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Conceitos Básicos de Psicanálise na Enfermagem
1. “O sonho é a estrada real que
conduz ao inconsciente”
(FREUD, 1899)
Psicóloga Clínica e Especializanda em Saúde Mental
Camila Moraes
2. O INCONSCIENTE (1915)
• O Inconsciente é um funcionamento mental anterior a psicanálise, uma vez, que
já fora falado e estudado anteriormente pela medicina e pela filosofia.
• Porém, o Inconsciente freudiano tem sua justificativa a partir dos atos falhos,
que é a palavra que atropela e aparece sem explicação consciente no discurso
do sujeito. Logo, nota-se que há algo para além do campo da consciência, ou
seja, há atos psíquicos que a consciência não dá testemunho.
• As formações do inconsciente: os sonhos (cena original do inconsciente); atos
falhos; os chistes e os sintomas.
3. O INCONSCIENTE (1915)
• Freud faz uma relação entre RECALQUE e INCONSCIENTE e nos afirma que
nem tudo que é inconsciente é recalcado, mas, tudo que é recalcado é inconsciente.
Uma vez que, o conteúdo recalcado é apenas uma parcela manifesta do
inconsciente e que tende a se repetir, pelos atos falhos; chistes; sonhos e sintoma.
• “Não somos senhores na nossa própria casa” (FREUD, 1915).
• “No mais, o inconsciente é tudo aquilo que nunca há de sabermos sobre nós. Pois
não haveríamos de suportar.”
4. O INCONSCIENTE (1915)
• O Recalque está a serviço da consciência e de proteger esta, dos conteúdos do inconsciente. Então, a
barreira do recalque é a barreira que divide o campo do inconsciente e do consciente.
• As principais características do Inconsciente:
ATEMPORALIDADE, não obedece a cronologia do tempo;
AUSÊNCIA DE CONTRADIÇÃO, pois o ICS é um lugar de certeza;
REGIDO PELO PRINCÍPIO DO PRAZER, pois o que impera é o desejo – é a realidade psíquica e não a
externa que impera no inconsciente.
• Freud (1915) separou o aparelho psíquico da seguinte forma:
1° tópica : Inconsciente – Pré-Consciente e Consciência
2° tópica: Id – Ego- Superego
5. O INCONSCIENTE (1915)
Id: Está a serviço do prazer; é primitivo e fonte
dos impulsos biológicos. Ele é o próprio
inconsciente.
Ego: É a estrutura mais consciente da
personalidade, sendo a parte racional da
personalidade que lida com o mundo real.
Superego: É uma parte consciente (retorno do
recalcado), mas, no geral, grande parte é
inconsciente. São regras sociais e morais que
foram interiorizadas pelo sujeito.
6. “Nenhum lugar pode ser realmente interessante
se eu não frequento ele.”
(Augusto Branco)
7. Narcisismo (1914)
• Narcisismo Primário: A criança toma a si próprio como objeto de amor; o
amor pela imagem de si mesmo. Aqui pode-se dizer, que há o narcisismo
renascidos dos pais, onde a criança vem a ser “a majestade o bebê”.
• Narcisismo Secundário: Há um retorno da libido objetal para o ego. Isto é,
aqui a criança já se interessa por outros objetos exteriores. Aqui se entende,
que a criança passa a amar outras pessoas além de si mesma.
8. A sexualidade estará sempre nas nossas vidas, pois
ela “nos acompanha desde o nascimento até a morte”.
(Freud 1926, apud Costa; Oliveira, 2011, p. 01)
9. De acordo com Freud, as crianças passam por cinco fases
de desenvolvimento psicossexual:
I – A fase oral (0 – 1 ano)
I – A fase anal (1 – 3 anos)
III – A fase fálica (3 – 5 anos)
IV – O período de latência (5 anos – puberdade)
V- A fase genital (puberdade e vida adulta)
10. • Freud ([1905]1996) escreve que toda criança é “polimorficamente perversa”,
visto que a pulsão sexual no infanto possui os mais variados meios de
satisfação, assim como múltiplas formas.
• Notemos, que a pulsão não está dirigida para outra pessoa, mas, satisfaz-se no
próprio corpo, é autoerótica (FREUD, 1905)
• Chuchar e a Fase Oral: Consiste na repetição rítmica do ato de sugar que
transcede o propósito de nutrição. Ou seja, o bebê que está a mamar, não mama
apenas para alimentar-se, mas, para se satisfazer-se sexualmente; há uma
sensação prazerosa no “mamar”. Num primeiro momento o objeto de desejo é o
seio materno, que aos poucos passa a ser substituído pelo dedão do pé ou o
apoderamento de uma parte do corpo de outra pessoa, como a exemplo, da
orelha. Logo, a criança obtém prazer da estimulação oral por meio de
atividades gratificantes, como degustar e chupar.
11. • Freud (1905) supunha que o indivíduo ao fixar-se na fase oral, haveria de
problemas com o alcoolismo, o tabagismo, roer unhas etc.
Como comenta Freud ([1905]1996, p. 218): “supõe-se, que a pulsão
sexual do adulto nasce mediante a conjugação de diversas moções da vida
infantil numa unidade, numa aspiração com um alvo único”. Enquanto na
criança a sexualidade se presentifica de maneira perversa, por transgredir,
exagerar os mais variados meios de satisfação e polimorfa, por ser plástica
e mutável em suas formas.
• Fase Anal:
Energia libidinal está focada no ânus, nota-se aqui, que o bebê tem prazer ao reter
as fezes e a urina, controlando desse modo não apenas sua musculatura, mas, o
bebê tende a aprender a controlar suas necessidades corporais. Passando, a
desenvolver um sentimento de controle, de realização, independência e autonomia
e aprendendo regras higiênicas.
12. • Fase Fálica:
Energia libidinal está focada nos órgãos genitais (masturbação); fantasias
amorosas em relação aos objetos parentais. Nessa o senso de moralidade começa
a ser introjetado pela criança.
• O período de Latência:
A energia sexual da criança tende a ser suprimida e/ou cessada e esta passa a se
dedicar aos estudos e aos amigos, por exemplo.
• Fase Genital:
O objeto de erotização ou de desejo não está mais no próprio corpo, sendo esse
‘novo’ objeto direcionado ao externo – o outro.
13. [...] Desprender dos pais a criança torna-se
portanto uma obrigação inelutável, sob pena de
graves ameaças para a função social do jovem.
(FREUD, 1919).
14. • Complexo de Édipo fora criado por Freud (1916) e inspirado na tragédia
grega Édipo Rei, de Sófocles, a qual designa o conjunto de desejos amorosos
e hostis que o infante experimenta com relação as suas figuras parentais.
• Lei à qual a Psicanálise se sustenta refere-se ao Complexo de Édipo, onde a
função paterna pode atuar. É a partir do desejo da mãe nessa relação dual –
mãe e filho – que o lugar do pai pode se fazer presente e, este terceiro, vir a
operar nessa relação. Ou seja, é preciso que a criança suponha que ela não
basta ao desejo da mãe. Mas, pelo contrário, que veja nessa relação um furo
que perpassa pela ordem da incompletude.
15. • Segundo Madeiro (2013), este furo dá abertura à entrada do pai enquanto
função de interdito na relação pretensamente incestuosa entre mãe e criança.
Portanto, é o significante Pai ou Nome-do-Pai que anuncia a Lei. A Lei para
psicanálise parte do pressuposto da ordem do desejo. Assim:
A lei em psicanálise é a lei do desejo, pois o que mantém o sujeito
no desejo é o campo da lei, da castração, da impossibilidade da
completude. Na relação entre mãe e criança, é à entrada de um
terceiro elemento – Nome-do-Pai enquanto função de lei – que faz
irromper o desejo (MADEIRO, 2013. p. 60).
Nesse sentido, o que institui a Lei para a Psicanálise é à entrada desse terceiro
na relação mãe e filho como interdito – a castração.
16. • Roudinesco e Plon (1998, p. 166) afirmam que Freud denominou Castração o
sentimento inconsciente de ameaça experimentado pela criança quando ela
constata a diferença anatômica entre os sexos:
É a representação inconsciente pela qual se exprime o desejo sexual ou
amoroso da criança pelo genitor do sexo oposto e sua hostilidade para com o
genitor do mesmo sexo. Essa representação pode inverter-se e exprimir o amor
pelo genitor do mesmo sexo e o ódio pelo do sexo oposto. Chama-se Édipo a
primeira representação, Édipo invertido a segunda, e Édipo completo a mescla
das duas. O Complexo de Édipo aparece entre os 3 e os 5 anos. Seu declínio
marca a entrada num período chamado de latente, e sua resolução após a
puberdade concretiza-se no novo tipo de escolha de objeto.
17. • Mougin-Lemerle (2010) menciona que, na teoria freudiana, o Complexo de
Édipo se apresenta através de múltiplos sentimentos e representações, em
maioria, inconscientes. Sentimentos e representações possuidores de uma
força afetiva que estruturarão a personalidade de cada sujeito e que orientarão
seus atos no decorrer da vida. Mougin-Lemerle (2010, p. 8) afirma ainda “que
o Complexo de Édipo, não é recalcado, mas, destruído pela Castração”. Sendo
a castração a proibição do incesto que dará ao sujeito a possibilidade de
renunciar a suas figuras materna e paterna como objetos libidinais, onde a
menina se identificará com a mãe e, na busca do substituto do falo, desejará
gerar um filho; e o menino reforçará sua identificação com o pai e constituirá o
seu supereu, ou seja, vai para além do sujeito em si como seu próprio ideal.
Neste, o eu ideal se confrontará com suas insuficiências colocando um Outro
como ser ideal.
18. REFERÊNCIAS
FREUD, Sigmund. (1905). Três ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. In: _____. Um Caso de Histeria, Três
Ensaios sobre a Sexualidade e outros Trabalhos (1901-1905). Rio de Janeiro: Imago, 1996. p. 119-209.
(Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 7).
_____. (1916). Os criminosos por sentimento de culpa. In: _____. Introdução ao narcisismo, Ensaios de
metapsicologia e outros textos (1914-1916). Tradução de Paulo César de Sousa. São Paulo: Companhia das
Letras, 2010. p. 284-286. (Obras completas, 12).
HALL, Calvin Springer; LINDZEY, Garnder. Teorias da personalidade. São Paulo, E.P.U., 1984.
MADEIRO, Roseane Torres. O ato infracional entre o gozo e a lei: um enlace possível. 2013. 81 f.
Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Programa de Pós-Graduação em Psicologia, Instituto de Filosofia e
Ciências Humanas, Universidade Federal do Pará, Belém, 2013.
MOUGIN-LEMERLE, Régine. Sujeito do direito, sujeito do desejo. In: ALTOÉ, Sônia. (Org.). Sujeito do
direito, sujeito do desejo: direito e psicanálise, 3. ed. rev. Rio de Janeiro: Revinter, 2010.
ROUDINESCO, Élisabeth; PLON, Michel. Dicionário de Psicanálise. Tradução de Vera Ribeiro e Lucy
Magalhães; supervisão da edição brasileira Marco Antonio Coutinho Jorge. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998