O documento discute os impactos da tecnologia no mercado de trabalho, identificando preocupações sobre o desenvolvimento de tecnologias que estão redefinindo o mercado de trabalho. Apresenta referências teóricas que abordam como as habilidades humanas podem ser superadas pela inteligência artificial, levando a uma nova classe de "inúteis" e maior volatilidade nas carreiras. Também discute os desafios para a educação e saúde mental diante das transformações no trabalho.
O impacto da IA no mercado de trabalho e a condição humana
1. O impacto da tecnologia no
mercado de trabalho
Professor Domingos de Castro
2. O objetivo da apresentação é
identificar as preocupações
atuais sobre o desenvolvimento
de tecnologias que estão
redefinindo o mercado de
trabalho.
3. Questões
Como estará o mercado de trabalho
nos próximos anos?
Nossa formação acadêmica será
compatível com as novas exigências
do mercado?
Se temos que nos esforçar cada vez
mais para não ficarmos obsoletos,
quais serão as consequências para
nossa saúde mental?
4. Referencial teórico
21 Lições para o Século XXI do
historiador israelense Yuval Noah
Harari;
O Homem Pós-orgânico da
Jornalista argentina Paula Sibília;
A Sociedade do Cansaço do
filósofo coreano Byung-Chul Han.
Outros...
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7. “As profissões que conhecemos hoje
podem desaparecer em algumas décadas.
Com a inteligência artificial superando os
seres humanos em algumas tarefas, será
possível colocar máquinas para trabalhar. A
consequência disso seria uma nova classe de
pessoas até 2050: elas, além de não terem
um emprego, seriam incapazes de conseguir
um. O pior: o mercado de trabalho vai tratar
essas pessoas como "os inúteis”
Yuval Noah Harari
8. Os seres humanos possuem dois
tipos de habilidades: a física e a
cognitiva. A terceira revolução industrial
superou por completo as habilidades
físicas do homem, empurrando os
trabalhadores da indústria para o setor
terciário no final dos anos 1970. No
século atual, a quarta revolução
industrial pode fazer as máquinas(IA)
superar nossas habilidades cognitivas
como aprender, analisar, comunicar e
acima de tudo compreender emoções.
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11. A quarta revolução industrial
transformará o mercado de trabalho,
fazendo desaparecer profissões e tornando
as que ficarem muito mais complexas e
especializadas. “Como consequência,
apesar do aparecimento de muitos novos
empregos humanos, poderíamos
testemunhar o aparecimento de uma nova
classe de “inúteis”. Poderíamos ficar com o
que há de pior nos dois mundos, sofrendo
ao mesmo tempo de altos níveis de
desemprego e de escassez de trabalho
especializado”. (HARARI, p. 53, 21 lições,
2018)
12. Definição de inteligência artificial
O termo inteligência artificial
representa um conjunto de software, lógica,
computação e disciplinas filosóficas que
visa fazer com que os computadores
realizem funções que se pensava ser
exclusivamente humanas, como perceber o
significado em linguagem escrita ou falada,
aprender, reconhecer expressões faciais e
assim por diante. O campo de AI tem um
longo histórico, com muitos avanços
anteriores, como reconhecimento de
caracteres ópticos, que agora são
considerados rotina.
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14. Educação
“O gênero humano está enfrentando
revoluções sem precedentes, todas
as nossas antigas narrativas estão
ruindo e nenhuma narrativa nova
surgiu até agora para substituí-las.
Como podemos nos preparar e a
nossos filhos para um mundo de
transformações sem precedentes e
incertezas tão radicais?”
(HARARI, Y. N. 21 Lições, p. 319)
15. Será que as pessoas serão capazes de
lidar com a volatilidade do mercado de
trabalho e das carreiras individuais?
Pensadores como Zigmont
Bauman e Gilles Lipovetsky alertam
para a velocidade das mudanças na
vida profissional. Está cada vez mais
difícil possuir uma vida profissional
sustentável.
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17. Será que estamos obsoletos diante
das tecnologias criadas pela nossa
própria espécie?
A jornalista Paula Sibilia levanta essa
questão em seu livro O Homem Pós-
Orgânico: corpo subjetividade e
tecnologias digitais, publicado em
2003.
18. "É hora de se perguntar se um corpo
bípede, que respira, com visão binocular e
um cérebro de 1.400 cm³ é uma forma
biológica adequada. Ele não pode dar conta
da quantidade, complexidade e qualidade
de informações que acumulou; é intimado
pela precisão, pela velocidade e pelo poder
da tecnologia e está biologicamente mal
equipado para se defrontar com o seu novo
ambiente. O corpo é uma estrutura nem
muito eficiente, nem muito durável. Com
frequência funciona mal (...) . É o momento
de reprojetar os humanos e torná-los mais
compatíveis com suas máquinas." p.13
STELARC apud SIBILIA
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20. Desmaterialização do trabalho
A crise do modelo industrial nos anos
1970 deslocou a força de trabalho para o
setor terciário. Tal acontecimento gerou,
em certo sentido, a desmaterialização da
força de trabalho. As atividades
econômicas estão se tornando cada mais
virtuais, extrapolando a noção de tempo e
valor. É o que o filósofo italiano Antonio
Negri denominou de trabalho imaterial.
21. O conceito de trabalho imaterial seria a
superação da concepção materialista de Marx que
é “objetivista e determinista”, segundo a qual a
transformação da natureza nos meios de
produção e de subsistência seria a categoria
fundante do mundo dos homens.
A cena contemporânea do trabalho e da
produção está sendo transformada sob a
hegemonia do trabalho imaterial, ou seja, trabalho
que produz produtos imateriais, como a
informação, o conhecimento, ideias, imagens,
relacionamentos e afetos. Isto não significa que
não exista mais uma classe operária industrial
trabalhando em máquinas com suas mãos
calejadas ou que não existam mais trabalhadores
agrícolas cultivando o solo. (HARDT, Michael;
NEGRI, Antônio)
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23. Trabalho e Saúde Mental
“Visto da perspectiva patológica, o
começo do século XXI não é
definido como bacteriológico nem
viral, mas neuronal. Doenças
neuronais como depressão,
transtorno de déficit de atenção
com síndrome de hiperatividade
(TDAH), Síndrome de Burnout (SB)
determinam a paisagem patológica
do começo do século XXI.”
(HAN, B. Sociedade do Cansaço, p. 7)
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27. O que fazer?
Pensar menos como assalariado e agir mais
como empreendedor;
Entrar de vez no ciclo da formação permanente,
pois não existe mais formação definitiva;
Ser empírico, ou seja, pensar a partir da
realidade concreta e não por meio de crenças ou
ideologias;
Conhecer a si mesmo – saber como você
funciona.
28. Como você funciona?
“À medida que a biotecnologia e o aprendizado
de máquina se aprimoram, ficará mais fácil
manipular as mais profundas emoções e
desejos, e será mais perigoso que nunca
seguir seu coração. Quando a Coca-Cola, a
Amazon, a Baidu ou o governo sabem como
manipular seu coração e controlar seu
cérebro, você pode dizer qual a diferença
entre seu próprio eu e os especialistas de
marketing que trabalham para eles?”
(HARARI, Y. N. 21 lições, p. 329)
29. A condição humana
O homem é um ser de desejo, e como tal
nunca está satisfeito com nada.
Sentimentos ou emoções contraditórias são
inerentes ao ser humano;
Desejos insatisfeitos e emoções contraditórias
geram crise de identidade, logo podemos
afirmar que a condição do homem é a agonia.