O documento resume a alegoria da caverna de Platão. Os prisioneiros representam os seres humanos presos a crenças não examinadas criticamente. Libertar-se requer questionar ideias estabelecidas de forma gradual, um processo difícil devido à resistência interna e externa ao pensamento independente.
Orientação Técnico-Pedagógica EMBcae Nº 001, de 16 de abril de 2024
Alegoria da caverna
1. 1. Esta famosa alegoria fala – nos da condição da maioria dos seres humanos
no que respeita ao conhecimento e ao que julgam ser a verdadeira
realidade. A que estão presos os prisioneiros? De que não conseguem muitos
libertar – se?
R: Somos prisioneiros dos nossos hábitos, do que nos transmitiram através da
socialização. Temos a cabeça cheia de ideias ou de crenças que não nos damos
ao trabalho de examinar, de avaliar. Essa falta de pensamento crítico faz com
que tomemos por verdadeira uma crença sem nos perguntarmos se há boas
razões para a aceitar.
2. Estão lá dentro desde a infância, algemados de pernas e pescoços, de tal
maneira que só lhes é dado permanecer no mesmo lugar e olhar em frente; são
incapazes de voltar a cabeça, por causa dos grilhões. Alguém prendeu estes
prisioneiros? Porque lhes chama Platão estranhos prisioneiros? O que torna
os prisioneiros incapazes de “virar a cabeça”?
R: Na alegoria, os grilhões a que os prisioneiros estão presos representam o peso
das ideias feitas e recebidas sem análise racional, são grilhões que atrofiam o
pensamento. Os prisioneiros são estranhos porque são prisioneiros por livre
vontade, por comodismo. Ninguém os solta. Essa decisão é sua. Pensar diferente
dos outros é difícil porque detestamos ver postas em causa crenças a que
estamos agarrados há muito. Os preconceitos ou ideias feitas e não examinadas
tornam os prisioneiros incapazes de “voltar a cabeça”, de ver para além das
aparências.
3.Qual é o erro que os prisioneiros cometem?
R: Consideram que as sombras são a verdadeira realidade. Quer dizer, não
sabem que as sombras são sombras.
4. O que significa a imobilidade dos prisioneiros?
R: Os prisioneiros estão imóveis, passivos, porque consideram incontestáveis as
crenças dominantes, são dominados por estas.
5. A libertação do prisioneiro em relação às sombras da caverna é lenta e
progressiva? Por que razão tem de ser assim?
5. Ao pensamento não – livre, Platão opõe o pensamento livre. A libertação
comporta dor e muitas vezes preferimos algemas confortáveis a uma liberdade
difícil. Em geral, preferimos uma falsidade que nos torna felizes e
despreocupados a uma verdade que dói. Por isso, Platão propõe uma transição
gradual para a verdade.
6. A libertação do prisioneiro traduz um desejo de autonomia e de
independência: pensar criticamente acerca de crenças básicas que nos
foram transmitidas e aceites de forma acrítica. Tente ilustra essa atitude
com algumas questões filosóficas.
R: Ao perguntar «Será que Deus existe?», «Será que devemos obedecer a quem
nos governa?», «Será que há uma vida para além da morte?», «Será que é justo
pagar impostos ou ser enviado para uma guerra que acho injusta?», o filósofo
questiona as crenças estabelecidas.
7. Questionar as crenças estabelecidas é tarefa fácil e tranquila?
2. R: Não, segundo Platão. O filósofo ao questionar as crenças estabelecidas, pode
tornar – se incómodo e pode ser considerado herege, adversário do regime, um
perigoso despertador das consciências, um agitador. Mas não é só do lado dos
poderes instituídos que vem a incompreensão e a rejeição. Andamos tão
ocupados com as tarefas do dia-a-dia (assegurar o emprego, o sustento dos
filhos, boas notas para ir para a universidade ou passar o ano) que ficamos
aborrecidos quando alguém nos convida e tenta estimular para examinar
criticamente as crenças em que temos baseado as nossas vidas.
8. O filósofo regressado do mundo luminoso sem o qual nem sombras os
prisioneiros veriam, diz - lhes: «Trago – vos a luz e a verdade». Esta
afirmação é verdadeira? É essa a mensagem do texto?
R: Não. Seria trocar uma prisão por outra. O que o filósofo lhes diz é: “Façam
como eu, afastem os olhos do fundo da caverna. Saiam da caverna para verem
melhor o que está na caverna. Libertem – se das ideias estabelecidas,
distanciem – se delas e reflitam racionalmente para ver se elas são aceitáveis.
Pensem pela vossa cabeça. E nunca aceitem que uma crença é verdadeira só
porque a maioria pensa que é verdadeira. A maioria pode estar errada”. Ao
descer à caverna, o filósofo anuncia que a realidade não é o que os seus
habitantes pensam, que há um outro mundo lá fora. O que pretende ele com
isto? O que quer ele dizer aos seus companheiros? Quer dizer – lhes que não
devem transformar as ideias que receberam em hábitos mentais, que devem
tornar – se filósofos e perguntar: O que justifica essas crenças? Que razões
temos, se é que temos, para pensar que elas são verdadeiras? A mensagem
parece ser esta: «O vosso pensamento tem estado preso a crenças que nem se
deram ao trabalho de questionar, aceitaram – nas como se não houvesse
alternativa. Despertem, libertem – se porque não há uma só forma de pensar
sobre as coisas. Aceitem só as crenças que estão apoiadas em bons argumentos.
Deixem de ser conformistas, libertem – se de preconceitos. Não vivam à sombra
do pensamento dos outros, dos que querem que vocês não pensem ou que só
pensem como eles».