2. 2
Apesar do pessimismo que ronda
o imaginário sobre o futuro do
trabalho, onde a automação poderia
tornar as habilidades humanas
obsoletas, o comportamento
das novas gerações e o próprio
excesso de tecnologia estão
atraindo valores humanos para
os negócios, a educação e
as escolhas profissionais.
Será o fim do trabalho?
Desde “The End of Work” (de Jeremy Rifkin,
1995), o futuro parece amargo para o mercado
de trabalho. Quando a humanidade entendeu
que a automação iria substituir o ser humano em
grande parte dos postos de trabalho conhecidos,
passou os mais de 20 anos seguintes tentando
prever as possíveis catástrofes de um cenário
assim. Segundo um estudo do Fórum Econômico
Mundial (relatório Futuro do Trabalho), até
2020 o número de empregos perdidos para
a tecnologia pode chegar a 7,1 milhões.
De fato, o desenvolvimento tecnológico é o que
sempre marcou as revoluções industriais que
mudaram o mundo. No final do século dezessete, a
vedete da primeira revolução industrial foi a máquina
a vapor, que impulsionou toda a indústria moderna.
Já no final do século dezenove, as indústrias
química, de aço, petróleo e elétrica constituíram a
segunda revolução. A terceira teve como grandes
marcos a ampliação das fontes de energia no
mundo e a robótica. E a quarta se caracteriza pela
convergência digital, física e biológica que estamos
conseguindo fazer com tecnologias como a nuvem,
a internet das coisas, big data, inteligência artificial
e biotecnologia, basicamente. As empresas de
tecnologia hoje dominam o mundo dos negócios.
Uma pesquisa da BrandZ avaliou a marca Google
em US$ 302 bilhões, contra US$ 301 bi da Apple.
Em terceiro e quarto lugar estão Amazon e Microsoft.
3. 3
O Valor das Competências Humanas
Mas nem tudo está perdido para o homo sapiens.
Ao mesmo tempo em que a automação é um processo
sem volta, 65% das crianças que hoje estão no Ensino
Fundamental terão empregos que ainda nem existem
(Fórum Econômico Mundial). Segundo estudo da
Gartner, a inteligência artificial vai criar 2,3 milhões
de empregos em 2020, enquanto elimina 1,8 milhões.
Ou seja, o mercado ainda vai mudar muito e nos levar
a lugares que não podemos imaginar. A melhor forma
de se preparar para esse novo mercado é prestar
atenção às transformações que estão acontecendo
agora e reconhecer nelas os embriões desse futuro.
Tendências em consumo, educação, meio acadêmico,
obtenção de renda, novas profissões e ambiente
de trabalho nos dão uma dica do que está por vir.
Dentre as descobertas desse estudo, a maior delas
é, no mínimo, curiosa, para não dizer irônica, e vai
animar os otimistas. Aparentando ser uma espécie
de resgate da nossa relevância em meio a tanta
tecnologia, a Quarta Revolução Industrial tem revelado
a importância das competências humanas para a
gestão e a transformação do mercado de trabalho.
Elas estão sendo colocadas no centro das tomadas
de decisão tanto conscientemente, como é o caso
os parâmetros de recrutamento e seleção nas
empresas, quanto intuitivamente, como a preferência
das novas gerações por empresas mais transparentes.
O presente estudo identificou as 10
competências mais recorrentes nas tendências
reunidas pela WGSN. São elas:
Elas prometem definir os próximos
soft skills mais exigidos pelas
empresas daqui para a frente. Essas
10 competências serão visíveis em
tudo o que envolve a vida profissional,
desde a nossa capacitação para
entrada no mercado até a noção que
teremos de sucesso e satisfação. Por
isso, mapeamos a jornada do trabalho
e pudemos identificar o impacto
do fator humano em cada etapa:
1. Encarando o novo consumidor
2. Preparando novos humanos:
A Nova Educação
3. Preparando novas ideias:
A Nova Academia
4. Preparando novas carreiras:
O Novo Profissional
5. Onde queremos estar:
O Ambiente Profissional
6. Reconhecimento financeiro:
Remuneração
7. Valores humanos e as novas
profissões: O Futuro do Trabalho
8. Recomendações: Como chegar
bem ao futuro do trabalho
CRIATIVIDADE
COLABORAÇÃO TRANSPARÊNCIA
COMPARTILHAMENTO
CAPACIDADE DE
EXPERIMENTAÇÃO
ESPÍRITO
EMPREENDEDOR
INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL
MINDFULNESS
COMUNIDADE
EMPATIA
4. 4
A população deve chegar a 7,5 bilhões em
2018, impulsionada por um verdadeiro tsunami
de jovens. O UN Population Fund, da ONU,
estima que a população jovem global (10-
24 anos) atinge 1,8 bilhões de pessoas esse
ano. Se levarmos em conta que a Geração Z
(nascidos entre 1994 e 2009) veio para subverter
radicalmente os valores que conhecemos,
esse tsunami populacional vai afetar
substancialmente as bases das relações de
troca, pautadas principalmente pelo consumo.
Uma mudança em três instâncias vai
alterar o perfil de consumo desses jovens
e, consequentemente, muitos códigos
sociais: capacidade de transmissão
de dados (velocidade), linguagem
(imagens mais que palavras) e valores
(ativismo e novas moedas: o tempo).
Para começo de conversa, a ultra velocidade de
internet vai aumentar o impacto das informações
transmitidas no mundo e, consequentemente, o
poder dado a quem as transmite. Graças a essa
capacidade, é natural que as principais fronteiras
da comunicação, tais como o idioma e os
códigos culturais, se flexibilizem e deem espaço
para linguagens mais universais. A maioria dos
usuários vai optar por imagens e personagens
em substituição a palavras como forma de
comunicação, um movimento facilmente
notado pelo amplo uso de memes e emojis,
inclusive já tendo gerado uma Emojipedia.
Qualquer semelhança com a era pré-histórica
não é mera coincidência, afinal, no cerne
da comunicação está a vontade de traduzir
pensamentos em símbolos. Trata-se de um
resgate da essência da comunicação humana.
Essa velocidade e essa universalidade de
códigos, que derrubam barreiras cognitivas,
acabam também por agrupar pessoas segundo
seus valores e preferências. Identificar-se com
a causa de outra pessoa (ver relevância nisso) é
uma das molas propulsoras da viralização que
tão bem caracteriza as redes sociais digitais.
Some-se a isso a onipresença de devices
móveis, para se chegar a uma verdadeira Era
do Ativismo, onde pessoas se concentram com
facilidade em torno de interesses comuns e
ganham poder de mobilização. Não à toa, essa
tendência afeta estruturas sociais importantes,
a ponto de oferecer alternativa ao próprio
Capitalismo, com economia compartilhada
e o chamado Capitalismo Comunitário.
Tudo isso só é possível porque estamos
diante de gerações de jovens (Millennials,
Z e em breve Alpha) que desconfiam das
instituições e estão exigindo transparência de
empresas e marcas, sob pena de mudar suas
atitudes via consumo se não virem um valor
social no que as companhias entregam.
Esses mesmos Millennials (nascidos entre 1979
e 1993), junto com os membros da Geração
X, também estão sendo acometidos pelos
excessos da hiperconexão. Eles estão sendo
cobrados a ponderar o excesso de trabalho em
que mergulharam, graças ao acesso always on
e on demandque a qualidade de transmissão
de dados proporcionou. É como se os humanos
tivessem absorvido as características das
máquinas, uma espécie de machine learning
invertido, que nos deixa híper ligados ao que
está acontecendo e com medo de perder
alguma coisa, o chamado FOMO (fear of missing
out). O alerta agora é sobre diminuir a distração
para conseguir colocar foco no que realmente
importa, o que deve reduzir os níveis alarmantes
de ansiedade que a OMS (Organização Mundial
de Saúde) tem reportado nos últimos anos.
1.1
Era da Transmissão
Resumo: A substituição da
linguagem escrita por imagens e
emojis faz cair barreiras cognitivas
e amplia a vontade e a capacidade
de transmissão de conteúdo
1 Encarando
o Novo Consumidor
Consumidor
5. 5
Stream Team, em inglês, é o nome que se
dá a um grupo de consumidores que são
poliglotas das mídias sociais, cidadãos ‘glocais’
(globais em sua localidade) e desbravadores
do conhecimento. Eles estão testando o novo
filtro do Instagram e organizando um protesto
ao mesmo tempo. Por quê? Porque ver o
mundo através de um smartphone deu a eles o
poder de transformá-lo em um lugar melhor.
Em junho de 2016, cerca de 2 bilhões de
pessoas – 32% da população mundial –
usavam as mídias sociais regularmente,
criando uma incubadora de relações
multiculturais e influências simbióticas. Uma
das macrotendências identificadas pela WGSN,
“Conexão Glocal”, apontou que as pessoas
se sentem cada vez mais multilocais: alguém
que se identifica e se define por uma fusão de
lugares, experiências e culturas. A mentalidade
multilocal é influenciada pelo boom das
viagens internacionais, mas o principal fator
é a ascensão da linguagem visual. Imagens e
personagens estão substituindo as palavras
e, por consequência, a linguagem, o que
derruba as fronteiras cognitivas que restavam
na internet. As pessoas falam através de emojis,
leem por memes e escrevem com símbolos.
Existe até uma Emojipedia para pessoas que
querem se aperfeiçoar na língua dos emojis.
À medida que entramos na era da pós-
alfabetização, nossas mensagens podem
ser mais curtas. Mas para os atuantes na era
da transmissão, elas têm a mesma força. De
alguma forma, as transmissões ao vivo estão
devolvendo o poder para as pessoas. Qualquer
pessoa com um smartphone pode transmitir ao
vivo um episódio de injustiça para o mundo.
O assassinato de Philando Castille por um
policial, em Minnesota, foi transmitido ao vivo
por sua namorada, Diamond Reynolds. Em um
comunicado, Mark Zuckerburg afirmou que
“embora nunca mais deseje ver um vídeo como
o dela, o vídeo nos lembra porque criar um
mundo conectado e sem barreiras é importante,
e o quão longe ainda estamos desse objetivo”.
A campanha WhatsCook da Hellman’s conectou
consumidores e chefes profissionais por meio
do Whatsapp. Os participantes enviavam
seus números pelo site da empresa e depois
recebiam uma consultoria particular de um chef.
1.2
Ativismo Analógico
Resumo: A Geração Z vai liderar
a ‘Era do Ativismo’, desafiando as
injustiças sociais e ambientais, onde o
smartphone é a arma mais poderosa.
A turbulência do cenário político de 2016,
assim como suas repercussões, terá efeitos
duradouros. A Geração Z vai liderar o que
podemos chamar de ‘Era do Ativismo’,
desafiando as injustiças sociais e ambientais,
ao criar uma nova era em que “o smartphone
é a arma mais poderosa”. Isso ficou evidente
nessa segunda década do século vinte e um,
seja jogando um balde de gelo na cabeça
em nome de uma campanha beneficente,
seja compartilhando um link de apoio a um
novo partido político. Mas a era do ativismo
vai além do digital: embora motivado por e
organizado em redes sociais, vai acontecer
no cenário do mundo físico, analógico. Em
2020, o ativismo local será a nova norma.
Os protestos não são novidade, mas a
participação multigeracional é um fator de
diferenciação. Das manifestações contra a
presidente sul-coreana em Seul aos protestos
do Australia Day em Sydney, os Alphas e os
Baby Boomers estão unidos no ativismo.
O analista político Derek Thompson observa
que “as decisões políticas mais significativas
surgem sempre em nível local e estadual”. Os
Millennials simplesmente não tinham o hábito de
ir votar. Um estudo apontou que a idade média
dos eleitores é de 60 anos. Depois da campanha
presidencial americana em 2016, a maioria
dos eleitores, principalmente os Millennials,
percebeu a importância das eleições locais.
Consumidor
6. 6
No Reino Unido, mais de um milhão de
jovens britânicos se registrou para votar nas
eleições desde o Brexit. Nos EUA, a adesão
às ONGs ACLU e League of Women Voters
disparou. Nos dois países, as passeatas,
os protestos e a participação nos eventos
cívicos locais não param de crescer.
Estimulados pela instabilidade econômica
e pela polarização ideológica, 54 milhões
de mexicanos têm atuado localmente,
principalmente em assuntos como alimentação
e agricultura. Os protestos civis contra a
proliferação da comida “fast-food” nas cidades
mexicanas levou os chefs locais a assumirem
postos em cozinhas de hotéis internacionais.
No Brasil, o smartphone não só foi o
responsável pela digitalização das classes
socioeconômicas, menos favorecidas, como
permitiu a tantos cidadãos, descontentes com
a má entrega de serviços básicos, denunciar
desde tiroteios (como é o caso dos apps
“Fogo Cruzado” e “Onde Tem Tiroteio”) até
assédio em transporte público (HelpMe). É um
tipo importante de inclusão que dá poder ao
indivíduo, independentemente do seu acesso
a tomadores de decisão ou a serviços de
qualidade. Fora isso, o ativismo em sua forma
mais óbvia, que vimos nascer em 2013 como
o movimento “Vem pra Rua” (difundido pelo
Facebook), teve suas semelhanças com o ‘pai
de todos’, a Primavera Árabe (difundido pelo
Twitter). Desde então, brasileiros convocam
encontros e protestos pelas redes sociais com
a certeza do potencial que isso tem para reunir
as massas com uma rapidez impressionante.
Vimos o poder disso durante a paralisação
dos caminhoneiros, em maio de 2018,
dessa vez protagonizada pelo Whatsapp.
1.3
Capitalismo Comunitário
Resumo: A economia compartilhada
chegou para ficar e segue promovendo
mudanças no status quo.
Com uma estimativa de crescimento global de
US$ 335 bilhões até 2025, esse segmento tem
tudo para causar ainda mais impacto no modelo
econômico centrado nas grandes corporações.
Boas-vindas ao capitalismo comunitário – um
novo modelo econômico que terá efeitos a longo
prazo nas regulamentações governamentais,
no planejamento cívico e no futuro do
trabalho e do desenvolvimento regional. Em
países com economias instáveis, a economia
compartilhada é uma fonte de renda segura.
Com uma estimativa de crescimento global de
US$ 335 bilhões até 2025, esse segmento tem
tudo para causar ainda mais impacto no modelo
econômico centrado nas grandes corporações.
Boas-vindas ao capitalismo comunitário – um
novo modelo econômico que terá efeitos a longo
prazo nas regulamentações governamentais,
no planejamento cívico e no futuro do
trabalho e do desenvolvimento regional. Em
países com economias instáveis, a economia
compartilhada é uma fonte de renda segura.
A economia compartilhada está em expansão
na América Latina. O Airbnb abriu um escritório
no Brasil depois de registrar um crescimento
anual de 200% desde 2015. O Rio de Janeiro é
a terceira cidade que mais recebe usuários do
site, perdendo apenas para Nova York e Paris.
Outro gigante do setor, a Uber, emprega na
Cidade do México mais de 10 mil motoristas
pertencentes à geração do milênio.
1.4
Os Aumentalistas
Resumo: O medo de uma
dependência da tecnologia faz um
grupo de indivíduos sugerir que
vida deve ser otimizada por esses
avanços, não consumida por eles.
Gostemos ou não, estamos em um caminho
sem volta no que se refere à co-dependência
da tecnologia. Os níveis cada vez maiores
de vício em smartphones, um declínio nas
Consumidor
7. 7
habilidades sociais e a nossa dependência do
GPS (um estudo de 2016 apontou que 67%
das pessoas entre 18 e 44 anos não consegue
entender um mapa físico) mostram que
estamos dispostos a trocar o controle pela
conveniência. É aí que entram os aumentalistas,
um grupo de indivíduos que defende os
avanços tecnológicos, mas quer que a vida
seja otimizada por eles, não consumida.
Além das reações do cidadão comum, acionistas
e governos estão fazendo pressão: duas
empresas de investimento querem que a Apple
estude o impacto do uso do smartphone na
saúde das crianças, enquanto dois acionistas
moveram uma ação contra o Twitter e o
Facebook para que as empresas lidem com
conteúdo negativo de modo mais responsável.
Estimulado pelas críticas de políticos, cidadãos
e mídias, o Facebook está incorporando a
empatia. Depois de encomendar uma pesquisa
para entender como a plataforma afeta as
pessoas, a empresa divulgou que implementará
mudanças em seu feed de notícias para
2018. O conteúdo passivo vai diminuir
(anúncios, vídeos e artigos) para priorizar
as postagens de usuários e seus amigos.
Ao entender que a internet pode promover um
senso comunitário, o Linkedin começou a se
perguntar e a perguntar aos seus usuários) sobre
o propósito que eles têm ao se envolver com um
trabalho. As respostas obtidas foram tão únicas
quanto os mais de 500 milhões de usuários no
LinkedIn. Para alguns, a resposta é um senso de
propósito; para outros, uma paixão profunda.
Para alguns, é uma maneira de retribuir; para
outros, um desejo muito mais pragmático de
fornecer. Ms independentemente da motivação,
o que a pesquisa descobriu é que ninguém quer
estar nessa sozinho: “seja o que for que você
esteja fazendo, você quer saber que existe uma
comunidade de pessoas para ajudar, apoiar,
inspirar e estimular você”. Isso rendeu o projeto
“In It together” (em português, “Juntos Nessa”):
A soma da Inteligência Humana (IH) e da
Inteligência Artificial (IA) será o futuro da
inteligência. Muitos especialistas acreditam que
essa combinação vai levar a um crescimento
exponencial da produtividade. Isso pode ser
traduzido como a chegada da inteligência
aumentada, algo que está por trás da
ascensão da indústria neurotecnológica.
Como os aumentalistas impactarão o futuro do
trabalho? Novos cargos surgirão, como analistas
de ética de automação e desenvolvedores de
chatbots interativos. De acordo com o relatório
“Emerging Jobs”, produzido pelo LinkedIn no ano
passado, os mais beneficiados nesse processo
serão os engenheiros de aprendizagem de
máquinas, seguidos pelos cientistas de dados.
Soft skills serão mais valorizados do que nunca.
“Eu acho que o mundo está muito
focado em hard skills como ciência
da computação, ciência de dados e
inteligência artificial. Sejamos claros,
essas habilidades são muito importantes.
No entanto, a combinação de hard skills
com soft skills, como comunicação,
pensamento crítico e trabalho em
equipe, é mais vital. Essas habilidades
são necessárias em todos os trabalhos
e são essenciais para o sucesso
profissional em todos os setores.”
Anant Agarwal_ fundador e CEO da
eDX, um fornecedor maciço de cursos
online abertos/ MOOC - para o Linkedin
em pesquisa feita com a Capgemini:
The Digital Talent Gap
A indústria automotiva também está
trabalhando nas interfaces da próxima
geração. O protótipo B2V, da Nissan, interpreta
sinais enviados a partir do cérebro do condutor
por meio de um headset que ajuda a antecipar
seus movimentos, como virar ou frear.
Eventos esportivos ao vivo estão usando
experiências de RA e RV para angariar mais
fãs e aumentar a receita de patrocínio.
Nos EUA, a liga profissional de beisebol fez
uma parceria com a Intel para transmitir
os jogos em Realidade Virtual. Os
Consumidor
8. 8
campeonatos da NFL e da UEFA Champions
League já estão fazendo testes com a RV,
obtendo altos níveis de engajamento.
1.5
Os Novos Céticos
Resumo: A fragilidade da
confiança das pessoas nas instituições
faz da transparência uma atitude
exigida de empresas e de marcas
por cidadãos e consumidores.
Em termos éticos, o auge da tecnologia
foi 2017. Guerras de propaganda nas
mídias sociais, bullying on-line, invasões
de dados sensíveis e vazamentos de
informação ocuparam as manchetes do
mundo todo. Adicione a essa receita a
ameaça da automação, questões que
envolvem a inteligência artificial e o medo
gerado por empresas de tecnologia muito
poderosas: o resultado é a fragilidade da
confiança das pessoas no sistema. Desde
2016, a Euromonitor detecta em pesquisa
que as pessoas estão lendo os rótulos de
alimentos e bebidas com mais atenção do
que nunca. Transparência torna-se uma
atitude default, que as pessoas esperam
das empresas e os consumidores esperam
das marcas e que, inclusive, passa a
fazer parte do seu valor percebido.
O CEO da Tesla, Elon Musk, respondeu
pessoalmente a um consumidor que
reclamava no Twitter e, em seis dias, corrigiu
um problema de espera em estações de
recarga. Jack Dorsey e Brian Chesky, CEOs
do Twitter e do Airbnb respectivamente,
também foram ao Twitter para perguntar como
poderiam melhorar suas empresas em 2017,
iniciando conversas com consumidores de
seus produtos e ganhando novos clientes.
1.6
Distração Zero
Resumo: Hiperconectadas, as
gerações X e Y estão ocupadas
demais com produtividade para ter
tempo para processar emoções.
David Polgar, expert em mídias digitais, disse
durante um TED que “a internet está transbordando
de humanos agindo como robôs”. Isso é
especialmente verdadeiro para as gerações X e
Y, que estão ocupados demais para processar
as emoções, em meio a um verdadeiro culto à
produtividade. A mentalidade de estar sempre
conectado ao trabalho causa impactos em nosso
bem-estar. É como se os humanos tivessem
absorvido as características das máquinas, uma
espécie de machine learning invertido. Vivemos
em um mundo infinito, onde as coisas nunca
terminam. Há sempre mais e-mails, reuniões e
prazos, que resultam em pressão para se fazer
tudo e levam as pessoas a se sentir desgastadas
e distraídas. Em 2019, menores níveis de distração
serão essenciais por duas razões: muitas pessoas
sofrem com a ansiedade e a maioria quer dedicar
mais tempo a assuntos que realmente importam.
O conceito de “design calmo” para a “internet
das coisas (IoT)” é uma tecnologia que se
molda ao nosso dia a dia sem que precisemos
de um dispositivo ou recurso para usá-la, é a
porta de entrada. O design calmo já existe: o
Amazon Echo e o Google Home são exemplos
disso, assim como os carros autônomos.
Usar a tecnologia como um meio para se
distrair menos pode soar contraproducente,
mas na verdade é questão de saúde.
Consumidor
9. 9
Se pudermos eleger a área mais crucial
para uma mudança de mentalidade, que
nos ajude a fazer uma transição saudável
para a Quarta Revolução Industrial, essa é,
por unanimidade, a educação. A educação
é o princípio de tudo. O que aprendemos
cedo na vida influenciará substancialmente
a maneira como enxergaremos a realidade e
que ferramentas usaremos para transformá-la.
De novos formatos pedagógicos ao uso
de devices tecnológicos, tudo está se
transformando na sala de aula da chamada
‘Geração Alpha’ (nascidos a partir de 2010),
que será cada vez mais personalizada e
customizada para os alunos. De acordo com
algumas projeções, eles serão um boom
demográfico, proveniente principalmente
de lugares como a Índia, a China e a
África. Isso deve gerar um grande impacto
social e cultural no futuro, uma vez que
grande parte da juventude ativa e criativa
se encontrará fora do eixo ocidental
EUA-Europa que conhecemos hoje.
Para atender às necessidades dessa geração,
escolas e startups de educação adotam
estratégias inovadoras e revolucionárias.
Em primeiro lugar, os educadores estão
buscando novas maneiras de preparar
estudantes para tecnologias que ainda
precisam ser inventadas. Para viabilizar isso, o
currículo escolar está incluindo ferramentas
e metodologias pouco ortodoxas, como
gamification e design thinking, que devem se
tornar conceitos educacionais permanentes
na grade das escolas. Da mesma forma, a
prática de mindfullness passa a integrar a
grade de atividades fundamentais, afetando
presença e concentração para um melhor
aprendizado. Coerentemente com o que o
mercado de trabalho tem exigido, criatividade
e colaboração se tornam competências
fundamentais a serem desenvolvidas
desde o ensino fundamental. Modelos
de aprendizagem estão considerando
a saída do ambiente fechado da sala de
aula e substituindo os exames tradicionais
por vivência e experimentação. O ato de
brincar ganha protagonismo no processo
de aprendizado e o empreendedorismo,
qualidade natural da geração Alpha, inspira
um novo modelo de ensino, que dá mais
liberdade para o aluno. Até mesmo regras
centenárias de comportamento em aula
estão sendo revistas ou até eliminadas,
privilegiando uma expressão mais espontânea
de identidade para quem aprende.
2.1
A Escola Alpha
Resumo: Escolas e startups
atenderão à Geração Alpha
com estratégias inovadoras de
educação para a era digital.
Codificação está prestes a se tornar tão
importante quanto alfabetização para
todos os alunos, não apenas aqueles
configurados para se tornarem engenheiros
de software. Educadores estão encontrando
novas maneiras de se preparar estudantes
para tecnologias que ainda precisam ser
inventadas, e o Vale do Silício está cada
vez mais vocal sobre o que o futuro precisa
em instituições educacionais. Solução de
problemas as habilidades natas são valorizadas
em relação à aprendizagem baseada em
assuntos. Gamification* e Design Thinking* se
tornarão conceitos educacionais importantes
para uma geração que precisará de
criatividade e de uma abordagem colaborativa
para sobreviver no mercado de trabalho futuro.
Gamification (ou gamificação) é uma técnica
que usa jogos em situações que não são
brincadeira. Significa usar elementos
2
Preparando novos
humanos: A nova
Educação
EIXO
FORMAÇÃOEducação
10. 10
dos jogos de forma a engajar pessoas
para atingir um objetivo. Na educação, o
potencial da gamificação é imenso: ela
funciona para despertar interesse, aumentar
a participação, desenvolver criatividade e
autonomia, promover diálogo e resolver
situações-problema. – Geekie.com.br
Design Thinking É uma abordagem que busca
a solução de problemas de forma coletiva e
colaborativa, em uma perspectiva de empatia
máxima com seus stakeholders (interessados):
as pessoas são colocadas no centro de
desenvolvimento do produto – não somente o
consumidor final, mas todos os envolvidos na
ideia (trabalhos em equipes multidisciplinares
são comuns nesse conceito) – Endeavor.org
A Fluent City é uma escola de idiomas
nesses moldes. Considera-se “a escola de
cultura para o curioso insaciável”. A start-up
de Nova York garantiu um financiamento
de US $ 2,5 milhões em 2016 e hoje está
aplicando seu ensino através de métodos
não-convencionais e a chamada filosofia
experiencial em áreas que vão além dos
idiomas, como culinária, cultura e viagens.
Acredita em cursos discovery-based e em
aulas que se transformam em imersões
de um mês inteiro. “Nós ansiamos por
uma vida próspera e multidimensional
” diz o CEO James Rohrbach. “Estamos
construindo o primeiro hub multidisciplinar
para esse tipo de aprendizado em rede e
baseado em exploração de formatos.”
2.2
Rewilding Education
Resumo: Desiludidos com o sistema
escolar, modelos de aprendizagem
privilegiam o contato com a natureza
em detrimento das avaliações
tradicionais de performance.
Desiludidos com o sistema escolar, modelos
de aprendizagem que pressupões contato
com a natureza e a exploração do lado de fora
da sala de aula pedem menos exames e mais
vivência no processo de avaliação dos alunos.
De acordo com o aventureiro e viajante
Ben Fogle, mais experiências em educação
deveriam ser moldadas ao ar livre,
porque a natureza é muito mais tangível
e experimental do que qualquer sala de
aula tradicional. Numa sociedade onde a
tecnologia convida, cada vez mais, a brincar
dentro de casa e em realidade cada vez
mais virtual, experimentar o mundo lá fora
deveria ser matéria obrigatória em escolas.
Deep Green Bush é o nome de uma nova
escola alternativa da Nova Zelândia, onde
a sala de aula é virada do avesso e os
alunos passam a maior parte do tempo
entre as árvores, aprendendo a pescar,
caçar e cozinhar, inclusive fazendo seu
próprio fogo. No Reino Unido, em um
cenário único de floresta nativa, está o
Jardim da infância de floresta Sevenoaks.
Sua fundadora, Caroline Watts, explica:
“Aqui, estamos muito longe de quaisquer
problemas criados pelo mundo moderno,
ligados a administração, tecnologia e gerando
tédio. As alegrias de cada estação estão
presentes, enquanto coletamos castanhas
com as formigas olhando e a água da chuva
tocando o rosto”. Isso é o mundo real.
2.3
Sem Regras
Resumo: Escolas que experimentam
modelos de ensino menos estruturados
pretendem abolir muitas das regras
que julgávamos fundamentais
para o formato de educação.
A sensação de que a educação não está
funcionando porque está muito desconectada
das necessidades do nosso tempo é presente
em muitas sociedades. Em resposta a isso,
Educação
11. 11
uma abordagem que pretende abolir regras
está construindo escolas que experimentam
modelos de ensino bem menos estruturados.
Nas palavras de Krzysztof Zajaczkowski,
professor-chefe da Drumduan School, uma
escola escocesa, “A educação ainda responde
a um modelo pós-industrial vitoriano. É preciso
ampliá-lo, dar muito mais possibilidades
para os jovens construírem sua resiliência,
sua coragem e compaixão - habilidades
para a vida – junto com habilidades
acadêmicas. Para isso, mais ênfase será
dada à promoção de um pensamento livre,
independente e à educação emocional.”
A Escola Berlin Center tem uma abordagem
sem regras para o aprendizado. Sem notas,
sem calendário, sem agenda. Os alunos
decidem quais matérias estudar e quando
querem fazer os exames. A escola se
concentra em cultivar a confiança. A diretora
Margret Rasfeld explica: “Olhe para crianças
de três ou quatro anos - elas são todas cheias
de autoconfiança. Mas, frustrantemente, a
maioria das escolas tradicionais consegue, de
alguma forma, minar essa confiança natural”.
Na França, a Ecolé 42 foi revolucionária.
Criada pelo bilionário francês Xavier Niel,
a universidade experimental de três anos
é revolucionária em sua abordagem sem
regras. Sem professores. Sem livros. Nenhum
currículo. Os alunos seguem sozinhos
no seu próprio ritmo, levando o tempo
que precisam para concluir o curso.
2.4
Mindful Schooling
Resumo: Práticas de concentração,
respiração e presença pressupõe
abordagens mais holísticas para
o processo de aprendizagem.
Uma reação contra o aprendizado conduzido
por exames e uma maior conscientização
sobre saúde mental levarão a escolas a
experimentar abordagens mais holísticas
para a educação. Práticas de atenção plena
- como “desligar” e respirar ou exercícios de
alongamento - tornaram-se populares em
muitas empresas, e a pesquisa sugere que
os estudantes de baixa renda que vivem
em ambientes de maior stress poderiam
experimentar muitos benefícios. “Não é
irônico que ensinamos tudo aos alunos,
exceto sobre eles mesmos?”, pondera
Carlos Garcia, Superintendente do ‘San
Francisco Unified School District’.
Amanda Moreno, especialista em
desenvolvimento infantil do Instituto Erikson
de Chicago, estuda mindfulness em 30
escolas públicas de áreas de alta pobreza
nos EUA. Acompanhando 2 mil alunos
de pré-escolares até a segunda série, ela
conclui: “as pessoas estão começando a
perceber que produtividade e humanidade
estão ligados na educação. As duas são
compatíveis e necessárias uma para a
outra”, diz em entrevista à ‘The Atlantic’.
O programa The Quiet Time, da Fundação
David Lynch, atende escolas de São
Francisco, Califórnia, que apresentam grandes
desafios com o comportamento juvenil,
alta rotatividade de professores e lacunas
de desempenho acadêmico. Introduzindo
meditação para toda a comunidade escolar
- alunos, professores e diretores – essa
inovação restaurou efetivamente a cultura
acadêmica e o bem-estar nas comunidades
escolares e informa que as taxas de
suspensão estão baixas e os resultados
acadêmicos melhoraram substancialmente.
2.5
Alpha Play
Resumo: A previsão de que a Geração
Alpha terá menos oportunidades
Educação
12. 12
de brincar, gera um alerta sobre a
importância dessa atividade para
o processo de aprendizagem.
A Geração Alpha desperta algumas
preocupações. Há uma aposta de que esses
nativos digitais tenham menos oportunidades
de brincar do que nunca. Em pesquisa de
2017, encomendada pela Edelman Intelligence
com 12.710 pais de Alphas em dez países,
56% dos entrevistados disseram que seus
filhos passam menos de uma hora por dia
brincando do lado de fora de casa. Uma em
cada dez crianças nunca brinca fora e dois
terços dos pais dizem que seus filhos brincam
menos do que eles brincaram na infância.
Smartphones, videogames e uma agenda
lotada de atividades seriam os maiores
responsáveis por esses índices. Acreditando
que as crianças precisam se realizar no
campo acadêmico, nos esportes ou na
música para “ter sucesso”, os pais privilegiam
essas atividades formais de aquisição de
conhecimento, vendo no brincar uma
trivialidade que pode ser sacrificada.
Mas “brincar é uma abordagem fundamental
para a aprendizagem, um compromisso
divertido, uma maneira curiosa de descobrir
o mundo”, afirma a doutora Catherine
Tamis-LeMonda, professora de psicologia
aplicada na New York University.
Preocupados com isso, a Learning Landscapes
Initiative, nos EUA, visa criar oportunidades de
aprendizagem em locais públicos. Uma delas
é o projeto Urban Thinkscape, na Filadélfia,
que envolve bancos de quebra-cabeças em
paradas de ônibus, com jogos que desafiam
a mente, projetados para desenvolver
habilidades STEM (termo em inglês para
ciência, tecnologia, educação e matemática).
“As pessoas aprendem melhor quando são
ativas, quando estão engajadas em vez de
distraídas, quando são socialmente interativas
e estão alegres”, diz Kathy Hirsh-Pasek,
pesquisadora sênior do instituto The Brookings
Institution, de Washington. “O jogo livre reduz o
estresse e permite que nossos filhos flexionem
seu músculo empreendedor”, diz ela.
2.6
Empreendedores Criativos
Resumo: Educação antecipa
o treinamento de habilidades
profissionais, colocando o brincar,
o empreendedorismo e a tecnologia
no centro do aprendizado.
Pais Millennials querem munir seus filhos com
as habilidades que eles acreditam ser mais
valiosas na vida, e isso levou a um
aumento da demanda por brinquedos,
aplicativos e até acampamentos de
verão que prometem desenvolver
habilidades de negócios cedo na vida.
Uma nova onda de escolas, muitas delas
fundadas por ex-executivos de tecnologia,
colocam o brincar, o empreendedorismo
e a tecnologia no centro do que fazem.
A resolução de problemas através da
colaboração e da criatividade está no
cerne de seus valores. Isso é uma reação
ao domínio de um regime no qual só as
habilidades que seriam valorizadas em um
futuro emprego interessavam à educação.
Financiada por empresários do Vale do
Silício, a Portfolio School, em Manhattan,
ensina crianças a partir dos cinco anos e é
projetada para operar mais como um local
de trabalho que privilegia ideias inovadoras
do que uma sala de aula tradicional. Ela está
na vanguarda de um movimento de escolas
startup que incentivam a aprendizagem
através do brincar. “Eles nunca aprendem
alguma coisa por um dia poderem precisar
disso, mas porque precisam disso agora
mesmo.” diz a educadora Shira Leibowitz.
Educação
13. 13
Se a educação fundamental quer uma
revolução, não pode ser diferente no
ensino superior. As empresas do futuro
vão procurar funcionários com uma gama
diversificada de habilidades, que combinam
capacidades técnicas com inteligência
emocional e social. Pesquisa da Deloitte de
2016 mostra a importância de se ensinar
criatividade, empreendedorismo e resolução
de problemas complexos em programas
acadêmicos, tornando quase obsoleto o
ensino que não considerar esses recursos:
“As habilidades priorizadas por escolas
de pensamento linear são precisamente
aqueles que os algoritmos são capazes
de produzir, de forma muito mais rápida
e confiável”
David Deming_ professor da Escola de Pós-
Graduação em Educação de Harvard
Para se adaptar a essa demanda já tão
evidente, o ensino superior têm modificado
seus programas de ensino para incorporar
5 disciplinas estruturantes de um novo
modelo mental e de uma nova configuração
para as relações interpessoais:
Muitas grandes empresas estão, inclusive,
destacando a importância do brincar como
forma de moldar força de trabalho do futuro. É
como se as pessoas precisassem reaprender
a ser pessoas, antes de se entender e se
apresentar como profissionais. Isso afeta as
grades e as abordagens de ensino. Nesse
cenário, faz todo o sentido que as empresas
e as marcas se coloquem como parceiras
das universidades para gerar a força de
trabalho que desejam contratar. Essa parceria
é muito facilitada pelo sucesso do e-learning,
que hoje já tem universidades importante
assinando cursos dos assuntos mais diversos.
Diante de mudanças tão rápidas, o próprio
e-learning é o responsável pelo boom da
educação continuada para a maturidade. É
preciso reconhecer que aprendizagem é um
estado de entrega permanente, afinal, quanto
mais a tecnologia avança, mais desejaremos
nos atualizar. Afinal, o FOMO (fear of missing
out) é um sentimento que marca a nossa
era e todas as gerações estão expostas à
presença dele. O próprio Linkedin, entendendo
a importância disso, possui uma unidade
de negócio chamada “Linkedin Learning”,
uma plataforma de aprendizagem online
que permite que indivíduos e organizações
atinjam seus objetivos e aspirações com
ajuda do meio digital. Seu objetivo é ajudar
as pessoas a descobrir e desenvolver as
habilidades necessárias por meio de uma
experiência de aprendizado personalizada
e orientada por dados. Com mais de 570
milhões de perfis de usuários e bilhões de
compromissos, é possível ter uma visão única
de como empregos, indústrias, organizações
e habilidades evoluem com o tempo. A
partir disso, identificam-se as habilidades de
que um profissional precisa ter e se podem
ministrar cursos orientados por especialistas
para ajudá-lo a obter essas habilidades.
Com isso, o Linkedin acredita estar tirando a
“adivinhação” do processo de aprendizado.
Outra novidade na educação é a
aprendizagem socioemocional, responsável
por combater depressão, ansiedade e
3
Preparando
Novas Ideias:
A Nova Academia
EIXO
FORMAÇÃO
Intersetorialidade
Inteligência emocional
Aprendizado
multicanal
Tecnologia
imersiva
Sustentabilidade
Academia
14. 14
estresse, que levou as escolas e introduzir
empatia e resiliência no currículo. Seguindo
o mesmo raciocínio, o sistema superior
também entendeu que sua grade precisa
incorporar necessidades profissionais de
ordem prática. Por isso, está tratando a
empregabilidade como um verdadeiro
retorno sobre o investimento dos alunos,
inclusive condicionando o pagamento
dos cursos ao sucesso na obtenção
de um primeiro bom emprego.
3.1
Human Learning,
Not Machine Learning
Resumo: Cultivar a criatividade,
desenvolver inteligência emocional e
construir empatia são as habilidades que
os robôs ainda não podem substituir.
Pesquisa sugere que a capacidade de
brincar é mais importante ainda num mundo
dominado por tecnologia. Muitas grandes
empresas estão destacando a importância
do brincar como forma de moldar a força de
trabalho do futuro. O jogo permite cultivar
a criatividade, desenvolver inteligência
emocional e construir empatia – habilidades
que os robôs não podem substituir.
Considerando que, das habilidades humanas,
talvez a criatividade seja a mais difícil
de se reproduzir por machine learning,
esse é um passo mais estratégico que
intuitivo da mentalidade de ensino.
“Isso é o que vai continuar nos garantindo um
lugar na mesa da evolução”, diz Viktor Mayer-
Schonberger, professor de governança da
internet e regulamentação, da Universidade
de Oxford, em artigo de março de 2017 para
a BBC. Dr. Peter Gray, psicólogo e professor
no Boston College, argumenta que as
crianças que brincam menos na infância têm
aumento de desordens mentais, incluindo
ansiedade e depressão, bem como um
declínio da capacidade de ter empatia.
New Blood Shift é uma escola exclusivamente
noturna, que procura cultivar os talentos
criativos do futuro. Destinado a jovens com
perfil inovador, mas que não possuem um
diploma universitário, dedica-se a treinar
os talentos inexplorados. A escola, livre
de taxa de matrícula, explica que “Talento
não é sobre onde você esteve ou quem
você conhece. E não é sobre ter um grau
universitário. O sucesso deveria ser pautado
sobre habilidades cruas, vocação.”
3.2
Education Partnerships
Resumo: As marcas, na condição
de empreendedores sociais, lançam
parcerias educacionais que inovam
a experiência de aprendizagem.
Mudanças tecnológicas e sociais estão
transformando as habilidades que as empresas
vão exigir de seus empregados. Enquanto
o sistema de educação global luta para
acompanhar essas mudanças, as marcas atuam
como empreendedores sociais, oferecendo
seu apoio e parceria. Isto está lançando as
bases para novas parcerias educacionais
que trazem à tona o uma experiência de
aprendizagem inovadora, responsiva e
orientada para a realidade mais prática possível.
Um relatório de 2017 do Institute for the Future
e da Dell Technologies prevê que “85% dos
empregos existentes em 2030 ainda não foram
inventados”. Isso significa que as empresas
precisam antecipar as habilidades que o futuro
exigirá e fabricar estratégias complementares
de aprendizado. Investir em educação e no
desenvolvimento dessas novas habilidades
garantirá um futuro próspero e mais igualitário,
do qual consumidores, instituições e marcas
podem participar colaborativamente.
Academia
15. 15
Em 2017, a escola de design holandesa Kolding
uniu forças com a LEGO Foundation e o
LEGO Group para estabelecer o Design for
Play, um programa de mestrado de dois anos.
Os alunos aprendem sobre a importância
do brincar e da criatividade na educação,
no trabalho e nos ambientes sociais. O
Design for Play visa impulsionar estes valores
e abordagens para o mundo mais amplo
através dos seus graduados, provocando
mudanças e melhores resultados no futuro.
Fabrica, um projeto do Grupo Benetton e de
Oliviero Toscani, é um centro de comunicação
e pesquisa com sede em Treviso, Itália.
Fundada em 1994, o projeto prepara jovens
disruptores sociais, que continuam sua prática
de forma independente depois de deixar o
centro. Relançado em 2018 sob a direção de
arte de Luciano Benetton e Oliviero Toscani,
Fabrica lançou iniciativas exclusivas, como
Fabrica Circus 24 / 7x52, uma série de eventos
conectando estudantes com profissionais
e o público para estimular a discussão
em torno de temas contemporâneos.
3.3
Experiential Knowledge
Resumo: Ao participar do investimento
em educação, marcas extraem
inteligência direcionada para seu
negócio e facilitam a construção de
uma sociedade mais inclusiva.
Responder eficazmente aos desafios globais,
como desemprego e mudança climática,
requer colaboração e cooperação. Ao
oferecer apoio transparente e imparcial aos
educadores, as marcas podem facilitar o
progresso e levar a sociedade a um futuro
inteligente, sustentável e inclusivo.
Instituições de ensino estão lutando
para se adaptar ao futuro do trabalho e
apresentando uma oportunidade para as
marcas fornecerem suporte. Investir em
instituições incentiva o crescimento econômico
e o progresso social, e ajuda a assegurar
a estabilidade e o empreendedorismo
social. Fornecer treinamento hoje expande
possibilidades de emprego de amanhã –
e as marcas já percebem isso. Escolas e
universidades são investimentos de longo
prazo para um futuro de alta qualidade.
A aprendizagem baseada em desafios é um
modelo de educação prática e multidisciplinar
desenvolvida pela “Apple Classrooms of
Tomorrow - Today”, um projeto em andamento
iniciado pela Apple em 2008. Em 2016, o
programa de aprendizagem baseado em
desafios foi ativado com o lançamento da
Developer Academy, uma parceria com
a Universidade de Nápoles Federico II. O
programa de um ano é dedicado a desenvolver
aplicativos com foco em uma metodologia
colaborativa e proativa. Alunos de diversas
origens são convidados a experimentar
o processo de aprendizado e adotar a
tecnologia para resolver problemas reais.
A Microsoft e a escola Pearson se uniram para
projetar novas experiências de aprendizagem
misturando o físico e o digital. Anunciada
em janeiro de 2018, a colaboração produzirá
e implementará seis aplicativos que usam o
HoloLens, da Microsoft, e outros headsets
do Windows para imergir alunos em áreas
de conhecimento, como saúde e história.
“Trata-se de fornecer ferramentas digitais
para professores e alunos, não substituindo
aprendizado e ensino, mas aprimorando-o “, diz
Michael Christian, diretor global da Pearson.
3.4
The Lifelong School
Resumo: Para dominar novas
habilidades na era da automação, é
preciso aceitar que a aprendizagem
é um processo para toda a vida.
Academia
16. 16
Já que o movimento da automação promete
muitas mudanças no mercado de trabalho,
também haverá esforços voltados à educação de
adultos. É preciso dominar novas habilidades na
era da automação. Como o jornalista Max Opray,
do The Guardian, declarou: “A quarta revolução
industrial é a economia do ‘sempre aprendendo’.”
A SkillsFuture, em Singapura, e a ‘Compte Pessoal
de Formation’, na França, fomentam uma cultura
de lifelong learning, oferecendo para adultos
contas pessoais com as quais eles podem comprar
aprendizado. Outro expoente do movimento é
o FutureLearn, um hub de educação onde se
pode encontrar centenas de cursos gratuitos
de alta qualidade, provenientes de importantes
universidades e escolas do mundo: “Queremos
criar uma comunidade de “lifelong learners”
e prover os degraus entre um aprendizado e
outro. As marcas também estão interessadas
em investir. A Adobe lançou o Creative Summer
School, uma plataforma para ‘turbinar’ as
habilidades dos usuários de seus produtos.
“Vamos reconhecer que os empregos não são
mais para a vida e a educação não é apenas
para os jovens “, declara Maddalaine Ansell,
CEO da A University Alliance (associação de
universidades britânicas, cuja missão é impulsionar
o crescimento e a inovação regional por meio
de pesquisa, ensino e atividades empresariais).
3.5
Aprendizagem Socioemocional
Resumo: Programas
universitários absorvem uma
abordagem socioemocional da
aprendizagem para combater
depressão,ansiedade e estresse.
De acordo com o American College Health
Association, as taxas de depressão, ansiedade e
estresse em universitários continuam criando uma
demanda por serviços que ajudem a priorizar
e desenvolver habilidades para lidar com esses
estados. Novos programas universitários estão
apelando para a crescente demanda por uma
abordagem socioemocional da aprendizagem,
ao introduzir disciplinas escolares menos
tradicionais, tais como empatia e resiliência.
Os programas especiais de Yale incluem um centro
dedicado à inteligência emocional que trabalha
para aproveitar o poder das emoções através
de pesquisa e educação, e cria oportunidades
de estudo que estimulam a colaboração entre
departamentos que podem ser complementares,
tais como drama e negócios, arte visual e
neurociência, arquitetura e estudos ambientais.
3.6
Skill-Based Learning
Resumo: Integrar ao currículo tradicional
habilidades mais práticas tornou-se
garantia de maior retorno dos alunos
sobre investimento feito na universidade.
Um relatório de 2017 da Fundação da Câmara
de Comércio dos EUA (USCCF) descobriu
que universidades são mais bem-sucedidas
quando focam no retorno sobre investimento
nos alunos e integram habilidades específicas
relacionadas à prática (carreira) no currículo
tradicional. Programas de graduação híbridos
agora incorporam habilidades de aprendizagem
e parcerias diretas com empregadores, enquanto
startups de educação também são tendência.
MissionU é um programa que se concentra
em disciplinas de alta demanda de habilidades
sociais, tais como análise de dados, inteligência
de negócios, colaboração e pensamento crítico.
Para desenvolver esse programa, a startup de
São Francisco trabalhou com empresas líderes
em tecnologia, como Lyft e Spotify. Não há
taxas de matrícula para a MissionU, pois os
estudantes só pagam quando conseguem um
emprego que os remunere com mais de US$
50 mil por ano, quando a startup passa a coletar
15% do salário desse aluno por três anos.
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