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CLÍSTENES ARAUJO ANTUNES
A IMAGEM CORPORAL NA PSICOSE: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DE
TÉCNICAS DE DESENHO
Artigo apresentado ao curso de Pós-
Graduação em Psicopatologia e
Psicodiagnóstico da Universidade
Católica de Brasília, como requisito
parcial para obtenção do Título de
Especialista em Psicopatologia e
Psicodiagnóstico.
Orientadora: Profª. MSc. Mirna Dutra e
Pinto
Brasília
2010
Artigo de autoria de Clístenes Araujo Antunes, intitulado “A IMAGEM
CORPORAL NA PSICOSE: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DE TÉCNICAS DE
DESENHO”, apresentado como requisito parcial para obtenção do título de
Especialista em Psicopatologia e Psicodiagnóstico pela Universidade Católica de
Brasília, aprovado pela banca examinadora abaixo assinada:
_________________________________________________________
Profª. MSc. Mirna Dutra e Pinto
Orientadora
Professora do curso de Especialização em Psicopatologia e Psicodiagnóstico – Pós-
Graduação Latu Sensu – UCB
__________________________________________________________
Brasília
2010
AGRADECIMENTO
As oportunidades da vida e aqueles que encontro quando olho para o lado, nos
meus momentos de refazimento. Como vocês são importantes para mim.
3
A IMAGEM CORPORAL NA PSICOSE: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DE TÉCNICAS
DE DESENHO
CLÍSTENES ARAUJO ANTUNES
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo discutir a importância das técnicas gráficas no
processo de psicodiagnóstico, a possibilidade de fazer um diagnóstico diferencial por meio
destas e investigar a sensibilidade da técnica para demonstrar a fragilidade egóica e a
organização corporal em pacientes psicóticos. A pesquisa foi realizada a partir da análise do
caso de uma paciente psiquiátrica com hipótese de transtorno psicótico seguido de episódios
de delírio e alucinação encaminhado à clínica-escola da Universidade Católica de Brasília
(UCB) para realização de avaliação psicodiagnóstica. Para a discussão desse estudo foram
utilizados, com ênfase, o HTP e o Desenho da Família, como instrumentos de análise e
avaliação. A realização do trabalho confirma achados teóricos pesquisados. A projeção em
técnicas menos estruturadas traz uma riqueza de expressão incontestável. Desta forma,
verifica-se, através do recorte instrumental de técnicas gráficas projetivas, a fragilidade da
percepção de si e de seu corpo, que a psicose apresenta como característica estrutural.
Palavras-chave: Psicodiagnóstico. Psicose. Imagem Corporal. Técnicas Gráficas.
1. INTRODUÇÃO
O presente artigo visa discutir a imagem corporal na psicose com base em testes que
utilizam as técnicas de desenho e de projeção, tendo como parâmetro o embasamento teórico
psicanalítico. Para realização da avaliação que deu fruto a este artigo foram utilizados testes e
técnicas projetivas como: HTP (House-Tree-Person) e Desenho da Família. A expressão
psíquica das técnicas gráficas chamou atenção pela forma e pelo simbolismo, assim, estas
serão analisadas e discutidas em relação ao diagnóstico de psicose. Frente aos achados elegeu-
se a concepção de imagem corporal na constituição psíquica do sujeito.
As técnicas projetivas gráficas são, em sua utilidade, amplamente reconhecidas no
campo do psicodiagnóstico. A quantidade de obras publicadas que destacam o seu valor tanto
na investigação da personalidade como na prática psicoterapêutica é ampla e diversa. Autores
como Violet Oaklander (1980), John Stevens (1976) e a psiquiatra Nilse da Silveira,
reconhecidos por seus trabalhos nessa área, não só corroboram com essa proposição, como
também revelam que o mero fato de desenhar é, por si só, terapêutico.
Assim, o ato de desenhar traz em si importante contribuição para o entendimento da
subjetividade do sujeito, de sua forma de expressão psíquica com o mundo externo. Uma
característica importante dos desenhos em fornecerem dados menos suscetíveis a várias
distorções e restrições que afetam a comunicação verbal, o classificam como uma ferramenta
de linguagem mais independente dos fatores conscientes, promovendo, assim, a projeção da
personalidade do indivíduo.
Dessa maneira depreende-se melhor a perspectiva da Teoria das Relações Objetais
feita por Grassano (1996, apud Siqueira, 2003, p.72), ao descrever que por meio das condutas
verbais, gráficas ou lúdicas do paciente observa-se sua capacidade de dar forma, de
organização e de sentido emocional ao aspecto da realidade que o estímulo projetivo
representa. Dessa forma, cada produção projetiva é uma criação que expressa o modo pessoal
de estabelecer contato com as realidades interna e externa.
4
Siqueira esclarece ainda:
As pranchas ou instruções, diz a autora, atuam dentro da situação projetiva como
objetos mediadores das relações vinculares pessoais, que mobilizam e reeditam
diversos aspectos da vida emocional. Dessa forma, toda produção projetiva é
produto de uma síntese pessoal. A autora esclarece que os testes gráficos são os que
detectam, com maior precisão, as características estruturais e de integração da
personalidade. A possibilidade de controle intelectual e de disfarce, consciente ou
inconsciente, diminui de forma marcante em relação aos testes verbais. (2003, p. 72)
No HTP, especificamente, o desenho da pessoa nos remete às associações de cunho
mais consciente que os outros desenhos do instrumento, incluindo a expressão direta da
imagem corporal. A qualidade expressa no desenho reflete a capacidade de o sujeito atuar em
relacionamentos e submeter o seu “self” e suas relações interpessoais à avaliação crítica
objetiva. Em alguns casos, indivíduos paranóicos e psicóticos podem se recusar a fazê-los
devido aos sentimentos intensos despertados em sua execução. Interpretações adicionais para
o desenho da pessoa podem se referir ao conceito do indivíduo de seu papel e atitude sexuais
em relação a um relacionamento interpessoal específico ou a relacionamentos interpessoais
em geral. (Buck, 2003)
No teste do Desenho da Família temos como contribuição a percepção que o sujeito
tem de seu ambiente, da sua relação familiar e daqueles que convivem com ele. Autores como
Klepsh e Logie (1984, apud Cunha, 2009) sugerem, portanto, a utilização do Desenho da
Família como técnica projetiva, pois podem ser explorados aspectos psicodinâmicos,
principalmente no intuito de revelar precocemente seus conflitos e a percepção do ambiente
familiar, bem como seus sentimentos e atitudes referentes aos diferentes membros do núcleo
em que vive.
Hummer (1991, apud Cunha, 2009) contribui com o esclarecimento da percepção
corporal do sujeito ao analisar em seus casos os aspectos formais e estruturais de cada figura,
em especial da que representa o próprio sujeito, integrando dados relativos ao grupo familiar
com hipóteses interpretativas do desenho da figura humana. Nota-se, portanto, que a formação
da percepção do “eu” e, também da noção de corpo psíquico do sujeito passa pela influência
familiar, não somente da relação com seus membros, mas também pela forma como os outros
o vêem e declaram como e quem ele é.
A psicose apresenta uma fragilidade na constituição do ego que reflete a
desorganização psíquica, a qual pode ser analisada pela organização da imagem corporal. Tal
aspecto é discutido por Freud (1914) em uma de suas afirmações conhecidas em relação ao
“eu”, em que postula que o eu é antes de tudo um eu corporal. Dessa forma, sua constituição
passa pela via do corpo, seus limites e delineamento entre o que é dentro/fora o eu/outro.
Diante disso Goidanich (2003) alerta que para o melhor entendimento da psicose, como uma
estrutura diferenciada, devemos observar a maneira como os psicóticos constituem seu corpo
e se relacionam com ele, o que pode ser um exemplo das grandes variações encontradas
dentro de um mesmo quadro estrutural amplo, ou seja, não falamos de uma estrutura
rigidamente determinada, falamos de psicoses.
Assim, a psicose pode ser pesquisada no desenho da família, através da maneira como
são representados os membros constituintes da família do analisando, pois fornecem dados
importantes para a composição da análise perceptiva de como o sujeito se vê e como vê o
outro. Já no HTP é o desenho da Pessoa (Person) que, também, nos fornece uma rica análise
da constituição da imagem corporal nas psicoses, visualizada no teste por meio do mecanismo
projetivo.
Em Laplanche encontramos como foi introduzido o termo psicose:
O termo “psicose” foi introduzido em 1845 por Feuchterseleben no seu Manual de
psicologia médica (Lerhbuch der ärztlichen Seelenckun-de). Para ele o termo
designa a doença mental (Seelenkrankheit), ao passo que neurose designa as
afecções do sistema nervoso, das quais só algumas podem ser traduzidas em
5
sintomas de uma “psicose”. Qualquer psicose é ao mesmo tempo uma neurose
porque, sem intervenção da vida nervosa, nenhuma modificação do psíquico se
manifesta; mas nem toda neurose é também uma psicose.(Hunter e Malcapine apud
Laplance,2001, p. 393)
No entanto, é Freud que através de seus trabalhos sobre a oposição neurose-psicose
contribui de forma veemente para a definição coerente e estrutural da psicose. Em seus
primeiros escritos, o autor procura nos mostrar o conflito defensivo em ação contra a
sexualidade, especificando os mecanismos originais que operam na relação do sujeito com o
exterior: a rejeição e a projeção.
No Caso Schereber, Freud (1911) retoma a questão da psicose através da relação entre
os investimentos libidinais e os investimentos das pulsões do ego no objeto, o que trazia a
verificação e o cuidado para que a idéia da perda da realidade não fosse encarada de forma
generalizada nas psicoses. Ainda em Freud (1911), portanto, o estado psicótico é uma doença
da defesa, ou seja, é uma expressão desesperada do eu para se preservar de uma representação
inassimilável, rejeitada, que ameaça sua integridade.
Nasio (2001) esclarece ainda que as manifestações psicóticas, o delírio ou a
alucinação, são conseqüências que derivam do conflito travado pelo “eu” para se defender de
uma dor insuportável causada por uma idéia intolerável, a qual deve ser rejeitada e expulsa a
todo custo para sua proteção.
Esse jogo do desejo, inerente ao psiquismo humano, que relaciona o mundo simbólico
com a linguagem, acaba por ter, na psicose, uma rejeição do simbólico, que terá seu
surgimento no real.
Lacan denominou esse movimento de foraclusão, dando sua contribuição ao
entendimento da psicose, pois em sua teoria do significante a regulação do sujeito com seu
desejo se dá através da formalização do processo da substituição significante, ou seja, a elisão
do desejo da mãe, colocando em seu lugar a função do pai. (Ramirez, 2003, p.108)
1.1 TÉCNICAS GRÁFICAS: IMAGEM CORPORAL NA PSICOSE
As técnicas projetivas veiculam estímulos invariavelmente pouco estruturados,
exigindo do examinado, como conseqüência, um intenso grau de criação e elaboração pessoal,
podendo expressar sua maneira natural e inconsciente de perceber a si, sua formação e seu
mundo (Anzieu, 1978; Güntert,2000).
É importante, no entanto, ater-se às especificidades da produção de cada indivíduo
com o objetivo de captar o padrão que lhe é peculiar. Sua produção deve ser avaliada
qualitativamente, considerando o máximo de informações possível, especialmente de sua
história clínica.
Observa-se, então, que a utilização de técnicas projetivas é de cunho investigativo da
personalidade e da estrutura do sujeito que se submete a ela, não sendo adequado descrevê-las
como um teste que tem por objetivo medir algo.
Dessa maneira, seja qual for a técnica aplicada no processo de psicodiagnóstico, é
fundamental ter em mente que ela não passa de uma ferramenta, como é apontado por Mayer
e colaboradores:
Os testes não pensam por si nem se comunicam diretamente com os pacientes.
Como um estetoscópio, um aparelho para medir pressão ou tomografia, o teste
psicológico é um instrumento obtuso e seu valor não pode ser dissociado da
sofisticação do clínico que levanta inferências a partir dele (Mayer ET AL, 2001,
p.153).
Desse modo, pensar na ligação existente entre a representação da imagem corporal
através das técnicas projetivas gráficas nos remete à constituição da estrutura da
personalidade de cada sujeito. O inconsciente acaba por se fazer presente através da projeção
6
eliciada nos desenhos. O corpo, portanto, lugar e palco em que se encenam as relações entre o
psíquico e o somático nos revela, através dos desenhos projetivos realizados pelos
examinandos, a percepção que eles têm de si em sua forma mais direta e profunda.
Nas psicoses, segundo Queiroz (2008), o corpo é invadido pelo gozo, não
experimentando a passagem da indiferenciação para a diferenciação, não distinguindo o
externo do interno, o “eu” do “outro”. A autora nos remete ainda que na estrutura psicótica o
próprio corpo do indivíduo ou o corpo do “outro” se torna o espaço a destruir ou aquele que
se funde. Nessa estrutura, o processo secundário não trará atribuição de sentido às coisas, mas
tornará dizível um mundo que apenas reflete um corpo que se auto-rejeita.
Dessa forma, percebemos que a psique do psicótico paga um alto preço por trabalhar
numa figuração que se serve das imagens da corporais traduzindo uma posição de mutilado e
uma sensação de agressão que parte do corpo materno.
Mesmo assim, um fato é comum na estrutura psicótica: há um grande estranhamento
do psicótico em relação ao corpo dele. Goidanich (2003) relata que: “os sujeitos psicóticos
parecem estar muitas vezes alheios de seu próprio corpo. Relacionam-se com ele como se
fosse um outro, um objeto estranho. Tomam o corpo quase como uma carcaça da qual
pudessem prescindir”.
No entanto, nos momentos de crises, Goidinich (2003) afirma que quando acometidos
pelo ápice dos surtos, muitas vezes a problemática passa a ser radicalmente distinta. Nesses
períodos os sujeitos psicóticos ficam totalmente tomados pelas afecções que sentem atingir
seu corpo, que podemos explanar por meio das alucinações e delírios. Outro autor como
Metzger (2006) nos aponta em seu estudo uma dessas verificações. Ao apresentar em seu
artigo o acompanhamento terapêutico de uma adolescente psicótica que apresentava um
comportamento auto-agressivo: batia em si mesma.
A autora nos remete, ainda, a uma das principais questões referentes ao “eu” na
psicose, sua fragmentação, característica que será explorada futuramente na análise dos testes
aplicados na paciente aqui estudada.
Vale ressaltar que o corpo evidenciado pela análise psicanalítica trata-se do corpo
pulsional, e que o corpo biológico, ainda que seja do interesse das ciências biológicas, é visto
por Freud como a origem das pulsões, sendo que, seu interesse não está na origem das pulsões
e sim em seu destino. Sua constituição, portanto, se dá através dos caminhos percorridos pelas
pulsões, pela libido e pela relação com o outro, o outro cuidador.
A estrutura psicótica, portanto, segundo Vaisberg e Machado (2000) é o resultado do
enfrentamento de frustrações muito precoces, em uma fase de vida em que não foram
satisfatoriamente alcançadas e consolidadas a integração da personalidade, a diferenciação
eu/não-eu e estabelecidas relações objetais (Winnicott, 1945/1878ª apud Vaisberg e Machado,
2000, p.4).
Vaisberg e Machado (2000) concluem por meio de citação de Winnicott: "... a
importância do meio ambiente é tão vital neste estágio inicial, que se chega à inesperada
conclusão de que a esquizofrenia é uma espécie de doença de deficiência ambiental" (1948, p.
294).
Vemos, portanto, que a família do sujeito é o primordial componente ambiental que
corrobora com sua formação e desenvolvimento estrutural, influenciando em sua auto-
percepção como na percepção do mundo que o rodeia.
2. HISTÓRIA CLÍNICA
A paciente do presente estudo, chamada aqui de J. é a terceira filha de uma prole de
doze, sendo que um de seus irmãos morreu no parto e o outro, aos 2 anos, por complicações
de saúde agravadas pela negligência de seus pais. É natural do interior de GO, tem 43 anos,
7
uma filha de 5 anos e é solteira. O nascimento da paciente e seu desenvolvimento motor
foram normais, não apresentando nenhuma patologia neurológica durante a fase de
desenvolvimento. Durante a adolescência, disse-me ter tido uma convivência satisfatória com
os seus colegas, no entanto, aos 15 anos, apresenta os primeiros relatos de ecolalia (conversas
consigo mesma).
Na vida acadêmica, J. concluiu o ensino médio com especialização no Magistério.
Àquela época pretendia exercer a profissão de professora, porém, não foi o que aconteceu.
Acabou atuando como cabeleireira, durante algum tempo, em salão de beleza próprio, no
município de GO, em que residia.
Aos 22 anos morou, pelo período de 1 ano, com seu companheiro na casa de seus pais.
Durante o tempo em que viveram juntos foi obrigada a praticar dois abortos, provocando
brigas familiares, pois alegavam que ela fazia tudo o que era imposto pelo companheiro,
mesmo trazendo prejuízos à própria vida. Após a prática dos abortos o relacionamento chegou
ao fim: “antes disso eu me sentia uma pessoa completa” (sic). Aos 38 anos firmou contrato de
união estável com um homem mais velho do que ela 21 anos. O relacionamento iniciou-se por
interesses políticos e financeiros da família dela, sem que houvesse interesse sentimental por
parte da paciente. Quando a família percebeu que não receberia o status político e o dinheiro
prometido pelo companheiro de J., foi providenciada, por seus pais, a retirada dela da casa
onde morava com seu companheiro. Do relacionamento resultou o nascimento da única filha.
A menor mora com os avós maternos e por esse motivo o convívio das duas é restrito, diante
disso, a paciente relata episódios de rejeição em que a filha a dispensa, por exemplo, virando
as costas para ela quando tenta se aproximar. Atualmente, J. diz gostar de uma pessoa de sua
cidade, que conheceu quando tinha 15 anos de idade: “se ele arrumar outra pessoa eu perco a
esperança”.
Há dois anos em Brasília, mora na casa de um dos irmãos para realizar o tratamento
pelo CAPS. A busca por esse acompanhamento se deu devido ao aumento da ecolalia e alguns
eventos de delírio e alucinação, que a atrapalham em seu trabalho e no convívio com as outras
pessoas, sintomas que se iniciaram há 10 anos. Na atual moradia, quem cuida de J. é a
cunhada dela, acompanhando-a em todas as sessões e relatando ser, a paciente, explorada e
desrespeitada pela família. Contudo, J. diz que gosta de morar na casa do irmão e da cunhada,
mas sente muita falta dos pais e da casa dela em GO.
Em relação à sua condição de saúde, relata ter ”uma depressão em cima da outra e uma
agressividade pelo pensamento, ser aquela pessoa nervosa, esse aí que é meu problema” (sic),
relatou também, “que sente rancor, uma raiva grande, esquisita e que por causa das críticas da
família em relação aos seus comportamentos” (sic), inclusive a ecolalia, “a família não gosta
de mim muito conversadeira” (sic). Dessa forma vê-se obrigada a se controlar e reprimir seus
sentimentos. J. não apresenta ideação suicida e não percebe ganhos com seus sintomas e sim o
contrário: “perco muitas coisas, alguma coisa na memória, tenho certeza que é a memória”
(sic).
É a primeira vez que J. é submetida ao processo de Psicodiagnóstico. É acompanhada
pelo CAPs de Taguatinga/Brasília, faz uso dos medicamentos Haldol, Fenergan, Propanol e
Hidroclorotiazida, dos quais os dois últimos são para hipertensão.
Em relação ao Psicodiagnóstico, J. apresenta expectativas de cura para os seus
sintomas, podendo retornar à sua casa no município de Posse e ao convívio de seus pais. É
importante ressaltar, que no momento da entrevista inicial, J. trabalhava como empregada na
casa de uma amiga de sua cunhada e durante o desenvolvimento do processo, por iniciativa
própria, ela procurou e conseguiu outro emprego, de cabeleireira em um salão, onde se sente
bem, no entanto, disse-me que precisa se adaptar às outras pessoas. Durante as sessões foi
possível observar características infantilizadas em seu modo de se vestir e de falar.
8
Outro ponto de importante observação é o conhecimento de sua família de que J. está
se submetendo voluntariamente ao processo de Psicodiagnóstico na Universidade Católica de
Brasília (UCB) e ao tratamento no CAPS de Taguatinga, porém, não aceitam contato com o
Psicólogo que a acompanha na Universidade, nem com o CAPS; também não acreditam em
tratamentos psicológicos e em outros referentes à saúde mental, tendo, portanto, o
acompanhamento familiar de sua cunhada.
3 METODOLOGIA
O presente estudo baseou-se nos pressupostos metodológicos do modelo clínico-
qualitativo, através de um estudo de caso com base na compreensão psicanalítica. Define-se o
estudo de caso como um ensaio detalhado de única situação, com objetivo de determinar
dados singulares sobre o sujeito analisado, em busca da compreensão de situações similares,
sendo utilizado tanto na pesquisa qualitativa quanto na quantitativa. (THOMAS; NELSON,
2002).
Assim, ao optar-se pela metodologia de estudo de caso obteve-se a oportunidade de
estudo aprofundado para um aspecto específico de um problema, em um período de tempo
limitado. Além de ser apropriado para investigação de fenômenos quando há uma grande
variedade de fatores e relacionamentos que podem ser diretamente observados e não existem
leis básicas para determinar quais são importantes (Ventura, 2007).
3.1 PARTICIPANTES
O estudo foi realizado a partir da análise do caso de uma paciente psiquiátrica, com
idade de 43 anos, separada, mãe de uma filha de 5 anos, natural do interior de GO, com
hipótese de transtorno psicótico com episódios de delírio e alucinação. A paciente foi
encaminhada à clínica-escola da Universidade Católica de Brasília (UCB) para realização de
avaliação psicodiagnóstica a partir da solicitação da psicóloga responsável por seu
acompanhamento na instituição psiquiátrica em que se encontrava para tratamento.
3.2 INSTRUMENTOS
Foram utilizados como instrumentos da avaliação psicológica: Entrevista Clínica,
Genograma, Raven Matrizes Progressivas – Escala Geral, Mini Exame do Estado
Mental,HTP, Desenho da Família e Rorschach. Sendo assim, vale salientar que os principais
instrumentos avaliativos para a construção do presente estudo, foram os testes projetivos HTP
e Desenho da Família. Em seguida, os dados foram compilados e analisados, visando
identificar o funcionamento dinâmico da personalidade do sujeito sob o referencial teórico
psicanalítico.
4. DISCUSSÃO
A seguir serão discutidos a análise, os indicadores e a contribuição do desenho da
figura humana em relação aos indícios de estrutura psíquica, a partir de um estudo de caso
realizado com uma paciente, que chega à clínica-escola da Universidade Católica de Brasília
(UCB) visivelmente acanhada e introvertida, na companhia de sua cunhada. Sua situação de
introversão e acanhamento transforma-se ao longo da avaliação, pois com a formação do
vínculo, a paciente expressa acreditar que o processo de psicodiagnóstico tratava-se de
"provas como as da escola" e que ao finalizá-los considerava para si, haver passado em todas
com excelente nota. É, portanto, imprescindível a observação da riqueza oferecida pelo
9
mecanismo projetivo investido na forma e no resultado da execução dos desenhos aqui
analisados.
4.1 HTP
A análise dos indicadores deste instrumento psicológico demonstrou características de
rigidez em relação ao meio em que vive, a percepção de si e às relações interpessoais íntimas.
No desenho da pessoa, há indicações de hostilidade encoberta (olhos fechados), assim como a
presença de um afeto inadequado, ou uma simpatia forçada (sorriso aberto).
O perfeccionismo foi observado durante a execução do desenho, através da
preocupação excessiva com detalhes, como o chão dos desenhos e a força do traçado. A
necessidade de segurança e a ansiedade se mostraram fortemente presentes no cuidado e
extrema preocupação durante todos os desenhos da paciente. Isso coaduna com um esforço
para manter o controle do ego.
O desenho do tronco desproporcionalmente pequeno sugere uma negação de impulsos
do corpo, os braços longos implicam esforço para ambição exagerada, assim como as pernas
desenhadas de forma exageradamente longa conotam um forte esforço para autonomia. Olhos
pequenos e cerrados conotam um desejo de ver o mínimo possível. A omissão da linha do
queixo no desenho da pessoa implica um preocupante fluxo livre dos impulsos básicos do
corpo com uma provável falta de controle adequado. A omissão dos pés implica fortes
sentimentos de constrição
Seu pensamento se mostra ligado a hostilidade encoberta e regressivo, o que foi
possível perceber através do desenho da pessoa como figura palito e por meio de como a
paciente se apresentava nas sessões com vestes, por vezes, caracteristicamente infantis.
Figura 1 – HTP – Desenho da Pessoa
10
Algumas características sugerem possível psicose, como o detalhe do sol com olhos
vazados, o desenho de um pescoço muito fino e olhos sem pupila (contato pobre com a
realidade).
No que tange à proporção do desenho é possível observar que este se localiza no
quadrante superior esquerdo da folha sinalizando e confirmando o aspecto regressivo da
personalidade, um possível indicador de psicose.
4.2 DESENHO DA FAMÍLIA
Figura 2 – Desenho da família – frente da folha
11
Figura 3 – Desenho da família – verso da folha
O teste é iniciado com o desenho de seu pai denotando sua importância para a
paciente, no entanto, tanto seu pai como sua mãe, a segunda pessoa a ser representada, são
feitos de forma incompleta (sem o braço esquerdo e sem roupas), isso suscita que uma visão
inadequada de seus pais, implicando na utilização do mecanismo de defesa da negação em
relação a eles.
Configura seu grupo familiar como desunido e com seus membros afastados, pois os
posicionam distantes uns dos outros. Demonstra dúvida se pertence ou não à família e
sentimento de desvalia em relação aos outros membros, pois ao final do desenho pergunta ao
psicólogo se precisa se desenhar, e ao ser informada que ela é quem deve decidir, decide
realizar seu próprio desenho como o último.
Seu traçado se manteve lento e forte, durante todo o teste, preocupando-se
demasiadamente com detalhes, como a quantidade dos dedos dos pés e a volta do cotovelo.
Tal característica simboliza rigidez e uma compulsiva necessidade de controle de seus
impulsos.
A presença de rasuras no desenho de dois de seus familiares, um dos irmãos e uma das
irmãs, denotam sentimentos específicos e mais fortes em relação a eles.Todos os membros
foram desenhados nus, com os joelhos ressaltados, características de regressão e imaturidade.
Durante todo o teste, a paciente apresentou dificuldade em lidar com as margens da folha.
Também se representou maior que todos os outros membros levando a perceber uma postura
de dificuldade em lidar com os limites, limites esses também corporais, em que se mostram
complexos na diferenciação do eu e o outro.
Observou-se que a paciente expressa sentimentos de cerceamento, pois se desenhou
em último lugar. Há também a presença da nudez, da desproporção e da falta de noção
espacial que apontam para dificuldade em lidar com o tempo e o espaço, aspectos clínicos que
auxiliam o diagnóstico de psicose.
12
Os indicadores encontrados no teste do Desenho da Família, discutidos a seguir, a luz
do HTP, corroboram com a dificuldade da organização da imagem de si nas psicoses.
Percebemos nas figuras 2 e 3 o desenho de braços característicos em casos esquizofrênicos,
ou seja, braços parecidos com asas em que os dedos se parecem com penas curtas e largas,
podemos, também, notar outras características patológicas como a dificuldade em fechar a
base da pélvis, olhos fechados conotando uma hostilidade encoberta e bocas côncavas
demonstrando passividade e dependência, as mãos desenhadas com menos de cinco dedos
confirmando o sentimento de inadequação.
Dessa forma nota-se a ligação da constituição corporal da paciente com sua relação
com o outro, verificada nesse trabalho por meio da maneira em que representa a si em seu
ambiente familiar. A autora Queiroz colabora com essa importante visão através de seu texto:
A constituição do corpo humano se origina por marcas que permeiam uma história
onde a interacção com o outro acontece continuamente. “... o ego em última análise
deriva das sensações corporais, principalmente das que se originam, da superfície do
corpo. Ele pode ser assim encarado como uma projecção mental da superfície do
corpo, além de... representar as superfícies do aparelho mental.”1
(2008, p.55)
5. CONCLUSÃO
A realização do presente trabalho confirma achados teóricos pesquisados. A projeção
em técnicas menos estruturadas traz uma riqueza de expressão incontestável. Desta forma,
verifica-se através do recorte instrumental de técnicas gráficas projetivas, a fragilidade da
percepção de si e de seu corpo, que a psicose apresenta como característica estrutural.
Foi possível perceber que os desenhos por terem grande poder simbólico, saturados de
experiências emocionais e ideacionais ligados ao desenvolvimento da personalidade refletem
como o sujeito vê a si, percebe seu corpo, seus limites, sua forma e o outro.
Através das relações familiares, nota-se que suas representações e percepções são
fatores importantes e constituintes na formação da estrutura psíquica do sujeito, assim como
se apresentam como fator de grande influencia na percepção de si, de seu corpo e mais uma
vez, do outro.
Kolk (1984) nos ajuda a perceber o quanto a imagem corporal investigada através dos
desenhos podem servir para a identificação da estrutura psíquica do sujeito, bem como a
melhor e eficaz compreensão e avaliação do sujeito, pois relata que diante da solicitação de
desenhar uma pessoa, nos vemos impelidos a projetar nosso conceito de imagem corporal, de
forma multideterminada, podendo representar aspectos mais amplos do autoconceito, uma
imagem idealizada, uma expressão do conceito de outros no ambiente. Também, é importante
levar em conta que essa imagem é como a pessoa tem experienciado a percepção de si, de seu
corpo, tanto de forma consciente como inconsciente.
A imagem corporal, portanto, ultrapassa os limites do corpo físico. As representações
que temos e formamos de nós mesmos, através de nosso estado psíquico, dos sofrimentos
enfrentados, sejam eles físicos, como as doenças biológicas, ou psicológicos, como as
doenças da psique, proporcionam uma expansão ou diminuição de nossa percepção corporal,
no entanto, sem que as características estruturais sejam dispersas durante os processos
projetivos.
Dessa forma nota-se que a discussão das relações entre a imagem corporal, o núcleo
familiar e as estruturas psíquicas ao serem investigadas através das técnicas gráficas
projetivas é diversa e proporciona importante colaboração e elucidação à clínica psicológica e
ao enriquecimento do processo de psicodiagnóstico. O tema, então, se mostra amplo e, ainda,
carente de pesquisas.
1
1 FREUD, S (1987) «O Ego e o Id» in Obras Psicológicas Completas. Vol. XIX. Rio de Janeiro: Imago,p. 40
13
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANZIEU, D. Os métodos projetivos (M. L. E. Silva, Trad.). Rio de Janeiro: Campus, 1978.
BUCK, J. N. Manual HTP. Vetor, 2003.
CUNHA, Jurema Alcides. Psicodiagnóstico V. 5º. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
FREUD, Sigmund (1911) “Notas Psicanalíticas sobre um Relato Autobiográfico de um Caso
de Paranóia (Dementia paranoides)” in Freud, S. Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago,
1972, Vol.XII.
FREUD, Sigmund (1914) “Introdução ao Narcisismo” in Freud, S. Obras Completas. Rio de
Janeiro: Imago, 1972, Vol.XII
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Imagem corporal em psicose analisada por desenhos

  • 1. CLÍSTENES ARAUJO ANTUNES A IMAGEM CORPORAL NA PSICOSE: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DE TÉCNICAS DE DESENHO Artigo apresentado ao curso de Pós- Graduação em Psicopatologia e Psicodiagnóstico da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do Título de Especialista em Psicopatologia e Psicodiagnóstico. Orientadora: Profª. MSc. Mirna Dutra e Pinto Brasília 2010
  • 2. Artigo de autoria de Clístenes Araujo Antunes, intitulado “A IMAGEM CORPORAL NA PSICOSE: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DE TÉCNICAS DE DESENHO”, apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Especialista em Psicopatologia e Psicodiagnóstico pela Universidade Católica de Brasília, aprovado pela banca examinadora abaixo assinada: _________________________________________________________ Profª. MSc. Mirna Dutra e Pinto Orientadora Professora do curso de Especialização em Psicopatologia e Psicodiagnóstico – Pós- Graduação Latu Sensu – UCB __________________________________________________________ Brasília 2010
  • 3. AGRADECIMENTO As oportunidades da vida e aqueles que encontro quando olho para o lado, nos meus momentos de refazimento. Como vocês são importantes para mim.
  • 4. 3 A IMAGEM CORPORAL NA PSICOSE: UMA ANÁLISE ATRAVÉS DE TÉCNICAS DE DESENHO CLÍSTENES ARAUJO ANTUNES Resumo: O presente trabalho tem por objetivo discutir a importância das técnicas gráficas no processo de psicodiagnóstico, a possibilidade de fazer um diagnóstico diferencial por meio destas e investigar a sensibilidade da técnica para demonstrar a fragilidade egóica e a organização corporal em pacientes psicóticos. A pesquisa foi realizada a partir da análise do caso de uma paciente psiquiátrica com hipótese de transtorno psicótico seguido de episódios de delírio e alucinação encaminhado à clínica-escola da Universidade Católica de Brasília (UCB) para realização de avaliação psicodiagnóstica. Para a discussão desse estudo foram utilizados, com ênfase, o HTP e o Desenho da Família, como instrumentos de análise e avaliação. A realização do trabalho confirma achados teóricos pesquisados. A projeção em técnicas menos estruturadas traz uma riqueza de expressão incontestável. Desta forma, verifica-se, através do recorte instrumental de técnicas gráficas projetivas, a fragilidade da percepção de si e de seu corpo, que a psicose apresenta como característica estrutural. Palavras-chave: Psicodiagnóstico. Psicose. Imagem Corporal. Técnicas Gráficas. 1. INTRODUÇÃO O presente artigo visa discutir a imagem corporal na psicose com base em testes que utilizam as técnicas de desenho e de projeção, tendo como parâmetro o embasamento teórico psicanalítico. Para realização da avaliação que deu fruto a este artigo foram utilizados testes e técnicas projetivas como: HTP (House-Tree-Person) e Desenho da Família. A expressão psíquica das técnicas gráficas chamou atenção pela forma e pelo simbolismo, assim, estas serão analisadas e discutidas em relação ao diagnóstico de psicose. Frente aos achados elegeu- se a concepção de imagem corporal na constituição psíquica do sujeito. As técnicas projetivas gráficas são, em sua utilidade, amplamente reconhecidas no campo do psicodiagnóstico. A quantidade de obras publicadas que destacam o seu valor tanto na investigação da personalidade como na prática psicoterapêutica é ampla e diversa. Autores como Violet Oaklander (1980), John Stevens (1976) e a psiquiatra Nilse da Silveira, reconhecidos por seus trabalhos nessa área, não só corroboram com essa proposição, como também revelam que o mero fato de desenhar é, por si só, terapêutico. Assim, o ato de desenhar traz em si importante contribuição para o entendimento da subjetividade do sujeito, de sua forma de expressão psíquica com o mundo externo. Uma característica importante dos desenhos em fornecerem dados menos suscetíveis a várias distorções e restrições que afetam a comunicação verbal, o classificam como uma ferramenta de linguagem mais independente dos fatores conscientes, promovendo, assim, a projeção da personalidade do indivíduo. Dessa maneira depreende-se melhor a perspectiva da Teoria das Relações Objetais feita por Grassano (1996, apud Siqueira, 2003, p.72), ao descrever que por meio das condutas verbais, gráficas ou lúdicas do paciente observa-se sua capacidade de dar forma, de organização e de sentido emocional ao aspecto da realidade que o estímulo projetivo representa. Dessa forma, cada produção projetiva é uma criação que expressa o modo pessoal de estabelecer contato com as realidades interna e externa.
  • 5. 4 Siqueira esclarece ainda: As pranchas ou instruções, diz a autora, atuam dentro da situação projetiva como objetos mediadores das relações vinculares pessoais, que mobilizam e reeditam diversos aspectos da vida emocional. Dessa forma, toda produção projetiva é produto de uma síntese pessoal. A autora esclarece que os testes gráficos são os que detectam, com maior precisão, as características estruturais e de integração da personalidade. A possibilidade de controle intelectual e de disfarce, consciente ou inconsciente, diminui de forma marcante em relação aos testes verbais. (2003, p. 72) No HTP, especificamente, o desenho da pessoa nos remete às associações de cunho mais consciente que os outros desenhos do instrumento, incluindo a expressão direta da imagem corporal. A qualidade expressa no desenho reflete a capacidade de o sujeito atuar em relacionamentos e submeter o seu “self” e suas relações interpessoais à avaliação crítica objetiva. Em alguns casos, indivíduos paranóicos e psicóticos podem se recusar a fazê-los devido aos sentimentos intensos despertados em sua execução. Interpretações adicionais para o desenho da pessoa podem se referir ao conceito do indivíduo de seu papel e atitude sexuais em relação a um relacionamento interpessoal específico ou a relacionamentos interpessoais em geral. (Buck, 2003) No teste do Desenho da Família temos como contribuição a percepção que o sujeito tem de seu ambiente, da sua relação familiar e daqueles que convivem com ele. Autores como Klepsh e Logie (1984, apud Cunha, 2009) sugerem, portanto, a utilização do Desenho da Família como técnica projetiva, pois podem ser explorados aspectos psicodinâmicos, principalmente no intuito de revelar precocemente seus conflitos e a percepção do ambiente familiar, bem como seus sentimentos e atitudes referentes aos diferentes membros do núcleo em que vive. Hummer (1991, apud Cunha, 2009) contribui com o esclarecimento da percepção corporal do sujeito ao analisar em seus casos os aspectos formais e estruturais de cada figura, em especial da que representa o próprio sujeito, integrando dados relativos ao grupo familiar com hipóteses interpretativas do desenho da figura humana. Nota-se, portanto, que a formação da percepção do “eu” e, também da noção de corpo psíquico do sujeito passa pela influência familiar, não somente da relação com seus membros, mas também pela forma como os outros o vêem e declaram como e quem ele é. A psicose apresenta uma fragilidade na constituição do ego que reflete a desorganização psíquica, a qual pode ser analisada pela organização da imagem corporal. Tal aspecto é discutido por Freud (1914) em uma de suas afirmações conhecidas em relação ao “eu”, em que postula que o eu é antes de tudo um eu corporal. Dessa forma, sua constituição passa pela via do corpo, seus limites e delineamento entre o que é dentro/fora o eu/outro. Diante disso Goidanich (2003) alerta que para o melhor entendimento da psicose, como uma estrutura diferenciada, devemos observar a maneira como os psicóticos constituem seu corpo e se relacionam com ele, o que pode ser um exemplo das grandes variações encontradas dentro de um mesmo quadro estrutural amplo, ou seja, não falamos de uma estrutura rigidamente determinada, falamos de psicoses. Assim, a psicose pode ser pesquisada no desenho da família, através da maneira como são representados os membros constituintes da família do analisando, pois fornecem dados importantes para a composição da análise perceptiva de como o sujeito se vê e como vê o outro. Já no HTP é o desenho da Pessoa (Person) que, também, nos fornece uma rica análise da constituição da imagem corporal nas psicoses, visualizada no teste por meio do mecanismo projetivo. Em Laplanche encontramos como foi introduzido o termo psicose: O termo “psicose” foi introduzido em 1845 por Feuchterseleben no seu Manual de psicologia médica (Lerhbuch der ärztlichen Seelenckun-de). Para ele o termo designa a doença mental (Seelenkrankheit), ao passo que neurose designa as afecções do sistema nervoso, das quais só algumas podem ser traduzidas em
  • 6. 5 sintomas de uma “psicose”. Qualquer psicose é ao mesmo tempo uma neurose porque, sem intervenção da vida nervosa, nenhuma modificação do psíquico se manifesta; mas nem toda neurose é também uma psicose.(Hunter e Malcapine apud Laplance,2001, p. 393) No entanto, é Freud que através de seus trabalhos sobre a oposição neurose-psicose contribui de forma veemente para a definição coerente e estrutural da psicose. Em seus primeiros escritos, o autor procura nos mostrar o conflito defensivo em ação contra a sexualidade, especificando os mecanismos originais que operam na relação do sujeito com o exterior: a rejeição e a projeção. No Caso Schereber, Freud (1911) retoma a questão da psicose através da relação entre os investimentos libidinais e os investimentos das pulsões do ego no objeto, o que trazia a verificação e o cuidado para que a idéia da perda da realidade não fosse encarada de forma generalizada nas psicoses. Ainda em Freud (1911), portanto, o estado psicótico é uma doença da defesa, ou seja, é uma expressão desesperada do eu para se preservar de uma representação inassimilável, rejeitada, que ameaça sua integridade. Nasio (2001) esclarece ainda que as manifestações psicóticas, o delírio ou a alucinação, são conseqüências que derivam do conflito travado pelo “eu” para se defender de uma dor insuportável causada por uma idéia intolerável, a qual deve ser rejeitada e expulsa a todo custo para sua proteção. Esse jogo do desejo, inerente ao psiquismo humano, que relaciona o mundo simbólico com a linguagem, acaba por ter, na psicose, uma rejeição do simbólico, que terá seu surgimento no real. Lacan denominou esse movimento de foraclusão, dando sua contribuição ao entendimento da psicose, pois em sua teoria do significante a regulação do sujeito com seu desejo se dá através da formalização do processo da substituição significante, ou seja, a elisão do desejo da mãe, colocando em seu lugar a função do pai. (Ramirez, 2003, p.108) 1.1 TÉCNICAS GRÁFICAS: IMAGEM CORPORAL NA PSICOSE As técnicas projetivas veiculam estímulos invariavelmente pouco estruturados, exigindo do examinado, como conseqüência, um intenso grau de criação e elaboração pessoal, podendo expressar sua maneira natural e inconsciente de perceber a si, sua formação e seu mundo (Anzieu, 1978; Güntert,2000). É importante, no entanto, ater-se às especificidades da produção de cada indivíduo com o objetivo de captar o padrão que lhe é peculiar. Sua produção deve ser avaliada qualitativamente, considerando o máximo de informações possível, especialmente de sua história clínica. Observa-se, então, que a utilização de técnicas projetivas é de cunho investigativo da personalidade e da estrutura do sujeito que se submete a ela, não sendo adequado descrevê-las como um teste que tem por objetivo medir algo. Dessa maneira, seja qual for a técnica aplicada no processo de psicodiagnóstico, é fundamental ter em mente que ela não passa de uma ferramenta, como é apontado por Mayer e colaboradores: Os testes não pensam por si nem se comunicam diretamente com os pacientes. Como um estetoscópio, um aparelho para medir pressão ou tomografia, o teste psicológico é um instrumento obtuso e seu valor não pode ser dissociado da sofisticação do clínico que levanta inferências a partir dele (Mayer ET AL, 2001, p.153). Desse modo, pensar na ligação existente entre a representação da imagem corporal através das técnicas projetivas gráficas nos remete à constituição da estrutura da personalidade de cada sujeito. O inconsciente acaba por se fazer presente através da projeção
  • 7. 6 eliciada nos desenhos. O corpo, portanto, lugar e palco em que se encenam as relações entre o psíquico e o somático nos revela, através dos desenhos projetivos realizados pelos examinandos, a percepção que eles têm de si em sua forma mais direta e profunda. Nas psicoses, segundo Queiroz (2008), o corpo é invadido pelo gozo, não experimentando a passagem da indiferenciação para a diferenciação, não distinguindo o externo do interno, o “eu” do “outro”. A autora nos remete ainda que na estrutura psicótica o próprio corpo do indivíduo ou o corpo do “outro” se torna o espaço a destruir ou aquele que se funde. Nessa estrutura, o processo secundário não trará atribuição de sentido às coisas, mas tornará dizível um mundo que apenas reflete um corpo que se auto-rejeita. Dessa forma, percebemos que a psique do psicótico paga um alto preço por trabalhar numa figuração que se serve das imagens da corporais traduzindo uma posição de mutilado e uma sensação de agressão que parte do corpo materno. Mesmo assim, um fato é comum na estrutura psicótica: há um grande estranhamento do psicótico em relação ao corpo dele. Goidanich (2003) relata que: “os sujeitos psicóticos parecem estar muitas vezes alheios de seu próprio corpo. Relacionam-se com ele como se fosse um outro, um objeto estranho. Tomam o corpo quase como uma carcaça da qual pudessem prescindir”. No entanto, nos momentos de crises, Goidinich (2003) afirma que quando acometidos pelo ápice dos surtos, muitas vezes a problemática passa a ser radicalmente distinta. Nesses períodos os sujeitos psicóticos ficam totalmente tomados pelas afecções que sentem atingir seu corpo, que podemos explanar por meio das alucinações e delírios. Outro autor como Metzger (2006) nos aponta em seu estudo uma dessas verificações. Ao apresentar em seu artigo o acompanhamento terapêutico de uma adolescente psicótica que apresentava um comportamento auto-agressivo: batia em si mesma. A autora nos remete, ainda, a uma das principais questões referentes ao “eu” na psicose, sua fragmentação, característica que será explorada futuramente na análise dos testes aplicados na paciente aqui estudada. Vale ressaltar que o corpo evidenciado pela análise psicanalítica trata-se do corpo pulsional, e que o corpo biológico, ainda que seja do interesse das ciências biológicas, é visto por Freud como a origem das pulsões, sendo que, seu interesse não está na origem das pulsões e sim em seu destino. Sua constituição, portanto, se dá através dos caminhos percorridos pelas pulsões, pela libido e pela relação com o outro, o outro cuidador. A estrutura psicótica, portanto, segundo Vaisberg e Machado (2000) é o resultado do enfrentamento de frustrações muito precoces, em uma fase de vida em que não foram satisfatoriamente alcançadas e consolidadas a integração da personalidade, a diferenciação eu/não-eu e estabelecidas relações objetais (Winnicott, 1945/1878ª apud Vaisberg e Machado, 2000, p.4). Vaisberg e Machado (2000) concluem por meio de citação de Winnicott: "... a importância do meio ambiente é tão vital neste estágio inicial, que se chega à inesperada conclusão de que a esquizofrenia é uma espécie de doença de deficiência ambiental" (1948, p. 294). Vemos, portanto, que a família do sujeito é o primordial componente ambiental que corrobora com sua formação e desenvolvimento estrutural, influenciando em sua auto- percepção como na percepção do mundo que o rodeia. 2. HISTÓRIA CLÍNICA A paciente do presente estudo, chamada aqui de J. é a terceira filha de uma prole de doze, sendo que um de seus irmãos morreu no parto e o outro, aos 2 anos, por complicações de saúde agravadas pela negligência de seus pais. É natural do interior de GO, tem 43 anos,
  • 8. 7 uma filha de 5 anos e é solteira. O nascimento da paciente e seu desenvolvimento motor foram normais, não apresentando nenhuma patologia neurológica durante a fase de desenvolvimento. Durante a adolescência, disse-me ter tido uma convivência satisfatória com os seus colegas, no entanto, aos 15 anos, apresenta os primeiros relatos de ecolalia (conversas consigo mesma). Na vida acadêmica, J. concluiu o ensino médio com especialização no Magistério. Àquela época pretendia exercer a profissão de professora, porém, não foi o que aconteceu. Acabou atuando como cabeleireira, durante algum tempo, em salão de beleza próprio, no município de GO, em que residia. Aos 22 anos morou, pelo período de 1 ano, com seu companheiro na casa de seus pais. Durante o tempo em que viveram juntos foi obrigada a praticar dois abortos, provocando brigas familiares, pois alegavam que ela fazia tudo o que era imposto pelo companheiro, mesmo trazendo prejuízos à própria vida. Após a prática dos abortos o relacionamento chegou ao fim: “antes disso eu me sentia uma pessoa completa” (sic). Aos 38 anos firmou contrato de união estável com um homem mais velho do que ela 21 anos. O relacionamento iniciou-se por interesses políticos e financeiros da família dela, sem que houvesse interesse sentimental por parte da paciente. Quando a família percebeu que não receberia o status político e o dinheiro prometido pelo companheiro de J., foi providenciada, por seus pais, a retirada dela da casa onde morava com seu companheiro. Do relacionamento resultou o nascimento da única filha. A menor mora com os avós maternos e por esse motivo o convívio das duas é restrito, diante disso, a paciente relata episódios de rejeição em que a filha a dispensa, por exemplo, virando as costas para ela quando tenta se aproximar. Atualmente, J. diz gostar de uma pessoa de sua cidade, que conheceu quando tinha 15 anos de idade: “se ele arrumar outra pessoa eu perco a esperança”. Há dois anos em Brasília, mora na casa de um dos irmãos para realizar o tratamento pelo CAPS. A busca por esse acompanhamento se deu devido ao aumento da ecolalia e alguns eventos de delírio e alucinação, que a atrapalham em seu trabalho e no convívio com as outras pessoas, sintomas que se iniciaram há 10 anos. Na atual moradia, quem cuida de J. é a cunhada dela, acompanhando-a em todas as sessões e relatando ser, a paciente, explorada e desrespeitada pela família. Contudo, J. diz que gosta de morar na casa do irmão e da cunhada, mas sente muita falta dos pais e da casa dela em GO. Em relação à sua condição de saúde, relata ter ”uma depressão em cima da outra e uma agressividade pelo pensamento, ser aquela pessoa nervosa, esse aí que é meu problema” (sic), relatou também, “que sente rancor, uma raiva grande, esquisita e que por causa das críticas da família em relação aos seus comportamentos” (sic), inclusive a ecolalia, “a família não gosta de mim muito conversadeira” (sic). Dessa forma vê-se obrigada a se controlar e reprimir seus sentimentos. J. não apresenta ideação suicida e não percebe ganhos com seus sintomas e sim o contrário: “perco muitas coisas, alguma coisa na memória, tenho certeza que é a memória” (sic). É a primeira vez que J. é submetida ao processo de Psicodiagnóstico. É acompanhada pelo CAPs de Taguatinga/Brasília, faz uso dos medicamentos Haldol, Fenergan, Propanol e Hidroclorotiazida, dos quais os dois últimos são para hipertensão. Em relação ao Psicodiagnóstico, J. apresenta expectativas de cura para os seus sintomas, podendo retornar à sua casa no município de Posse e ao convívio de seus pais. É importante ressaltar, que no momento da entrevista inicial, J. trabalhava como empregada na casa de uma amiga de sua cunhada e durante o desenvolvimento do processo, por iniciativa própria, ela procurou e conseguiu outro emprego, de cabeleireira em um salão, onde se sente bem, no entanto, disse-me que precisa se adaptar às outras pessoas. Durante as sessões foi possível observar características infantilizadas em seu modo de se vestir e de falar.
  • 9. 8 Outro ponto de importante observação é o conhecimento de sua família de que J. está se submetendo voluntariamente ao processo de Psicodiagnóstico na Universidade Católica de Brasília (UCB) e ao tratamento no CAPS de Taguatinga, porém, não aceitam contato com o Psicólogo que a acompanha na Universidade, nem com o CAPS; também não acreditam em tratamentos psicológicos e em outros referentes à saúde mental, tendo, portanto, o acompanhamento familiar de sua cunhada. 3 METODOLOGIA O presente estudo baseou-se nos pressupostos metodológicos do modelo clínico- qualitativo, através de um estudo de caso com base na compreensão psicanalítica. Define-se o estudo de caso como um ensaio detalhado de única situação, com objetivo de determinar dados singulares sobre o sujeito analisado, em busca da compreensão de situações similares, sendo utilizado tanto na pesquisa qualitativa quanto na quantitativa. (THOMAS; NELSON, 2002). Assim, ao optar-se pela metodologia de estudo de caso obteve-se a oportunidade de estudo aprofundado para um aspecto específico de um problema, em um período de tempo limitado. Além de ser apropriado para investigação de fenômenos quando há uma grande variedade de fatores e relacionamentos que podem ser diretamente observados e não existem leis básicas para determinar quais são importantes (Ventura, 2007). 3.1 PARTICIPANTES O estudo foi realizado a partir da análise do caso de uma paciente psiquiátrica, com idade de 43 anos, separada, mãe de uma filha de 5 anos, natural do interior de GO, com hipótese de transtorno psicótico com episódios de delírio e alucinação. A paciente foi encaminhada à clínica-escola da Universidade Católica de Brasília (UCB) para realização de avaliação psicodiagnóstica a partir da solicitação da psicóloga responsável por seu acompanhamento na instituição psiquiátrica em que se encontrava para tratamento. 3.2 INSTRUMENTOS Foram utilizados como instrumentos da avaliação psicológica: Entrevista Clínica, Genograma, Raven Matrizes Progressivas – Escala Geral, Mini Exame do Estado Mental,HTP, Desenho da Família e Rorschach. Sendo assim, vale salientar que os principais instrumentos avaliativos para a construção do presente estudo, foram os testes projetivos HTP e Desenho da Família. Em seguida, os dados foram compilados e analisados, visando identificar o funcionamento dinâmico da personalidade do sujeito sob o referencial teórico psicanalítico. 4. DISCUSSÃO A seguir serão discutidos a análise, os indicadores e a contribuição do desenho da figura humana em relação aos indícios de estrutura psíquica, a partir de um estudo de caso realizado com uma paciente, que chega à clínica-escola da Universidade Católica de Brasília (UCB) visivelmente acanhada e introvertida, na companhia de sua cunhada. Sua situação de introversão e acanhamento transforma-se ao longo da avaliação, pois com a formação do vínculo, a paciente expressa acreditar que o processo de psicodiagnóstico tratava-se de "provas como as da escola" e que ao finalizá-los considerava para si, haver passado em todas com excelente nota. É, portanto, imprescindível a observação da riqueza oferecida pelo
  • 10. 9 mecanismo projetivo investido na forma e no resultado da execução dos desenhos aqui analisados. 4.1 HTP A análise dos indicadores deste instrumento psicológico demonstrou características de rigidez em relação ao meio em que vive, a percepção de si e às relações interpessoais íntimas. No desenho da pessoa, há indicações de hostilidade encoberta (olhos fechados), assim como a presença de um afeto inadequado, ou uma simpatia forçada (sorriso aberto). O perfeccionismo foi observado durante a execução do desenho, através da preocupação excessiva com detalhes, como o chão dos desenhos e a força do traçado. A necessidade de segurança e a ansiedade se mostraram fortemente presentes no cuidado e extrema preocupação durante todos os desenhos da paciente. Isso coaduna com um esforço para manter o controle do ego. O desenho do tronco desproporcionalmente pequeno sugere uma negação de impulsos do corpo, os braços longos implicam esforço para ambição exagerada, assim como as pernas desenhadas de forma exageradamente longa conotam um forte esforço para autonomia. Olhos pequenos e cerrados conotam um desejo de ver o mínimo possível. A omissão da linha do queixo no desenho da pessoa implica um preocupante fluxo livre dos impulsos básicos do corpo com uma provável falta de controle adequado. A omissão dos pés implica fortes sentimentos de constrição Seu pensamento se mostra ligado a hostilidade encoberta e regressivo, o que foi possível perceber através do desenho da pessoa como figura palito e por meio de como a paciente se apresentava nas sessões com vestes, por vezes, caracteristicamente infantis. Figura 1 – HTP – Desenho da Pessoa
  • 11. 10 Algumas características sugerem possível psicose, como o detalhe do sol com olhos vazados, o desenho de um pescoço muito fino e olhos sem pupila (contato pobre com a realidade). No que tange à proporção do desenho é possível observar que este se localiza no quadrante superior esquerdo da folha sinalizando e confirmando o aspecto regressivo da personalidade, um possível indicador de psicose. 4.2 DESENHO DA FAMÍLIA Figura 2 – Desenho da família – frente da folha
  • 12. 11 Figura 3 – Desenho da família – verso da folha O teste é iniciado com o desenho de seu pai denotando sua importância para a paciente, no entanto, tanto seu pai como sua mãe, a segunda pessoa a ser representada, são feitos de forma incompleta (sem o braço esquerdo e sem roupas), isso suscita que uma visão inadequada de seus pais, implicando na utilização do mecanismo de defesa da negação em relação a eles. Configura seu grupo familiar como desunido e com seus membros afastados, pois os posicionam distantes uns dos outros. Demonstra dúvida se pertence ou não à família e sentimento de desvalia em relação aos outros membros, pois ao final do desenho pergunta ao psicólogo se precisa se desenhar, e ao ser informada que ela é quem deve decidir, decide realizar seu próprio desenho como o último. Seu traçado se manteve lento e forte, durante todo o teste, preocupando-se demasiadamente com detalhes, como a quantidade dos dedos dos pés e a volta do cotovelo. Tal característica simboliza rigidez e uma compulsiva necessidade de controle de seus impulsos. A presença de rasuras no desenho de dois de seus familiares, um dos irmãos e uma das irmãs, denotam sentimentos específicos e mais fortes em relação a eles.Todos os membros foram desenhados nus, com os joelhos ressaltados, características de regressão e imaturidade. Durante todo o teste, a paciente apresentou dificuldade em lidar com as margens da folha. Também se representou maior que todos os outros membros levando a perceber uma postura de dificuldade em lidar com os limites, limites esses também corporais, em que se mostram complexos na diferenciação do eu e o outro. Observou-se que a paciente expressa sentimentos de cerceamento, pois se desenhou em último lugar. Há também a presença da nudez, da desproporção e da falta de noção espacial que apontam para dificuldade em lidar com o tempo e o espaço, aspectos clínicos que auxiliam o diagnóstico de psicose.
  • 13. 12 Os indicadores encontrados no teste do Desenho da Família, discutidos a seguir, a luz do HTP, corroboram com a dificuldade da organização da imagem de si nas psicoses. Percebemos nas figuras 2 e 3 o desenho de braços característicos em casos esquizofrênicos, ou seja, braços parecidos com asas em que os dedos se parecem com penas curtas e largas, podemos, também, notar outras características patológicas como a dificuldade em fechar a base da pélvis, olhos fechados conotando uma hostilidade encoberta e bocas côncavas demonstrando passividade e dependência, as mãos desenhadas com menos de cinco dedos confirmando o sentimento de inadequação. Dessa forma nota-se a ligação da constituição corporal da paciente com sua relação com o outro, verificada nesse trabalho por meio da maneira em que representa a si em seu ambiente familiar. A autora Queiroz colabora com essa importante visão através de seu texto: A constituição do corpo humano se origina por marcas que permeiam uma história onde a interacção com o outro acontece continuamente. “... o ego em última análise deriva das sensações corporais, principalmente das que se originam, da superfície do corpo. Ele pode ser assim encarado como uma projecção mental da superfície do corpo, além de... representar as superfícies do aparelho mental.”1 (2008, p.55) 5. CONCLUSÃO A realização do presente trabalho confirma achados teóricos pesquisados. A projeção em técnicas menos estruturadas traz uma riqueza de expressão incontestável. Desta forma, verifica-se através do recorte instrumental de técnicas gráficas projetivas, a fragilidade da percepção de si e de seu corpo, que a psicose apresenta como característica estrutural. Foi possível perceber que os desenhos por terem grande poder simbólico, saturados de experiências emocionais e ideacionais ligados ao desenvolvimento da personalidade refletem como o sujeito vê a si, percebe seu corpo, seus limites, sua forma e o outro. Através das relações familiares, nota-se que suas representações e percepções são fatores importantes e constituintes na formação da estrutura psíquica do sujeito, assim como se apresentam como fator de grande influencia na percepção de si, de seu corpo e mais uma vez, do outro. Kolk (1984) nos ajuda a perceber o quanto a imagem corporal investigada através dos desenhos podem servir para a identificação da estrutura psíquica do sujeito, bem como a melhor e eficaz compreensão e avaliação do sujeito, pois relata que diante da solicitação de desenhar uma pessoa, nos vemos impelidos a projetar nosso conceito de imagem corporal, de forma multideterminada, podendo representar aspectos mais amplos do autoconceito, uma imagem idealizada, uma expressão do conceito de outros no ambiente. Também, é importante levar em conta que essa imagem é como a pessoa tem experienciado a percepção de si, de seu corpo, tanto de forma consciente como inconsciente. A imagem corporal, portanto, ultrapassa os limites do corpo físico. As representações que temos e formamos de nós mesmos, através de nosso estado psíquico, dos sofrimentos enfrentados, sejam eles físicos, como as doenças biológicas, ou psicológicos, como as doenças da psique, proporcionam uma expansão ou diminuição de nossa percepção corporal, no entanto, sem que as características estruturais sejam dispersas durante os processos projetivos. Dessa forma nota-se que a discussão das relações entre a imagem corporal, o núcleo familiar e as estruturas psíquicas ao serem investigadas através das técnicas gráficas projetivas é diversa e proporciona importante colaboração e elucidação à clínica psicológica e ao enriquecimento do processo de psicodiagnóstico. O tema, então, se mostra amplo e, ainda, carente de pesquisas. 1 1 FREUD, S (1987) «O Ego e o Id» in Obras Psicológicas Completas. Vol. XIX. Rio de Janeiro: Imago,p. 40
  • 14. 13 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANZIEU, D. Os métodos projetivos (M. L. E. Silva, Trad.). Rio de Janeiro: Campus, 1978. BUCK, J. N. Manual HTP. Vetor, 2003. CUNHA, Jurema Alcides. Psicodiagnóstico V. 5º. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000. FREUD, Sigmund (1911) “Notas Psicanalíticas sobre um Relato Autobiográfico de um Caso de Paranóia (Dementia paranoides)” in Freud, S. Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago, 1972, Vol.XII. FREUD, Sigmund (1914) “Introdução ao Narcisismo” in Freud, S. Obras Completas. Rio de Janeiro: Imago, 1972, Vol.XII GOIDANICH, Marcia. Configurações do corpo nas psicoses. Psicologia & Sociedade, jul./dez. 2003, vol. 15, no.2, p.65-73. GÜNTERT, A. E. V. A. Técnicas projetivas: o geral e o singular em avaliação psicológica. In: F. F. Sisto; E. T. B. Sbardelini & R. Primi (Orgs.). Contextos e questões da avaliação psicológica (pp. 77-84). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2000. LOURENÇÃO Van Kolck, O. Testes projetivos gráficos no diagnóstico psicológico. São Paulo: EPU, 1984. METZGER, Clarissa. Contornos e fragmentação do eu na psicose: reflexão a partir do acompanhamento terapêutico de uma adolescente. Psychê, São Paulo: Unimarco, n. 18, p. 41-52, Setembro 2006. NASIO, J. D. Os Grandes Casos de Psicose. Rio De Janeiro: Jorge Zahar, 2001. OAKLANDER, Violet. Descobrindo Crianças: A abordagem gestáltica com crianças e adolescentes. Trad. George Schlesinger. São Paulo: Summus Editorial, 1980. QUEIROZ, M. G. A Relação da Sensorialidade Com a Transmissão Psíquica: Uma Abordagem na Psicose. Afreudite - Ano IV, 2008 - n.º7/8 pp. 55-61. STEVENS, John O., Tornar-se Presente: experimentos de crescimento em gestalt-terapia (tradução de Maria Julia Kovacs e George Schlesinger), Summus, São Paulo, 1972. Meyer, Gregory J.; Finn, Stephen E.; Eyde, Lorraine D.; Kay, Gary G.; Moreland, Kevin L.; Dies, Robert R.; Eisman, Elena J.; Kubiszyn, Tom W.; Reed, Geoffrey M. Psychological Testing and Psychological Assessment: A Review of Evidence and Issues, American Psychologist, v56 n2 p128-65 Feb 2001. THOMAS, J. R.; NELSON, J. K. Pesquisa descritiva.In: ______. Métodos de pesquisa em atividade física.3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002. pp. 279-302. VENTURA, M. M. O Estudo de Caso como Modalidade de Pesquisa. SOCERJ, 2007. setembro/outubro, pp. 383-386