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E AS 25 LEIS DO ENDOMARKETING
Por Vinicius de Carvalho / 2007
O conteúdo do e-Book Endomarketing Inteligente e Criativo
está registrado junto ao Escritório de Direitos Autorais da
Fundação Biblioteca Nacional sob o n° 409217 de 05 de
Setembro de 2007. Qualquer material que possua elevada
semelhança ou igualdade de conteúdos, e não possua
autorização prévia deste autor, fere os Direitos de
Propriedade Autoral, e estará sujeito às restrições legais.
www.endomkt.com
Sobre o Autor
Vinicius de Carvalho
Direitos Autorais
Atua há mais de 10 anos no universo interno das organizações,
sempre trabalhando com os temas relacionados com o
Engajamento e o Endomarketing. Possui formação em comunicação
social e especialização em gestão de pessoas, antropologia de
mercado e inteligência estratégica.
Como profissional, foi sócio-diretor de grandes agências dedicadas
ao desenvolvimento de soluções para o engajamento e motivação
internos. Ao longo deste período percebeu a falta de profissionais
qualificados nas organizações para tratarem do tema do
Engajamento, Motivação, Endomarketing. O ponto mais importante
foi compreender que esta falta de preparação profissional era
causada pela inexistência de um escola dedicada a este tema, capaz
incluisve de certificar profissionais. Foi em 2007 que Vinicius de
Carvalho criou a ENDO, onde passou a dedicar-se ao propósito da
formação profissional qualificada para as áreas do Engajamento e
Endomarketing.
+ de 400 estratégias de engajamento e endomarketing
+ de 600 campanhas e ações de engajamento e endomarketing
+ de 45 Laboratórios de Ideias e inovação desenvolvidos
+ de 40 redes internas de comunicação implantadas
+ de 45 grandes eventos internos de engajamento e
endomarketing
+ de 300 programas internos de engajamento e endomarketing
Atuação direta e presencial como gestor executivo de projetos de
Engajamento e Endomarketing em mais de 6 países, em 4
continentes diferentes (América do Sul, américa do Norte, Europa e
África). Algumas empresas onde atuou: Renault, Petrobrás,
Companha Siderúrgica Nacional – CSN, Zaffari Bourbon, AES
Energia, Grupo Sonae, TMN, Portugal Telecom, TAP, Samsung, entre
tantas outras.
NÚMEROSDEVINICIUSCARVALHO
Fale com o autor: endo@endomkt.com
Introdução	
  
	
  
	
  	
  
Toda	
   empresa	
   deseja	
   crescer.	
   Para	
   isso,	
   toma	
   decisões	
  
estratégicas	
   em	
   relação	
   ao	
   seu	
   posicionamento	
   de	
   mercado	
   que	
  
determinam	
   a	
   forma	
   como	
   será	
   percebida	
   por	
   seus	
   clientes,	
  
consumidores	
  e	
  parceiros.	
  Não	
  importa	
  o	
  segmento,	
  indústria,	
  comércio	
  
ou	
  serviços.	
  Posicionamento	
  é	
  algo	
  chave	
  para	
  o	
  sucesso	
  da	
  organização,	
  
e	
  isto	
  influencia	
  sua	
  capacidade	
  de	
  gerar	
  resultados	
  positivos,	
  econômicos	
  
e	
  humanos,	
  hoje	
  e	
  no	
  futuro.	
  
Porém,	
   consolidar	
   uma	
   posição	
   de	
   marketing	
   duradoura	
   e	
  
rentável	
  requer	
  respaldo	
  e	
  identificação	
  autêntica	
  de	
  todos	
  os	
  membros	
  
da	
  empresa	
  com	
  sua	
  proposta	
  de	
  valor.	
  Ou	
  seja,	
  se	
  sua	
  empresa	
  deseja	
  
encantar,	
   surpreender	
   e	
   fidelizar	
   seu	
   cliente,	
   então	
   deve	
   começar	
  
encantando,	
  surpreendendo	
  e	
  fidelizando	
  seus	
  colaboradores.	
  
A	
   regra	
   é	
   simples,	
   não	
   importa	
   a	
   “palavra”	
   que	
   você	
   queira	
  
transmitir	
  ao	
  mercado,	
  para	
  que	
  de	
  fato	
  seus	
  clientes	
  ou	
  consumidores	
  
percebam	
   esta	
   proposição	
   é	
   preciso,	
   antes	
   de	
   qualquer	
   outra	
   coisa,	
  
empreender	
  o	
  mesmo	
  esforço	
  conceitual,	
  didático,	
  informativo	
  e	
  cultural	
  
junto	
  ao	
  seu	
  público	
  interno.	
  Isso	
  porque	
  a	
  qualidade	
  da	
  relação	
  de	
  uma	
  
empresa	
  com	
  seu	
  mercado,	
  clientes	
  ou	
  consumidores	
  é	
  um	
  reflexo	
  direto	
  
da	
   qualidade	
   do	
   relacionamento	
   que	
   ela	
   estabelece	
   com	
   seus	
  
colaboradores.	
  
Pessoas:	
   são	
   elas	
   que,	
   através	
   de	
   suas	
   atitudes,	
   traduzem	
   ao	
  
mercado	
  tudo	
  aquilo	
  que	
  a	
  empresa	
  é,	
  ou	
  pretende	
  ser.	
  Portanto,	
  se	
  o	
  
principal	
   motivo	
   pelo	
   qual	
   elas	
   trabalharem	
   na	
   empresa	
   for	
   apenas	
   o	
  
salário,	
  isso	
  influenciará	
  suas	
  atitudes	
  de	
  forma	
  que	
  jamais	
  esta	
  empresa	
  
será	
   percebida	
   pela	
   qualidade	
   do	
   atendimento	
   ou	
   por	
   excelência	
  
operacional.	
  Em	
  resumo,	
  são	
  as	
  pessoas	
  que	
  satisfazem	
  as	
  necessidades	
  
dos	
   clientes	
   e	
   consumidores	
   da	
   organização,	
   e	
   para	
   satisfazer	
   as	
  
necessidades	
   dos	
   outros	
   é	
   preciso	
   que	
   suas	
   próprias	
   necessidades,	
  
tangíveis	
  ou	
  não,	
  estejam	
  satisfeitas	
  em	
  primeiro	
  lugar.	
  
Mais	
   que	
   satisfazer,	
   surpreender,	
   determinando	
   assim	
   um	
  
diferencial	
  competitivo	
  que	
  nenhum	
  concorrente	
  possa	
  copiar,	
  uma	
  vez	
  
que	
  produtos,	
  serviços	
  ou	
  tecnologias,	
  cada	
  vez	
  mais	
  se	
  tornam	
  fáceis	
  de	
  
reproduzir.	
   Isso	
   significa	
   dizer	
   que	
   a	
   diferenciação	
   verdadeira	
   ocorre	
  
através	
   da	
   marca	
   que	
   a	
   empresa	
   apresenta	
   ao	
   mercado,	
   e	
   a	
   marca	
   é	
  
essencialmente	
  uma	
  construção	
  subjetiva	
  feita	
  por	
  pessoas,	
  para	
  pessoas.	
  	
  
Quando	
  consumimos	
  um	
  produto	
  ou	
  serviço	
  nos	
  preocupamos	
  
muito	
   menos	
   com	
   suas	
   características	
   intrínsecas,	
   e	
   muito	
   mais	
   com	
   o	
  
benefício	
  e	
  a	
  satisfação	
  proporcionados	
  por	
  ele.	
  Esta	
  confiança	
  atribuída,	
  
que	
  resulta	
  em	
  prazer	
  e	
  realização,	
  é	
  o	
  resultado	
  do	
  trabalho	
  de	
  toda	
  uma	
  
rede	
  de	
  pessoas	
  interligadas,	
  objetivamente	
  por	
  normas	
  e	
  processos,	
  e,	
  
subjetivamente	
   por	
   uma	
   idéia,	
   por	
   algo	
   maior,	
   generoso,	
   desafiante,	
   e	
  
motivo	
  de	
  orgulho.	
  Viver	
  esta	
  marca	
  e	
  sentir	
  sua	
  identidade	
  internamente	
  
garante	
  que	
  externamente	
  ela	
  será	
  valorizada	
  e	
  desejada,	
  quem	
  sabe,	
  a	
  
preferida.	
  	
  
Falamos	
   então	
   de	
   posicionamento	
   cuja	
   concepção	
   é	
   mesmo	
  
anterior	
  ao	
  próprio	
  endomarketing.	
  Enquanto	
  o	
  primeiro	
  é	
  um	
  profundo	
  
exercício	
  de	
  reflexão	
  e	
  planejamento	
  que	
  orienta	
  como	
  a	
  empresa	
  atuará	
  
no	
   mercado,	
   o	
   endomarketing	
   visa	
   transformar	
   esta	
   construção	
  
conceitual	
   em	
   prática	
   e	
   resultados	
   concretos,	
   desdobrando	
   o	
  
posicionamento	
   dentro	
   da	
   empresa	
   para	
   mobilizar	
   cada	
   pessoa	
   no	
  
desempenho	
   de	
   seu	
   papel	
   para	
   cumprir	
   a	
   “promessa”	
   feita	
  
externamente.	
   Isto	
   é	
   possível	
   a	
   partir	
   de	
   duas	
   questões	
   essenciais:	
   a	
  
motivação	
  das	
  pessoas	
  com	
  seu	
  trabalho,	
  e,	
  as	
  decisões	
  que	
  tomam	
  em	
  
seu	
  dia-­‐a-­‐dia.	
  
Nós	
   sabemos	
   que	
   pessoas	
   motivadas	
   fazem	
   toda	
   diferença,	
  
mas	
   é	
   preciso	
   organizar	
   o	
   conhecimento	
   acerca	
   de	
   teoria	
   motivacional	
  
que	
  é	
  empregado	
  pelo	
  endomarketing,	
  desmistificando	
  seu	
  vínculo	
  com	
  a	
  
felicidade	
  e	
  certas	
  responsabilidades	
  atribuídas	
  à	
  empresa,	
  bem	
  como	
  a	
  
idéia	
   de	
   que	
   motivação	
   pode	
   ser	
   espontaneamente	
   gerada.	
   Quanto	
   ao	
  
processo	
  decisório,	
  tema	
  amplamente	
  estudado	
  desde	
  os	
  primórdios	
  da	
  
Administração,	
   é	
   evidente	
   sua	
   correlação	
   com	
   a	
   prática	
   de	
   um	
  
posicionamento,	
   que	
   é	
   percebido	
   através	
   do	
   relacionamento	
   dos	
  
membros	
  da	
  empresa	
  com	
  seus	
  clientes,	
  e	
  também	
  com	
  construção	
  de	
  
uma	
   marca,	
   pois,	
   as	
   pessoas	
   são	
   contratadas	
   pelas	
   empresas	
   para	
  
tomarem	
  decisões,	
  mais,	
  ou	
  menos	
  complexas,	
  sejam	
  elas	
  operacionais	
  
ou	
  estratégicas,	
  e	
  que	
  determinam	
  que	
  opinião,	
  consumidores	
  e	
  clientes,	
  
formarão	
  a	
  respeito	
  da	
  empresa.	
  
Trata-­‐se	
  de	
  uma	
  abordagem	
  mais	
  complexa	
  em	
  relação	
  ao	
  que	
  
comumente	
  vem	
  sendo	
  praticado	
  pelas	
  organizações,	
  que	
  cada	
  vez	
  mais	
  
despertam	
   o	
   interesse	
   para	
   o	
   tema,	
   percebendo	
   que	
   a	
   partir	
   de	
  
demandas	
   mais	
   exigentes	
   e	
   complexas	
   de	
   clientes	
   e	
   consumidores,	
  
precisam	
  também	
  inovar	
  junto	
  ao	
  seu	
  público	
  interno.	
  	
  
Há	
  pelo	
  menos	
  uma	
  década	
  o	
  endomarketing	
  passou	
  a	
  integrar	
  
a	
  agenda	
  das	
  principais	
  empresas	
  brasileiras.	
  Ainda	
  controverso	
  e	
  carente	
  
de	
  consistência	
  conceitual,	
  ganhou	
  espaço	
  e	
  tornou-­‐se	
  fator	
  importante	
  
para	
  o	
  sucesso	
  de	
  nossas	
  organizações,	
  sendo	
  um	
  diferencial	
  obrigatório	
  
às	
   melhores	
   empresas	
   do	
   país.	
   Comprova	
   o	
   ranking	
   “As	
   Melhores	
  
Empresas	
  para	
  Trabalhar	
  no	
  Brasil”,	
  editado	
  anualmente	
  por	
  revistas	
  de	
  
expressão	
   nacional.	
   A	
   verdade	
   é	
   que	
   a	
   grande	
   maioria	
   dos	
   integrantes	
  
desta	
  lista	
  constituiu	
  e	
  legitimou	
  um	
  programa	
  de	
  marketing	
  interno.	
  	
  
Contudo,	
   ainda	
   há	
   muito	
   a	
   ser	
   descoberto	
   sobre	
   o	
  
endomarketing.	
   A	
   literatura	
   disponível	
   sobre	
   o	
   tema,	
   brasileira	
   ou	
  
estrangeira,	
   ainda	
   é	
   insuficiente,	
   salvo	
   restritas	
   exceções,	
   tanto	
   em	
  
relação	
   à	
   quantidade,	
   quanto	
   em	
   relação	
   à	
   consistência	
   teórica	
   do	
  
conteúdo.	
  Nesse	
  sentido,	
  este	
  livro	
  busca	
  contribuir,	
  pretende	
  questionar	
  
certos	
  paradigmas	
  e	
  organizar	
  o	
  conhecimento	
  teórico	
  e	
  técnico	
  existente,	
  
esclarecendo	
  aos	
  profissionais	
  que	
  recorrem	
  ao	
  endomarketing	
  suas	
  reais	
  
potencialidades,	
  ferramentas	
  e	
  funções	
  na	
  empresa.	
  Irá	
  recorrer	
  à	
  teoria,	
  
sem	
   preconceito	
   e	
   com	
   sólido	
   referencial	
   bibliográfico,	
   para	
   apoiar	
   as	
  
proposições	
  que	
  defende,	
  e	
  constituir	
  uma	
  base	
  inicial	
  mais	
  densa	
  para	
  o	
  
marketing	
   interno,	
   entretanto,	
   mantendo	
   a	
   humildade	
   de	
   reconhecer	
  
suas	
   limitações,	
   abrir	
   espaço	
   para	
   novas	
   abordagens	
   e	
   promover	
   um	
  
debate	
  amplo	
  e	
  plural	
  sobre	
  o	
  assunto.	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
	
  
1.	
  COMPREENDENDO	
  O	
  CAMPO	
  DE	
  ESTUDO	
  
	
  
	
  
Antes	
   de	
   qualquer	
   afirmação	
   mais	
   rigorosa	
   sobre	
   o	
   que	
   é	
  
endomarketing	
   e	
   como	
   é	
   estruturado,	
   precisamos	
   combinar	
   algumas	
  
coisas.	
   Em	
   primeiro	
   lugar:	
   este	
   assunto	
   é	
   bem	
   mais	
   complexo	
   do	
   que	
  
parece.	
  Por	
  este	
  motivo	
  é	
  preciso,	
  antes	
  de	
  qualquer	
  passo,	
  conhecer	
  e	
  
compreender	
  o	
  cenário	
  em	
  que	
  atuaremos.	
  
Segundo,	
  considerando	
  que	
  o	
  endomarketing	
  se	
  trata	
  de	
  uma	
  
área	
  de	
  conhecimento	
  muito	
  jovem,	
  ele	
  ainda	
  se	
  apóia	
  em	
  outras	
  áreas	
  
de	
  conhecimento	
  para	
  adquirir	
  uma	
  personalidade	
  própria,	
  e	
  referenciais	
  
uníssonos.	
   Estes	
   saberes	
   vêm	
   da	
   Sociologia,	
   da	
   Psicologia,	
   da	
  
Administração	
  e	
  da	
  Comunicação,	
  principalmente,	
  sendo	
  necessário	
  um	
  
olhar	
  minimamente	
  crítico	
  a	
  respeito.	
  
Finalmente,	
   o	
   endomarketing	
   é	
   um	
   processo	
   gerencial	
  
desenvolvido	
  em	
  resposta	
  a	
  certos	
  problemas	
  de	
  gestão	
  empresarial	
  com	
  
o	
   objetivo	
   de	
   minimizar	
   seus	
   possíveis	
   impactos	
   negativos.	
   Dentre	
   eles	
  
podemos	
  citar	
  com	
  destaque	
  a	
  necessidade	
  de	
  promover	
  a	
  motivação	
  das	
  
pessoas,	
   a	
   gestão	
   do	
   clima	
   organizacional,	
   a	
   busca	
   por	
   desempenhos	
  
superiores	
  (normalmente	
  atrelado	
  ao	
  processo	
  de	
  tomada	
  de	
  decisão),	
  e,	
  
a	
  gestão	
  de	
  mudanças	
  –	
  fator	
  que,	
  usualmente,	
  enfrenta	
  uma	
  resistência	
  
natural	
   das	
   pessoas,	
   como	
   por	
   exemplo,	
   a	
   implementação	
   de	
   um	
  
programa	
  de	
  Qualidade.	
  Logo,	
  para	
  propor	
  uma	
  resposta,	
  inicialmente	
  é	
  
preciso	
  compreender	
  a	
  pergunta,	
  e	
  isso	
  demanda	
  nossa	
  atenção.	
  
Assim	
   sendo,	
   nosso	
   primeiro	
   desafio	
   é	
   a	
   apropriação	
   deste	
  
arcabouço	
  teórico	
  inicial,	
  nivelando,	
  ajustando	
  ou	
  apenas	
  relembrando,	
  o	
  
que	
  sabemos	
  sobre	
  organizações,	
  gestão	
  e	
  motivação.	
  Cabe	
  lembrar	
  que	
  
muito	
   daquilo	
   que	
   conhecemos	
   provém	
   de	
   estudos	
   teóricos:	
   nosso	
  
sistema	
   de	
   governo,	
   nosso	
   modo	
   de	
   produção,	
   a	
   forma	
   como	
  
organizamos	
  o	
  trabalho,	
  enfim.	
  Por	
  isso,	
  sinta-­‐se	
  convidado	
  a	
  visitar	
  um	
  
pouco	
   de	
   teoria,	
   para	
   que	
   depois	
   possamos	
   construir	
   uma	
   nova	
   visão	
  
sobre	
  o	
  endomarketing.	
  	
  	
  	
  
	
  
Organização	
  e	
  Gerenciamento	
  
O	
   endomarketing	
   não	
   é	
   a	
   mera	
   importação	
   dos	
   conceitos	
   e	
  
ferramentas	
  do	
  marketing	
  para	
  dentro	
  da	
  empresa.	
  As	
  relações	
  humanas	
  
e	
  estímulos	
  que	
  ocorrem	
  no	
  mercado	
  são	
  muito	
  diferentes	
  daquelas	
  que	
  
se	
  verificam	
  em	
  um	
  grupo	
  humano	
  organizado.	
  Por	
  este	
  motivo,	
  para	
  a	
  
ideal	
   compreensão	
   do	
   endomarketing	
   é	
   preciso,	
   primeiramente,	
  
compreender	
  o	
  que	
  é,	
  e	
  como	
  se	
  administra	
  uma	
  organização,	
  no	
  caso,	
  
uma	
   organização	
   empresarial,	
   nivelando	
   o	
   conhecimento	
   básico	
   acerca	
  
do	
   que	
   ela	
   significa,	
   e	
   compreendendo	
   ainda	
   como	
   alguns	
   conceitos	
  
essenciais	
  como	
  produtividade,	
  eficiência,	
  senso	
  de	
  equipe	
  e	
  motivação,	
  
se	
  formaram	
  e	
  influenciam	
  o	
  gerencialismo	
  até	
  hoje.	
  
Neste	
  ponto	
  cabe	
  lembrar	
  as	
  mais	
  antigas	
  organizações	
  que	
  se	
  
institucionalizaram	
  no	
  mundo,	
  milhares	
  de	
  anos	
  atrás	
  até	
  os	
  dias	
  atuais,	
  e	
  
que,	
   sem	
   dúvida,	
   inspiraram	
   a	
   formação	
   das	
   chamadas	
   organizações	
  
modernas.	
  São	
  elas:	
  o	
  Exército	
  e	
  a	
  Igreja.	
  
Há	
  diferentes	
  formas	
  de	
  se	
  interpretar	
  uma	
  organização,	
  com	
  
teorias	
   distintas	
   como	
   a	
   mecanicista,	
   dos	
   sistemas,	
   contingencial,	
  
institucional,	
  a	
  abordagem	
  psicanalítica,	
  dentre	
  outras.	
  Contudo,	
  dentre	
  
os	
  pensamentos	
  que	
  formaram	
  as	
  bases	
  fundamentais	
  das	
  empresas	
  hoje	
  
em	
  dia,	
  sem	
  dúvida	
  merecem	
  destaque,	
  a	
  teoria	
  Estrutural-­‐Funcionalista	
  
de	
  Durkhein	
  e	
  Comte,	
  e	
  também,	
  os	
  ensaios	
  de	
  Weber	
  sobre	
  a	
  Burocracia,	
  
demonstrando	
   ser	
   esta	
   a	
   maneira	
   ideal	
   de	
   controlar	
   e	
   exercer	
   poder	
  
sobre	
  a	
  sociedade,	
  ratificando	
  uma	
  história	
  de	
  dominantes	
  e	
  dominados.	
  
A	
  teoria	
  funcionalista,	
  ou	
  ainda	
  a	
  lógica	
  positivista,	
  vê	
  a	
  sociedade	
  como	
  
um	
  corpo	
  humano,	
  com	
  funções	
  distintas,	
  onde	
  há	
  uma	
  parte	
  pensante	
  
(nobre)	
  e	
  outra	
  parte	
  operativa	
  (membros),	
  que	
  sustenta	
  as	
  demais.	
  
A	
   Burocracia	
   representa	
   o	
   aparelho	
   da	
   “dominação	
   racional	
  
legal”,	
  que	
  é	
  exercida	
  por	
  leis	
  e	
  um	
  sistema	
  de	
  poder	
  organizado,	
  que	
  é	
  
apropriado	
   à	
   estrutura,	
   e	
   ela,	
   portanto,	
   prevê	
   hierarquias	
   de	
  
subordinação	
  direta,	
  assim	
  como	
  processos	
  de	
  interação	
  protocolares	
  e	
  
subdivisão	
  de	
  conhecimento	
  –	
  este	
  último,	
  um	
  fator	
  com	
  o	
  qual	
  hoje	
  em	
  
dia	
  esbarramos	
  com	
  os	
  processos	
  de	
  aprendizagem	
  organizacional.	
  
Ainda	
  na	
  mesma	
  linha	
  positivista,	
  o	
  principal	
  teórico	
  da	
  teoria	
  
administrativa,	
  o	
  francês	
  Henri	
  Fayol,	
  em	
  1915,	
  propôs	
  o	
  conceito	
  sobre	
  o	
  
quê	
   seria	
   a	
   administração:	
   planejar,	
   organizar,	
   dirigir,	
   coordenar	
   e	
  
controlar.	
   Determinou	
   ainda	
   os	
   princípios	
   da	
   administração,	
   dentre	
   os	
  
quais,	
   novamente,	
   a	
   subordinação	
   direta	
   de	
   linha	
   de	
   comando.	
  
Concomitantemente,	
  Frederick	
  Taylor,	
  nos	
  EUA,	
  trouxe	
  à	
  tona	
  o	
  conceito	
  
da	
   Administração	
   Científica,	
   baseada	
   nos	
   estudos	
   de	
   tempos,	
  
movimentos	
  e	
  fadiga,	
  ainda	
  reforçando	
  uma	
  clara	
  distinção	
  entre	
  a	
  parte	
  
pensante	
   e	
   a	
   parte	
   operativa	
   da	
   organização.	
   Esta	
   doutrina	
   chamou-­‐se	
  
Mecanicista.	
  Em	
  resumo,	
  Taylor	
  introduziu	
  o	
  conceito	
  de	
  produtividade,	
  
já	
  que	
  seus	
  estudos	
  versavam,	
  essencialmente,	
  sobre	
  isso.	
  Para	
  o	
  autor,	
  
ao	
  minimizar	
  a	
  fadiga	
  gerada	
  pelo	
  trabalho	
  a	
  produtividade	
  aumentava,	
  
na	
   época	
   preocupava-­‐se	
   com	
   o	
   trabalho	
   braçal,	
   e	
   transpondo	
   este	
  
raciocínio	
  para	
  a	
  atualidade,	
  nossa	
  preocupação	
  se	
  volta	
  para	
  as	
  questões	
  
de	
  “fadiga	
  mental”	
  ou	
  estresse.	
  	
  	
  
Um	
   dos	
   campos	
   faltantes	
   para	
   a	
   legitimidade	
   da	
   forma	
  
moderna	
   de	
   administrar	
   uma	
   organização	
   era,	
   justamente,	
   a	
   dimensão	
  
ética,	
   proposta	
   por	
   Herbert	
   Simon	
   poucos	
   anos	
   depois.	
   O	
   autor,	
   com	
  
raízes	
  em	
  Maquiavel,	
  propôs	
  o	
  conhecido	
  “só	
  pode	
  ser	
  gerenciado	
  aquilo	
  
que	
   pode	
   ser	
   medido”,	
   excluindo	
   assim	
   os	
   julgamentos	
   de	
   valor	
   do	
  
processo	
  de	
  tomada	
  de	
  decisão	
  gerencial.	
  Assim,	
  exclui	
  a	
  subjetividade	
  do	
  
gerenciamento,	
  afirmando	
  que	
  apenas	
  os	
  julgamentos	
  de	
  fato,	
  baseados	
  
em	
   números,	
   eram	
   considerados,	
   tendo	
   como	
   objetivo	
   garantir,	
   a	
  
qualquer	
   custo,	
   que	
   a	
   empresa	
   cumprisse	
   seus	
   objetivos,	
   fato	
   que	
   se	
  
mantém	
   presente	
   em	
   muitas	
   organizações	
   até	
   hoje.	
   Temos	
   enfim,	
   a	
  
lógica	
  da	
  eficiência.	
  
Até	
   este	
   momento,	
   o	
   homem	
   na	
   organização	
   era	
   visto	
  
meramente	
  como	
  um	
  fator	
  produtivo.	
  Isso	
  até	
  a	
  década	
  de	
  30,	
  quando	
  
ainda	
  era	
  comum	
  o	
  trabalho	
  infantil	
  em	
  jornadas	
  superiores	
  a	
  12	
  horas	
  
por	
  dia,	
  em	
  funções	
  insalubre.	
  Apenas	
  após	
  o	
  crack	
  de	
  1929	
  novas	
  formas	
  
de	
  olhar	
  o	
  homem	
  nas	
  organizações	
  foram	
  introduzidas	
  na	
  Administração,	
  
porém	
   as	
   coisas	
   começaram	
   a	
   mudar	
   de	
   verdade	
   ao	
   fim	
   da	
   II	
   Guerra	
  
Mundial,	
  quando	
  no	
  início	
  da	
  década	
  de	
  50,	
  com	
  os	
  estudos	
  de	
  Tavistock	
  
de	
   Elton	
   Mayo,	
   melhor	
   elaborados	
   no	
   decorrer	
   da	
   leitura,	
   perceberam	
  
que	
   a	
   medida	
   em	
   que	
   as	
   pessoas	
   estabeleciam	
   relações	
   mais	
   afetivas	
  
entre	
   si	
   sua	
   produtividade	
   melhorava,	
   percebendo	
   assim	
   a	
   noção	
   de	
  
equipe,	
  essencial	
  ao	
  endomarketing.	
  	
  
Motivação	
  e	
  Clima	
  Organizacional	
  	
  
Não	
  há	
  como	
  dissociar	
  o	
  endomarketing	
  da	
  noção	
  de	
  motivação,	
  
pois	
   sua	
   prática	
   está	
   diretamente	
   voltada	
   à	
   promoção	
   da	
   mesma.	
   Para	
  
evitar	
   uma	
   visão	
   romântica	
   de	
   motivação,	
   acreditando	
   que	
   todo	
  
investimento	
   da	
   empresa	
   seja	
   em	
   energia	
   ou	
   em	
   recursos	
   financeiros,	
  
deve	
   retornar	
   em	
   forma	
   de	
   comprometimento	
   e	
   de	
   um	
   desempenho	
  
superior,	
  devemos	
  percorrer	
  a	
  formação	
  da	
  teoria	
  motivacional	
  vigente.	
  
Assim,	
   nesta	
   seção	
   abordaremos	
   os	
   principais	
   conceitos	
   que	
   a	
  
determinam,	
  mostrando	
  ainda	
  como	
  a	
  noção	
  de	
  QVT	
  (Qualidade	
  de	
  vida	
  
no	
   Trabalho)	
   influenciou	
   fortemente	
   o	
   pensamento	
   sobre	
   o	
   marketing	
  
interno	
  em	
  resposta	
  à	
  necessidade	
  de	
  gestão	
  do	
  clima	
  organizacional.	
  
Evolução	
  das	
  abordagens	
  motivacionais	
  
	
  
O	
   pioneirismo	
   de	
   uma	
   visão	
   diferenciada	
   do	
   ser	
   humano	
   nas	
  
organizações	
   é	
   creditado	
   a	
   Eric	
   Trist,	
   precursor	
   da	
   noção	
   de	
   QVT,	
   em	
  
1950,	
  juntamente	
  a	
  Elton	
  Mayo	
  em	
  seus	
  estudos	
  no	
  Tavistock	
  Institute,	
  
origem	
  da	
  Escola	
  das	
  Relações	
  Humanas,	
  a	
  partir	
  de	
  suas	
  pesquisas	
  que	
  
visavam	
   uma	
   abordagem	
   sócio-­‐técnica	
   da	
   relação	
   estabelecida	
   entre	
   a	
  
organização,	
  seus	
  membros	
  e	
  o	
  trabalho	
  por	
  eles	
  desempenhados,	
  cujo	
  
objetivo	
   era	
   analisar	
   e	
   reestruturar	
   tarefas	
   no	
   sentido	
   de	
   tornar	
   a	
   vida	
  
destes	
  trabalhadores	
  menos	
  penosa	
  (Fernandes,	
  1996;	
  Rodrigues,	
  1994).	
  
Entendia-­‐se	
  por	
  ambiente	
  sócio-­‐técnico	
  um	
  sistema	
  composto	
  por	
  duas	
  
dimensões:	
   a	
   primeira	
   relacionada	
   à	
   tarefa	
   ou	
   funções,	
   formada	
   por	
  
atributos	
  tais	
  como	
  instalações,	
  equipamentos,	
  tecnologia,	
  dentre	
  outros;	
  
a	
   segunda	
   constituída	
   pelas	
   pessoas	
   e	
   os	
   aspectos	
   intangíveis	
   que	
   elas	
  
trazem	
  consigo,	
  como	
  cultural,	
  valores	
  e,	
  principalmente,	
  pelas	
  relações	
  
sociais	
  no	
  ambiente	
  de	
  trabalho.	
  	
  
Esta	
   abordagem,	
   contrariando	
   a	
   Escola	
   da	
   Administração	
  
Científica,	
   defendia	
   que	
   os	
   processos	
   produtivos	
   não	
   deveriam	
   ser	
  
compreendidos	
  e	
  desenhados	
  a	
  partir	
  dos	
  paradigmas	
  tecnológicos,	
  uma	
  
vez	
   que	
   reside	
   na	
   dimensão	
   social	
   o	
   fator	
   capaz	
   de	
   transformar	
   os	
  
recursos	
   materiais	
   em	
   potencial	
   real	
   de	
   produção.	
   O	
   “fator	
   humano”	
  
passa	
  a	
  ser	
  considerado	
  importante.	
  
Em	
   outras	
   palavras,	
   para	
   facilitar	
   a	
   compreensão,	
   os	
  
proponentes	
   realizaram	
   uma	
   série	
   de	
   experimentos	
   com	
   pessoas	
   em	
  
áreas	
   produtivas,	
   o	
   principal	
   deles	
   registrado	
   na	
   fábrica	
   da	
   Western	
  
Eletric,	
  em	
  uma	
  linha	
  teste	
  de	
  produção	
  de	
  relés	
  telefônicos.	
  Dentre	
  as	
  
várias	
   conclusões	
   obtidas,	
   a	
   que	
   mais	
   nos	
   interessa	
   foi	
   a	
   que	
   se	
   deu	
   a	
  
partir	
   do	
   estímulo	
   ao	
   relacionamento	
   inter-­‐pessoal	
   do	
   grupo	
   teste.	
   A	
  
medida	
  em	
  que	
  as	
  pessoas	
  passavam	
  mais	
  tempo	
  juntas,	
  nos	
  intervalos,	
  
sem	
   necessariamente	
   produzir,	
   e	
   tendo	
   em	
   vista	
   um	
   sistema	
   de	
  
remuneração	
   que	
   privilegiava	
   o	
   coletivo,	
   sua	
   produtividade	
   crescia,	
   a	
  
ponto	
  de	
  ser	
  possível	
  tirar	
  pessoas	
  da	
  linha	
  de	
  montagem	
  e	
  a	
  produção	
  
permanecer	
   igual.	
   Ou	
   seja,	
   o	
   grupo	
   passou	
   a	
   se	
   apoiar	
   mutuamente,	
  
formando	
   uma	
   verdadeira	
   equipe.	
   É	
   claro	
   que	
   outros	
   fatores	
  
corroboravam	
   para	
   isso,	
   dentre	
   eles	
   a	
   perspectiva	
   de	
   supervisão	
   ou	
  
vigilância,	
   contudo	
   a	
   constituição	
   de	
   um	
   grupo	
   de	
   trabalho	
   que	
   se	
  
protegia	
  é	
  o	
  aspecto	
  de	
  maior	
  relevância.	
  
Esta	
   primeira	
   movimentação	
   já	
   preconizava	
   a	
   formação	
   da	
  
Escola	
  Comportamental,	
  ou	
  Behaviorismo,	
  cujas	
  premissas	
  fundamentais	
  
persistem	
  até	
  hoje,	
  validadas	
  e	
  praticadas	
  de	
  maneira	
  majoritária	
  quando	
  
se	
  trata	
  de	
  gestão	
  de	
  recursos	
  humanos.	
  A	
  Escola	
  Comportamental	
  teve	
  
como	
  principais	
  expoentes	
  Abraham	
  Maslow	
  (1954),	
  Frederick	
  Herzberg	
  
et	
  al.	
  (1968)	
  e	
  Herbert	
  Simon	
  (1965),	
  este	
  último	
  merece	
  especial	
  atenção,	
  
pois	
  com	
  seu	
  livro	
  “Comportamento	
  Administrativo”	
  (1979;	
  Cap.	
  3;	
  Fatos	
  
e	
   Valores	
   do	
   Processo	
   Decisório.	
   	
   p.	
   53-­‐71)	
   sedimentou	
   as	
   bases	
   da	
  
conduta	
   ética	
   vigente	
   na	
   maioria	
   das	
   organizações	
   empresariais,	
  
fortemente	
   calcada	
   em	
   eficiência,	
   orientada	
   pela	
   racionalidade	
  
instrumental	
  e,	
  muitas	
  vezes,	
  destituída	
  de	
  juízos	
  de	
  valor,	
  ou	
  seja,	
  pouco	
  
comprometida	
  com	
  o	
  bem	
  estar	
  das	
  pessoas.	
  Este	
  autor	
  ainda	
  se	
  dedicou	
  
ao	
   estudo	
   de	
   sua	
   Teoria	
   do	
   Equilíbrio	
   Organizacional,	
   que	
   defende	
   o	
  
estabelecimento	
   de	
   uma	
   relação	
   reciprocamente	
   vantajosa	
   entre	
  
indivíduo	
  e	
  organização	
  para	
  que	
  se	
  verifique	
  justiça	
  entre	
  satisfação	
  do	
  
empregado	
   e	
   seu	
   desempenho	
   no	
   trabalho,	
   e	
   ainda	
   ao	
   estudo	
   com	
  
profundidade	
  os	
  processos	
  de	
  tomada	
  de	
  decisão	
  nas	
  organizações.	
  
Herzberg	
  et	
  al.	
  (1968),	
  ao	
  perceber	
  com	
  suas	
  pesquisas	
  que	
  os	
  
fatores	
   que	
   causavam	
   satisfação	
   nos	
   empregados	
   eram	
   intrínsecos	
   ao	
  
cargo	
   enquanto	
   aqueles	
   que	
   causavam	
   a	
   insatisfação	
   eram	
   externos,	
  
desenvolveu	
   a	
   Teoria	
   dos	
   Fatores	
   de	
   Motivação	
   e	
   Higiene.	
   Ou	
   seja,	
   a	
  
amplitude	
   de	
   complexidade	
   das	
   tarefas	
   inerentes	
   ao	
   cargo,	
   autonomia	
  
decisória,	
  oportunidade	
  de	
  assumir	
  desafios,	
  uso	
  da	
  criatividade,	
  dentre	
  
outros,	
  representam	
  em	
  conjunto,	
  um	
  fator	
  motivador	
  ao	
  indivíduo,	
  no	
  
entanto,	
   quando	
   não	
   percebidos	
   no	
   trabalho,	
   não	
   seriam	
   responsáveis	
  
por	
   insatisfação.	
   Já	
   os	
   fatores	
   higiênicos,	
   como	
   por	
   exemplo,	
  
remuneração,	
   segurança,	
   processos	
   da	
   empresa,	
   enfim,	
   se	
   atendidos	
  
adequadamente	
   evitam	
   o	
   descontentamento	
   (conflito),	
   contudo	
   não	
  
promovem	
   maior	
   satisfação,	
   salvo	
   não	
   sejam	
   percebidos	
   de	
   maneira	
  
favorável,	
  nesse	
  caso,	
  seriam	
  responsáveis	
  por	
  insatisfação.	
  
Maslow	
   (1954)	
   contribuiu	
   fundamentalmente	
   à	
   Teoria	
  
Organizacional	
  ao	
  despertar	
  os	
  gestores	
  para	
  o	
  fato	
  de	
  que	
  não	
  apenas	
  
necessidades	
   de	
   cunho	
   econômico	
   são	
   importantes	
   às	
   pessoas,	
   estas	
  
necessidades	
   são	
   também	
   de	
   natureza	
   social	
   e	
   psicológica,	
   e	
   isto	
   esta	
  
diretamente	
  relacionado	
  à	
  noção	
  de	
  qualidade	
  de	
  vida	
  no	
  trabalho.	
  Além	
  
disso,	
   não	
   apenas	
   estrutura	
   física,	
   instalações	
   e	
   condições	
   para	
   o	
  
desempenho	
   da	
   tarefa	
   são	
   motivadores,	
   há	
   uma	
   série	
   de	
   fatores	
  
intangíveis,	
  como	
  auto-­‐estima	
  e	
  auto-­‐realização,	
  que	
  são	
  animadores	
  da	
  
motivação.	
   Esta	
   visão	
   é	
   apresentada	
   em	
   sua	
   Teoria	
   da	
   Hierarquia	
   das	
  
Necessidades,	
   que	
   apesar	
   de	
   não	
   ter	
   sido	
   elaborada	
   pelo	
   autor	
   em	
  
formato	
  de	
  pirâmide,	
  é	
  assim	
  comumente	
  conhecida,	
  e	
  é	
  crescentemente	
  
configurada	
   como	
   necessidades:	
   fisiológicas,	
   de	
   segurança,	
   sociais,	
   de	
  
auto-­‐estima,	
  e	
  de	
  auto-­‐realização.	
  
Os	
   estudos	
   de	
   Maslow	
   e	
   Herzberg	
   mostram-­‐se	
   bastante	
  
complementares.	
  O	
  primeiro	
  voltou	
  seus	
  estudos	
  a	
  como	
  se	
  manifestam	
  
as	
  necessidades	
  humanas,	
  acreditando	
  que	
  a	
  medida	
  em	
  que	
  é	
  satisfeito	
  
o	
  conjunto	
  mais	
  básico	
  destas	
  necessidades	
  o	
  indivíduo	
  passa	
  a	
  perseguir	
  
o	
  próximo	
  nível	
  hierárquico.	
  Já	
  Herzberg	
  focou-­‐se	
  nas	
  formas	
  como	
  estas	
  
necessidades	
  podem	
  ser	
  satisfeitas	
  pela	
  organização,	
  propondo	
  ainda	
  o	
  
“enriquecimento”	
  do	
  trabalho	
  para	
  aumentar	
  a	
  motivação	
  do	
  indivíduo	
  e,	
  
por	
  conseqüência,	
  seu	
  desempenho,	
  a	
  partir	
  de	
  um	
  “aumento	
  intencional	
  
de	
   responsabilidade,	
   amplitude	
   e	
   desafio	
   no	
   trabalho”	
   (Hersey	
   e	
  
Blanchard,	
   1974).	
   Os	
   primeiros	
   níveis	
   das	
   necessidades	
   humanas	
   de	
  
Maslow	
  são	
  correlatos	
  aos	
  fatores	
  higiênicos	
  de	
  Herzberg,	
  enquanto	
  os	
  
níveis	
  superiores,	
  aos	
  fatores	
  motivacionais.	
  	
  
Douglas	
   McGregor	
   também	
   é	
   um	
   autor	
   importante	
   para	
   a	
  
compreensão	
   das	
   bases	
   teóricas	
   deste	
   movimento	
   pela	
   busca	
   de	
   uma	
  
teoria	
  sobre	
  motivação.	
  O	
  autor,	
  evidentemente	
  inspirado	
  pelo	
  ponto	
  de	
  
vista	
  de	
  Argyris	
  (1957)	
  que	
  defendia	
  que	
  “a	
  gestão	
  eficiente	
  depende,	
  ao	
  
exclusivamente,	
  mas	
  de	
  maneira	
  significativa	
  –	
  da	
  habilidade	
  de	
  prever	
  e	
  
orientar	
   o	
   comportamento	
   humano”	
   (McGregor,	
   1970,	
   p.18),	
   em	
   1960,	
  
propôs	
   a	
   Teoria	
   X	
   e	
   Y.	
   Esta	
   teoria	
   confrontava	
   a	
   visão	
   estruturalista	
  
vigente	
  na	
  época	
  de	
  que	
  o	
  ser	
  humano	
  é	
  naturalmente	
  indolente	
  quanto	
  
ao	
   trabalho,	
   requer	
   coerção,	
   vigilância	
   e	
   ameaça	
   constante	
   para	
  
desempenhar	
  as	
  tarefas	
  que	
  lhe	
  são	
  confiadas,	
  e,	
  ainda,	
  na	
  maioria	
  das	
  
vezes	
  prefere	
  ser	
  liderado	
  e	
  orientado,	
  pois	
  é	
  desprovido	
  de	
  ambição	
  e	
  
incapaz	
  de	
  assumir	
  responsabilidades,	
  com	
  uma	
  proposta	
  mais	
  otimista	
  
de	
  homem,	
  na	
  qual:	
  
	
  
• O	
   trabalho	
   é	
   uma	
   vocação	
   do	
   homem,	
   portanto,	
   seu	
   esforço	
  
físico	
  ou	
  mental	
  dedicado	
  à	
  organização	
  é	
  algo	
  natural;	
  
• Seu	
   empenho	
   à	
   consecução	
   de	
   objetivos	
   é	
   uma	
   função	
   das	
  
recompensas	
  oferecidas	
  pelo	
  êxito;	
  
• Com	
   as	
   condições	
   mínimas	
   para	
   executar	
   o	
   trabalho,	
   o	
   ser	
  
humano	
   é	
   capaz	
   de	
   assumir	
   e	
   até	
   buscar	
   novas	
  
responsabilidades;	
  
• A	
  vigilância	
  e	
  a	
  punição	
  não	
  são	
  os	
  únicos	
  meios	
  de	
  garantir	
  o	
  
esforço	
  no	
  cumprimento	
  dos	
  objetivos,	
  pois	
  o	
  homem	
  pode	
  ser	
  
auto-­‐gerido	
  e	
  suscetível	
  a	
  colocar	
  o	
  melhor	
  de	
  si	
  no	
  interesse	
  
da	
  organização;	
  
• A	
   capacidade	
   humana,	
   em	
   virtude	
   da	
   estrutura	
   das	
   empresas	
  
modernas,	
  é	
  utilizada	
  apenas	
  parcialmente;	
  e,	
  
• A	
   capacidade	
   de	
   usar	
   de	
   criatividade,	
   visar	
   à	
   solução	
   de	
  
problemas,	
   ter	
   espírito	
   empreendedor,	
   está	
   difusa,	
   porém	
  
amplamente	
   distribuída	
   nas	
   pessoas,	
   e	
   não	
   escassa,	
   como	
   se	
  
pensa.	
  
Em	
   resumo,	
   para	
   McGregor,	
   a	
   organização	
   pode	
   optar	
   por	
  
tratar	
   as	
   pessoas	
   como	
   seres	
   incapazes,	
   indispostos	
   a	
   colaborar,	
   que	
  
demandam	
   forte	
   controle	
   e	
   coerção,	
   ou,	
   estabelecer	
   um	
   ambiente	
  
organizacional	
   propício	
   ao	
   desenvolvimento,	
   ou	
   tratá-­‐las	
   como	
   seres	
  
maduros,	
   propensos	
   a	
   realizar	
   um	
   bom	
   trabalho,	
   a	
   assumir	
  
responsabilidades	
  e,	
  especialmente,	
  em	
  busca	
  de	
  auto-­‐realização.	
  
Corroborando	
  a	
  esta	
  concepção,	
  David	
  McClelland	
  (1953),	
  em	
  
suas	
  pesquisas	
  identificou	
  três	
  necessidades	
  adquiridas	
  socialmente,	
  são	
  
elas:	
   necessidade	
   de	
   poder,	
   necessidade	
   de	
   filiação,	
   e	
   necessidade	
   de	
  
realização.	
  A	
  primeira	
  refere-­‐se	
  à	
  necessidade	
  de	
  exercer	
  algum	
  tipo	
  de	
  
influência	
   sobre	
   os	
   comportamentos,	
   atitudes	
   ou	
   decisões	
   dos	
   demais	
  
indivíduos	
  (poder);	
  a	
  segunda,	
  a	
  necessidade	
  de	
  ser	
  aceito	
  e	
  reconhecido	
  
pelo	
   grupo	
   do	
   qual	
   participa	
   através	
   das	
   interações	
   sociais	
  
(pertencimento);	
  e,	
  por	
  fim,	
  à	
  necessidade	
  de	
  desafios,	
  ou	
  de	
  estabelecer	
  
uma	
  alta	
  performance	
  na	
  tarefa	
  de	
  desempenhada	
  ao	
  obter	
  altos	
  níveis	
  
de	
  qualidade	
  naquilo	
  que	
  se	
  propõe	
  a	
  fazer	
  (auto-­‐estima).	
  
Temos	
   ainda,	
   e	
   não	
   poderia	
   faltar	
   a	
   menção,	
   a	
   contribuição	
  
amplamente	
   criticada,	
   porém	
   ainda	
   viva	
   e	
   praticada,	
   e	
   B.	
   F.	
   Skinner	
  
(1974),	
   talvez	
   o	
   principal	
   teórico	
   do	
   behaviorismo.	
   Inspirado	
   pelos	
  
estudos	
  de	
  Pavlov	
  com	
  animais,	
  sua	
  pretensão	
  em	
  controlar	
  e	
  condicionar	
  
o	
  comportamento	
  humano	
  a	
  partir	
  de	
  estímulos	
  externos	
  que	
  o	
  moldem,	
  
foi,	
  à	
  sua	
  época,	
  e	
  até	
  hoje,	
  duramente	
  rejeitada	
  por	
  teóricos	
  devido	
  à	
  
sua	
  baixa	
  valorização	
  dos	
  aspectos	
  emocionais	
  e	
  sentimentais	
  do	
  homem,	
  
contudo,	
  este	
  as	
  respondia	
  com	
  um	
  certo	
  desdém,	
  taxando	
  as	
  conclusões	
  
não-­‐behavioristas	
   de	
   “ficções	
   explanatórias”	
   (Skinner,	
   apud	
   Fadiman	
   e	
  
Grager,	
   1986,	
   p.	
   212).	
   Cabe	
   um	
   olhar	
   crítico	
   sobre	
   as	
   práticas	
  
organizacionais	
   modernas	
   de	
   administração	
   de	
   recursos	
   humanos,	
  
percebendo	
   que	
   ainda	
   há	
   muitas	
   empresas	
   que,	
   mesmo	
   sem	
   uma	
  
intenção	
  clara,	
  manifestam	
  políticas	
  orientadas	
  pela	
  noção	
  de	
  estímulo,	
  
resposta	
  e	
  punição.	
  Os	
  conceitos	
  básicos	
  da	
  teoria	
  skinneriana	
  se	
  baseiam	
  
nos	
  seguintes	
  conceitos	
  básicos:	
  
	
  
• Condicionamento	
   respondente:	
   o	
   organismo	
   responde	
   de	
  
maneira	
  automática	
  a	
  determinado	
  estímulo,	
  de	
  forma	
  reflexa;	
  
• Condicionamento	
  operante:	
  a	
  resposta	
  ao	
  estímulo	
  é	
  dada	
  por	
  
suas	
  conseqüências,	
  e	
  não	
  por	
  seus	
  antecedentes,	
  tornando-­‐se	
  
mais	
  fraco	
  ou	
  mais	
  forte	
  a	
  medida	
  em	
  que	
  é	
  praticado;	
  
• Reforço:	
   trata-­‐se	
   de	
   qualquer	
   estímulo	
   que	
   maximize	
   as	
  
possibilidades	
  de	
  obtenção	
  de	
  uma	
  resposta	
  esperada;	
  
• Reforço	
   positivo	
   ou	
   negativo:	
   provoca	
   ou	
   inibe	
   um	
  
comportamento	
  desejado	
  /	
  indesejado;	
  	
  
• Reforço	
   primário	
   ou	
   secundário:	
   trata-­‐se	
   de	
   recompensas	
  
físicas	
  pela	
  manifestação	
  da	
  resposta	
  desejada;	
  e,	
  	
  
• Punição:	
  reprime	
  comportamentos	
  indesejados,	
  apesar	
  de	
  não	
  
eliminá-­‐los.	
  
	
  
Neste	
   ponto	
   é	
   importante	
   lançar	
   um	
   olhar	
   crítico	
   sobre	
   as	
  
proposições	
   de	
   Herzberg	
   e	
   Maslow,	
   em	
   especial,	
   do	
   segundo,	
   uma	
   vez	
  
que	
  sua	
  influência	
  é	
  notória	
  na	
  visão	
  atual	
  de	
  gestão	
  de	
  pessoas.	
  Poucos	
  
conhecemos	
  outros	
  modelos	
  motivacionais	
  que	
  não	
  sua	
  “Hierarquia	
  das	
  
Necessidades	
   Humanas”	
   (fisiológicas,	
   segurança,	
   sociais,	
   auto-­‐estima	
   e	
  
auto-­‐realizão).	
   Consideremos	
   o	
   aspecto	
   individual	
   de	
   um	
   executivo	
   em	
  
cargo	
   de	
   gestão	
   há	
   alguns	
   anos	
   ao	
   qual	
   a	
   empresa	
   em	
   que	
   trabalha	
  
propõe	
  como	
  estímulo	
  em	
  seu	
  plano	
  de	
  benefícios	
  um	
  programa	
  de	
  pós-­‐
graduação.	
   Nossa	
   tendência	
   natural	
   é	
   perceber	
   este	
   estímulo	
   como	
  
pertinente	
   a	
   uma	
   necessidade	
   de	
   auto-­‐estima	
   ou	
   auto-­‐realização,	
  
contudo	
   uma	
   visão	
   mais	
   apurada	
   permite	
   avaliar	
   que	
   dada	
   a	
   atual	
  
configuração	
   competitiva	
   do	
   mercado	
   de	
   trabalho	
   este	
   pós-­‐graduação	
  
representa,	
   na	
   verdade,	
   uma	
   condição	
   essencial	
   de	
   sobrevivência	
   no	
  
ambiente	
   corporativo,	
   diretamente	
   relacionada	
   à	
   empregabilidade	
   do	
  
profissional,	
   logo,	
   trata-­‐se	
   de	
   uma	
   necessidade	
   de	
   segundo	
   nível:	
  
segurança.	
  
Ainda,	
   para	
   o	
   mesmo	
   exemplo	
   de	
   executivo,	
   ocupando	
   um	
  
cargo	
   de	
   gestão,	
   ter	
   autonomia	
   decisória	
   e	
   empregar	
   criatividade	
   no	
  
trabalho	
  seria,	
  para	
  Herzberg	
  um	
  fator	
  motivacional	
  que,	
  se	
  não	
  atendido	
  
não	
  geraria	
  des-­‐motivação.	
  	
  Entretanto	
  sabemos	
  que	
  para	
  este	
  perfil,	
  ser	
  
privado	
   destes	
   fatores	
   provocaria	
   sério	
   impacto	
   negativo	
   em	
   sua	
  
motivação	
  com	
  o	
  trabalho,	
  assim	
  temos	
  na	
  prática	
  um	
  fator	
  higiênico.	
  Em	
  
oposição,	
  para	
  um	
  operário	
  em	
  funções	
  de	
  baixa	
  complexidade,	
  obter	
  da	
  
empresa	
  em	
  seu	
  refeitório	
  uma	
  alimentação	
  de	
  alta	
  qualidade,	
  superior	
  
àquela	
  que	
  pode	
  usufruir	
  em	
  casa,	
  pode	
  representar	
  um	
  fator	
  altamente	
  
motivacional,	
   e	
   mesmo	
   o	
   atendimento	
   de	
   uma	
   necessidade	
   de	
   quarto	
  
nível	
  (auto-­‐estima).	
  
Para	
  o	
  endomarketing,	
  esta	
  reflexão	
  tem	
  por	
  objetivo	
  salientar	
  
alguns	
  tópicos	
  importantes	
  que	
  devem	
  ser	
  considerados:	
  
• Estes	
   modelos	
   motivacionais	
   devem	
   ser	
   aplicados	
   levando-­‐se	
  
em	
   consideração	
   que	
   foram	
   desenhados	
   para	
   um	
   momento	
  
organizacional	
   diferente,	
   portanto	
   requerem	
   uma	
   leitura	
  
hermenêutica	
  atualizada,	
  preferencialmente	
  distinta	
  para	
  cada	
  
nível	
  da	
  organização;	
  
• Devemos	
   evitar	
   associar	
   a	
   hierarquia	
   das	
   necessidades	
  
humanas	
  à	
  ascensão	
  vertical	
  na	
  carreira,	
  acreditando	
  que	
  para	
  
atender	
   necessidades	
   de	
   níveis	
   superiores	
   é	
   preciso	
   ser	
  
promovido	
   na	
   empresa,	
   tendo	
   em	
   vista	
   que	
   o	
   modelo	
   de	
  
Maslow	
  não	
  foi	
  desenvolvido	
  exclusivamente	
  com	
  este	
  objetivo,	
  
podendo	
   o	
   indivíduo	
   buscar	
   sua	
   auto-­‐realização	
   fora	
   da	
  
empresa,	
   por	
   exemplo,	
   um	
   operário	
   realizar-­‐se	
   como	
   líder	
  
comunitário	
  e	
  um	
  executivo	
  na	
  prática	
  de	
  seu	
  esporte	
  favorito;	
  
• Ao	
  “vender”	
  internamente	
  a	
  organização	
  e	
  os	
  estímulos	
  por	
  ela	
  
oferecidos,	
   tangíveis	
   ou	
   não,	
   devemos	
   ter	
   muito	
   claro	
   qual	
   a	
  
particularidade	
   e	
   o	
   objetivo	
   de	
   cada	
   um	
   deles,	
   de	
   forma	
   a	
  
garantir	
  que	
  estejam,	
  de	
  fato,	
  promovendo	
  resultados	
  positivos	
  
às	
  pessoas	
  e	
  à	
  empresa;	
  
• Dificilmente	
   a	
   empresa	
   consegue	
   prover	
   a	
   todos	
   seus	
  
colaboradores	
   o	
   atendimento	
   de	
   todas	
   suas	
   necessidades	
  
humanas	
   a	
   partir	
   dos	
   fatores	
   higiênicos	
   e	
   motivacionais	
   que	
  
oferece,	
  simplesmente	
  porque	
  é	
  limitada	
  de	
  inúmeras	
  maneiras	
  
para	
   isso,	
   sendo	
   o	
   homem	
   um	
   ser	
   integral	
   composto	
   por	
  
diferentes	
   dimensões	
   e	
   o	
   trabalho	
   é	
   apenas	
   uma	
   delas,	
   em	
  
muitos	
  casos	
  a	
  mais	
  importante,	
  é	
  verdade,	
  mas	
  não	
  é	
  a	
  única,	
  
cabendo	
  a	
  empresa	
  zelar	
  por	
  aquilo	
  que	
  está	
  ao	
  seu	
  alcance:	
  a	
  
realização	
  profissional.	
  
	
  
Para	
   finalizar	
   a	
   seção,	
   pouco	
   de	
   novo	
   se	
   produziu	
   para	
  
colaborar	
  aos	
  estudos	
  sobre	
  motivação	
  até	
  a	
  última	
  década,	
  quando	
  do	
  
conceito	
   de	
   flow,	
   fluxo,	
   ou	
   ainda	
   “experiência	
   máxima”,	
   de	
   Mihaly	
  
Csikszentmihaly	
   (1992).	
   O	
   autor,	
   que	
   se	
   distancia,	
   distinguindo-­‐se	
   da	
  
escola	
   comportamentalista,	
   apesar	
   de	
   sua	
   obra	
   ter	
   indícios	
   claros	
   de	
  
afinidade	
   com	
   a	
   proposta	
   de	
   Argyris	
   em	
   Personalidade	
   e	
   organização	
  
(1957),	
  e	
  mesmo	
  de	
  Maslow,	
  propõe	
  uma	
  nova	
  abordagem	
  ao	
  conceito	
  
de	
  motivação,	
  desta	
  vez	
  responsabilizando	
  o	
  indivíduo	
  por	
  sua	
  aplicação	
  
no	
   desempenho	
   de	
   suas	
   funções.	
   O	
   flow	
   trata-­‐se	
   de	
   um	
   “estado	
   de	
  
espírito	
   extraordinário”	
   que	
   ocorre	
   quando	
   toda	
   capacidade	
   criativa	
   do	
  
indivíduo	
   é	
   investida	
   na	
   tarefa	
   a	
   partir	
   da	
   exposição	
   a	
   um	
   desafio,	
   ao	
  
ponto	
  deste	
  indivíduo	
  perder	
  a	
  noção	
  do	
  tempo	
  e	
  empregar	
  um	
  nível	
  de	
  
esforço	
  fora	
  do	
  comum	
  naquilo	
  que	
  se	
  propõe	
  a	
  fazer.	
  Esta	
  experiência	
  
máxima	
  pressupõe	
  a	
  obtenção	
  de	
  prazer	
  pessoal	
  pelo	
  próprio	
  “executar”	
  
do	
   trabalho,	
   a	
   semelhança	
   do	
   que	
   ocorre	
   com	
   artistas,	
   pintando	
   um	
  
quadro	
  ou	
  compondo	
  uma	
  canção,	
  pois	
  o	
  indivíduo	
  valoriza	
  o	
  caminho	
  a	
  
ser	
  percorrido	
  até	
  o	
  resultado	
  final	
  do	
  trabalho	
  tanto	
  quanto	
  o	
  próprio	
  
resultado.	
   Para	
   o	
   autor,	
   o	
   prazer	
   é	
   um	
   componente	
   importante	
   e	
  
imprescindível	
  à	
  qualidade	
  de	
  vida,	
  porém	
  não	
  único,	
  tampouco	
  isolado,	
  
posto	
   que	
   o	
   estado	
   de	
   flow	
   é	
   duradouro,	
   gera	
   crescimento	
   pessoal	
   e	
  
psicológico,	
  agrega	
  em	
  mais	
  capacidade,	
  e	
  é	
  animador	
  da	
  felicidade	
  como	
  
um	
   todo	
   (não	
   apenas	
   no	
   trabalho),	
   visto	
   que	
   pode	
   se	
   manifestar	
   nas	
  
diferentes	
  dimensões	
  do	
  indivíduo.	
  	
  
É	
  neste	
  sentido	
  que	
  segue	
  a	
  proposição	
  deste	
  trabalho,	
  vendo	
  a	
  
relação	
   entre	
   empresa	
   e	
   empregado	
   como	
   uma	
   parceria	
   madura	
   de	
  
responsabilidade	
  mútua	
  sobre	
  a	
  motivação	
  no	
  trabalho,	
  na	
  qual	
  cabe	
  à	
  
empresa	
  disponibilizar	
  as	
  telas,	
  os	
  pincéis	
  e	
  as	
  tintas,	
  mas	
  a	
  produção	
  de	
  
uma	
  obra-­‐prima	
  cabe	
  ao	
  indivíduo.	
  
	
  
Evolução	
  das	
  abordagens	
  sobre	
  o	
  clima	
  organizacional	
  
Aqui	
  cabe	
  resgatar	
  a	
  influência	
  do	
  movimento	
  pela	
  qualidade	
  
de	
  vida	
  no	
  trabalho	
  (QVT)	
  na	
  noção	
  de	
  clima	
  organizacional,	
  importante	
  
campo	
   de	
   atuação	
   do	
   endomarketing,	
   cujo	
   pensamento	
   dos	
   autores	
  
visitados,	
   em	
   especial	
   de	
   Herzberg,	
   é	
   a	
   base	
   conceitual	
   dos	
   principais	
  
conceitos	
   reconhecidos,	
   aliás,	
   todos	
   fortemente	
   relacionados	
   ao	
  
behaviorismo.	
   Todavia,	
   o	
   movimento	
   pela	
   QVT	
   começa	
   a	
   se	
   estruturar	
  
melhor	
  e	
  a	
  disseminar-­‐se	
  na	
  década	
  de	
  60,	
  época	
  em	
  que	
  ganham	
  força	
  
nos	
  Estados	
  Unidos	
  os	
  programas	
  de	
  Qualidade,	
  e	
  que	
  é	
  desenvolvida	
  a	
  
Teoria	
  da	
  Contingência	
  Estrutural	
  baseada	
  na	
  Teoria	
  dos	
  Sistemas	
  Abertos	
  
(abordagem	
   biológica	
   de	
   Von	
   Bertalanffy),	
   mas	
   que	
   se	
   concentra	
   na	
  
relação	
  entre	
  a	
  tecnologia	
  utilizada	
  no	
  sistema	
  para	
  a	
  consecução	
  de	
  seu	
  
objetivo	
   ao	
   transacionar	
   com	
   o	
   ambiente,	
   e	
   a	
   estrutura,	
   ou	
   arcabouço	
  
estrutural	
  da	
  organização	
  –	
  ambiente	
  externo	
  versus	
  ambiente	
  interno	
  –	
  
cujo	
   alinhamento	
   estratégico	
   é	
   também	
   um	
   atributo	
   do	
   marketing	
  
interno.	
  	
  
O	
   período	
   pós-­‐crise	
   do	
   petróleo	
   na	
   década	
   de	
   70	
   retoma	
  
fortemente	
   o	
   movimento	
   pela	
   QVT,	
   porém,	
   a	
   divergência	
   entre	
   os	
  
pesquisadores	
   persiste	
   como	
   uma	
   constante.	
   O	
   tema,	
   por	
   tratar-­‐se	
  
essencialmente	
  de	
  fatores	
  intangíveis	
  orientados	
  por	
  uma	
  racionalidade	
  
substantiva,	
   parece	
   encontrar	
   dificuldade	
   para	
   se	
   inserir	
   de	
   maneira	
  
consensual	
   nas	
   organizações	
   porque,	
   de	
   alguma	
   maneira,	
   apesar	
   da	
  
evidente	
   preocupação	
   empresarial	
   em	
   estabelecer	
   diferenciais	
  
competitivos,	
  através	
  do	
  desempenho	
  de	
  seus	
  trabalhadores,	
  a	
  lógica	
  que	
  
norteia	
  os	
  estudos	
  sobre	
  QVT	
  não	
  é	
  facilmente	
  compatibilizada	
  à	
  vigente	
  
lógica	
  da	
  eficiência	
  a	
  qualquer	
  custo.	
  
Dentre	
  os	
  principais	
  conceitos,	
  ainda	
  reconhecidos,	
  destacam-­‐
se,	
  a	
  seguir,	
  aqueles	
  propostos	
  por	
  alguns	
  autores.	
  
Para	
  Guest	
  (1979,	
  p.	
  76-­‐77)	
  QVT	
  é	
  definido	
  como	
  um	
  processo	
  
no	
   qual	
   a	
   organização	
   estimula	
   o	
   potencial	
   criativo	
   de	
   seus	
   membros,	
  
compartilha	
  decisões	
  que	
  afetam	
  suas	
  vidas,	
  e	
  este	
  processo	
  transcende	
  a	
  
noção	
   de	
   eficiência,	
   mensurável,	
   indo	
   até	
   a	
   necessidade	
   de	
   auto-­‐
realização,	
   intangível.	
   Já	
   o	
   conceito	
   de	
   Nadler	
   E	
   Lawler	
   (1983)	
   parece	
  
permanecer	
  vinculado	
  ainda	
  aos	
  primeiros	
  esforços	
  do	
  Tavistock	
  Institute	
  
uma	
  vez	
  que	
  definem	
  “qualidade	
  de	
  vida	
  no	
  trabalho	
  como	
  uma	
  maneira	
  
de	
   pensar	
   a	
   respeito	
   das	
   pessoas,	
   do	
   trabalho	
   e	
   das	
   organizações”,	
  
todavia	
   os	
   autores,	
   ao	
   analisarem	
   a	
   evolução	
   do	
   conceito	
   ao	
   longo	
   do	
  
tempo	
  prestam	
  uma	
  contribuição	
  importante	
  para	
  o	
  estabelecimento	
  de	
  
uma	
  correlação	
  pertinente	
  à	
  evolução	
  das	
  escolas	
  administrativas.	
  
Walton	
  (1973)	
  propõe	
  uma	
  visão	
  abrangente	
  reunindo	
  em	
  um	
  
mesmo	
   arcabouço	
   conceitual	
   fatores	
   aparentemente	
   extrínsecos	
   tais	
  
como	
   legislação	
   trabalhista,	
   segurança	
   no	
   trabalho,	
   e	
   intrínsecos	
   como	
  
oportunidades	
   de	
   crescimento,	
   enriquecimento	
   de	
   cargos,	
   justiça	
   na	
  
relação	
   empresa	
   e	
   trabalhadores.	
   Para	
   o	
   autor,	
   QVT	
   vai	
   além	
   das	
  
condições	
  de	
  trabalho	
  dadas	
  ou	
  limitadas	
  pela	
  estrutura	
  física,	
  passando	
  
pelo	
   atendimento	
   das	
   necessidades	
   humanas,	
   dos	
   valores,	
   da	
   cultura.	
  
Contudo,	
   sua	
   visão	
   humanista	
   inerente	
   aos	
   diversos	
   conceitos	
   de	
   QVT,	
  
em	
  alguns	
  pontos	
  parece	
  incorrer	
  em	
  um	
  romantismo	
  desmedido	
  quando	
  
faz	
   apologia	
   ao	
   resgate	
   de	
   valores	
   humanos,	
   à	
   convivência	
   harmônica	
  
com	
   o	
   meio	
   ambiente	
   e	
   à	
   valorização	
   do	
   trabalho,	
   fatores	
   esquecidos	
  
pela	
  sociedade	
  industrializada.	
  
Para	
   Fernandes	
   (1996),	
   expoente	
   brasileira	
   no	
   tema,	
   a	
  
Qualidade	
  de	
  Vida	
  no	
  Trabalho	
  pode	
  ser	
  compreendida	
  como	
  “a	
  gestão	
  
dinâmica	
   e	
   contingencial	
   de	
   fatores	
   físicos,	
   tecnológicos	
   e	
   sócio-­‐
psicológicos	
   que	
   afetam	
   a	
   cultura	
   e	
   renovam	
   o	
   clima	
   organizacional,	
  
refletindo-­‐se	
   no	
   bem-­‐estar	
   do	
   trabalhador	
   e	
   na	
   produtividade	
   das	
  
empresas”	
  (p.	
  45-­‐46).	
  É	
  preciso	
  ressalvar	
  que,	
  para	
  a	
  compreensão	
  ideal	
  
do	
  conceito	
  proposto	
  pela	
  autora,	
  faz-­‐se	
  necessário	
  ter	
  claro	
  o	
  que	
  para	
  
ela	
   significa	
   cultura	
   e	
   clima	
   organizacional,	
   ambos	
   conceitos	
   sobre	
   os	
  
quais	
  há	
  propostas	
  diametralmente	
  opostas	
  na	
  comunidade	
  acadêmica,	
  
porém,	
   no	
   livro	
   de	
   referência	
   isso	
   não	
   é	
   exposto	
   de	
   maneira	
   clara,	
  
deixando	
  dúvidas	
  sobre	
  os	
  alicerces	
  que	
  o	
  sustentam.	
  Entretanto,	
  neste	
  
trabalho,	
  por	
  escolha	
  dos	
  autores,	
  para	
  ser	
  aceita	
  a	
  proposição	
  da	
  autora	
  
são	
  assumidos	
  os	
  seguintes	
  conceitos:	
  
Cultura	
   Organizacional:	
   “Conjunto	
   de	
   premissas	
   que	
  
um	
  grupo	
  desenvolveu	
  ao	
  aprender	
  como	
  lidar	
  com	
  problemas	
  
de	
  adaptação	
  e	
  que	
  funcionaram	
  bem	
  o	
  suficiente	
  para	
  serem	
  
considerados	
   válidos	
   e	
   ensinados	
   a	
   novos	
   membros	
   como	
   a	
  
forma	
   correta	
   de	
   agir	
   em	
   relação	
   a	
   esses	
   problemas”	
  
(Schein,1997).	
  
Clima	
   Organizacional:	
   “Resultado	
   das	
   interações	
  
profissionais	
  e	
  inter-­‐pessoais	
  dos	
  membros	
  de	
  uma	
  organização,	
  
determinadas	
  pela	
  percepção	
  real	
  de	
  cada	
  um	
  destes	
  membros	
  
acerca	
   da	
   solidez	
   e	
   justiça	
   de	
   seu	
   vínculo	
   com	
   a	
   organização,	
  
que	
   influenciam	
   seu	
   comportamento	
   no	
   trabalho	
   que	
  
desempenham,	
   e	
   suas	
   atitudes	
   em	
   relação	
   aos	
   colegas	
   e	
   à	
  
empresa”	
  (Costa,	
  2002).	
  
	
  
Para	
   melhor	
   ilustrar	
   esta	
   influência	
   teórica	
   para	
   o	
  
endomarketing,	
   muito	
   forte	
   nos	
   estudos	
   sobre	
   Clima	
   Organizacional,	
   é	
  
adotado	
   como	
   referência	
   principal	
   o	
   modelo	
   de	
   Walton	
   –	
   também	
  
utilizado	
   por	
   Fernandes	
   -­‐,	
   possivelmente	
   o	
   mais	
   difundido	
   entre	
   os	
  
pesquisadores	
   de	
   QVT,	
   que	
   estabelece	
   oito	
   diferentes	
   categorias	
  
relacionadas	
  à	
  Qualidade	
  de	
  Vida	
  no	
  Trabalho,	
  obviamente,	
  subdivididas	
  
em	
  variáveis	
  distintas.	
  Para	
  o	
  autor,	
  é	
  possível	
  avaliar	
  a	
  qualidade	
  de	
  vida	
  
na	
   empresa	
   a	
   partir	
   do	
   nível	
   de	
   satisfação	
   dos	
   trabalhadores	
   acerca	
  
destes	
   fatores,	
   pois	
   estes	
   influenciam	
   significativamente	
   seu	
   bem-­‐estar	
  
no	
  trabalho.	
  Trata-­‐se	
  de	
  um	
  modelo	
  bastante	
  completo	
  e	
  rigorosamente	
  
embasado	
   que,	
   apesar	
   da	
   complexidade,	
   se	
   permite	
   ser	
   enriquecido	
  
através	
   da	
   inclusão	
   de	
   novas	
   categorias,	
   ou	
   mesmo	
   da	
   adaptação	
   das	
  
variáveis	
   enumeradas	
   em	
   função	
   das	
   particularidades	
   do	
   objeto	
   de	
  
estudo,	
   evidenciando	
   os	
   principais	
   campos	
   tangíveis	
   de	
   atuação	
   do	
  
endomarketing,	
  provenientes	
  do	
  estudo	
  sobre	
  o	
  clima	
  na	
  empresa.	
  
	
  
	
  
	
  
2.	
  QUEBRANDO	
  PARADIGMAS	
  
	
  
Agora	
   que	
   partilhamos	
   das	
   mesmas	
   referências	
   estruturais	
  
chegou	
   o	
   momento	
   de	
   trabalhar	
   com	
   algumas	
   noções	
   previamente	
  
sedimentadas	
   sobre	
   o	
   conceito	
   de	
   endomarketing	
   e	
   seus	
  
desdobramentos	
   na	
   organização.	
   É	
   então	
   necessário	
   ponderar	
   alguns	
  
atributos	
   que	
   apóiam	
   sua	
   construção,	
   enfatizando	
   uma	
   visão	
   mais	
  
rigorosa	
   e	
   crítica	
   acerca	
   de	
   sua	
   aplicabilidade.	
   Nesse	
   sentido,	
   alguns	
  
paradigmas	
  precisam	
  ser	
  discutidos.	
  
Não	
   há	
   uma	
   pretensão	
   de	
   pôr	
   em	
   xeque	
   aquilo	
   que	
  
previamente	
  sabemos,	
  ou	
  mesmo	
  de	
  gerar	
  afirmações	
  definitivas,	
  porém	
  
de	
  estimular	
  um	
  debate	
  mais	
  aberto,	
  propondo	
  novos	
  argumentos	
  para	
  
dar	
  condições	
  ao	
  leitor	
  de	
  empregar	
  sua	
  inteligência	
  e	
  bom	
  senso	
  a	
  favor	
  
de	
  construir	
  sua	
  própria	
  opinião.	
  	
  
	
  
A	
  Informação	
  
Temos	
  que	
  considerar	
  que	
  a	
  informação	
  não	
  se	
  trata	
  do	
  objeto	
  
fundamental	
   do	
   marketing	
   interno,	
   tampouco	
   é	
   o	
   principal	
   fator	
  
integrador	
  da	
  organização,	
  mas	
  sim	
  o	
  subsídio	
  determinante	
  à	
  geração	
  do	
  
conhecimento	
   necessário	
   ao	
   processo	
   de	
   tomada	
   de	
   decisão.	
   A	
  
informação	
   propagada,	
   de	
   maneira	
   isolada,	
   não	
   constitui	
   um	
   recurso	
  
estratégico.	
   Em	
   uma	
   visão	
   semiótica,	
   apenas	
   quando	
   correlacionada	
   a	
  
outras	
  informações,	
  e	
  apropriando-­‐se	
  de	
  significados	
  compreensíveis	
  ela	
  
se	
   transforma	
   em	
   conhecimento	
   que	
   orientará	
   pessoas	
   a	
   tomarem	
  
melhores	
   decisões	
   no	
   seu	
   trabalho.	
   Claro	
   que	
   a	
   informação,	
   expressa	
  
pela	
   linguagem,	
   verbal	
   ou	
   não,	
   assim	
   como	
   símbolos,	
   ritos	
   e	
   demais	
  
expressões	
  da	
  cultura	
  organizacional	
  contribuem	
  fortemente	
  à	
  formação	
  
da	
  identidade,	
  essa	
  sim,	
  fator	
  de	
  integração	
  em	
  uma	
  empresa.	
  	
  	
  
Há	
   correntes	
   que,	
   sem	
   uma	
   apropriação	
   teórica	
   rigorosa,	
  
definem	
  endomarketing	
  e	
  comunicação	
  interna	
  como	
  sendo	
  uma	
  coisa	
  só,	
  
encontrando	
   a	
   propaganda	
   interna	
   como	
   sua	
   expressão	
   maior,	
   nesse	
  
sentido	
   a	
   informação	
   se	
   torna	
   o	
   objeto	
   fundamental.	
   Contudo,	
   mesmo	
  
com	
   uma	
   ligação	
   próxima,	
   endomarketing	
   e	
   comunicação	
   interna	
   são	
  
muito	
   diferentes,	
   enquanto	
   o	
   primeiro	
   é	
   um	
   processo	
   gerencial	
   com	
  
características	
   muito	
   particulares,	
   a	
   segunda	
   representa	
   um	
   conjunto	
  
diversificado	
   de	
   ferramentas	
   constituídas	
   por	
   atributos	
   estéticos	
   e	
  
discursivos,	
  para	
  a	
  sensibilização	
  e	
  mobilização	
  das	
  pessoas.	
  
Façamos	
   uma	
   breve	
   apropriação	
   histórica	
   da	
   informação	
  
corporativa,	
   observando	
   que	
   na	
   Economia	
   Clássica	
   são	
   fatores	
   de	
  
produção:	
  terra,	
  capital	
  e	
  trabalho.	
  Estes	
  fatores,	
  combinados,	
  hora	
  em	
  
conflito,	
   hora	
   em	
   harmonia,	
   resultam	
   no	
   produto	
   de	
   determinada	
  
sociedade.	
   Em	
   uma	
   análise	
   atual,	
   temos	
   a	
   mesma	
   relação	
   capital	
   e	
  
trabalho	
   em	
   busca	
   de	
   equilíbrio,	
   independentemente	
   do	
   sistema	
  
econômico	
   em	
   vigor.	
   Já	
   terra,	
   pode	
   ser	
   interpretada	
   como	
   tecnologia,	
  
física	
   ou	
   não	
   física	
   (hardware	
   e	
   software),	
   sendo	
   representada	
   pelos	
  
inúmeros	
  equipamentos	
  e	
  sistemas	
  disponíveis.	
  
A	
   constatação	
   inovadora	
   é	
   a	
   existência	
   de	
   um	
   quarto	
   fator	
  
produtivo:	
  a	
  Informação.	
  É	
  a	
  informação	
  que	
  determina	
  as	
  relações	
  inter-­‐
pessoais	
  e	
  profissionais	
  entre	
  as	
  empresas,	
  seus	
  clientes,	
  colaboradores,	
  
parceiros	
   e	
   sociedade.	
   Portanto,	
   seu	
   valor	
   é	
   extremamente	
   alto,	
   e	
   a	
  
forma	
   como	
   ela	
   tramita	
   é	
   de	
   fundamental	
   importância,	
   sendo	
  
compreendida	
   como	
   uma	
   função	
   de	
   endomarketing	
   gerar,	
   distribuir	
   e	
  
avaliar	
  seu	
  fluxo	
  junto	
  ao	
  público	
  interno	
  das	
  organizações,	
  no	
  sentido	
  de	
  
gerar	
  melhores	
  resultados	
  econômicos	
  e	
  humanos.	
  	
  	
  
	
  
A	
  Motivação	
  
Marketing	
   interno	
   não	
   é	
   apenas	
   resultado	
   de	
   comunicação	
  
interna	
  e	
  gerenciamento	
  de	
  informações,	
  nem	
  se	
  constitui	
  meramente	
  de	
  
um	
  processo	
  educativo	
  que	
  objetiva	
  integrar	
  pessoas	
  e	
  gerar	
  motivação.	
  
Isso	
   porque	
   motivação	
   não	
   pode	
   ser	
   espontaneamente	
   gerada,	
  
tampouco	
  extraída	
  através	
  de	
  comunicação:	
  ela	
  é	
  propriedade	
  exclusiva,	
  
e	
   intransferível	
   do	
   indivíduo,	
   podendo	
   apenas	
   ser	
   estimulada	
   por	
   uma	
  
série	
  de	
  fatores	
  que,	
  em	
  conjunto	
  ou	
  combinados,	
  nas	
  proporções	
  certas	
  
àquela	
  pessoa,	
  poderão	
  aumentar	
  sua	
  percepção	
  de	
  valor	
  acerca	
  do	
  que	
  
a	
  motiva	
  no	
  trabalho.	
  Cabe	
  sim	
  à	
  empresa	
  promover	
  que	
  isso	
  ocorra.	
  
Portanto,	
   seria	
   uma	
   pretensão	
   da	
   empresa	
   acreditar	
   que	
   é	
  
responsável	
  pela	
  motivação	
  de	
  seus	
  colaboradores,	
  tanto	
  mais,	
  por	
  sua	
  
felicidade.	
   É	
   importante	
   dissociar	
   a	
   idéia	
   que	
   motivação	
   conduz	
   à	
  
felicidade,	
  pois	
  enquanto	
  à	
  primeira	
  se	
  refere,	
  para	
  o	
  endomarketing,	
  ao	
  
trabalho,	
   a	
   segunda	
   é	
   resultado	
   de	
   um	
   contexto	
   muito	
   maior,	
   o	
   qual	
  
encontraremos	
  amplos	
  estudos	
  em	
  outras	
  áreas	
  de	
  conhecimento.	
  	
  
Durante	
   muito	
   tempo	
   acreditamos,	
   e	
   agimos,	
   em	
   nossas	
  
empresas,	
   preocupados	
   com	
   a	
   felicidade	
   das	
   pessoas,	
   porém	
   há	
  
fronteiras	
  as	
  quais	
  a	
  organização	
  não	
  consegue	
  ultrapassar,	
  uma	
  vez	
  que	
  
para	
   a	
   maioria	
   das	
   pessoas	
   o	
   trabalho	
   é	
   apenas	
   um	
   dos	
   campos	
   que	
  
proporciona	
  a	
  felicidade.	
  A	
  responsabilidade	
  da	
  empresa	
  então	
  se	
  limita	
  
à	
  realização	
  profissional	
  das	
  pessoas	
  que	
  nela	
  trabalham,	
  por	
  uma	
  razão	
  
simples:	
  diferente	
  da	
  motivação	
  ou	
  da	
  felicidade,	
  ela	
  tem	
  domínio	
  sobre	
  
os	
  fatores	
  determinantes	
  da	
  realização	
  profissional,	
  logo,	
  pode	
  gerenciá-­‐
los.	
   Cabe	
   salientar	
   que	
   o	
   principal	
   fator	
   que	
   leva	
   à	
   realização	
   é,	
  
justamente,	
  a	
  consecução	
  de	
  objetivos	
  e	
  resultados.	
  	
  
O	
  uso	
  de	
  carinho	
  e	
  atenção	
  como	
  recurso	
  de	
  gestão,	
  como	
  é	
  
comumente	
  defendido,	
  não	
  é	
  suficiente	
  para	
  obter	
  o	
  engajamento	
  dos	
  
grupos	
  de	
  trabalho.	
  Simplesmente	
  porque	
  não	
  é	
  possível	
  estar	
  motivado	
  
sem	
   superar	
   desafios	
   e	
   atingir	
   metas,	
   assim,	
   é	
   função	
   da	
   empresa	
  
responsabilizar-­‐se	
  apenas	
  por	
  esta	
  dimensão	
  da	
  felicidade,	
  de	
  maneira	
  a	
  
alinhar	
   objetivos	
   profissionais	
   do	
   indivíduo	
   aos	
   seus	
   objetivos	
  
estratégicos,	
  beneficiando	
  a	
  ambos.	
  	
  
	
  
Paternalismo,	
  co-­‐propriedade	
  ou	
  co-­‐responsabilidade	
  
O	
   discurso	
   que	
   propagamos	
   nas	
   organizações	
   através	
   da	
  
comunicação	
   interna	
   é	
   responsável	
   pela	
   forma	
   como	
   a	
   empresa	
   é	
  
percebida	
   pelos	
   seus	
   colaboradores.	
   Esta	
   prática	
   discursiva	
   gera	
   ações	
  
que	
  influenciam	
  a	
  relação	
  das	
  pessoas	
  com	
  a	
  empresa.	
  Trata-­‐se	
  de	
  uma	
  
grande	
  responsabilidade,	
  pois	
  esta	
  relação	
  pode	
  ser	
  promotora	
  de	
  prazer	
  
e	
  reconhecimento,	
  ou,	
  no	
  extremo,	
  de	
  indignação.	
  
Algumas	
  linhas	
  de	
  pensamento	
  em	
  marketing	
  interno	
  apontam	
  
para	
   a	
   necessidade	
   de	
   se	
   constituir	
   no	
   empregado	
   um	
   sentimento	
   de	
  
propriedade	
   em	
   relação	
   à	
   empresa.	
   Será	
   que	
   isto	
   é	
   possível	
   para	
   a	
  
maioria	
   das	
   organizações?	
   Vejamos	
   que	
   a	
   maioria	
   da	
   força	
   de	
   trabalho	
  
brasileira	
  não	
  afere	
  renda	
  suficiente	
  para	
  ter	
  um	
  automóvel,	
  por	
  exemplo.	
  
Porém	
  são	
  pessoas	
  que	
  trabalham	
  em	
  empresas	
  cujo	
  valor	
  do	
  automóvel	
  
do	
   diretor	
   ultrapassa	
   10,	
   15	
   anos	
   de	
   seu	
   salário	
   líquido	
   mensal	
   –	
   cabe	
  
enfatizar	
   que	
   esta	
   afirmação	
   é	
   feita	
   sem	
   nenhuma	
   conotação	
   política,	
  
apenas	
  constata	
  uma	
  realidade.	
  É	
  claro	
  que	
  não	
  se	
  trata	
  apenas	
  de	
  uma	
  
questão	
   monetária,	
   há	
   muito	
   mais	
   do	
   que	
   isso	
   envolvido,	
   e	
   reside	
  
justamente	
  neste	
  algo	
  mais	
  a	
  essência	
  deste	
  livro,	
  cabe	
  aqui	
  apenas	
  uma	
  
sugestão	
  para	
  refletir.	
  
Também	
   encontramos	
   outras	
   linhas	
   paternalistas	
   de	
  
endomarketing	
  que	
  propõe	
  a	
  constituição	
  da	
  empresa	
  como	
  uma	
  grande	
  
família,	
   defendendo	
   ainda	
   a	
   difusão	
   do	
   conceito	
   que	
   as	
   pessoas	
   são	
   o	
  
principal	
   patrimônio	
   da	
   empresa.	
   De	
   novo,	
   cabe	
   a	
   pergunta	
   sobre	
   sua	
  
viabilidade,	
   visto	
   que	
   famílias	
   não	
   costumam	
   demitir	
   seus	
   membros.	
  
Além	
  disso,	
  sendo	
  as	
  pessoas	
  o	
  principal	
  patrimônio	
  da	
  empresa,	
  porquê,	
  
sem	
   situações	
   de	
   crise	
   a	
   empresa,	
   ao	
   invés	
   de	
   demitir	
   pessoas	
   não	
  
prefere	
  vender	
  outros	
  ativos?	
  É	
  preciso	
  uma	
  relação	
  muito	
  madura	
  para	
  
sustentar	
  um	
  discurso	
  assim	
  de	
  forma	
  duradoura.	
  
Cabe	
  salientar	
  que	
  não	
  significa	
  que	
  as	
  proposições	
  acima	
  não	
  
sejam	
   válidas,	
   apenas	
   que	
   devemos	
   ter	
   muito	
   cuidado	
   ao	
   definir	
  
premissas	
  no	
  discurso	
  a	
  ser	
  propagado	
  dentro	
  da	
  empresa.	
  Para	
  muitas	
  
empresas	
   pode	
   funcionar	
   muito	
   bem,	
   mas	
   há	
   risco	
   ao	
   disseminar	
  
irrestritamente	
  esta	
  prática.	
  
A	
   partir	
   de	
   uma	
   análise	
   um	
   pouco	
   mais	
   criteriosa	
   podemos	
  
concluir	
  que	
  aquilo	
  que	
  de	
  fato	
  buscamos,	
  seja	
  com	
  o	
  marketing	
  interno,	
  
seja	
   com	
   políticas	
   inovadoras	
   de	
   gestão	
   de	
   pessoas,	
   é	
   um	
   maior	
  
compromisso,	
  com	
  engajamento	
  autêntico,	
  dos	
  membros	
  da	
  organização	
  
com	
   seus	
   objetivos,	
   evidenciado	
   a	
   partir	
   de	
   um	
   desempenho	
   superior,	
  
individual	
  e	
  coletivo.	
  Ou	
  seja,	
  buscamos	
  a	
  co-­‐responsabilidade.	
  
	
  
Paradoxo	
  entre	
  motivação	
  e	
  desempenho	
  
Assumindo	
   que	
   é	
   um	
   objetivo	
   da	
   empresa	
   buscar	
   a	
   co-­‐
responsabilidade	
  de	
  seus	
  colaboradores	
  com	
  seus	
  objetivos	
  estratégicos	
  a	
  
partir	
  de	
  um	
  desempenho	
  superior,	
  individual	
  e	
  coletivo,	
  no	
  defrontamos	
  
com	
   a	
   situação	
   problema	
   que	
   determina	
   a	
   necessidade	
   pelo	
   uso	
   do	
  
endomarketing	
  como	
  processo	
  gerencial	
  voltado	
  a	
  promover	
  a	
  motivação	
  
das	
  pessoas.	
  Este	
  paradoxo	
  entre	
  os	
  esforços	
  da	
  empresa	
  e	
  o	
  retorno	
  do	
  
grupo	
  é	
  dado	
  pela	
  substancial	
  diferença	
  existente	
  entre	
  o	
  desempenho	
  
que	
  a	
  empresa	
  espera	
  de	
  seus	
  colaboradores,	
  e	
  o	
  desempenho	
  real	
  que	
  
os	
   colaboradores	
   apropriam.	
   Ou	
   seja,	
   em	
   sua	
   gênese,	
   é	
   marcado	
   pelo	
  
constante	
   conflito	
   entre	
   capital	
   e	
   trabalho,	
   que	
   não	
   caberia	
   aqui	
   uma	
  
análise	
   histórico-­‐sociológica	
   mas,	
   uma	
   reflexão	
   pontual	
   importante.	
   O	
  
fato	
  é	
  que	
  há	
  diferentes	
  interesses	
  envolvidos	
  nas	
  relações	
  de	
  trabalho,	
  e	
  
sem	
   nenhuma	
   conotação	
   política,	
   empregadores	
   e	
   empregados	
  
orientam-­‐se,	
   freqüentemente,	
   por	
   lógicas	
   diferentes	
   na	
   busca	
   de	
  
prosperidade,	
  encontrando	
  empecilhos	
  à	
  consolidação	
  de	
  equilíbrio.	
  
De	
  um	
  lado,	
  a	
  empresa	
  e	
  aquilo	
  que	
  ela	
  oferece	
  às	
  pessoas	
  em	
  
troca	
   de	
   seu	
   trabalho,	
   de	
   outro,	
   as	
   pessoas	
   e	
   sua	
   percepção	
   de	
   valor	
  
acerca	
   daquilo	
   que	
   recebe,	
   percepção	
   esta	
   que	
   se	
   reflete	
   em	
   seu	
  
desempenho.	
  	
  
Esta	
   diferença	
   é	
   marcada	
   por	
   uma	
   função	
   de	
   progressão	
  
geométrica	
   de	
   grau	
   descendente,	
   ou	
   seja,	
   quanto	
   menos	
   a	
   empresa	
  
oferece	
   em	
   troca	
   do	
   trabalho,	
   maior	
   será	
   a	
   diferença	
   entre	
   o	
  
desempenho	
  que	
  ela	
  espera	
  e	
  o	
  desempenho	
  que	
  efetivamente	
  recebe	
  
do	
  indivíduo,	
  pois,	
  sua	
  percepção	
  quanto	
  aquilo	
  que	
  provém	
  da	
  empresa	
  
tende,	
   na	
   média	
   (coletiva)	
   e	
   no	
   longo	
  prazo,	
   se	
   configurar	
   em	
   injustiça	
  
quanto	
  à	
  sua	
  recompensa.	
  
Tendo	
  em	
  vista	
  que	
  apenas	
  o	
  indivíduo	
  conhece	
  o	
  valor	
  real	
  de	
  
seu	
  trabalho,	
  não	
  importam	
  os	
  valores	
  tangíveis	
  ou	
  intangíveis	
  oferecidos	
  
pela	
  empresa	
  por	
  sua	
  dedicação,	
  o	
  resultado	
  final	
  será	
  sempre	
  inferior	
  a	
  
seu	
   potencial	
   efetivo.	
   A	
   isso	
   chamamos	
   valor	
   percebido,	
   isto	
   é,	
   a	
  
percepção	
  final	
  de	
  valor	
  que	
  o	
  indivíduo	
  apropria	
  aquilo	
  que	
  a	
  empresa	
  
lhe	
  oferece	
  em	
  troca	
  do	
  trabalho	
  que	
  realiza.	
  
Em	
  outras	
  palavras,	
  assumindo	
  um	
  determinado	
  ponto	
  de	
  valor	
  
percebido	
  no	
  gráfico	
  (A)	
  no	
  qual	
  a	
  empresa	
  entrega	
  às	
  pessoas	
  em	
  troca	
  
de	
   seu	
   trabalho	
   100	
   unidades	
   de	
   valor,	
   por	
   exemplo	
   –	
   assumiremos	
  
fatores	
   tangíveis	
   e	
   intangíveis,	
   ou	
   seja,	
   tudo	
   aquilo	
   que	
   a	
   empresa	
  
entrega,	
   seja	
   salário	
   e	
   benefícios,	
   mas	
   também	
   status,	
   treinamento,	
  
oportunidades	
  de	
  crescimento,	
  dentre	
  outros	
  -­‐,	
  ela	
  tem	
  uma	
  determinada	
  
expectativa	
  de	
  desempenho	
  dado	
  pelo	
  ponto	
  B.	
  Entretanto,	
  na	
  média	
  e	
  
no	
   longo	
   prazo,	
   o	
   indivíduo	
   avalia	
   a	
   organização	
   e,	
   para	
   estabelecer	
  
justiça	
   segundo	
   seus	
   critérios,	
   busca	
   ajustar	
   seu	
   desempenho	
   em	
   uma	
  
medida	
  inferior	
  ao	
  esperado	
  pela	
  empresa	
  (ponto	
  C).	
  	
  	
  
De	
   forma	
   alguma	
   estamos	
   assumindo	
   que	
   as	
   pessoas	
   são	
  
indolentes	
   ou	
   que	
   promovem	
   uma	
   sabotagem	
   com	
   a	
   empresa	
   em	
   que	
  
trabalho.	
   Pelo	
   contrário,	
   assumimos	
   que	
   as	
   pessoas	
   buscam,	
  
naturalmente,	
  desempenhos	
  superiores,	
  porém,	
  nem	
  sempre	
  encontram	
  
o	
   espaço	
   para	
   isso	
   ou	
   ainda	
   não	
   percebem	
   a	
   disponibilidade	
   dos	
  
incentivos	
   para	
   isso.	
   Primeiramente	
   porque,	
   especialmente	
   em	
   uma	
  
empresa	
   de	
   grandes	
   proporções,	
   a	
   oferta	
   de	
   desafios	
   às	
   pessoas	
   nem	
  
sempre	
   é	
   suficiente	
   para	
   absorver	
   todo	
   potencial	
   existente.	
   Segundo,	
  
pela	
   dissonância	
   normal	
   no	
   atendimento	
   das	
   necessidades	
   humanas,	
   já	
  
vista	
   anteriormente,	
   também	
   em	
   conseqüência	
   do	
   desenvolvimento	
  
natural	
   das	
   competências	
   das	
   pessoas,	
   normalmente	
   incentivadas	
   pela	
  
própria	
   empresa,	
   que	
   nem	
   sempre	
   cria	
   novos	
   espaços	
   para	
   serem	
  
ocupados.	
   Em	
   terceiro	
   lugar	
   pela	
   natural	
   banalização	
   dos	
   benefícios,	
  
concretos	
   e	
   subjetivos,	
   oferecidos	
   pela	
   empresa,	
   verificada	
  
empiricamente	
   ao	
   longo	
   das	
   relações	
   de	
   trabalho.	
   	
   E	
   finalmente	
   por	
  
motivos	
   econômicos,	
   visto	
   que	
   há	
   um	
   mercado	
   de	
   trabalho	
   regido,	
  
obviamente,	
   pela	
   Lei	
   de	
   Mercado,	
   no	
   qual	
   o	
   empregado	
   nem	
   sempre	
  
maximiza	
   sua	
   renda	
   em	
   função	
   do	
   valor	
   que	
   agrega	
   à	
   empresa,	
   e	
   ao	
  
deparar-­‐se	
   com	
   isso,	
   mesmo	
   que	
   de	
   maneira	
   inconsciente,	
   reduz	
   seu	
  
desempenho	
   a	
   limites	
   aceitáveis	
   para	
   conseguir	
   enxergar	
   justiça	
   na	
  
relação	
  que	
  estabelece	
  com	
  a	
  organização.	
  
O	
   endomarketing	
   atua	
   justamente	
   nesta	
   diferença,	
   tendo	
   por	
  
objetivo	
  minimizar	
  a	
  distância	
  existente	
  entre	
  as	
  curvas	
  de	
  desempenho	
  
real	
   e	
   desempenho	
   esperado,	
   conforme	
   demonstrado	
   na	
   figura	
   abaixo.	
  
Seja	
  desenvolvendo	
  o	
  conjunto	
  de	
  valores	
  disponibilizados	
  pela	
  empresa,	
  
agregando	
   novos	
   fatores	
   motivacionais,	
   seja	
   “vendendo”	
   melhor	
  
internamente	
  aqueles	
  que	
  já	
  existem	
  para	
  maximizar	
  seu	
  valor	
  percebido.	
  
Este	
  raciocínio,	
  em	
  resumo,	
  propõe	
  que	
  quanto	
  maior	
  o	
  valor	
  percebido	
  
apropriado	
   à	
   organização,	
   maior	
   ou	
   melhor	
   será	
   o	
   desempenho	
   das	
  
pessoas.	
  
	
  
 
Em	
   resumo,	
   a	
   prática	
   do	
   endomarketing	
   estrategicamente	
  
orientado	
   significa	
   a	
   maximização	
   do	
   potencial	
   da	
   relação	
   de	
   trabalho	
  
para	
  o	
  empregador	
  e	
  para	
  o	
  empregado,	
  configurando-­‐se	
  em	
  uma	
  forma	
  
consistente	
  de	
  desenvolvimento	
  para	
  a	
  organização.	
  	
  	
  	
  	
  	
  
Cabe	
  salientar	
  que	
  nesta	
  diferença	
  reside	
  um	
  valor	
  financeiro	
  
que,	
   de	
   certa	
   forma	
   é	
   desperdiçado	
   pela	
   empresa,	
   uma	
   vez	
   que	
   esta	
  
consome	
   energia	
   e	
   recursos	
   materiais	
   com	
   as	
   pessoas	
   e,	
   em	
  
contrapartida,	
  nem	
  sempre	
  recebe	
  em	
  troca	
  o	
  trabalho,	
  ou	
  desempenho	
  
esperado,	
  de	
  maneira	
  proporcional.	
  Dessa	
  forma,	
  investir	
  na	
  aproximação	
  
do	
   desempenho	
   real	
   em	
   função	
   do	
   valor	
   percebido	
   é	
   uma	
   forma	
   de	
  
reduzir	
  custos,	
  ou,	
  pelo	
  menos,	
  de	
  minimizar	
  perdas	
  não	
  mensuráveis	
  do	
  
investimento	
  em	
  pessoas	
  da	
  organização.	
  	
  
	
  
	
  
3.	
  ENDOMARKETING	
  INTELIGENTE	
  
	
  
Consolidando	
   o	
   entendimento	
   prévio	
   inerente	
   à	
   inserção	
  
teórica	
   sobre	
   nosso	
   campo	
   de	
   estudo,	
   e	
   tendo	
   discutido	
   algumas	
  
questões	
  paradigmáticas	
  necessárias,	
  chegamos	
  a	
  seção	
  que	
  proporciona	
  
respostas	
  sobre	
  a	
  origem,	
  conceito,	
  objetivo,	
  e	
  justificativas	
  do	
  marketing	
  
interno.	
  
O	
   objetivo	
   desta	
   seção	
   é	
   demonstrar	
   como	
   o	
   endomarketing	
  
influencia	
   fortemente	
   todas	
   as	
   áreas	
   da	
   organização,	
   uma	
   vez	
   que	
   sua	
  
prática	
  gera	
  repercussões	
  nas	
  atitudes	
  das	
  pessoas	
  que	
  a	
  compõe.	
  Nesse	
  
sentido,	
   perceber	
   a	
   relevância	
   sistêmica	
   que	
   ele	
   representa	
   é	
   uma	
  
condição	
  determinante	
  ao	
  sucesso	
  dos	
  programas	
  desenvolvidos.	
  
Perceber	
  o	
  tema	
  como	
  uma	
  função	
  organizacional	
  estratégica	
  
que	
  se	
  manifesta	
  em	
  toda	
  estrutura	
  de	
  poder	
  da	
  empresa,	
  e,	
  promove	
  
diferenciais	
  competitivos,	
  percebidos	
  pelo	
  mercado,	
  requer	
  o	
  emprego	
  de	
  
bom	
  senso	
  e	
  inteligência.	
  Apesar	
  de	
  algumas	
  linhas	
  de	
  pensamento	
  sobre	
  
o	
  tema	
  defenderem	
  seu	
  papel	
  como	
  promotor	
  da	
  ‘venda’	
  da	
  imagem	
  da	
  
empresa	
  aos	
  seus	
  empregados	
  e	
  familiares,	
  reunindo-­‐o	
  em	
  uma	
  mesma	
  
definição	
   que	
   a	
   comunicação	
   ou	
   propaganda	
   interna,	
   o	
   endomarketing	
  
representa	
  um	
  aparato	
  muito	
  mais	
  complexo	
  de	
  interações,	
  objetivas	
  e	
  
subjetivas,	
  com	
  o	
  sistema	
  organizacional.	
  	
  
A	
  partir	
  de	
  um	
  suporte	
  teórico	
  consistente,	
  enriquecido,	
  é	
  claro,	
  
pelo	
  empirismo	
  maduro,	
  é	
  possível	
  desmistificar	
  algumas	
  crenças	
  sobre	
  o	
  
marketing	
  interno,	
  que	
  apesar	
  de	
  válidas	
  e,	
  em	
  alguns	
  casos,	
  aplicáveis,	
  
conduzem	
  a	
  um	
  raciocínio	
  distorcido	
  de	
  sua	
  função	
  estratégica.	
  
Perseguiremos	
   definir	
   uma	
   posição	
   logicamente	
   construída	
   e	
  
embasada	
  em	
  estudos	
  sérios	
  sobre	
  o	
  tema,	
  de	
  forma	
  a	
  propor	
  uma	
  nova	
  
visão	
   a	
   respeito	
   do	
   endomarketing,	
   marcada	
   pela	
   reflexão	
   crítica,	
  
inteligente	
  e	
  criativa,	
  caminho	
  pelo	
  qual	
  novamente	
  convidamos	
  o	
  leitor	
  a	
  
percorrer	
  conosco.	
  
	
  
Histórico	
  	
  
Como	
  qualquer	
  tendência	
  em	
  administração,	
  seja	
  no	
  campo	
  do	
  
marketing	
  ou	
  da	
  gestão	
  de	
  pessoas,	
  o	
  endomarketing	
  foi	
  motivado	
  pelo	
  
processo	
  natural	
  de	
  concorrência	
  entre	
  as	
  organizações.	
  As	
  empresas,	
  na	
  
busca	
   pela	
   diferenciação,	
   passaram	
   a	
   empregá-­‐lo	
   para	
   maximizar	
   seu	
  
potencial	
  competitivo.	
  Não	
  é	
  possível	
  estabelecer	
  com	
  precisão	
  o	
  marco	
  
inicial	
  de	
  sua	
  aplicação,	
  contudo,	
  há	
  registros	
  acadêmicos	
  desde	
  a	
  década	
  
de	
  70,	
  consolidados	
  por	
  Kotler	
  no	
  princípio	
  dos	
  anos	
  80.	
  Empresários	
  do	
  
mundo	
  inteiro	
  sempre	
  promoveram	
  iniciativas	
  neste	
  sentido,	
  porém	
  com	
  
características	
  marcantes	
  de	
  benevolência.	
  
O	
  principal	
  evento	
  que	
  marca	
  o	
  emprego	
  consistente	
  de	
  ações	
  
de	
   endomarketing	
   nas	
   empresas	
   foi	
   a	
   introdução	
   dos	
   programas	
   de	
  
Qualidade	
  na	
  indústria.	
  Desenvolvidos	
  no	
  Japão,	
  pós-­‐guerra	
  recuperado	
  
economicamente	
  com	
  o	
  Plano	
  Marshall,	
  estes	
  programas	
  visavam	
  reduzir,	
  
desperdícios,	
   otimizar	
   recursos	
   materiais	
   e	
   humanos,	
   consolidar	
   maior	
  
racionalidade	
   gerencial,	
   ganhar	
   agilidade,	
   e	
   reduzir	
   custos,	
   ou	
   seja:	
  
produtividade	
  e	
  eficiência.	
  
Quando	
   estes	
   programas	
   foram	
   aplicados	
   no	
   Ocidente	
  
percebeu-­‐se	
  que,	
  diferentemente	
  dos	
  japoneses	
  cujo	
  comprometimento	
  
com	
  a	
  organização	
  é	
  fruto	
  da	
  forte	
  disciplina	
  arraigada	
  em	
  sua	
  cultura,	
  
originada	
  na	
  honra	
  samurai	
  –	
  lembrando	
  que	
  o	
  Japão	
  deixou	
  o	
  sistema	
  
feudal	
   no	
   final	
   do	
   século	
   XIX	
   apenas	
   -­‐	
   os	
   ocidentais	
   possuem	
   outros	
  
fatores	
   motivacionais,	
   dentre	
   eles,	
   reconhecimento,	
   participação	
   e,	
  
principalmente,	
  recompensa.	
  O	
  operário	
  japonês	
  aderiu	
  à	
  Qualidade	
  pois	
  
seria	
  honrado,	
  mesmo	
  requerendo	
  maior	
  esforço	
  e	
  dedicação,	
  enquanto	
  
o	
   operário	
   americano	
   estava	
   preocupado	
   em	
   quantos	
   cents	
   a	
   mais	
   por	
  
hora	
  iria	
  receber.	
  
Portanto,	
   para	
   o	
   sucesso	
   dos	
   programas	
   de	
   Qualidade	
   nos	
  
Estados	
  Unidos,	
  como	
  5S,	
  ISO,	
  QS,	
  e	
  mesmo	
  de	
  sistemas	
  produtivos	
  como	
  
JIT,	
  dentre	
  outros,	
  foram	
  necessários	
  o	
  uso	
  de	
  táticas	
  que	
  estimulassem	
  a	
  
motivação	
  das	
  pessoas	
  com	
  seu	
  trabalho	
  e	
  seu	
  comprometimento	
  com	
  
resultados.	
   Assim	
   sendo,	
   as	
   práticas	
   já	
   existentes	
   e	
   as	
   novas	
  
desenvolvidas,	
   foram	
   compiladas	
   em	
   sistemas	
   que	
   absorveram	
   a	
  
nomenclatura	
  endomarketing.	
  Cabe	
  lembrar	
  que	
  os	
  americanos	
  também	
  
buscaram	
  referências	
  em	
  sua	
  cultura,	
  no	
  caso,	
  o	
  show	
  biz.	
  
Esta	
  evolução	
  ocorreu	
  paralelamente	
  aos	
  esforços	
  acadêmicos	
  
e	
  técnicos	
  pelo	
  movimento	
  da	
  QVT	
  (Qualidade	
  de	
  Vida	
  no	
  Trabalho),	
  no	
  
sentido	
  de	
  compreender	
  como	
  funciona	
  o	
  clima	
  das	
  organizações,	
  e	
  com	
  
isso	
   interagir	
   com	
   ele,	
   e	
   assim,	
   reunidos,	
   denotaram	
   o	
   arcabouço	
  
conceitual	
   que	
   fundamenta	
   a	
   noção	
   de	
   endomarketing,	
   cujos	
   primeiros	
  
conceitos	
  são	
  de:	
  Leonard	
  Berry	
  (1976),	
  vendo	
  o	
  empregado	
  como	
  cliente	
  
da	
   empresa;	
   e,	
   o	
   de	
   Christian	
   Grönroos	
   (1981),	
   cujo	
   foco	
   era	
   fazer	
   o	
  
empregado	
  desenvolver	
  orientação	
  ao	
  cliente	
  e	
  às	
  vendas	
  (sales	
  minded).	
  	
  
Contudo,	
   os	
   principais	
   autores	
   de	
   referência	
   estrangeiros	
   são	
   Pervaiz	
  
Ahmed	
   e	
   Mohammed	
   Raqif	
   (2002),	
   no	
   Brasil,	
   o	
   principal	
   expoente	
  
reconhecido	
  nos	
  estudos	
  do	
  marketing	
  interno	
  é	
  Saul	
  Faingaus	
  Bekin.	
  
	
  
Evolução	
  do	
  Conceito	
  
Diferente	
   de	
   outras	
   disciplinas,	
   o	
   endomarketing	
   ainda	
   não	
  
encontrou	
   um	
   conceito	
   reconhecido	
   e	
   legitimado	
   por	
   pesquisadores	
   e	
  
profissionais	
  da	
  área,	
  fosse	
  pelo	
  menos	
  um	
  norte	
  compartilhado.	
  Trata-­‐se	
  
de	
   um	
   conceito	
   em	
   construção	
   há	
   mais	
   de	
   três	
   décadas,	
   o	
   qual	
   as	
  
divergências	
  ainda	
  são	
  maiores	
  que	
  as	
  afinidades,	
  havendo	
  pouca	
  troca	
  e	
  
diálogo	
  entre	
  os	
  estudiosos	
  do	
  tema.	
  
Por	
   este	
   motivo,	
   preocupado	
   em	
   privilegiar	
   aquilo	
   em	
   que	
  
concordamos,	
   este	
   trabalho	
   se	
   propôs	
   a	
   percorrer	
   as	
   produções	
  
conceituais	
   mais	
   significativas	
   sobre	
   o	
   endomarketing,	
   estrangeiras	
   e	
  
nacionais,	
  aqui	
  apresentadas	
  de	
  maneira	
  sintética	
  em	
  ordem	
  cronológica	
  
de	
  publicação.	
  Cabe	
  salientar	
  que	
  o	
  principal	
  critério	
  de	
  seleção	
  para	
  as	
  
proposições	
  apresentadas	
  foi	
  fundamentação	
  de	
  sua	
  construção	
  teórica,	
  
desconsiderando	
   assim	
   definições	
   e	
   conceitos,	
   por	
   mais	
   populares	
   que	
  
sejam,	
  que	
  não	
  tragam	
  contribuição	
  efetiva	
  ao	
  conhecimento.	
  	
  
Neste	
   processo	
   desenvolveu-­‐se	
   uma	
   análise	
   criteriosa,	
   tendo	
  
por	
   objetivos:	
   garantir	
   sua	
   plena	
   compreensão,	
   criticar	
   e	
   ponderar	
  
respeitosamente	
   cada	
   conceito,	
   identificar	
   os	
   pontos	
   fortes	
   das	
  
diferentes	
  abordagens,	
  conciliar	
  os	
  pontos	
  comuns	
  e	
  complementares,	
  e,	
  
finalmente,	
  ao	
  agregar	
  a	
  visão	
  dos	
  autores,	
  produzir	
  um	
  novo	
  conceito,	
  
mais	
  conclusivo,	
  que	
  reúna	
  as	
  melhores	
  propostas	
  e	
  agregue	
  consistência	
  
ao	
  bom	
  debate	
  de	
  idéias.	
  
Este	
   relato	
   é	
   apresentado	
   a	
   seguir,	
   e	
   tem	
   início	
   com	
   a	
  
proposição	
   conceitual	
   pioneira	
   de	
   Leonard	
   Berry	
   (1976)	
   para	
   quem	
   o	
  
endomarketing	
  significa	
  uma	
  filosofia	
  de	
  tratamento	
  dos	
  empregados	
  da	
  
mesma	
  forma	
  como	
  clientes	
  são	
  tratados,	
  e	
  isso	
  seria	
  uma	
  estratégia	
  de	
  
criar	
   “cargos-­‐produtos”	
   para	
   atender	
   necessidades	
   humanas,	
   cujo	
  
objetivo	
   é	
   atrair,	
   desenvolver,	
   motivar	
   e	
   reter	
   empregados	
   qualificados	
  
através	
   destes	
   “cargos-­‐produtos”.	
   Em	
   outras	
   palavras,	
   o	
   autor	
   acredita	
  
que	
  a	
  empresa	
  deveria	
  ver	
  o	
  empregado	
  da	
  mesma	
  forma	
  como	
  vê	
  seu	
  
cliente,	
  dessa	
  forma,	
  os	
  cargos	
  ou	
  funções	
  que	
  disponibiliza	
  deveriam	
  ser	
  
projetados	
   e	
   oferecidos	
   como	
   produtos	
   da	
   empresa	
   ao	
   seu	
   público	
  
interno.	
  	
  
Trata-­‐se	
  de	
  uma	
  visão	
  lógica	
  e	
  bastante	
  generosa,	
  contudo	
  não	
  
obteve	
  difusão	
  e	
  legitimidade	
  suficiente	
  para	
  consolidar-­‐se.	
  Talvez	
  porque	
  
é	
  necessário	
  lembrarmos	
  da	
  máxima	
  “o	
  cliente	
  tem	
  sempre	
  razão”,	
  o	
  que	
  
se	
   implementado	
   em	
   uma	
   empresa	
   neste	
   modelo,	
   pressuporia	
   forças	
  
equivalentes	
  e	
  supressão	
  de	
  conflitos	
  de	
  interesse,	
  o	
  que,	
  definitivamente,	
  
não	
  se	
  aplica.	
  A	
  abordagem	
  do	
  autor	
  é	
  interessante	
  e	
  cabe	
  reflexão	
  na	
  
medida	
  em	
  que	
  pode	
  ser	
  utilizada	
  não	
  para	
  cargos	
  ou	
  funções,	
  mas	
  sim	
  
para	
  outros	
  produtos	
  internos	
  da	
  empresa,	
  como	
  seu	
  plano	
  de	
  benefícios,	
  
por	
  exemplo.	
  	
  
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  • 1. E AS 25 LEIS DO ENDOMARKETING Por Vinicius de Carvalho / 2007
  • 2. O conteúdo do e-Book Endomarketing Inteligente e Criativo está registrado junto ao Escritório de Direitos Autorais da Fundação Biblioteca Nacional sob o n° 409217 de 05 de Setembro de 2007. Qualquer material que possua elevada semelhança ou igualdade de conteúdos, e não possua autorização prévia deste autor, fere os Direitos de Propriedade Autoral, e estará sujeito às restrições legais. www.endomkt.com Sobre o Autor Vinicius de Carvalho Direitos Autorais Atua há mais de 10 anos no universo interno das organizações, sempre trabalhando com os temas relacionados com o Engajamento e o Endomarketing. Possui formação em comunicação social e especialização em gestão de pessoas, antropologia de mercado e inteligência estratégica. Como profissional, foi sócio-diretor de grandes agências dedicadas ao desenvolvimento de soluções para o engajamento e motivação internos. Ao longo deste período percebeu a falta de profissionais qualificados nas organizações para tratarem do tema do Engajamento, Motivação, Endomarketing. O ponto mais importante foi compreender que esta falta de preparação profissional era causada pela inexistência de um escola dedicada a este tema, capaz incluisve de certificar profissionais. Foi em 2007 que Vinicius de Carvalho criou a ENDO, onde passou a dedicar-se ao propósito da formação profissional qualificada para as áreas do Engajamento e Endomarketing. + de 400 estratégias de engajamento e endomarketing + de 600 campanhas e ações de engajamento e endomarketing + de 45 Laboratórios de Ideias e inovação desenvolvidos + de 40 redes internas de comunicação implantadas + de 45 grandes eventos internos de engajamento e endomarketing + de 300 programas internos de engajamento e endomarketing Atuação direta e presencial como gestor executivo de projetos de Engajamento e Endomarketing em mais de 6 países, em 4 continentes diferentes (América do Sul, américa do Norte, Europa e África). Algumas empresas onde atuou: Renault, Petrobrás, Companha Siderúrgica Nacional – CSN, Zaffari Bourbon, AES Energia, Grupo Sonae, TMN, Portugal Telecom, TAP, Samsung, entre tantas outras. NÚMEROSDEVINICIUSCARVALHO Fale com o autor: endo@endomkt.com
  • 3. Introdução         Toda   empresa   deseja   crescer.   Para   isso,   toma   decisões   estratégicas   em   relação   ao   seu   posicionamento   de   mercado   que   determinam   a   forma   como   será   percebida   por   seus   clientes,   consumidores  e  parceiros.  Não  importa  o  segmento,  indústria,  comércio   ou  serviços.  Posicionamento  é  algo  chave  para  o  sucesso  da  organização,   e  isto  influencia  sua  capacidade  de  gerar  resultados  positivos,  econômicos   e  humanos,  hoje  e  no  futuro.   Porém,   consolidar   uma   posição   de   marketing   duradoura   e   rentável  requer  respaldo  e  identificação  autêntica  de  todos  os  membros   da  empresa  com  sua  proposta  de  valor.  Ou  seja,  se  sua  empresa  deseja   encantar,   surpreender   e   fidelizar   seu   cliente,   então   deve   começar   encantando,  surpreendendo  e  fidelizando  seus  colaboradores.   A   regra   é   simples,   não   importa   a   “palavra”   que   você   queira   transmitir  ao  mercado,  para  que  de  fato  seus  clientes  ou  consumidores   percebam   esta   proposição   é   preciso,   antes   de   qualquer   outra   coisa,   empreender  o  mesmo  esforço  conceitual,  didático,  informativo  e  cultural   junto  ao  seu  público  interno.  Isso  porque  a  qualidade  da  relação  de  uma   empresa  com  seu  mercado,  clientes  ou  consumidores  é  um  reflexo  direto   da   qualidade   do   relacionamento   que   ela   estabelece   com   seus   colaboradores.   Pessoas:   são   elas   que,   através   de   suas   atitudes,   traduzem   ao   mercado  tudo  aquilo  que  a  empresa  é,  ou  pretende  ser.  Portanto,  se  o   principal   motivo   pelo   qual   elas   trabalharem   na   empresa   for   apenas   o   salário,  isso  influenciará  suas  atitudes  de  forma  que  jamais  esta  empresa   será   percebida   pela   qualidade   do   atendimento   ou   por   excelência   operacional.  Em  resumo,  são  as  pessoas  que  satisfazem  as  necessidades   dos   clientes   e   consumidores   da   organização,   e   para   satisfazer   as   necessidades   dos   outros   é   preciso   que   suas   próprias   necessidades,   tangíveis  ou  não,  estejam  satisfeitas  em  primeiro  lugar.   Mais   que   satisfazer,   surpreender,   determinando   assim   um   diferencial  competitivo  que  nenhum  concorrente  possa  copiar,  uma  vez   que  produtos,  serviços  ou  tecnologias,  cada  vez  mais  se  tornam  fáceis  de   reproduzir.   Isso   significa   dizer   que   a   diferenciação   verdadeira   ocorre   através   da   marca   que   a   empresa   apresenta   ao   mercado,   e   a   marca   é   essencialmente  uma  construção  subjetiva  feita  por  pessoas,  para  pessoas.     Quando  consumimos  um  produto  ou  serviço  nos  preocupamos   muito   menos   com   suas   características   intrínsecas,   e   muito   mais   com   o   benefício  e  a  satisfação  proporcionados  por  ele.  Esta  confiança  atribuída,   que  resulta  em  prazer  e  realização,  é  o  resultado  do  trabalho  de  toda  uma   rede  de  pessoas  interligadas,  objetivamente  por  normas  e  processos,  e,   subjetivamente   por   uma   idéia,   por   algo   maior,   generoso,   desafiante,   e   motivo  de  orgulho.  Viver  esta  marca  e  sentir  sua  identidade  internamente   garante  que  externamente  ela  será  valorizada  e  desejada,  quem  sabe,  a   preferida.     Falamos   então   de   posicionamento   cuja   concepção   é   mesmo   anterior  ao  próprio  endomarketing.  Enquanto  o  primeiro  é  um  profundo   exercício  de  reflexão  e  planejamento  que  orienta  como  a  empresa  atuará   no   mercado,   o   endomarketing   visa   transformar   esta   construção   conceitual   em   prática   e   resultados   concretos,   desdobrando   o  
  • 4. posicionamento   dentro   da   empresa   para   mobilizar   cada   pessoa   no   desempenho   de   seu   papel   para   cumprir   a   “promessa”   feita   externamente.   Isto   é   possível   a   partir   de   duas   questões   essenciais:   a   motivação  das  pessoas  com  seu  trabalho,  e,  as  decisões  que  tomam  em   seu  dia-­‐a-­‐dia.   Nós   sabemos   que   pessoas   motivadas   fazem   toda   diferença,   mas   é   preciso   organizar   o   conhecimento   acerca   de   teoria   motivacional   que  é  empregado  pelo  endomarketing,  desmistificando  seu  vínculo  com  a   felicidade  e  certas  responsabilidades  atribuídas  à  empresa,  bem  como  a   idéia   de   que   motivação   pode   ser   espontaneamente   gerada.   Quanto   ao   processo  decisório,  tema  amplamente  estudado  desde  os  primórdios  da   Administração,   é   evidente   sua   correlação   com   a   prática   de   um   posicionamento,   que   é   percebido   através   do   relacionamento   dos   membros  da  empresa  com  seus  clientes,  e  também  com  construção  de   uma   marca,   pois,   as   pessoas   são   contratadas   pelas   empresas   para   tomarem  decisões,  mais,  ou  menos  complexas,  sejam  elas  operacionais   ou  estratégicas,  e  que  determinam  que  opinião,  consumidores  e  clientes,   formarão  a  respeito  da  empresa.   Trata-­‐se  de  uma  abordagem  mais  complexa  em  relação  ao  que   comumente  vem  sendo  praticado  pelas  organizações,  que  cada  vez  mais   despertam   o   interesse   para   o   tema,   percebendo   que   a   partir   de   demandas   mais   exigentes   e   complexas   de   clientes   e   consumidores,   precisam  também  inovar  junto  ao  seu  público  interno.     Há  pelo  menos  uma  década  o  endomarketing  passou  a  integrar   a  agenda  das  principais  empresas  brasileiras.  Ainda  controverso  e  carente   de  consistência  conceitual,  ganhou  espaço  e  tornou-­‐se  fator  importante   para  o  sucesso  de  nossas  organizações,  sendo  um  diferencial  obrigatório   às   melhores   empresas   do   país.   Comprova   o   ranking   “As   Melhores   Empresas  para  Trabalhar  no  Brasil”,  editado  anualmente  por  revistas  de   expressão   nacional.   A   verdade   é   que   a   grande   maioria   dos   integrantes   desta  lista  constituiu  e  legitimou  um  programa  de  marketing  interno.     Contudo,   ainda   há   muito   a   ser   descoberto   sobre   o   endomarketing.   A   literatura   disponível   sobre   o   tema,   brasileira   ou   estrangeira,   ainda   é   insuficiente,   salvo   restritas   exceções,   tanto   em   relação   à   quantidade,   quanto   em   relação   à   consistência   teórica   do   conteúdo.  Nesse  sentido,  este  livro  busca  contribuir,  pretende  questionar   certos  paradigmas  e  organizar  o  conhecimento  teórico  e  técnico  existente,   esclarecendo  aos  profissionais  que  recorrem  ao  endomarketing  suas  reais   potencialidades,  ferramentas  e  funções  na  empresa.  Irá  recorrer  à  teoria,   sem   preconceito   e   com   sólido   referencial   bibliográfico,   para   apoiar   as   proposições  que  defende,  e  constituir  uma  base  inicial  mais  densa  para  o   marketing   interno,   entretanto,   mantendo   a   humildade   de   reconhecer   suas   limitações,   abrir   espaço   para   novas   abordagens   e   promover   um   debate  amplo  e  plural  sobre  o  assunto.              
  • 5. 1.  COMPREENDENDO  O  CAMPO  DE  ESTUDO       Antes   de   qualquer   afirmação   mais   rigorosa   sobre   o   que   é   endomarketing   e   como   é   estruturado,   precisamos   combinar   algumas   coisas.   Em   primeiro   lugar:   este   assunto   é   bem   mais   complexo   do   que   parece.  Por  este  motivo  é  preciso,  antes  de  qualquer  passo,  conhecer  e   compreender  o  cenário  em  que  atuaremos.   Segundo,  considerando  que  o  endomarketing  se  trata  de  uma   área  de  conhecimento  muito  jovem,  ele  ainda  se  apóia  em  outras  áreas   de  conhecimento  para  adquirir  uma  personalidade  própria,  e  referenciais   uníssonos.   Estes   saberes   vêm   da   Sociologia,   da   Psicologia,   da   Administração  e  da  Comunicação,  principalmente,  sendo  necessário  um   olhar  minimamente  crítico  a  respeito.   Finalmente,   o   endomarketing   é   um   processo   gerencial   desenvolvido  em  resposta  a  certos  problemas  de  gestão  empresarial  com   o   objetivo   de   minimizar   seus   possíveis   impactos   negativos.   Dentre   eles   podemos  citar  com  destaque  a  necessidade  de  promover  a  motivação  das   pessoas,   a   gestão   do   clima   organizacional,   a   busca   por   desempenhos   superiores  (normalmente  atrelado  ao  processo  de  tomada  de  decisão),  e,   a  gestão  de  mudanças  –  fator  que,  usualmente,  enfrenta  uma  resistência   natural   das   pessoas,   como   por   exemplo,   a   implementação   de   um   programa  de  Qualidade.  Logo,  para  propor  uma  resposta,  inicialmente  é   preciso  compreender  a  pergunta,  e  isso  demanda  nossa  atenção.   Assim   sendo,   nosso   primeiro   desafio   é   a   apropriação   deste   arcabouço  teórico  inicial,  nivelando,  ajustando  ou  apenas  relembrando,  o   que  sabemos  sobre  organizações,  gestão  e  motivação.  Cabe  lembrar  que   muito   daquilo   que   conhecemos   provém   de   estudos   teóricos:   nosso   sistema   de   governo,   nosso   modo   de   produção,   a   forma   como   organizamos  o  trabalho,  enfim.  Por  isso,  sinta-­‐se  convidado  a  visitar  um   pouco   de   teoria,   para   que   depois   possamos   construir   uma   nova   visão   sobre  o  endomarketing.           Organização  e  Gerenciamento   O   endomarketing   não   é   a   mera   importação   dos   conceitos   e   ferramentas  do  marketing  para  dentro  da  empresa.  As  relações  humanas   e  estímulos  que  ocorrem  no  mercado  são  muito  diferentes  daquelas  que   se  verificam  em  um  grupo  humano  organizado.  Por  este  motivo,  para  a   ideal   compreensão   do   endomarketing   é   preciso,   primeiramente,   compreender  o  que  é,  e  como  se  administra  uma  organização,  no  caso,   uma   organização   empresarial,   nivelando   o   conhecimento   básico   acerca   do   que   ela   significa,   e   compreendendo   ainda   como   alguns   conceitos   essenciais  como  produtividade,  eficiência,  senso  de  equipe  e  motivação,   se  formaram  e  influenciam  o  gerencialismo  até  hoje.   Neste  ponto  cabe  lembrar  as  mais  antigas  organizações  que  se   institucionalizaram  no  mundo,  milhares  de  anos  atrás  até  os  dias  atuais,  e   que,   sem   dúvida,   inspiraram   a   formação   das   chamadas   organizações   modernas.  São  elas:  o  Exército  e  a  Igreja.  
  • 6. Há  diferentes  formas  de  se  interpretar  uma  organização,  com   teorias   distintas   como   a   mecanicista,   dos   sistemas,   contingencial,   institucional,  a  abordagem  psicanalítica,  dentre  outras.  Contudo,  dentre   os  pensamentos  que  formaram  as  bases  fundamentais  das  empresas  hoje   em  dia,  sem  dúvida  merecem  destaque,  a  teoria  Estrutural-­‐Funcionalista   de  Durkhein  e  Comte,  e  também,  os  ensaios  de  Weber  sobre  a  Burocracia,   demonstrando   ser   esta   a   maneira   ideal   de   controlar   e   exercer   poder   sobre  a  sociedade,  ratificando  uma  história  de  dominantes  e  dominados.   A  teoria  funcionalista,  ou  ainda  a  lógica  positivista,  vê  a  sociedade  como   um  corpo  humano,  com  funções  distintas,  onde  há  uma  parte  pensante   (nobre)  e  outra  parte  operativa  (membros),  que  sustenta  as  demais.   A   Burocracia   representa   o   aparelho   da   “dominação   racional   legal”,  que  é  exercida  por  leis  e  um  sistema  de  poder  organizado,  que  é   apropriado   à   estrutura,   e   ela,   portanto,   prevê   hierarquias   de   subordinação  direta,  assim  como  processos  de  interação  protocolares  e   subdivisão  de  conhecimento  –  este  último,  um  fator  com  o  qual  hoje  em   dia  esbarramos  com  os  processos  de  aprendizagem  organizacional.   Ainda  na  mesma  linha  positivista,  o  principal  teórico  da  teoria   administrativa,  o  francês  Henri  Fayol,  em  1915,  propôs  o  conceito  sobre  o   quê   seria   a   administração:   planejar,   organizar,   dirigir,   coordenar   e   controlar.   Determinou   ainda   os   princípios   da   administração,   dentre   os   quais,   novamente,   a   subordinação   direta   de   linha   de   comando.   Concomitantemente,  Frederick  Taylor,  nos  EUA,  trouxe  à  tona  o  conceito   da   Administração   Científica,   baseada   nos   estudos   de   tempos,   movimentos  e  fadiga,  ainda  reforçando  uma  clara  distinção  entre  a  parte   pensante   e   a   parte   operativa   da   organização.   Esta   doutrina   chamou-­‐se   Mecanicista.  Em  resumo,  Taylor  introduziu  o  conceito  de  produtividade,   já  que  seus  estudos  versavam,  essencialmente,  sobre  isso.  Para  o  autor,   ao  minimizar  a  fadiga  gerada  pelo  trabalho  a  produtividade  aumentava,   na   época   preocupava-­‐se   com   o   trabalho   braçal,   e   transpondo   este   raciocínio  para  a  atualidade,  nossa  preocupação  se  volta  para  as  questões   de  “fadiga  mental”  ou  estresse.       Um   dos   campos   faltantes   para   a   legitimidade   da   forma   moderna   de   administrar   uma   organização   era,   justamente,   a   dimensão   ética,   proposta   por   Herbert   Simon   poucos   anos   depois.   O   autor,   com   raízes  em  Maquiavel,  propôs  o  conhecido  “só  pode  ser  gerenciado  aquilo   que   pode   ser   medido”,   excluindo   assim   os   julgamentos   de   valor   do   processo  de  tomada  de  decisão  gerencial.  Assim,  exclui  a  subjetividade  do   gerenciamento,  afirmando  que  apenas  os  julgamentos  de  fato,  baseados   em   números,   eram   considerados,   tendo   como   objetivo   garantir,   a   qualquer   custo,   que   a   empresa   cumprisse   seus   objetivos,   fato   que   se   mantém   presente   em   muitas   organizações   até   hoje.   Temos   enfim,   a   lógica  da  eficiência.   Até   este   momento,   o   homem   na   organização   era   visto   meramente  como  um  fator  produtivo.  Isso  até  a  década  de  30,  quando   ainda  era  comum  o  trabalho  infantil  em  jornadas  superiores  a  12  horas   por  dia,  em  funções  insalubre.  Apenas  após  o  crack  de  1929  novas  formas   de  olhar  o  homem  nas  organizações  foram  introduzidas  na  Administração,   porém   as   coisas   começaram   a   mudar   de   verdade   ao   fim   da   II   Guerra   Mundial,  quando  no  início  da  década  de  50,  com  os  estudos  de  Tavistock   de   Elton   Mayo,   melhor   elaborados   no   decorrer   da   leitura,   perceberam   que   a   medida   em   que   as   pessoas   estabeleciam   relações   mais   afetivas   entre   si   sua   produtividade   melhorava,   percebendo   assim   a   noção   de   equipe,  essencial  ao  endomarketing.    
  • 7. Motivação  e  Clima  Organizacional     Não  há  como  dissociar  o  endomarketing  da  noção  de  motivação,   pois   sua   prática   está   diretamente   voltada   à   promoção   da   mesma.   Para   evitar   uma   visão   romântica   de   motivação,   acreditando   que   todo   investimento   da   empresa   seja   em   energia   ou   em   recursos   financeiros,   deve   retornar   em   forma   de   comprometimento   e   de   um   desempenho   superior,  devemos  percorrer  a  formação  da  teoria  motivacional  vigente.   Assim,   nesta   seção   abordaremos   os   principais   conceitos   que   a   determinam,  mostrando  ainda  como  a  noção  de  QVT  (Qualidade  de  vida   no   Trabalho)   influenciou   fortemente   o   pensamento   sobre   o   marketing   interno  em  resposta  à  necessidade  de  gestão  do  clima  organizacional.   Evolução  das  abordagens  motivacionais     O   pioneirismo   de   uma   visão   diferenciada   do   ser   humano   nas   organizações   é   creditado   a   Eric   Trist,   precursor   da   noção   de   QVT,   em   1950,  juntamente  a  Elton  Mayo  em  seus  estudos  no  Tavistock  Institute,   origem  da  Escola  das  Relações  Humanas,  a  partir  de  suas  pesquisas  que   visavam   uma   abordagem   sócio-­‐técnica   da   relação   estabelecida   entre   a   organização,  seus  membros  e  o  trabalho  por  eles  desempenhados,  cujo   objetivo   era   analisar   e   reestruturar   tarefas   no   sentido   de   tornar   a   vida   destes  trabalhadores  menos  penosa  (Fernandes,  1996;  Rodrigues,  1994).   Entendia-­‐se  por  ambiente  sócio-­‐técnico  um  sistema  composto  por  duas   dimensões:   a   primeira   relacionada   à   tarefa   ou   funções,   formada   por   atributos  tais  como  instalações,  equipamentos,  tecnologia,  dentre  outros;   a   segunda   constituída   pelas   pessoas   e   os   aspectos   intangíveis   que   elas   trazem  consigo,  como  cultural,  valores  e,  principalmente,  pelas  relações   sociais  no  ambiente  de  trabalho.     Esta   abordagem,   contrariando   a   Escola   da   Administração   Científica,   defendia   que   os   processos   produtivos   não   deveriam   ser   compreendidos  e  desenhados  a  partir  dos  paradigmas  tecnológicos,  uma   vez   que   reside   na   dimensão   social   o   fator   capaz   de   transformar   os   recursos   materiais   em   potencial   real   de   produção.   O   “fator   humano”   passa  a  ser  considerado  importante.   Em   outras   palavras,   para   facilitar   a   compreensão,   os   proponentes   realizaram   uma   série   de   experimentos   com   pessoas   em   áreas   produtivas,   o   principal   deles   registrado   na   fábrica   da   Western   Eletric,  em  uma  linha  teste  de  produção  de  relés  telefônicos.  Dentre  as   várias   conclusões   obtidas,   a   que   mais   nos   interessa   foi   a   que   se   deu   a   partir   do   estímulo   ao   relacionamento   inter-­‐pessoal   do   grupo   teste.   A   medida  em  que  as  pessoas  passavam  mais  tempo  juntas,  nos  intervalos,   sem   necessariamente   produzir,   e   tendo   em   vista   um   sistema   de   remuneração   que   privilegiava   o   coletivo,   sua   produtividade   crescia,   a   ponto  de  ser  possível  tirar  pessoas  da  linha  de  montagem  e  a  produção   permanecer   igual.   Ou   seja,   o   grupo   passou   a   se   apoiar   mutuamente,   formando   uma   verdadeira   equipe.   É   claro   que   outros   fatores   corroboravam   para   isso,   dentre   eles   a   perspectiva   de   supervisão   ou   vigilância,   contudo   a   constituição   de   um   grupo   de   trabalho   que   se   protegia  é  o  aspecto  de  maior  relevância.   Esta   primeira   movimentação   já   preconizava   a   formação   da   Escola  Comportamental,  ou  Behaviorismo,  cujas  premissas  fundamentais   persistem  até  hoje,  validadas  e  praticadas  de  maneira  majoritária  quando  
  • 8. se  trata  de  gestão  de  recursos  humanos.  A  Escola  Comportamental  teve   como  principais  expoentes  Abraham  Maslow  (1954),  Frederick  Herzberg   et  al.  (1968)  e  Herbert  Simon  (1965),  este  último  merece  especial  atenção,   pois  com  seu  livro  “Comportamento  Administrativo”  (1979;  Cap.  3;  Fatos   e   Valores   do   Processo   Decisório.     p.   53-­‐71)   sedimentou   as   bases   da   conduta   ética   vigente   na   maioria   das   organizações   empresariais,   fortemente   calcada   em   eficiência,   orientada   pela   racionalidade   instrumental  e,  muitas  vezes,  destituída  de  juízos  de  valor,  ou  seja,  pouco   comprometida  com  o  bem  estar  das  pessoas.  Este  autor  ainda  se  dedicou   ao   estudo   de   sua   Teoria   do   Equilíbrio   Organizacional,   que   defende   o   estabelecimento   de   uma   relação   reciprocamente   vantajosa   entre   indivíduo  e  organização  para  que  se  verifique  justiça  entre  satisfação  do   empregado   e   seu   desempenho   no   trabalho,   e   ainda   ao   estudo   com   profundidade  os  processos  de  tomada  de  decisão  nas  organizações.   Herzberg  et  al.  (1968),  ao  perceber  com  suas  pesquisas  que  os   fatores   que   causavam   satisfação   nos   empregados   eram   intrínsecos   ao   cargo   enquanto   aqueles   que   causavam   a   insatisfação   eram   externos,   desenvolveu   a   Teoria   dos   Fatores   de   Motivação   e   Higiene.   Ou   seja,   a   amplitude   de   complexidade   das   tarefas   inerentes   ao   cargo,   autonomia   decisória,  oportunidade  de  assumir  desafios,  uso  da  criatividade,  dentre   outros,  representam  em  conjunto,  um  fator  motivador  ao  indivíduo,  no   entanto,   quando   não   percebidos   no   trabalho,   não   seriam   responsáveis   por   insatisfação.   Já   os   fatores   higiênicos,   como   por   exemplo,   remuneração,   segurança,   processos   da   empresa,   enfim,   se   atendidos   adequadamente   evitam   o   descontentamento   (conflito),   contudo   não   promovem   maior   satisfação,   salvo   não   sejam   percebidos   de   maneira   favorável,  nesse  caso,  seriam  responsáveis  por  insatisfação.   Maslow   (1954)   contribuiu   fundamentalmente   à   Teoria   Organizacional  ao  despertar  os  gestores  para  o  fato  de  que  não  apenas   necessidades   de   cunho   econômico   são   importantes   às   pessoas,   estas   necessidades   são   também   de   natureza   social   e   psicológica,   e   isto   esta   diretamente  relacionado  à  noção  de  qualidade  de  vida  no  trabalho.  Além   disso,   não   apenas   estrutura   física,   instalações   e   condições   para   o   desempenho   da   tarefa   são   motivadores,   há   uma   série   de   fatores   intangíveis,  como  auto-­‐estima  e  auto-­‐realização,  que  são  animadores  da   motivação.   Esta   visão   é   apresentada   em   sua   Teoria   da   Hierarquia   das   Necessidades,   que   apesar   de   não   ter   sido   elaborada   pelo   autor   em   formato  de  pirâmide,  é  assim  comumente  conhecida,  e  é  crescentemente   configurada   como   necessidades:   fisiológicas,   de   segurança,   sociais,   de   auto-­‐estima,  e  de  auto-­‐realização.   Os   estudos   de   Maslow   e   Herzberg   mostram-­‐se   bastante   complementares.  O  primeiro  voltou  seus  estudos  a  como  se  manifestam   as  necessidades  humanas,  acreditando  que  a  medida  em  que  é  satisfeito   o  conjunto  mais  básico  destas  necessidades  o  indivíduo  passa  a  perseguir   o  próximo  nível  hierárquico.  Já  Herzberg  focou-­‐se  nas  formas  como  estas   necessidades  podem  ser  satisfeitas  pela  organização,  propondo  ainda  o   “enriquecimento”  do  trabalho  para  aumentar  a  motivação  do  indivíduo  e,   por  conseqüência,  seu  desempenho,  a  partir  de  um  “aumento  intencional   de   responsabilidade,   amplitude   e   desafio   no   trabalho”   (Hersey   e   Blanchard,   1974).   Os   primeiros   níveis   das   necessidades   humanas   de   Maslow  são  correlatos  aos  fatores  higiênicos  de  Herzberg,  enquanto  os   níveis  superiores,  aos  fatores  motivacionais.     Douglas   McGregor   também   é   um   autor   importante   para   a   compreensão   das   bases   teóricas   deste   movimento   pela   busca   de   uma  
  • 9. teoria  sobre  motivação.  O  autor,  evidentemente  inspirado  pelo  ponto  de   vista  de  Argyris  (1957)  que  defendia  que  “a  gestão  eficiente  depende,  ao   exclusivamente,  mas  de  maneira  significativa  –  da  habilidade  de  prever  e   orientar   o   comportamento   humano”   (McGregor,   1970,   p.18),   em   1960,   propôs   a   Teoria   X   e   Y.   Esta   teoria   confrontava   a   visão   estruturalista   vigente  na  época  de  que  o  ser  humano  é  naturalmente  indolente  quanto   ao   trabalho,   requer   coerção,   vigilância   e   ameaça   constante   para   desempenhar  as  tarefas  que  lhe  são  confiadas,  e,  ainda,  na  maioria  das   vezes  prefere  ser  liderado  e  orientado,  pois  é  desprovido  de  ambição  e   incapaz  de  assumir  responsabilidades,  com  uma  proposta  mais  otimista   de  homem,  na  qual:     • O   trabalho   é   uma   vocação   do   homem,   portanto,   seu   esforço   físico  ou  mental  dedicado  à  organização  é  algo  natural;   • Seu   empenho   à   consecução   de   objetivos   é   uma   função   das   recompensas  oferecidas  pelo  êxito;   • Com   as   condições   mínimas   para   executar   o   trabalho,   o   ser   humano   é   capaz   de   assumir   e   até   buscar   novas   responsabilidades;   • A  vigilância  e  a  punição  não  são  os  únicos  meios  de  garantir  o   esforço  no  cumprimento  dos  objetivos,  pois  o  homem  pode  ser   auto-­‐gerido  e  suscetível  a  colocar  o  melhor  de  si  no  interesse   da  organização;   • A   capacidade   humana,   em   virtude   da   estrutura   das   empresas   modernas,  é  utilizada  apenas  parcialmente;  e,   • A   capacidade   de   usar   de   criatividade,   visar   à   solução   de   problemas,   ter   espírito   empreendedor,   está   difusa,   porém   amplamente   distribuída   nas   pessoas,   e   não   escassa,   como   se   pensa.   Em   resumo,   para   McGregor,   a   organização   pode   optar   por   tratar   as   pessoas   como   seres   incapazes,   indispostos   a   colaborar,   que   demandam   forte   controle   e   coerção,   ou,   estabelecer   um   ambiente   organizacional   propício   ao   desenvolvimento,   ou   tratá-­‐las   como   seres   maduros,   propensos   a   realizar   um   bom   trabalho,   a   assumir   responsabilidades  e,  especialmente,  em  busca  de  auto-­‐realização.   Corroborando  a  esta  concepção,  David  McClelland  (1953),  em   suas  pesquisas  identificou  três  necessidades  adquiridas  socialmente,  são   elas:   necessidade   de   poder,   necessidade   de   filiação,   e   necessidade   de   realização.  A  primeira  refere-­‐se  à  necessidade  de  exercer  algum  tipo  de   influência   sobre   os   comportamentos,   atitudes   ou   decisões   dos   demais   indivíduos  (poder);  a  segunda,  a  necessidade  de  ser  aceito  e  reconhecido   pelo   grupo   do   qual   participa   através   das   interações   sociais   (pertencimento);  e,  por  fim,  à  necessidade  de  desafios,  ou  de  estabelecer   uma  alta  performance  na  tarefa  de  desempenhada  ao  obter  altos  níveis   de  qualidade  naquilo  que  se  propõe  a  fazer  (auto-­‐estima).   Temos   ainda,   e   não   poderia   faltar   a   menção,   a   contribuição   amplamente   criticada,   porém   ainda   viva   e   praticada,   e   B.   F.   Skinner   (1974),   talvez   o   principal   teórico   do   behaviorismo.   Inspirado   pelos   estudos  de  Pavlov  com  animais,  sua  pretensão  em  controlar  e  condicionar   o  comportamento  humano  a  partir  de  estímulos  externos  que  o  moldem,   foi,  à  sua  época,  e  até  hoje,  duramente  rejeitada  por  teóricos  devido  à  
  • 10. sua  baixa  valorização  dos  aspectos  emocionais  e  sentimentais  do  homem,   contudo,  este  as  respondia  com  um  certo  desdém,  taxando  as  conclusões   não-­‐behavioristas   de   “ficções   explanatórias”   (Skinner,   apud   Fadiman   e   Grager,   1986,   p.   212).   Cabe   um   olhar   crítico   sobre   as   práticas   organizacionais   modernas   de   administração   de   recursos   humanos,   percebendo   que   ainda   há   muitas   empresas   que,   mesmo   sem   uma   intenção  clara,  manifestam  políticas  orientadas  pela  noção  de  estímulo,   resposta  e  punição.  Os  conceitos  básicos  da  teoria  skinneriana  se  baseiam   nos  seguintes  conceitos  básicos:     • Condicionamento   respondente:   o   organismo   responde   de   maneira  automática  a  determinado  estímulo,  de  forma  reflexa;   • Condicionamento  operante:  a  resposta  ao  estímulo  é  dada  por   suas  conseqüências,  e  não  por  seus  antecedentes,  tornando-­‐se   mais  fraco  ou  mais  forte  a  medida  em  que  é  praticado;   • Reforço:   trata-­‐se   de   qualquer   estímulo   que   maximize   as   possibilidades  de  obtenção  de  uma  resposta  esperada;   • Reforço   positivo   ou   negativo:   provoca   ou   inibe   um   comportamento  desejado  /  indesejado;     • Reforço   primário   ou   secundário:   trata-­‐se   de   recompensas   físicas  pela  manifestação  da  resposta  desejada;  e,     • Punição:  reprime  comportamentos  indesejados,  apesar  de  não   eliminá-­‐los.     Neste   ponto   é   importante   lançar   um   olhar   crítico   sobre   as   proposições   de   Herzberg   e   Maslow,   em   especial,   do   segundo,   uma   vez   que  sua  influência  é  notória  na  visão  atual  de  gestão  de  pessoas.  Poucos   conhecemos  outros  modelos  motivacionais  que  não  sua  “Hierarquia  das   Necessidades   Humanas”   (fisiológicas,   segurança,   sociais,   auto-­‐estima   e   auto-­‐realizão).   Consideremos   o   aspecto   individual   de   um   executivo   em   cargo   de   gestão   há   alguns   anos   ao   qual   a   empresa   em   que   trabalha   propõe  como  estímulo  em  seu  plano  de  benefícios  um  programa  de  pós-­‐ graduação.   Nossa   tendência   natural   é   perceber   este   estímulo   como   pertinente   a   uma   necessidade   de   auto-­‐estima   ou   auto-­‐realização,   contudo   uma   visão   mais   apurada   permite   avaliar   que   dada   a   atual   configuração   competitiva   do   mercado   de   trabalho   este   pós-­‐graduação   representa,   na   verdade,   uma   condição   essencial   de   sobrevivência   no   ambiente   corporativo,   diretamente   relacionada   à   empregabilidade   do   profissional,   logo,   trata-­‐se   de   uma   necessidade   de   segundo   nível:   segurança.   Ainda,   para   o   mesmo   exemplo   de   executivo,   ocupando   um   cargo   de   gestão,   ter   autonomia   decisória   e   empregar   criatividade   no   trabalho  seria,  para  Herzberg  um  fator  motivacional  que,  se  não  atendido   não  geraria  des-­‐motivação.    Entretanto  sabemos  que  para  este  perfil,  ser   privado   destes   fatores   provocaria   sério   impacto   negativo   em   sua   motivação  com  o  trabalho,  assim  temos  na  prática  um  fator  higiênico.  Em   oposição,  para  um  operário  em  funções  de  baixa  complexidade,  obter  da   empresa  em  seu  refeitório  uma  alimentação  de  alta  qualidade,  superior   àquela  que  pode  usufruir  em  casa,  pode  representar  um  fator  altamente   motivacional,   e   mesmo   o   atendimento   de   uma   necessidade   de   quarto   nível  (auto-­‐estima).  
  • 11. Para  o  endomarketing,  esta  reflexão  tem  por  objetivo  salientar   alguns  tópicos  importantes  que  devem  ser  considerados:   • Estes   modelos   motivacionais   devem   ser   aplicados   levando-­‐se   em   consideração   que   foram   desenhados   para   um   momento   organizacional   diferente,   portanto   requerem   uma   leitura   hermenêutica  atualizada,  preferencialmente  distinta  para  cada   nível  da  organização;   • Devemos   evitar   associar   a   hierarquia   das   necessidades   humanas  à  ascensão  vertical  na  carreira,  acreditando  que  para   atender   necessidades   de   níveis   superiores   é   preciso   ser   promovido   na   empresa,   tendo   em   vista   que   o   modelo   de   Maslow  não  foi  desenvolvido  exclusivamente  com  este  objetivo,   podendo   o   indivíduo   buscar   sua   auto-­‐realização   fora   da   empresa,   por   exemplo,   um   operário   realizar-­‐se   como   líder   comunitário  e  um  executivo  na  prática  de  seu  esporte  favorito;   • Ao  “vender”  internamente  a  organização  e  os  estímulos  por  ela   oferecidos,   tangíveis   ou   não,   devemos   ter   muito   claro   qual   a   particularidade   e   o   objetivo   de   cada   um   deles,   de   forma   a   garantir  que  estejam,  de  fato,  promovendo  resultados  positivos   às  pessoas  e  à  empresa;   • Dificilmente   a   empresa   consegue   prover   a   todos   seus   colaboradores   o   atendimento   de   todas   suas   necessidades   humanas   a   partir   dos   fatores   higiênicos   e   motivacionais   que   oferece,  simplesmente  porque  é  limitada  de  inúmeras  maneiras   para   isso,   sendo   o   homem   um   ser   integral   composto   por   diferentes   dimensões   e   o   trabalho   é   apenas   uma   delas,   em   muitos  casos  a  mais  importante,  é  verdade,  mas  não  é  a  única,   cabendo  a  empresa  zelar  por  aquilo  que  está  ao  seu  alcance:  a   realização  profissional.     Para   finalizar   a   seção,   pouco   de   novo   se   produziu   para   colaborar  aos  estudos  sobre  motivação  até  a  última  década,  quando  do   conceito   de   flow,   fluxo,   ou   ainda   “experiência   máxima”,   de   Mihaly   Csikszentmihaly   (1992).   O   autor,   que   se   distancia,   distinguindo-­‐se   da   escola   comportamentalista,   apesar   de   sua   obra   ter   indícios   claros   de   afinidade   com   a   proposta   de   Argyris   em   Personalidade   e   organização   (1957),  e  mesmo  de  Maslow,  propõe  uma  nova  abordagem  ao  conceito   de  motivação,  desta  vez  responsabilizando  o  indivíduo  por  sua  aplicação   no   desempenho   de   suas   funções.   O   flow   trata-­‐se   de   um   “estado   de   espírito   extraordinário”   que   ocorre   quando   toda   capacidade   criativa   do   indivíduo   é   investida   na   tarefa   a   partir   da   exposição   a   um   desafio,   ao   ponto  deste  indivíduo  perder  a  noção  do  tempo  e  empregar  um  nível  de   esforço  fora  do  comum  naquilo  que  se  propõe  a  fazer.  Esta  experiência   máxima  pressupõe  a  obtenção  de  prazer  pessoal  pelo  próprio  “executar”   do   trabalho,   a   semelhança   do   que   ocorre   com   artistas,   pintando   um   quadro  ou  compondo  uma  canção,  pois  o  indivíduo  valoriza  o  caminho  a   ser  percorrido  até  o  resultado  final  do  trabalho  tanto  quanto  o  próprio   resultado.   Para   o   autor,   o   prazer   é   um   componente   importante   e   imprescindível  à  qualidade  de  vida,  porém  não  único,  tampouco  isolado,   posto   que   o   estado   de   flow   é   duradouro,   gera   crescimento   pessoal   e   psicológico,  agrega  em  mais  capacidade,  e  é  animador  da  felicidade  como   um   todo   (não   apenas   no   trabalho),   visto   que   pode   se   manifestar   nas   diferentes  dimensões  do  indivíduo.    
  • 12. É  neste  sentido  que  segue  a  proposição  deste  trabalho,  vendo  a   relação   entre   empresa   e   empregado   como   uma   parceria   madura   de   responsabilidade  mútua  sobre  a  motivação  no  trabalho,  na  qual  cabe  à   empresa  disponibilizar  as  telas,  os  pincéis  e  as  tintas,  mas  a  produção  de   uma  obra-­‐prima  cabe  ao  indivíduo.     Evolução  das  abordagens  sobre  o  clima  organizacional   Aqui  cabe  resgatar  a  influência  do  movimento  pela  qualidade   de  vida  no  trabalho  (QVT)  na  noção  de  clima  organizacional,  importante   campo   de   atuação   do   endomarketing,   cujo   pensamento   dos   autores   visitados,   em   especial   de   Herzberg,   é   a   base   conceitual   dos   principais   conceitos   reconhecidos,   aliás,   todos   fortemente   relacionados   ao   behaviorismo.   Todavia,   o   movimento   pela   QVT   começa   a   se   estruturar   melhor  e  a  disseminar-­‐se  na  década  de  60,  época  em  que  ganham  força   nos  Estados  Unidos  os  programas  de  Qualidade,  e  que  é  desenvolvida  a   Teoria  da  Contingência  Estrutural  baseada  na  Teoria  dos  Sistemas  Abertos   (abordagem   biológica   de   Von   Bertalanffy),   mas   que   se   concentra   na   relação  entre  a  tecnologia  utilizada  no  sistema  para  a  consecução  de  seu   objetivo   ao   transacionar   com   o   ambiente,   e   a   estrutura,   ou   arcabouço   estrutural  da  organização  –  ambiente  externo  versus  ambiente  interno  –   cujo   alinhamento   estratégico   é   também   um   atributo   do   marketing   interno.     O   período   pós-­‐crise   do   petróleo   na   década   de   70   retoma   fortemente   o   movimento   pela   QVT,   porém,   a   divergência   entre   os   pesquisadores   persiste   como   uma   constante.   O   tema,   por   tratar-­‐se   essencialmente  de  fatores  intangíveis  orientados  por  uma  racionalidade   substantiva,   parece   encontrar   dificuldade   para   se   inserir   de   maneira   consensual   nas   organizações   porque,   de   alguma   maneira,   apesar   da   evidente   preocupação   empresarial   em   estabelecer   diferenciais   competitivos,  através  do  desempenho  de  seus  trabalhadores,  a  lógica  que   norteia  os  estudos  sobre  QVT  não  é  facilmente  compatibilizada  à  vigente   lógica  da  eficiência  a  qualquer  custo.   Dentre  os  principais  conceitos,  ainda  reconhecidos,  destacam-­‐ se,  a  seguir,  aqueles  propostos  por  alguns  autores.   Para  Guest  (1979,  p.  76-­‐77)  QVT  é  definido  como  um  processo   no   qual   a   organização   estimula   o   potencial   criativo   de   seus   membros,   compartilha  decisões  que  afetam  suas  vidas,  e  este  processo  transcende  a   noção   de   eficiência,   mensurável,   indo   até   a   necessidade   de   auto-­‐ realização,   intangível.   Já   o   conceito   de   Nadler   E   Lawler   (1983)   parece   permanecer  vinculado  ainda  aos  primeiros  esforços  do  Tavistock  Institute   uma  vez  que  definem  “qualidade  de  vida  no  trabalho  como  uma  maneira   de   pensar   a   respeito   das   pessoas,   do   trabalho   e   das   organizações”,   todavia   os   autores,   ao   analisarem   a   evolução   do   conceito   ao   longo   do   tempo  prestam  uma  contribuição  importante  para  o  estabelecimento  de   uma  correlação  pertinente  à  evolução  das  escolas  administrativas.   Walton  (1973)  propõe  uma  visão  abrangente  reunindo  em  um   mesmo   arcabouço   conceitual   fatores   aparentemente   extrínsecos   tais   como   legislação   trabalhista,   segurança   no   trabalho,   e   intrínsecos   como   oportunidades   de   crescimento,   enriquecimento   de   cargos,   justiça   na   relação   empresa   e   trabalhadores.   Para   o   autor,   QVT   vai   além   das   condições  de  trabalho  dadas  ou  limitadas  pela  estrutura  física,  passando  
  • 13. pelo   atendimento   das   necessidades   humanas,   dos   valores,   da   cultura.   Contudo,   sua   visão   humanista   inerente   aos   diversos   conceitos   de   QVT,   em  alguns  pontos  parece  incorrer  em  um  romantismo  desmedido  quando   faz   apologia   ao   resgate   de   valores   humanos,   à   convivência   harmônica   com   o   meio   ambiente   e   à   valorização   do   trabalho,   fatores   esquecidos   pela  sociedade  industrializada.   Para   Fernandes   (1996),   expoente   brasileira   no   tema,   a   Qualidade  de  Vida  no  Trabalho  pode  ser  compreendida  como  “a  gestão   dinâmica   e   contingencial   de   fatores   físicos,   tecnológicos   e   sócio-­‐ psicológicos   que   afetam   a   cultura   e   renovam   o   clima   organizacional,   refletindo-­‐se   no   bem-­‐estar   do   trabalhador   e   na   produtividade   das   empresas”  (p.  45-­‐46).  É  preciso  ressalvar  que,  para  a  compreensão  ideal   do  conceito  proposto  pela  autora,  faz-­‐se  necessário  ter  claro  o  que  para   ela   significa   cultura   e   clima   organizacional,   ambos   conceitos   sobre   os   quais  há  propostas  diametralmente  opostas  na  comunidade  acadêmica,   porém,   no   livro   de   referência   isso   não   é   exposto   de   maneira   clara,   deixando  dúvidas  sobre  os  alicerces  que  o  sustentam.  Entretanto,  neste   trabalho,  por  escolha  dos  autores,  para  ser  aceita  a  proposição  da  autora   são  assumidos  os  seguintes  conceitos:   Cultura   Organizacional:   “Conjunto   de   premissas   que   um  grupo  desenvolveu  ao  aprender  como  lidar  com  problemas   de  adaptação  e  que  funcionaram  bem  o  suficiente  para  serem   considerados   válidos   e   ensinados   a   novos   membros   como   a   forma   correta   de   agir   em   relação   a   esses   problemas”   (Schein,1997).   Clima   Organizacional:   “Resultado   das   interações   profissionais  e  inter-­‐pessoais  dos  membros  de  uma  organização,   determinadas  pela  percepção  real  de  cada  um  destes  membros   acerca   da   solidez   e   justiça   de   seu   vínculo   com   a   organização,   que   influenciam   seu   comportamento   no   trabalho   que   desempenham,   e   suas   atitudes   em   relação   aos   colegas   e   à   empresa”  (Costa,  2002).     Para   melhor   ilustrar   esta   influência   teórica   para   o   endomarketing,   muito   forte   nos   estudos   sobre   Clima   Organizacional,   é   adotado   como   referência   principal   o   modelo   de   Walton   –   também   utilizado   por   Fernandes   -­‐,   possivelmente   o   mais   difundido   entre   os   pesquisadores   de   QVT,   que   estabelece   oito   diferentes   categorias   relacionadas  à  Qualidade  de  Vida  no  Trabalho,  obviamente,  subdivididas   em  variáveis  distintas.  Para  o  autor,  é  possível  avaliar  a  qualidade  de  vida   na   empresa   a   partir   do   nível   de   satisfação   dos   trabalhadores   acerca   destes   fatores,   pois   estes   influenciam   significativamente   seu   bem-­‐estar   no  trabalho.  Trata-­‐se  de  um  modelo  bastante  completo  e  rigorosamente   embasado   que,   apesar   da   complexidade,   se   permite   ser   enriquecido   através   da   inclusão   de   novas   categorias,   ou   mesmo   da   adaptação   das   variáveis   enumeradas   em   função   das   particularidades   do   objeto   de   estudo,   evidenciando   os   principais   campos   tangíveis   de   atuação   do   endomarketing,  provenientes  do  estudo  sobre  o  clima  na  empresa.        
  • 14. 2.  QUEBRANDO  PARADIGMAS     Agora   que   partilhamos   das   mesmas   referências   estruturais   chegou   o   momento   de   trabalhar   com   algumas   noções   previamente   sedimentadas   sobre   o   conceito   de   endomarketing   e   seus   desdobramentos   na   organização.   É   então   necessário   ponderar   alguns   atributos   que   apóiam   sua   construção,   enfatizando   uma   visão   mais   rigorosa   e   crítica   acerca   de   sua   aplicabilidade.   Nesse   sentido,   alguns   paradigmas  precisam  ser  discutidos.   Não   há   uma   pretensão   de   pôr   em   xeque   aquilo   que   previamente  sabemos,  ou  mesmo  de  gerar  afirmações  definitivas,  porém   de  estimular  um  debate  mais  aberto,  propondo  novos  argumentos  para   dar  condições  ao  leitor  de  empregar  sua  inteligência  e  bom  senso  a  favor   de  construir  sua  própria  opinião.       A  Informação   Temos  que  considerar  que  a  informação  não  se  trata  do  objeto   fundamental   do   marketing   interno,   tampouco   é   o   principal   fator   integrador  da  organização,  mas  sim  o  subsídio  determinante  à  geração  do   conhecimento   necessário   ao   processo   de   tomada   de   decisão.   A   informação   propagada,   de   maneira   isolada,   não   constitui   um   recurso   estratégico.   Em   uma   visão   semiótica,   apenas   quando   correlacionada   a   outras  informações,  e  apropriando-­‐se  de  significados  compreensíveis  ela   se   transforma   em   conhecimento   que   orientará   pessoas   a   tomarem   melhores   decisões   no   seu   trabalho.   Claro   que   a   informação,   expressa   pela   linguagem,   verbal   ou   não,   assim   como   símbolos,   ritos   e   demais   expressões  da  cultura  organizacional  contribuem  fortemente  à  formação   da  identidade,  essa  sim,  fator  de  integração  em  uma  empresa.       Há   correntes   que,   sem   uma   apropriação   teórica   rigorosa,   definem  endomarketing  e  comunicação  interna  como  sendo  uma  coisa  só,   encontrando   a   propaganda   interna   como   sua   expressão   maior,   nesse   sentido   a   informação   se   torna   o   objeto   fundamental.   Contudo,   mesmo   com   uma   ligação   próxima,   endomarketing   e   comunicação   interna   são   muito   diferentes,   enquanto   o   primeiro   é   um   processo   gerencial   com   características   muito   particulares,   a   segunda   representa   um   conjunto   diversificado   de   ferramentas   constituídas   por   atributos   estéticos   e   discursivos,  para  a  sensibilização  e  mobilização  das  pessoas.   Façamos   uma   breve   apropriação   histórica   da   informação   corporativa,   observando   que   na   Economia   Clássica   são   fatores   de   produção:  terra,  capital  e  trabalho.  Estes  fatores,  combinados,  hora  em   conflito,   hora   em   harmonia,   resultam   no   produto   de   determinada   sociedade.   Em   uma   análise   atual,   temos   a   mesma   relação   capital   e   trabalho   em   busca   de   equilíbrio,   independentemente   do   sistema   econômico   em   vigor.   Já   terra,   pode   ser   interpretada   como   tecnologia,   física   ou   não   física   (hardware   e   software),   sendo   representada   pelos   inúmeros  equipamentos  e  sistemas  disponíveis.   A   constatação   inovadora   é   a   existência   de   um   quarto   fator   produtivo:  a  Informação.  É  a  informação  que  determina  as  relações  inter-­‐ pessoais  e  profissionais  entre  as  empresas,  seus  clientes,  colaboradores,   parceiros   e   sociedade.   Portanto,   seu   valor   é   extremamente   alto,   e   a   forma   como   ela   tramita   é   de   fundamental   importância,   sendo  
  • 15. compreendida   como   uma   função   de   endomarketing   gerar,   distribuir   e   avaliar  seu  fluxo  junto  ao  público  interno  das  organizações,  no  sentido  de   gerar  melhores  resultados  econômicos  e  humanos.         A  Motivação   Marketing   interno   não   é   apenas   resultado   de   comunicação   interna  e  gerenciamento  de  informações,  nem  se  constitui  meramente  de   um  processo  educativo  que  objetiva  integrar  pessoas  e  gerar  motivação.   Isso   porque   motivação   não   pode   ser   espontaneamente   gerada,   tampouco  extraída  através  de  comunicação:  ela  é  propriedade  exclusiva,   e   intransferível   do   indivíduo,   podendo   apenas   ser   estimulada   por   uma   série  de  fatores  que,  em  conjunto  ou  combinados,  nas  proporções  certas   àquela  pessoa,  poderão  aumentar  sua  percepção  de  valor  acerca  do  que   a  motiva  no  trabalho.  Cabe  sim  à  empresa  promover  que  isso  ocorra.   Portanto,   seria   uma   pretensão   da   empresa   acreditar   que   é   responsável  pela  motivação  de  seus  colaboradores,  tanto  mais,  por  sua   felicidade.   É   importante   dissociar   a   idéia   que   motivação   conduz   à   felicidade,  pois  enquanto  à  primeira  se  refere,  para  o  endomarketing,  ao   trabalho,   a   segunda   é   resultado   de   um   contexto   muito   maior,   o   qual   encontraremos  amplos  estudos  em  outras  áreas  de  conhecimento.     Durante   muito   tempo   acreditamos,   e   agimos,   em   nossas   empresas,   preocupados   com   a   felicidade   das   pessoas,   porém   há   fronteiras  as  quais  a  organização  não  consegue  ultrapassar,  uma  vez  que   para   a   maioria   das   pessoas   o   trabalho   é   apenas   um   dos   campos   que   proporciona  a  felicidade.  A  responsabilidade  da  empresa  então  se  limita   à  realização  profissional  das  pessoas  que  nela  trabalham,  por  uma  razão   simples:  diferente  da  motivação  ou  da  felicidade,  ela  tem  domínio  sobre   os  fatores  determinantes  da  realização  profissional,  logo,  pode  gerenciá-­‐ los.   Cabe   salientar   que   o   principal   fator   que   leva   à   realização   é,   justamente,  a  consecução  de  objetivos  e  resultados.     O  uso  de  carinho  e  atenção  como  recurso  de  gestão,  como  é   comumente  defendido,  não  é  suficiente  para  obter  o  engajamento  dos   grupos  de  trabalho.  Simplesmente  porque  não  é  possível  estar  motivado   sem   superar   desafios   e   atingir   metas,   assim,   é   função   da   empresa   responsabilizar-­‐se  apenas  por  esta  dimensão  da  felicidade,  de  maneira  a   alinhar   objetivos   profissionais   do   indivíduo   aos   seus   objetivos   estratégicos,  beneficiando  a  ambos.       Paternalismo,  co-­‐propriedade  ou  co-­‐responsabilidade   O   discurso   que   propagamos   nas   organizações   através   da   comunicação   interna   é   responsável   pela   forma   como   a   empresa   é   percebida   pelos   seus   colaboradores.   Esta   prática   discursiva   gera   ações   que  influenciam  a  relação  das  pessoas  com  a  empresa.  Trata-­‐se  de  uma   grande  responsabilidade,  pois  esta  relação  pode  ser  promotora  de  prazer   e  reconhecimento,  ou,  no  extremo,  de  indignação.   Algumas  linhas  de  pensamento  em  marketing  interno  apontam   para   a   necessidade   de   se   constituir   no   empregado   um   sentimento   de   propriedade   em   relação   à   empresa.   Será   que   isto   é   possível   para   a   maioria   das   organizações?   Vejamos   que   a   maioria   da   força   de   trabalho   brasileira  não  afere  renda  suficiente  para  ter  um  automóvel,  por  exemplo.  
  • 16. Porém  são  pessoas  que  trabalham  em  empresas  cujo  valor  do  automóvel   do   diretor   ultrapassa   10,   15   anos   de   seu   salário   líquido   mensal   –   cabe   enfatizar   que   esta   afirmação   é   feita   sem   nenhuma   conotação   política,   apenas  constata  uma  realidade.  É  claro  que  não  se  trata  apenas  de  uma   questão   monetária,   há   muito   mais   do   que   isso   envolvido,   e   reside   justamente  neste  algo  mais  a  essência  deste  livro,  cabe  aqui  apenas  uma   sugestão  para  refletir.   Também   encontramos   outras   linhas   paternalistas   de   endomarketing  que  propõe  a  constituição  da  empresa  como  uma  grande   família,   defendendo   ainda   a   difusão   do   conceito   que   as   pessoas   são   o   principal   patrimônio   da   empresa.   De   novo,   cabe   a   pergunta   sobre   sua   viabilidade,   visto   que   famílias   não   costumam   demitir   seus   membros.   Além  disso,  sendo  as  pessoas  o  principal  patrimônio  da  empresa,  porquê,   sem   situações   de   crise   a   empresa,   ao   invés   de   demitir   pessoas   não   prefere  vender  outros  ativos?  É  preciso  uma  relação  muito  madura  para   sustentar  um  discurso  assim  de  forma  duradoura.   Cabe  salientar  que  não  significa  que  as  proposições  acima  não   sejam   válidas,   apenas   que   devemos   ter   muito   cuidado   ao   definir   premissas  no  discurso  a  ser  propagado  dentro  da  empresa.  Para  muitas   empresas   pode   funcionar   muito   bem,   mas   há   risco   ao   disseminar   irrestritamente  esta  prática.   A   partir   de   uma   análise   um   pouco   mais   criteriosa   podemos   concluir  que  aquilo  que  de  fato  buscamos,  seja  com  o  marketing  interno,   seja   com   políticas   inovadoras   de   gestão   de   pessoas,   é   um   maior   compromisso,  com  engajamento  autêntico,  dos  membros  da  organização   com   seus   objetivos,   evidenciado   a   partir   de   um   desempenho   superior,   individual  e  coletivo.  Ou  seja,  buscamos  a  co-­‐responsabilidade.     Paradoxo  entre  motivação  e  desempenho   Assumindo   que   é   um   objetivo   da   empresa   buscar   a   co-­‐ responsabilidade  de  seus  colaboradores  com  seus  objetivos  estratégicos  a   partir  de  um  desempenho  superior,  individual  e  coletivo,  no  defrontamos   com   a   situação   problema   que   determina   a   necessidade   pelo   uso   do   endomarketing  como  processo  gerencial  voltado  a  promover  a  motivação   das  pessoas.  Este  paradoxo  entre  os  esforços  da  empresa  e  o  retorno  do   grupo  é  dado  pela  substancial  diferença  existente  entre  o  desempenho   que  a  empresa  espera  de  seus  colaboradores,  e  o  desempenho  real  que   os   colaboradores   apropriam.   Ou   seja,   em   sua   gênese,   é   marcado   pelo   constante   conflito   entre   capital   e   trabalho,   que   não   caberia   aqui   uma   análise   histórico-­‐sociológica   mas,   uma   reflexão   pontual   importante.   O   fato  é  que  há  diferentes  interesses  envolvidos  nas  relações  de  trabalho,  e   sem   nenhuma   conotação   política,   empregadores   e   empregados   orientam-­‐se,   freqüentemente,   por   lógicas   diferentes   na   busca   de   prosperidade,  encontrando  empecilhos  à  consolidação  de  equilíbrio.   De  um  lado,  a  empresa  e  aquilo  que  ela  oferece  às  pessoas  em   troca   de   seu   trabalho,   de   outro,   as   pessoas   e   sua   percepção   de   valor   acerca   daquilo   que   recebe,   percepção   esta   que   se   reflete   em   seu   desempenho.     Esta   diferença   é   marcada   por   uma   função   de   progressão   geométrica   de   grau   descendente,   ou   seja,   quanto   menos   a   empresa  
  • 17. oferece   em   troca   do   trabalho,   maior   será   a   diferença   entre   o   desempenho  que  ela  espera  e  o  desempenho  que  efetivamente  recebe   do  indivíduo,  pois,  sua  percepção  quanto  aquilo  que  provém  da  empresa   tende,   na   média   (coletiva)   e   no   longo  prazo,   se   configurar   em   injustiça   quanto  à  sua  recompensa.   Tendo  em  vista  que  apenas  o  indivíduo  conhece  o  valor  real  de   seu  trabalho,  não  importam  os  valores  tangíveis  ou  intangíveis  oferecidos   pela  empresa  por  sua  dedicação,  o  resultado  final  será  sempre  inferior  a   seu   potencial   efetivo.   A   isso   chamamos   valor   percebido,   isto   é,   a   percepção  final  de  valor  que  o  indivíduo  apropria  aquilo  que  a  empresa   lhe  oferece  em  troca  do  trabalho  que  realiza.   Em  outras  palavras,  assumindo  um  determinado  ponto  de  valor   percebido  no  gráfico  (A)  no  qual  a  empresa  entrega  às  pessoas  em  troca   de   seu   trabalho   100   unidades   de   valor,   por   exemplo   –   assumiremos   fatores   tangíveis   e   intangíveis,   ou   seja,   tudo   aquilo   que   a   empresa   entrega,   seja   salário   e   benefícios,   mas   também   status,   treinamento,   oportunidades  de  crescimento,  dentre  outros  -­‐,  ela  tem  uma  determinada   expectativa  de  desempenho  dado  pelo  ponto  B.  Entretanto,  na  média  e   no   longo   prazo,   o   indivíduo   avalia   a   organização   e,   para   estabelecer   justiça   segundo   seus   critérios,   busca   ajustar   seu   desempenho   em   uma   medida  inferior  ao  esperado  pela  empresa  (ponto  C).       De   forma   alguma   estamos   assumindo   que   as   pessoas   são   indolentes   ou   que   promovem   uma   sabotagem   com   a   empresa   em   que   trabalho.   Pelo   contrário,   assumimos   que   as   pessoas   buscam,   naturalmente,  desempenhos  superiores,  porém,  nem  sempre  encontram   o   espaço   para   isso   ou   ainda   não   percebem   a   disponibilidade   dos   incentivos   para   isso.   Primeiramente   porque,   especialmente   em   uma   empresa   de   grandes   proporções,   a   oferta   de   desafios   às   pessoas   nem   sempre   é   suficiente   para   absorver   todo   potencial   existente.   Segundo,   pela   dissonância   normal   no   atendimento   das   necessidades   humanas,   já   vista   anteriormente,   também   em   conseqüência   do   desenvolvimento   natural   das   competências   das   pessoas,   normalmente   incentivadas   pela   própria   empresa,   que   nem   sempre   cria   novos   espaços   para   serem   ocupados.   Em   terceiro   lugar   pela   natural   banalização   dos   benefícios,   concretos   e   subjetivos,   oferecidos   pela   empresa,   verificada   empiricamente   ao   longo   das   relações   de   trabalho.     E   finalmente   por   motivos   econômicos,   visto   que   há   um   mercado   de   trabalho   regido,   obviamente,   pela   Lei   de   Mercado,   no   qual   o   empregado   nem   sempre   maximiza   sua   renda   em   função   do   valor   que   agrega   à   empresa,   e   ao   deparar-­‐se   com   isso,   mesmo   que   de   maneira   inconsciente,   reduz   seu   desempenho   a   limites   aceitáveis   para   conseguir   enxergar   justiça   na   relação  que  estabelece  com  a  organização.   O   endomarketing   atua   justamente   nesta   diferença,   tendo   por   objetivo  minimizar  a  distância  existente  entre  as  curvas  de  desempenho   real   e   desempenho   esperado,   conforme   demonstrado   na   figura   abaixo.   Seja  desenvolvendo  o  conjunto  de  valores  disponibilizados  pela  empresa,   agregando   novos   fatores   motivacionais,   seja   “vendendo”   melhor   internamente  aqueles  que  já  existem  para  maximizar  seu  valor  percebido.   Este  raciocínio,  em  resumo,  propõe  que  quanto  maior  o  valor  percebido   apropriado   à   organização,   maior   ou   melhor   será   o   desempenho   das   pessoas.    
  • 18.   Em   resumo,   a   prática   do   endomarketing   estrategicamente   orientado   significa   a   maximização   do   potencial   da   relação   de   trabalho   para  o  empregador  e  para  o  empregado,  configurando-­‐se  em  uma  forma   consistente  de  desenvolvimento  para  a  organização.             Cabe  salientar  que  nesta  diferença  reside  um  valor  financeiro   que,   de   certa   forma   é   desperdiçado   pela   empresa,   uma   vez   que   esta   consome   energia   e   recursos   materiais   com   as   pessoas   e,   em   contrapartida,  nem  sempre  recebe  em  troca  o  trabalho,  ou  desempenho   esperado,  de  maneira  proporcional.  Dessa  forma,  investir  na  aproximação   do   desempenho   real   em   função   do   valor   percebido   é   uma   forma   de   reduzir  custos,  ou,  pelo  menos,  de  minimizar  perdas  não  mensuráveis  do   investimento  em  pessoas  da  organização.         3.  ENDOMARKETING  INTELIGENTE     Consolidando   o   entendimento   prévio   inerente   à   inserção   teórica   sobre   nosso   campo   de   estudo,   e   tendo   discutido   algumas   questões  paradigmáticas  necessárias,  chegamos  a  seção  que  proporciona   respostas  sobre  a  origem,  conceito,  objetivo,  e  justificativas  do  marketing   interno.   O   objetivo   desta   seção   é   demonstrar   como   o   endomarketing   influencia   fortemente   todas   as   áreas   da   organização,   uma   vez   que   sua   prática  gera  repercussões  nas  atitudes  das  pessoas  que  a  compõe.  Nesse   sentido,   perceber   a   relevância   sistêmica   que   ele   representa   é   uma   condição  determinante  ao  sucesso  dos  programas  desenvolvidos.   Perceber  o  tema  como  uma  função  organizacional  estratégica   que  se  manifesta  em  toda  estrutura  de  poder  da  empresa,  e,  promove   diferenciais  competitivos,  percebidos  pelo  mercado,  requer  o  emprego  de   bom  senso  e  inteligência.  Apesar  de  algumas  linhas  de  pensamento  sobre   o  tema  defenderem  seu  papel  como  promotor  da  ‘venda’  da  imagem  da   empresa  aos  seus  empregados  e  familiares,  reunindo-­‐o  em  uma  mesma   definição   que   a   comunicação   ou   propaganda   interna,   o   endomarketing  
  • 19. representa  um  aparato  muito  mais  complexo  de  interações,  objetivas  e   subjetivas,  com  o  sistema  organizacional.     A  partir  de  um  suporte  teórico  consistente,  enriquecido,  é  claro,   pelo  empirismo  maduro,  é  possível  desmistificar  algumas  crenças  sobre  o   marketing  interno,  que  apesar  de  válidas  e,  em  alguns  casos,  aplicáveis,   conduzem  a  um  raciocínio  distorcido  de  sua  função  estratégica.   Perseguiremos   definir   uma   posição   logicamente   construída   e   embasada  em  estudos  sérios  sobre  o  tema,  de  forma  a  propor  uma  nova   visão   a   respeito   do   endomarketing,   marcada   pela   reflexão   crítica,   inteligente  e  criativa,  caminho  pelo  qual  novamente  convidamos  o  leitor  a   percorrer  conosco.     Histórico     Como  qualquer  tendência  em  administração,  seja  no  campo  do   marketing  ou  da  gestão  de  pessoas,  o  endomarketing  foi  motivado  pelo   processo  natural  de  concorrência  entre  as  organizações.  As  empresas,  na   busca   pela   diferenciação,   passaram   a   empregá-­‐lo   para   maximizar   seu   potencial  competitivo.  Não  é  possível  estabelecer  com  precisão  o  marco   inicial  de  sua  aplicação,  contudo,  há  registros  acadêmicos  desde  a  década   de  70,  consolidados  por  Kotler  no  princípio  dos  anos  80.  Empresários  do   mundo  inteiro  sempre  promoveram  iniciativas  neste  sentido,  porém  com   características  marcantes  de  benevolência.   O  principal  evento  que  marca  o  emprego  consistente  de  ações   de   endomarketing   nas   empresas   foi   a   introdução   dos   programas   de   Qualidade  na  indústria.  Desenvolvidos  no  Japão,  pós-­‐guerra  recuperado   economicamente  com  o  Plano  Marshall,  estes  programas  visavam  reduzir,   desperdícios,   otimizar   recursos   materiais   e   humanos,   consolidar   maior   racionalidade   gerencial,   ganhar   agilidade,   e   reduzir   custos,   ou   seja:   produtividade  e  eficiência.   Quando   estes   programas   foram   aplicados   no   Ocidente   percebeu-­‐se  que,  diferentemente  dos  japoneses  cujo  comprometimento   com  a  organização  é  fruto  da  forte  disciplina  arraigada  em  sua  cultura,   originada  na  honra  samurai  –  lembrando  que  o  Japão  deixou  o  sistema   feudal   no   final   do   século   XIX   apenas   -­‐   os   ocidentais   possuem   outros   fatores   motivacionais,   dentre   eles,   reconhecimento,   participação   e,   principalmente,  recompensa.  O  operário  japonês  aderiu  à  Qualidade  pois   seria  honrado,  mesmo  requerendo  maior  esforço  e  dedicação,  enquanto   o   operário   americano   estava   preocupado   em   quantos   cents   a   mais   por   hora  iria  receber.   Portanto,   para   o   sucesso   dos   programas   de   Qualidade   nos   Estados  Unidos,  como  5S,  ISO,  QS,  e  mesmo  de  sistemas  produtivos  como   JIT,  dentre  outros,  foram  necessários  o  uso  de  táticas  que  estimulassem  a   motivação  das  pessoas  com  seu  trabalho  e  seu  comprometimento  com   resultados.   Assim   sendo,   as   práticas   já   existentes   e   as   novas   desenvolvidas,   foram   compiladas   em   sistemas   que   absorveram   a   nomenclatura  endomarketing.  Cabe  lembrar  que  os  americanos  também   buscaram  referências  em  sua  cultura,  no  caso,  o  show  biz.   Esta  evolução  ocorreu  paralelamente  aos  esforços  acadêmicos   e  técnicos  pelo  movimento  da  QVT  (Qualidade  de  Vida  no  Trabalho),  no   sentido  de  compreender  como  funciona  o  clima  das  organizações,  e  com   isso   interagir   com   ele,   e   assim,   reunidos,   denotaram   o   arcabouço  
  • 20. conceitual   que   fundamenta   a   noção   de   endomarketing,   cujos   primeiros   conceitos  são  de:  Leonard  Berry  (1976),  vendo  o  empregado  como  cliente   da   empresa;   e,   o   de   Christian   Grönroos   (1981),   cujo   foco   era   fazer   o   empregado  desenvolver  orientação  ao  cliente  e  às  vendas  (sales  minded).     Contudo,   os   principais   autores   de   referência   estrangeiros   são   Pervaiz   Ahmed   e   Mohammed   Raqif   (2002),   no   Brasil,   o   principal   expoente   reconhecido  nos  estudos  do  marketing  interno  é  Saul  Faingaus  Bekin.     Evolução  do  Conceito   Diferente   de   outras   disciplinas,   o   endomarketing   ainda   não   encontrou   um   conceito   reconhecido   e   legitimado   por   pesquisadores   e   profissionais  da  área,  fosse  pelo  menos  um  norte  compartilhado.  Trata-­‐se   de   um   conceito   em   construção   há   mais   de   três   décadas,   o   qual   as   divergências  ainda  são  maiores  que  as  afinidades,  havendo  pouca  troca  e   diálogo  entre  os  estudiosos  do  tema.   Por   este   motivo,   preocupado   em   privilegiar   aquilo   em   que   concordamos,   este   trabalho   se   propôs   a   percorrer   as   produções   conceituais   mais   significativas   sobre   o   endomarketing,   estrangeiras   e   nacionais,  aqui  apresentadas  de  maneira  sintética  em  ordem  cronológica   de  publicação.  Cabe  salientar  que  o  principal  critério  de  seleção  para  as   proposições  apresentadas  foi  fundamentação  de  sua  construção  teórica,   desconsiderando   assim   definições   e   conceitos,   por   mais   populares   que   sejam,  que  não  tragam  contribuição  efetiva  ao  conhecimento.     Neste   processo   desenvolveu-­‐se   uma   análise   criteriosa,   tendo   por   objetivos:   garantir   sua   plena   compreensão,   criticar   e   ponderar   respeitosamente   cada   conceito,   identificar   os   pontos   fortes   das   diferentes  abordagens,  conciliar  os  pontos  comuns  e  complementares,  e,   finalmente,  ao  agregar  a  visão  dos  autores,  produzir  um  novo  conceito,   mais  conclusivo,  que  reúna  as  melhores  propostas  e  agregue  consistência   ao  bom  debate  de  idéias.   Este   relato   é   apresentado   a   seguir,   e   tem   início   com   a   proposição   conceitual   pioneira   de   Leonard   Berry   (1976)   para   quem   o   endomarketing  significa  uma  filosofia  de  tratamento  dos  empregados  da   mesma  forma  como  clientes  são  tratados,  e  isso  seria  uma  estratégia  de   criar   “cargos-­‐produtos”   para   atender   necessidades   humanas,   cujo   objetivo   é   atrair,   desenvolver,   motivar   e   reter   empregados   qualificados   através   destes   “cargos-­‐produtos”.   Em   outras   palavras,   o   autor   acredita   que  a  empresa  deveria  ver  o  empregado  da  mesma  forma  como  vê  seu   cliente,  dessa  forma,  os  cargos  ou  funções  que  disponibiliza  deveriam  ser   projetados   e   oferecidos   como   produtos   da   empresa   ao   seu   público   interno.     Trata-­‐se  de  uma  visão  lógica  e  bastante  generosa,  contudo  não   obteve  difusão  e  legitimidade  suficiente  para  consolidar-­‐se.  Talvez  porque   é  necessário  lembrarmos  da  máxima  “o  cliente  tem  sempre  razão”,  o  que   se   implementado   em   uma   empresa   neste   modelo,   pressuporia   forças   equivalentes  e  supressão  de  conflitos  de  interesse,  o  que,  definitivamente,   não  se  aplica.  A  abordagem  do  autor  é  interessante  e  cabe  reflexão  na   medida  em  que  pode  ser  utilizada  não  para  cargos  ou  funções,  mas  sim   para  outros  produtos  internos  da  empresa,  como  seu  plano  de  benefícios,   por  exemplo.