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História da Fitopatologia
Professora Daniely Deliberali

 FITOPATOLOGIA:
Palavra de origem grega (phyton = planta ; pathos =
doença) e indica a ciência que estuda as doenças das
plantas em todos os seus aspectos, desde a diagnose
e sintomatologia, passando pela etiologia e
epidemiologia, até chegar no seu controle.
Conceitos
 Com a agricultura, as doenças em plantas passaram a ser
observadas e, em muitos anos, sobretudo naqueles mais
úmidos, boa parte da cultura fora destruída, com alimentos
sendo insuficientes e matando pessoas e animais de fome.
 Não é de estranhar, portanto, que as doenças
das plantas são mencionados em algumas das mais antigas
livros disponíveis (Homer, c. de 1000 aC; do Antigo
Testamento, c. 750 aC) e eram temidos tanto quanto doenças
humanas e de guerra.
 As causas místicas, naquela época, eram tidas como
místicas, resultado do castigo divino
 O Senhor os ferirá com doenças devastadoras, febre e inflamação com calor
abrasador e seca, com ferrugem e mofo… Deuteronômio 28:22 (Quinto livro
da Bíblia – escrito por Moisés)
 "Muitas vezes castiguei os seus jardins e as suas vinhas, castiguei-os com
pragas e ferrugem. Gafanhotos devoraram as suas figueiras e as suas
oliveiras, e mesmo assim vocês não se voltaram para mim", declara o
Senhor. Amós 4:9 (Livro de Amós - profeta)
 17 Eu destruí todo o trabalho das mãos de vocês, com mofo, ferrugem e
granizo, mas vocês não se voltaram para mim", declara o Senhor. Ageu 2:17
 Muitas outras referências à doenças (ferrugens dos cereais, doenças
em videiras, olivais, figueirais e outras plantas que constituíam a
base da alimentação daquele povo na época.
 Teofrasto (327-287 a.C.) – filósofo grego que dedicou seus estudos a
entender as origens e os meios de cura das doenças de plantas;
 Gregos, assim como hebreus, atribuíam as doenças às influências
siderais e a desfavores dos deuses;
 Tal atribuição era também feita pelos romanos, que instituíram a
Robigália, em que se sacrificava animais de coloração avermelhada,
como cães e vacas , com o objetivo de se obter clemência e proteção dos
deuses. Esta prática, que começou há mais de 3000 anos, era realizada na
data de 25 de abril, quando o trigo precisava da proteção de Deus contra
a ferrugem (no calendário cristão – dia das Rogações – abençoar as
plantações).
 Idade Média – Século XII – árabes radicados na Espanha publicaram
livro sobre doenças de árvores frutíferas (figueira, oliveira, videira) e
herbáceas.
 Séculos seguintes: avanços botânica e micologia (estudo de fungos).
HISTORIA
PLANTARUM
Ms. 459 -
Biblioteca
Casanatense
(Rome, Italy)
ROBIGÁLIA

A história da
fitopatologia é dividida
em vários períodos
1. Período Místico
2. Período da Predisposição
3. Período Etiológico
4. Período Ecológico
5. Período Atual

 Remota antiguidade até início do século XIX;
 Ausência de explicação racional – atribuição das doenças
de plantas à causas místicas;
 Algumas referências condições climáticas para o
desenvolvimento de doenças;
 Final do período místico: alguns botânicos apresentavam
descrições de doenças, sintomatologia; micologistas
chamavam atenção para associação entre planta doente e
fungo. Já havia a busca por controle, ainda que empírico.
Período Místico
 PERÍODO MÍSTICO: teoria de geração espontânea e perpetuidade de
espécies proposto por Lineu.
 1728: H.L. DuHame de Monceau – realizou o considerado 1º
experimento fitopatológico – inoculou, com sucesso, escleródios de
Rhizoctonia violacea em diversas espécies de plantas.
 M. Tillet, 1755: considerava cárie do trigo como sendo causada por um
fungo, mas achava que o carvão teria alguma substância venenosa em
si.
 Giovani Targioni Tozzetti: defendia que ferrugens e carvões eram
causados por fungos (1767).
Capa do trabalho de
M. Tillet, 1755.
Os dois últimos autores marcam o início
de um novo período...

Período da Predisposição
 Início do século XIX, com evidência da associação
entre fungos e doenças de plantas;
1807 – Isaac-Bénédict Prévost prova que o fungo Tilletia
tritici era responsável pela cárie do trigo, confirma ideias de
Tillet. Mas suas teorias não foram estendidas para outras
doenças, sendo cárie do trigo considerada exceção.
À época, ainda acreditava-se que os fungos surgiam por
geração espontânea, e que os fungos e seus esporos eram
o resultado, e não a causa da doença.
 1833: Franz Unger: teoria em que doenças seriam o
resultado de distúrbios funcionais causados por desordens
nutricionais, que predispunham os tecidos da planta a
produzirem fungos, estes considerados excrescências que
cresciam por geração espontânea. Sob determinadas
condições ambientais, qualquer planta poderia produzir
fungos.
 Mérito ao avanço: relacionar doença com ambiente, ao lado
de associação constante com fungos.
 Micologistas: catalogação de fungos em associação com
plantas doentes.
 Descrição de importantes parasitas (Uredinales, Ustiginales,
Erysiphales e outros)
 1845:
A requeima da
batata dizimou
campos da
Irlanda e de
outros países do
norte europeu e
teve grande
impacto
econômico e
social, dando à
fitopatologia
relevância
necessária para
transformá-la em
ciência
autônoma.
 Anton de Bary (1853) conseguiu provas científicas de que a doença
era causada por um fungo, Phytopthora infestans, e isso teve grande
significado, resultando no início de um novo período.

 Teve início com a publicação do trabalho de Anton de
Bary e Julius Jühn.
 Anton de Bary (Alemanha 1861,1863) –
Phytophthora infestans é causa da requeima
da batata
 Julius Kühn (Alemanha), 1858: “Nascimento”
da Fitopatologia”, com a publicação de
“Doenças das plantas cultivadas:
causas e controle”.
Período Etiológico
 DeBary também mostrou (1886) que alguns fungos induzem ao apodrecimento de
vegetais (Fig. 1-18) pela secreção de substâncias (enzimas) que se difundem em
tecidos vegetais, com o avanço do patógeno.

Contemporaneidade do
Período Etiológico
 Concomitantemente, Louis Pasteur
(França) destruía a teoria da geração
espontânea (1860) e provava a origem
bacteriana de doenças humanas e animais;
 Teoria da Evolução de Darwin (1859)
contrapunha-se à perpetuidade das
espécies, proposta por Lineu, abrindo
novos horizontes.
 Robert Koch estabelece seus postulados
em 1881: determinação exata dos
patógenos.
1859: O Darwinismo é um conjunto de
conceitos, estudos e teorias relacionados às
ideias de transmutação de espécies, seleção
natural ou da evolução do naturalista Charles
Darwin. A característica mais marcante dessa
doutrina, que a difere de todas as outras é
que a evolução é uma forma de mudança
feita pela população e não por um único
indivíduo.
 Postulados de Koch (1881):
1. Associação constante do patógeno-hospedeiro: o patógeno deve ser
encontrado associado em todas as plantas doentes examinadas.
2. Isolamento do patógeno: o patógeno deve ser isolado e crescido em
meio de cultura nutritivo e suas características descritas (parasitas não-
obrigatórios) ou em planta hospedeira suscetível (parasitas
obrigatórios) e sua aparência e sintomas registrados.
3. Inoculação do patógeno e reprodução dos sintomas: o patógeno vindo
de uma cultura pura deve ser inoculado em plantas sadias de mesma
espécie ou variedade na qual apareceu, e deve provocar a mesma
doença nas plantas inoculadas.
4. Reisolamento do patógeno: o patógeno deve ser isolado novamente em
cultura pura e suas características devem ser exatamente as mesmas
observadas anteriormente.

É no período etiológico que a
fitopatologia nasce como ciência!
 Maior parte das doenças descritas neste período (oídios, míldios,
ferrugens, carvões, estudados com detalhes).
 Bacteriose sobre pereira (1876) ; caráter infeccioso das viroses (1886),
hérnia das crucíferas, patologia florestal, entre outros.
 1882: aparecimento do primeiro fungicida – calda bordalesa.
 Tentativa excessiva de se provar a natureza parasitária das doenças.
 P. Sorauer, 1874- diferenças de doenças parasitárias e de causas não
parasitárias. Primeiro enfoque sobre a importância dos fatores
ecológicos.

 Após terem sido catalogadas as principais doenças/patógenos, se
reconhece a importância vital do meio ambiente na manifestação da
doença (climáticos, edáficos, nutricionais, estacionais, temperatura do solo,
do ar, umidade, luz, nutrição, oxienação, fotoperiodismo.
 Doenças de plantas passam a ser vistas como interação entre a planta, o
meio e o patógeno.
Período Ecológico
 Desta época datam as primeiras pesquisas sobre resistência,
predisposição a diferentes patógenos, genética e
melhoramento vegetal;
 Surgem os primeiros conceitos sobre variabilidade
patogênica, forma speciales, raças fisiológicas, variedades,
biótipos, etc., com os trabalhos conduzidos em função do
meio;
 1913: fungicidas mercuriais orgânicos para o tratamento de
sementes;
 1934: fungicidas orgânicos do grupo dos tiocarbamatos

Período Atual
 Décadas de 40 e 50: fisiologia de fungos, fisiologia
de plantas, progresso da doença em campo.
 Toxinas, enzimas, cadeia de infecção.
 Progresso da fisiologia, microbiologia, bioquímica,
bioestatística, genética (biotecnologia) – melhor
entendimento da interação entre planta e patógeno e
sua resultante, a doença.
 Abordagem fisiológica e epidemiológica.
Humanidade faminta
Produção vegetal e danos
Epidemias famosas

Importância das doenças de
plantas
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História da Fitopatologia: da Antiguidade aos Dias Atuais

  • 2.   FITOPATOLOGIA: Palavra de origem grega (phyton = planta ; pathos = doença) e indica a ciência que estuda as doenças das plantas em todos os seus aspectos, desde a diagnose e sintomatologia, passando pela etiologia e epidemiologia, até chegar no seu controle. Conceitos
  • 3.  Com a agricultura, as doenças em plantas passaram a ser observadas e, em muitos anos, sobretudo naqueles mais úmidos, boa parte da cultura fora destruída, com alimentos sendo insuficientes e matando pessoas e animais de fome.  Não é de estranhar, portanto, que as doenças das plantas são mencionados em algumas das mais antigas livros disponíveis (Homer, c. de 1000 aC; do Antigo Testamento, c. 750 aC) e eram temidos tanto quanto doenças humanas e de guerra.  As causas místicas, naquela época, eram tidas como místicas, resultado do castigo divino
  • 4.  O Senhor os ferirá com doenças devastadoras, febre e inflamação com calor abrasador e seca, com ferrugem e mofo… Deuteronômio 28:22 (Quinto livro da Bíblia – escrito por Moisés)  "Muitas vezes castiguei os seus jardins e as suas vinhas, castiguei-os com pragas e ferrugem. Gafanhotos devoraram as suas figueiras e as suas oliveiras, e mesmo assim vocês não se voltaram para mim", declara o Senhor. Amós 4:9 (Livro de Amós - profeta)  17 Eu destruí todo o trabalho das mãos de vocês, com mofo, ferrugem e granizo, mas vocês não se voltaram para mim", declara o Senhor. Ageu 2:17  Muitas outras referências à doenças (ferrugens dos cereais, doenças em videiras, olivais, figueirais e outras plantas que constituíam a base da alimentação daquele povo na época.
  • 5.  Teofrasto (327-287 a.C.) – filósofo grego que dedicou seus estudos a entender as origens e os meios de cura das doenças de plantas;  Gregos, assim como hebreus, atribuíam as doenças às influências siderais e a desfavores dos deuses;  Tal atribuição era também feita pelos romanos, que instituíram a Robigália, em que se sacrificava animais de coloração avermelhada, como cães e vacas , com o objetivo de se obter clemência e proteção dos deuses. Esta prática, que começou há mais de 3000 anos, era realizada na data de 25 de abril, quando o trigo precisava da proteção de Deus contra a ferrugem (no calendário cristão – dia das Rogações – abençoar as plantações).  Idade Média – Século XII – árabes radicados na Espanha publicaram livro sobre doenças de árvores frutíferas (figueira, oliveira, videira) e herbáceas.  Séculos seguintes: avanços botânica e micologia (estudo de fungos).
  • 7.  A história da fitopatologia é dividida em vários períodos 1. Período Místico 2. Período da Predisposição 3. Período Etiológico 4. Período Ecológico 5. Período Atual
  • 8.   Remota antiguidade até início do século XIX;  Ausência de explicação racional – atribuição das doenças de plantas à causas místicas;  Algumas referências condições climáticas para o desenvolvimento de doenças;  Final do período místico: alguns botânicos apresentavam descrições de doenças, sintomatologia; micologistas chamavam atenção para associação entre planta doente e fungo. Já havia a busca por controle, ainda que empírico. Período Místico
  • 9.
  • 10.
  • 11.  PERÍODO MÍSTICO: teoria de geração espontânea e perpetuidade de espécies proposto por Lineu.  1728: H.L. DuHame de Monceau – realizou o considerado 1º experimento fitopatológico – inoculou, com sucesso, escleródios de Rhizoctonia violacea em diversas espécies de plantas.  M. Tillet, 1755: considerava cárie do trigo como sendo causada por um fungo, mas achava que o carvão teria alguma substância venenosa em si.  Giovani Targioni Tozzetti: defendia que ferrugens e carvões eram causados por fungos (1767). Capa do trabalho de M. Tillet, 1755. Os dois últimos autores marcam o início de um novo período...
  • 12.  Período da Predisposição  Início do século XIX, com evidência da associação entre fungos e doenças de plantas;
  • 13. 1807 – Isaac-Bénédict Prévost prova que o fungo Tilletia tritici era responsável pela cárie do trigo, confirma ideias de Tillet. Mas suas teorias não foram estendidas para outras doenças, sendo cárie do trigo considerada exceção.
  • 14. À época, ainda acreditava-se que os fungos surgiam por geração espontânea, e que os fungos e seus esporos eram o resultado, e não a causa da doença.
  • 15.  1833: Franz Unger: teoria em que doenças seriam o resultado de distúrbios funcionais causados por desordens nutricionais, que predispunham os tecidos da planta a produzirem fungos, estes considerados excrescências que cresciam por geração espontânea. Sob determinadas condições ambientais, qualquer planta poderia produzir fungos.  Mérito ao avanço: relacionar doença com ambiente, ao lado de associação constante com fungos.  Micologistas: catalogação de fungos em associação com plantas doentes.  Descrição de importantes parasitas (Uredinales, Ustiginales, Erysiphales e outros)
  • 16.  1845: A requeima da batata dizimou campos da Irlanda e de outros países do norte europeu e teve grande impacto econômico e social, dando à fitopatologia relevância necessária para transformá-la em ciência autônoma.
  • 17.  Anton de Bary (1853) conseguiu provas científicas de que a doença era causada por um fungo, Phytopthora infestans, e isso teve grande significado, resultando no início de um novo período.
  • 18.   Teve início com a publicação do trabalho de Anton de Bary e Julius Jühn.  Anton de Bary (Alemanha 1861,1863) – Phytophthora infestans é causa da requeima da batata  Julius Kühn (Alemanha), 1858: “Nascimento” da Fitopatologia”, com a publicação de “Doenças das plantas cultivadas: causas e controle”. Período Etiológico
  • 19.  DeBary também mostrou (1886) que alguns fungos induzem ao apodrecimento de vegetais (Fig. 1-18) pela secreção de substâncias (enzimas) que se difundem em tecidos vegetais, com o avanço do patógeno.
  • 20.  Contemporaneidade do Período Etiológico  Concomitantemente, Louis Pasteur (França) destruía a teoria da geração espontânea (1860) e provava a origem bacteriana de doenças humanas e animais;  Teoria da Evolução de Darwin (1859) contrapunha-se à perpetuidade das espécies, proposta por Lineu, abrindo novos horizontes.  Robert Koch estabelece seus postulados em 1881: determinação exata dos patógenos.
  • 21. 1859: O Darwinismo é um conjunto de conceitos, estudos e teorias relacionados às ideias de transmutação de espécies, seleção natural ou da evolução do naturalista Charles Darwin. A característica mais marcante dessa doutrina, que a difere de todas as outras é que a evolução é uma forma de mudança feita pela população e não por um único indivíduo.
  • 22.  Postulados de Koch (1881): 1. Associação constante do patógeno-hospedeiro: o patógeno deve ser encontrado associado em todas as plantas doentes examinadas. 2. Isolamento do patógeno: o patógeno deve ser isolado e crescido em meio de cultura nutritivo e suas características descritas (parasitas não- obrigatórios) ou em planta hospedeira suscetível (parasitas obrigatórios) e sua aparência e sintomas registrados. 3. Inoculação do patógeno e reprodução dos sintomas: o patógeno vindo de uma cultura pura deve ser inoculado em plantas sadias de mesma espécie ou variedade na qual apareceu, e deve provocar a mesma doença nas plantas inoculadas. 4. Reisolamento do patógeno: o patógeno deve ser isolado novamente em cultura pura e suas características devem ser exatamente as mesmas observadas anteriormente.
  • 23.  É no período etiológico que a fitopatologia nasce como ciência!  Maior parte das doenças descritas neste período (oídios, míldios, ferrugens, carvões, estudados com detalhes).  Bacteriose sobre pereira (1876) ; caráter infeccioso das viroses (1886), hérnia das crucíferas, patologia florestal, entre outros.  1882: aparecimento do primeiro fungicida – calda bordalesa.  Tentativa excessiva de se provar a natureza parasitária das doenças.  P. Sorauer, 1874- diferenças de doenças parasitárias e de causas não parasitárias. Primeiro enfoque sobre a importância dos fatores ecológicos.
  • 24.   Após terem sido catalogadas as principais doenças/patógenos, se reconhece a importância vital do meio ambiente na manifestação da doença (climáticos, edáficos, nutricionais, estacionais, temperatura do solo, do ar, umidade, luz, nutrição, oxienação, fotoperiodismo.  Doenças de plantas passam a ser vistas como interação entre a planta, o meio e o patógeno. Período Ecológico
  • 25.  Desta época datam as primeiras pesquisas sobre resistência, predisposição a diferentes patógenos, genética e melhoramento vegetal;  Surgem os primeiros conceitos sobre variabilidade patogênica, forma speciales, raças fisiológicas, variedades, biótipos, etc., com os trabalhos conduzidos em função do meio;  1913: fungicidas mercuriais orgânicos para o tratamento de sementes;  1934: fungicidas orgânicos do grupo dos tiocarbamatos
  • 26.  Período Atual  Décadas de 40 e 50: fisiologia de fungos, fisiologia de plantas, progresso da doença em campo.  Toxinas, enzimas, cadeia de infecção.  Progresso da fisiologia, microbiologia, bioquímica, bioestatística, genética (biotecnologia) – melhor entendimento da interação entre planta e patógeno e sua resultante, a doença.  Abordagem fisiológica e epidemiológica.
  • 27.
  • 28. Humanidade faminta Produção vegetal e danos Epidemias famosas