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                                              MÓDULO 3

                                  VARIÁVEIS ALEATÓRIAS


3.1 – Variável Aleatória

Uma variável aleatória (VA) é uma função que faz corresponder a cada elemento de um espa-
ço de possibilidades, um valor numérico de interesse para o experimento em questão.


                           e1 e2            ei S   X
                                      ...
                                 en
                           ...
                                                                         R
                                                       X(ei) = xi


Na figura acima, X é uma variável aleatória e X(ei) = xi é um resultado numérico associado ao
evento ei, que representa uma característica quantificável do mesmo.


Exemplos

a) Um gerador com capacidade de 50 MW pode ser encontrado em 2 estados: disponível e
   avariado. O espaço de possibilidades é S = {disponível, avariado}.

   Pode-se definir a VA: X = “Capacidade disponível do gerador”. Assim:

             ⎧50, se e = disponível
    X (e ) = ⎨
             ⎩0, se e = avariado.

b) Ao lançar duas moedas e observar a face de cima, tem-se S = {(cara, cara), (cara, coroa),
   (coroa, cara), (coroa, coroa)}.

   Seja X = “Número de caras obtidas no lançamento de duas moedas”. Logo:

           ⎧2, se e = (cara, cara)
           ⎪
    X(e) = ⎨1, se e = (cara, coroa) ou (coroa, cara)
           ⎪0, se e = (coroa, coroa).
           ⎩

c) Ao contar o número de peças defeituosas em um lote de 10 produzidas por uma fábrica,
   tem-se S = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}.

   Se X = “Número de peças defeituosas em um total de 10”, então:

   X(e) = e.


                                                                  Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
                                                       Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
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    Observe que neste caso, os elementos do espaço de possibilidades já são numéricos e re-
    presentam a própria característica que se deseja avaliar.

d) Ao se observar o tempo de funcionamento de uma lâmpada até que esta se queime, tem-se
   S = {t | t ≥ 0}. Pode-se definir a VA: T = “Tempo de funcionamento até à falha”.

    T(t) = t.


3.2 – Caracterização de uma Variável Aleatória


As variáveis aleatórias podem ser:

•   Discretas: Admitem um número finito ou uma quantidade enumerável de valores. Exem-
    plos: (a), (b) e (c) anteriores.
•   Contínuas: Podem assumir infinitos valores. Normalmente são resultantes de processos de
    medição. Exemplo: (d) anterior.


Função de Distribuição

A função de distribuição de uma VA fornece para todo valor –∞ < x < +∞, a probabilidade de
a VA assumir valores menores ou iguais a x. Assim:

F(x) = P(X ≤ x).                                                                                       (1)

Reconsiderando os exemplos anteriores:

a) Capacidade disponível de um gerador de 50 MW com RG = 0,95.

                                             F(x)

                                     1


                               0,05
                                         0          50              x (MW)


b) Número de caras obtidas no lançamento de duas moedas honestas.

                                             F(x)

                                  1
                               0,75

                               0,25

                                         0          1          2    x


                                                                    Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
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Módulo 3 – Página 3/7


c) Tempo de funcionamento de uma lâmpada.

                                                      F(t)

                                              1




                                                  0                              t


Nas variáveis discretas, a função de distribuição tem forma de escada. No caso das variáveis
contínuas, a função de distribuição é contínua. Em ambos os casos, valem as propriedades:

•   F(–∞) = 0, F(+∞) = 1;
•   F(x) é monótona e não-decrescente.


Função Densidade de Probabilidade e Função Massa de Probabilidade

A função densidade de probabilidade de uma VA contínua e a função massa de probabilidade
de uma VA discreta correspondem à derivada da função de distribuição. Matematicamente:

          dF( x )
f (x) =           .                                                                                            (2)
           dx

Reconsiderando os exemplos anteriores, tem-se:

a) Capacidade disponível de um gerador de 50 MW com RG = 0,95.

                          F(x)                                        f(x)

                  1                                                              0,95


               0,05                                                0,05

                      0              50                x (MW)     0              50          x (MW)


b) Número de caras obtidas no lançamento de duas moedas honestas.

                              F(x)                                        f(x)

                    1
                 0,75                                                                0,5
                                                                          0,25             0,25
                 0,25

                          0               1            2     x        0               1      2    x


                                                                            Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
                                                                 Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
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c) Tempo de funcionamento de uma lâmpada.

                           F(t)                           F(t)

                   1




                       0                        t     0                              t


No caso das variáveis discretas, a função massa de probabilidade é também conhecida como
função de probabilidade. Neste caso, valem as seguintes propriedades:

•   f ( x i ) = P(X = x i )
     n
•   ∑ f (x i ) = 1 .
    i =1

Nas variáveis contínuas, a probabilidade pontual é sempre nula. Assim, as probabilidades de-
vem ser calculadas com base no estabelecimento de intervalos. Observe as propriedades:

•   f ( x ) ≠ P( X = x ) ;

•   P(X = x ) = 0 ;
                           b
•                          ∫
    P(a < X ≤ b) = f ( x )dx = F(b) − F(a ) .
                           a


                           F(t)                           f(t)

               F(b)
                                                                 área
               F(a)


                       0 a        b             t      0 a              b            t


Parâmetros Importantes

Esperança Matemática

A esperança matemática ou valor esperado de uma VA é, por definição, a média de todos os
valores que a VA pode assumir ponderada pelas respectivas probabilidades de ocorrência. Ela
pode ser interpretada como a média dos valores ocorridos em uma infinidade de realizações
do experimento aleatório correspondente.

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                                                      n
•   Para uma VA discreta:               E(X) = μ =   ∑ x i P( x i ) .                                          (3)
                                                     i =1

                                                     +∞
•   Para uma VA contínua: E(X) = μ =                  ∫ x f (x) dx .                                            (4)
                                                     −∞

A esperança matemática é uma medida de tendência central, i.e. indica o ponto em torno do
qual a VA tende a se distribuir.


Variância e Desvio-Padrão

A variância e o desvio-padrão são medidas de dispersão. A variância corresponde à média dos
quadrados das distâncias entre todos os valores da VA e seu centro (esperança matemática):

V(X) = E[(X − μ) 2 ] = E(X 2 ) − [E(X)]2 .                                                                      (5)

Em uma VA discreta, tem-se:

                  n
V ( X ) = σ 2 = ∑ ( x i − μ ) 2 P( x i ) .                                                                      (6)
                 i =1

Para uma VA contínua:

                 +∞
V(X) = σ 2 =      ∫ ( x − μ)
                               2
                                   f ( x ) dx .                                                                 (7)
                 −∞

O desvio-padrão corresponde à raiz quadrada da variância e é mais utilizado por ter a mesma
dimensão da grandeza representada pela VA. Por exemplo, se a VA for expressa em MW, a
variância será dada em MW2 e o desvio-padrão em MW.

σ = V(X) .                                                                                                      (8)


3.3 – Exercícios Propostos


1) Uma caixa contém 3 bolas brancas e uma bola preta. Uma pessoa vai retirar as bolas uma
   por uma, até conseguir apanhar a bola preta. Seja X o número de tentativas que serão ne-
   cessárias. Determine a função densidade de probabilidade, a função de distribuição, a mé-
   dia e a variância de X.

2) Uma moeda honesta é lançada sucessivamente até sair cara ou até serem feitos 3 lança-
   mentos. Considere a variável aleatória “número de lançamentos realizados”. Construa o
   gráfico de sua função de distribuição e calcule sua média e variância.

                                                                             Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
                                                                  Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
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3.4 – Aplicações ao Cálculo da Capacidade Estática de Sistemas de Geração


1 – Aplicação Inicial (Conceitos Básicos de Probabilidades e Variáveis Aleatórias)

Um sistema de geração é constituído por 4 geradores iguais com capacidade nominal de 100
MW e indisponibilidade de 0,04. O pico de carga do sistema vale 270 MW. Pede-se:

a) Organizar numa tabela, o espaço de possibilidades (completo) do experimento “observar o
   estado dos quatro geradores”. Note que existirão 16 estados!
b) Calcule a probabilidade do sistema não atender à carga.
c) Calcule a probabilidade de um (e somente um) gerador qualquer ser encontrado avariado.
d) Qual a probabilidade de se encontrar o gerador 2 avariado?
e) Dado que o gerador 1 está avariado, qual a probabilidade do gerador 3 estar avariado?
f) Dado que um (e só um) gerador está avariado, qual a probabilidade de ser o gerador 1?
g) Calcule em uma tabela e esboce em um gráfico, a função densidade de probabilidade e a
   função de distribuição da capacidade de geração disponível.
h) Calcule a esperança matemática do número de geradores disponíveis no sistema.
i) Calcule a esperança matemática da capacidade de geração disponível no sistema.
j) Calcule o valor médio do corte de carga do sistema.
k) Calcule o valor médio do corte de carga, sabendo que o mesmo é maior que zero.


2 – Tabela de Capacidades Disponíveis

A tabela de capacidades disponíveis reúne todas as possíveis capacidades de geração que um
sistema pode apresentar associadas às respectivas probabilidades. Para detalhamentos sobre a
montagem de tabelas de capacidades, consulte as referências bibliográficas.

Considere o sistema abaixo e determine sua tabela de capacidades.

- 4 unidades de 25 MW com indisponibilidade 0,10;
- 2 unidades de 50 MW com indisponibilidade 0,02;


3 – Índices de Perda de Carga e Energia

Os seguintes índices são usados para quantificar o desempenho de um sistema de geração:

•   LOLP – Loss of Load Probability
    Representa a probabilidade da carga ultrapassar a capacidade de geração disponível.

•   LOLE – Loss of Load Expectation
    Corresponde ao número médio de horas num determinado período (geralmente 1 ano) em
    que se espera que a carga seja maior que a geração. Pode ser calculada como,

    LOLE = LOLP × 8760 (horas/ano).

                                                              Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
                                                   Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
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•   EPNS – Expected Power Not Supplied
    É o valor médio da potência não suprida em MW, i.e. corresponde à esperança matemática
    do corte de carga.

•   EENS – Expected Energy Not Supplied
    É o valor esperado da energia não suprida pelo sistema em um determinado período (em
    geral, 1 ano) em MWh. Matematicamente,

    EENS = EPNS × 8760 (MWh/ano).

Calcule os índices de confiabilidade do sistema da Aplicação 2 (Tabela de Capacidades Dis-
poníveis), considerando que este deve suprir uma carga de 85 MW.


4 – Consideração de Incertezas na Previsão de Carga

As aplicações anteriores assumiram que a carga do sistema é conhecida com exatidão. No
entanto, os estudos de confiabilidade aplicados ao planejamento da expansão dos sistemas são
feitos considerando um horizonte de anos à frente. Assim, existirá sempre uma incerteza asso-
ciada à previsão da carga, o que impede a determinação exata dos índices de confiabilidade.

Para avaliar este problema, calcule a probabilidade do sistema da Aplicação 2 não atender à
carga descrita na figura abaixo. Note que estão representados os possíveis valores que a carga
pode assumir e as respectivas probabilidades de ocorrência.

                                     0,60




                          0,20                 0,20

                           65         85        105        Carga (MW)


3.5 – Trabalho Proposto: Desenvolvimento de Programa Computacional

a) Desenvolva um algoritmo capaz de fornecer a tabela de capacidades de um sistema de
   geração constituído por geradores com capacidades e indisponibilidades diferentes. A ta-
   bela deve listar os possíveis valores de capacidade e probabilidades.
b) Inclua no programa, o cálculo dos índices de confiabilidade apresentados anteriormente.
c) Executar o programa para calcular os índices LOLP, LOLE, EPNS e EENS do sistema de
   geração com carga-pico de 220 MW, composto pelas quatro usinas geradoras abaixo:
       Usina 1:       2 unidades de 20 MW com indisponibilidade 0,08;
       Usina 2:       3 unidades de 50 MW com indisponibilidade 0,04;
       Usina 3:       2 unidades de 30 MW com indisponibilidade 0,06;
       Usina 4:       1 unidade de 100 MW com indisponibilidade 0,02.


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  • 1. Módulo 3 – Página 1/7 MÓDULO 3 VARIÁVEIS ALEATÓRIAS 3.1 – Variável Aleatória Uma variável aleatória (VA) é uma função que faz corresponder a cada elemento de um espa- ço de possibilidades, um valor numérico de interesse para o experimento em questão. e1 e2 ei S X ... en ... R X(ei) = xi Na figura acima, X é uma variável aleatória e X(ei) = xi é um resultado numérico associado ao evento ei, que representa uma característica quantificável do mesmo. Exemplos a) Um gerador com capacidade de 50 MW pode ser encontrado em 2 estados: disponível e avariado. O espaço de possibilidades é S = {disponível, avariado}. Pode-se definir a VA: X = “Capacidade disponível do gerador”. Assim: ⎧50, se e = disponível X (e ) = ⎨ ⎩0, se e = avariado. b) Ao lançar duas moedas e observar a face de cima, tem-se S = {(cara, cara), (cara, coroa), (coroa, cara), (coroa, coroa)}. Seja X = “Número de caras obtidas no lançamento de duas moedas”. Logo: ⎧2, se e = (cara, cara) ⎪ X(e) = ⎨1, se e = (cara, coroa) ou (coroa, cara) ⎪0, se e = (coroa, coroa). ⎩ c) Ao contar o número de peças defeituosas em um lote de 10 produzidas por uma fábrica, tem-se S = {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}. Se X = “Número de peças defeituosas em um total de 10”, então: X(e) = e. Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 2. Módulo 3 – Página 2/7 Observe que neste caso, os elementos do espaço de possibilidades já são numéricos e re- presentam a própria característica que se deseja avaliar. d) Ao se observar o tempo de funcionamento de uma lâmpada até que esta se queime, tem-se S = {t | t ≥ 0}. Pode-se definir a VA: T = “Tempo de funcionamento até à falha”. T(t) = t. 3.2 – Caracterização de uma Variável Aleatória As variáveis aleatórias podem ser: • Discretas: Admitem um número finito ou uma quantidade enumerável de valores. Exem- plos: (a), (b) e (c) anteriores. • Contínuas: Podem assumir infinitos valores. Normalmente são resultantes de processos de medição. Exemplo: (d) anterior. Função de Distribuição A função de distribuição de uma VA fornece para todo valor –∞ < x < +∞, a probabilidade de a VA assumir valores menores ou iguais a x. Assim: F(x) = P(X ≤ x). (1) Reconsiderando os exemplos anteriores: a) Capacidade disponível de um gerador de 50 MW com RG = 0,95. F(x) 1 0,05 0 50 x (MW) b) Número de caras obtidas no lançamento de duas moedas honestas. F(x) 1 0,75 0,25 0 1 2 x Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 3. Módulo 3 – Página 3/7 c) Tempo de funcionamento de uma lâmpada. F(t) 1 0 t Nas variáveis discretas, a função de distribuição tem forma de escada. No caso das variáveis contínuas, a função de distribuição é contínua. Em ambos os casos, valem as propriedades: • F(–∞) = 0, F(+∞) = 1; • F(x) é monótona e não-decrescente. Função Densidade de Probabilidade e Função Massa de Probabilidade A função densidade de probabilidade de uma VA contínua e a função massa de probabilidade de uma VA discreta correspondem à derivada da função de distribuição. Matematicamente: dF( x ) f (x) = . (2) dx Reconsiderando os exemplos anteriores, tem-se: a) Capacidade disponível de um gerador de 50 MW com RG = 0,95. F(x) f(x) 1 0,95 0,05 0,05 0 50 x (MW) 0 50 x (MW) b) Número de caras obtidas no lançamento de duas moedas honestas. F(x) f(x) 1 0,75 0,5 0,25 0,25 0,25 0 1 2 x 0 1 2 x Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 4. Módulo 3 – Página 4/7 c) Tempo de funcionamento de uma lâmpada. F(t) F(t) 1 0 t 0 t No caso das variáveis discretas, a função massa de probabilidade é também conhecida como função de probabilidade. Neste caso, valem as seguintes propriedades: • f ( x i ) = P(X = x i ) n • ∑ f (x i ) = 1 . i =1 Nas variáveis contínuas, a probabilidade pontual é sempre nula. Assim, as probabilidades de- vem ser calculadas com base no estabelecimento de intervalos. Observe as propriedades: • f ( x ) ≠ P( X = x ) ; • P(X = x ) = 0 ; b • ∫ P(a < X ≤ b) = f ( x )dx = F(b) − F(a ) . a F(t) f(t) F(b) área F(a) 0 a b t 0 a b t Parâmetros Importantes Esperança Matemática A esperança matemática ou valor esperado de uma VA é, por definição, a média de todos os valores que a VA pode assumir ponderada pelas respectivas probabilidades de ocorrência. Ela pode ser interpretada como a média dos valores ocorridos em uma infinidade de realizações do experimento aleatório correspondente. Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 5. Módulo 3 – Página 5/7 n • Para uma VA discreta: E(X) = μ = ∑ x i P( x i ) . (3) i =1 +∞ • Para uma VA contínua: E(X) = μ = ∫ x f (x) dx . (4) −∞ A esperança matemática é uma medida de tendência central, i.e. indica o ponto em torno do qual a VA tende a se distribuir. Variância e Desvio-Padrão A variância e o desvio-padrão são medidas de dispersão. A variância corresponde à média dos quadrados das distâncias entre todos os valores da VA e seu centro (esperança matemática): V(X) = E[(X − μ) 2 ] = E(X 2 ) − [E(X)]2 . (5) Em uma VA discreta, tem-se: n V ( X ) = σ 2 = ∑ ( x i − μ ) 2 P( x i ) . (6) i =1 Para uma VA contínua: +∞ V(X) = σ 2 = ∫ ( x − μ) 2 f ( x ) dx . (7) −∞ O desvio-padrão corresponde à raiz quadrada da variância e é mais utilizado por ter a mesma dimensão da grandeza representada pela VA. Por exemplo, se a VA for expressa em MW, a variância será dada em MW2 e o desvio-padrão em MW. σ = V(X) . (8) 3.3 – Exercícios Propostos 1) Uma caixa contém 3 bolas brancas e uma bola preta. Uma pessoa vai retirar as bolas uma por uma, até conseguir apanhar a bola preta. Seja X o número de tentativas que serão ne- cessárias. Determine a função densidade de probabilidade, a função de distribuição, a mé- dia e a variância de X. 2) Uma moeda honesta é lançada sucessivamente até sair cara ou até serem feitos 3 lança- mentos. Considere a variável aleatória “número de lançamentos realizados”. Construa o gráfico de sua função de distribuição e calcule sua média e variância. Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 6. Módulo 3 – Página 6/7 3.4 – Aplicações ao Cálculo da Capacidade Estática de Sistemas de Geração 1 – Aplicação Inicial (Conceitos Básicos de Probabilidades e Variáveis Aleatórias) Um sistema de geração é constituído por 4 geradores iguais com capacidade nominal de 100 MW e indisponibilidade de 0,04. O pico de carga do sistema vale 270 MW. Pede-se: a) Organizar numa tabela, o espaço de possibilidades (completo) do experimento “observar o estado dos quatro geradores”. Note que existirão 16 estados! b) Calcule a probabilidade do sistema não atender à carga. c) Calcule a probabilidade de um (e somente um) gerador qualquer ser encontrado avariado. d) Qual a probabilidade de se encontrar o gerador 2 avariado? e) Dado que o gerador 1 está avariado, qual a probabilidade do gerador 3 estar avariado? f) Dado que um (e só um) gerador está avariado, qual a probabilidade de ser o gerador 1? g) Calcule em uma tabela e esboce em um gráfico, a função densidade de probabilidade e a função de distribuição da capacidade de geração disponível. h) Calcule a esperança matemática do número de geradores disponíveis no sistema. i) Calcule a esperança matemática da capacidade de geração disponível no sistema. j) Calcule o valor médio do corte de carga do sistema. k) Calcule o valor médio do corte de carga, sabendo que o mesmo é maior que zero. 2 – Tabela de Capacidades Disponíveis A tabela de capacidades disponíveis reúne todas as possíveis capacidades de geração que um sistema pode apresentar associadas às respectivas probabilidades. Para detalhamentos sobre a montagem de tabelas de capacidades, consulte as referências bibliográficas. Considere o sistema abaixo e determine sua tabela de capacidades. - 4 unidades de 25 MW com indisponibilidade 0,10; - 2 unidades de 50 MW com indisponibilidade 0,02; 3 – Índices de Perda de Carga e Energia Os seguintes índices são usados para quantificar o desempenho de um sistema de geração: • LOLP – Loss of Load Probability Representa a probabilidade da carga ultrapassar a capacidade de geração disponível. • LOLE – Loss of Load Expectation Corresponde ao número médio de horas num determinado período (geralmente 1 ano) em que se espera que a carga seja maior que a geração. Pode ser calculada como, LOLE = LOLP × 8760 (horas/ano). Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 7. Módulo 3 – Página 7/7 • EPNS – Expected Power Not Supplied É o valor médio da potência não suprida em MW, i.e. corresponde à esperança matemática do corte de carga. • EENS – Expected Energy Not Supplied É o valor esperado da energia não suprida pelo sistema em um determinado período (em geral, 1 ano) em MWh. Matematicamente, EENS = EPNS × 8760 (MWh/ano). Calcule os índices de confiabilidade do sistema da Aplicação 2 (Tabela de Capacidades Dis- poníveis), considerando que este deve suprir uma carga de 85 MW. 4 – Consideração de Incertezas na Previsão de Carga As aplicações anteriores assumiram que a carga do sistema é conhecida com exatidão. No entanto, os estudos de confiabilidade aplicados ao planejamento da expansão dos sistemas são feitos considerando um horizonte de anos à frente. Assim, existirá sempre uma incerteza asso- ciada à previsão da carga, o que impede a determinação exata dos índices de confiabilidade. Para avaliar este problema, calcule a probabilidade do sistema da Aplicação 2 não atender à carga descrita na figura abaixo. Note que estão representados os possíveis valores que a carga pode assumir e as respectivas probabilidades de ocorrência. 0,60 0,20 0,20 65 85 105 Carga (MW) 3.5 – Trabalho Proposto: Desenvolvimento de Programa Computacional a) Desenvolva um algoritmo capaz de fornecer a tabela de capacidades de um sistema de geração constituído por geradores com capacidades e indisponibilidades diferentes. A ta- bela deve listar os possíveis valores de capacidade e probabilidades. b) Inclua no programa, o cálculo dos índices de confiabilidade apresentados anteriormente. c) Executar o programa para calcular os índices LOLP, LOLE, EPNS e EENS do sistema de geração com carga-pico de 220 MW, composto pelas quatro usinas geradoras abaixo: Usina 1: 2 unidades de 20 MW com indisponibilidade 0,08; Usina 2: 3 unidades de 50 MW com indisponibilidade 0,04; Usina 3: 2 unidades de 30 MW com indisponibilidade 0,06; Usina 4: 1 unidade de 100 MW com indisponibilidade 0,02. Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI