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Fertilidade e Fertilização do Solo
Colher amostras de terra, de folhas, de águas e planear a respetiva
frequência e oportunidade;
Elaborar um plano de fertilização;
Relacionar as características físicas, químicas e biológicas de um solo
com o desenvolvimento das plantas;
Referir as práticas fundamentais da fertilização no modo de produção
biológico e planear a sua aplicação;
Controlar um processo de compostagem;
Reconhecer a necessidade de utilização de um composto e determinar
as condições da sua aplicação;
Reconhecer as causas de erosão de um solo e ativar os meios para a
minimizar.
Objetivos específicos:
“As bases da Agricultura biológica”, 2009, Edibio
A base para a produção biológica é o solo, a sua fertilidade, o
ecossistema e respetiva biodiversidade, num compromisso entre o
ecologicamente possível e o economicamente viável.
O solo é a base da produção e é considerado como um sistema
vivo, com muitos organismos em interação com as plantas e com
as componentes física (argila, limo, areia) e química (nutrientes
solúveis no solo).
O solo, para além da cultura, tem de ser alimentado. Alimenta-se
o solo que alimentará a planta.
 Fertilidade do solo e nutrição vegetal em AB
 Conceitos básicos da fertilidade do solo em AB
O solo serve de suporte às plantas terrestres que nele
desenvolvem as suas raízes, e dele obtêm grande parte
dos elementos nutritivos de que necessitam.
Um solo fértil é aquele que é capaz de fornecer à planta
os nutrientes em quantidades e proporções adequadas ao
seu bom crescimento e desenvolvimento em consonância
com o clima.
 Então o que será um solo fértil?
Traduz-se na aptidão para proporcionar a uma cultura a expressão do seu
potencial produtivo. Esta exprime-se sob a forma:
(textura, estrutura, permeabilidade, etc.) – manifestando-se ao
nível da circulação da água e do ar, da capacidade de retenção da
água, da facilidade de penetração das raízes e da maior ou menor
resistência ao trabalho mecânico;
Física
(pH, nutrientes disponíveis, etc.) – manifestando-se ao nível da
disponibilidade de nutrientes, bem como da sua mobilidade no solo
e da absorção pelas raízes;
Química
(micro-organismos e outros seres vivos, raízes) –
manifestando-se ao nível da sua aptidão para decompor as
matérias orgânicas e para manter associações nutritivas
benéficas com a planta.
Biológica
 A importância da matéria orgânica
A matéria orgânica do solo é constituída
principalmente por húmus resultante da
decomposição de resíduos e fertilizantes de
origem animal e vegetal. Esses resíduos são
transformados pela ação dos organismos do
solo.
Parte mineraliza-se e transforma-se em nutrientes
solúveis (azoto, fósforo, potássio, cálcio e outros)
alimentando as plantas.
A parte restante sofre um processo de humificação e
transforma-se em húmus. É a parte estável da
matéria orgânica que também se mineraliza, mas
muito mais lentamente (cerca de 2% ao ano,
conforme as condições).
O húmus tem características de grande interesse
para a produção agrícola. Influencia a fertilidade do
solo e as suas características físicas, químicas e
biológicas.
a) Cor e aquecimento (+ húmus > cor escura > aquecimento > absorção radiação solar)
 Influência do húmus sobre as propriedades físicas:
b) Coesão (+ ligeiros os argilosos e pesados “dá corpo” aos arenosos)
c) Estabilidade estrutural (torna os agregados mais estáveis em relação à ação
destrutiva da chuva, vento e outros agentes)
d) Permeabilidade (> permeabilidade do solo à agua e ao ar, pelo aumento da porosidade
e da atividade da fauna do solo, minhocas)
e) Retenção de água (o húmus retém cerca de 15 x o seu peso em água + que a argila,
seca e humedece mais devagar, contribuindo para a estabilidade e resistência à chuva)
a) O pH (o húmus tem poder tampão, i.e., evita grandes variações de pH, o que é vantajoso
para as culturas)
 Influência do húmus sobre as propriedades químicas:
b) A capacidade de troca catiónica (a capacidade de retenção e troca de elementos
de carga positiva [K, Ca, Mg, Na, Amónio] entre o solo e a planta é aumentada pelo
húmus, em 5 x mais que as argilas)
c) Teor de nutrientes (a matéria orgânica acumula grandes quantidades de nutrientes,
principalmente N e P)
a) Aumento da atividade biológica (a matéria orgânica é alimento para os organismos
do solo; um solo biologicamente ativo tem grande quantidade de vitaminas (B6 e B12),
fatores naturais de crescimento (auxinas, giberelinas) e até antibióticos (penicilina,
terramicina)
 Influência sobre as propriedades biológicas:
b) Regulação do estado óxido-redutor do solo (quando o oxigénio falta, o
húmus facilita a respiração da raiz (propriedades físicas))
c) Aumento das trocas gasosas (2 gases têm grande importância, o Oxigénio –
condiciona a respiração das raízes e organismos do solo; e o CO2 – resultante da atividade
respiratória desses organismos, também necessário a outros organismos do solo)
d) Aumento da produção de CO2 (a produção deste gás no solo acidifica-o,
favorecendo a solubilização de alguns compostos pouco solúveis, aumentando a sua
absorção pelas plantas)
Fonte:
Manual de Agricultura
biológica, AGROBIO,
pág 44
 Atividade biológica
O solo é “habitado” por uma enorme variedade de organismos,
possuindo uma importância fundamental na sua fertilidade, na
nutrição das plantas e na prevenção de pragas e doenças.
Um solo fértil é um mundo vivo com milhões de organismos,
numa quantidade que pode chegar a várias toneladas por
hectare.
Um hectare de solo pode conter, em termos médios, entre 2,5 a
5 toneladas de seres vivos, sendo os fungos, as bactérias e
também as minhocas as maiores frações.
As bases da Agricultura Biológica, 2009, Edibio
Fração de matéria orgânica de um solo
Humus
85.0%
SERES VIVOS
5.0%
M.O.frescas+Transitori
10.0%
exemplo: solo de um prado
Fonte: “ As bases da Agricultura
Biológica ”, 2009, Edibio
Fração de seres vivos de um solo
Constituintes Fungos+Algas
40.0%
Bacterias
40.0% Minhocas
12.0%
Microfauna
3.0%
Macrofauna
5.0%
Fonte: “ As bases da Agricultura
Biológica ”, 2009, Edibio
A biomassa dos seres vivos do solo depende de:
 presença de matéria orgânica
 humidade
 arejamento, pH, temperatura,...
 tipo de solo
 salinidade
 nível de substâncias poluentes
 etc.
Fração de seres vivos de um solo
- BACTÉRIAS autotróficas
 Nitrosomonas, Nitrosococcus, Nitrobacter, ...
(aeróbias), Bacillus, ...
- BACTÉRIAS semi-autotróficas
 Azotobacter (aeróbia), Clostridium (anaeróbia),
Rhizobium (simbionte), ...
- BACTÉRIAS heterotróficas
 a maioria (decompõem, humificam, mineralizam, …)
“FAUNA” de um solo – reino MONERA
CIANOFÍCEAS
 Algas azuis, quase todas fotossintéticas, capazes de colonizar
áreas nuas de rocha e solo
 Muitas fixam N (ex.: Anabaena ) e outras são
mais conhecidas: Nostoc, Oscillatoria, ...
“FLORA” de um solo – reino MONERA
ACTINOMYCETES
 corpo unicelular como as bactérias e aspeto ramificado dos
fungos
• atacam a lenhina e o húmus (Nocardia, Streptomyces, ...)
• alguns são simbiontes (Frankia, fixador de N nas raízes
de amieiros)
“FLORA” de um solo – reino MONERA
FUNGOS
• todos heterotróficos, talvez os mais importantes
decompositores
• libertam enzimas específicas na degradação de
matéria orgânica pouco degradáveis
- lenhinas, celuloses, ...
• excretam metabolitos importantes
• simbiontes com raízes de plantas: micorrizas
“FLORA” de um solo – reino FUNGI
PROTOZOÁRIOS
• seleção reguladora na composição da flora
microbiana (bactérias)
-flagelados com clorofila (Euglena)
-rizópodes (Amiba)
- ciliados (Paramécia)
“FAUNA” de um solo – reino PROTISTA
- filo Rotifera – ROTÍFEROS
animáculos microscópicos, com coroa de cílios no cimo
- filo Nematoda – NEMÁTODOS
espécies detritívoras, predadores e parasitas
“FAUNA” de um solo – reino ANIMALIA
filo Rotifera – ROTÍFEROS
“FAUNA” de um solo – reino ANIMALIA
filo Nematoda – NEMÁTODOS
“FAUNA” de um solo – reino ANIMALIA
filo arthropoda – ARTRÓPODES
CLASSE ARACHNIDA : Ácaros, falsos escorpiões, ...
CLASSE INSECTA : larvas de dípteros, lepismas,
colembola, formigas, coleópteros...
CLASSE DIPLOPODA : milípedes
CLASSE CRUSTACEA : isópodes
CLASSE CHILOPODA : centípedes
“FAUNA” de um solo – reino ANIMALIA
filo arthropoda – ARTRÓPODES
CLASSE DIPLOPODA : milípedes
“FAUNA” de um solo – reino ANIMALIA
filo arthropoda – ARTRÓPODES
CLASSE CRUSTACEA : isópodes
“FAUNA” de um solo – reino ANIMALIA
filo arthropoda – ARTRÓPODES
CLASSE CHILOPODA : centípedes
“FAUNA” de um solo – reino ANIMALIA
- filo mollusca – MOLUSCOS
CLASSE GASTROPODA : caracóis, lesmas, …
- filo annelida – ANELÍDEOS
CLASSE OLIGOCHAETA : minhocas
“FAUNA” de um solo – reino ANIMALIA
MICROFLORA DE DECOMPOSIÇÃO
camada de matéria orgânica fresca junto à superfície do
solo

FAUNA 
fragmentos
 FUNGOS,
 ACTINOMICETES,
 BACTÉRIAS

decomposição intensa
TRABALHO DA MICROFLORA
MICROFLORA DE DECOMPOSIÇÃO
 inibe as raízes e a germinação de sementes
 solo subjacente enriquece em partículas orgânicas e
em micróbios  adquire estrutura
IMPLICAÇÕES PRÁTICAS
► não semear ou colocar as raízes junto com M.O.
Frescas
TRABALHO DA MICROFLORA
MICROFLORA DE ASSIMILAÇÃO
-RIZOSFERA  microrganismos concentrados em
torno das raízes
-Bactérias (principalmente): Pseudomonas,
Arthrobacter, Bacillus, …
também fungos e actinomicetes
Os micróbios do solo são intermediários quase obrigatórios
entre as matérias orgânicas e minerais do solo e a
planta.
TRABALHO DA MICROFLORA
MICROFLORA DE ASSIMILAÇÃO
TRABALHO DA MICROFLORA
TRABALHO DA MICROFLORA
Filo ANNELIDA - classe OLIGOCHAETA
3 grupos segundo a sua especialização ecológica:
► EPÍGEAS
► ANÉCICAS
► ENDÓGEAS
MINHOCAS
-EPÍGEAS  vivem junto à superfície, pouco musculadas,
muito móveis, mais adaptadas aos substratos em
decomposição (composto de minhoca) ex.: Eisenia
fetida (minhoca do estrume), Lumbricus sp
-ANÉCICAS  fossadoras musculadas; migração profunda;
temem a luz e a secura
ex: Eophila gigas
-ENDÓGEAS  fossadoras musculadas no interior do solo,
geófagas
MINHOCAS
HÁBITOS DE VIDA
► fragmentam e alimentam-se de M.O que transportam
em profundidade
► mastigam M.O e a terra que ingerem e cimentam-nas
em dejetos
 agregados muito estáveis
► dejeções muito mais ricas em K, P e Mg assimiláveis
 ataque a minerais e M.O pelas enzimas
digestivas
MINHOCAS
HÁBITOS DE VIDA
► cavam redes de galerias (4.000 Km/ha)
 circulação de ar e água
► “em 10 anos toda a camada humífera de um prado
passa pelo tubo digestivo das minhocas”
CONDIÇÕES FAVORÁVEIS
 pH próx. neutralidade  humidade moderada
 oxigénio  detritos vegetais
 presença de Ca (essencial ao funcionamento
das glândulas)
MINHOCAS
 Processos de avaliação do estado de fertilidade do solo
A avaliação pode ser feita através de vários processos:
o Observação visual da cultura (sintomas de carências, …)
o Observação do solo, exterior e interior (perfil cultural) (camadas,
compactação, circulação de água, coloração, pedregosidade,
revestimento do solo, …)
o Análise de terra (As análises de terra (físicas, químicas e biológicas)
permitem conhecer melhor o solo, a sua capacidade produtiva, e
ainda realizar uma fertilização mais correta, sem excessos ou faltas)
o Análise de folhas e frutos (podem existir determinados nutrientes no
solo (revelados pela análise de terra), que não estejam a ser
absorvidos pela planta, torna-se portanto necessário recorrer às
análise foliares, como complemento das de terra, pois estas
permitem-nos detetar com maior precisão eventuais carências
nutricionais).
o pH, MO, P2O5 e K2O
 Processos de avaliação do estado de fertilidade do solo
 Catiões de troca: Ca2+, Mg2+, K+ e Na+
 Metais pesados: Cu, Zn, Cd, Cr, Pb e Ni
 Plantas indicadoras da fertilidade do solo (ervas
“infestantes” ou “daninhas”)
 Processos de avaliação do estado de fertilidade do solo
Em agricultura biológica recomenda-se, entre outras, a
utilização da análise da composição florística.
Uma espécie de planta será indicadora da área imediata onde
vive. A abundância e o porte de certas espécies, podem
igualmente ser indicadores.
 Processos de avaliação do estado de fertilidade do solo
- No terreno onde vegeta o dente-de-leão, Taraxacacum officinale,
o solo é suficientemente bom para a maioria dos legumes.
- O taráxaco transporta os minerais, (cálcio) desde o níveis mais
profundos do solo para a superfície.
- O saramago, Raphanaus raphanistrum, transporta os minerais,
(potássio) para a superfície.
- Tradicionalmente, em Trás-os-Montes, os agricultores utilizavam
as giestas para selecionar os terrenos destinados à oliveira (giesta-
amarela, Cytisus striatus, desenvolve-se em terrenos mais
profundos e ricos);
Para a amendoeira utilizavam a giesta-branca, Cytisus multiflorus,
que se desenvolve em terrenos mais delgados e pobres.
 Processos de avaliação do estado de fertilidade do solo
• No quadro seguinte indicam-se algumas plantas
que podem ser encontradas em diferentes tipos
de solo. De referir que algumas não são
exclusivas do tipo de solo indicado, contudo
têm preferência por esse.
Fonte: “ As bases da Agricultura Biológica ”, 2009, Edibio
Fonte: “ As bases da Agricultura Biológica ”, 2009, Edibio
 A erosão do solo e as medidas para o seu controlo
O solo é uma fina camada à superfície da Terra que demora
milhares de anos a formar-se.
É um recurso não renovável a curto e médio prazo e, mesmo a
longo prazo, situações há em que muito dificilmente voltará a haver
solo – caso dos desertos que já foram terra fértil.
A taxa média de formação de solo é de 1 cm por um período de
100 a 400 anos. A tais taxas são necessários 3000 a 12000 anos
para formar solo suficiente para um terreno produtivo (Daily, 1995).
Erosão do solo
Na Europa os principais problemas de degradação do solo decorrem da
impermeabilização, erosão, contaminação, salinização, compactação,
perda de matéria orgânica e perda de vida.
Estima-se que 12 % da área do continente europeu se encontre afetada
pela erosão hídrica e 4% pela erosão eólica (oldeman et al., cit. Raposo,
2006).
Em França, cerca de 60% dos solos agrícolas estão ameaçados de
erosão com perdas médias anuais de 40 ton/ha (cultura da beterraba
sacarina).
Em Espanha, a situação não é melhor. A Andaluzia é a região mais
afetada, olival com perdas na ordem de 80 ton/há (Pastor et al., 1997).
Segundo Laguna (cit. Pastor et al., 1999), na província de Córdoba, as
perdas anuais de solo estão compreendidas entre 60 e 105 ton/ha.
A erosão é agravada pela atividade agrícola, como consequência da
aplicação de práticas culturais incorretas, algumas das quais se
enumeram a seguir:
- Rotações culturais desajustadas às características do solo e/ou do
clima, inexistência de rotações ou permanência do solo nu durante a
época das chuvas. Esta situação é mais grave nos sistemas de
monocultura intensiva;
- Excesso de mobilização do solo - operações demasiado frequentes
ou utilização de equipamentos que pulverizam excessivamente o
solo e não deixam resíduos da cultura anterior na superfície;
- Mobilização do solo segundo a linha de maior declive em terrenos
declivosos;
- Execução de operações culturais quando o solo apresenta
condições de humidade inadequadas;
Deve ainda aqui fazer-se referência ao contributo que os fogos
florestais, nas últimas décadas, têm dado para o aumento dessa
área erodida.
- Instalação “ao alto” de pomares, olivais ou vinhas em terrenos de
declive acentuado, sem proteção do solo durante a época das
chuvas;
- Uso de métodos de rega inadequados às condições do terreno e
má gestão da água, sobretudo em parcelas onduladas;
- Deficiente distribuição das culturas pelas diferentes parcelas da
exploração agrícola.
- A conversão de solos florestais, pobres e declivosos sem aptidão
para a agricultura, em solos agrícolas.
Conservação do solo
A conservação dos solos agrícolas depende, em primeiro lugar, dos
agricultores. As principais causas de erosão têm a ver com as práticas
agrícolas. HÁ QUE MUDÁ-LAS.
As principais medidas de defesa do solo, que podem ser de natureza
biológica (principalmente as práticas agrícolas) e mecânicas, são
referidas de seguida.
E devem ser postas em práticas principalmente nos períodos de maior
risco de erosão hídrica, entre OUTUBRO e MARÇO.
 A erosão do solo e as medidas para o seu controlo
Medidas de natureza biológica:
- Distribuição das culturas e cobertura vegetal do solo
- Culturas em contorno (em curvas de nível)
- Cultivo em faixas
- Barreiras vivas ou sebes (faixas de contenção)
Medidas de natureza biológica (cont.):
- Rotação de culturas
- Coberto vegetal (espontâneo, temporário e permanente)
- Controlo do coberto vegetal (corte ou pastoreio)
Medidas de natureza mecânica:
- Canais de desvio
- Valas de escoamento
- Valados
- Muretes e pequenas barragens
- Proteção dos cursos de água
Medidas de natureza mecânica (cont.):
- Socalcos (patamares)
- Racionalizar a mobilização do solo
- Adaptar as técnicas de regadio
- Evitar a compactação do solo
Outras medidas
- Cuidados especiais no cultivo de terrenos declivosos
Distribuição cultural
“Pode parecer uma surpresa para o homem moderno que a
vida humana dependa para a sua existência de menos de
um metro de uma mistura de detritos orgânicos e
inorgânicos.”
“Contudo assim é!”
(…)
“O solo é o mais precioso recurso natural no mundo. No
entanto, não valorizado como devia ser. O ouro, petróleo,
os minerais e as pedras preciosas atingem preços tais que
nos levam a tratar o solo como mero lixo!”
Edouard Saouma
Director Geral da FAO

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II. fertilidade moodle

  • 2. Colher amostras de terra, de folhas, de águas e planear a respetiva frequência e oportunidade; Elaborar um plano de fertilização; Relacionar as características físicas, químicas e biológicas de um solo com o desenvolvimento das plantas; Referir as práticas fundamentais da fertilização no modo de produção biológico e planear a sua aplicação; Controlar um processo de compostagem; Reconhecer a necessidade de utilização de um composto e determinar as condições da sua aplicação; Reconhecer as causas de erosão de um solo e ativar os meios para a minimizar. Objetivos específicos:
  • 3. “As bases da Agricultura biológica”, 2009, Edibio A base para a produção biológica é o solo, a sua fertilidade, o ecossistema e respetiva biodiversidade, num compromisso entre o ecologicamente possível e o economicamente viável. O solo é a base da produção e é considerado como um sistema vivo, com muitos organismos em interação com as plantas e com as componentes física (argila, limo, areia) e química (nutrientes solúveis no solo). O solo, para além da cultura, tem de ser alimentado. Alimenta-se o solo que alimentará a planta.  Fertilidade do solo e nutrição vegetal em AB
  • 4.  Conceitos básicos da fertilidade do solo em AB O solo serve de suporte às plantas terrestres que nele desenvolvem as suas raízes, e dele obtêm grande parte dos elementos nutritivos de que necessitam. Um solo fértil é aquele que é capaz de fornecer à planta os nutrientes em quantidades e proporções adequadas ao seu bom crescimento e desenvolvimento em consonância com o clima.  Então o que será um solo fértil?
  • 5. Traduz-se na aptidão para proporcionar a uma cultura a expressão do seu potencial produtivo. Esta exprime-se sob a forma: (textura, estrutura, permeabilidade, etc.) – manifestando-se ao nível da circulação da água e do ar, da capacidade de retenção da água, da facilidade de penetração das raízes e da maior ou menor resistência ao trabalho mecânico; Física (pH, nutrientes disponíveis, etc.) – manifestando-se ao nível da disponibilidade de nutrientes, bem como da sua mobilidade no solo e da absorção pelas raízes; Química
  • 6. (micro-organismos e outros seres vivos, raízes) – manifestando-se ao nível da sua aptidão para decompor as matérias orgânicas e para manter associações nutritivas benéficas com a planta. Biológica
  • 7.  A importância da matéria orgânica A matéria orgânica do solo é constituída principalmente por húmus resultante da decomposição de resíduos e fertilizantes de origem animal e vegetal. Esses resíduos são transformados pela ação dos organismos do solo.
  • 8. Parte mineraliza-se e transforma-se em nutrientes solúveis (azoto, fósforo, potássio, cálcio e outros) alimentando as plantas. A parte restante sofre um processo de humificação e transforma-se em húmus. É a parte estável da matéria orgânica que também se mineraliza, mas muito mais lentamente (cerca de 2% ao ano, conforme as condições).
  • 9. O húmus tem características de grande interesse para a produção agrícola. Influencia a fertilidade do solo e as suas características físicas, químicas e biológicas.
  • 10. a) Cor e aquecimento (+ húmus > cor escura > aquecimento > absorção radiação solar)  Influência do húmus sobre as propriedades físicas: b) Coesão (+ ligeiros os argilosos e pesados “dá corpo” aos arenosos) c) Estabilidade estrutural (torna os agregados mais estáveis em relação à ação destrutiva da chuva, vento e outros agentes) d) Permeabilidade (> permeabilidade do solo à agua e ao ar, pelo aumento da porosidade e da atividade da fauna do solo, minhocas) e) Retenção de água (o húmus retém cerca de 15 x o seu peso em água + que a argila, seca e humedece mais devagar, contribuindo para a estabilidade e resistência à chuva)
  • 11. a) O pH (o húmus tem poder tampão, i.e., evita grandes variações de pH, o que é vantajoso para as culturas)  Influência do húmus sobre as propriedades químicas: b) A capacidade de troca catiónica (a capacidade de retenção e troca de elementos de carga positiva [K, Ca, Mg, Na, Amónio] entre o solo e a planta é aumentada pelo húmus, em 5 x mais que as argilas) c) Teor de nutrientes (a matéria orgânica acumula grandes quantidades de nutrientes, principalmente N e P)
  • 12. a) Aumento da atividade biológica (a matéria orgânica é alimento para os organismos do solo; um solo biologicamente ativo tem grande quantidade de vitaminas (B6 e B12), fatores naturais de crescimento (auxinas, giberelinas) e até antibióticos (penicilina, terramicina)  Influência sobre as propriedades biológicas: b) Regulação do estado óxido-redutor do solo (quando o oxigénio falta, o húmus facilita a respiração da raiz (propriedades físicas)) c) Aumento das trocas gasosas (2 gases têm grande importância, o Oxigénio – condiciona a respiração das raízes e organismos do solo; e o CO2 – resultante da atividade respiratória desses organismos, também necessário a outros organismos do solo) d) Aumento da produção de CO2 (a produção deste gás no solo acidifica-o, favorecendo a solubilização de alguns compostos pouco solúveis, aumentando a sua absorção pelas plantas)
  • 14.  Atividade biológica O solo é “habitado” por uma enorme variedade de organismos, possuindo uma importância fundamental na sua fertilidade, na nutrição das plantas e na prevenção de pragas e doenças. Um solo fértil é um mundo vivo com milhões de organismos, numa quantidade que pode chegar a várias toneladas por hectare. Um hectare de solo pode conter, em termos médios, entre 2,5 a 5 toneladas de seres vivos, sendo os fungos, as bactérias e também as minhocas as maiores frações. As bases da Agricultura Biológica, 2009, Edibio
  • 15. Fração de matéria orgânica de um solo Humus 85.0% SERES VIVOS 5.0% M.O.frescas+Transitori 10.0% exemplo: solo de um prado Fonte: “ As bases da Agricultura Biológica ”, 2009, Edibio
  • 16. Fração de seres vivos de um solo Constituintes Fungos+Algas 40.0% Bacterias 40.0% Minhocas 12.0% Microfauna 3.0% Macrofauna 5.0% Fonte: “ As bases da Agricultura Biológica ”, 2009, Edibio
  • 17. A biomassa dos seres vivos do solo depende de:  presença de matéria orgânica  humidade  arejamento, pH, temperatura,...  tipo de solo  salinidade  nível de substâncias poluentes  etc. Fração de seres vivos de um solo
  • 18. - BACTÉRIAS autotróficas  Nitrosomonas, Nitrosococcus, Nitrobacter, ... (aeróbias), Bacillus, ... - BACTÉRIAS semi-autotróficas  Azotobacter (aeróbia), Clostridium (anaeróbia), Rhizobium (simbionte), ... - BACTÉRIAS heterotróficas  a maioria (decompõem, humificam, mineralizam, …) “FAUNA” de um solo – reino MONERA
  • 19. CIANOFÍCEAS  Algas azuis, quase todas fotossintéticas, capazes de colonizar áreas nuas de rocha e solo  Muitas fixam N (ex.: Anabaena ) e outras são mais conhecidas: Nostoc, Oscillatoria, ... “FLORA” de um solo – reino MONERA
  • 20. ACTINOMYCETES  corpo unicelular como as bactérias e aspeto ramificado dos fungos • atacam a lenhina e o húmus (Nocardia, Streptomyces, ...) • alguns são simbiontes (Frankia, fixador de N nas raízes de amieiros) “FLORA” de um solo – reino MONERA
  • 21. FUNGOS • todos heterotróficos, talvez os mais importantes decompositores • libertam enzimas específicas na degradação de matéria orgânica pouco degradáveis - lenhinas, celuloses, ... • excretam metabolitos importantes • simbiontes com raízes de plantas: micorrizas “FLORA” de um solo – reino FUNGI
  • 22. PROTOZOÁRIOS • seleção reguladora na composição da flora microbiana (bactérias) -flagelados com clorofila (Euglena) -rizópodes (Amiba) - ciliados (Paramécia) “FAUNA” de um solo – reino PROTISTA
  • 23. - filo Rotifera – ROTÍFEROS animáculos microscópicos, com coroa de cílios no cimo - filo Nematoda – NEMÁTODOS espécies detritívoras, predadores e parasitas “FAUNA” de um solo – reino ANIMALIA
  • 24. filo Rotifera – ROTÍFEROS “FAUNA” de um solo – reino ANIMALIA
  • 25. filo Nematoda – NEMÁTODOS “FAUNA” de um solo – reino ANIMALIA
  • 26. filo arthropoda – ARTRÓPODES CLASSE ARACHNIDA : Ácaros, falsos escorpiões, ... CLASSE INSECTA : larvas de dípteros, lepismas, colembola, formigas, coleópteros... CLASSE DIPLOPODA : milípedes CLASSE CRUSTACEA : isópodes CLASSE CHILOPODA : centípedes “FAUNA” de um solo – reino ANIMALIA
  • 27. filo arthropoda – ARTRÓPODES CLASSE DIPLOPODA : milípedes “FAUNA” de um solo – reino ANIMALIA
  • 28. filo arthropoda – ARTRÓPODES CLASSE CRUSTACEA : isópodes “FAUNA” de um solo – reino ANIMALIA
  • 29. filo arthropoda – ARTRÓPODES CLASSE CHILOPODA : centípedes “FAUNA” de um solo – reino ANIMALIA
  • 30. - filo mollusca – MOLUSCOS CLASSE GASTROPODA : caracóis, lesmas, … - filo annelida – ANELÍDEOS CLASSE OLIGOCHAETA : minhocas “FAUNA” de um solo – reino ANIMALIA
  • 31. MICROFLORA DE DECOMPOSIÇÃO camada de matéria orgânica fresca junto à superfície do solo  FAUNA  fragmentos  FUNGOS,  ACTINOMICETES,  BACTÉRIAS  decomposição intensa TRABALHO DA MICROFLORA
  • 32. MICROFLORA DE DECOMPOSIÇÃO  inibe as raízes e a germinação de sementes  solo subjacente enriquece em partículas orgânicas e em micróbios  adquire estrutura IMPLICAÇÕES PRÁTICAS ► não semear ou colocar as raízes junto com M.O. Frescas TRABALHO DA MICROFLORA
  • 33. MICROFLORA DE ASSIMILAÇÃO -RIZOSFERA  microrganismos concentrados em torno das raízes -Bactérias (principalmente): Pseudomonas, Arthrobacter, Bacillus, … também fungos e actinomicetes Os micróbios do solo são intermediários quase obrigatórios entre as matérias orgânicas e minerais do solo e a planta. TRABALHO DA MICROFLORA
  • 36. Filo ANNELIDA - classe OLIGOCHAETA 3 grupos segundo a sua especialização ecológica: ► EPÍGEAS ► ANÉCICAS ► ENDÓGEAS MINHOCAS
  • 37. -EPÍGEAS  vivem junto à superfície, pouco musculadas, muito móveis, mais adaptadas aos substratos em decomposição (composto de minhoca) ex.: Eisenia fetida (minhoca do estrume), Lumbricus sp -ANÉCICAS  fossadoras musculadas; migração profunda; temem a luz e a secura ex: Eophila gigas -ENDÓGEAS  fossadoras musculadas no interior do solo, geófagas MINHOCAS
  • 38. HÁBITOS DE VIDA ► fragmentam e alimentam-se de M.O que transportam em profundidade ► mastigam M.O e a terra que ingerem e cimentam-nas em dejetos  agregados muito estáveis ► dejeções muito mais ricas em K, P e Mg assimiláveis  ataque a minerais e M.O pelas enzimas digestivas MINHOCAS
  • 39. HÁBITOS DE VIDA ► cavam redes de galerias (4.000 Km/ha)  circulação de ar e água ► “em 10 anos toda a camada humífera de um prado passa pelo tubo digestivo das minhocas” CONDIÇÕES FAVORÁVEIS  pH próx. neutralidade  humidade moderada  oxigénio  detritos vegetais  presença de Ca (essencial ao funcionamento das glândulas) MINHOCAS
  • 40.  Processos de avaliação do estado de fertilidade do solo A avaliação pode ser feita através de vários processos: o Observação visual da cultura (sintomas de carências, …) o Observação do solo, exterior e interior (perfil cultural) (camadas, compactação, circulação de água, coloração, pedregosidade, revestimento do solo, …) o Análise de terra (As análises de terra (físicas, químicas e biológicas) permitem conhecer melhor o solo, a sua capacidade produtiva, e ainda realizar uma fertilização mais correta, sem excessos ou faltas) o Análise de folhas e frutos (podem existir determinados nutrientes no solo (revelados pela análise de terra), que não estejam a ser absorvidos pela planta, torna-se portanto necessário recorrer às análise foliares, como complemento das de terra, pois estas permitem-nos detetar com maior precisão eventuais carências nutricionais). o pH, MO, P2O5 e K2O
  • 41.  Processos de avaliação do estado de fertilidade do solo
  • 42.  Catiões de troca: Ca2+, Mg2+, K+ e Na+  Metais pesados: Cu, Zn, Cd, Cr, Pb e Ni  Plantas indicadoras da fertilidade do solo (ervas “infestantes” ou “daninhas”)  Processos de avaliação do estado de fertilidade do solo
  • 43. Em agricultura biológica recomenda-se, entre outras, a utilização da análise da composição florística. Uma espécie de planta será indicadora da área imediata onde vive. A abundância e o porte de certas espécies, podem igualmente ser indicadores.  Processos de avaliação do estado de fertilidade do solo
  • 44. - No terreno onde vegeta o dente-de-leão, Taraxacacum officinale, o solo é suficientemente bom para a maioria dos legumes. - O taráxaco transporta os minerais, (cálcio) desde o níveis mais profundos do solo para a superfície. - O saramago, Raphanaus raphanistrum, transporta os minerais, (potássio) para a superfície.
  • 45. - Tradicionalmente, em Trás-os-Montes, os agricultores utilizavam as giestas para selecionar os terrenos destinados à oliveira (giesta- amarela, Cytisus striatus, desenvolve-se em terrenos mais profundos e ricos); Para a amendoeira utilizavam a giesta-branca, Cytisus multiflorus, que se desenvolve em terrenos mais delgados e pobres.
  • 46.  Processos de avaliação do estado de fertilidade do solo • No quadro seguinte indicam-se algumas plantas que podem ser encontradas em diferentes tipos de solo. De referir que algumas não são exclusivas do tipo de solo indicado, contudo têm preferência por esse.
  • 47. Fonte: “ As bases da Agricultura Biológica ”, 2009, Edibio
  • 48. Fonte: “ As bases da Agricultura Biológica ”, 2009, Edibio
  • 49.  A erosão do solo e as medidas para o seu controlo O solo é uma fina camada à superfície da Terra que demora milhares de anos a formar-se. É um recurso não renovável a curto e médio prazo e, mesmo a longo prazo, situações há em que muito dificilmente voltará a haver solo – caso dos desertos que já foram terra fértil. A taxa média de formação de solo é de 1 cm por um período de 100 a 400 anos. A tais taxas são necessários 3000 a 12000 anos para formar solo suficiente para um terreno produtivo (Daily, 1995). Erosão do solo
  • 50. Na Europa os principais problemas de degradação do solo decorrem da impermeabilização, erosão, contaminação, salinização, compactação, perda de matéria orgânica e perda de vida. Estima-se que 12 % da área do continente europeu se encontre afetada pela erosão hídrica e 4% pela erosão eólica (oldeman et al., cit. Raposo, 2006). Em França, cerca de 60% dos solos agrícolas estão ameaçados de erosão com perdas médias anuais de 40 ton/ha (cultura da beterraba sacarina). Em Espanha, a situação não é melhor. A Andaluzia é a região mais afetada, olival com perdas na ordem de 80 ton/há (Pastor et al., 1997). Segundo Laguna (cit. Pastor et al., 1999), na província de Córdoba, as perdas anuais de solo estão compreendidas entre 60 e 105 ton/ha.
  • 51.
  • 52. A erosão é agravada pela atividade agrícola, como consequência da aplicação de práticas culturais incorretas, algumas das quais se enumeram a seguir: - Rotações culturais desajustadas às características do solo e/ou do clima, inexistência de rotações ou permanência do solo nu durante a época das chuvas. Esta situação é mais grave nos sistemas de monocultura intensiva; - Excesso de mobilização do solo - operações demasiado frequentes ou utilização de equipamentos que pulverizam excessivamente o solo e não deixam resíduos da cultura anterior na superfície; - Mobilização do solo segundo a linha de maior declive em terrenos declivosos; - Execução de operações culturais quando o solo apresenta condições de humidade inadequadas;
  • 53.
  • 54. Deve ainda aqui fazer-se referência ao contributo que os fogos florestais, nas últimas décadas, têm dado para o aumento dessa área erodida. - Instalação “ao alto” de pomares, olivais ou vinhas em terrenos de declive acentuado, sem proteção do solo durante a época das chuvas; - Uso de métodos de rega inadequados às condições do terreno e má gestão da água, sobretudo em parcelas onduladas; - Deficiente distribuição das culturas pelas diferentes parcelas da exploração agrícola. - A conversão de solos florestais, pobres e declivosos sem aptidão para a agricultura, em solos agrícolas.
  • 55.
  • 56. Conservação do solo A conservação dos solos agrícolas depende, em primeiro lugar, dos agricultores. As principais causas de erosão têm a ver com as práticas agrícolas. HÁ QUE MUDÁ-LAS. As principais medidas de defesa do solo, que podem ser de natureza biológica (principalmente as práticas agrícolas) e mecânicas, são referidas de seguida. E devem ser postas em práticas principalmente nos períodos de maior risco de erosão hídrica, entre OUTUBRO e MARÇO.  A erosão do solo e as medidas para o seu controlo
  • 57.
  • 58. Medidas de natureza biológica: - Distribuição das culturas e cobertura vegetal do solo - Culturas em contorno (em curvas de nível) - Cultivo em faixas - Barreiras vivas ou sebes (faixas de contenção)
  • 59. Medidas de natureza biológica (cont.): - Rotação de culturas - Coberto vegetal (espontâneo, temporário e permanente) - Controlo do coberto vegetal (corte ou pastoreio)
  • 60. Medidas de natureza mecânica: - Canais de desvio - Valas de escoamento - Valados - Muretes e pequenas barragens - Proteção dos cursos de água
  • 61. Medidas de natureza mecânica (cont.): - Socalcos (patamares) - Racionalizar a mobilização do solo - Adaptar as técnicas de regadio - Evitar a compactação do solo
  • 62. Outras medidas - Cuidados especiais no cultivo de terrenos declivosos Distribuição cultural
  • 63.
  • 64.
  • 65. “Pode parecer uma surpresa para o homem moderno que a vida humana dependa para a sua existência de menos de um metro de uma mistura de detritos orgânicos e inorgânicos.” “Contudo assim é!” (…) “O solo é o mais precioso recurso natural no mundo. No entanto, não valorizado como devia ser. O ouro, petróleo, os minerais e as pedras preciosas atingem preços tais que nos levam a tratar o solo como mero lixo!” Edouard Saouma Director Geral da FAO