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PALESTRA:
ESCREVER UM POEMA É, COMO JÁ DIZIA
DRUMMOND, “PENETRAR SURDAMENTE NO
REINO DAS PALAVRAS”.
A busca pela poesia é uma constante na vida dos
poetas;
O dedicar-se à arte de escrever versos;
O dedicar-se à arte de escrever versos sobre os
próprios versos (metalinguagem da poesia).
O QUE É METALIGUAGEM POÉTICA?
- Quando a linguagem se debruça sobre si mesma: a
poesia feita sobre a própria poesia;
- Quando o poeta reflete sobre o fazer poético:
explica para si mesmo e os leitores o momento catártico que
permeia a criação e dá vida a um poema.
TRECHO DO POEMA PROCURA DA POESIA, DE
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
“[...] Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma
tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave? [...]”
POESIA
Gastei uma hora pensando um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.
[Carlos Drummond de Andrade]
AUTOPSICOGRAFIA
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
[Fernando Pessoa]
“TRAJETÓRIA POÉTICA DO SER (I)”, POEMA 18 DE
HILDA HILST
18
A descansada precisão da folha.
O que o olhar adivinha
Sob a sua mínima extensão.
E a gravidade da flor
Irrompendo de suas claras paredes.
Em tudo o estigma de amor de uma só mão.
Em mim, de um lado, uma garra de fogo
Gigantesca, pronta para ferir
E de um gesto agudo incendiar-vos,
E do outro lado a minha outra mão
Amena. Larga.
SONETOS QUE NÃO SÃO, II, DE HILDA HILST
II
É meu este poema ou é de outra?
Sou eu esta mulher que anda comigo
E renova minha fala e ao meu ouvido
Se não fala de amor, logo se cala?
Sou eu que a mim mesma me persigo
Ou é a mulher e a rosa que escondidas
(Para que seja eterno o meu castigo)
Laçam vozes na noite tão ouvidas?
Não sei, De quase tudo não sei nada.
O anjo que impulsiona o meu poema
Não sabe da minha vida descuidada.
A mulher não sou eu. E perturbada
A rosa em seu destino, eu a persigo
Em direção aos reinos que inventei.
TRECHO DO POEMA GRAMÁTICA E LINGUAGEM
[...] Mas o bom mesmo, são os adjetivos,
Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto.
Verde. Macio. Áspero. Rente. Escuro. luminoso.
Sonoro. Lento. Eu sonho
Com uma linguagem composta unicamente de adjetivos
Como decerto é a linguagem das plantas e dos animais.
Ainda mais:
Eu sonho com um poema
Cujas palavras sumarentas escorram
Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,
Um poema que te mate de amor
Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido:
Basta provares o seu gosto...
Mario Quintana
O POETA
No telefone do poeta
Desceram vozes sem cabeça
Desceu um susto desceu o mêdo
Da morte e de neve.
O telefone com asas e o poeta
Pensando que fosse o avião
Que levaria de sua noite furiosa
Aquelas máquinas em fuga.
Ora, na sala do poeta o relógio
Marcava horas que ninguém vivera.
O telefone nem mulher nem sobrado,
Ao telefone o pássaro-trovão.
Nuvens porém brancas de pássaros
Acenderam a noite do poeta
E nos olhos, vistos por fora, do poeta
Vão nascer duas flores secas.
(João Cabral de Melo Neto)
PROPOSTA DE EXERCÍCIO POÉTICO: A
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A metaliguagem da poesia

  • 2. ESCREVER UM POEMA É, COMO JÁ DIZIA DRUMMOND, “PENETRAR SURDAMENTE NO REINO DAS PALAVRAS”. A busca pela poesia é uma constante na vida dos poetas; O dedicar-se à arte de escrever versos; O dedicar-se à arte de escrever versos sobre os próprios versos (metalinguagem da poesia).
  • 3. O QUE É METALIGUAGEM POÉTICA? - Quando a linguagem se debruça sobre si mesma: a poesia feita sobre a própria poesia; - Quando o poeta reflete sobre o fazer poético: explica para si mesmo e os leitores o momento catártico que permeia a criação e dá vida a um poema.
  • 4. TRECHO DO POEMA PROCURA DA POESIA, DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE “[...] Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave? [...]”
  • 5. POESIA Gastei uma hora pensando um verso que a pena não quer escrever. No entanto ele está cá dentro inquieto, vivo. Ele está cá dentro e não quer sair. Mas a poesia deste momento inunda minha vida inteira. [Carlos Drummond de Andrade]
  • 6. AUTOPSICOGRAFIA O poeta é um fingidor. Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente. E os que leem o que escreve, Na dor lida sentem bem, Não as duas que ele teve, Mas só a que eles não têm. E assim nas calhas de roda Gira, a entreter a razão, Esse comboio de corda Que se chama coração. [Fernando Pessoa]
  • 7. “TRAJETÓRIA POÉTICA DO SER (I)”, POEMA 18 DE HILDA HILST 18 A descansada precisão da folha. O que o olhar adivinha Sob a sua mínima extensão. E a gravidade da flor Irrompendo de suas claras paredes. Em tudo o estigma de amor de uma só mão. Em mim, de um lado, uma garra de fogo Gigantesca, pronta para ferir E de um gesto agudo incendiar-vos, E do outro lado a minha outra mão Amena. Larga.
  • 8. SONETOS QUE NÃO SÃO, II, DE HILDA HILST II É meu este poema ou é de outra? Sou eu esta mulher que anda comigo E renova minha fala e ao meu ouvido Se não fala de amor, logo se cala? Sou eu que a mim mesma me persigo Ou é a mulher e a rosa que escondidas (Para que seja eterno o meu castigo) Laçam vozes na noite tão ouvidas? Não sei, De quase tudo não sei nada. O anjo que impulsiona o meu poema Não sabe da minha vida descuidada. A mulher não sou eu. E perturbada A rosa em seu destino, eu a persigo Em direção aos reinos que inventei.
  • 9. TRECHO DO POEMA GRAMÁTICA E LINGUAGEM [...] Mas o bom mesmo, são os adjetivos, Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto. Verde. Macio. Áspero. Rente. Escuro. luminoso. Sonoro. Lento. Eu sonho Com uma linguagem composta unicamente de adjetivos Como decerto é a linguagem das plantas e dos animais. Ainda mais: Eu sonho com um poema Cujas palavras sumarentas escorram Como a polpa de um fruto maduro em tua boca, Um poema que te mate de amor Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido: Basta provares o seu gosto... Mario Quintana
  • 10. O POETA No telefone do poeta Desceram vozes sem cabeça Desceu um susto desceu o mêdo Da morte e de neve. O telefone com asas e o poeta Pensando que fosse o avião Que levaria de sua noite furiosa Aquelas máquinas em fuga. Ora, na sala do poeta o relógio Marcava horas que ninguém vivera. O telefone nem mulher nem sobrado, Ao telefone o pássaro-trovão. Nuvens porém brancas de pássaros Acenderam a noite do poeta E nos olhos, vistos por fora, do poeta Vão nascer duas flores secas. (João Cabral de Melo Neto)
  • 11. PROPOSTA DE EXERCÍCIO POÉTICO: A METALINGUAGEM POÉTICA Produza um poema original exercitando sua metalinguagem!