2. Definição
A síndrome de Legg-Calvé-Perthes, também conhecida
como doença de Perthes, consiste em uma desordem
degenerativa, que afeta as articulações do quadril, caracterizada
pela necrose avascular da epífise femoral em crescimento, de
característica autolimitada e idiopática
Na síndrome é observado necrose, reabsorção óssea, deposição de
osso novo e finalmente remodelação até a maturidade.
Os estágios de reabsorção e deposição ocorrem simultaneamente
alterando a resistência mecânica do núcleo epifisário tornando
suscetível à deformidades.
3. Etiologia
É produzida por avascularização da cabeça femoral, a razão para esta
diminuição do suprimento sanguíneo ainda não foi determinada.
A verdadeira causa da doença permanece indefinida, sendo que vários
fatores foram apresentados como prováveis responsáveis deste episódio,
como:
Anormalidades de coagulação, alteração do fluxo sanguíneo arterial
(infartos ósseos múltiplos)
Obstrução da drenagem venosa da epífise e colo femoral, trauma
Desenvolvimento da crianças para a idade cronológica, hiper-reatividade
da criança
Influências genéticas e fatores nutricionais
4. Incidência
A incidência varia de referencia para referencia sendo muito comum:
No sexo masculino, mais do que o feminino, numa relação de 5
para 1
Na faixa etária de 4 a 9 anos outras referencias de 3 a 12 anos de
idade
Em 12% dos casos pode ocorrer em lados bilaterais
Frequente em pessoas brancas, sendo muito raro em negros
5. Quadro Clinico
Dor no quadril ou virilha, aumentada pelo movimento da perna
Dor referida na região do joelho
Claudicação(dor, cansaço e à fraqueza nas pernas)
Limitação da amplitude articular de movimento (ADM) do quadril e associada a
uma contratura muscular antálgica
Diminuição da abdução, da flexão e da rotação interna ou externa do quadril
Atrofia da coxa e panturrilha
diminuição do comprimento do membro inferior, afetado pelo achatamento da
cabeça do fêmur, pela fusão da cartilagem de crescimento e pela falta de estímulo
para o crescimento, provocado pelo repouso do membro inferior afetado.
6. Estágios da doença
A Doença de legg progride por meio de quatro estágios:
Condensação;
Fragmentação;
Reossificação
Remodelamento
Durante a fase inicial, uma porção da cabeça femoral torna-se necrótica e o crescimento
ósseo cessa. O osso necrótico é reabsorvido e fragmentado; iniciando a revascularização da
cabeça femoral. Durante o segundo estágio, a cabeça femoral frequentemente torna-se
deformada e o acetábulo torna-se mais raso em resposta às deformidades da cabeça
femoral. Com a revascularização, a cabeça femoral começa a se ossificar novamente. Quando
a cabeça femoral cresce, ocorre o remodelamento da cabeça femoral e acetábulo.
7. Diagnostico Diferencial
O diagnóstico é feito pelo quadro clínico, e confirmado com o exame radiográfico e/ou
outros exames complementares.
RX é realizado com a sua incidência é em ântero-posterior
Sempre Avaliar os 2 Quadris , Bilateralidade
Comparar as Epífises
Núcleo Epifisário Menor
Aumento da Densidade de Parte ou da Totalidade da Epífise Femoral
Alargamento do Espaço Articular
Fragmentação da Cabeça Femoral
Fratura do Osso Subcondral
16. Objetivo Tratamento
Os objetivos principais no tratamento são impedir a deformidade, intervir no
distúrbio de crescimento e impedir a ocorrência de artropatia degenerativa.
17. Tratamento conservador e cirúrgico
Tratamento: Centralização e Mobilização
O tratamento mais utilizados envolvem a eliminação da carga, uso de várias modalidades
de órteses ou aparelhos gessados em abdução.
O tratamento conservador é o método de escolha para a grande maioria dos casos de
doença. Baseando-se no repouso no leito com tração cutânea para alívio da dor, ganho
de abdução dos MMI para melhor centralização do quadril.
As intervenções cirúrgicas podem provocar numerosos problemas osteomusculares,
como fraqueza dos músculos abdutores do quadril e encurtamento do membro,
resultando em claudicação.
Independentemente do método utilizado, conservador ou cirúrgico, os dois princípios
fundamentais para o tratamento da doença vai manter a epífise femoral centrada no
acetábulo e preservar a mobilidade do quadril.
18. Tratamento fisioterapêutico
A fisioterapia depois da intervenção cirúrgica concentra-se no treino da marcha
e na restauração da amplitude de movimento (ADM) e força muscular do
quadril.
Na fase inicial, o tratamento consiste em repouso, diminuição da dor e aumento
da mobilidade, evitando contraturas e limitação dos movimentos e mantendo a
cabeça do fêmur bem centrada no acetábulo.
Evitar o apoio do membro afetado no solo e qualquer tipo de impacto
Os movimentos ativos desempenham um papel fundamental na modelagem das
articulações.
19. Tratamento fisioterapêutico
A hidroterapia é um método excelente para o paciente que apresenta fraqueza e
limitação da mobilidade do quadril
A flutuação na água morna favorece a mobilidade ativa do quadril, diminuindo a dor e
espasmo muscular
O fortalecimento da musculatura e treinamento da marcha costumam ser mais eficazes
na piscina, em virtude da resistência dinâmica oferecida pela água.
A hidroterapia também é altamente benéfica para o desenvolvimento do paciente, pois
ela será capaz de executar atividades funcionais com mais liberdade e eficácia na piscina,
de modo a readquirir a confiança em suas capacidades funcionais.
20. Referencias
A avaliação inicial de pacientes com doença de Legg-Calvé-Perthes internados
Petrie J, Bitenc I. Abduction weight bearing treatment in Legg-Calvé-Perthes
disease. J Bone Joint Surg Br 1971; 53:54-62.
Wall E J. Legg-Calvé-Perthes disease. J Pediatr Orthop 1999; 11:76-81
. Weinstein SL. “Legg-Calvé-Perthes Syndrome”. In: Morrisy RT, Weinstein SL.
Lovell and winter’s pediatric orthopadics. Philadelphia: William & Wilkins; 2001.
p.957-98.
Doença de Legg-Calvé-Perthes* Legg-Calvé-Perthes disease* PAULO BERTOL1