O documento descreve os principais processos de formação de palavras no português, incluindo derivação, composição, sigla, neologismo e estrangeirismo. Explica como novas palavras são formadas através da adição de prefixos, sufixos ou pela combinação de termos. Também dá exemplos de como poetas criam novas palavras para expressar ideias de forma original.
2. Formação de palavras
No poema ao lado, o poeta usa duas palavras
que não existem no dicionário: virturreal e
espolho. No contexto do poema, há uma fusão
de quatro palavras: virtual, real, espelho e
olho. O eu-lírico encontra-se diante do espelho
e questiona-se sobre o que é real e o que é
virtual, dando a entender que talvez o espelho
seja ele próprio, seja seu olho que espelha a
imagem real.
A fusão dessas palavras gera outras duas
palavras. Esse processo recebe o nome de
NEOLOGISMO e será estudado também nesta
aula.
Olho noespelho
Espelhonoolho
Buscoovirturreal
Numespolho
Luis Brandão
3. Processos de formação de palavras
Os processos mais comuns de formação de
palavras são a derivação a composição, a
abreviação vocabular, a sigla, o hibridismo, a
onomatopeia, o neologismo, o estrangeirismo
e as palavras-valise.
4. Palavra primitiva e palavra derivada
Entende-se por palavra primitiva aquela que dá
origem a outras palavras, mas que ela própria não
vem de nenhuma outra na língua.
Ex.: Claro Esclarecer, clarificar, clareza,
claridade, clarão.
5. Palavra primitiva e palavra derivada
Já a palavra derivada é aquela que foi originada a
partir da palavra primitiva.
Ex.: Feliz infeliz, felizmente, felicidade,
infelizmente, felizaço.
6. Derivação
Derivação é o nome que se dá ao processo que tem
como característica o acréscimo de afixos a um radical.
Esses afixos trazem consigo características semânticas
que complementam ou modificam o sentido do radical.
Os tipos de derivação estudados em português são:
prefixal, sufixal, prefixal e sufixal, parassintética,
regressiva e imprópria.
8. Derivação por prefixação
Ocorre quando ao radical é adicionado um prefixo.
Vale lembrar que o prefixo é uma palavra que só
existe quando colocada junto ao radical.
Assim: Pseudointelectual, suprassumo, inoxidável,
interestelar, policlínica, entre outras, são palavras
que tem prefixos os quais modificam o sentido do
radical.
9. Derivação por sufixação
Semelhante à prefixação, a sufixação ocorre
também com o acréscimo de uma “palavra” (a
qual sozinha não significa) ao radical.
Desse modo: Anarquismo, esquizofrênico,
oligopólio, factoide, entre outras, são palavras
que usam desse recurso para modificar o radical.
10. Derivação parassintética
Entende-se por derivação parassintética
aquela em que se coloca simultaneamente
o prefixo e o sufixo junto ao radical, de
modo que se se colocar somente um deles,
a palavra não exista.
Ex.: Enlouquecer, enraivecido, amanhecer,
despedaçar
11. Derivação por prefixação e sufixação
Diferentemente
parassintética,
do que ocorre na
aqui é possível que a
palavra exista sem um dos afixos.
Ex.: infelizmente, deslealdade,
reabastecimento, indispensável.
12. Esse tipo de derivação acontece quando a palavra primitiva perde sua parte
final e uma palavra surge dela.
Ex.: pneu (de pneumático), zoo (de zoológico), janta (de jantar), barraco (de
barracão), motora (de motorista), portuga (de português).
É válido destacar que muitos substantivos são formados a partir de seus
verbos correspondentes, ocorrendo o mesmo processo de derivação. Nesses
casos, chamam-se de deverbiais os substantivos formados por derivação
regressiva de seus verbos.
Exs.: usar – uso; voltar – volta; custar – custo; beijar – beijo; demorar –
demora.
Derivação regressiva
13. Derivação imprópria
Nesse tipo de derivação, usa-se uma palavra
pertencente a uma classe gramatical para empregá-la
como outra.
Ex.: Ela tinha um olhar cândido (verbo – substantivo)
Não quero ouvir um pio (onomatopeia – substantivo)
Ao discursar, fale mais claro (adjetivo – advérbio)
Quando ela chutou a cadeira, foi um ai-ai-ai só
(interjeição – substantivo).
14. Composição
• Por justaposição: os termos que compõem a palavra
mantêm-se com todas as letras.
Ex.: para-raios, guarda-chuva, beija-flor, olho-de-sogra
• Por aglutinação: os termos perdem alguma(s) letras
no processo ou modificam-se foneticamente.
Ex.: Pern(i)longo, boquiaberto, planalto, pontiagudo.
15. Hibridismo
Ocorre quando a composição se dá com termos que têm origem em
línguas diferentes.
televisão
Ex.: sociologia (latim+grego), automóvel (grego+latim),
(grego+latim).
Onomatopeia
É uma aproximação com sons de animais, objetos ou coisas.
Ex.: ti-ti-ti, toc-toc, au-au, pow, cof-cof, bang, miau etc.
16. Siglagem
É o processo de derivação em que se usa as iniciais de um extenso
nome com o intuito de torná-lo mais conciso.
Ex.: PSOL, CIA, FBI, CPF, LGBT+, CNPq etc.
Elas podem ser significativas, e, portanto, não serem formadas
apenas por suas iniciais.
Ex.: CADA (Casa de Apoio ao Doente de AIDS); AMA (Assistência
Médica Ambulatorial).
Podem também ter derivações a partir delas, como ocorre com
peemedebista, petista, cutista.
17. Neologismo
Entende-se o neologismo como sendo uma palavra que não está
registrada no VOLP (Vocabulário Oficial da Língua Portuguesa), e que
portanto pode ser considerado tanto um equívoco linguístico como
uma licença poética.
Ex.: “Há o hipotrélico” – G. Rosa. O termo junta o prefixo hipo-, o
qual significa pouco e junta com –trélico, palavra formada a partir de
trela, que significa conversa. O sufixo –ico indica adjetivo,
qualificação. Assim, hipotrélico é o mesmo que “de pouca conversa”.
18. Estrangeirismo
Ocorre sempre que uma palavra de língua estrangeira passa a
integrar o vocabulário do português.
Ex.: Espaguete, abajur, deletar, show, açougue, lasanha, estresse,
garçom, baunilha, cantina, bife.
Palavras-valise
Combinação de duas palavras, sendo ao menos uma delas reduzida,
formando um novo vocábulo que una os significados anteriores
Ex.: chocotone (chocolate + panetone), manifestoches
(manifestantes + fantoches), crossfat (crossfit + fat)