundo Jelen e Syrstad (2012), esse loop sempre iniciará com While <condição> e finalizará com
Wend, conforme exemplo abaixo:
a = 1
While estoque.Cells(a, 1) <> “”
.
.
.
a = a +1
Wend
7
2.5.2 If...then...else...end if
Esse comando se trata de uma condição que é testada e dependendo do resultado do teste, executa-
se o comando para executar alguma ação.
If estoque.Cells (a, 1) > 5 then
estoque.Cells (a, 6) “ mitir ordem de ressuprimento”
else
estoque.Cells(a, 6) = “ stoque abastecido”
end if
3. Metodologia
Para a execução desse projeto se faz necessário alguns procedimentos organizados em quatro
etapas.
Na primeira etapa, foram realizados estudos bibliográficos, tendo como base autores que tratam de
assuntos sobre planejamento e gestão de estoque, controle de estoques e linguagem de
programação.
A segunda etapa, foi realizada por meio de entrevistas e coletas de informações sobre a organização
a ser estudada.
Após os estudos bibliográficos e a coleta de informações sobre a organização, foi definido o modelo
de controle de estoques que melhor se encaixe no perfil da empresa.
Por último, os níveis de estoque foram calculados conforme a metodologia escolhida na etapa
anterior, assim como a elaboração de uma ferramenta de controle para que a gestão do estoque
fosse realizada.
4. Estudo de caso
A empresa estudada é uma das líderes mundiais na fabricação de cabos de energia, instrumentação,
telecomunicações, dados e cabos especiais. Atualmente conta com 57 unidades distribuídas em 26
países e possui cerca de 14.000 colaboradores. A pesquisa foi realizada em uma de suas unidades
localizada em Serra – Espírito Santo. Essa unidade atua na produção de cabos elétricos de cobre
para atendimento do mercado brasileiro de construção civil. Entre os principais clientes estão
distribuidores (lojas comerciais) e instaladores. Possui cerca de 170 funcionários e uma capacidade
produtiva de 1000 toneladas de cobre por mês ou 250 toneladas por semana.
A mesma preza pelo atendimento de seus clientes dentro do prazo estipulado, porém o nível de
serviço desse indicador, com base no histórico de 2013, encontra-se em 88%. Abaixo do esperado
que é de 95%.
4.1 Produtos
A empresa estudada possui um mix com 516 diferentes produtos. Esses são classificados em três
categorias: KBN (Kanban), MTS (Make to stock) e MTO (Make to order).
Os produtos KBN representam um faturamento entre 65 e 70% do montante total e são compostos
por 75 produtos. Esses são produzidos para estoque, ou seja, há um controle de estoque sobre os
mesmos.
Já o MTS é representado por 260 produtos que correspondem cerca de 25 a 30% do faturamento.
Esses são produzidos mediante a demanda. Entretanto, sempre que há um pedido desse item, é
8
produzida uma quantidade mínima (master reel), parte atende a demanda e parte é estocada para
atendimento de possíveis futuros pedidos.
Por último, o MTO, que representa apenas 5% do faturamento, é composto por 181 produtos. Esses
são produzidos sob encomenda e na quantidade requisitada pelo cliente.
Os cabos produzidos podem possuir quatro tipos de acondicionamento: 1)Bobina; 2)Caixa; 3)Rolo; e
4) Carretel. Sendo que caixas, rolos e carretéis são estocados em pallets. Além disso, os produtos
variam de acordo com o número de veias e secção nominal do condutor e são sub-classificados
conforme a tabela 2 abaixo. Outro fator importante é a master reel, ou seja, metragem padrão por
produto. Todos os produtos, exceto o MTO, são produzidos em uma quantidade padrão, sempre que
demandados e correspondem a 1 unidade (Bobina ou pallet).
Tabela 2 – Subclassificações dos produtos
Classe Descrição
Tipo-1 Caixas/Rolos/Carreteis
Tipo-2 Cabos Sing 1-6mm²
Tipo-3 Cabos Sing 10-35mm²
Tipo-4 Cabos Sing 50-120mm²
Tipo-5 Cabos Mult 1-6mm²
Tipo-6 Cabos Mult 10-25mm²
Fonte: Própria do autor, 2014
Esses produtos podem ser quantificados de três formas diferentes:
1) Quantidade de Master reel’s: Número de unidades de master reel’s de um determinado
produto. Cada produto possui um tamanho (metros) master reel específico;
2) Quantidade total em metros: Quantidade total de metros de um determinado produto; e
3) Quantidade total em kg: Quantidade total kg de metal (cobre) de um determinado produto.
Essas informações podem ser visualizadas na figura 4 a seguir. A mesma possui o código do
produto; a descrição do produto, onde é informado o número de veias e a seção. Nesse caso se trata
de uma veia de seção 6 mm² (1C x 6.00 MM2) do cabo forex; seu tipo de acondicionamento é
bobina; sua classificação é MTS-2, ou seja, se enquadra na segunda linha da tabela 2; quantidade de
metal por quilômetro de cabo; número de unidades de master reel’s; e a quantidade em metros e kg
referente ao número de master reel’s.
Figura 4 – Informações sobre um produto
Fonte: Própria do autor, 2014
4.2 Premissas
Devido ao fato das informações sobre custos unitários de armazenamento e de se fazer os pedidos
serem de difícil acesso e a empresa ter como objetivo o aumento do nível de serviço, optou-se pela
escolha do modelo de revisão periódica para o dimensionamento e gestão do estoque.
9
4.3 Dimensionamento de estoque
O fato da empresa analisada já possuir controle de estoque para os itens KBN e produzir os itens
MTO sobre encomenda, a classificação escolhida para aplicação da metodologia foi a dos produtos
classificados como MTS.
4.3.1 Estoque de segurança
O estoque de segurança e desvio-padrão foram calculados por meio da análise do faturamento anual
de 2013 de cada produto dividido em meses. Também foi utilizado um fator de confiança (FS) de
95%, já que esse grau se trata da meta de atendimento da empresa. Além disso, foi utilizado 0,25
meses como período de revisão, pois as programações de produção da planta são realizadas
semanalmente, o que permite que a revisão periódica seja semanal.
Onde,
seg 1,6 √ (10)
Com a aplicação da metodologia, o valor total do estoque de segurança foi calculado em 220
toneladas (cobre) de produtos. Utilizou-se o Microsoft excel como ferramenta de auxílio para todos os
cálculos e manipulação de dados. Na figura 5, é possível visualizar os resultados obtidos de alguns
dos produtos dimensionados.
Figura 5 – Desvio-padrão e estoque de segurança de alguns produtos
Fonte: Própria do autor (2014)
Além disso, foi utilizado os lead times fornecidos pela empresa, conforme tabela abaixo:
Tabela 3 – Lead time de produtos
Sub-
classe
Descrição
Lead
time
(mês)
MTS-1 Caixas/Rolos/Carreteis 0,25
MTS-2 Cabos Sing 1-6mm² 0,5
MTS-3 Cabos Sing 10-35mm² 0,25
MTS-4 Cabos Sing 50-120mm² 0,25
10
MTS-5 Cabos Mult 1-6mm² 0,5
MTS-6 Cabos Mult 10-25mm² 0,5
Fonte: Própria do autor, 2014
4.3.2 Estoque máximo
Assim como o estoque de segurança, calculou-se os níveis de estoque máximo por produto,
conforme figura 6, totalizando 336 toneladas de metal.
seg (11)
Figura 6 – Estoque máximo de alguns produtos
Fonte: Própria do autor, 2014.
4.4 Classificação ABC
Devido a necessidade de conhecer quais são os itens mais importantes dentre os produtos
analisados, foi utilizada a metodologia de classificação proposta por Slack et al. (2007). Onde,
Classe A: 20% de itens que representam 80% do valor total;
Classe B: 30% dos itens que representam 10% do valor total; e
Classe C: 50% do total de itens representando 10% do valor total.
Foi realizada a classificação de três formas: uma iniciada pela definição a partir da proporção do
número de itens (Tabela 4), outra pelo valor total faturado em 2013 (Tabela 5) representado pelo
peso metal (peso de cobre) faturado, já que se trata da unidade em que são realizados os custeios da
empresa e pelo fato da quantidade de metal (cobre) contida no cabo ser diretamente proporcional ao
preço do produto. Além de uma terceira e definitiva classificação pela combinação de ambos (Tabela
6). Onde, a combinação de itens A na primeira classificação com itens A na segunda, seriam
considerados A. AB, BA ou BB, B e os demais como C.
Tabela 4 – Classificação pelo número de itens
ABC (Nº de itens)
11
Classe
Nº de
itens
Proporção
Peso
metal (kg)
Proporção
A 52 20% 1.383.806 54%
B 78 30% 904.067 35%
C 130 50% 290.018 11%
Fonte: Própria do autor, 2014
Tabela 5 – Classificação pelo valor (Peso metal)
ABC (Peso metal)
Classe
Nº de
itens
Proporção
Peso
metal (kg)
Proporção
A 102 39% 2.057.839 80%
B 33 13% 258.830 10%
C 125 48% 261.223 10%
Fonte: Própria do autor, 2014
Tabela 6 – Classificação por número de itens x valor (Peso metal).
ABC (Peso metal) x ABC (Nº de itens)
Classe
Nº de
itens
Proporção
Peso
metal (kg)
Proporção
A 52 20% 1.383.806 54%
B 78 30% 904.067 35%
C 130 50% 290.018 11%
Fonte: Própria do autor, 2014
Figura 7 – Curva ABC dos produtos MTS
Fonte: Própria do autor, 2014
12
5. Análise de resultados
Após o dimensionamento do estoque de produtos MTS, foi possível comparar os níveis de estoques
propostos por itens com o nível atual da empresa. Observou-se que a mesma possuía apenas 87
toneladas de metal disponíveis em estoque, ou seja, apenas 26% do nível máximo de estoque
proposto. Além disso, havia apenas 28 itens atendidos (11%), sendo que 25 produtos estavam com o
estoque acima do nível máximo dimensionado e 222 produtos estavam com o estoque abaixo do
estoque de segurança. Com isso, é possível comprovar que realmente não há um controle de
estoques sobre esse tipo de produto (MTS), o que prejudica o atendimento aos clientes nos prazos
estipulados.
Foi observado, ainda, que em grande parte dos produtos não há uma estabilidade na demanda, o que
reflete em um alto desvio-padrão e consequentemente um estoque de segurança muito grande. Dos
260 itens estudados, 117 apresentaram ao menos um mês dentre doze sem demanda, o que também
justifica o alto desvio-padrão. Quando analisado o quanto o desvio-padrão de cada produto
representa sobre a média mensal demandada, nota-se que em alguns casos chegam a 346%. Essa
instabilidade também é refletida no giro anual de estoque que, segundo Dias (1997), se trata da
quantidade total demandada em um certo período divido pela quantidade de estoque. Sendo assim,
aplicou-se a seguinte equação sobre os níveis máximos de estoques propostos.
(12)
Desta forma, é possível observar que esse indicador varia entre 1 e 12 para os itens dimensionados e
concluir que o giro de estoque é inversamente proporcional ao desvio-padrão sobre a média mensal
de consumo.
6. Ferramenta de controle de estoque
Pelo fato da empresa não possuir nenhum software para o controle e gestão do estoque, criou-se a
necessidade da construção de uma ferramenta que proporciona o controle e gestão do estoque após
o dimensionamento. Para isso, foi utilizado o auxilio do excel e a linguagem de programação visual
basic for applications (VBA) para que o desenvolvimento dessa ferramenta fosse possível a um baixo
custo.
A sequência lógica utilizada foi assim definida:
a) Primeiramente foi criada uma planilha chamada “Gestão de estoque”. sta composta por
quatro planilhas: 1) Banco de dados; 2) Carteira; 3) Estoque; e 4) Controle de estoque;
b) Na planilha banco de dados, foram incluídas as informações obtidas no dimensionamento do
estoque, estoque máximo, estoque de segurança e classificação ABC de cada produto.
Adicionalmente, os dados de tamanho do lote (master reel), código do produto, descrição,
lead time e peso metal (kg) por km, além dos botões para a navegação no programa, foram
incluídos;
c) Na planilha ” stoque” foram inseridas as informações do estoque atual da empresa. Essa
planilha deve ser atualizada sempre que a ferramenta for utilizada, podendo ser feita por
meio de uma que a empresa possui com as informações atualizadas de seu estoque.
Também foram incluídos os botões necessários para navegação na ferramenta;
d) Já na planilha “Carteira”, foi adicionada a carteira de pedidos da empresa, que também pode
ser atualizada via query, além dos botões para navegação; e
e) Por último, foi criada a planilha “Controle de estoque”. sta foi desenvolvida conforme lay-out
da figura 8, por meio da programação em visual basic disponível no anexo A. Nesta planilha é
possível visualizar todas as informações necessárias para se realizar a gestão do estoque e a
tomada de decisão. Ela é composta pelo código do produto, descrição, acondicionamento,
master reel, classificação ABC, estoque de segurança, estoque máximo, estoque disponível,
carteira, número de pedidos em carteira por produto, necessidade, classe do produto e a
situação de cada item. Além disso, informações gráficas com percentual de atendimento do
estoque e de cada subclassificação de produtos.
Figura 8 – Programa de gestão do estoque
13
Fonte: Própria do autor, 2014
6.1 Botões
Os botões mostrados na figura 9 permitem executar a macro e navegar entre as planilhas que
possuem os bancos de dados. O botão “Atualiza” permite a execução da macro e atualização de
todas as informações geradas, proporcionando a gestão do estoque. Já os botões “ stoque” e
“Carteira” permitem o acesso ao estoque e carteira de pedidos, respectivamente. O botão “Banco” dá
acesso ao banco de dados que precisa ser atualizado sempre que houver alguma revisão no
dimensionamento dos produtos.
Figura 9 – Lista de botões
Fonte: Própria do autor, 2014
6.2 Gráfico e informações gerais
Na figura 10 e 11 é possível visualizar o indicador de atendimento do estoque, o atendimento e a
necessidade em número de itens e em kg por classe de produto.
Essa necessidade é calculada com a fórmula sugerida por Corrêa, Gianesi e Caon (2001) no modelo
de revisão periódica em que a quantidade a ser solicitada deve ser o nível máximo de estoque
subtraído do estoque disponível e quantidade já solicitada. Nesse caso, a mesma foi adaptada, pois
algumas vezes há pedidos em carteira e material disponível em estoque. Também o setor de
programação corrige a quantidade solicitada quando há algum item que já foi solicitado e ainda não
foi entregue, ou seja, certa quantidade do pedido já está em processo.
(13)
Onde,
Q = quantidade a pedir
M = estoque máximo
E = estoque presente
C = quantidade em carteira
14
Figura 10 – Atendimento do estoque
Fonte: Própria do autor, 2014
Figura 11 – Informações gerais e atendimento por classe
Fonte: Própria do autor, 2014
6.3 Informações por produto
Com a ferramenta é possível analisar as informações necessárias para a tomada de decisão por
produto, pois além de possuir as informações sobre o estoque de segurança, estoque máximo,
estoque atual e classificação, possui a quantidade em master reel’s em carteira, o número de pedidos
em carteira de cada item e a situação, sendo “Atendido” para itens em que Q (necessidade) é menor
ou igual a 0 e “Produzir” quando há necessidade, ou seja, Q é maior que 0.
Figura 12 – Informações por produto
Fonte: Própria do autor, 2014
7. Conclusão
Após a análise dos resultados obtidos com o dimensionamento do estoque a partir da aplicação do
método de revisão periódica e classificação ABC, é possível observar que apesar de serem métodos
efetivos, possuem suas limitações. No que rege ao dimensionamento do estoque de segurança, esse
sofre grande influência do desvio-padrão, muitas vezes sugerindo altos estoques por conta da
instabilidade da demanda, sendo melhor aplicado em itens que possuem menor instabilidade. Logo,
torna-se necessário realizar uma revisão mais detalhada sobre a causa dos picos e depressões na
demanda de certos produtos em alguns meses, pois esses podem ter ocorrido devido a algum evento
específico, refletindo erroneamente nos valores calculados. Além disso, o modelo não considera
produtos lançados recentemente, pois esses não possuem histórico consistente de vendas. Por
esses motivos, recomenda-se realizar ajustes no desvio-padrão, quando necessário, o que refletirá
em um menor estoque de segurança e consequentemente um menor estoque máximo.
15
Já em relação a classificação ABC, para o caso estudado, também observa-se algumas limitações,
visto que esta, como proposta por Corrêa, Gianesi e Caon (2001), é realizada com base apenas no
valor do produto, fazendo com que alguns itens de alto giro sejam classificados como B ou até
mesmo C, pois apesar de possuírem maior estabilidade na demanda, possuem menor peso (kg) por
se tratarem de produtos com pouco cobre e consequentemente menor valor. Além disso, é possível
observar alguns itens classificados como A e com um giro anual de 4,5. Sendo assim, comprova-se a
necessidade de analisar mais detalhadamente alguns produtos e também incluir na decisão de
classificação de importância dos itens a análise do giro do estoque, para que produtos que apesar de
possuírem menor representatividade nas vendas, sejam tratados com maior importância, pois
possuem uma maior regularidade na sua demanda mensal, fazendo com que sua disponibilidade no
estoque seja fator decisivo no impacto do indicador de atendimento de clientes no prazo.
Logo, conclui-se que apesar das limitações observadas na metodologia aplicada, o objetivo de
dimensionar e controlar o estoque de produtos MTS da empresa estudada, para assim atingir o nível
de satisfação desejado pela organização foi atendido. Pois o mesmo foi dimensionado com base no
estudo estatístico do histórico de demanda, além de dados reais complementares para a realização
de todos os cálculos (lead times, master reel, peso metal por km de produto). Além disso, foi
construída uma ferramenta por meio da linguagem de programação VBA que permitirá com que a
empresa realize a gestão e análise do estoque atual de forma rápida e eficiente, já que, por se tratar
de uma ferramenta criada em um programa comum (excel), é de fácil acesso e manuseio, além da
possibilidade de integração com o banco de dados da empresa através de query’s.
Como proposta para aperfeiçoamento dos resultados obtidos na realização do estudo de caso,
recomenda-se aplicar a simulação computacional com o objetivo de prever os impactos que serão
obtidos no nível de atendimento no prazo de clientes, após a aplicação da metodologia proposta.
Além da inclusão da análise de custos e de uma metodologia para ajuste dos níveis de estoques de
itens que possuem um alto desvio-padrão.
8. Referências
BRAUNS, Bianka; MARINHO, Lucia C. D.; GUBITOSO, Edna Baptista dos Santos; CONSONI,
Angelo Jose. Cálculos da capacidade de armazenamento utilizando as ferramentas seis sigma. In:
ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 28., 2008, Rio de Janeiro. Disponível
em: <http://www.leansixsigma.com.br/acervo/39201939.PDF>. Acesso em: 1 mai. 2014.
CORRÊA, Henrique L.; GIANESI, Irineu G. N.; CAON, Mauro. Planejamento, programação e
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DIAS, M. A. P. Administração de materiais. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1995.
JELEN, Bill; SYRSTAD, Tracy. VBA e Macros: Microsoft Excel 2010. Rio de Janeiro: Alta Books,
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MARIA, Guilherme Braga Aguiar de; NOVAES, Antônio Galvão Naclerio. Determinação do estoque de
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<http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2011_TN_STO_135_857_18846.pdf>. Acesso em: 08
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PEREIRA, Wilson; TANAKA, Oswaldo K. Estatística: Conceitos básicos. 2 ed.. São Paulo:
MacGraw-Hill, 1990.
SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; HARLAND, Christine; HARRISON, Alan; JOHNSTON, Robert.
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ESTUDO DE CASO - APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE ESTOQUES EM UMA EMPRESA DE FIOS E CABOS ELÉTRICOS - REV09

  • 1. Nota 1: Aluno graduando do curso de Engenharia de Produção Nota 2: Professor Dr. Orientador do trabalho 1 ESTUDO DE CASO: APLICAÇÃO DO PLANEJAMENTO E CONTROLE DE ESTOQUE EM UMA EMPRESA DE FIOS E CABOS ELÉTRICOS CASE STUDY: IMPLEMENTATION OF INVENTORY PLANNING AND CONTROL IN A ELECTRICAL WIRE AND CABLE COMPANY GLAUCO VELOSO DOS SANTOS1 MARCELO SALUME FIOROT1 JOÃO PAULO SOARES DE BARROS2 Resumo Devido à concorrência existente entre as empresas, a gestão minuciosa e o controle de estoque tornam-se uma questão cada vez mais importante para o sucesso das organizações. Os estoques são necessários porque há uma diferença entre as taxas de oferta e demanda por bens. É o papel do inventário absorver essa diferença de ritmo sem causar impacto significativo no nível de atendimento ao cliente com relação às datas de entrega. Este estudo concentra-se em aplicar a metodologia de dimensionamento de estoque em uma empresa de cabos elétricos por meio do modelo de revisão periódica. Além disso, uma ferramenta em Visual Basic (VBA) foi desenvolvida para suportar os usuários potenciais da ferramenta aqui proposta. Palavras-chave: Atendimento, estoque e cliente. Abstract Due to the ever existing competition between companies, the careful management and control of inventories becomes an increasingly important issue for the success of the organizations. Inventories are necessary because there is a difference between the rates of supply and demand for good. It is the inventory role to absorb such difference rate without causing significant impact to the aimed customer service level related to delivery dates. This study is focused on applying a sizing inventory methodology in an electric cable company resorting to the periodic review model. In addition, an application in Visual Basic (VBA) was developed to support prospective users of the tool herein proposed. Keyword: Delivery, inventory and customer. 1. Introdução Com a globalização o mercado se tornou mais competitivo, o que exige maior eficiência por parte das empresas para sobreviverem. Com isso, conquistar e/ou manter uma participação no mercado é de extrema importância para as organizações. Devido a alta concorrência no mercado de fios e cabos elétricos que atendem o segmento de construção civil e fortes demandas em determinados períodos, como por exemplo, as impulsionadas por eventos inéditos que ocorrerão no Brasil, Copa do Mundo 2014 e Jogos Olímpicos em 2016, as empresas estão se mobilizando para atender essa demanda e isso muitas vezes só é possível através da disponibilidade do material em estoque, já que o prazo de entrega muitas das vezes é fator decisivo na compra. Com isso, a disponibilidade de produtos passa a ser algo primordial na saúde financeira da empresa e na determinação do seu sucesso ou fracasso ao longo do tempo. Além disso, as empresas precisam realizar investimentos em ferramentas de controle que proporcionem uma melhor gestão de
  • 2. 2 seus estoques, já que a falta ou excesso deles podem resultar em altos custos, sejam esses devido ao não atendimento de clientes ou ao capital empatado. 2. Referencial teórico Estoques, segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2001), são o acúmulo de recursos materiais que possuem uma propriedade fundamental que pode ser usada para “o bem” e para “o mal” de uma organização e são utilizados para regular diferenças entre as taxas de produção e de demanda do mercado. Além disso, segundo Slack et al. (2007), os estoques existem pois há uma diferença de ritmo ou de taxa entre fornecimento e demanda. Segundo Slack et al. (2007), existem quatro tipos tipos de estoque: 1) Estoque isolador: Também chamado de estoque de segurança, possui o propósito de compensar as incertezas de fornecimento e demanda; 2) Estoque de ciclo: Ocorre porque um ou mais estágios na operação não podem fornecer todos os itens que produzem simultaneamente; 3) Estoque de antecipação: Usado para compensar diferenças de ritmo de fornecimento e de demanda; e 4) Estoque no canal de distribuição: Existem porque o material não pode ser transportado instantaneamente entre o ponto de fornecimento e o ponto de demanda. Logo, “[...] é preciso que definamos o momento do ressuprimento e a quantidade a ser ressuprida, para que o estoque possa atender às necessidades da demanda” (CORRÊA, GIANESI e CAON, 2001, p.56). Sendo assim, devemos obter respostas para as seguintes perguntas: Qual deve ser o tamanho do pedido de reabastecimento cada vez que o mesmo é colocado? Em que momento o pedido de reabastecimento deve ser colocado? Todos os itens possuem o mesmo tipo de prioridade? Como as informações sobre o estoque devem ser armazenadas ou gerenciadas? 2.1 Modelo de ponto de reposição e lote econômico Por se tratar de um modelo simples e de fácil utilização, é um dos mais utilizados tradicionalmente. “O modelo de ponto de reposição funciona da seguinte forma. Todas as vezes que determinada quantidade do item é retirada do estoque, verificam a quantidade restante. Se esta quantidade restante é menor que uma quantidade predeterminada (chamada „ponto de reposição`), compramos (ou produzimos internamente, conforme o caso) determinada quantidade chamada „lote ressuprimento‟. O fornecedor leva determinado tempo (chamado „tempo de ressuprimento‟ ou lead time) até que possa entregar a quantidade pedida, ressuprindo o estoque” (CORRÊA, GIANESI e CAON, 2001, p.57). O funcionamento desse modelo pode ser visualizado conforme figura 1. Figura 1 – Modelo de “ponto de resposição”
  • 3. 3 Fonte: Adaptado de Corrêa, Gianesi e Caon (2001, p.58) Assim, é necessário definir o ponto de reposição e o tamanho do lote de ressuprimento através de uma modelagem matemática. Segundo Slack et al. (2007), é necessário encontrar o melhor equilíbrio entre as vantagens e as desvantagens de manter estoque. Esse equilíbrio pode ser encontrado por meio do cálculo dos custos do sistema de gestão de estoque, que segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2001), é encontrado com o cálculo do custo de armazenagem (CA) e o custo de pedido (CP). Custo de armazenagem (CA): (1) = custo unitário anual de estocagem – é o custo anual de armazenagem de uma unidade do item. Inclui todos os custos de manter um item em estoque. Custo de pedido (CP): (2) = custo fixo de fazer o pedido para reposição do estoque DA = demanda anual L = tamanho do lote É possível visualizar o comportamento das curvas e o momento em que se encontra o lote econômico (menor custo total), através da figura 2. Nesse momento, o custo de armazenagem é igual ao custo de pedido. Figura 2 – Custos totais do sistema de gestão de estoque Fonte: Adaptado de Corrêa, Gianesi e Caon (2001, p.58) Logo, é possível calcular o LEC (lote econômico) que segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2001) é encontrado com a aplicação da equação 3: √ (3)
  • 4. 4 O ponto de ressuprimento (PR) pode ser calculado por meio da equação 4: seg (4) D = taxa de demanda por unidade de tempo LT = tempo de ressuprimento seg = estoque de segurança 2.2 Estoque de segurança O fato da demanda na maioria das vezes não ser constante, inviabiliza algumas premissas do lote econômico de compra, pois esse assume que o consumo é constante e previsível, fazendo com que o momento da reposição de estoque ocorra no instante em que o estoque zera. “Para fazer frente a essas situações de variações aleatórias da demanda, em torno de sua média, muitas empresas resolvem lançar mão de manter alguma quantidade de estoque (chamado estoque de segurança)” (CORRÊA, GIANESI e CAON 2001, p.57). Essa quantidade será proporcional ao nível de incerteza de variação da demanda, que segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2001), pode ser calculado com a equação 5: seg √ PP (5) FS = fator de segurança que varia de acordo com o nível de serviço = desvio-padrão para demanda futura PP = periodicidade à qual se refere o desvio-padrão Tabela 1 – Fatores de segurança Nível de serviço Fator de serviço 50% 0 60% 0,254 70% 0,525 80% 0,842 85% 1,037 90% 1,282 95% 1,645 98% 2,055 99% 2,325 Fonte: Adaptado de Corrêa, Gianesi e Caon (2001, p.65) O desvio-padrão, segundo Pereira e Tanaka (1990), pode ser calculado através da equação 6 abaixo: √ ∑ (6) Onde,
  • 5. 5 ̅ = valor i da amostra ̅ = média da demanda no período 2.3 Modelo de revisão periódica Um outro modelo para gestão de estoques pode ser utilizado que, segundo Corrêa, Gianesi e Caon (2001), trata-se do modelo de revisão periódica. Este modelo é mais simples de ser operacionalizado e consiste em verificar o nível de estoque periodicamente. Baseado no nível de estoque encontrado, determina-se a quantidade a ser ressuprida que, ao recebê-la, seja atingido um nível de estoque predeterminado. (7) Onde, Q = quantidade a pedir M = estoque máximo E = estoque presente QP = quantidade pendente (já pedida) Sendo que, seg (8) Onde, D = taxa de demanda P = período de revisão LT = lead time seg = estoque de segurança O estoque de segurança é calculado de forma similar através da equação 9: seg √ (9) 2.4 Curvas ABC Em qualquer estoque que possua mais de um item, há diferentes níveis de importância entre eles, ou seja, uns serão mais importantes do que os outros. “A técnica ABC é uma forma de classificarmos todos os itens de estoque de determinado sistema de operações em três grupos, baseados em seu valor total anual de uso” (CORRÊA, GIANESI e CAON 2001, p.57). Sendo assim, Slack et al. (2007) definem essas 3 classificações da seguinte forma: Classe A: 20% de itens que representam 80% do valor total do estoque;
  • 6. 6 Classe B: 30% dos itens que representam 10% do valor total; e Classe C: 50% do total de itens representando 10% do valor total de itens estocados. Figura 3 – Curva ABC Fonte: Adaptada de Slack et al. (2007, p. 299) 2.5 Visual basic for applications - VBA Controlar estoques sem o auxílio de uma ferramenta computacional é algo quase que impossível a partir do momento em que o número de itens e informações é muito grande. “O VBA possibilita que você alcance uma tremenda eficiência no uso diário do Excel” (JELEN E SYRSTAD, 2012, p. 1). “A Microsoft acredita que o usuário médio do Office usa apenas 10% das características do Office” (JELEN E SYRSTAD, 2012, p. 2). 2.5.1 Loops while...wend Segundo Jelen e Syrstad (2012), esse loop sempre iniciará com While <condição> e finalizará com Wend, conforme exemplo abaixo: a = 1 While estoque.Cells(a, 1) <> “” . . . a = a +1 Wend
  • 7. 7 2.5.2 If...then...else...end if Esse comando se trata de uma condição que é testada e dependendo do resultado do teste, executa- se o comando para executar alguma ação. If estoque.Cells (a, 1) > 5 then estoque.Cells (a, 6) “ mitir ordem de ressuprimento” else estoque.Cells(a, 6) = “ stoque abastecido” end if 3. Metodologia Para a execução desse projeto se faz necessário alguns procedimentos organizados em quatro etapas. Na primeira etapa, foram realizados estudos bibliográficos, tendo como base autores que tratam de assuntos sobre planejamento e gestão de estoque, controle de estoques e linguagem de programação. A segunda etapa, foi realizada por meio de entrevistas e coletas de informações sobre a organização a ser estudada. Após os estudos bibliográficos e a coleta de informações sobre a organização, foi definido o modelo de controle de estoques que melhor se encaixe no perfil da empresa. Por último, os níveis de estoque foram calculados conforme a metodologia escolhida na etapa anterior, assim como a elaboração de uma ferramenta de controle para que a gestão do estoque fosse realizada. 4. Estudo de caso A empresa estudada é uma das líderes mundiais na fabricação de cabos de energia, instrumentação, telecomunicações, dados e cabos especiais. Atualmente conta com 57 unidades distribuídas em 26 países e possui cerca de 14.000 colaboradores. A pesquisa foi realizada em uma de suas unidades localizada em Serra – Espírito Santo. Essa unidade atua na produção de cabos elétricos de cobre para atendimento do mercado brasileiro de construção civil. Entre os principais clientes estão distribuidores (lojas comerciais) e instaladores. Possui cerca de 170 funcionários e uma capacidade produtiva de 1000 toneladas de cobre por mês ou 250 toneladas por semana. A mesma preza pelo atendimento de seus clientes dentro do prazo estipulado, porém o nível de serviço desse indicador, com base no histórico de 2013, encontra-se em 88%. Abaixo do esperado que é de 95%. 4.1 Produtos A empresa estudada possui um mix com 516 diferentes produtos. Esses são classificados em três categorias: KBN (Kanban), MTS (Make to stock) e MTO (Make to order). Os produtos KBN representam um faturamento entre 65 e 70% do montante total e são compostos por 75 produtos. Esses são produzidos para estoque, ou seja, há um controle de estoque sobre os mesmos. Já o MTS é representado por 260 produtos que correspondem cerca de 25 a 30% do faturamento. Esses são produzidos mediante a demanda. Entretanto, sempre que há um pedido desse item, é
  • 8. 8 produzida uma quantidade mínima (master reel), parte atende a demanda e parte é estocada para atendimento de possíveis futuros pedidos. Por último, o MTO, que representa apenas 5% do faturamento, é composto por 181 produtos. Esses são produzidos sob encomenda e na quantidade requisitada pelo cliente. Os cabos produzidos podem possuir quatro tipos de acondicionamento: 1)Bobina; 2)Caixa; 3)Rolo; e 4) Carretel. Sendo que caixas, rolos e carretéis são estocados em pallets. Além disso, os produtos variam de acordo com o número de veias e secção nominal do condutor e são sub-classificados conforme a tabela 2 abaixo. Outro fator importante é a master reel, ou seja, metragem padrão por produto. Todos os produtos, exceto o MTO, são produzidos em uma quantidade padrão, sempre que demandados e correspondem a 1 unidade (Bobina ou pallet). Tabela 2 – Subclassificações dos produtos Classe Descrição Tipo-1 Caixas/Rolos/Carreteis Tipo-2 Cabos Sing 1-6mm² Tipo-3 Cabos Sing 10-35mm² Tipo-4 Cabos Sing 50-120mm² Tipo-5 Cabos Mult 1-6mm² Tipo-6 Cabos Mult 10-25mm² Fonte: Própria do autor, 2014 Esses produtos podem ser quantificados de três formas diferentes: 1) Quantidade de Master reel’s: Número de unidades de master reel’s de um determinado produto. Cada produto possui um tamanho (metros) master reel específico; 2) Quantidade total em metros: Quantidade total de metros de um determinado produto; e 3) Quantidade total em kg: Quantidade total kg de metal (cobre) de um determinado produto. Essas informações podem ser visualizadas na figura 4 a seguir. A mesma possui o código do produto; a descrição do produto, onde é informado o número de veias e a seção. Nesse caso se trata de uma veia de seção 6 mm² (1C x 6.00 MM2) do cabo forex; seu tipo de acondicionamento é bobina; sua classificação é MTS-2, ou seja, se enquadra na segunda linha da tabela 2; quantidade de metal por quilômetro de cabo; número de unidades de master reel’s; e a quantidade em metros e kg referente ao número de master reel’s. Figura 4 – Informações sobre um produto Fonte: Própria do autor, 2014 4.2 Premissas Devido ao fato das informações sobre custos unitários de armazenamento e de se fazer os pedidos serem de difícil acesso e a empresa ter como objetivo o aumento do nível de serviço, optou-se pela escolha do modelo de revisão periódica para o dimensionamento e gestão do estoque.
  • 9. 9 4.3 Dimensionamento de estoque O fato da empresa analisada já possuir controle de estoque para os itens KBN e produzir os itens MTO sobre encomenda, a classificação escolhida para aplicação da metodologia foi a dos produtos classificados como MTS. 4.3.1 Estoque de segurança O estoque de segurança e desvio-padrão foram calculados por meio da análise do faturamento anual de 2013 de cada produto dividido em meses. Também foi utilizado um fator de confiança (FS) de 95%, já que esse grau se trata da meta de atendimento da empresa. Além disso, foi utilizado 0,25 meses como período de revisão, pois as programações de produção da planta são realizadas semanalmente, o que permite que a revisão periódica seja semanal. Onde, seg 1,6 √ (10) Com a aplicação da metodologia, o valor total do estoque de segurança foi calculado em 220 toneladas (cobre) de produtos. Utilizou-se o Microsoft excel como ferramenta de auxílio para todos os cálculos e manipulação de dados. Na figura 5, é possível visualizar os resultados obtidos de alguns dos produtos dimensionados. Figura 5 – Desvio-padrão e estoque de segurança de alguns produtos Fonte: Própria do autor (2014) Além disso, foi utilizado os lead times fornecidos pela empresa, conforme tabela abaixo: Tabela 3 – Lead time de produtos Sub- classe Descrição Lead time (mês) MTS-1 Caixas/Rolos/Carreteis 0,25 MTS-2 Cabos Sing 1-6mm² 0,5 MTS-3 Cabos Sing 10-35mm² 0,25 MTS-4 Cabos Sing 50-120mm² 0,25
  • 10. 10 MTS-5 Cabos Mult 1-6mm² 0,5 MTS-6 Cabos Mult 10-25mm² 0,5 Fonte: Própria do autor, 2014 4.3.2 Estoque máximo Assim como o estoque de segurança, calculou-se os níveis de estoque máximo por produto, conforme figura 6, totalizando 336 toneladas de metal. seg (11) Figura 6 – Estoque máximo de alguns produtos Fonte: Própria do autor, 2014. 4.4 Classificação ABC Devido a necessidade de conhecer quais são os itens mais importantes dentre os produtos analisados, foi utilizada a metodologia de classificação proposta por Slack et al. (2007). Onde, Classe A: 20% de itens que representam 80% do valor total; Classe B: 30% dos itens que representam 10% do valor total; e Classe C: 50% do total de itens representando 10% do valor total. Foi realizada a classificação de três formas: uma iniciada pela definição a partir da proporção do número de itens (Tabela 4), outra pelo valor total faturado em 2013 (Tabela 5) representado pelo peso metal (peso de cobre) faturado, já que se trata da unidade em que são realizados os custeios da empresa e pelo fato da quantidade de metal (cobre) contida no cabo ser diretamente proporcional ao preço do produto. Além de uma terceira e definitiva classificação pela combinação de ambos (Tabela 6). Onde, a combinação de itens A na primeira classificação com itens A na segunda, seriam considerados A. AB, BA ou BB, B e os demais como C. Tabela 4 – Classificação pelo número de itens ABC (Nº de itens)
  • 11. 11 Classe Nº de itens Proporção Peso metal (kg) Proporção A 52 20% 1.383.806 54% B 78 30% 904.067 35% C 130 50% 290.018 11% Fonte: Própria do autor, 2014 Tabela 5 – Classificação pelo valor (Peso metal) ABC (Peso metal) Classe Nº de itens Proporção Peso metal (kg) Proporção A 102 39% 2.057.839 80% B 33 13% 258.830 10% C 125 48% 261.223 10% Fonte: Própria do autor, 2014 Tabela 6 – Classificação por número de itens x valor (Peso metal). ABC (Peso metal) x ABC (Nº de itens) Classe Nº de itens Proporção Peso metal (kg) Proporção A 52 20% 1.383.806 54% B 78 30% 904.067 35% C 130 50% 290.018 11% Fonte: Própria do autor, 2014 Figura 7 – Curva ABC dos produtos MTS Fonte: Própria do autor, 2014
  • 12. 12 5. Análise de resultados Após o dimensionamento do estoque de produtos MTS, foi possível comparar os níveis de estoques propostos por itens com o nível atual da empresa. Observou-se que a mesma possuía apenas 87 toneladas de metal disponíveis em estoque, ou seja, apenas 26% do nível máximo de estoque proposto. Além disso, havia apenas 28 itens atendidos (11%), sendo que 25 produtos estavam com o estoque acima do nível máximo dimensionado e 222 produtos estavam com o estoque abaixo do estoque de segurança. Com isso, é possível comprovar que realmente não há um controle de estoques sobre esse tipo de produto (MTS), o que prejudica o atendimento aos clientes nos prazos estipulados. Foi observado, ainda, que em grande parte dos produtos não há uma estabilidade na demanda, o que reflete em um alto desvio-padrão e consequentemente um estoque de segurança muito grande. Dos 260 itens estudados, 117 apresentaram ao menos um mês dentre doze sem demanda, o que também justifica o alto desvio-padrão. Quando analisado o quanto o desvio-padrão de cada produto representa sobre a média mensal demandada, nota-se que em alguns casos chegam a 346%. Essa instabilidade também é refletida no giro anual de estoque que, segundo Dias (1997), se trata da quantidade total demandada em um certo período divido pela quantidade de estoque. Sendo assim, aplicou-se a seguinte equação sobre os níveis máximos de estoques propostos. (12) Desta forma, é possível observar que esse indicador varia entre 1 e 12 para os itens dimensionados e concluir que o giro de estoque é inversamente proporcional ao desvio-padrão sobre a média mensal de consumo. 6. Ferramenta de controle de estoque Pelo fato da empresa não possuir nenhum software para o controle e gestão do estoque, criou-se a necessidade da construção de uma ferramenta que proporciona o controle e gestão do estoque após o dimensionamento. Para isso, foi utilizado o auxilio do excel e a linguagem de programação visual basic for applications (VBA) para que o desenvolvimento dessa ferramenta fosse possível a um baixo custo. A sequência lógica utilizada foi assim definida: a) Primeiramente foi criada uma planilha chamada “Gestão de estoque”. sta composta por quatro planilhas: 1) Banco de dados; 2) Carteira; 3) Estoque; e 4) Controle de estoque; b) Na planilha banco de dados, foram incluídas as informações obtidas no dimensionamento do estoque, estoque máximo, estoque de segurança e classificação ABC de cada produto. Adicionalmente, os dados de tamanho do lote (master reel), código do produto, descrição, lead time e peso metal (kg) por km, além dos botões para a navegação no programa, foram incluídos; c) Na planilha ” stoque” foram inseridas as informações do estoque atual da empresa. Essa planilha deve ser atualizada sempre que a ferramenta for utilizada, podendo ser feita por meio de uma que a empresa possui com as informações atualizadas de seu estoque. Também foram incluídos os botões necessários para navegação na ferramenta; d) Já na planilha “Carteira”, foi adicionada a carteira de pedidos da empresa, que também pode ser atualizada via query, além dos botões para navegação; e e) Por último, foi criada a planilha “Controle de estoque”. sta foi desenvolvida conforme lay-out da figura 8, por meio da programação em visual basic disponível no anexo A. Nesta planilha é possível visualizar todas as informações necessárias para se realizar a gestão do estoque e a tomada de decisão. Ela é composta pelo código do produto, descrição, acondicionamento, master reel, classificação ABC, estoque de segurança, estoque máximo, estoque disponível, carteira, número de pedidos em carteira por produto, necessidade, classe do produto e a situação de cada item. Além disso, informações gráficas com percentual de atendimento do estoque e de cada subclassificação de produtos. Figura 8 – Programa de gestão do estoque
  • 13. 13 Fonte: Própria do autor, 2014 6.1 Botões Os botões mostrados na figura 9 permitem executar a macro e navegar entre as planilhas que possuem os bancos de dados. O botão “Atualiza” permite a execução da macro e atualização de todas as informações geradas, proporcionando a gestão do estoque. Já os botões “ stoque” e “Carteira” permitem o acesso ao estoque e carteira de pedidos, respectivamente. O botão “Banco” dá acesso ao banco de dados que precisa ser atualizado sempre que houver alguma revisão no dimensionamento dos produtos. Figura 9 – Lista de botões Fonte: Própria do autor, 2014 6.2 Gráfico e informações gerais Na figura 10 e 11 é possível visualizar o indicador de atendimento do estoque, o atendimento e a necessidade em número de itens e em kg por classe de produto. Essa necessidade é calculada com a fórmula sugerida por Corrêa, Gianesi e Caon (2001) no modelo de revisão periódica em que a quantidade a ser solicitada deve ser o nível máximo de estoque subtraído do estoque disponível e quantidade já solicitada. Nesse caso, a mesma foi adaptada, pois algumas vezes há pedidos em carteira e material disponível em estoque. Também o setor de programação corrige a quantidade solicitada quando há algum item que já foi solicitado e ainda não foi entregue, ou seja, certa quantidade do pedido já está em processo. (13) Onde, Q = quantidade a pedir M = estoque máximo E = estoque presente C = quantidade em carteira
  • 14. 14 Figura 10 – Atendimento do estoque Fonte: Própria do autor, 2014 Figura 11 – Informações gerais e atendimento por classe Fonte: Própria do autor, 2014 6.3 Informações por produto Com a ferramenta é possível analisar as informações necessárias para a tomada de decisão por produto, pois além de possuir as informações sobre o estoque de segurança, estoque máximo, estoque atual e classificação, possui a quantidade em master reel’s em carteira, o número de pedidos em carteira de cada item e a situação, sendo “Atendido” para itens em que Q (necessidade) é menor ou igual a 0 e “Produzir” quando há necessidade, ou seja, Q é maior que 0. Figura 12 – Informações por produto Fonte: Própria do autor, 2014 7. Conclusão Após a análise dos resultados obtidos com o dimensionamento do estoque a partir da aplicação do método de revisão periódica e classificação ABC, é possível observar que apesar de serem métodos efetivos, possuem suas limitações. No que rege ao dimensionamento do estoque de segurança, esse sofre grande influência do desvio-padrão, muitas vezes sugerindo altos estoques por conta da instabilidade da demanda, sendo melhor aplicado em itens que possuem menor instabilidade. Logo, torna-se necessário realizar uma revisão mais detalhada sobre a causa dos picos e depressões na demanda de certos produtos em alguns meses, pois esses podem ter ocorrido devido a algum evento específico, refletindo erroneamente nos valores calculados. Além disso, o modelo não considera produtos lançados recentemente, pois esses não possuem histórico consistente de vendas. Por esses motivos, recomenda-se realizar ajustes no desvio-padrão, quando necessário, o que refletirá em um menor estoque de segurança e consequentemente um menor estoque máximo.
  • 15. 15 Já em relação a classificação ABC, para o caso estudado, também observa-se algumas limitações, visto que esta, como proposta por Corrêa, Gianesi e Caon (2001), é realizada com base apenas no valor do produto, fazendo com que alguns itens de alto giro sejam classificados como B ou até mesmo C, pois apesar de possuírem maior estabilidade na demanda, possuem menor peso (kg) por se tratarem de produtos com pouco cobre e consequentemente menor valor. Além disso, é possível observar alguns itens classificados como A e com um giro anual de 4,5. Sendo assim, comprova-se a necessidade de analisar mais detalhadamente alguns produtos e também incluir na decisão de classificação de importância dos itens a análise do giro do estoque, para que produtos que apesar de possuírem menor representatividade nas vendas, sejam tratados com maior importância, pois possuem uma maior regularidade na sua demanda mensal, fazendo com que sua disponibilidade no estoque seja fator decisivo no impacto do indicador de atendimento de clientes no prazo. Logo, conclui-se que apesar das limitações observadas na metodologia aplicada, o objetivo de dimensionar e controlar o estoque de produtos MTS da empresa estudada, para assim atingir o nível de satisfação desejado pela organização foi atendido. Pois o mesmo foi dimensionado com base no estudo estatístico do histórico de demanda, além de dados reais complementares para a realização de todos os cálculos (lead times, master reel, peso metal por km de produto). Além disso, foi construída uma ferramenta por meio da linguagem de programação VBA que permitirá com que a empresa realize a gestão e análise do estoque atual de forma rápida e eficiente, já que, por se tratar de uma ferramenta criada em um programa comum (excel), é de fácil acesso e manuseio, além da possibilidade de integração com o banco de dados da empresa através de query’s. Como proposta para aperfeiçoamento dos resultados obtidos na realização do estudo de caso, recomenda-se aplicar a simulação computacional com o objetivo de prever os impactos que serão obtidos no nível de atendimento no prazo de clientes, após a aplicação da metodologia proposta. Além da inclusão da análise de custos e de uma metodologia para ajuste dos níveis de estoques de itens que possuem um alto desvio-padrão. 8. Referências BRAUNS, Bianka; MARINHO, Lucia C. D.; GUBITOSO, Edna Baptista dos Santos; CONSONI, Angelo Jose. Cálculos da capacidade de armazenamento utilizando as ferramentas seis sigma. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 28., 2008, Rio de Janeiro. Disponível em: <http://www.leansixsigma.com.br/acervo/39201939.PDF>. Acesso em: 1 mai. 2014. CORRÊA, Henrique L.; GIANESI, Irineu G. N.; CAON, Mauro. Planejamento, programação e controle da produção. 4 ed.. São Paulo: Gianesi Corrêa & Associados: Atlas, 2001. DIAS, M. A. P. Administração de materiais. 4 ed. São Paulo: Atlas, 1995. JELEN, Bill; SYRSTAD, Tracy. VBA e Macros: Microsoft Excel 2010. Rio de Janeiro: Alta Books, 2012. MARIA, Guilherme Braga Aguiar de; NOVAES, Antônio Galvão Naclerio. Determinação do estoque de segurança baseado em confiabilidade produtiva. In: ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, 31., 2011, Belo Horizonte. Disponível em: <http://www.abepro.org.br/biblioteca/enegep2011_TN_STO_135_857_18846.pdf>. Acesso em: 08 mai. 2014. PEREIRA, Wilson; TANAKA, Oswaldo K. Estatística: Conceitos básicos. 2 ed.. São Paulo: MacGraw-Hill, 1990. SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; HARLAND, Christine; HARRISON, Alan; JOHNSTON, Robert. Administração da produção. 1 ed.. São Paulo: Atlas, 2009.