O documento discute vários tipos de dificuldades de aprendizagem, incluindo dislexia, disortografia e discalculia. Ele fornece sinais e características de cada condição e estratégias para apoiar aqueles que enfrentam essas dificuldades. O documento também observa que as dificuldades de aprendizagem não estão relacionadas ao QI e podem ser identificadas por profissionais na escola.
1. Dificuldades de
Aprendizagem
12º N Psicologia
Módulo 5 –
Fatores e Processos de Aprendizagem
Profª Alexandra Carneiro
2009/2010
Curso Profissional de Animador Sociocultural
3. Dificuldades de aprendizagem
Também chamada
desordem de aprendizagem ou
transtorno de aprendizagem.
Desordem pela qual um
indivíduo apresenta dificuldades
em aprender efectivamente.
Afeta a capacidade do cérebro em receber e processar
informação, o que pode tornar problemática a aprendizagem,
criando diferenciação entre os sujeitos.
A expressão é usada para referir as condições sócio-biológicas que afectam as
capacidades de aprendizagem dos sujeitos, em termos de aquisição, construção e
desenvolvimento das funções cognitivas, e abrange transtornos tão diferentes como
incapacidade de percepção, dano cerebral, disfunção cerebral mínima, autismo, dislexia
e afasia desenvolvimental.
4. No campo da Educação, as mais comuns são a
Dislexia, a Disortografia e a Discalculia.
http://www.dislexia.web.pt/
Dislexia é uma dificuldade duradoura
da aprendizagem da leitura e
aquisição do seu mecanismo, em
crianças inteligentes, escolarizadas,
sem quaisquer perturbação sensorial
e psíquica já existente.
As crianças disléxicas tendem a apresentar um baixo rendimento
académico e alterações emocionais decorrentes das suas dificuldades
persistentes e recorrentes na aprendizagem e automatização da
leitura e escrita.
5. DURANTE A INFÂNCIA:
• Atraso na aquisição da linguagem.
(fala e construção) ;
• Apresentou problemas de linguagem
durante o seu desenvolvimento,
dificuldades em pronunciar
determinados sons, linguagem
‘abebezada’ para além do tempo
normal.
• Apresentou dificuldades em
memorizar e acompanhar canções
infantis e a rima das lengalengas.
• Dificuldade na consciência e
manipulação fonológica. Dificuldade
em se aperceber que os sons das
palavras podem dividir-se em
bocados mais pequenos e em
manipular esses mesmos sons.
• …
NA IDADE ESCOLAR:
• Lentidão na aprendizagem dos
mecanismos da leitura e escrita.
• Bastantes dificuldades na leitura, com a
presença constante de erros e
incorrecções, inventando palavras ao ler
um texto.
• Escrita com múltiplos erros ortográficos e
a qualidade da caligrafia é bastante
deficiente.
• Lacunas acentuadas na organização das
ideias no texto e na construção frásica.
• Utiliza estratégias e truques para não ler.
Não revela qualquer prazer pela leitura.
• Distrai-se com bastante facilidade perante
qualquer estímulo, parecendo que está a
"sonhar acordado". Curtos períodos de
atenção.
• Dificuldades ao nível da organização
pessoal.
• …
6. Disgrafia
(in http://www.appdae.net/disgrafia.html)
• Alguns sinais: postura
incorreta, forma
incorreta de segurar o
lápis ou a caneta,
demasiada pressão ou
pressão insuficiente no
papel, ritmo da escrita
muito lento ou
excessivamente rápido
Alteração da escrita que a afeta na forma ou no
significado, sendo do tipo funcional. Perturbação na
componente motora do ato de escrever, provocando
compressão e cansaço muscular, que por sua vez são
responsáveis por uma caligrafia deficiente, com letras
pouco diferenciadas, mal elaboradas e mal
proporcionadas.
O que pode fazer:
Encorajar a expressão através de diferentes
materiais (plasticina, pinturas e lápis). Todas
as tarefas que impliquem o uso das mãos e
dos dedos são positivas.
Incitar a criança a recortar desenhos e figuras,
a fazer colagens e picotar.
Promover situações em que a criança utilize a
escrita (ex.: escrever pequenos recados, fazer
convites e postais).
Fazer atividades como contornar figuras,
pintar dentro de limites, ligar pontos, seguir
um tracejado, etc.
Deixar a criança expressar-se livremente no
papel, sem corrigir nem julgar os resultados.
7. Disortografia
conjunto de erros da escrita que afectam a palavra mas não o seu
traçado ou grafia; é a incapacidade de estruturar gramaticalmente a
linguagem, podendo manifestar-se no desconhecimento ou
negligência das regras gramaticais, confusão nos artículos e
pequenas palavras, e em formas mais banais na troca de plurais, falta
de acentos ou erros de ortografia em palavras correntes ou na
correspondência incorrecta entre o som e o símbolo escrito,
(omissões, adições, substituições, etc.).
•Sinais indicadores:
•Substituição de letras semelhantes.
•Omissões e adições, inversões e rotações.
•Uniões e separações.
•Omissão - adição de “h“.
•Escrita de “n“ em vez de “m“ antes de “p“ ou “b“.
•Substituição de “r“ por “rr“.
8. Disortografia:
O que pode fazer
Encorajar as tentativas de escrita da criança, mostrar interesse pelos trabalhos
escritos e elogiá-la.
Incitar a criança a elaborar os seus próprios postais e convites, a escrever o seu
diário no final do dia como rotina.
Chamar a atenção da criança para as situações diárias em que é necessária a
utilização da escrita.
Incite a criança a ajudá-la na elaboração de uma carta.
Não valorize demasiado os erros ortográficos da criança uma vez que estes já são
motivo de repreensão e frustração demasiadas vezes.
Não corrija simplesmente os seus erros mas tente antes procurar a solução com a
criança (ex.: "qual a outra letra que podemos usar para fazer esse som?").
Recorra a livros de atividades que existem no mercado que permitem à criança
trabalhar os vários casos de ortografia.
Não sobrecarregue, contudo, a criança com trabalhos e fichas que a cansem
demasiado e a levem a ver as atividades académicas como desagradáveis.
Também é preciso brincar.
9. Discalculia
transtorno de carácter desenvolvimental, adquirido
da habilidade para realizar operações matemáticas,
depois de estas se terem desenvolvido e
consolidado (de acalculia, que é uma lesão)
• Sinais indicadores:
• Dificuldades na identificação de números (visual e auditiva)
• Incapacidade para estabelecer uma correspondência recíproca (contar objetos e
associar um numeral a cada um)
• Escassa habilidade para contar
• Dificuldade na compreensão de conjuntos
• Dificuldade na compreensão de quantidade
• Dificuldade em entender o valor segundo a habituação de um número
• Dificuldades nos cálculos
• Dificuldades na compreensão do conceito de medida
• Dificuldade para aprender a dizer a hora
• Dificuldade na compreensão do valor das moedas
• Dificuldade de compreensão da linguagem matemática e dos símbolos
• Dificuldade em resolver problemas orais
10. Discalculia:
O que pode fazer
• Usar cartas de jogar em jogos de cartas simples como o "peixinho": mostrar como se
poderá atribuir valores às cartas pela contagem dos símbolos. Para evitar confusões
retirar as cartas de figuras, utilizando apenas as de 2 a 10.
• Jogos de tabuleiro são excelentes para aprender os números, solicitando a contagem
dos espaços a mover em cada volta. Podem ser introduzidas algumas referências à
adição ou à subtracção no decorrer do jogo.
• Utilizar ou inventar "cantigas e lengalengas com números". Muitas crianças podem
aprender conceitos matemáticos mais rápidamente (e recordarem por mais tempo)
quando a música, rima e ritmo são utilizados para os ensinar.
• Encorajar a criança a utilizar os números diariamente:
– Contar os produtos no supermercado.
– Contar por ordem decrescente.
– "Quantas rodas tem o teu carrinho de brincar?"; "Quantas rodas tem a tua bicicleta?"; "Qual
dos dois tem mais rodas?"
– "Que idade tens?"; "Que idade tem o teu irmão ou irmã?"; "qual é o mais velho?"; "Qual é a
diferença de idade entre os dois?"
– "Quantos amigos vais convidar para a tua festa de aniversário?"; "Quantas fatias de bolo
devem ser cortadas?"; "E se cada menino ficar com duas fatias?"
11. • Um indivíduo com dificuldades de aprendizagem não apresenta
necessariamente baixo ou alto QI.
• As dificuldades de aprendizagem normalmente são
identificadas na fase de escolarização, por profissionais como
psicólogos, através de avaliações específicas de inteligência,
conteúdos e processos de aprendizagem.
• Todos os profissionais na área da Educação devem estar
atentos e vigilantes, e dialogar com os seus parceiros
educativos sobre o desenvolvimento dos sujeitos a seu cargo.
• Estes indivíduos não podem ser curados ou melhorados, uma
vez que o problema é crónico, ou seja, para toda a vida.
Entretanto, com o apoio e intervenções adequados, esses
mesmos indivíduos podem ter sucesso escolar e continuar a
progredir em carreiras bem sucedidas, e mesmo de destaque,
ao longo de suas vidas.
Notas do Editor
Problemas associados:
Perceptivos:
Deficiência na percepção e na memória visual auditiva
Deficiência a nível espácio-temporal (correcta orientação das letras, discriminação de grafemas com traços semelhantes e adequado acompanhamento da sequencia e ritmo da cadeia falada.
Linguístico:
Problemas de linguagem – dificuldades na articulação
Deficiente conhecimento e utilização do vocabulário
Afectivo-emocional:
Baixo nível de motivação
Pedagógicas:
método de ensino não adequado, (utiliza frequentemente o ditado, não se ajusta à necessidades diferenciais e individuais dos alunos, não respeitando o ritmo de aprendizagem do sujeito).
É uma perturbação que se manifesta na dificuldade de aprendizagem do cálculo. Esta dificuldade pode-se manifestar em vários níveis da aprendizagem. Assim, podemos encontrar dificuldades ao nível da leitura, escrita e compreensão de números ou símbolos, compreensão de conceitos e regras matemáticas, memorização de factos ou conceitos ou no raciocínio abstracto. Podem ainda estar associadas dificuldades em aprender a ver as horas ou lidar com o dinheiro.
Problemas associados:
Deficiente organização visuo-espacial e integração não verbal: não conseguem distinguir rapidamente as diferenças entre formas, tamanhos, quantidades e comprimentos.
Dificuldade em observar grupos de objectos e dizer qual deles contém uma maior quantidade de elementos, em calcular distâncias e em fazer julgamentos de organização visuo-espacial
Distúrbio ao nível da imagem corporal
Distúrbios de integração visuo-motora
Desorientação: dificuldade na distinção esquerda-direita
Dificuldades na percepção social e na realização de julgamentos: maturidade social reduzida
Desempenhos em testes de inteligência, superiores nas funções verbais comparativamente às funções não verbais