O documento descreve a Revolta da Vacina no início do século XX no Rio de Janeiro. O presidente Rodrigues Alves e o prefeito Pereira Passos decidiram reformar a cidade para melhorar as condições sanitárias, demolindo cortiços e afetando muitas famílias. Oswaldo Cruz foi nomeado chefe da saúde pública e iniciou uma campanha de vacinação obrigatória, causando revolta popular que destruiu propriedades e forçou o governo a suspender a lei da vacinação compulsória.
3. Ao longo de sua
História a região do
Contestado foi alvo de
sucessivos episódios de
disputa política e
econômica.
Localizada entre os
estados do Paraná e
Santa Catarina, a
região foi marcada por
essas disputas em
razão da presença de
uma rica floresta e
uma grande região
dedicada à plantação
de erva-mate.
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6. Uma das mais imediatas manifestações desse problema se dava na pressão
exercida pelos grandes proprietários de terra que forçavam agregados e
posseiros a se estabelecerem em outras terras.
7. Além disso,
a construção de
uma estrada de
ferro
interligando os
estados de São
Paulo e Rio
Grande do Sul
agravou o
problema social
ali instalado.
Sob a liderança
do empresário
estadunidense
Percival
Farquhar, a
Brazil Railway
Company
comprou uma
extensa área
para construção
desta estrada,
onde diversas
famílias já
estavam
instaladas.
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9. Depois de realizar a construção, a
Brazil Railway adquiriu outra área
com mais de 180 mil hectares onde
realizaria exploração madeireira.
Utilizando um moderno maquinário
para a execução desse novo
empreendimento, a empresa
estrangeira precisou de um
contingente mínimo de mão de obra,
o que acabou forçando a expulsão de
outra leva de pequenos agricultores
que também estavam fixados
naquela região.
Com a formação dessa massa de
operários desempregados e
camponeses desapropriados, a região
do Contestado começou a presenciar
um movimento messiânico.
10. Diversos profetas,
beatos e “monges”
apareceram pregando
ideais de justiça, paz e
comunhão que seriam
estabelecidos em um
movimento de inspiração
religiosa. O primeiro
desses líderes foi o
beato José Maria, que
atacava o autoritarismo
da ordem republicana e
pregava novos tempos de
prosperidade e comunhão
espiritual. Outro líder
foi João Maria.
11. José Maria agrupou diversos seguidores para a fundação da comunidade de
Quadrado Santo, que viveu da agricultura subsistente e do furto de gado.
Preocupados com a formação de comunidades desse mesmo tipo, os governos
estadual e federal passaram a enviar expedições militares contra a população
de Quadrado Santo.
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15. O já prolongado conflito só veio a ter um fim quando as tropas do governo
foram mantidas por mais de um ano em confrontos regulares contra a
comunidade revoltosa. Para tanto, utilizaram de aviões e uma pesada
artilharia. No fim da luta, em 1916, milhares de sertanejos foram
brutalmente executados.
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19. Nas andanças pelo sertão
baianao, Conselheiro começou
a construir igrejas,
cemitérios e teve sua figura
marcada pela barba grisalha,
a bata azul, sandálias de
couro e a mão apoiada em um
bordão.
Antônio Conselheiro fazia
uma pregação religiosa
defensora de um cristianismo
primitivo. Defendia que os
homens deveriam se livrar
das opressões e injustiças
que lhes eram impostas,
buscando superar os
problemas de acordo com os
valores religiosos cristãos.
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21. Com o aumento do seu número de seguidores e a
pregação de seus ideais contrários à ordem vigente,
Conselheiro fundou – em 1893 – uma comunidade
chamada Belo Monte, às margens do Rio Vaza-Barris.
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23. Desde o início, autoridades da
Igreja e setores dominantes da
população viam na renovação social e
religiosa de Antônio Conselheiro uma
ameaça à ordem estabelecida.
Consolidando uma comunidade não
sujeita ao mando dos “coronéis” e do
governo, Canudos se tornou uma
ameaça ao interesse dos poderosos.
De um lado, a Igreja atacava a
comunidade alegando que os
seguidores de Conselheiro eram
apegados à heresia e à depravação.
Por outro, os políticos e senhores de
terra, com o uso dos meios de
comunicação da época, diziam que
Antônio Conselheiro era monarquista
e liderava um movimento que
almejava derrubar o governo
republicano, instalado em 1889.
24. Incriminada por setores influentes e poderosos da sociedade da época,
Canudos foi alvo das tropas republicanas. Ao contrário das expectativas do
governo, a comunidade conseguiu resistir a quatro investidas militares.
Somente na última expedição, que contava com metralhadoras e canhões (ver
abaixo), a população apta para o combate (homens e rapazes) foi massacrada.
25. A comunidade se reduziu a algumas centenas de mulheres, idosos e crianças.
Antonio Conselheiro, com a saúde fragilizada, morreu dias antes do último
combate. Ao encontrarem seu corpo, deceparam sua cabeça e a enviaram para
que estudassem as características do crânio de um “louco fanático”.
26. Antonio Conselheiro, com a saúde fragilizada, morreu dias antes
do último combate. Ao encontrarem seu corpo, deceparam sua cabeça
e a enviaram para que estudassem as características do crânio de um
“louco fanático”.
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28. No início do século XX, os marinheiros brasileiros eram
submetidos a uma dura rotina de trabalho e recebiam salários
baixíssimos.
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30. Não bastando, os membros de baixa patente eram submetidos
a castigos físicos toda vez que não cumpriam uma ordem
estabelecida. Apesar de a prática ser proibida desde o fim do
Império, era comum que os marinheiros recebessem
chibatadas como forma de punição.
31. Em 1910, sob comando de um marujo negro e
analfabeto chamado João Candido, os
marinheiros dos couraçados Minas Gerais e São
Paulo organizaram um protesto. Neste, tomaram
o controle das embarcações e enviaram um
telegrama ao presidente exigindo que os
castigos fossem abolidos, os salários
incrementados e uma folga semanal concedida a
todos os marinheiros. Se não tivessem seu
pedido imediatamente atendido, ameaçavam
bombardear a capital.
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33. Em 1910, sob
comando de um
marujo negro e
analfabeto chamado
João Candido, os
marinheiros dos
couraçados Minas
Gerais e São Paulo
organizaram um
protesto.
34. Rio de Janeiro, 22 de novembro de 1910
Il.mo e Ex.mo Sr. Presidente da República Brasileira
Cumpre-nos comunicar a V. Ex.a, como Chefe da Nação brasileira:
Nós, marinheiros, cidadãos brasileiros e republicanos, não podendo mais suportar a escravidão na
Marinha brasileira, a falta de proteção que a Pátria nos dá; e até então não nos chegou; rompemos o
negro véu que nos cobria aos olhos do patriótico e enganado povo.
Achando-se todos os navios em nosso poder, tendo a seu bordo prisioneiros todos os oficiais, os quais
têm sido os causadores da Marinha brasileira não ser grandiosa, porque durante vinte anos de
República ainda não foi bastante para tratar-nos como cidadãos fardados em defesa da Pátria,
mandamos esta honrada mensagem para que V. Ex.a faça aos marinheiros brasileiros possuirmos os
direitos sagrados que as leis da República nos facilita, acabando com a desordem e nos dando outros
gozos que venham engrandecer a Marinha brasileira; bem assim como: retirar os oficiais incompetentes
e indignos de servir à Nação brasileira. Reformar o código imoral e vergonhoso que nos rege, a fim de
que desapareça a chibata, o bolo e outros castigos semelhantes; aumentar o nosso soldo pelos últimos
planos do ilustre Senador José Carlos de Carvalho, educar os marinheiros que não têm competência
para vestir a orgulhosa farda, mandar pôr em vigor a tabela de serviço diário, que a acompanha.
Tem V. Ex.a o prazo de 12 horas para mandar-nos a resposta satisfatória, sob pena de ver a Pátria
aniquilada.
Bordo do encouraçado São Paulo, em 22 de novembro de 1910.
Nota: Não poderá ser interrompida a ida e volta do mensageiro.
35. Neste, tomaram o
controle das
embarcações e
enviaram um
telegrama ao
presidente exigindo
que os castigos
fossem abolidos, os
salários
incrementados e uma
folga semanal
concedida a todos os
marinheiros.
36. Se não tivessem seu pedido imediatamente
atendido, ameaçavam bombardear a capital.
37. Mediante a gravidade da
situação e o alarde dos
grupos políticos
oposicionistas, o governo
decidiu atender aos
pedidos.
38. Em poucos
instantes, o Congresso
votou uma lei em que o
castigo físico era
abolido e todos os
envolvidos na revolta
não sofreriam qualquer
tipo de punição.
Entretanto,
revelando sua face
autoritária, o governo
descumpriu suas
próprias
determinações ao
realizar a prisão de
alguns dos
participantes dessa
primeira revolta.
39. A mudança aconteceu quando, alguns dias antes,
provavelmente empolgados pela primeira revolta, um
grupo de fuzileiros navais alocados na Ilha das
Cobras resolveu organizar uma nova manifestação
contra o governo.
Dessa vez o Exército foi enviado para um violento
ataque a fim de aniquilar prontamente os rebeldes.
Aqueles que sobreviveram ao episódio foram
deportados para a Amazônia e forçados a trabalhar
nos seringais da região.
Durante a realocação para o território amazônico,
alguns dos condenados foram submetidos ao
fuzilamento.
40. João Candido acabou
sendo inocentado pelo
governo federal.
Entretanto, perdeu a sua
colocação na Marinha e
foi internado como louco
no Hospital dos
Alienados. Na época, o
tratamento no sanatório
poderia ser tão ou mais
cruel que a própria
prisão. Em 1969, ele
acabou morrendo pobre,
esquecido e acometido
por um câncer.
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42. No início do século XX, a
cidade do Rio de Janeiro
era a capital do Brasil.
Estava crescendo
desordenadamente. Sem
planejamento, as favelas e
cortiços predominavam na
paisagem. A rede de esgoto
e coleta de lixo era muito
precária, às vezes
inexistente. Em decorrência
disto, dezenas de doenças
se proliferavam na
população, como Tifo, Febre
Amarela, Peste Bubônica,
Varíola, entre outras
enfermidades.
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44. Vendo a situação piorar cada dia mais, o então presidente Rodrigues
Alves, em conjunto com o prefeito Pereira Passos, decidiu fazer uma
reforma no centro do Rio, colocando em prática projetos de saneamento
básico e urbanização. Essa reforma urbana
ocasionou o fim de muitas ruas e a demolição
de cerca de vários prédios e cortiços, afetando a vida de centenas de
famílias.
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46. O presidente
também
designou Oswaldo Cruz,
biólogo e sanitarista, para
ser chefe do
Departamento Nacional
de Saúde Pública
Foram criadas as
Brigadas Mata-
Mosquitos, que eram
grupos de funcionários do
serviço sanitário e
policiais que invadiam as
casas, matando os insetos
encontrados, etc.
quisessem).
47. Essas medidas tomadas causaram
revolta na população, e com a aprovação
da Campanha da Vacinação Obrigatória,
que obrigava as pessoas a ser vacinadas
(os funcionários responsáveis pelo
serviço tinham que vacinar as pessoas
mesmo que elas não quisessem), a
situação piorou.
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50. A população começou a fazer ataques à cidade, destruir bondes, prédios,
trens, lojas, bases policiais, etc. Esse episódio da história brasileira ficou
conhecido então como Revolta da Vacina.
Mais tarde, os cadetes da Escola Militar da Praia Vermelha também se
voltaram contra a lei da vacina. A revolta popular fez com que o governo
suspendesse a lei, não sendo mais obrigatória. Para finalizar a rebelião, Alves
coloca nas ruas o exército, polícia e marinha.
51. A charge abaixo ilustra a revolta
da população contra Oswaldo Cruz
- o personagem de bigodes ao
centro, montado em uma seringa.
52. Ao final da revolta, o
governo recomeça a
vacinação da população,
tendo como resultado a
erradicação da varíola na
cidade.