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Introdução
Na língua portuguesa, uma palavra pode ser definida como sendo um
conjunto de letras ou sons de uma língua, juntamente com a ideia associada a este conjunto.
A função da palavra é representar partes do pensamento humano, e por isto ela constitui uma
unidade da linguagem humana.
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Palavra primitiva
É toda palavra que não nasce de outra, dentro da língua portuguesa.
EX.: rua, sol, pedra, cidade etc.
A palavra primitiva pode servir de ponto de partida para a formação de outras palavras.
Derivação
Atendendo ao sentido literal do título em questão, constatamos que se trata
de formação de algo a partir de uma base já existente. Constatação esta que se encontra
intrinsecamente relacionada ao processo de formação de palavras das quais utilizamos para
formar nosso léxico.
Partindo-se dessa premissa, há que se mencionar que na Língua Portuguesa
há dois processos básicos de formação de palavras: a derivação e a composição. A derivação,
alvo principal de nossos estudos, consiste na formação de novas palavras a partir de uma
palavra primitiva, ora materializada por meio de afixos. Desta feita, tomemos como ponto
de partida a palavra “terra.
Palavra derivada: é toda palavra que ser forma a partir de uma outra
palavra pré-existente.
EX.: novidade (novo); ensolarada (sol).
Palavra composta: é toda palavra que se forma a partir da reunião de duas
ou mais palavras (ou radicais). EX.: pontapé (ponta + pé); azul-claro (azul + claro)
Dessa forma, a derivação manifesta-se das seguintes maneiras:
Derivação prefixal (ou prefixação)
Tal modalidade é resultante do acréscimo de prefixo à palavra primitiva,
cujo resultado implica na alteração de sentido.
Exemplos:
Leal – desleal
Por – dispor
Feliz – infeliz
Fazer – desfazer...
Derivação sufixal (ou sufixação)
Resulta no acréscimo de um sufixo a uma palavra primitiva.
Exemplos:
Terraço
Pedraria
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Felizmente...
Afixação
Consiste na formação de uma nova palavra a partir do acréscimo
simultâneo de um prefixo e de um sufixo ao radical.
Exemplos:
Desigualdade
Infelizmente
Desvalorização...
Derivação parassintética
Consiste também no acréscimo de um prefixo e um sufixo ao radical, de
modo a fazer com que a palavra não exista apenas com um ou com o outro. Representa um
processo que dá origem principalmente a verbos, obtidos a partir de substantivos e adjetivos.
Exemplos:
Abençoar – bênção
Amanhecer – manhã
Amaldiçoar – maldição
Enrijecer – rijo
Enlouquecer – louco
Entristecer – triste...
Derivação regressiva
Consiste na retirada da parte final de uma palavra primitiva, obtendo-se,
assim, uma palavra derivada. Representa um processo que resulta na formação de
substantivos a partir de verbos que indicam sempre uma ação, ora denominados de deverbais.
Tal materialização se dá mediante a troca da terminação verbal formada pela vogal temática
+ desinência de infinitivo (“–ar” ou “– er”) por uma das vogais temáticas nominais (-a, -e,-
o).
Exemplos:
Alcançar – alcance
Ajudar – ajuda
Beijar – beijo
Chorar – choro
Perder – perda...
Derivação imprópria
Ocorre quando uma palavra, sem sofrer nenhum acréscimo (tanto de
prefixo quanto de sufixo), muda de classe gramatical, tendo em vista o contexto em que se
encontra inserida.
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O jantar está servido. Aqui a palavra em destaque se classifica como
substantivo.
Todos estão se preparando para jantar.
Já neste contexto, ela se classifica como verbo.
Arcaísmo
Em linguística, arcaísmo de origem grega é o uso lexical ou gramatical
de uma palavra ou expressão antiga, que já caiu em desuso.
O arcaísmo pode ser linguístico ou literário. O arcaísmo linguístico é
encontrado na fala que contém traços fonéticos, morfológicos, sintáticos e léxicos que são
conservadores e antigos na língua.
Há palavras dicionarizadas expressões que são consideradas como
arcaísmos:
Quiçá (formado por alteração do antigo "qui sabe?"), substituído por "talvez".
Vossa Mercê, pronome de tratamento que evoluiu para a forma "você".
Há também casos de tempos verbais e formas de colocação pronominal
que podem vir a se tornar arcaísmos em breve:
Uso do pretérito mais-que-perfeito (fizera, partira, amara, etc.)
Uso de Mesóclise no futuro do presente e no futuro do pretérito (far-se-á,
recorrer-se-ia)
Arcaísmo Literário
Em literatura, arcaísmo é o estilo modelado segundo os usos de uma época
anterior, de modo a revivê-la ou obter algum efeito desejado. Em alguns períodos, o uso de
arcaísmos torna-se moda literária. Isso aconteceu na literatura latina da época dos Antoninos
e no decadentismo. Frequentemente o arcaísmo é uma consequência do purismo.
Neologismo
Neologismo é um fenômeno linguístico que consiste na criação de uma
palavra ou expressão nova, ou na atribuição de um novo sentido a uma palavra já existente.
Pode ser fruto de um comportamento espontâneo, próprio do ser humano e da linguagem, ou
artificial, para fins pejorativos ou não.
Geralmente, os neologismos são criados a partir de processos que já
existem na língua: justaposição, prefixação, aglutinação, verbalização e sufixação.
Pode também referir-se a uma nova doutrina no campo da Teologia que
procura esclarecer o significado e significante das expressões presentes nas traduções
bíblicas.
Etimologia
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Morfologicamente, é composta de duas palavras: neo-, vindo do prefixo
νεο- do grego antigo, "novo", e λόγος, que significa "palavra", adicionando-se o sufixo -
ismo.
Exemplos
A palavra espiritismo (fr. spiritisme) surgiu como um neologismo criado
pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail ( pseudônimo de Allan Kardec ),
utilizado pela primeira vez na introdução de O Livro dos Espíritos (1857), para nomear
especificamente o corpo de ideias por ele sistematizadas, diferenciando-o do movimento
espiritualista em geral.
Um exemplo prático, muito usado no Brasil, é o caso do termo "refri" -
gíria recente para indicar "refrigerante”. Outro exemplo, uma pessoa filiada ao partido
político PSDB pode ser chamada de peessedebista para fins de definição pejorativo ou não.
Portanto, "neologismo" é um fenômeno linguístico que consiste na criação
de uma palavra ou expressão nova.
Composição
Composição é o processo que forma palavras compostas, a partir da
junção de dois ou mais radicais. Existem dois tipos:
Composição por Justaposição
Ao juntarmos duas ou mais palavras ou radicais, não ocorre alteração
fonética.
Exemplos:
Passatempo, quinta-feira, girassol, couve-flor
Obs.: em "girassol" houve uma alteração na grafia (acréscimo de um "s")
justamente para manter inalterada a sonoridade da palavra.
Composição por Aglutinação
Ao unirmos dois ou mais vocábulos ou radicais, ocorre supressão de um
ou mais de seus elementos fonéticos.
Exemplos:
Embora (em boa hora)
Fidalgo (filho de algo - referindo-se à família nobre)
Hidrelétrico (hidro + elétrico)
Planalto (plano alto)
Obs.: ao aglutinarem-se, os componentes subordinam-se a um só acento
tônico, o do último componente.
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Redução
Algumas palavras apresentam, ao lado de sua forma plena, uma forma
reduzida. Observe:
Auto - por automóvel
Cine - por cinema
Micro - por microcomputador
Zé - por José
Como exemplo de redução ou simplificação de palavras, podem ser citadas
também as siglas, muito frequentes na comunicação atual. (Se desejar, veja mais sobre siglas
na seção” Extras" -> Abreviaturas e Siglas)
Hibridismo
Ocorre hibridismo na palavra em cuja formação entram elementos de
línguas diferentes.
Por Exemplo:
Auto (grego) + móvel (latim)
Onomatopeia
Numerosas palavras devem sua origem a uma tendência constante da fala
humana para imitar as vozes e os ruídos da natureza. As onomatopeias são vocábulos que
reproduzem aproximadamente os sons e as vozes dos seres.
Exemplos:
Miau, zum-zum, piar, tinir, urrar, chocalhar, cocoricar, etc.
Acrónimo
Acrónimo ou acrônimo, ou sigla, é uma palavra formada pelas letras ou
sílabas iniciais de palavras sucessivas de uma locução, ou pela maioria destas partes.
A palavra acrónimo deriva do grego: άκρος (ákros), "extremo" + ὀνομα
(onoma), "nome". Os acrónimos são especialmente úteis nas telecomunicações, uma vez que
permitem condensar várias palavras em poucas letras, poupando largura de banda e, em
alguns casos, dinheiro.
Diferença entre Acrónimo e Sigla
Tanto os acrónimos como as siglas são palavras formadas por letras ou
sílabas iniciais, no entanto:
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Sigla
A sigla é pronunciada segundo a designação de cada letra, como no caso
de CCB (Centro Cultural de Belém), pronunciado "cê" "cê" "bê"; porém há um
convencionamento que se vem dando de que quando soletradas as letras que formam a sigla,
esta seja denominada de 'sigloide' e quando tratadas como vocábulo, pronunciadas
silabicamente como uma palavra qualquer da língua, que esse tipo de sigla receba a
denominação de 'siglema', equivalendo dessa forma um siglema a um acrônimo.
O acrónimo é pronunciado como uma palavra só, respeitando a estrutura
silábica da língua, como no caso de MUDE (Museu do Design), pronunciado "mude".
No português falado no Brasil, contudo, a palavra "acrônimo" dificilmente
é utilizada, sendo a palavra "sigla" mais usualmente usada para designar ambos os tipos de
conjunção.
História
Os acrónimos são um fenómeno relativamente recente, assumindo
popularidade apenas no século XX
Os acrónimos ocorrem frequentemente em linguagem técnica ou como
abreviaturas de nomes de organizações, uma vez que permitem abreviar termos extensos
frequentemente referenciados. Os militares e agências governamentais empregam
frequentemente acrónimos. Algumas pessoas partilham da opinião que os acrónimos são
utilizados para codificar mensagens.
Exemplos:
Pronunciadas como uma palavra, contendo apenas iniciais:
NASA: National Aeronautics and Space Administration
OSI: Open Systems Interconnection
OTAN: Organização do Tratado do Atlântico Norte
SIDA: Síndrome de Imuno-Deficiência Adquirida
Pronunciadas como uma palavra, contendo várias letras de cada palavra:
Gestapo: Geheime Staatspolizei
Interpol: International Police
Hamas: Harakat al-Muqawamah al-Islamiyyah
Pronunciadas como uma combinação de nome de letra e uma palavra:
JPEG: Joint Photographic Experts Group
Pronúncia: "Jota PEG"
Pronunciadas unicamente como nomes de letras:
8. 8
HTTP: HyperText Transfer Protocol
Pronúncia: "Agá Tê Tê Pê"
Pronunciadas como nomes de letras com atalhos:
IEEE: Institute of Electrical and Electronics Engineers
Pronúncia: "I três E"
Pronunciadas como nomes próprios:
TWAIN: Toolkit Without An Interesting Name
Acrónimo Recursivo
Acrônimos recursivos são acrônimos onde a expansão inclui o próprio
termo, como na definição de funções recursivas.
Alguns casos típicos:
GNU is Not UNIX
PINE Is Not Elm
PHP: Hypertext Pre-processor (Originalmente, Personal Home Page)
WINE Is Not an Emulator
LAME Ain´t an MP3 Encoder
XNA's Not Acronymed
Geralmente, são expansões humorísticas ou depreciativas.
Amálgama
A amálgama designa um dos processos morfológicos de formação de
novas palavras (neologismos), isto é, um dos tipos de neologia.
Consiste numa unidade lexical (palavra) resultante de um processo morfológico que se
baseia na fusão de duas ou mais palavras.
Nesta fusão permanece o início da primeira unidade lexical e o fim da
segunda. Por exemplo, a amálgama telefonia consiste na fusão das palavras telefone e
radiofonia, permanecendo o início da primeira (telefone) e o fim da segunda (radiofonia).
Telefonia = telefone + radiofonia
Não se deve confundir a amálgama com a parassíntese que se baseia num
processo de derivação que consiste na junção simultânea de um prefixo e de um sufixo a
uma forma de base (Ex.: envelhecer).
Amálgama no contexto da semântica lexical
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No subdomínio de semântica lexical da Terminologia Linguística para
os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS), o conceito de amálgama está definido quer como
«processo morfológico que permite formar novas unidades lexicais a partir da fusão de duas
ou mais unidades lexicais truncadas», quer como a unidade lexical resultante desse processo.
A truncação ou abreviação vocabular nem sempre se faz do modo mais
previsível, isto é, nem sempre se faz omitindo elementos constitutivos da palavra abreviada,
até porque, frequentemente, essas estruturas é opca para a generalidade dos falantes,
parecendo serem predominantes as truncações dissilábicas.
— heli (abreviação de helicóptero) não corresponde a um dos elementos
constitutivos, que é helic(o)- ("hélice").
Os exemplos de amálgama apresentados na TLEBS, informática e
cibernauta, são discutíveis. O vocábulo informática é descrito como resultado da
amalgamação de informação com automática, mas o Dicionário Houaiss indica que se
trata de um empréstimo do francês, língua em que se criou o termo informatique a partir da
truncação de information e da sufixação de - ique. Cibernauta aparece como se fosse
formado por ciber e nauta, transações de cibernética e astronauta, respecticamente.
Ora, Ciber - está registado no Dicionário Houaiss e no dicionário da
Academia das Ciências de Lisboa como elemento de formação de origem inglesa (cyber,
redução de cybernetics, por sua vez, do grego kubernētēs, «piloto», dirigente»); quanto a
nauta, figura nos referidos dicionários como palavra autónoma, com o significado de
«navegante».
É, portanto, duvidoso que os elementos de formação de cibernauta sejam
simples truncações
Estrangeirismo
É o uso de palavra, expressão ou construção estrangeira que tenha ou não
equivalentes. Estrangeirismo é o processo que introduz palavras vindas de outros idiomas na
língua portuguesa. De acordo com o idioma de origem, as palavras recebem nomes
específicos, tais como anglicismo (do inglês), galicismo (do francês), etc.
O estrangeirismo possui duas categorias: em vez da correspondente em
nossa língua. É apontada nas gramáticas normativas como um vício de linguagem, o que, há
muito, é tido como uma visão simplista por diversos linguistas.
Normatividade
Dentro do âmbito da gramática normativa, caso se use um estrangeirismo
que possua equivalente vernácula adequada, caracteriza-se o vício de linguagem como
barbarismo (para os latinos, qualquer estrangeiro era bárbaro). Alguns gramáticos mais
rígidos consideram que qualquer estrangeirismo, tenha ele equivalente vernácula ou não, é
considerado barbarismo.
O termo barbarismo também tem o significado contemporâneo de
crueldade. Por fim, outro tipo de estrangeirismo é o idiotismo, que se dá quando se traduz
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literalmente expressão ou construção estrangeira que não faça sentido em nossa língua, em
vez de se adotar tradução livre. Ele e o uso de língua estrangeira no nosso cotidiano.
Figura de Linguagem
Por vezes, o estrangeirismo pode ser considerado uma figura de linguagem
também, contanto que a palavra estrangeira exista e seja usada frequentemente ou tenha
Popularidade no dialeto
Exemplo de Estrangeirismo
Ok
Brother
Chauffeur
Croissant
Delivery
Drive-thru
Designer
Fashion
Deletar do
inglês Delete
Jeans
Futebol (do
inglês football)
Teen
United
Link
Hero
Element
Zip
Approach
Cappuccino
Internet
Vitrine
Go
Shampoo
t-shirt
Yes
Show
Site
Pizza
Hot dog
Market
Revèillon
Muzarella
Basquete (do
inglês
basketball)
Vôlei (do inglês
voleyball)
Handebol (do
inglês
handball)
Sonda
On-line
Sister
Stop
Pink
Spaghetti
Enter (tecla no
teclado do
computador)
Short
(bermuda)
Shopping
Stalkear (do
inglês stalk,
perseguir)
Game
Layout
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Conclusão
Depois de uma séria pesquisa na cadeira de Língua Portuguesa sob tema
“O Novo Processo de Formação de Palavras” chego à conclusão que quando nos
referimos à palavra enquanto um conjunto de letras, ela é parte da linguagem escrita ou
gráfica. Quando nos referimos à palavra enquanto um conjunto de sons, ela é parte da
linguagem falada ou glótica. Em ambos os casos, este é o denominado aspecto externo ou
representação material da palavra, e a este aspecto externo, material, damos o nome de
vocábulo.
A sua formação engloba dois processos básicos: a derivação e a
composição. A diferença entre ambos consiste basicamente em que, no processo de
derivação, partimos sempre de um único radical, enquanto no processo de composição
sempre haverá mais de um radical.
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Referências Bibliográficas
AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da Língua Portuguesa (em português).
São Paulo: Publifolha, 2008.
BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa (em português). Rio de
Janeiro: Lucerna, 2002.