2.
FITOPATOLOGIA:
Palavra de origem grega (phyton = planta ; pathos =
doença) e indica a ciência que estuda as doenças das
plantas em todos os seus aspectos, desde a diagnose
e sintomatologia, passando pela etiologia e
epidemiologia, até chegar no seu controle.
Conceitos
3. Com a agricultura, as doenças em plantas passaram a ser
observadas e, em muitos anos, sobretudo naqueles mais
úmidos, boa parte da cultura fora destruída, com alimentos
sendo insuficientes e matando pessoas e animais de fome.
Não é de estranhar, portanto, que as doenças
das plantas são mencionados em algumas das mais antigas
livros disponíveis (Homer, c. de 1000 aC; do Antigo
Testamento, c. 750 aC) e eram temidos tanto quanto doenças
humanas e de guerra.
As causas místicas, naquela época, eram tidas como
místicas, resultado do castigo divino
4. O Senhor os ferirá com doenças devastadoras, febre e inflamação com calor
abrasador e seca, com ferrugem e mofo… Deuteronômio 28:22 (Quinto livro
da Bíblia – escrito por Moisés)
"Muitas vezes castiguei os seus jardins e as suas vinhas, castiguei-os com
pragas e ferrugem. Gafanhotos devoraram as suas figueiras e as suas
oliveiras, e mesmo assim vocês não se voltaram para mim", declara o
Senhor. Amós 4:9 (Livro de Amós - profeta)
17 Eu destruí todo o trabalho das mãos de vocês, com mofo, ferrugem e
granizo, mas vocês não se voltaram para mim", declara o Senhor. Ageu 2:17
Muitas outras referências à doenças (ferrugens dos cereais, doenças
em videiras, olivais, figueirais e outras plantas que constituíam a
base da alimentação daquele povo na época.
5. Teofrasto (327-287 a.C.) – filósofo grego que dedicou seus estudos a
entender as origens e os meios de cura das doenças de plantas;
Gregos, assim como hebreus, atribuíam as doenças às influências
siderais e a desfavores dos deuses;
Tal atribuição era também feita pelos romanos, que instituíram a
Robigália, em que se sacrificava animais de coloração avermelhada,
como cães e vacas , com o objetivo de se obter clemência e proteção dos
deuses. Esta prática, que começou há mais de 3000 anos, era realizada na
data de 25 de abril, quando o trigo precisava da proteção de Deus contra
a ferrugem (no calendário cristão – dia das Rogações – abençoar as
plantações).
Idade Média – Século XII – árabes radicados na Espanha publicaram
livro sobre doenças de árvores frutíferas (figueira, oliveira, videira) e
herbáceas.
Séculos seguintes: avanços botânica e micologia (estudo de fungos).
7.
A história da
fitopatologia é dividida
em vários períodos
1. Período Místico
2. Período da Predisposição
3. Período Etiológico
4. Período Ecológico
5. Período Atual
8.
Remota antiguidade até início do século XIX;
Ausência de explicação racional – atribuição das doenças
de plantas à causas místicas;
Algumas referências condições climáticas para o
desenvolvimento de doenças;
Final do período místico: alguns botânicos apresentavam
descrições de doenças, sintomatologia; micologistas
chamavam atenção para associação entre planta doente e
fungo. Já havia a busca por controle, ainda que empírico.
Período Místico
9.
10.
11. PERÍODO MÍSTICO: teoria de geração espontânea e perpetuidade de
espécies proposto por Lineu.
1728: H.L. DuHame de Monceau – realizou o considerado 1º
experimento fitopatológico – inoculou, com sucesso, escleródios de
Rhizoctonia violacea em diversas espécies de plantas.
M. Tillet, 1755: considerava cárie do trigo como sendo causada por um
fungo, mas achava que o carvão teria alguma substância venenosa em
si.
Giovani Targioni Tozzetti: defendia que ferrugens e carvões eram
causados por fungos (1767).
Capa do trabalho de
M. Tillet, 1755.
Os dois últimos autores marcam o início
de um novo período...
12.
Período da Predisposição
Início do século XIX, com evidência da associação
entre fungos e doenças de plantas;
13. 1807 – Isaac-Bénédict Prévost prova que o fungo Tilletia
tritici era responsável pela cárie do trigo, confirma ideias de
Tillet. Mas suas teorias não foram estendidas para outras
doenças, sendo cárie do trigo considerada exceção.
14. À época, ainda acreditava-se que os fungos surgiam por
geração espontânea, e que os fungos e seus esporos eram
o resultado, e não a causa da doença.
15. 1833: Franz Unger: teoria em que doenças seriam o
resultado de distúrbios funcionais causados por desordens
nutricionais, que predispunham os tecidos da planta a
produzirem fungos, estes considerados excrescências que
cresciam por geração espontânea. Sob determinadas
condições ambientais, qualquer planta poderia produzir
fungos.
Mérito ao avanço: relacionar doença com ambiente, ao lado
de associação constante com fungos.
Micologistas: catalogação de fungos em associação com
plantas doentes.
Descrição de importantes parasitas (Uredinales, Ustiginales,
Erysiphales e outros)
16. 1845:
A requeima da
batata dizimou
campos da
Irlanda e de
outros países do
norte europeu e
teve grande
impacto
econômico e
social, dando à
fitopatologia
relevância
necessária para
transformá-la em
ciência
autônoma.
17. Anton de Bary (1853) conseguiu provas científicas de que a doença
era causada por um fungo, Phytopthora infestans, e isso teve grande
significado, resultando no início de um novo período.
18.
Teve início com a publicação do trabalho de Anton de
Bary e Julius Jühn.
Anton de Bary (Alemanha 1861,1863) –
Phytophthora infestans é causa da requeima
da batata
Julius Kühn (Alemanha), 1858: “Nascimento”
da Fitopatologia”, com a publicação de
“Doenças das plantas cultivadas:
causas e controle”.
Período Etiológico
19. DeBary também mostrou (1886) que alguns fungos induzem ao apodrecimento de
vegetais (Fig. 1-18) pela secreção de substâncias (enzimas) que se difundem em
tecidos vegetais, com o avanço do patógeno.
20.
Contemporaneidade do
Período Etiológico
Concomitantemente, Louis Pasteur
(França) destruía a teoria da geração
espontânea (1860) e provava a origem
bacteriana de doenças humanas e animais;
Teoria da Evolução de Darwin (1859)
contrapunha-se à perpetuidade das
espécies, proposta por Lineu, abrindo
novos horizontes.
Robert Koch estabelece seus postulados
em 1881: determinação exata dos
patógenos.
21. 1859: O Darwinismo é um conjunto de
conceitos, estudos e teorias relacionados às
ideias de transmutação de espécies, seleção
natural ou da evolução do naturalista Charles
Darwin. A característica mais marcante dessa
doutrina, que a difere de todas as outras é
que a evolução é uma forma de mudança
feita pela população e não por um único
indivíduo.
22. Postulados de Koch (1881):
1. Associação constante do patógeno-hospedeiro: o patógeno deve ser
encontrado associado em todas as plantas doentes examinadas.
2. Isolamento do patógeno: o patógeno deve ser isolado e crescido em
meio de cultura nutritivo e suas características descritas (parasitas não-
obrigatórios) ou em planta hospedeira suscetível (parasitas
obrigatórios) e sua aparência e sintomas registrados.
3. Inoculação do patógeno e reprodução dos sintomas: o patógeno vindo
de uma cultura pura deve ser inoculado em plantas sadias de mesma
espécie ou variedade na qual apareceu, e deve provocar a mesma
doença nas plantas inoculadas.
4. Reisolamento do patógeno: o patógeno deve ser isolado novamente em
cultura pura e suas características devem ser exatamente as mesmas
observadas anteriormente.
23.
É no período etiológico que a
fitopatologia nasce como ciência!
Maior parte das doenças descritas neste período (oídios, míldios,
ferrugens, carvões, estudados com detalhes).
Bacteriose sobre pereira (1876) ; caráter infeccioso das viroses (1886),
hérnia das crucíferas, patologia florestal, entre outros.
1882: aparecimento do primeiro fungicida – calda bordalesa.
Tentativa excessiva de se provar a natureza parasitária das doenças.
P. Sorauer, 1874- diferenças de doenças parasitárias e de causas não
parasitárias. Primeiro enfoque sobre a importância dos fatores
ecológicos.
24.
Após terem sido catalogadas as principais doenças/patógenos, se
reconhece a importância vital do meio ambiente na manifestação da
doença (climáticos, edáficos, nutricionais, estacionais, temperatura do solo,
do ar, umidade, luz, nutrição, oxienação, fotoperiodismo.
Doenças de plantas passam a ser vistas como interação entre a planta, o
meio e o patógeno.
Período Ecológico
25. Desta época datam as primeiras pesquisas sobre resistência,
predisposição a diferentes patógenos, genética e
melhoramento vegetal;
Surgem os primeiros conceitos sobre variabilidade
patogênica, forma speciales, raças fisiológicas, variedades,
biótipos, etc., com os trabalhos conduzidos em função do
meio;
1913: fungicidas mercuriais orgânicos para o tratamento de
sementes;
1934: fungicidas orgânicos do grupo dos tiocarbamatos
26.
Período Atual
Décadas de 40 e 50: fisiologia de fungos, fisiologia
de plantas, progresso da doença em campo.
Toxinas, enzimas, cadeia de infecção.
Progresso da fisiologia, microbiologia, bioquímica,
bioestatística, genética (biotecnologia) – melhor
entendimento da interação entre planta e patógeno e
sua resultante, a doença.
Abordagem fisiológica e epidemiológica.