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                                          MÓDULO 2

     MODELAGEM E AVALIAÇÃO DE SISTEMAS SIMPLES E COMPLEXOS


2.1 – Introdução

Um sistema é frequentemente representado por uma rede em que os componentes são associ-
ados em série, paralelo, malha e combinações dos mesmos. Neste módulo, serão estudadas
técnicas para o cálculo de probabilidades de funcionamento e falha de redes de componentes.


2.2 – Sistema Série

Do ponto de vista da confiabilidade, um sistema série é aquele que só funciona quando todos
os componentes funcionam, i.e. basta que um componente falhe para que o sistema falhe.


                                           1        2

Considere os eventos:

A = “O componente 1 funciona” →           P(A) = R 1     →     P( A ) = Q1 = 1 − R 1 ;
B = “O componente 2 funciona” →          P(B) = R 2      →     P( B) = Q 2 = 1 − R 2 ;
S = “O sistema funciona”.

Note que P(S) = P(A ∩ B) .

Considerando que os componentes sejam independentes,

P(S) = P(A ∩ B) = P(A) × P(B) = R 1R 2 .

Assim,

R S = R 1R 2 .

A probabilidade de falha do sistema pode ser calculada como,

P( S ) = P( A ∪ B) = P( A ) + P( B) − P( A ∩ B) = Q1 + Q 2 − Q1Q 2 .

Ou seja,

Q S = Q1 + Q 2 − Q1Q 2

que, por sua vez, é numericamente igual a,

R S = 1 − R 1R 2 .


                                                                  Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
                                                       Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
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Generalização

Se o sistema tiver n componentes em série:

                            n
R S = R 1R 2 R 3 L R n =   ∏Ri                                                                 (1)
                           i =1
                                    n
Q S = 1 − R 1R 2 R 3 L R n = 1 −   ∏Ri                                                         (2)
                                   i =1

Em um sistema série, deve-se calcular inicialmente a probabilidade de funcionamento e de-
pois, a probabilidade de falha.


Exemplo

Um sistema possui 20 componentes idênticos que precisam operar para que o sistema funcio-
ne. Qual a confiabilidade do sistema, se cada componente tem uma confiabilidade de 0,97?

       20
RS =   ∏ 0,97 = 0,97 20 = 0,5438 .
       i =1



Exercício

Determine a confiabilidade dos sistemas série na tabela abaixo. Faça em um mesmo plano, os
gráficos da confiabilidade para cada caso. Analise e comente os resultados obtidos.


                     n            Caso 1     Caso 2            Caso 3
                     1             0,97       0,90              0,80
                     2
                     3
                     4
                     5
                     6


Conclusão:




                                                            Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
                                                 Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
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Exemplo

Um sistema série tem dois componentes com confiabilidade 0,99. Qual o risco do sistema não
funcionar?

R S = 0,99 × 0,99 = 0,9801   →     Q S = 1 − R S = 0,0199 .

Por outro lado,

Q S = Q A + Q B − Q A Q B = 0,01 + 0,01 − 0,01 × 0,01 = 0,0199 ≅ 0,01 + 0,01.

Assim, quando o número de componentes for pequeno e Ri for elevada,

        n
QS ≅   ∑ Qi .                                                                                      (3)
       i =1



2.3 – Sistema Paralelo

Considere o sistema:


                                               1



                                               2


Este sistema será completamente redundante se para o seu funcionamento, bastar que apenas
um componente funcione. Assim, considere os eventos:

A = “O componente 1 funciona” →          P(A) = R 1     →     P( A ) = Q1 = 1 − R 1 ;
B = “O componente 2 funciona” →          P(B) = R 2     →     P( B) = Q 2 = 1 − R 2 ;
S = “O sistema funciona”.

Admitindo que o sistema seja completamente redundante, tem-se P(S) = P(A ∪ B) .

Como os eventos A e B não são mutuamente exclusivos,

P(S) = P(A ∪ B) = P(A) + P(B) − P(A ∩ B) = P(A) + P(B) − P(A) × P(B) , i.e.

R P = R 1 + R 2 − R1R 2 .

Por outro lado, o sistema só falha se os dois componentes falharem. Assim: Q P = Q1Q 2 .



                                                                 Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
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Generalização

Se o sistema tiver n componentes em paralelo:

                           n
Q P = Q1Q 2 Q 3 L Q n =   ∏ Qi                                                                    (4)
                          i =1
                                    n
R P = 1 − Q1Q 2 Q 3 L Q n = 1 −    ∏ Qi                                                           (5)
                                   i =1

Em um sistema paralelo, deve-se calcular inicialmente a probabilidade de falha e depois, a
probabilidade de funcionamento.


Exemplo

Um sistema paralelo tem 3 componentes com confiabilidade R1 = 0,8, R2 = 0,9 e R3 = 0,95.
Qual a confiabilidade deste sistema?

Q P = Q1Q 2 Q 3 = 0,2 × 0,1 × 0,05 = 0,001 .
R P = 1 − Q P = 0,999 .


Exercício

Determine a confiabilidade do sistema paralelo e complete a tabela. Faça os gráficos da confi-
abilidade e da confiabilidade incremental (aumento de confiabilidade em relação ao anterior).


                      n          Confiabilidade   Ganho de Confiabilidade
                      1                   0,8                 -
                      2                 0,96                0,16
                      3
                      4
                      5
                      6


Conclusão:




                                                               Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
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2.4 – Sistemas Série-Paralelo

Neste caso, o objetivo é reduzir sequencialmente configurações mais complicadas, combinan-
do adequadamente os elementos em série e paralelo, até que reste apenas um único elemento
equivalente. Considere o exemplo abaixo:



                                            1         2           3


                                                      4


                                                      5


Primeira Redução:


                                                      6


                                                      7



R 6 = R 1R 2 R 3       →      Q 6 = 1 − R 1R 2 R 3
Q7 = Q 4Q5

Segunda Redução:


                                                       8


Q8 = Q 6 Q 7       →       Q 8 = (1 − R 1R 2 R 3 )Q 4 Q 5 .

Logo:

R 8 = 1 − (1 − R 1R 2 R 3 )Q 4 Q 5 .


No caso dos sistemas série-paralelo, pode-se obter a expressão da confiabilidade ou falibilida-
de, combinando sucessivamente os componentes em paralelo (probabilidade de falha) e série
(probabilidade de funcionamento), sem a necessidade de esquematizar cada redução, como
feito acima. Veja o exemplo a seguir.


                                                                         Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
                                                              Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
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Exemplo

Determine expressões para a confiabilidade dos sistemas a seguir e avalie-as numericamente,
admitindo Ri = 0,8 para todos os componentes.

a)
                                                                  3

                                          1            2

                                                                  4


                                                       5


Neste caso,

Q Sist = [1 − R 1R 2 (1 − Q 3Q 4 )]Q 5

R Sist = 1 − [1 − R 1R 2 (1 − Q 3Q 4 )]Q 5 .

Numericamente,

R Sist = 0,92288 .


b)
                                      1            2       3


                                               4
                                                           6              7
                                               5



                                               8           9


Neste caso,

Q Sist = { − { − (1 − R 1R 2 R 3 )[1 − (1 − Q 4 Q 5 )R 6 ]}R 7 }(1 − R 8 R 9 )
          1 1

R Sist = 1 − { − { − (1 − R 1R 2 R 3 )[1 − (1 − Q 4 Q 5 )R 6 ]}R 7 }(1 − R 8 R 9 ) .
              1 1



                                                                          Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
                                                               Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
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Numericamente,

R Sist = 0,895394 .


2.5 – Sistemas Parcialmente Redundantes

Considere o sistema:


                                                                         4

                                                     2

                                      1                                  5

                                                     3

                                                                         6



                                                             7



Determine a confiabilidade do sistema em duas situações:

a) Sistema completamente redundante;
b) O arranjo paralelo (4, 5, 6) necessita de pelo menos 2 componentes para funcionar.


No item “a” tem-se,

  a
Q Sist = [1 − R 1 (1 − Q 2 Q 3 )(1 − Q 4 Q 5 Q 6 )]Q 7
  a
R Sist = 1 − [1 − R 1 (1 − Q 2 Q 3 )(1 − Q 4 Q 5 Q 6 )]Q 7

O item “b” acima é um exemplo de redundância parcial. Nesta situação, observe que a confia-
bilidade do arranjo (4, 5, 6) é dada por:

R 456 = R 4 R 5 R 6 + Q 4 R 5 R 6 + R 4 Q 5 R 6 + R 4 R 5 Q 6 .

Dessa forma,

  b
Q Sist = [1 − R 1 (1 − Q 2 Q 3 )R 456 ]Q 7
  b
R Sist = 1 − [1 − R 1 (1 − Q 2 Q 3 )R 456 ]Q 7


                                                                            Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
                                                                 Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
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Numericamente, com Ri = 0,8 tem-se:

  a
R Sist = 0,952371
  b
R Sist = 0,937626 .

Note que a exigência do funcionamento de 2 dos 3 componentes do arranjo (4, 5, 6) faz com
que a confiabilidade do sistema no caso “b” seja inferior à do caso “a”.


2.6 – Sistemas Complexos

Observe que o sistema abaixo não é do tipo série-paralelo.


                                            1                 3

                                                    5

                                            2                 4


Para a análise deste tipo de sistema existem técnicas baseadas em:

•   Probabilidade condicional;
•   Cut sets e Tie sets;
•   Diagrama de árvore e diagrama lógico;
•   Matriz de conexão, etc.

Neste módulo, são estudadas as abordagens por probabilidade condicional e cut sets, o méto-
do dos cortes mínimos.


Probabilidade Condicional

Considere os eventos:

SF = “O sistema funciona”;
F5 = “O componente 5 funciona”               →           P(F5 ) = R 5
F5 = “O componente 5 não funciona”.          →           P( F5 ) = Q 5

Pelo Teorema da Probabilidade Total,

P(SF) = P(SF | F5 ) × P(F5 ) + P(SF | F5 ) × P( F5 ) .

Observe que as probabilidades condicionais acima podem ser calculadas com base no próprio
sistema modificado conforme o estado operativo (condição) do componente 5. Assim:

                                                                      Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
                                                           Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
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•   P(SF | F5 ) = ?

De acordo com a condição imposta:


                                              1                 3



                                                  2             4


Note que, com a condição imposta (componente 5 funcionando), o sistema resultante é tal que
pode ser analisado pelas técnicas de série-paralelo. Assim:

P(SF | F5 ) = (1 − Q1Q 2 )(1 − Q 3Q 4 )

•   P(SF | F5 ) = ?

A condição atual implica na seguinte configuração do sistema:


                                              1                 3



                                                  2             4


Neste caso,

P(SF | F5 ) = 1 − (1 − R 1R 3 )(1 − R 2 R 4 ) .

Agora, pode-se compor a probabilidade de funcionamento do sistema fazendo,

R Sist = P(SF) = (1 − Q1Q 2 )(1 − Q 3Q 4 )R 5 + [1 − (1 − R 1R 3 )(1 − R 2 R 4 )]Q 5 .

Numericamente, tem-se:

•   Para Ri = 0,99 e Qi = 0,01            →           RSist = 0,999798        e       QSist = 0,000202.
•   Para Ri = 0,95 e Qi = 0,05            →           RSist = 0,994781        e       QSist = 0,005219.

Apesar de exato, este método não é muito utilizado, pois não tem generalização simples, i.e.
nem sempre é fácil identificar o componente crítico (neste caso, o componente 5). Além disso,
a programação computacional do método não é trivial.



                                                                        Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
                                                             Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
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Método dos Cortes Mínimos ou Cut Sets

Ao contrário do anterior, este método apresenta simplicidade de generalização e implementa-
ção computacional e, além disso, é capaz de identificar os modos de falha do sistema, i.e. as
condições que o levam à falha. Contudo, deve-se ressaltar que os resultados obtidos são apro-
ximados.


Cut Set

Um cut set, conjunto mínimo de corte, ou modo de falha é um conjunto de componentes que,
se falhados simultaneamente, levam à falha do sistema. Neste caso, a falha do sistema ocorre
quando são interrompidas todas as ligações entre qualquer entrada e a saída de interesse.

Considere como exemplo, o sistema abaixo.


                                                2

                                    1

                                                3



Observe que o sistema considerado é do tipo série-paralelo e, dessa forma, não exigiria a utili-
zação da técnica de cut sets. Contudo, o mesmo será utilizado para facilitar a ilustração e o
entendimento do método.


                    Modo de Falha           Ordem             Classificação
                         1                     1ª               mínimo
                        1e2                    2ª             não-mínimo
                        1e3                    2ª             não-mínimo
                        2e3                    2ª               mínimo
                       1e2e3                   3ª             não-mínimo


Os modos de falha 1 e (2 e 3) são classificados como mínimos, uma vez que não contêm ou-
tros modos de falha. Já os modos de falha (1 e 2), (1 e 3) e (1 e 2 e 3) são não-mínimos, pois
contém os elementos 1 e (2 e 3). Por exemplo, (1 e 2) não é mínimo, pois a falha do compo-
nente 1 já causa a falha do sistema, não necessitando da falha do componente 2 para isso.

Na maioria das aplicações em sistemas elétricos de potência, as probabilidades de falha são
bastante pequenas. Assim, é razoável considerar que, se uma falha aconteceu no sistema, ou-
tras falhas subseqüentes podem ser ignoradas e, consequentemente, somente os modos míni-
mos de falha devem ser considerados na aplicação do método dos cut sets.



                                                               Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
                                                    Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
Módulo 2 – Página 11/14


Dessa forma, pode-se dizer que o sistema falha quando o componente 1 falha ou quando os
componentes 2 e 3 falham simultaneamente. Observe que a condição de falha anterior pode
ser expressa em um esquema equivalente de confiabilidade (EEC), que, neste caso é igual ao
próprio sistema.


Exemplo

Obter o esquema equivalente de confiabilidade do sistema abaixo e encontre uma expressão
para a confiabilidade do mesmo.


                                           1                3

                                                   5

                                           2                4


Neste caso, os modos mínimos de falha (MMF) ou conjuntos mínimos de corte (CMC) são:

•   1ª ordem: Não há.
•   2ª ordem: (1 e 2), (3 e 4).
•   3ª ordem: (1 e 4 e 5), (2 e 3 e 5).

Assim, o esquema equivalente de confiabilidade pode ser representado como:


                                                            1                  2

                          1                3

                                                           4                   3

                          2                4

                                                           5                   5


Logo:

R Sist ≅ P(SF) = (1 − Q1Q 2 )(1 − Q 3Q 4 )(1 − Q1Q 4 Q 5 )(1 − Q 2 Q 3Q 5 ) .


Numericamente, tem-se:

•   Para Ri = 0,99 e Qi = 0,01         →         RSist = 0,999798          e       QSist = 0,000202.


                                                                     Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
                                                          Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
Módulo 2 – Página 12/14


•   Para Ri = 0,95 e Qi = 0,05       →       RSist = 0,994758         e       QSist = 0,005242.

Observe como os resultados são realmente muito próximos dos obtidos pelo método da pro-
babilidade condicional, que é exato.


Algoritmo para a Obtenção dos Cortes Mínimos


Passo 1 – Identificar os caminhos mínimos:



                                 1               3

                                         5                       6

                                 2               4



Um caminho é um conjunto de componentes que em funcionamento, providenciam uma liga-
ção entre qualquer entrada e a saída de interesse. Por exemplo, o conjunto (1, 3, 6) é um ca-
minho, pois se somente os componentes 1, 3 e 6 estiverem em funcionamento, o sistema fun-
ciona.

O conjunto (2, 4, 6, 1) também é um caminho, uma vez que o funcionamento desses compo-
nentes garante o funcionamento do sistema. Observe, no entanto, que o conjunto (1, 3, 6) é
um caminho mínimo, enquanto o conjunto (2, 4, 6, 1) não é mínimo.

Note que nos caminhos mínimos, a falha de qualquer componente faz com que o conjunto
restante deixe de ser um caminho! Por exemplo, o conjunto (1, 3, 6) é um caminho mínimo,
visto que:

•   Se falhar o componente 1 → sobra o conjunto (3, 6), que não é um caminho.
•   Se falhar o componente 3 → sobra o conjunto (1, 6), que não é um caminho.
•   Se falhar o componente 6 → sobra o conjunto (1, 3), que não é um caminho.

O mesmo não acontece com o conjunto (2, 4, 6, 1), pois, com a falha do componente 1, so-
bram os componentes 2, 4 e 6, que já formam um caminho.

Neste exemplo, têm-se os seguintes caminhos mínimos:

•   Caminho 1: (1, 3, 6);
•   Caminho 2: (2, 4, 6);
•   Caminho 3: (1, 5, 4, 6);
•   Caminho 4: (2, 5, 3, 6).


                                                                Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
                                                     Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
Módulo 2 – Página 13/14


Passo 2 – Codificação:

A codificação pode ser feita em uma matriz de incidência, onde as linhas representam os ca-
minhos e as colunas representam os componentes. Neste caso, o termo (i,j) da matriz será 1 se
o componente “j” fizer parte do caminho “i” e 0, se não fizer. Para o exemplo em questão:


                                             Componente
                         Caminho
                                     1     2   3   4    5            6
                            1        1         1                     1
                            2              1       1                 1
                            3        1             1    1            1
                            4              1   1        1            1


Observe na matriz, que o componente 1 faz parte dos caminhos 1 e 3. Logo, a falha do com-
ponente 1 interrompe esses dois caminhos (que são mínimos). De maneira semelhante, tem-se
que a falha do componente 2 interrompe os caminhos 2 e 4, e assim por diante. Com base
nessas observações, pode-se concluir que:

•   Os conjuntos mínimos de corte de 1ª ordem correspondem às colunas que somente possu-
    em elementos iguais a 1. Neste caso, tem-se que o componente 6 é um CMC de 1ª ordem.
•   Para detectar os CMC de 2ª ordem, basta combinar as colunas duas a duas (desconside-
    rando, é claro, os CMCs de 1ª ordem), fazendo a operação lógica “ou”. Se o resultado for
    uma coluna de elementos iguais a 1, então os componentes em questão formam um CMC
    de 2ª ordem. Neste caso, os CMC de 2ª ordem são (1 e 2) e (3 e 4).
•   Para encontrar CMCs de 3ª ordem as colunas devem ser combinadas três a três e assim
    por diante. Neste caso, tem-se (1 e 4 e 5) e (2 e 3 e 5).


Passo 3 – Montar o esquema equivalente de confiabilidade:


                                                          1                2

                           1              3

                6                                         4                3

                            2             4

                                                          5                5


Uma vez determinado o EEC, então o sistema pode ser analisado com as mesmas técnicas
utilizadas em sistemas série-paralelo.



                                                              Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
                                                   Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
Módulo 2 – Página 14/14


2.7 – Exercícios Propostos


1) Obtenha expressões para a confiabilidade do sistema completamente redundante abaixo,
   em relação ao ponto C. Atribua valores para a confiabilidade de cada componente e calcu-
   le a confiabilidade do sistema numericamente.

     a) Usando probabilidade condicional;
     b) Usando a técnica de cut sets.

                               ~     G1                G2    ~

                                            L1

                                L2                          L3
                                            L4

                                    C

2) Determine a confiabilidade dos sistemas abaixo. Considere Ri = 0,9.

     a)

                                        A    B        C



                                        D              E



     b)


                                        A    B        C



                                        D              E




3) Elabore alguns sistemas série-paralelo de 10 a 15 componentes e calcule expressões para a
   sua probabilidade de funcionamento ou falha.


Respostas:

2)        a) 0,98739   b) 0,98901


                                                             Prof. João Guilherme de Carvalho Costa
                                                  Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI

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  • 1. Módulo 2 – Página 1/14 MÓDULO 2 MODELAGEM E AVALIAÇÃO DE SISTEMAS SIMPLES E COMPLEXOS 2.1 – Introdução Um sistema é frequentemente representado por uma rede em que os componentes são associ- ados em série, paralelo, malha e combinações dos mesmos. Neste módulo, serão estudadas técnicas para o cálculo de probabilidades de funcionamento e falha de redes de componentes. 2.2 – Sistema Série Do ponto de vista da confiabilidade, um sistema série é aquele que só funciona quando todos os componentes funcionam, i.e. basta que um componente falhe para que o sistema falhe. 1 2 Considere os eventos: A = “O componente 1 funciona” → P(A) = R 1 → P( A ) = Q1 = 1 − R 1 ; B = “O componente 2 funciona” → P(B) = R 2 → P( B) = Q 2 = 1 − R 2 ; S = “O sistema funciona”. Note que P(S) = P(A ∩ B) . Considerando que os componentes sejam independentes, P(S) = P(A ∩ B) = P(A) × P(B) = R 1R 2 . Assim, R S = R 1R 2 . A probabilidade de falha do sistema pode ser calculada como, P( S ) = P( A ∪ B) = P( A ) + P( B) − P( A ∩ B) = Q1 + Q 2 − Q1Q 2 . Ou seja, Q S = Q1 + Q 2 − Q1Q 2 que, por sua vez, é numericamente igual a, R S = 1 − R 1R 2 . Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 2. Módulo 2 – Página 2/14 Generalização Se o sistema tiver n componentes em série: n R S = R 1R 2 R 3 L R n = ∏Ri (1) i =1 n Q S = 1 − R 1R 2 R 3 L R n = 1 − ∏Ri (2) i =1 Em um sistema série, deve-se calcular inicialmente a probabilidade de funcionamento e de- pois, a probabilidade de falha. Exemplo Um sistema possui 20 componentes idênticos que precisam operar para que o sistema funcio- ne. Qual a confiabilidade do sistema, se cada componente tem uma confiabilidade de 0,97? 20 RS = ∏ 0,97 = 0,97 20 = 0,5438 . i =1 Exercício Determine a confiabilidade dos sistemas série na tabela abaixo. Faça em um mesmo plano, os gráficos da confiabilidade para cada caso. Analise e comente os resultados obtidos. n Caso 1 Caso 2 Caso 3 1 0,97 0,90 0,80 2 3 4 5 6 Conclusão: Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 3. Módulo 2 – Página 3/14 Exemplo Um sistema série tem dois componentes com confiabilidade 0,99. Qual o risco do sistema não funcionar? R S = 0,99 × 0,99 = 0,9801 → Q S = 1 − R S = 0,0199 . Por outro lado, Q S = Q A + Q B − Q A Q B = 0,01 + 0,01 − 0,01 × 0,01 = 0,0199 ≅ 0,01 + 0,01. Assim, quando o número de componentes for pequeno e Ri for elevada, n QS ≅ ∑ Qi . (3) i =1 2.3 – Sistema Paralelo Considere o sistema: 1 2 Este sistema será completamente redundante se para o seu funcionamento, bastar que apenas um componente funcione. Assim, considere os eventos: A = “O componente 1 funciona” → P(A) = R 1 → P( A ) = Q1 = 1 − R 1 ; B = “O componente 2 funciona” → P(B) = R 2 → P( B) = Q 2 = 1 − R 2 ; S = “O sistema funciona”. Admitindo que o sistema seja completamente redundante, tem-se P(S) = P(A ∪ B) . Como os eventos A e B não são mutuamente exclusivos, P(S) = P(A ∪ B) = P(A) + P(B) − P(A ∩ B) = P(A) + P(B) − P(A) × P(B) , i.e. R P = R 1 + R 2 − R1R 2 . Por outro lado, o sistema só falha se os dois componentes falharem. Assim: Q P = Q1Q 2 . Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 4. Módulo 2 – Página 4/14 Generalização Se o sistema tiver n componentes em paralelo: n Q P = Q1Q 2 Q 3 L Q n = ∏ Qi (4) i =1 n R P = 1 − Q1Q 2 Q 3 L Q n = 1 − ∏ Qi (5) i =1 Em um sistema paralelo, deve-se calcular inicialmente a probabilidade de falha e depois, a probabilidade de funcionamento. Exemplo Um sistema paralelo tem 3 componentes com confiabilidade R1 = 0,8, R2 = 0,9 e R3 = 0,95. Qual a confiabilidade deste sistema? Q P = Q1Q 2 Q 3 = 0,2 × 0,1 × 0,05 = 0,001 . R P = 1 − Q P = 0,999 . Exercício Determine a confiabilidade do sistema paralelo e complete a tabela. Faça os gráficos da confi- abilidade e da confiabilidade incremental (aumento de confiabilidade em relação ao anterior). n Confiabilidade Ganho de Confiabilidade 1 0,8 - 2 0,96 0,16 3 4 5 6 Conclusão: Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 5. Módulo 2 – Página 5/14 2.4 – Sistemas Série-Paralelo Neste caso, o objetivo é reduzir sequencialmente configurações mais complicadas, combinan- do adequadamente os elementos em série e paralelo, até que reste apenas um único elemento equivalente. Considere o exemplo abaixo: 1 2 3 4 5 Primeira Redução: 6 7 R 6 = R 1R 2 R 3 → Q 6 = 1 − R 1R 2 R 3 Q7 = Q 4Q5 Segunda Redução: 8 Q8 = Q 6 Q 7 → Q 8 = (1 − R 1R 2 R 3 )Q 4 Q 5 . Logo: R 8 = 1 − (1 − R 1R 2 R 3 )Q 4 Q 5 . No caso dos sistemas série-paralelo, pode-se obter a expressão da confiabilidade ou falibilida- de, combinando sucessivamente os componentes em paralelo (probabilidade de falha) e série (probabilidade de funcionamento), sem a necessidade de esquematizar cada redução, como feito acima. Veja o exemplo a seguir. Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 6. Módulo 2 – Página 6/14 Exemplo Determine expressões para a confiabilidade dos sistemas a seguir e avalie-as numericamente, admitindo Ri = 0,8 para todos os componentes. a) 3 1 2 4 5 Neste caso, Q Sist = [1 − R 1R 2 (1 − Q 3Q 4 )]Q 5 R Sist = 1 − [1 − R 1R 2 (1 − Q 3Q 4 )]Q 5 . Numericamente, R Sist = 0,92288 . b) 1 2 3 4 6 7 5 8 9 Neste caso, Q Sist = { − { − (1 − R 1R 2 R 3 )[1 − (1 − Q 4 Q 5 )R 6 ]}R 7 }(1 − R 8 R 9 ) 1 1 R Sist = 1 − { − { − (1 − R 1R 2 R 3 )[1 − (1 − Q 4 Q 5 )R 6 ]}R 7 }(1 − R 8 R 9 ) . 1 1 Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 7. Módulo 2 – Página 7/14 Numericamente, R Sist = 0,895394 . 2.5 – Sistemas Parcialmente Redundantes Considere o sistema: 4 2 1 5 3 6 7 Determine a confiabilidade do sistema em duas situações: a) Sistema completamente redundante; b) O arranjo paralelo (4, 5, 6) necessita de pelo menos 2 componentes para funcionar. No item “a” tem-se, a Q Sist = [1 − R 1 (1 − Q 2 Q 3 )(1 − Q 4 Q 5 Q 6 )]Q 7 a R Sist = 1 − [1 − R 1 (1 − Q 2 Q 3 )(1 − Q 4 Q 5 Q 6 )]Q 7 O item “b” acima é um exemplo de redundância parcial. Nesta situação, observe que a confia- bilidade do arranjo (4, 5, 6) é dada por: R 456 = R 4 R 5 R 6 + Q 4 R 5 R 6 + R 4 Q 5 R 6 + R 4 R 5 Q 6 . Dessa forma, b Q Sist = [1 − R 1 (1 − Q 2 Q 3 )R 456 ]Q 7 b R Sist = 1 − [1 − R 1 (1 − Q 2 Q 3 )R 456 ]Q 7 Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 8. Módulo 2 – Página 8/14 Numericamente, com Ri = 0,8 tem-se: a R Sist = 0,952371 b R Sist = 0,937626 . Note que a exigência do funcionamento de 2 dos 3 componentes do arranjo (4, 5, 6) faz com que a confiabilidade do sistema no caso “b” seja inferior à do caso “a”. 2.6 – Sistemas Complexos Observe que o sistema abaixo não é do tipo série-paralelo. 1 3 5 2 4 Para a análise deste tipo de sistema existem técnicas baseadas em: • Probabilidade condicional; • Cut sets e Tie sets; • Diagrama de árvore e diagrama lógico; • Matriz de conexão, etc. Neste módulo, são estudadas as abordagens por probabilidade condicional e cut sets, o méto- do dos cortes mínimos. Probabilidade Condicional Considere os eventos: SF = “O sistema funciona”; F5 = “O componente 5 funciona” → P(F5 ) = R 5 F5 = “O componente 5 não funciona”. → P( F5 ) = Q 5 Pelo Teorema da Probabilidade Total, P(SF) = P(SF | F5 ) × P(F5 ) + P(SF | F5 ) × P( F5 ) . Observe que as probabilidades condicionais acima podem ser calculadas com base no próprio sistema modificado conforme o estado operativo (condição) do componente 5. Assim: Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 9. Módulo 2 – Página 9/14 • P(SF | F5 ) = ? De acordo com a condição imposta: 1 3 2 4 Note que, com a condição imposta (componente 5 funcionando), o sistema resultante é tal que pode ser analisado pelas técnicas de série-paralelo. Assim: P(SF | F5 ) = (1 − Q1Q 2 )(1 − Q 3Q 4 ) • P(SF | F5 ) = ? A condição atual implica na seguinte configuração do sistema: 1 3 2 4 Neste caso, P(SF | F5 ) = 1 − (1 − R 1R 3 )(1 − R 2 R 4 ) . Agora, pode-se compor a probabilidade de funcionamento do sistema fazendo, R Sist = P(SF) = (1 − Q1Q 2 )(1 − Q 3Q 4 )R 5 + [1 − (1 − R 1R 3 )(1 − R 2 R 4 )]Q 5 . Numericamente, tem-se: • Para Ri = 0,99 e Qi = 0,01 → RSist = 0,999798 e QSist = 0,000202. • Para Ri = 0,95 e Qi = 0,05 → RSist = 0,994781 e QSist = 0,005219. Apesar de exato, este método não é muito utilizado, pois não tem generalização simples, i.e. nem sempre é fácil identificar o componente crítico (neste caso, o componente 5). Além disso, a programação computacional do método não é trivial. Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 10. Módulo 2 – Página 10/14 Método dos Cortes Mínimos ou Cut Sets Ao contrário do anterior, este método apresenta simplicidade de generalização e implementa- ção computacional e, além disso, é capaz de identificar os modos de falha do sistema, i.e. as condições que o levam à falha. Contudo, deve-se ressaltar que os resultados obtidos são apro- ximados. Cut Set Um cut set, conjunto mínimo de corte, ou modo de falha é um conjunto de componentes que, se falhados simultaneamente, levam à falha do sistema. Neste caso, a falha do sistema ocorre quando são interrompidas todas as ligações entre qualquer entrada e a saída de interesse. Considere como exemplo, o sistema abaixo. 2 1 3 Observe que o sistema considerado é do tipo série-paralelo e, dessa forma, não exigiria a utili- zação da técnica de cut sets. Contudo, o mesmo será utilizado para facilitar a ilustração e o entendimento do método. Modo de Falha Ordem Classificação 1 1ª mínimo 1e2 2ª não-mínimo 1e3 2ª não-mínimo 2e3 2ª mínimo 1e2e3 3ª não-mínimo Os modos de falha 1 e (2 e 3) são classificados como mínimos, uma vez que não contêm ou- tros modos de falha. Já os modos de falha (1 e 2), (1 e 3) e (1 e 2 e 3) são não-mínimos, pois contém os elementos 1 e (2 e 3). Por exemplo, (1 e 2) não é mínimo, pois a falha do compo- nente 1 já causa a falha do sistema, não necessitando da falha do componente 2 para isso. Na maioria das aplicações em sistemas elétricos de potência, as probabilidades de falha são bastante pequenas. Assim, é razoável considerar que, se uma falha aconteceu no sistema, ou- tras falhas subseqüentes podem ser ignoradas e, consequentemente, somente os modos míni- mos de falha devem ser considerados na aplicação do método dos cut sets. Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 11. Módulo 2 – Página 11/14 Dessa forma, pode-se dizer que o sistema falha quando o componente 1 falha ou quando os componentes 2 e 3 falham simultaneamente. Observe que a condição de falha anterior pode ser expressa em um esquema equivalente de confiabilidade (EEC), que, neste caso é igual ao próprio sistema. Exemplo Obter o esquema equivalente de confiabilidade do sistema abaixo e encontre uma expressão para a confiabilidade do mesmo. 1 3 5 2 4 Neste caso, os modos mínimos de falha (MMF) ou conjuntos mínimos de corte (CMC) são: • 1ª ordem: Não há. • 2ª ordem: (1 e 2), (3 e 4). • 3ª ordem: (1 e 4 e 5), (2 e 3 e 5). Assim, o esquema equivalente de confiabilidade pode ser representado como: 1 2 1 3 4 3 2 4 5 5 Logo: R Sist ≅ P(SF) = (1 − Q1Q 2 )(1 − Q 3Q 4 )(1 − Q1Q 4 Q 5 )(1 − Q 2 Q 3Q 5 ) . Numericamente, tem-se: • Para Ri = 0,99 e Qi = 0,01 → RSist = 0,999798 e QSist = 0,000202. Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 12. Módulo 2 – Página 12/14 • Para Ri = 0,95 e Qi = 0,05 → RSist = 0,994758 e QSist = 0,005242. Observe como os resultados são realmente muito próximos dos obtidos pelo método da pro- babilidade condicional, que é exato. Algoritmo para a Obtenção dos Cortes Mínimos Passo 1 – Identificar os caminhos mínimos: 1 3 5 6 2 4 Um caminho é um conjunto de componentes que em funcionamento, providenciam uma liga- ção entre qualquer entrada e a saída de interesse. Por exemplo, o conjunto (1, 3, 6) é um ca- minho, pois se somente os componentes 1, 3 e 6 estiverem em funcionamento, o sistema fun- ciona. O conjunto (2, 4, 6, 1) também é um caminho, uma vez que o funcionamento desses compo- nentes garante o funcionamento do sistema. Observe, no entanto, que o conjunto (1, 3, 6) é um caminho mínimo, enquanto o conjunto (2, 4, 6, 1) não é mínimo. Note que nos caminhos mínimos, a falha de qualquer componente faz com que o conjunto restante deixe de ser um caminho! Por exemplo, o conjunto (1, 3, 6) é um caminho mínimo, visto que: • Se falhar o componente 1 → sobra o conjunto (3, 6), que não é um caminho. • Se falhar o componente 3 → sobra o conjunto (1, 6), que não é um caminho. • Se falhar o componente 6 → sobra o conjunto (1, 3), que não é um caminho. O mesmo não acontece com o conjunto (2, 4, 6, 1), pois, com a falha do componente 1, so- bram os componentes 2, 4 e 6, que já formam um caminho. Neste exemplo, têm-se os seguintes caminhos mínimos: • Caminho 1: (1, 3, 6); • Caminho 2: (2, 4, 6); • Caminho 3: (1, 5, 4, 6); • Caminho 4: (2, 5, 3, 6). Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 13. Módulo 2 – Página 13/14 Passo 2 – Codificação: A codificação pode ser feita em uma matriz de incidência, onde as linhas representam os ca- minhos e as colunas representam os componentes. Neste caso, o termo (i,j) da matriz será 1 se o componente “j” fizer parte do caminho “i” e 0, se não fizer. Para o exemplo em questão: Componente Caminho 1 2 3 4 5 6 1 1 1 1 2 1 1 1 3 1 1 1 1 4 1 1 1 1 Observe na matriz, que o componente 1 faz parte dos caminhos 1 e 3. Logo, a falha do com- ponente 1 interrompe esses dois caminhos (que são mínimos). De maneira semelhante, tem-se que a falha do componente 2 interrompe os caminhos 2 e 4, e assim por diante. Com base nessas observações, pode-se concluir que: • Os conjuntos mínimos de corte de 1ª ordem correspondem às colunas que somente possu- em elementos iguais a 1. Neste caso, tem-se que o componente 6 é um CMC de 1ª ordem. • Para detectar os CMC de 2ª ordem, basta combinar as colunas duas a duas (desconside- rando, é claro, os CMCs de 1ª ordem), fazendo a operação lógica “ou”. Se o resultado for uma coluna de elementos iguais a 1, então os componentes em questão formam um CMC de 2ª ordem. Neste caso, os CMC de 2ª ordem são (1 e 2) e (3 e 4). • Para encontrar CMCs de 3ª ordem as colunas devem ser combinadas três a três e assim por diante. Neste caso, tem-se (1 e 4 e 5) e (2 e 3 e 5). Passo 3 – Montar o esquema equivalente de confiabilidade: 1 2 1 3 6 4 3 2 4 5 5 Uma vez determinado o EEC, então o sistema pode ser analisado com as mesmas técnicas utilizadas em sistemas série-paralelo. Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI
  • 14. Módulo 2 – Página 14/14 2.7 – Exercícios Propostos 1) Obtenha expressões para a confiabilidade do sistema completamente redundante abaixo, em relação ao ponto C. Atribua valores para a confiabilidade de cada componente e calcu- le a confiabilidade do sistema numericamente. a) Usando probabilidade condicional; b) Usando a técnica de cut sets. ~ G1 G2 ~ L1 L2 L3 L4 C 2) Determine a confiabilidade dos sistemas abaixo. Considere Ri = 0,9. a) A B C D E b) A B C D E 3) Elabore alguns sistemas série-paralelo de 10 a 15 componentes e calcule expressões para a sua probabilidade de funcionamento ou falha. Respostas: 2) a) 0,98739 b) 0,98901 Prof. João Guilherme de Carvalho Costa Instituto de Sistemas Elétricos e Energia – UNIFEI