SlideShare uma empresa Scribd logo
1 de 18
Baixar para ler offline
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – CCH
DOUGLAS VAZ DE BARROS MOREIRA
LÍVIA MARTINS DE BARROS
MARIANA DE OLIVEIRA GUIMARÃES
MARIANA FERNANDES DOS SANTOS
PROJETO DE CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE INFORMACIONAL DE LITERATURA
DE CORDEL
RIO DE JANEIRO
2019
DOUGLAS VAZ DE BARROS MOREIRA
LÍVIA MARTINS DE BARROS
MARIANA DE OLIVEIRA GUIMARÃES
MARIANA FERNANDES DOS SANTOS
PROJETO DE CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE INFORMACIONAL DE LITERATURA
DE CORDEL
Projeto de criação de uma unidade
informacional de Literatura de Cordel
sob orientação do (a) professor(a) Geni
Chaves Fernandes como requisito
parcial para aprovação da disciplina
Análise da Informação.
RIO DE JANEIRO
2019
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................3
1.1 OBJETIVOS ..........................................................................................................4
1.2 PÚBLICO ALVO ....................................................................................................4
1.3 ACERVO ...............................................................................................................4
1.4 ESPECIFICIDADES ..............................................................................................5
2 DESCRIÇÃO DOCUMENTAL..................................................................................5
2.1 FRBR.....................................................................................................................5
2.2 CRM ......................................................................................................................7
3 METADADOS ..........................................................................................................8
4 VOCABULÁRIOS E TESAUROS.......................................................................... 11
REFERÊNCIAS.........................................................................................................16
3
1 INTRODUÇÃO
A Literatura de Cordel foi introduzida na cultura brasileira pelos colonizadores
portugueses. Inicialmente não tinha um nome bem definido e era essencialmente
oral, foi a fase precursora do cordel escrito (ABLC). Apesar de um início
relativamente lento e hesitante, o cordel se tornou muito popular por sua
simplicidade e poesia, intimamente ligado à música e ao repente, utilizando também
imagens de xilogravura.
As táticas para atrair o público eram bastante apelativas e criativas:
A questão da harmonia sonora é muito ressaltada pelos poetas. Além das
razões estéticas, há uma explicação histórica para isso. No início do século
XX, quando a literatura de cordel se consolidou como um sistema editorial
próprio, os poetas desenvolveram um modo particular de comercializar seus
livros nos mercados e feiras livres. Carregavam consigo os exemplares e
montavam uma banca em que os folhetos eram exibidos (por esse motivo
os poetas da literatura de cordel também são chamados de poetas de
bancada). Para atrair curiosos e compradores, os poetas costumavam
cantar em voz alta trechos dos poemas, contando dramas, tragédias,
romances e sátiras. No momento mais importante da narrativa – quando o
desfecho da história de aproximava – o canto era interrompido e o final da
história só poderia ser conhecido por aqueles que comprassem o folheto.
Assim, a métrica perfeita era a condição para que o poeta pudesse exercer
sua performance com maestria diante do público. (IPHAN, 2018)
Em dezenove de setembro de dois mil e dezoito, a Literatura de Cordel
ganhou o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro devido à grande
importância na identidade do país. (IPHAN, 2018) Sendo ainda hoje um ofício e
fonte de renda para muitos brasileiros, essa literatura que começou timidamente no
Nordeste, se espalhou pelo país transformando-se e ganhando suas características
atuais.
Um trecho que ilustra a beleza dessa expressão artística:
A literatura de cordel é um gênero poético que resultou da conexão entre as
tradições orais e escritas presentes na formação social brasileira e carrega
vínculos com as culturas africana, indígena e europeia e árabe. Trata-se de
um fenômeno cultural vinculado às narrativas orais (contos e histórias de
origem africana, indígena e europeia), à poesia (cantada e declamada) e à
adaptação para a poesia dos romances em prosa trazidos pelos
colonizadores portugueses. Os poetas brasileiros no século XIX conectaram
todas essas influências e difundiram um modo particular de fazer poesia que
se transformou numa das formas de expressão mais importantes do Brasil.
O cordel se inseriu na cultura brasileira em fins do século XIX, forjado como
a variação escrita da poesia musicada por duplas de cantadores de viola, de
improviso, conhecida como repente. (IPHAN, 2018)
4
1.1 OBJETIVOS
A presente Unidade Informacional tem por objetivo reunir, armazenar,
preservar e disseminar a literatura de cordel, servindo de base para o estudo e
aprofundamento no conhecimento das características (rimas, métricas, gravuras
etc.) que envolvem a literatura de cordel, como também a origem, influências que
recebe e transmite, temas abordados (tradicional, infanto-juvenil,
contemporaneidade, política etc.), as formas de distribuição (impresso ou online),
autores e gêneros literários dentro do cordel tendo destaque o romance, drama,
sátira e tragédia.
A missão da Unidade Informacional é atuar como agente fomentador e
orientador nos estudos relacionados à literatura de cordel, além de servir como
orientador a escritores interessados no assunto. A difusão da literatura de cordel
pretende também a valorização dessa cultura proveniente do Nordeste.
1.2 PÚBLICO ALVO
A unidade visa atender escritores literários que tenham interesse em estudar
como se deu o desenvolvimento da literatura de cordel através dos tempos, as
influências da política e das sociedades (tradicionais ou atuais) assim como se
aprofundar nos estudos das estruturas que compõem este tipo literário peculiar
(rimas, métricas, estrofes etc.) pretendendo o incremento na construção das suas
obras, tais como romances, roteiros, ensaios musicados etc.
1.3 ACERVO
O acervo irá conter material concernente à literatura de cordel: livros de
cordel, xilogravuras e material de áudio.
• Livros de cordel: ilustrados e não ilustrados;
• Xilogravuras: oriundas da literatura de cordel;
5
• Áudio: música (CD’s e LP’s).
1.4 ESPECIFICIDADES
Os livros de Cordel podem conter gravuras, ou não, ambas as formas
carregam a identidade do estilo, desse modo, devem estar presentes em todas as
suas formas. As xilogravuras trazem importante relevância, pois mesmo que os
cordéis tradicionais não possuam ilustrações em seu interior, elas estão contidas nas
capas, uma das marcas da Literatura de Cordel (INSTITUTO ÁGUA VIVA). Por ser
um estilo musicado, há um grande conteúdo de áudio disponível, o que justifica dar
atenção a este tipo de material.
2 DESCRIÇÃO DOCUMENTAL
Para atender as necessidades da Unidade Informacional (UI) de Literatura de
Cordel, foram utilizados como base os modelos FRBR e CRM-CHIOS cuja finalidade
visa estar de acordo com as práticas descritivas de instituições bibliográficas,
arquivísticas e museológicas. As informações da UI em questão foram organizadas
para permitir que o usuário recupere as informações especificas, assim como
localizar documentos que possuam aspectos em comum. O Software foi pensado
permitir a interoperabilidade da unidade em questão com outras unidades de
informação.
2.1 REQUISITOS FUNCIONAIS PARA REGISTROS BIBLIOGRÁFICOS – FRBR
Um grupo de estudos da IFLA desenvolveu um modelo do tipo entidade-
relacionamento com uma visão geral do universo bibliográfico, chamado de
Functional Requirements for Bibliographic Records – FRBR. Segundo Barbara Tillett:
Os FRBR nos oferecem uma perspectiva atual sobre a estrutura e
relacionamentos dos registros bibliográficos e de autoridade, e também um
vocabulário mais preciso para auxiliar os futuros responsáveis pela
construção de regras de catalogação e projetistas de sistemas, no
atendimento das necessidades dos usuários. (TILLETT, 2003)
6
As 10 entidades (aqui entendidas como “coisa” ou “objeto”) foram separadas
em três grupos:
• Grupo 1 – produtos de trabalho intelectual ou artístico, definidos por:
a) Obra – é abstrata e reconhecida através de suas expressões;
b) Expressão – trata-se da realização intelectual ou artística de uma obra;
c) Manifestação – representa todos os objetos físicos que possuem as
mesmas características, sejam estas físicas ou intelectuais;
d) Item – é o objeto físico que permite acessar o conteúdo de uma expressão
e de uma obra.
O relacionamento das entidades nesse grupo se dá da seguinte forma: a Obra
é percebida através da Expressão, que ganha existência na Manifestação e é
exemplificada pelo Item (TILLETT, 2003).
• Grupo 2 – responsável pelo conteúdo, produção, disseminação e guarda das
entidades do primeiro grupo:
a) Pessoa – um indivíduo, relacionado à criação ou realização de uma obra
ou expressão;
b) Entidade coletiva – organização ou grupo de indivíduos que age
unificadamente e se identifica por um nome.
O relacionamento das entidades do grupo 1 com as do grupo 2 se caracteriza
por: a obra é criada por uma pessoa/organização; expressão é percebida através da
pessoa/organização; a manifestação é produzida por uma pessoa/organização; um
item é propriedade de pessoa/organização (TILLETT, 2003).
• Grupo 3 – servem como assuntos:
a) Conceito – uma noção ou ideia abstrata;
b) Objeto – uma coisa material, móvel ou imóvel;
c) Evento – uma ação ou ocorrência;
d) Lugar – um local, terrestre, extraterrestre, histórico ou contemporâneo,
entre outros.
7
Para Tillett (2003), as entidades do grupo 3 podem ser conceitos, objetos,
eventos lugares e quaisquer das entidades do grupo 1 ou grupo 2. Na FRBR, é
importante salientar a importância das Tarefas do Usuário. Conforme Tillett:
De forma sucinta, seriam: encontrar, identificar, selecionar e obter.
‘Encontrar’ envolve o atendimento de algum critério de busca de um
usuário através de um atributo ou um relacionamento de uma entidade. Isto
pode ser visto como a combinação dos objetivos tradicionais dos catálogos
“encontrar” e “arranjar”. ‘Identificar’ permite a um usuário confirmar se
encontrou aquilo que procurava, distinguindo entre recursos similares.
‘Selecionar’ envolve o atendimento das especificações dos usuários quanto
ao conteúdo, formato físico, etc. ou à rejeição de uma entidade que não
atende às necessidades do usuário. ‘Obter’ permite a um usuário adquirir
uma entidade através da compra, empréstimo, etc., ou através do acesso
eletrônico remoto (TILLETT, 2003).
2.2 MODELO DE REFERÊNCIA CONCEITUAL – CRM
O CRM é um modelo teórico, que teve início em 1996, proposto pelo ICOM-
CIDOC. É uma ontologia, que se ramifica em subgrupos até chegar nas definições
dos objetos, partindo de entidades, que tem em vista a relação informacional entre
os museus, assim facilitando as possíveis integrações e promovendo as informações
sobre um patrimônio cultural, o que resulta em um "quadro semântico" que outros
museus podem utilizar para mapeamento. Com a sua metodologia mescla
conhecimentos da área de museologia, arquivologia e biblioteconomia, promovendo
uma comunicação transparente entre os sistemas (BALZANA; MIRANDA, 2016).
Para simplificar, o CRM é:
[...]um modelo semântico orientado a objeto que busca promover uma
compreensão compartilhada da informação de instituições de patrimônio
cultural, de modo a fornecer um quadro semântico comum e extensível na
qual informações do patrimônio cultural possam ser mapeadas. Destina-se a
ser uma linguagem comum para especialistas e implementadores de
domínio, a fim de formular requisitos para sistemas de informação e servir
como guia para boas práticas de modelagem conceitual (BEZERRA;
FONSECA; MARCONDES, 2017).
No que tange sua expressão:
Expressa-se como um modelo semântico orientado a objetos, na esperança
de que esta formulação seja compreensível por especialistas e cientistas da
informação e, ao mesmo tempo se converta em formatos legíveis por
máquina, como RDF Schema, KIF, DAML + OIL, OWL etc. Pode ser
implementado em qualquer esquema relacional ou orientado a objetos
(BEZERRA; FONSECA; MARCONDES, 2017).
É aplicado para organizar as informações, servindo também como guia para
construção de módulos práticos que visam a transformação de elementos diversos
8
em um recurso global compreensível. É importante ressaltar que o CRM prevê para
seu uso as relações das terminologias, mas não as propõem, assim como também
não indica o que deve ser documentado (CRM CIDOC, 2015).
Com base do CRM e FRBR, o sistema que descreve o acervo foi elaborado.
Um esquema gráfico com os descritores é apresentado a seguir:
Fig: Descritores dos documentos do acervo da unidade “Literatura de Cordel”
9
3 METADADOS
Com o objetivo de estabelecer padrões e normas que possam facilitar o
acesso, recuperação, uso e reutilização de informações por parte dos usuários, faz-
se necessária a utilização dos metadados. Nesse sentido, os metadados tem papel
fundamental, pois estão estruturados em uma ambiência padronizada e facilitarão os
processos de busca e recuperação dos recursos informacionais (CASTRO;
SANTOS, 2007, p. 15).
No que tange a definição de metadados:
Na década de 1960, Jack E. Myers, presidente e fundador da The Metadata
Corporation cunhou o termo metadata (metadados) para descrever conjunto
de dados que podem ser utilizados na organização, na representação e na
localização de recursos e podem ser trabalhados de diferentes formas nas
gestão de recursos informacionais e se constituem em unidades menores
do que os dados que representam. (SMIRAGLIA, 2005 apud SANTOS;
SIMIONATO; ARAKAKI, 2014, p. 150)
Segundo os autores as funções dos metadados, possui muitos aspectos,
sendo importante realizar uma análise cuidadosa:
Os metadados explicitam os diferentes aspectos do recurso que descreve:
sua estrutura, conteúdo, qualidade, contexto, origem, propriedade e
condição. E auxiliam na organização, favorecem a interatividade, validam as
identificações e asseguram a preservação e principalmente, otimizam o
fluxo informacional melhorando o acesso aos dados e a localização dos
recursos informacionais. (SANTOS; SIMIONATO; ARAKAKI, 2014, p. 150-
151)
As funções podem ser descritas em cinco níveis, de acordo com Gilliland-
Swetland (1999 apud SANTOS; SIMIONATO; ARAKAKI, 2014, p. 151): “[...]
administrativos (gerenciamento e administração dos recursos informacionais),
descritivos (descrição e identificação de informações sobre recursos), de
conservação (conservação do recurso), técnicos (funcionamento do sistema e
comportamento dos metadados) e de uso (nível e tipo de uso do recurso)”.
Para o modelo gráfico e os campos para o lançamento de informações sobre
os recursos da UI Literatura de Cordel, apresentados mais a frente, são
apresentados os metadados descritivos.
A metodologia para a definição dos metadados:
A definição dos metadados para catalogação de recursos informacionais,
visa à escolha dos elementos necessários para descrever os diferentes
tipos de recursos. Essa atividade tem como objetivo definir os elementos
descritivos que farão parte do registro que representa cada item que
compõe o acervo de uma determinada instituição e assim promover a
gestão de acervos e de coleções pautada nos objetivos institucionais, no
domínio do conhecimento e nas tarefas do usuário. O processo é
10
trabalhoso, mas traz grandes benefícios para a catalogação, evitando
ambiguidade na descrição e equívocos na escolha do software para a
gestão de bibliotecas. (SANTOS; SIMIONATO; ARAKAKI, 2014, p. 152)
Considerando que a implementação de metadados deve seguir alguns
critérios e que o propósito é tornar o acesso aos dados mais fácil e eficiente, é
importante levantar as seguintes questões:
Na implementação de metadados, deve ser realizada uma análise de
domínio, ou seja, devem ser criadas estruturas que garantam a utilização de
padrões de descrição e que favoreçam a interpretação de cada metadado.
Sendo que esses metadados atuarão como possíveis pontos de acesso
tanto ao recurso isoladamente, quanto aos seus relacionamentos com
outros recursos informacionais. Nessa perspectiva e na busca por diminuir
as anomalias no sistema, o modelo conceitual Functional Requirements for
Bibliographic Records (FRBR) é apresentado como uma orientação para a
definição de requisitos funcionais na construção de registros bibliográficos,
durante a etapa de abstração na modelagem de catálogos e bancos de
dados bibliográficos. (SANTOS; SIMIONATO; ARAKAKI, 2014, p. 151-152)
Para os profissionais da Ciência da Informação, o termo metadados está
relacionado com o tratamento da informação, mais especificamente com as formas
de representação de um recurso informacional para fins de descrição, identificação,
localização, busca e recuperação, ou seja, dados bibliográficos e catalográficos que
servem para organizar, representar e tornar a informação identificável, localizável e
acessível (GILLILAND-SWETLAND, 1999 apud CASTRO; SANTOS, 2007, p. 16).
Com os avanços tecnológicos constantes nos mais diversos campos, as
tecnologias da informação se expandem e requerem recursos que tornem capazes o
uso e recuperação de dados. Visto que a maior parte dessa produção informacional
se encontra depositada na web e em meios digitais, se torna necessário o
tratamento adequado da informação encontrada nesse meio. Para isso é importante
pensar em técnicas e métodos que sejam capazes de atender esse tipo de demanda
(SANTOS; SIMIONATO; ARAKAKI, 2014). Nesse sentido é concebida a estrutura do
AACR, “[...] com vistas na descrição de metadados para catálogos manuais, em
papel, e por isso, em algumas aplicações eletrônicas, o código pode apresentar,
naturalmente, algumas limitações.” (ASSUMPÇÃO; SANTOS, 2009 apud TABOSA;
PAES, 2012, p. 80). A AACR é um código de catalogação padrão com o objetivo de
definir a descrição de objetos de forma técnica, porém não atende o campo
eletrônico (TABOSA; PAES, 2012).
Dando continuidade a esse código, visando sanar as limitações da AACR,
surge o RDA que se baseia:
11
[...] nos modelos conceituais de dados bibliográficos e autoridade,
Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos (FRBR) e Requisitos
Funcionais Para Dados de Autoridades (FRAD); tem seu desenvolvimento
baseado na Declaração dos Princípios Internacionais de Catalogação;
procura satisfazer as expectativas da comunidade internacional; não obriga
a utilização da ordem dos elementos e pontuação prescrita pela
International Standard Bibliographic Description (ISBD); permite a
integração dos dados criados a partir da utilização do RDA em bases de
dados existentes, criadas de acordo com o AACR e padrões similares.
Santos (CUNHA; OLIVER, 2011 apud TABOSA; PAES, 2012, p.81)
Segundo Assumpção e Santos (2009 apud TABOSA; PAES, 2012, p.81):
“RDA é um novo padrão de descrição de itens informacionais e acesso voltado para
o ambiente digital, capaz de cobrir todos os tipos de mídia e conteúdo, tornando
possível utilizar, em qualquer ambiente digital, os registros produzidos a partir da
sua utilização.” Dentro de seu objetivo, está o levantamento automático de
metadados (TABOSA; PAES, 2012, p.84).
Com base no FRBR e AACR2, os campos “Instituição” e “Pessoas” foram
selecionados para demonstrar as normas de entrada conforme a tabela.
Tabela 1: Campo e Norma de entrada
CAMPO NORMA DE ENTRADA
Instituição: entidade coletiva.
Nome pelo qual a instituição é
geralmente identificada
Pessoa: nome (autor, compositor,
ilustrador, instrumentista, intérprete)
Nome pelo qual é geralmente conhecido.
4 VOCABULÁRIOS E TESAUROS
Os Tesauros são considerados um dos principais modelos abordados pela
Ciência da Informação, são compostos por termos descritores semanticamente
relacionados de modo explícito, os chamados vocabulários controlados (SALES,
2019). Tesauros são considerados instrumentos de controle terminológico
12
(TÁLAMO; LARA; KOBASHI, 1992). São utilizados para indexar e recuperar
informações, podendo ser aplicados por especialistas e também pelos usuários no
momento da busca (SALES, 2019).
Para a recuperação da informação, de acordo com a Norma ISO 25964-2, o
tesauro:
[...]considera o controle de vocabulário essencial porque no discurso comum
um termo pode ter mais de um significado e a escolha de um termo
preferido para representar um conceito específico nunca é direta porque
conceitos podem ser expressos de várias maneiras. Por isso, o tesauro,
como vocabulário controlado, tem função importante na mediação entre os
termos utilizados no discurso e aqueles que funcionam efetivamente para a
recuperação da informação. Essa função implica o usuário e o profissional
da informação aceitar um grau de artificialidade no vocabulário controlado
para o alcance de benefícios na recuperação. (INTERNATIONAL
ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION, 2011, p.16 apud FUJITA;
TOLARE, 2019, p. 94-95)
Em respeito a sua estrutura os autores exemplificam que a construção de
tesauros “[...]apóia-se, basicamente, em dois conjuntos referenciais: de um lado, no
conhecimento categorizado em assuntos e, de outro, em um corpus discursivo do
qual são retirados os termos considerados significativos.” (TÁLAMO; LARA;
KOBASHI, 1992, p.). Os vocabulários controlados se constituem em uma lista de
termos, cabeçalhos ou códigos cada um representando um conceito (TESAURO OC,
2015). Segundo Lancaster: "nada mais é do que um conjunto limitado de termos que
devem ser utilizados por indexadores e usuários". A definição dos termos é de
extrema importância, eles vão permitir que seja possível seu agrupamento, e assim
estar organizado em uma estrutura com uma inter-relação (CARDOSO, 1996).
Desse modo pode-se concluir:
“[...]que a utilização de uma linguagem normalizada de acordo com o
contexto e a cultura organizacional de uma instituição é um dos fatores
determinantes para garantir a dinâmica e a totalidade do ciclo documentário
(produção, organização, disseminação). (AGUIAR; TÁLAMO, 2012, p. 117)
Para a UI de Literatura de Cordel, foi elaborado o vocabulário controlado, e
para melhor compreensão foi feita também uma tabela com as siglas utilizadas:
13
Tabela 2: Siglas do tesauro
Literatura de cordel
Literatura popular em versos ou em prosa sobre temas tradicionais, fatos atuais,
impressa em folhetos e vendida em feiras populares e mercados, onde os folhetos
são expostos dependurados em barbante ou cordéis.
TG: Literatura popular
UP: Literatura de cegos
TR: Abecê
Cangaço
Cantoria de viola
Folheto
Poesia popular
Repente
Romance
Xilogravura
NE: No século XVII, já era comum entre os portugueses a expressão “literatura de
cego”, por causa da lei promulgada por D. João V, em 1979, permitindo à Irmandade
dos Homens Cegos de Lisboa negociar com esse tipo de publicação (GASPAR,
2009).
TR Termo relacionado, para uma relação associativa
TG Termo geral, ou genérico, numa relação hierárquica
TE Termo específico, numa relação hierárquica, subordinado ao
termo geral
UP Usado por, utilizado para termos não preferidos, sinônimos ou
quase sinônimos
NE Nota explicativa, inclui a definição do termo ou dica de uso
14
Xilogravura
Gravura que tem como matriz madeira entalhada.
TG: Gravura
TA: Xilógrafo
TR: Literatura de Cordel
Gravura
Técnica artesanal que consiste em incisar ou talhar em metal, madeira, pedra, etc.,
para reprodução e multiplicação por entintamento e estampagem manual ou
mecânica, em papel, tecido ou outro material.
TG: Técnica artesanal
TE: Barrogravura
Gravura em metal
Linoleogravura
Litogravura
Pirogravura
Xilogravura
TR: Gravador
Repente
Use > Desafio
Desafio
Cantoria de viola caracterizada pelo duelo entre dois cantadores que improvisam
versos segundo regras de métrica e rima, com acompanhamento de viola.
UP: Peleja
Porfia
Repente
TG: Cantoria de viola
TR: Cantador
Cantador
Pessoa capaz de improvisar versos ao som da viola ou da rabeca.
UP: Repentista
15
Trovador
TG: Pessoa
TE: Payador
TR: Artista popular
Cantor
Cantoria de viola
Desafio
Moda-de-viola
Poeta de cordel
Viola
Objeto artesanal
Artefato produzido de forma não industrializada, que escapa à produção em série,
oriundo de um saber advindo da tradição e vivência do indivíduo em seu grupo.
UP: Artesanato (objeto)
TG: Artefato
TR: Artesão
Artista popular
Ex-voto
Molde
Utensílio que consiste em peça de metal, cartão, madeira, papel, etc., usado como
guia e pelo qual se corta ou reproduz um objeto.
TG: Utensílio
TE: Cincho
Pique (artefato)
Repasso
16
REFERÊNCIAS
ABLC. História do Cordel. Rio de Janeiro, RJ: Academia Brasileira de Literatura de
Cordel, 2019. Disponível em: http://www.ablc.com.br/o-cordel/historia-do-cordel/.
Acesso em 25 out. 2019.
BALZAN, David Pires. MIRANDA, Luisa Calixto. Os padrões internacionais de
documentação museológica: recomendações CIDOC/ICOM, CRM e SPECTRUM
(Parte 2). Rio de Janeiro, RJ: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro,
2019. Disciplina de Informação e Documentação Museológica I, 2016. Disponível
em:
https://www.academia.edu/33840946/Os_Padr%C3%B5es_Internacionais_de_Docu
menta%C3%A7%C3%A3o_Museol%C3%B3gica_Recomenda%C3%A7%C3%B5es
_CIDOC_ICOM_CRM_e_SPECTRUM. Acesso em: 15 nov. 2019.
BEZERRA, Darlene Alves. FONSECA, Vitor Manoel Marques da. MARCONDES,
Carlos Henrique. CRM, FRBR e RiC: o alinhamento semântico de acervos de
museus, bibliotecas e arquivos. Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da
Informação, n. XVIII ENANCIB, 2017. Disponível em:
http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/104769. Acesso em: 19 nov. 2019.
CASTRO, Fabiano Ferreira de; SANTOS, Plácida Leopoldina V. A. da Costa. Os
metadados como instrumentos tecnológicos na padronização e potencialização dos
recursos informacionais no âmbito das bibliotecas digitais na era da web semântica.
Informação & Sociedade: Estudos, v. 17, n. 2, p. 13-19. João Pessoa, PB: 2007.
Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/840/1442.
Acesso em: 20 nov. 2019.
CIDOC CRM. The CIDOC Conceptual Reference Model. Out. 2015. Disponível em:
http://www.cidoc-crm.org/Version/version-6.1. Acesso em 18 nov. 2019.
FUJITA, M. S. L.; TOLARE, J. B. Vocabulários controlados na representação e
recuperação da informação em repositórios brasileiros. Informação & Informação,
v. 24, n. 2, p. 93-125, 2019. Disponível em:
http://www.brapci.inf.br/index.php/res/v/125804. Acesso em: 07 dez. 2019.
GASPAR, Lúcia. Literatura de Cordel. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim
Nabuco, Recife. Disponível em: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/. Acesso
em 10 dez. 2019.
INSTITUTO ÁGUA VIVA. Curiosidades sobre a Literatura de Cordel. Disponível
em: http://www.institutoaguaviva.org.br/2017/06/13/curiosidades-sobre-a-literatura-
de-cordel/. Acesso em 25 out. 2019.
17
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Centro
Nacional de Folclore e Cultura Popular. Tesauro de Folclore e Cultura Popular
Brasileira. Brasília, DF: 2019. Disponível em:
http://www.cnfcp.gov.br/tesauro/00002121.htm. Acesso em 10 dez. 2019.
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Literatura
de Cordel agora é Patrimônio Cultural do Brasil. Brasília, DF: Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2019. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/4819. Acesso em 25 out. 2019.
INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Literatura
de Cordel ganha título de Patrimônio Cultural Brasileiro. Brasília, DF: Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2019. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/4833/literatura-de-cordel-e-reconhecida-
como-patrimonio-cultural-do-brasil. Acesso em 25 out. 2019.
SANTOS, P. L. V. A. C.; SIMIONATO, A. C.; ARAKAKI, F. A. Definição de
metadados para recursos informacionais: apresentação da metodologia
beam. Informação & Informação, v. 19, n. 1, p. 146-163, 2014. Disponível em:
http://www.brapci.inf.br/index.php/res/v/33511. Acesso em: 20 nov. 2019.
SOUZA, Romélio Lemos Lustosa de. Microtesauro de música: teoria e prática.
Brasília, DF: Universidade de Brasília, 2008. Disponível em:
http://eprints.rclis.org/12266/1/Microtesauro_em_m%C3%BAsica_-
_teoria_e_pr%C3%A1tica.pdf. Acesso em: 11 dez. 2019.
TABOSA, H. R.; PAES, D. M. B. Ferramentas tecnológicas na representação
descritiva de documentos: abordagem como conteúdo e como instrumentos.
Biblionline, v. 8, n. 1, p. 78-85, 2012. Disponível em:
http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/16767. Acesso em: 20 nov. 2019.
TILLETT, Barbara. O que é FRBR? Um modelo conceitual para o universo
bibliográfico. Tradução por Lidia Alvarenga e Renato Rocha Souza. Minas Gerais,
MG: Universidade Federal de Minas Gerais, 2019. Disponível em:
http://www.loc.gov/catdir/cpso/o-que-e-frbr.pdf. Acesso em: 15 nov. 2019.

Mais conteúdo relacionado

Mais procurados

A literatura surda e a língua de sinais
A literatura surda e a língua de sinaisA literatura surda e a língua de sinais
A literatura surda e a língua de sinaisGuida Gava
 
Seminário de Literatura para Ensino Médio
Seminário de Literatura para Ensino MédioSeminário de Literatura para Ensino Médio
Seminário de Literatura para Ensino MédioVal Valença
 
Plano anual de arte 1º ano
Plano anual de arte 1º anoPlano anual de arte 1º ano
Plano anual de arte 1º anoNildemar Lago
 
Ilustração em obras de autores indígenas
Ilustração em obras de autores indígenasIlustração em obras de autores indígenas
Ilustração em obras de autores indígenasInstituto Uka
 
Conteúdo Básicos - Mínimos Ensino Médio do Tocantins - ALINHAMENTO - Arte
Conteúdo Básicos - Mínimos Ensino Médio do Tocantins - ALINHAMENTO - ArteConteúdo Básicos - Mínimos Ensino Médio do Tocantins - ALINHAMENTO - Arte
Conteúdo Básicos - Mínimos Ensino Médio do Tocantins - ALINHAMENTO - Artedenisealvesf
 
As manifestações da sabedoria popular nos contos trinta e dois e tangerinos d...
As manifestações da sabedoria popular nos contos trinta e dois e tangerinos d...As manifestações da sabedoria popular nos contos trinta e dois e tangerinos d...
As manifestações da sabedoria popular nos contos trinta e dois e tangerinos d...Almiranes Dos Santos Silva
 
Folhetim do Estudante Núm. XVI
Folhetim do Estudante Núm. XVIFolhetim do Estudante Núm. XVI
Folhetim do Estudante Núm. XVIValter Gomes
 
Curriculo Ensino Médio -DF
Curriculo Ensino Médio -DFCurriculo Ensino Médio -DF
Curriculo Ensino Médio -DFcorescolar
 
Curriculo da Educaca Básica das Escolas 5 a 8 series
Curriculo da Educaca Básica das Escolas 5 a 8 seriesCurriculo da Educaca Básica das Escolas 5 a 8 series
Curriculo da Educaca Básica das Escolas 5 a 8 seriescorescolar
 
03 fisicalidade dos_textos_soniamarisrittmann_01_editado
03 fisicalidade dos_textos_soniamarisrittmann_01_editado03 fisicalidade dos_textos_soniamarisrittmann_01_editado
03 fisicalidade dos_textos_soniamarisrittmann_01_editadosoniamarys
 
Plano de curso de arte E.M BNCC 2019
Plano de curso de arte E.M BNCC 2019Plano de curso de arte E.M BNCC 2019
Plano de curso de arte E.M BNCC 2019Vera Britto
 
(24) 14.00 Maria Bernadette Velloso (Louvre IV, 25.04)
(24) 14.00 Maria Bernadette Velloso (Louvre IV, 25.04)(24) 14.00 Maria Bernadette Velloso (Louvre IV, 25.04)
(24) 14.00 Maria Bernadette Velloso (Louvre IV, 25.04)CAEI
 
Plano de trabalho series iniciais artes
Plano de trabalho series iniciais artesPlano de trabalho series iniciais artes
Plano de trabalho series iniciais artesPatricia Storch
 

Mais procurados (20)

Pensar arte
Pensar artePensar arte
Pensar arte
 
A literatura surda e a língua de sinais
A literatura surda e a língua de sinaisA literatura surda e a língua de sinais
A literatura surda e a língua de sinais
 
Seminário de Literatura para Ensino Médio
Seminário de Literatura para Ensino MédioSeminário de Literatura para Ensino Médio
Seminário de Literatura para Ensino Médio
 
291 arquivo
291 arquivo291 arquivo
291 arquivo
 
Plano anual de arte 1º ano
Plano anual de arte 1º anoPlano anual de arte 1º ano
Plano anual de arte 1º ano
 
Ilustração em obras de autores indígenas
Ilustração em obras de autores indígenasIlustração em obras de autores indígenas
Ilustração em obras de autores indígenas
 
Conteúdo Básicos - Mínimos Ensino Médio do Tocantins - ALINHAMENTO - Arte
Conteúdo Básicos - Mínimos Ensino Médio do Tocantins - ALINHAMENTO - ArteConteúdo Básicos - Mínimos Ensino Médio do Tocantins - ALINHAMENTO - Arte
Conteúdo Básicos - Mínimos Ensino Médio do Tocantins - ALINHAMENTO - Arte
 
Atualidades e artes
Atualidades e artesAtualidades e artes
Atualidades e artes
 
Atividades conteúdos
Atividades conteúdos Atividades conteúdos
Atividades conteúdos
 
As manifestações da sabedoria popular nos contos trinta e dois e tangerinos d...
As manifestações da sabedoria popular nos contos trinta e dois e tangerinos d...As manifestações da sabedoria popular nos contos trinta e dois e tangerinos d...
As manifestações da sabedoria popular nos contos trinta e dois e tangerinos d...
 
Folhetim do Estudante Núm. XVI
Folhetim do Estudante Núm. XVIFolhetim do Estudante Núm. XVI
Folhetim do Estudante Núm. XVI
 
Planejamento anual
Planejamento anualPlanejamento anual
Planejamento anual
 
Otm artes
Otm artesOtm artes
Otm artes
 
Curriculo Ensino Médio -DF
Curriculo Ensino Médio -DFCurriculo Ensino Médio -DF
Curriculo Ensino Médio -DF
 
Curriculo da Educaca Básica das Escolas 5 a 8 series
Curriculo da Educaca Básica das Escolas 5 a 8 seriesCurriculo da Educaca Básica das Escolas 5 a 8 series
Curriculo da Educaca Básica das Escolas 5 a 8 series
 
Artes
ArtesArtes
Artes
 
03 fisicalidade dos_textos_soniamarisrittmann_01_editado
03 fisicalidade dos_textos_soniamarisrittmann_01_editado03 fisicalidade dos_textos_soniamarisrittmann_01_editado
03 fisicalidade dos_textos_soniamarisrittmann_01_editado
 
Plano de curso de arte E.M BNCC 2019
Plano de curso de arte E.M BNCC 2019Plano de curso de arte E.M BNCC 2019
Plano de curso de arte E.M BNCC 2019
 
(24) 14.00 Maria Bernadette Velloso (Louvre IV, 25.04)
(24) 14.00 Maria Bernadette Velloso (Louvre IV, 25.04)(24) 14.00 Maria Bernadette Velloso (Louvre IV, 25.04)
(24) 14.00 Maria Bernadette Velloso (Louvre IV, 25.04)
 
Plano de trabalho series iniciais artes
Plano de trabalho series iniciais artesPlano de trabalho series iniciais artes
Plano de trabalho series iniciais artes
 

Semelhante a Cordel final

Projeto encantos do cordel
Projeto encantos do cordelProjeto encantos do cordel
Projeto encantos do cordelAndrea Nogueira
 
Oficina De LíNgua Portuguesa ReuniãO De Pcs Maio 2009 1
Oficina De LíNgua Portuguesa   ReuniãO De Pcs   Maio 2009 1Oficina De LíNgua Portuguesa   ReuniãO De Pcs   Maio 2009 1
Oficina De LíNgua Portuguesa ReuniãO De Pcs Maio 2009 1Milton Alvaro Menon
 
Livro um município chamado alto alegre dos parecis
Livro   um município chamado alto alegre dos parecisLivro   um município chamado alto alegre dos parecis
Livro um município chamado alto alegre dos parecisSinval Gonçalves
 
CULTURA DE CORDEL_A MULTIPLICIDADE E O SINGULAR
CULTURA DE CORDEL_A MULTIPLICIDADE E O SINGULARCULTURA DE CORDEL_A MULTIPLICIDADE E O SINGULAR
CULTURA DE CORDEL_A MULTIPLICIDADE E O SINGULARRita Almeida
 
Cinco ideias equivocadas_sobre_indios_palestra_cenesch (1)
Cinco ideias equivocadas_sobre_indios_palestra_cenesch (1)Cinco ideias equivocadas_sobre_indios_palestra_cenesch (1)
Cinco ideias equivocadas_sobre_indios_palestra_cenesch (1)Profernanda
 
Universidade federal do rio grande do su1
Universidade federal do rio grande do su1Universidade federal do rio grande do su1
Universidade federal do rio grande do su1Bi_Oliveira
 
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelhoPronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelhoatodeler
 
PATRIMONIO CINEMATOGRÁFICO EM CAMPO GRANDE: PERSPECTIVAS DE SUSTENTABILIDADE ...
PATRIMONIO CINEMATOGRÁFICO EM CAMPO GRANDE: PERSPECTIVAS DE SUSTENTABILIDADE ...PATRIMONIO CINEMATOGRÁFICO EM CAMPO GRANDE: PERSPECTIVAS DE SUSTENTABILIDADE ...
PATRIMONIO CINEMATOGRÁFICO EM CAMPO GRANDE: PERSPECTIVAS DE SUSTENTABILIDADE ...1sested
 
BiblioZine CANTO NEGRO n° 1, abr 2014
BiblioZine CANTO NEGRO n° 1, abr 2014BiblioZine CANTO NEGRO n° 1, abr 2014
BiblioZine CANTO NEGRO n° 1, abr 2014oficinativa
 
Cinco ideias equivocadas_sobre_indios_bessa
Cinco ideias equivocadas_sobre_indios_bessaCinco ideias equivocadas_sobre_indios_bessa
Cinco ideias equivocadas_sobre_indios_bessaMarinaMarcos
 
Cordel: Uma proposta para o ensino de História
Cordel: Uma proposta para o ensino de HistóriaCordel: Uma proposta para o ensino de História
Cordel: Uma proposta para o ensino de HistóriaEmerson Mathias
 
EMEF Erna Würth - Apresentação EJA Educação Cidadã
EMEF Erna Würth - Apresentação EJA Educação CidadãEMEF Erna Würth - Apresentação EJA Educação Cidadã
EMEF Erna Würth - Apresentação EJA Educação CidadãAlexandre da Rosa
 
169 a 178 maria cristina tenorio
169 a 178 maria cristina tenorio169 a 178 maria cristina tenorio
169 a 178 maria cristina tenorioEdevard Junior
 

Semelhante a Cordel final (20)

Projeto encantos do cordel
Projeto encantos do cordelProjeto encantos do cordel
Projeto encantos do cordel
 
Oficina De LíNgua Portuguesa ReuniãO De Pcs Maio 2009 1
Oficina De LíNgua Portuguesa   ReuniãO De Pcs   Maio 2009 1Oficina De LíNgua Portuguesa   ReuniãO De Pcs   Maio 2009 1
Oficina De LíNgua Portuguesa ReuniãO De Pcs Maio 2009 1
 
O que é literatura de cordel
O que é literatura de cordelO que é literatura de cordel
O que é literatura de cordel
 
Livro um município chamado alto alegre dos parecis
Livro   um município chamado alto alegre dos parecisLivro   um município chamado alto alegre dos parecis
Livro um município chamado alto alegre dos parecis
 
CULTURA DE CORDEL_A MULTIPLICIDADE E O SINGULAR
CULTURA DE CORDEL_A MULTIPLICIDADE E O SINGULARCULTURA DE CORDEL_A MULTIPLICIDADE E O SINGULAR
CULTURA DE CORDEL_A MULTIPLICIDADE E O SINGULAR
 
Cinco ideias equivocadas_sobre_indios_palestra_cenesch (1)
Cinco ideias equivocadas_sobre_indios_palestra_cenesch (1)Cinco ideias equivocadas_sobre_indios_palestra_cenesch (1)
Cinco ideias equivocadas_sobre_indios_palestra_cenesch (1)
 
Tccpavulagemfinal
TccpavulagemfinalTccpavulagemfinal
Tccpavulagemfinal
 
Universidade federal do rio grande do su1
Universidade federal do rio grande do su1Universidade federal do rio grande do su1
Universidade federal do rio grande do su1
 
150296.pptx
150296.pptx150296.pptx
150296.pptx
 
O que é literatura de cordel
O que é literatura de cordelO que é literatura de cordel
O que é literatura de cordel
 
1
11
1
 
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelhoPronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
Pronto de leandro gomes de barros a rodolfo coelho
 
PATRIMONIO CINEMATOGRÁFICO EM CAMPO GRANDE: PERSPECTIVAS DE SUSTENTABILIDADE ...
PATRIMONIO CINEMATOGRÁFICO EM CAMPO GRANDE: PERSPECTIVAS DE SUSTENTABILIDADE ...PATRIMONIO CINEMATOGRÁFICO EM CAMPO GRANDE: PERSPECTIVAS DE SUSTENTABILIDADE ...
PATRIMONIO CINEMATOGRÁFICO EM CAMPO GRANDE: PERSPECTIVAS DE SUSTENTABILIDADE ...
 
Portfólio 2010
Portfólio 2010Portfólio 2010
Portfólio 2010
 
BiblioZine CANTO NEGRO n° 1, abr 2014
BiblioZine CANTO NEGRO n° 1, abr 2014BiblioZine CANTO NEGRO n° 1, abr 2014
BiblioZine CANTO NEGRO n° 1, abr 2014
 
Cinco ideias equivocadas_sobre_indios_bessa
Cinco ideias equivocadas_sobre_indios_bessaCinco ideias equivocadas_sobre_indios_bessa
Cinco ideias equivocadas_sobre_indios_bessa
 
Cordel: Uma proposta para o ensino de História
Cordel: Uma proposta para o ensino de HistóriaCordel: Uma proposta para o ensino de História
Cordel: Uma proposta para o ensino de História
 
EMEF Erna Würth - Apresentação EJA Educação Cidadã
EMEF Erna Würth - Apresentação EJA Educação CidadãEMEF Erna Würth - Apresentação EJA Educação Cidadã
EMEF Erna Würth - Apresentação EJA Educação Cidadã
 
169 a 178 maria cristina tenorio
169 a 178 maria cristina tenorio169 a 178 maria cristina tenorio
169 a 178 maria cristina tenorio
 
Raissa Alves C. Paz
Raissa Alves C. PazRaissa Alves C. Paz
Raissa Alves C. Paz
 

Cordel final

  • 1. UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO – UNIRIO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS – CCH DOUGLAS VAZ DE BARROS MOREIRA LÍVIA MARTINS DE BARROS MARIANA DE OLIVEIRA GUIMARÃES MARIANA FERNANDES DOS SANTOS PROJETO DE CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE INFORMACIONAL DE LITERATURA DE CORDEL RIO DE JANEIRO 2019
  • 2. DOUGLAS VAZ DE BARROS MOREIRA LÍVIA MARTINS DE BARROS MARIANA DE OLIVEIRA GUIMARÃES MARIANA FERNANDES DOS SANTOS PROJETO DE CRIAÇÃO DE UMA UNIDADE INFORMACIONAL DE LITERATURA DE CORDEL Projeto de criação de uma unidade informacional de Literatura de Cordel sob orientação do (a) professor(a) Geni Chaves Fernandes como requisito parcial para aprovação da disciplina Análise da Informação. RIO DE JANEIRO 2019
  • 3. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.........................................................................................................3 1.1 OBJETIVOS ..........................................................................................................4 1.2 PÚBLICO ALVO ....................................................................................................4 1.3 ACERVO ...............................................................................................................4 1.4 ESPECIFICIDADES ..............................................................................................5 2 DESCRIÇÃO DOCUMENTAL..................................................................................5 2.1 FRBR.....................................................................................................................5 2.2 CRM ......................................................................................................................7 3 METADADOS ..........................................................................................................8 4 VOCABULÁRIOS E TESAUROS.......................................................................... 11 REFERÊNCIAS.........................................................................................................16
  • 4. 3 1 INTRODUÇÃO A Literatura de Cordel foi introduzida na cultura brasileira pelos colonizadores portugueses. Inicialmente não tinha um nome bem definido e era essencialmente oral, foi a fase precursora do cordel escrito (ABLC). Apesar de um início relativamente lento e hesitante, o cordel se tornou muito popular por sua simplicidade e poesia, intimamente ligado à música e ao repente, utilizando também imagens de xilogravura. As táticas para atrair o público eram bastante apelativas e criativas: A questão da harmonia sonora é muito ressaltada pelos poetas. Além das razões estéticas, há uma explicação histórica para isso. No início do século XX, quando a literatura de cordel se consolidou como um sistema editorial próprio, os poetas desenvolveram um modo particular de comercializar seus livros nos mercados e feiras livres. Carregavam consigo os exemplares e montavam uma banca em que os folhetos eram exibidos (por esse motivo os poetas da literatura de cordel também são chamados de poetas de bancada). Para atrair curiosos e compradores, os poetas costumavam cantar em voz alta trechos dos poemas, contando dramas, tragédias, romances e sátiras. No momento mais importante da narrativa – quando o desfecho da história de aproximava – o canto era interrompido e o final da história só poderia ser conhecido por aqueles que comprassem o folheto. Assim, a métrica perfeita era a condição para que o poeta pudesse exercer sua performance com maestria diante do público. (IPHAN, 2018) Em dezenove de setembro de dois mil e dezoito, a Literatura de Cordel ganhou o título de Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro devido à grande importância na identidade do país. (IPHAN, 2018) Sendo ainda hoje um ofício e fonte de renda para muitos brasileiros, essa literatura que começou timidamente no Nordeste, se espalhou pelo país transformando-se e ganhando suas características atuais. Um trecho que ilustra a beleza dessa expressão artística: A literatura de cordel é um gênero poético que resultou da conexão entre as tradições orais e escritas presentes na formação social brasileira e carrega vínculos com as culturas africana, indígena e europeia e árabe. Trata-se de um fenômeno cultural vinculado às narrativas orais (contos e histórias de origem africana, indígena e europeia), à poesia (cantada e declamada) e à adaptação para a poesia dos romances em prosa trazidos pelos colonizadores portugueses. Os poetas brasileiros no século XIX conectaram todas essas influências e difundiram um modo particular de fazer poesia que se transformou numa das formas de expressão mais importantes do Brasil. O cordel se inseriu na cultura brasileira em fins do século XIX, forjado como a variação escrita da poesia musicada por duplas de cantadores de viola, de improviso, conhecida como repente. (IPHAN, 2018)
  • 5. 4 1.1 OBJETIVOS A presente Unidade Informacional tem por objetivo reunir, armazenar, preservar e disseminar a literatura de cordel, servindo de base para o estudo e aprofundamento no conhecimento das características (rimas, métricas, gravuras etc.) que envolvem a literatura de cordel, como também a origem, influências que recebe e transmite, temas abordados (tradicional, infanto-juvenil, contemporaneidade, política etc.), as formas de distribuição (impresso ou online), autores e gêneros literários dentro do cordel tendo destaque o romance, drama, sátira e tragédia. A missão da Unidade Informacional é atuar como agente fomentador e orientador nos estudos relacionados à literatura de cordel, além de servir como orientador a escritores interessados no assunto. A difusão da literatura de cordel pretende também a valorização dessa cultura proveniente do Nordeste. 1.2 PÚBLICO ALVO A unidade visa atender escritores literários que tenham interesse em estudar como se deu o desenvolvimento da literatura de cordel através dos tempos, as influências da política e das sociedades (tradicionais ou atuais) assim como se aprofundar nos estudos das estruturas que compõem este tipo literário peculiar (rimas, métricas, estrofes etc.) pretendendo o incremento na construção das suas obras, tais como romances, roteiros, ensaios musicados etc. 1.3 ACERVO O acervo irá conter material concernente à literatura de cordel: livros de cordel, xilogravuras e material de áudio. • Livros de cordel: ilustrados e não ilustrados; • Xilogravuras: oriundas da literatura de cordel;
  • 6. 5 • Áudio: música (CD’s e LP’s). 1.4 ESPECIFICIDADES Os livros de Cordel podem conter gravuras, ou não, ambas as formas carregam a identidade do estilo, desse modo, devem estar presentes em todas as suas formas. As xilogravuras trazem importante relevância, pois mesmo que os cordéis tradicionais não possuam ilustrações em seu interior, elas estão contidas nas capas, uma das marcas da Literatura de Cordel (INSTITUTO ÁGUA VIVA). Por ser um estilo musicado, há um grande conteúdo de áudio disponível, o que justifica dar atenção a este tipo de material. 2 DESCRIÇÃO DOCUMENTAL Para atender as necessidades da Unidade Informacional (UI) de Literatura de Cordel, foram utilizados como base os modelos FRBR e CRM-CHIOS cuja finalidade visa estar de acordo com as práticas descritivas de instituições bibliográficas, arquivísticas e museológicas. As informações da UI em questão foram organizadas para permitir que o usuário recupere as informações especificas, assim como localizar documentos que possuam aspectos em comum. O Software foi pensado permitir a interoperabilidade da unidade em questão com outras unidades de informação. 2.1 REQUISITOS FUNCIONAIS PARA REGISTROS BIBLIOGRÁFICOS – FRBR Um grupo de estudos da IFLA desenvolveu um modelo do tipo entidade- relacionamento com uma visão geral do universo bibliográfico, chamado de Functional Requirements for Bibliographic Records – FRBR. Segundo Barbara Tillett: Os FRBR nos oferecem uma perspectiva atual sobre a estrutura e relacionamentos dos registros bibliográficos e de autoridade, e também um vocabulário mais preciso para auxiliar os futuros responsáveis pela construção de regras de catalogação e projetistas de sistemas, no atendimento das necessidades dos usuários. (TILLETT, 2003)
  • 7. 6 As 10 entidades (aqui entendidas como “coisa” ou “objeto”) foram separadas em três grupos: • Grupo 1 – produtos de trabalho intelectual ou artístico, definidos por: a) Obra – é abstrata e reconhecida através de suas expressões; b) Expressão – trata-se da realização intelectual ou artística de uma obra; c) Manifestação – representa todos os objetos físicos que possuem as mesmas características, sejam estas físicas ou intelectuais; d) Item – é o objeto físico que permite acessar o conteúdo de uma expressão e de uma obra. O relacionamento das entidades nesse grupo se dá da seguinte forma: a Obra é percebida através da Expressão, que ganha existência na Manifestação e é exemplificada pelo Item (TILLETT, 2003). • Grupo 2 – responsável pelo conteúdo, produção, disseminação e guarda das entidades do primeiro grupo: a) Pessoa – um indivíduo, relacionado à criação ou realização de uma obra ou expressão; b) Entidade coletiva – organização ou grupo de indivíduos que age unificadamente e se identifica por um nome. O relacionamento das entidades do grupo 1 com as do grupo 2 se caracteriza por: a obra é criada por uma pessoa/organização; expressão é percebida através da pessoa/organização; a manifestação é produzida por uma pessoa/organização; um item é propriedade de pessoa/organização (TILLETT, 2003). • Grupo 3 – servem como assuntos: a) Conceito – uma noção ou ideia abstrata; b) Objeto – uma coisa material, móvel ou imóvel; c) Evento – uma ação ou ocorrência; d) Lugar – um local, terrestre, extraterrestre, histórico ou contemporâneo, entre outros.
  • 8. 7 Para Tillett (2003), as entidades do grupo 3 podem ser conceitos, objetos, eventos lugares e quaisquer das entidades do grupo 1 ou grupo 2. Na FRBR, é importante salientar a importância das Tarefas do Usuário. Conforme Tillett: De forma sucinta, seriam: encontrar, identificar, selecionar e obter. ‘Encontrar’ envolve o atendimento de algum critério de busca de um usuário através de um atributo ou um relacionamento de uma entidade. Isto pode ser visto como a combinação dos objetivos tradicionais dos catálogos “encontrar” e “arranjar”. ‘Identificar’ permite a um usuário confirmar se encontrou aquilo que procurava, distinguindo entre recursos similares. ‘Selecionar’ envolve o atendimento das especificações dos usuários quanto ao conteúdo, formato físico, etc. ou à rejeição de uma entidade que não atende às necessidades do usuário. ‘Obter’ permite a um usuário adquirir uma entidade através da compra, empréstimo, etc., ou através do acesso eletrônico remoto (TILLETT, 2003). 2.2 MODELO DE REFERÊNCIA CONCEITUAL – CRM O CRM é um modelo teórico, que teve início em 1996, proposto pelo ICOM- CIDOC. É uma ontologia, que se ramifica em subgrupos até chegar nas definições dos objetos, partindo de entidades, que tem em vista a relação informacional entre os museus, assim facilitando as possíveis integrações e promovendo as informações sobre um patrimônio cultural, o que resulta em um "quadro semântico" que outros museus podem utilizar para mapeamento. Com a sua metodologia mescla conhecimentos da área de museologia, arquivologia e biblioteconomia, promovendo uma comunicação transparente entre os sistemas (BALZANA; MIRANDA, 2016). Para simplificar, o CRM é: [...]um modelo semântico orientado a objeto que busca promover uma compreensão compartilhada da informação de instituições de patrimônio cultural, de modo a fornecer um quadro semântico comum e extensível na qual informações do patrimônio cultural possam ser mapeadas. Destina-se a ser uma linguagem comum para especialistas e implementadores de domínio, a fim de formular requisitos para sistemas de informação e servir como guia para boas práticas de modelagem conceitual (BEZERRA; FONSECA; MARCONDES, 2017). No que tange sua expressão: Expressa-se como um modelo semântico orientado a objetos, na esperança de que esta formulação seja compreensível por especialistas e cientistas da informação e, ao mesmo tempo se converta em formatos legíveis por máquina, como RDF Schema, KIF, DAML + OIL, OWL etc. Pode ser implementado em qualquer esquema relacional ou orientado a objetos (BEZERRA; FONSECA; MARCONDES, 2017). É aplicado para organizar as informações, servindo também como guia para construção de módulos práticos que visam a transformação de elementos diversos
  • 9. 8 em um recurso global compreensível. É importante ressaltar que o CRM prevê para seu uso as relações das terminologias, mas não as propõem, assim como também não indica o que deve ser documentado (CRM CIDOC, 2015). Com base do CRM e FRBR, o sistema que descreve o acervo foi elaborado. Um esquema gráfico com os descritores é apresentado a seguir: Fig: Descritores dos documentos do acervo da unidade “Literatura de Cordel”
  • 10. 9 3 METADADOS Com o objetivo de estabelecer padrões e normas que possam facilitar o acesso, recuperação, uso e reutilização de informações por parte dos usuários, faz- se necessária a utilização dos metadados. Nesse sentido, os metadados tem papel fundamental, pois estão estruturados em uma ambiência padronizada e facilitarão os processos de busca e recuperação dos recursos informacionais (CASTRO; SANTOS, 2007, p. 15). No que tange a definição de metadados: Na década de 1960, Jack E. Myers, presidente e fundador da The Metadata Corporation cunhou o termo metadata (metadados) para descrever conjunto de dados que podem ser utilizados na organização, na representação e na localização de recursos e podem ser trabalhados de diferentes formas nas gestão de recursos informacionais e se constituem em unidades menores do que os dados que representam. (SMIRAGLIA, 2005 apud SANTOS; SIMIONATO; ARAKAKI, 2014, p. 150) Segundo os autores as funções dos metadados, possui muitos aspectos, sendo importante realizar uma análise cuidadosa: Os metadados explicitam os diferentes aspectos do recurso que descreve: sua estrutura, conteúdo, qualidade, contexto, origem, propriedade e condição. E auxiliam na organização, favorecem a interatividade, validam as identificações e asseguram a preservação e principalmente, otimizam o fluxo informacional melhorando o acesso aos dados e a localização dos recursos informacionais. (SANTOS; SIMIONATO; ARAKAKI, 2014, p. 150- 151) As funções podem ser descritas em cinco níveis, de acordo com Gilliland- Swetland (1999 apud SANTOS; SIMIONATO; ARAKAKI, 2014, p. 151): “[...] administrativos (gerenciamento e administração dos recursos informacionais), descritivos (descrição e identificação de informações sobre recursos), de conservação (conservação do recurso), técnicos (funcionamento do sistema e comportamento dos metadados) e de uso (nível e tipo de uso do recurso)”. Para o modelo gráfico e os campos para o lançamento de informações sobre os recursos da UI Literatura de Cordel, apresentados mais a frente, são apresentados os metadados descritivos. A metodologia para a definição dos metadados: A definição dos metadados para catalogação de recursos informacionais, visa à escolha dos elementos necessários para descrever os diferentes tipos de recursos. Essa atividade tem como objetivo definir os elementos descritivos que farão parte do registro que representa cada item que compõe o acervo de uma determinada instituição e assim promover a gestão de acervos e de coleções pautada nos objetivos institucionais, no domínio do conhecimento e nas tarefas do usuário. O processo é
  • 11. 10 trabalhoso, mas traz grandes benefícios para a catalogação, evitando ambiguidade na descrição e equívocos na escolha do software para a gestão de bibliotecas. (SANTOS; SIMIONATO; ARAKAKI, 2014, p. 152) Considerando que a implementação de metadados deve seguir alguns critérios e que o propósito é tornar o acesso aos dados mais fácil e eficiente, é importante levantar as seguintes questões: Na implementação de metadados, deve ser realizada uma análise de domínio, ou seja, devem ser criadas estruturas que garantam a utilização de padrões de descrição e que favoreçam a interpretação de cada metadado. Sendo que esses metadados atuarão como possíveis pontos de acesso tanto ao recurso isoladamente, quanto aos seus relacionamentos com outros recursos informacionais. Nessa perspectiva e na busca por diminuir as anomalias no sistema, o modelo conceitual Functional Requirements for Bibliographic Records (FRBR) é apresentado como uma orientação para a definição de requisitos funcionais na construção de registros bibliográficos, durante a etapa de abstração na modelagem de catálogos e bancos de dados bibliográficos. (SANTOS; SIMIONATO; ARAKAKI, 2014, p. 151-152) Para os profissionais da Ciência da Informação, o termo metadados está relacionado com o tratamento da informação, mais especificamente com as formas de representação de um recurso informacional para fins de descrição, identificação, localização, busca e recuperação, ou seja, dados bibliográficos e catalográficos que servem para organizar, representar e tornar a informação identificável, localizável e acessível (GILLILAND-SWETLAND, 1999 apud CASTRO; SANTOS, 2007, p. 16). Com os avanços tecnológicos constantes nos mais diversos campos, as tecnologias da informação se expandem e requerem recursos que tornem capazes o uso e recuperação de dados. Visto que a maior parte dessa produção informacional se encontra depositada na web e em meios digitais, se torna necessário o tratamento adequado da informação encontrada nesse meio. Para isso é importante pensar em técnicas e métodos que sejam capazes de atender esse tipo de demanda (SANTOS; SIMIONATO; ARAKAKI, 2014). Nesse sentido é concebida a estrutura do AACR, “[...] com vistas na descrição de metadados para catálogos manuais, em papel, e por isso, em algumas aplicações eletrônicas, o código pode apresentar, naturalmente, algumas limitações.” (ASSUMPÇÃO; SANTOS, 2009 apud TABOSA; PAES, 2012, p. 80). A AACR é um código de catalogação padrão com o objetivo de definir a descrição de objetos de forma técnica, porém não atende o campo eletrônico (TABOSA; PAES, 2012). Dando continuidade a esse código, visando sanar as limitações da AACR, surge o RDA que se baseia:
  • 12. 11 [...] nos modelos conceituais de dados bibliográficos e autoridade, Requisitos Funcionais para Registros Bibliográficos (FRBR) e Requisitos Funcionais Para Dados de Autoridades (FRAD); tem seu desenvolvimento baseado na Declaração dos Princípios Internacionais de Catalogação; procura satisfazer as expectativas da comunidade internacional; não obriga a utilização da ordem dos elementos e pontuação prescrita pela International Standard Bibliographic Description (ISBD); permite a integração dos dados criados a partir da utilização do RDA em bases de dados existentes, criadas de acordo com o AACR e padrões similares. Santos (CUNHA; OLIVER, 2011 apud TABOSA; PAES, 2012, p.81) Segundo Assumpção e Santos (2009 apud TABOSA; PAES, 2012, p.81): “RDA é um novo padrão de descrição de itens informacionais e acesso voltado para o ambiente digital, capaz de cobrir todos os tipos de mídia e conteúdo, tornando possível utilizar, em qualquer ambiente digital, os registros produzidos a partir da sua utilização.” Dentro de seu objetivo, está o levantamento automático de metadados (TABOSA; PAES, 2012, p.84). Com base no FRBR e AACR2, os campos “Instituição” e “Pessoas” foram selecionados para demonstrar as normas de entrada conforme a tabela. Tabela 1: Campo e Norma de entrada CAMPO NORMA DE ENTRADA Instituição: entidade coletiva. Nome pelo qual a instituição é geralmente identificada Pessoa: nome (autor, compositor, ilustrador, instrumentista, intérprete) Nome pelo qual é geralmente conhecido. 4 VOCABULÁRIOS E TESAUROS Os Tesauros são considerados um dos principais modelos abordados pela Ciência da Informação, são compostos por termos descritores semanticamente relacionados de modo explícito, os chamados vocabulários controlados (SALES, 2019). Tesauros são considerados instrumentos de controle terminológico
  • 13. 12 (TÁLAMO; LARA; KOBASHI, 1992). São utilizados para indexar e recuperar informações, podendo ser aplicados por especialistas e também pelos usuários no momento da busca (SALES, 2019). Para a recuperação da informação, de acordo com a Norma ISO 25964-2, o tesauro: [...]considera o controle de vocabulário essencial porque no discurso comum um termo pode ter mais de um significado e a escolha de um termo preferido para representar um conceito específico nunca é direta porque conceitos podem ser expressos de várias maneiras. Por isso, o tesauro, como vocabulário controlado, tem função importante na mediação entre os termos utilizados no discurso e aqueles que funcionam efetivamente para a recuperação da informação. Essa função implica o usuário e o profissional da informação aceitar um grau de artificialidade no vocabulário controlado para o alcance de benefícios na recuperação. (INTERNATIONAL ORGANIZATION FOR STANDARDIZATION, 2011, p.16 apud FUJITA; TOLARE, 2019, p. 94-95) Em respeito a sua estrutura os autores exemplificam que a construção de tesauros “[...]apóia-se, basicamente, em dois conjuntos referenciais: de um lado, no conhecimento categorizado em assuntos e, de outro, em um corpus discursivo do qual são retirados os termos considerados significativos.” (TÁLAMO; LARA; KOBASHI, 1992, p.). Os vocabulários controlados se constituem em uma lista de termos, cabeçalhos ou códigos cada um representando um conceito (TESAURO OC, 2015). Segundo Lancaster: "nada mais é do que um conjunto limitado de termos que devem ser utilizados por indexadores e usuários". A definição dos termos é de extrema importância, eles vão permitir que seja possível seu agrupamento, e assim estar organizado em uma estrutura com uma inter-relação (CARDOSO, 1996). Desse modo pode-se concluir: “[...]que a utilização de uma linguagem normalizada de acordo com o contexto e a cultura organizacional de uma instituição é um dos fatores determinantes para garantir a dinâmica e a totalidade do ciclo documentário (produção, organização, disseminação). (AGUIAR; TÁLAMO, 2012, p. 117) Para a UI de Literatura de Cordel, foi elaborado o vocabulário controlado, e para melhor compreensão foi feita também uma tabela com as siglas utilizadas:
  • 14. 13 Tabela 2: Siglas do tesauro Literatura de cordel Literatura popular em versos ou em prosa sobre temas tradicionais, fatos atuais, impressa em folhetos e vendida em feiras populares e mercados, onde os folhetos são expostos dependurados em barbante ou cordéis. TG: Literatura popular UP: Literatura de cegos TR: Abecê Cangaço Cantoria de viola Folheto Poesia popular Repente Romance Xilogravura NE: No século XVII, já era comum entre os portugueses a expressão “literatura de cego”, por causa da lei promulgada por D. João V, em 1979, permitindo à Irmandade dos Homens Cegos de Lisboa negociar com esse tipo de publicação (GASPAR, 2009). TR Termo relacionado, para uma relação associativa TG Termo geral, ou genérico, numa relação hierárquica TE Termo específico, numa relação hierárquica, subordinado ao termo geral UP Usado por, utilizado para termos não preferidos, sinônimos ou quase sinônimos NE Nota explicativa, inclui a definição do termo ou dica de uso
  • 15. 14 Xilogravura Gravura que tem como matriz madeira entalhada. TG: Gravura TA: Xilógrafo TR: Literatura de Cordel Gravura Técnica artesanal que consiste em incisar ou talhar em metal, madeira, pedra, etc., para reprodução e multiplicação por entintamento e estampagem manual ou mecânica, em papel, tecido ou outro material. TG: Técnica artesanal TE: Barrogravura Gravura em metal Linoleogravura Litogravura Pirogravura Xilogravura TR: Gravador Repente Use > Desafio Desafio Cantoria de viola caracterizada pelo duelo entre dois cantadores que improvisam versos segundo regras de métrica e rima, com acompanhamento de viola. UP: Peleja Porfia Repente TG: Cantoria de viola TR: Cantador Cantador Pessoa capaz de improvisar versos ao som da viola ou da rabeca. UP: Repentista
  • 16. 15 Trovador TG: Pessoa TE: Payador TR: Artista popular Cantor Cantoria de viola Desafio Moda-de-viola Poeta de cordel Viola Objeto artesanal Artefato produzido de forma não industrializada, que escapa à produção em série, oriundo de um saber advindo da tradição e vivência do indivíduo em seu grupo. UP: Artesanato (objeto) TG: Artefato TR: Artesão Artista popular Ex-voto Molde Utensílio que consiste em peça de metal, cartão, madeira, papel, etc., usado como guia e pelo qual se corta ou reproduz um objeto. TG: Utensílio TE: Cincho Pique (artefato) Repasso
  • 17. 16 REFERÊNCIAS ABLC. História do Cordel. Rio de Janeiro, RJ: Academia Brasileira de Literatura de Cordel, 2019. Disponível em: http://www.ablc.com.br/o-cordel/historia-do-cordel/. Acesso em 25 out. 2019. BALZAN, David Pires. MIRANDA, Luisa Calixto. Os padrões internacionais de documentação museológica: recomendações CIDOC/ICOM, CRM e SPECTRUM (Parte 2). Rio de Janeiro, RJ: Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, 2019. Disciplina de Informação e Documentação Museológica I, 2016. Disponível em: https://www.academia.edu/33840946/Os_Padr%C3%B5es_Internacionais_de_Docu menta%C3%A7%C3%A3o_Museol%C3%B3gica_Recomenda%C3%A7%C3%B5es _CIDOC_ICOM_CRM_e_SPECTRUM. Acesso em: 15 nov. 2019. BEZERRA, Darlene Alves. FONSECA, Vitor Manoel Marques da. MARCONDES, Carlos Henrique. CRM, FRBR e RiC: o alinhamento semântico de acervos de museus, bibliotecas e arquivos. Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, n. XVIII ENANCIB, 2017. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/104769. Acesso em: 19 nov. 2019. CASTRO, Fabiano Ferreira de; SANTOS, Plácida Leopoldina V. A. da Costa. Os metadados como instrumentos tecnológicos na padronização e potencialização dos recursos informacionais no âmbito das bibliotecas digitais na era da web semântica. Informação & Sociedade: Estudos, v. 17, n. 2, p. 13-19. João Pessoa, PB: 2007. Disponível em: https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ies/article/view/840/1442. Acesso em: 20 nov. 2019. CIDOC CRM. The CIDOC Conceptual Reference Model. Out. 2015. Disponível em: http://www.cidoc-crm.org/Version/version-6.1. Acesso em 18 nov. 2019. FUJITA, M. S. L.; TOLARE, J. B. Vocabulários controlados na representação e recuperação da informação em repositórios brasileiros. Informação & Informação, v. 24, n. 2, p. 93-125, 2019. Disponível em: http://www.brapci.inf.br/index.php/res/v/125804. Acesso em: 07 dez. 2019. GASPAR, Lúcia. Literatura de Cordel. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/. Acesso em 10 dez. 2019. INSTITUTO ÁGUA VIVA. Curiosidades sobre a Literatura de Cordel. Disponível em: http://www.institutoaguaviva.org.br/2017/06/13/curiosidades-sobre-a-literatura- de-cordel/. Acesso em 25 out. 2019.
  • 18. 17 INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Centro Nacional de Folclore e Cultura Popular. Tesauro de Folclore e Cultura Popular Brasileira. Brasília, DF: 2019. Disponível em: http://www.cnfcp.gov.br/tesauro/00002121.htm. Acesso em 10 dez. 2019. INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Literatura de Cordel agora é Patrimônio Cultural do Brasil. Brasília, DF: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2019. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/4819. Acesso em 25 out. 2019. INSTITUTO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL. Literatura de Cordel ganha título de Patrimônio Cultural Brasileiro. Brasília, DF: Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, 2019. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/noticias/detalhes/4833/literatura-de-cordel-e-reconhecida- como-patrimonio-cultural-do-brasil. Acesso em 25 out. 2019. SANTOS, P. L. V. A. C.; SIMIONATO, A. C.; ARAKAKI, F. A. Definição de metadados para recursos informacionais: apresentação da metodologia beam. Informação & Informação, v. 19, n. 1, p. 146-163, 2014. Disponível em: http://www.brapci.inf.br/index.php/res/v/33511. Acesso em: 20 nov. 2019. SOUZA, Romélio Lemos Lustosa de. Microtesauro de música: teoria e prática. Brasília, DF: Universidade de Brasília, 2008. Disponível em: http://eprints.rclis.org/12266/1/Microtesauro_em_m%C3%BAsica_- _teoria_e_pr%C3%A1tica.pdf. Acesso em: 11 dez. 2019. TABOSA, H. R.; PAES, D. M. B. Ferramentas tecnológicas na representação descritiva de documentos: abordagem como conteúdo e como instrumentos. Biblionline, v. 8, n. 1, p. 78-85, 2012. Disponível em: http://hdl.handle.net/20.500.11959/brapci/16767. Acesso em: 20 nov. 2019. TILLETT, Barbara. O que é FRBR? Um modelo conceitual para o universo bibliográfico. Tradução por Lidia Alvarenga e Renato Rocha Souza. Minas Gerais, MG: Universidade Federal de Minas Gerais, 2019. Disponível em: http://www.loc.gov/catdir/cpso/o-que-e-frbr.pdf. Acesso em: 15 nov. 2019.