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1. ESTENOSE MITRAL
A área normal da valva mitral é de 4 a 6 cm², nessas circunstâncias há uma resistência muito pequena,
desprezível, ao fluxo sanguíneo. Ou seja, podemos considerar que a pressão no AE é igual à do VE, no final da
diástole atrial. Com valores de área mitral de até 2,5 cm², ocorre uma estenoso mitral mínima, sem repercussões
hemodinâmicas, uma vez que não há aumento do gradiente pressórico transvalvar.
A obstrução ao fluxo (valores inferiores à 2,5 cm²) ocorre de forma fixa durante o tempo de enchimento
ventricular. Para que o fluxo se mantenha adequado, faz-se necessário a criação de um gradiente pressórico
para favorecer à entrada de mais sangue no ventrículo. Infelizmente, isso se faz às custas do aumento da pressão
do AE e é aqui o “PONTO” que explica toda a fisiopatologia da EM.
Como não há um mecanismo valvar que “controle” o sangue proveniente das veias pulmonares, as alterações
pressóricas do AE repercutem por toda a circulação pulmonar.
A pressão venocapilar pulmonar normal é de 12 mmHg. Aumentos de pressão superiores a 18 mmHg já são
suficientes para provocar ingurgitamento e extravasamento de liquido para o interstício. Notadamente, na EM, o
aumento da pressão venocapilar pulmonar ocorre de maneira insidiosa, fazendo com que os pacientes, por
mecanismos compensatórios (como a dilatação atrial esquerda), tolerem até 20 a 25 mmHg.
A correlação entre pressão e manifestações clínicas são bem variáveis. Enquanto algumas referências dizem o
que foi referido anteriormente, algumas afirmam que valores de pressão acima de 25 mmHg já ocasionam o
estado de Hipertensão Arterial Pulmonar.
Hipertensão Arterial Pulmonar: HAP passiva, que ocorre inicialmente e se deve ao simples fluxo retrógrado do
sangue. HAP reativa, que inicialmente ocorre pela reatividade das artérias pulmonares, mas, tardiamente,
adquire caráter irreversível, com hipertrofia da camada média das artérias.

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  • 1. 1. ESTENOSE MITRAL A área normal da valva mitral é de 4 a 6 cm², nessas circunstâncias há uma resistência muito pequena, desprezível, ao fluxo sanguíneo. Ou seja, podemos considerar que a pressão no AE é igual à do VE, no final da diástole atrial. Com valores de área mitral de até 2,5 cm², ocorre uma estenoso mitral mínima, sem repercussões hemodinâmicas, uma vez que não há aumento do gradiente pressórico transvalvar. A obstrução ao fluxo (valores inferiores à 2,5 cm²) ocorre de forma fixa durante o tempo de enchimento ventricular. Para que o fluxo se mantenha adequado, faz-se necessário a criação de um gradiente pressórico para favorecer à entrada de mais sangue no ventrículo. Infelizmente, isso se faz às custas do aumento da pressão do AE e é aqui o “PONTO” que explica toda a fisiopatologia da EM. Como não há um mecanismo valvar que “controle” o sangue proveniente das veias pulmonares, as alterações pressóricas do AE repercutem por toda a circulação pulmonar. A pressão venocapilar pulmonar normal é de 12 mmHg. Aumentos de pressão superiores a 18 mmHg já são suficientes para provocar ingurgitamento e extravasamento de liquido para o interstício. Notadamente, na EM, o aumento da pressão venocapilar pulmonar ocorre de maneira insidiosa, fazendo com que os pacientes, por mecanismos compensatórios (como a dilatação atrial esquerda), tolerem até 20 a 25 mmHg. A correlação entre pressão e manifestações clínicas são bem variáveis. Enquanto algumas referências dizem o que foi referido anteriormente, algumas afirmam que valores de pressão acima de 25 mmHg já ocasionam o estado de Hipertensão Arterial Pulmonar. Hipertensão Arterial Pulmonar: HAP passiva, que ocorre inicialmente e se deve ao simples fluxo retrógrado do sangue. HAP reativa, que inicialmente ocorre pela reatividade das artérias pulmonares, mas, tardiamente, adquire caráter irreversível, com hipertrofia da camada média das artérias.